Você está na página 1de 8

2022

Enfoque matemático da
confiabilidade – Módulo 2 – Livro 1

Prof. Carlos Henrique Mariano


[Nome da empresa]
1/9/2022
1

3 Enfoque matemático da confiabilidade

Apresento na sequência uma tradução literal do item 6.3


General reliability functions p.159 do capítulo 6 Probability
distributions in reliability evaluation do livro de Billinton & Allan.

3.1 Funções gerais de confiabilidade


As equações seguintes e as relações matemáticas entre
as várias funções de confiabilidade não assumem qualquer
forma especifica e são igualmente aplicáveis a todas as
distribuições de probabilidade usadas na avaliação da
confiabilidade.
Considere o caso que um número fixo, de componentes
idênticos, é testado 𝑁0 .
E que,
𝑁𝑠 (𝑡 ) = 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑠𝑜𝑏𝑟𝑒𝑣𝑖𝑣𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑛𝑜 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑡
𝑁𝑓 (𝑡 ) = 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑓𝑎𝑙ℎ𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑛𝑜 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑡

Onde 𝑁𝑠 (𝑡 ) + 𝑁𝑓 (𝑡 ) = 𝑁0

Em qualquer tempo t, a confiabilidade ou função de


sobrevivência é dada por:
𝑁𝑠 (𝑡) 𝑁0 −𝑁𝑓 (𝑡) 𝑁𝑓 (𝑡 )
𝑅𝑠 (𝑡 ) = (1) = =1− (2)
𝑁0 𝑁0 𝑁0

Similarmente a probabilidade de falha ou distribuição


acumulada de falha 𝑄(𝑡) é dada por:
𝑁𝑓 (𝑡 )
𝑄(𝑡 ) = (3) ou F(t)
𝑁0

Curso de Especialização em Engenharia da Confiabilidade


Curso de Graduação em Engenharia Elétrica
Curso de Graduação em Engenharia de Controle e Automação
2

A partir da Q(t) ou F(t) = 𝑅 (𝑡 ) = 1 − 𝐹(𝑡) . A função densidade


de probabilidade, f(t), então pode ser definida como:
𝑑𝐹(𝑡) 𝑑𝑅(𝑡)
𝑓 (𝑡 ) = =− (4)
𝑑𝑡 𝑑𝑡

Ou,
𝑡
𝐹 (𝑡 ) = ∫ 𝑓 (𝑡 )𝑑𝑡 (5)
0

𝑡
E, 𝑅(𝑡 ) = 1 − ∫0 𝑓 (𝑡 )𝑑𝑡 (6)

Considerando as equações 2 e 3:
𝑑(𝑅(𝑡) −𝑑𝐹(𝑡) −1 𝑑𝑁𝑓 (𝑡 )
= = .
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑁0 𝑑𝑡
Com 𝑑𝑡 → 0, a equação 4
1 𝑑𝑁𝑓 (𝑡)
𝑓 (𝑡 ) = 𝑁 . (7)
0 𝑑𝑡

A função taxa de falha:


Esta é uma das funções mais extensivamente usadas na
avaliação de confiabilidade e uma das que podem ser mais
familiares para os leitores. No entanto, é uma das mais difíceis
de descrever e interpretar. Ela é melhor descrita em termos
gerais como a taxa de transição, embora, dependendo das
circunstâncias consideradas, seja referida em casos
particulares como taxa de risco (função), taxa de falha
(função), taxa de reparo (função), força de mortalidade.
O conceito básico de uma taxa de transição é talvez
mais fácil de explicar do ponto de vista de falha, portanto, a

Curso de Especialização em Engenharia da Confiabilidade


Curso de Graduação em Engenharia Elétrica
Curso de Graduação em Engenharia de Controle e Automação
3

discussão seguinte concentra-se em seu significado apenas


em termos de falha. Consequentemente, é referida como taxa
de risco, designada por λ (t). Deve-se notar que uma taxa de
transição tem um significado muito mais amplo e é usada em
conjunto com a ocorrência de outros eventos como um
reparo.
Em termos de falha, a taxa de risco é uma medida da
taxa na qual as falhas ocorrem. No entanto, não é
simplesmente o número de falhas que ocorrem em um
determinado período, porque isso depende do tamanho da
amostra que está sendo considerada. Por exemplo, o número
de falhas em uma amostra de 100 componentes é menor do
que em uma amostra de 1000 componentes, se o mesmo
período for considerado e os componentes forem idênticos,
mesmo assim a taxa de risco deva ser a mesma.
Da mesma forma, se o número de falhas em um
determinado período for o mesmo para uma amostra de 100
componentes e uma amostra de 1000 componentes, nesse
caso, os componentes ou condições de operação são
diferentes, os componentes da primeira amostra são mais
propensos a falhas do que da segunda amostra e a taxa de
risco deve ser maior.
Esta discussão indica que a taxa de risco é dependente
do número de falhas em um determinado período e do
número de componentes expostos à falha. Para avaliar a taxa
de risco, o número de falhas deve ser relacionado por unidade
ao número de componentes que estão expostos as dadas
falhas, segundo a seguinte definição de λ (t)

Curso de Especialização em Engenharia da Confiabilidade


Curso de Graduação em Engenharia Elétrica
Curso de Graduação em Engenharia de Controle e Automação
4

𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑎 𝑓𝑎𝑙ℎ𝑎𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜


𝜆(𝑡 ) = 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑜𝑛𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑒𝑥𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜𝑠 à 𝑓𝑎𝑙ℎ𝑎 (8)

1 𝑑𝑁𝑓 (𝑡) 𝑁 1 𝑑𝑁𝑓 (𝑡) 𝑁 1 𝑑𝑁𝑓 (𝑡)


Logo 𝜆(𝑡 ) = 𝑁 (𝑡) . (9) = 𝑁0 . 𝑁 (𝑡) . = 𝑁 (0𝑡) . 𝑁 . =
𝑠 𝑑𝑡 0 𝑠 𝑑𝑡 𝑠 0 𝑑𝑡
1 𝑓(𝑡)
. 𝑓(𝑡 ) = 𝑅(𝑡) (10)
𝑅 (𝑡 )

A função taxa de falha pode ser dada também por:

1 𝑑𝑅(𝑡)
𝜆(𝑡 ) = − ∗ (11)
𝑅 (𝑡 ) 𝑑𝑡

A equação (9) é uma equação muito interessante por


várias razões. Ela confirma que em 𝜆(0) = 𝑓(0) , em t=0, R(0)=1.
Em complemento, ela mostra que a taxa de risco é uma
função condicional de densidade de falha, sendo a relação
condicional a função de sobrevivência. Em termos físicos, esta
relação significa que a função densidade de falha permite
que a probabilidade de falha seja avaliada em qualquer
período no futuro enquanto a taxa de risco permite que a
probabilidade de falha seja avaliada no próximo período
dado que ele tenha sobrevivido até o tempo t.
Matematicamente a relação entre 𝜆(𝑡 ) e f(t) pode ser
descrita. A função de risco é equivalente a função de
densidade de falha, mas cobre somente aqueles tempos até
o ponto de interesse. Uma vez que a área embaixo desta
função equivalente de densidade é menor que a unidade, a
porção da função densidade de falha deve ser normalizada
de volta para a unidade. Isto pode ser alcançado dividindo a
função de densidade de falha pela área embaixo da função

Curso de Especialização em Engenharia da Confiabilidade


Curso de Graduação em Engenharia Elétrica
Curso de Graduação em Engenharia de Controle e Automação
5

densidade de falha para tempos maiores do que o de


interesse, ou seja
𝑓(𝑡) 𝑓(𝑡)
𝜆(𝑡 ) = ∞ = (12) igual a equação (10)
∫𝑡 𝑓 (𝑡)𝑑𝑡 𝑅(𝑡)

Agora a partir da equação 11:

𝑅(𝑡) 𝑡
1
∫ . 𝑑𝑅(𝑡) = ∫ −𝜆(𝑡)𝑑𝑡
1 𝑅(𝑡) 0

𝑡
𝑙𝑛𝑅(𝑡) = ∫ −𝜆(𝑡)𝑑𝑡
0

𝑡
𝑅(𝑡) = 𝑒𝑥𝑝 [− ∫0 𝜆(𝑡)𝑑𝑡] (13)

No caso especial em que 𝜆 é constante e independente do


tempo, podemos simplificar a equação 12:
𝑅 (𝑡 ) = 𝑒 −𝜆𝑡 (14)
Este caso especial é conhecido como distribuição
exponencial.
Problema de avaliação das funções de confiabilidade
De forma a ilustrar o procedimento para avaliação de várias
funções de confiabilidade descritas anteriormente e indicar a
forma das funções típicas que podem ser deduzidas de um
conjunto de dados experimentais vamos analisar o seguinte
problema:

Curso de Especialização em Engenharia da Confiabilidade


Curso de Graduação em Engenharia Elétrica
Curso de Graduação em Engenharia de Controle e Automação
6

Um ativo inicialmente contém 1000 componentes idênticos.


Foram monitorados 20 intervalos de tempo de 100 horas entre
eles. Em cada intervalo foi registrado o número de falhas. O
quadro abaixo sistematiza esta informação: (A ser resolvido
na aula prática)

Ordem do intervalo Número de falhas em cada intervalo

0 140
1 85
2 75
3 68
4 60
5 53
6 48
7 43
8 38
9 34
10 31
11 28
12 40
13 60
14 75
15 60
16 42
17 15
18 5
19 0

Referências:

Curso de Especialização em Engenharia da Confiabilidade


Curso de Graduação em Engenharia Elétrica
Curso de Graduação em Engenharia de Controle e Automação
7

Billinton, Roy; Allan Ronald N. Reliability Evalluation of


Engineering Systems – Concepts and techniques. New York,
Plenum Press, Second edition, 1992;

Curso de Especialização em Engenharia da Confiabilidade


Curso de Graduação em Engenharia Elétrica
Curso de Graduação em Engenharia de Controle e Automação

Você também pode gostar