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A habilidade construtiva indígena vai desde a escolha do terreno, a implantação

voltada para os melhores ventos, as estruturas de madeira e a própria rede de dormir.


A arquitetura primitiva é feita para proteger o indivíduo de alguma ação externa e
possui apenas esse viés, já a arquitetura vernacular, além de proteger o ser humano
utiliza de tradições, inteligências e costumes ancestrais para uma construção ou abrigo.
Que é o caso das construções indígenas brasileiras.
A permanência em um lugar específico para os indígenas tinha forte influência
das condições climáticas da região, assim como invasões de outras tribos e dos
próprios portugueses.
 Um exemplo disso, apontado pelo pesquisador Lengen, é o da tribo
Tupinambá, que em 1540 saíram das praias do Atlântico em busca da “Terra da
Imortalidade e do Descanso Eterno" e foram parar, nove anos depois, no Peru e
após ter contato com os colonizadores de lá, se estabeleceram na bacia do
Amazonas.
A composição estética desses tribos têm como ponto de referência as relações
de poder e religião. A partir disso, é possível identificar as relações hierárquicas e a
organização social da tribo.
E a partir das análises dos pesquisadores Cristina Silveira Melo e William
Martins Ribeiro, esse é um exemplos da aldeia Xavante, que está disposta em formato
circular e tem suas malocas voltadas para uma área central onde são realizadas as
cerimônias.
1. Rua do dia;
2. Rua da noite;
3. Área das reuniões;
4. Área dos rapazes;
5. Cabana das crianças;
6. Área de maquiagem;
7. Caminho para as hortas;
8. Cemitério;
9. Caminho para as áreas de banho.

Construção indígena
A forma construtiva nativa brasileira apresenta estratégias que se adequam as
características de cada região, em relação ao clima, vegetação, resistência dos
materiais, entre outros.
As habilidades arquitetônicas dos indígenas brasileiros foi amplamente
silenciada no país, porém, sabe-se que essas técnicas foram amplamente utilizadas
para a produção de abrigos á colonizadores portugueses com menos recursos, já que
em falta da matéria-prima portuguesa, se adaptaram aos materiais disponíveis no
Brasil.
"Jean-Baptiste Debret retrata, em suas aquarelas do século XVIII, como são
essas habitações que, desde então, marcam a presença da memória e da tradição nas
habitações originárias”
Cristina Silveira Melo e William Martins Ribeiro
Os espaços transitórios confeccionados pelos povos tradicionais são
importantes artefatos para compreender as técnicas utilizadas com os materiais
acessíveis, e também os aspectos de montagem e abandono. As estadias temporárias
são construídas ao redor de uma fogueira, com folhas entrelaçadas e vigas de
sustentação, pensadas em proteger os indivíduos de chuvas e ventos durante um curto
período.

Abrigos temporários da tribo Kaingang

As habitações fixas apresentam maior complexidade, geralmente possuem


forma oval e abrigam mais pessoas do que as temporárias. Sua estrutura possui maior
estabilidade, é composta por grandes e diversas vigas de madeira e sua vedação é
feita de palha ou folhas. A maloca, comum da região Norte, por exemplo, pode chegar
40 metros de largura e 22 metros de altura, mas pode variar de acordo com a
organização da tribo e das ações climáticas.
No centro da construção, é colocado um tronco de madeira que funciona como
estabilizador, que evita o deslocamento dos postes menores quando há chuvas e
ventos muito fortes.

Portanto, é inegável o fato de que os indígenas possuem um grande


conhecimento acerca da arquitetura, que ainda é pouco discutido na sociedade
brasileira contemporânea. O conhecimento dos povos tradicionais se equiparam a
grandes estudos de outras áreas do saber, como a física, por exemplo, com as
construções fixas. É de suma importância que as técnicas e saberes indígenas sejam
de conhecimento público, para que o povo saiba de suas origens e conheça a sua
própria cultura e desenvolvimento.

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