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Revista Tempos Acadêmicos, Dossiê Arqueologia Pré-Histórica, nº 11, 2013, Criciúma, Santa Catarina.

ISSN 2178-0811

A TRADIÇÃO VIEIRA E AS ESTRUTURAS MONTICULARES NA VÁRZEA


DO ARROIO CANDIOTA, CAMPANHA DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL

Marlon Borges Pestana1

RESUMO
O objetivo deste artigo é definir os termos e conceitos que envolvem os grupos caçadores-
coletores e, posteriormente, ceramistas portadores da tradição Vieira na várzea do arroio
Candiota. Os conceitos envolvem os construtores de cerritos e sua temporalidade, finalidade. O
tema direciona-se aos estudos científicos da Arqueologia das Terras Baixas, em especial, do
arroio Candiota e seus tributários Candiotinha e Poacá. O cenário de pesquisa e as áreas piloto
encontram-se na campanha gaúcha, englobando os municípios de Bagé, Candiota, Jaguarão,
Pinheiro Machado e Pedras Altas. O conceito de cerrito é aqui definido como centro sócio-
cultural multifuncional.

Palavras-chave: Arqueologia. Campanha Sul-Rio-Grandense. Tradição Vieira. Arroio


Candiota.

ABSTRACT
The aim of this paper is define concepts and terms used in hunters and gatherers and, lately,
pottery makers groups of Vieira tradition, Candiota creak, Rio Grande do Sul, Brazil. The
mound builders concepts reach their temporality, functionality and structural finality. The
subject studies it’s about Archaeology of Low Lands, in special, of Candiota creak and their
affluent Candiotinha e Poacá creaks. The research landscape is the southeast boarder ranch
system inserting Bagé, Candiota, Jaguarão, Pinheiro Machado e Pedras Altas.

Keywords: Archaeology. Southeast Boarder Ranch System. Vieira Tradition. Candiota Creak.

Introdução

Existe, no sudeste do Rio Grande do Sul e nordeste do Uruguai, um tipo de sítio


arqueológico conhecido como cerrito. Trata-se de aterros de origem antrópica que se

1
Arqueólogo. Doutorando em História PPGH/UNISINOS. E-mail: marlonpestana@hotmail.com.

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destacam na paisagem pampiana da campanha. Seguem as várzeas alagadas dos arroios,


lagoas e banhados. As evidências indicam que foram construídos pelos índios Minuano
e Charrua2. O termo cerrito é portador de um conceito complexo para as culturas
construtoras de aterros em áreas alagadiças e terras baixas. Os autores divergem. O
consenso indica que os aterros teriam sido construídos como resposta do ser humano ao
meio ambiente úmido, concordando com as primeiras interpretações3. Novas levas de
estudos indicam que podem se tratar de plataformas ritualísticas 4 ou monumentos
funerários5. Os cerritos se destacam na paisagem da planície. Formam a paisagem
cultural. Testemunham um passado antigo e indígena.
Os autores passaram a conceituar os cerritos de acordo com alguns pontos de vista
interessantes. O primeiro grupo de pesquisadores, mais antigo, aponta para um acúmulo
de sedimento forçado pela ocupação humana, não intencional, formativo através de
despejos residuais naturalmente depositados ao longo do tempo. O outro grupo de
pesquisadores sugere que os cerritos seriam mesmo aterros, ou seja, teriam sido
construídos intencionalmente. Entre estes autores existem os que relatam ter observado
evidências da adaptação climática, inclusive com indícios de que a terra húmica foi
retirada dos arredores para a confecção do cerrito; e, outros, que demonstram que
estruturas mortuárias teriam feito o monte crescer, uma vez que não era possível
enterrar os mortos no banhado. Os indígenas históricos moravam em cima destes
cerritos6.

Termos e Conceitos

Antes de comentar sobre as ocupações da várzea do arroio Candiota, se faz


necessário uma breve visualização dos conceitos adequados para a área de pesquisa. A
região conta com aproximadamente quarenta anos de pesquisa arqueológica e possui
dezenas de interpretações possíveis para o povoamento pré-histórico regional.

2
MENESTRINO, Eunice H. Gomes; MENTZ RIBEIRO, Pedro Augusto, Vieira, Charrua e Minuano:
um mesmo grupo?, 1995, p. 12.
3
NAUE, G., Dados sobre o estudo de cerritos na área meridional da Lagoa dos Patos, Rio Grande, RS,
1973, p.1-24; SCHMITZ, Pedro Ignácio et. all., Os aterros dos campos do sul: a tradição Vieira, 1992.
4
LOUREIRO, André Garcia, Os Aterros (Cerritos) na fronteira Brasil – Uruguai: uma abordagem
histórica e teórico-conceitual, 2003.
5
LÓPEZ MAZZ, José M., Construcción de la paisaje y cambio cultural en las tierras bajas de la Laguna
Merín (Uruguay), 1999, p. 38; BRACCO BOKSAR, Roberto; PANTAZI, Cristina Ures, Ritmos y
dinámica constructiva de las estructuras monticulares. Sector Sul de la Cuenca de la Laguna Merín –
Uruguay, 1999, p. 20.
6
BASILE BECKER, Ítala Irene, El Indio y La Colonización, Charrúas y Minuanes, 1984, p. 116-118.

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Provavelmente o conceito melhor definido seja o de um dos pioneiros na região, Prof.


Dr. Pedro Ignácio Schmitz7, a clareza de sua explicação se deve à experiência adquirida
visitando os cerritos de Rio Grande8, Camaquã9 e Santa Vitória do Palmar10. A
definição que segue descrita abaixo conta com detalhes e precisão de dimensões. Sugere
o formato da ocupação, mostra a variedade de formas, inclusive para a campanha sul-
rio-grandense:

O que são os Cerritos?


Pequenos cômoros, praticamente circulares, oscilando entre 20 e 80 m
de diâmetro (com a maior freqüência entre 25 e 50 m), com a altura
variando entre 30 e 300 cm (estando a maior freqüência entre 50 e 250
cm), geralmente sobre pequeno barranco (um a cinco metros), junto de
arroios, banhados ou lagoas, nunca em campo seco. O topo dos
cerritos costuma apresentar uma plataforma, que seria o lugar onde se
encontrava a habitação; o declive para o lado da água é geralmente
maior que para o lado do campo, devido à inclinação do solo; alguns
cerritos estão circundados por um ou dois vales e uns poucos tem uma
plataforma em anel na metade do declive. Os cerritos são vistos de
longe, no campo, devido à planura geral, e, nas enchentes, são
praticamente os únicos pontos secos em regiões imensas. Embora
muitos estejam isolados (8 sítios), geralmente encontra-se em grupos
de 2 a 8 (sendo a maior freqüência de 1 e 3), formando aldeias
próximas umas das outras. As distâncias entre os cerritos de uma
aldeia podem ir de poucos metros a aproximadamente um km. As
distâncias dos cerritos em relação à água, no verão, é pequena,
algumas dezenas de metros no máximo algumas centenas de metros.
Nas aldeias costuma haver cerritos maiores e menores, sendo
geralmente os de maior diâmetro os mais altos.11

Os cerritos são estruturas monticulares (mounds) com o objetivo de base para


habitação, podendo servir para outras finalidades, entre elas a ritualística e funerária.
Seu processo construtivo é de simples visualização. O processo de formação do registro
arqueológico dos cerritos é complexo, as camadas estratigráficas são pouco definidas.
Além de lascas líticas utilizadas são encontrados fragmentos ósseos, muitos deles
humanos, variando nas diversas regiões. Nos cerritos da região de Rio Grande
predominam os ossos de peixe, o que os diferenciam dos de Camaquã e Santa Vitória
do Palmar onde foram encontrados predominantemente ossos de mamíferos terrestres.

7
NAUE, G; SCHMITZ, P. I; BASILE BECKER, I. I, A Cerâmica dos Aterros de Rio Grande, RS, 1968.
8
SCHMITZ, Pedro Ignácio; BROCHADO, José Proenza, Datos para uma secuencia cultural del estado
de Rio Grande do Sul (Brasil), 1972.
9
SCHMITZ, P. I; MENTZ RIBEIRO, P. A.; NAUE, G.; BASILE BECKER, I. I., Prospecções
arqueológicas no vale do rio Camaquã, RS, 1970.
10
SCHMITZ, P. I.; BAEZA, Jorge E. Santa Vitoria do Palmar: una tentativa de evolución del ambiente
en el Alto Chuy y su vinculación al problema de los cerritos, 1982.
11
SCHMITZ, P. I; BASILE BECKER, I. I; LA SALVIA, F; NAUE, G., Prospecções Arqueológicas na
Campanha Rio-Grandense, 1968, p. 175.

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Os cerritos do arroio Candiota, Candiotinha, Poacá, Camaquã e nascentes do Rio


Negro, na campanha sul-rio-grandense, poderiam ter diferentes funções: habitação,
ritual e finalidade mortuária. As estruturas monticulares, apesar de terem sido
concedidas por sociedades construtoras de túmulos, também serviriam como habitação,
inclusive evidenciada por escavações arqueológicas realizadas em 1979 e 198012 nos
cerritos de Herval e Jaguarão, englobando, também, os territórios de Bagé e Pinheiro
Machado. Além dos buracos de estaca e das fogueiras, a equipe do IAP localizou
cerâmica associada à tradição Vieira, decorada, indicando grupos de origem pampiana.
Aproximadamente na mesma época Brochado13 observa diferenças regionais nos
fragmentos cerâmicos encontrados nas diferentes regiões e paisagens do sul do Estado.
As tecnologias cerâmicas, além de estarem nitidamente associadas ao conteúdo da
tradição Vieira14, apareciam também nas camadas estratigráficas das estruturas
monticulares, acompanhando enterramentos no interior. A associação direta dos
diferentes achados ilustra com clareza a variedade funcional das estruturas monticulares
da campanha. Os cerritos seriam multifuncionais. Veja na passagem a seguir:

Atêrros (“cômoros” ou “cerritos”) com cerâmica predominantemente


simples, atribuída aos Charrua, de tipo de cultura Marginal;
instrumentos líticos polidos ou picoteados (machados e “bolas”), com
ou sem sulcos ou garganta, seixos com depressões (“quebra-
coquinhos”) e enterramentos diretos. Estes aterros se encontram nos
terrenos arenosos baixos e alagadiços a sudeste do Estado, na
extremidade meridional da Laguna dos Patos, entre as Lagoas Mirim e
Mangueira, nas nascentes dos rios Negro e Ibicuí e na parte baixa do
vale do rio Camaquã. Já foram estabelecidos três tipos de cerâmica
simples, ocasionalmente com decoração plástica (Cerritos, Palmares e
Vieira) e duas fases [...].15

Segundo Cabrera

en muchos de estos sitios se observa sobre la planicie, en los espacios


inmediatos a los montículos, áreas de actividad con comportamientos
inidentificables como propios de “zonas domésticas”. A nivel meso y
micro, los sepultamientos ocupan las áreas centrales del montículo,
siguiendo, en algunos casos, una distribución concéntrica que alterna
las diferentes formas de enterramientos antes observadas.16

12
SCHMITZ, P. I. (Coord.), Arqueologia no Rio Grande do Sul, 1967.
13
BROCHADO, José J. J. P., Histórico das Pesquisas Arqueológicas no Estado do Rio Grande do Sul,
1969.
14
SCHMITZ, Pedro Ignácio, op. cit., 1992.
15
BROCHADO, José J. J. P., op. cit., 1969.
16
CABRERA, Leonel. Funebria y Sociedad entre los “constructores de cerritos” del este uruguayo,
1999, p. 71.

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Mesmo que seja possível identificar as “áreas domésticas” os cerritos continuam


sendo multifuncionais, teriam servido ou fariam parte da estrutura da aldeia. A função
do espaço origina-se a partir do uso e costume da sociedade construtora de cerritos. As
estruturas monticulares não apresentam, em si, elementos que possam identificar
diferentes áreas compartimentadas. O cerrito é um conjunto de variáveis culturais, de
produção humana, refletidas nas lentes de ocupação, nas concentrações densas das
cinzas das fogueiras e na cultura material resultante. A estrutura monticular é o
testemunho, monumento funerário, adaptação às terras baixas, base de toldos Charrua e
Minuano. O cerrito é por si só, fruto do povoamento de longa duração, da continuidade,
da temporalidade.
Os primeiros pesquisadores que observaram esta temporalidade indicaram
datações relativas e associações diretas com aldeamentos indígenas. O povoamento não
seria tão antigo. Dataria de algumas centenas de anos antes do nascimento de Cristo. Os
cerritos são imponentes, se destacam na paisagem, são constantemente lembrados pela
comunidade local. Apesar de sua evidente pluralidade funcional, os cerritos, pela sua
inserção na paisagem, com frequência são lembrados como adaptação ecológica e
ambiental. Estão implantados nas bordas dos banhados, dos charcos, seguindo a encosta
da várzea inundável ao longo do leito dos arroios. Os cerritos são fenômenos das terras
baixas. A porção meridional da bacia da Lagoa Mirim, onde se insere o arroio Candiota,
existem centenas de cerritos, onde o fenômeno é comum. Ocorrem também nos
estuários da Lagoa dos Patos e entorno da Lagoa Mangueira, assim como nos arroios
Cebolatty e Tacuarembó, entre outros, no Uruguai. A definição de Maria Helena
Schorr17 indica o período de formação das aldeias até o seu abandono através da
conquista militar portuguesa.

Nas zonas baixas encontram-se pequenos montes que se destacam na


planura e que são recobertos por vegetação característica, mais
exuberante do que a da planura onde estão situados. Estes montículos,
localmente chamados de “cerritos”, correspondem a acampamentos ou
aldeias indígenas. Apresentam alturas que não costumam ultrapassar
os três metros, são circulares ou elípticos, variando o tamanho entre
quinze e os cem metros de diâmetro. As escavações arqueológicas
realizadas demonstram que a ocupação indígena começou por volta de
500 A.C. e continuou até depois da ocupação portuguesa em 1737.18

17
SCHORR, Maria Helena Abrahão; SCHMITZ, Pedro Ignácio, A utilização dos recursos naturais na
alimentação dos indígenas na região sudeste do Rio Grande do Sul, Brasil, 1975.
18
Idem, p. 6.

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Com o tempo as interpretações apontaram para a complexidade dos grupos


construtores de cerritos. Novos dados surgiram possibilitando a construção de outros
esquemas interpretativos e teóricos. O povoamento da várzea dos arroios da campanha
sempre foi alvo de questionamentos e interpretações, dos mais simples aos mais
complexos. É a função dos cerritos e sua finalidade que permanece uma incógnita.
Concordando com Loureiro19, aparentemente vinculada a uma monumentalidade
cerimonial, existiriam cerritos inclusive com terraços e terraplanagens para a construção
de plataformas ritualísticas, com interesses funerários. Talvez não seja apenas este o
caso da ocupação da várzea dos arroios da campanha sul-rio-grandense e a finalidade
dos cerritos, e suas possibilidades construtivas são as mais diversas uma vez que a
maioria dos cerritos escavados apresentou sepultamentos.
Os enterramentos nos cerritos não seguem um padrão claramente definido, apesar
de predominarem os sepultamentos flectidos em decúbito lateral esquerdo ou direto em
posição fetal. Foram registrados expendidos, jogados em cova e até sentados. Junto com
os sepultamentos são encontrados restos de alimentação e carvão, um pouco abaixo da
mesma zona onde já foram observados buracos de estacas e concentração de fragmentos
cerâmicos.

Em torno do ano 1.000 A.P, identifica-se sítios de maior


complexidade bem como assentamentos com uma maior organização
social, sendo constatada uma notória vinculação das estruturas em
terra aos propósitos funerários. Ocorrem também terraplanagens de
alguns aterros unindo ou modificando, com propósito de construir
plataformas ritualísticas. Estas situações parecem explicitar o
desenvolvimento de espaços públicos com monumentalidade
cerimonial, sugerindo a necessidade de satisfazer maiores níveis de
integração social, - pressupostos estes que irão alavancar o surgimento
dos cacicados, descritos na etnografia da época do contato com os
europeus no século XVI.20

Por mais tentadora que a teoria da monumentalidade cerimonial seja, ainda, ao


menos nos cerritos dos arroios da campanha sul-rio-grandense, existem vestígios de
estruturas domésticas, despejos de restos de alimentação, estruturas de lascamento e
combustão, além de vestígios paleo-botânicos e paleopalinológicos. Os estudos são
escassos. As informações atuais sobre os cerritos da campanha representam, em sua
maioria, notícias em congressos e informes de simpósios. O conceito que se concretizou

19 19
LOUREIRO, André Garcia, op. cit., 2003.
20
Idem, p. 101.

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ao longo da década de 1990 foi publicado Copé21 e estabelece, parcialmente, a


vinculação dos cerritos com estruturas monticulares construídas intencionalmente,
resultando em montes artificiais.
A forma das estruturas monticulares não informa, diretamente, a função social do
cerrito. No máximo indica adaptação ao banhado e às terras baixas alagadas. Diversos
autores estudaram as formas do cerrito para definir os componentes construtivos, sua
artificialidade e aspectos sociais dos seus construtores. Na paisagem as estruturas
monticulares não forma figuras geométricas. Acompanham o leito dos arroios e a borda
dos banhados. Os cerritos agrupados representam algum tipo de reocupação do espaço,
retorno, demografia.

A ocupação humana da várzea do arroio Candiota

Sobre a construção das estruturas monticulares, em sua forma Copé identifica, na


campanha sul-rio-grandense, vestígios de sua artificialidade:

Os aterros acompanham o leito dos rios e arroios para o interior, onde


muitas vezes se estabelecem em terras secas, no topo de colinas, ou
dentro dos banhados dos arroios, como nos municípios de Bagé e
Dom Pedrito, Rio Grande do Sul e Departamentos de Rivera e
Tacuarembó, no Uruguai. [...] Os aterros são montículos de bases
circulares ou elípticas construídos artificialmente. Os diâmetros das
bases circulares variam entre 15 e 100 m, sendo as mais freqüentes as
de 20 e 50 m. As elípticas possuem o diâmetro maior entre 7 a 8 m,
predominando de 10 a 40 m. As alturas variam de 0,5 m até 3 m. Nas
suas construções foram utilizadas terras dos arredores, sendo retirada
somente a camada húmica, por ser mais solta. Geralmente se
localizam sobre terrenos que podem variar de 0 a 160 m acima do
nível do mar.22

As escavações de algumas dezenas de cerritos identificaram resultados


significativos. Na micro-bacia do arroio Candiota, que compreende também os arroios
Poacá e Candiotinha, nas proximidades do arroio Jaguarão foram pesquisados cerritos
cuja escavação forneceu evidências sobre sua finalidade e função. Os sítios
arqueológicos monticulares estão implantados nas bordas das várzeas, acompanhando o
contorno dos arroios.
Os cortes estratigráficos mostraram que a variedade de material arqueológico em
seu interior, bem como a densidade, é relativa para cada sítio. Aparentemente as

21
COPÉ, Silvia Moehlecke. Aspectos da ocupação pré-colonial no vale do rio Jaguarão, RS, 1985.
22
Idem, p. 32.

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maiores estruturas monticulares, mais altas e com diâmetro de base menor, apresentam
relativamente menos material arqueológico do que as estruturas baixas e largas de
grandes diâmetros de base. Nos cerritos mais altos é comum a presença de nódulos de
carvão, lascas e pequenos fragmentos ósseos ao contrário dos aterros que possuem
amplo diâmetro de base, estes apresentam diversificado material arqueológico,
incluindo bolas de boleadeira, lâminas de machado, fragmentos cerâmicos23 e
instrumentos líticos, além de um refinado conjunto vestigial alimentar contendo ossos
de mamíferos terrestres, sementes e coquinhos.
Apesar da estratigrafia das estruturas monticulares não ser visivelmente delineada,
nota-se a diferença de densidade entre as diferentes camadas. A tonalidade do solo
abaixo do cerrito é cinza, representa a Formação Rio Bonito, do Permiano, inclusive a
mesma que possui, abaixo, o carvão que é atrativo econômico na região. As camadas
acima apresentam espessuras de dimensões homogêneas, variando entre trinta a
quarenta centímetros cada, mudando a espessura dos grãos, a compactação e muitas
vezes a granulação dos sedimentos. Veja a seguir a descrição da estrutura estratigráfica
dos cerritos escavados na bacia do arroio Candiota:

A estratigrafia dos cerritos contém, esquematicamente nas camadas


superficiais, cerâmica, quebra-côcos, coquinhos calcinados, ossos de
animais mamíferos; em camadas mais profundas pontas de flechas e
regular quantidade de lascas pequenas, que devem ser caracterizadas
como resíduos de lascamento. Quanto ao solo das camadas temos,
esquematicamente, na superfície, até aproximadamente 35 cm., terra
pardo-clara, uniforme e dura, depois camadas mais escuras até quase a
base; o cerrito assenta sobre o areião, que forma a superfície da
planície e é embasado pelo saibro a uma profundidade não muito
grande.24

Os aspectos singulares da formação apontam para grupos construtores de cerritos


com finalidades distintas, multifuncionais, pois parece que da base até o topo se trata da
mesma cultura pampiana. Ocupações distintas em momentos diferentes, com a mesma
formação cultural. Exceto nalguns cerritos que possuem cerâmica da tradição
Tupiguarani na superfície, estes sabemos que sofreram contato pré-colonial e
provavelmente foram conquistados25. É possível que os grupos pampianos tivessem

23
VIDART, Daniel, Los cerritos de los indios del leste uruguayo, 1999; NAUE, G; SCHMITZ, P. I;
BASILE BECKER, I. I, op. cit., 1968; FEMENIAS, Jorge, Cerámica de los cerritos de noreste de
Uruguay y sureste de Brasil (discusión de los modelos resultantes), 1990.
24
SCHMITZ, P. I; MENTZ RIBEIRO, P. A.; NAUE, G.; BASILE BECKER, I. I., op. cit., 1970, p. 510.
25
ROGGE, Jairo Henrique, Fenômenos de Fronteira: um estudo das situações de contato entre os
portadores das tradições cerâmicas pré-históricas no Rio Grande do Sul, 2004.

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como referência estes cerritos. Após as jornadas de caça encontrariam na paisagem um


lugar simbolicamente constituído, mais alto e seco, próprio para habitação e repouso,
intencionalmente instalados em locais de caça abundante.
Desta forma os cerritos seriam entendidos como estações de paragem, centros
cerimoniais, referências na paisagem, locais culturalmente constituídos, fixos. As casas
dos caçadores nômades pampianos eram simples, uma simples tenta de palha ou de
couro a que chamavam de toldo. Simples o suficiente para desarmarem, enrolarem e
colocarem às costas para seguir viagem.

La habitación de un grupo cazador, de migración estacional, es


necesariamente simple, fácil de armar o de transportar […] Las
habitaciones de cada uno de los grupos humanos, generalmente
denominados “toldos”, estaban reunidas en “tolderías”.26

As informações são coerentes. Os grupos pampianos eram nômades. Precisavam


de paragens, de estações e de algo na paisagem que representasse a sua cultura. A lógica
do povoamento na bacia do arroio Candiota, mesmo na várzea dos seus afluentes, o
arroio Poacá e Candiotinha, são pontilhados destes testemunhos. Por se parecerem com
os sítios arqueológicos da fronteira, as escavações realizadas no Departamento de
Treinta Y Tres, Uruguai, mostram em parte a variabilidade das estruturas monticulares
presentes no vale do arroio Jaguarão, nascentes do rio Negro e bacia do arroio Candiota.
E eles se caracterizam da seguinte maneira:

Estos yacimientos son construcciones que presentan generalmente una


forma elíptica en su planta, cuyo eje menor está en una relación
proporcional de 4/5 com respecto al eje mayor, por lo cual su forma en
algunos casos, los de dimensiones más pequeñas, se aproxima
bastante de la circular. Oscilando las medidas de los ejes mayores
entre 10 y 40 mts., y su altura entre 0,50 y 2 mts. En su centro,
presentando un aspecto abovedado cuyas pendientes son casi
regulares.
En su construcción se utilizó tierra del campo de sus proximidades,
tomándose y removiendo a tal efecto solamente la capa humífera por
ser la más suelta y por lo tanto la más fácil de arrancar con los
instrumentos rudimentarios al alcance de sus constructores.27

A caracterização regional e os conceitos utilizados no reconhecimento e


identificação das estruturas monticulares da várzea do arroio Candiota, Candiotinha e
Poacá, permitem, de alguma maneira, pontuar traços da cultura pampiana construtora de
26
BASILE BECKER, Ítala Irene, op. cit., 1984, p. 116.
27
PRIETO, O. A; ALVAREZ, G; ARBENOIZ, J. A; DE LOS SANTOS, A; VESIDI, P. P; SCHMITZ P.
I; BASILE BECKER, I. I; NAUE, G. Informe preliminar sobre investigaciones arqueológicas en el
Departamento de Treinta y Tres, R. O. Uruguay, 1970, p. 6.

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cerritos naquela região. As datações radio-carbônicas absolutas são necessárias, de


preferência da base e topo dos cerritos. A identificação das áreas de empréstimo de solo
húmico, usado na construção do aterro, seria de fundamental importância para
identificar funcionalidade e finalidade das estruturas monticulares.
O mapeamento e identificação destas estruturas complementam os mapas
existentes para a região, ilustrando, de forma mais clara, o povoamento pré-colonial do
município de Candiota e região. Recursos e fontes etnográficas são abundantes nos
museus locais. A cultura material também é acessível através dos pesquisadores
amadores e dos sítios arqueológicos já escavados, em geral representam um padrão
tecnológico distinto, assim reconhecido:
Sobre a cultura material dos aterros:

São os seguintes materiais retirados da escavação ou coletados


superficialmente: cerâmica simples, acompanhada de pequena
quantidade de cerâmica ponteada e cerâmica de tradição tupi-guarani,
bolas de boleadeira, polidores, almofarizes profundos de secção
circular, pedras com facetas polidas, discos de pedra, polidores
manuais (regionalmente chamados de “estecas”), raras pedras com
covinhas, batedores, mãos de mó, uma lâmina de machado, raros
raspadores, lascas retocadas e não retocadas. Pontas de osso. Em
diversos aterros apareceram restos ósseos humanos.28

A variação da cultura material nas camadas de ocupação revela a dinâmica


construtiva das estruturas, assim como o ritmo, a temporalidade e os fatores de
abandono e retorno29, principalmente quando se têm as datações base-topo. A cultura
material se diversifica entre as camadas, mostrando o ritmo, a mudança, a variação nos
estilos tecnológicos. A seqüência da ocupação dos cerritos através dos vestígios
arqueológicos já é conhecida30, sendo utilizada na identificação dos períodos de
ocupação, mesmos para estudos atuais.

Considerações Preliminares

As estruturas monticulares da várzea do arroio Candiota indicam um denso


panorama do povoamento pré-colonial e testemunham a ocupação indígena na região. A

28
SCHMITZ, P. I; MENTZ RIBEIRO, P. A.; NAUE, G.; BASILE BECKER, I. I. Prospecções
arqueológicas no vale do rio Camaquã, RS, 1970, p. 17.
29
BRACCO BOKSAR & PANTAZI, Comunicação pessoal em nota emitida a Pedro Augusto Mentz,
1984, p. 16-20.
30
SCHMITZ, Pedro Ignácio; BROCHADO, José Proenza, op. cit., 1972; SCHMITZ, P. I., Cronología de
las culturas del sudeste de Rio Grande do Sul, Brasil, 1973.

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formação da cultura pampiana, caçadora e coletora, transpassa a noção de cerrito. O


conceito é presente na sociedade através da monumentalidade característica deste tipo
de sítio arqueológico nas várzeas dos arroios Candiota, Candiotinha e Poacá, município
de Candiota.
Os cerritos, mesmo possuindo variações regionais, são, de acordo com esta
análise, multifuncionais. Teriam servido para habitação, estação, paragem, forragem,
centro cerimonial, para enterrar os mortos, enfim, todas as funções que um espaço
culturalmente constituído possa ter. O mapeamento dos cerritos na várzea do arroio
Candiota possibilita a visualização de uma trajetória histórica, superior a dois mil anos
antes do presente. Os grupos ceramistas portadores da tradição Vieira se dispersaram e
ocuparam as terras baixas. A visualização da dispersão desta cultura material associada
aos dados etnohistóricos permite o desenvolvimento da pesquisa e da ciência
arqueológica na campanha sul-rio-grandense, colaborando na formação da História da
Campanha Gaúcha.
A mais de um século extintos, os grupos étnicos Guenoa, Charrua, Minuano e
Chaná têm nos cerritos os testemunhos de sua existência, considerando que são
multiculturais, plurais, destinados a diversas finalidades étnicas e sociais. O estudo e
preservação das paisagens culturais, inserindo os cerritos, permitem o acesso a cenários
culturais do passado sul-rio-grandense.

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