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AVALIAÇÃO DO PLANO DE ATENÇÃO ÀS DCNT 2011-2022 NO BRASIL.

ALUNOS: ALICE MARIA, JOÃO PEDRO E MARIANA ANDRADE.


O que foi alcançado no Plano, considerando os objetivos do mesmo?
Levando em consideração que o plano propõe ações que visam agir sobre
fatores de risco comumente associados a doenças circulatórias, doenças
respiratórias crônicas, câncer e diabetes, como é o caso do tabagismo, álcool,
inatividade física, alimentação não saudável e obesidade, é pertinente analisar se as
metas estabelecidas pelo plano foram alcançadas ou não no Brasil.
No que tange à obesidade em meninos de 5 a 9 anos de idade, tem-se que a
meta do plano seria, no ano de 2021, reduzir para 8,6% a porcentagem de garotos
obesos no Brasil. No entanto, o que se observa é um aumento para 13,2%, de
acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde. Quanto ao consumo nocivo
de álcool, tinha-se como meta para 2019 uma redução de 18%, referente ao ano de
2011, para 12%. Entretanto, o que se observa é que, conforme o Ministério da
Saúde, essa porcentagem atingiu, em 2019, 17,9% da população adulta brasileira. A
prevalência do tabagismo em 2011 era 15,1%, sendo que sua meta para 2019 era
aproximadamente 10%. Levando em consideração que o alcançado em 2019, na
verdade, foi 12,6%, percebe-se que, apesar de a meta não ter sido alcançada,
houve uma diminuição no número de tabagistas no Brasil.
Quanto à atividade física no lazer, nota-se que houve um sucesso muito
grande nas propostas estabelecidas A meta era aumentar a prevalência de 14,9%
em 2010 para 20% em 2019, no entanto, levando em consideração os dados
divulgados pela Pesquisa Nacional de Saúde, realizada entre 2013 e 2019, o Brasil
alcançou o marco de 30,1% no ano de 2019.
O que pode ser melhorado para o plano 2023 - 2032?
As doenças crônicas não transmissíveis, de modo globalizado, geram
inúmeras mortes anualmente, bem como, afetam negativamente a qualidade de vida
das pessoas acometidas com tais enfermidades, dessa modo, o plano de ações
estratégicas para o enfrentamento das DCNTs surge como forma de reverter o
quadro de aumento progressivo, através de intervenções abrangentes de promoção
de saúde.
O plano, com finalidade de reduzir as taxas de incidência de DCNT,
baseou-se na relação entre as doenças com determinantes sociais, como
escolaridade, alimentação, gênero, ocupação e etnia. Assim, buscou-se
compreender a magnitude e a distribuição do câncer, da diabetes, de doenças do
aparato circulatório e doenças respiratórias crônicas.Coordenado pelo Ministério da
Saúde, com auxílio de diversas instituições, o plano se norteou por três principais
diretrizes: vigilância, promoção da saúde e cuidado integral. A vigilância consiste no
monitoramento dos fatores de risco, monitoramento da morbidade e da mortalidade
específica das doenças. Já a promoção da saúde teve como seus pilares a
atividade física, a alimentação saudável, o tabagismo e álcool e o envelhecimento
ativo, sendo conduzida com parceria das mais diversas esferas hierárquicas do
setor público. No caso do cuidado integral, as principais ações foram:
implementação de diretrizes clínicas das DCNT, capacitação e telemedicina,
medicamentos gratuitos, aperfeiçoamento no rastreio dos cânceres do colo de útero
e mama e implementação do programa “Saúde Toda Hora”.
O que pode ser melhorado para o plano 2023-2032 é a implementação de um
programa de acompanhamento genético familiar, com o objetivo de monitorar genes
potencialmente causadores de doenças crônicas não transmissíveis, visando a
redução de DCNTs congênitas. Nesse programa, os grupos familiares com histórico
de doenças crônicas genéticas na família seriam observados por geneticistas, o que
daria um maior grau de instrução para os riscos que o filho de determinado casal
afetado por essas doenças pode ter. Nesse viés, haveria a redução do número de
acometidos com DCNTs - objetivo primário do plano.
Além disso, deve haver uma difusão de medidas que visem uma melhor
adesão das pessoas que possuem as DCNTs ao tratamento que ,por vezes, é
negligenciado e foquem na melhoria dos hábitos da população em geral, tanto
alimentação, quanto atividade física, deve haver mais campanhas de incentivo à
redução do uso de álcool e tabaco por exemplo. Ainda que o plano seja bem
teorizado, do ponto de vista prático, pecou no alcance das metas, o que ressalta a
necessidade de uma intensificação das intervenções já pautadas no documento.
Que obstáculos podem ser observados na execução do plano? Como
minimizá-los, com o máximo de eficiência?
De início, nota-se que grande parte dos obstáculos à implementação do
plano se dão a partir da desigualdade de acesso que existe com relação à saúde,
educação, ocupação e renda, pois essa desigualdade se relaciona diretamente aos
fatores de risco e à prevalência de DCNT. Tendo em vista que ,no Brasil, os
processos de transição demográfica, epidemiológica e nutricional, a urbanização e o
crescimento do econômico e social se deram de maneira totalmente desigual, e isso
contribui para um maior risco de desenvolvimento de doenças crônicas. Uma forma
de maximizar a execução do plano DCNT seria desenvolver medidas e planos para
promover uma maior igualdade e equidade, tanto de acesso a serviços de saúde,
quanto de educação, uma vez que, a uma boa educação faz com que o indivíduo
desenvolva desde cedo uma consciência mediante a saúde que a partir do aspecto
individual, acaba impactando o coletivo, partindo do pressuposto que esse indivíduo
tem potencial de disseminar as informações aprendidas entre família e amigos, por
exemplo.
Além disso, a implementação de novos programas de rendas e melhoria dos
que já existem é fundamental, isso melhoraria bastante o aspecto nutricional da
população, à medida que possibilitaria a compra de alimentos com uma qualidade
melhor, haja vista que, devido à quantidade de pessoas que muitas vezes a
matriarca/patriarca precisa sustentar, levando em consideração o valor dos
alimentos, a qualidade acaba sendo deixada de lado, bem como a compra de
remédios, que muitas vezes não são disponibilizados gratuitamente.
Outrossim, é válido ressaltar que no Brasil, mesmo com a existência do SUS
, gratuito e universal, o custo individual de uma doença crônica ainda é bastante
alto, em função dos custos agregados e isso acaba gerando o empobrecimento das
famílias.
Ademais, visando os seguintes fatores de risco: tabagismo, inatividade física,
alimentação não saudável e álcool, tem-se que a Política Nacional de Promoção da
Saúde (PNPS), publicada em 2006, que prioriza diversas ações no campo da
alimentação saudável, atividade física, prevenção do uso do tabaco e álcool, deve
continuar sendo uma prioridade de governo através da expansão de programas já
existentes como o ‘Academia da Saúde’, criado em abril de 2011, o qual visa à
promoção de atividade física. Com relação às ações de enfrentamento do
tabagismo, destacam-se as ações regulatórias, como proibição da propaganda de
cigarros, advertências sobre o risco e demais medidas que favoreçam a redução do
uso e atenção especial aos grupos mais vulneráveis (jovens, mulheres, população
de menor renda e escolaridade, indígenas, quilombolas).
No campo da alimentação saudável, há o ‘Guia de Alimentação Saudável’,
da rotulagem dos alimentos e dos acordos com a indústria para a eliminação das
gorduras trans e, recentemente, para a redução de sal nos alimentos, deve-se,
portanto, visar cada vez mais o monitoramento desses aspectos para que o plano
estratégico DCNT seja de fato efetivado.
Referências

1. BRASIL. Ministério da Saúde. Consumo abusivo de álcool aumenta 42,9% entre as


mulheres. Disponível em:
<https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2019/julho/consumo-abusivo-de-alcool-au
menta-42-9-entre-as-mulheres>. Acesso em: 15 maio 2023.

2. BRASIL. Ministério da Saúde. Obesidade infantil afeta 3,1 milhões de crianças menores de
10 anos no Brasil. Disponível em:
<https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2021-1/junho/obesidade-infantil-afeta-3-1-
milhoes-de-criancas-menores-de-10-anos-no-brasil>. Acesso em: 15 maio 2023.

3. BRASIL. Ministério da Saúde. Prevalência do Tabagismo. Disponível em:


<https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/gestor-e-profissional-de-saude/observatorio-da-politic
a-nacional-de-controle-do-tabaco/dados-e-numeros-do-tabagismo/prevalencia-do-tabagismo
#:~:text=Segundo>. Acesso em: 15 maio 2023.

4. MIELKE, Gregore et al. Atividade física de lazer na população adulta


brasileira: Pesquisa Nacional de Saúde 2013 e 2019. Disponível em:
<https://doi.org/10.1590/1980-549720210008.supl.2>. Acesso em: 15 maio 2023.

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