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Prof.

Marco Túlio
Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022

HISTÓRIA PARA CN 2022


HISTÓRIA PARA CN
BRASIL COLÔNIA I

Prof. Marco Túlio

AULA 00
04 DE OUTUBRO DE 2020

AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 1


Prof. Marco Túlio
Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022

Sumário
1. APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR E DO CURSO 4

1.1. Apresentação do curso 4

1.2. A prova de História do Colégio Naval 6

2. A EXPANSÃO ULTRAMARINA PORTUGUESA 9

2.1. A formação de Portugal 10

2.2. Razões do expansionismo português 11

2.3. A expedição de Pedro Álvares Cabral 20

A Carta de Caminha 20

3. O PERÍODO PRÉ-COLONIAL (1500-1530) 22

4. OS INDÍGENAS E A CONQUISTA DA AMÉRICA PORTUGUESA 23


4.1. Os Tupinambá 24

5. O PERÍODO COLONIAL (1530-1808) 25


5.1. O sistema de capitanias-hereditárias 25
5.2. O governo-geral (1548) 27

6. ECONOMIA E SOCIEDADE DO AÇÚCAR 29

7.1. A União Ibérica e o Brasil Holandês (1630-1654) 33

Guerras Brasílicas 34

7.2. A sociedade do açúcar 35

8. ESCRAVIDÃO E RESISTÊNCIA INDÍGENA E AFRICANA 37

8.1. A escravidão indígena 37


A Confederação dos Tamoios e a Confederação dos Cariris 38
8.2. A escravidão africana 39
Formas de resistência dos escravizados africanos 43
O Quilombo de Palmares 44

O legado cultural africano no Brasil 44

9. LISTA DE QUESTÕES 46

10. GABARITO 74

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11. LISTA DE QUESTÕES 74

12. CONSIDERAÇÕES FINAIS 124

13. REFERÊNCIAS 124

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1. APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR E DO CURSO


Caro aluno(a),
Seja bem-vindo(a) à primeira aula do curso de História para o Colégio Naval 2021!

Antes de começarmos a falar sobre o nosso curso, permita me apresentar: sou Marco Túlio,
professor de História do Estratégia Militares. Sou graduado em História pela Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas) e em Ciências do Estado pela Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG). Também sou mestrando em História pela UFMG.
Em 2020 ministrei a primeira versão deste curso, o que considerei um grande privilégio,
mas acima de tudo, uma grande responsabilidade. Assim como todos os demais professores da
equipe, estou ciente de que é o seu sonho de ingressar no Colégio Naval que está em jogo, então
não pouparei esforços para ajudá-lo em sua preparação.
Para tanto, o meu compromisso com você é oferecer um material adequado às exigências
da prova a qual está prestes a realizar, com múltiplas ferramentas que contribuam para o seu
aprendizado de forma objetiva e eficiente. Nossa missão é uma só: gabaritar na prova de História!
Pronto para começar? Então vamos lá!

1.1. Apresentação do curso


A prova do Colégio Naval é composta por 6 questões de História do Brasil.
Parece pouco se comparado ao volume de outras disciplinas, mas esteja certo de
que um único erro pode ser o suficiente para colocar em jogo a sua aprovação.
Tenha bastante equilíbrio e consciência quando planejar a sua rotina de estudos,
pois dar pouca atenção à nossa disciplina não é uma boa ideia!
Para abarcar todo o conteúdo estipulado pelo edital do Colégio Naval, nosso
curso será ministrado em 07 aulas! Veja o nosso cronograma:

Aula Título Conteúdo abordado

Expansão Ultramarina Portuguesa e chegada ao Brasil; Da


organização da Colônia ao Governo Geral. Conquista e colonização
AULA 00 BRASIL COLÔNIA I do Nordeste; Invasões Estrangeiras no Período Colonial. A Economia
Colonial: os ciclos do Pau-Brasil, açúcar. O africano no Brasil. A Vida
Cultural e Artística nos Séculos Coloniais;
Expansões Geográficas: Entradas e Bandeiras, penetração na
Amazônia, conquista do Sul, Tratados e limites, Guerras no Sul; A
AULA 01 BRASIL COLÔNIA II
Economia Colonial: os ciclos do gado e mineração; Sedições e
Inconfidências: movimentos nativistas, Conjuração Mineira e Baiana; A
Vida Cultural e Artística nos Séculos Coloniais;
A Corte no Rio de Janeiro: a presença da Corte Portuguesa no Brasil:
realizações político-sociais; Da Independência ao fim do Primeiro
AULA 02 BRASIL IMPÉRIO I
Reinado: a Guerra Cisplatina, as dificuldades econômicas e as
agitações políticas; Período Regencial: lutas civis, atividades políticas
e maioridade;

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Segundo Reinado: pacificação das lutas internas, a conciliação


política e tentativas de industrialização; Segundo Reinado: política
AULA 03 BRASIL IMPÉRIO II
externa; Segundo Reinado: situação econômica, desenvolvimento
cultural e artístico, a questão dos escravos e a campanha
abolicionista, a igreja e a questão dos bispos; Brasil República: causas
da queda do trono.
AULA 04 BRASIL REPÚBLICA I República da Espada; A República Velha: o governo das oligarquias
cafeeiras (a situação social, política e econômica); A Revolução de
1930
AULA 05 BRASIL REPÚBLICA II Era de Vargas; A Era Populista: a situação interna e externa do
Brasil, de Eurico Dutra a João Goulart.
AULA 06 BRASIL REPÚBLICA III Os Governos Militares: de Castelo Branco a João Batista Figueiredo;
e A Nova República.

Atenção à recente inclusão do tópico História e cultura afro-brasileira e dos povos


indígenas brasileiros no conteúdo programático da instituição, tendência que deve ser mantida
na seleção dos ingressos em 2021. Iremos abordá-lo ao longo de todas as nossas aulas, pois ao
menos uma questão voltada à temática é esperada em sua prova!
Além do conteúdo exposto com uma linguagem objetiva e voltado às especificidades da
prova, em cada uma de nossas aulas você contará com os seguintes pontos:
▪ Lista de exercícios com questões comentadas de provas do Colégio Naval → Mais do que
assimilar o conteúdo, é importante que você se prepare resolvendo todos os exercícios de
exames anteriores, pois isso o possibilitará compreender melhor o perfil da prova. Além
disso, nosso material conta com as alternativas das questões comentadas uma a uma, para
que você possa atestar não somente a sua compreensão do porquê uma determinada
opção de resposta está correta, mas as razões para as demais estarem erradas.
▪ Lista de exercícios de outras instituições → Questões de outras provas foram incluídas em
nosso material, seja pelo estilo similar ao exame do Colégio Naval, seja pela abordagem de
temáticas não verificadas nas provas anteriores dessa instituição.
▪ Lista de exercícios inéditos → Para deixar o nosso material ainda mais completo, você
encontrará diversas questões adequadas ao padrão do Colégio Naval, elaboradas
justamente para que você possa se preparar ainda melhor.
▪ Exercícios resolvidos ao longo da teoria → Entender o processo de resolução de questões
sobre os mais diversos assuntos que abordaremos é fundamental. Assim sendo, você irá se
deparar com alguns exercícios em que busco mostrar qual caminho a ser seguido.
▪ Videoaulas completas → Todo o nosso conteúdo exposto no material escrito também será
conduzido por meio de aulas gravadas e disponibilizadas na área do aluno.
▪ Mapas mentais e resumos → Trata-se de um ótimo recurso para serem utilizados na
revisão dos pontos abordados pela disciplina.
Para além dos pontos que compõem o material escrito, você também terá à sua
disposição:
▪ o Fórum de Dúvidas, disponível no site do Estratégia Militares. Trata-se de uma ótima
ferramenta para mantermos nossa comunicação, com a qual você poderá tirar suas
dúvidas sobre o andamento do curso e o conteúdo das aulas. É também ali que poderei
notificá-lo sobre eventos futuros e possíveis alterações do curso, então consulte-o
continuamente;

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▪ eventos especiais sobre temas diversos, ou mesmo voltado para a resolução de questões.
Em muitos casos, eles ficarão disponíveis no canal do Estratégia Militares no Youtube.
Trata-se de um material que almeja contribuir na revisão do conteúdo.
▪ as salas VIP, locais em que os assuntos podem tirar dúvidas diretamente com o professor,
ao vivo. Além disso, elas serão periodicamente agendadas para que possamos retomar o
nosso conteúdo.
Deu para notar que teremos muito trabalho pela frente, não é mesmo? Mas pense que
todo esse esforço valerá a pena quando garantir a sua aprovação! Se você realmente está disposto
a se dedicar para concretizar o seu sonho, conte comigo para o que precisar!

1.2. A prova de História do Colégio Naval


Antes de encerrarmos minhas considerações sobre o nosso curso, gostaria de tratar sobre
algumas características da prova do Colégio Naval, começando pela incidência dos temas
contemplados pela instituição nos últimos 5 anos:

Incidência de temas (2016-2020)

1 1 1
1 9
2
2

4
4
4

Períodos pré-colonial e colonial Nova República Segundo Reinado


Era Vargas Primeira República República Populista
Regime Militar Período Regencial Primeiro Reinado
Período joanino

Tendo em vista as provas analisadas no gráfico acima, é notória a


recorrência questões sobre os períodos pré-colonial e colonial, não sendo raro
os anos em que 1/3 da prova se volta aos temas envolvendo esses períodos.
Assim sendo, a primeira dica é: atenção redobrada às nossas primeiras aulas,
pois muito provavelmente você irá se deparar com os seus conteúdos na prova!
No mesmo período analisado, questões sobre Segundo Reinado, Era Vargas e Nova
República foram mais frequentes que dos demais assuntos. Vale destacar que a apresentação dos
índices de incidência dos assuntos das provas dos últimos anos não sugere a possibilidade de
abandonarmos um tema em benefício de outro! A ideia é nos prepararmos para tudo!
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Outro ponto importante é compreender o perfil da prova do Colégio Naval. Primeiramente,
algumas questões devem ser resolvidas com interpretação de texto, por isso a leitura atenta aos
enunciados é indispensável. Vejamos um exemplo:

(2018/CN)
Leia o trecho da composição abaixo e responda a questão a seguir.
“Tens um sabor bem do Brasil
Tens a alma cor de anil
Mulata, mulatinha, meu amor
Fui nomeado teu tenente interventor”
O trecho refere-se a marchinha carnavalesca “O Teu cabelo não nega Mulata, lançada no Carnaval de
1932, composta por Lamartine Babo e pelos Irmãos Valença.

Pode-se afirmar que neste trecho temos a referência ao período:


a) do governo provisório de Getúlio Vargas, onde temos a substituição das lideranças municipais por
interventores que geralmente eram dissidentes do coronelismo.
b) da Revolução Constitucionalista de 1932, onde as lideranças do movimento paulista eram
compostas basicamente por interventores que em sua maioria originaram-se do tenentismo.
c) do Estado Novo, onde as lideranças estaduais compostas por interventores foram substituídas por
governadores nomeados por Vargas, que em sua maioria eram latifundiários cafeicultores.
d) do governo provisório de Getúlio Vargas, onde os governadores estaduais foram substituídos por
Interventores sendo, em geral, tenentes oriundos do movimento Tenentista.
e) denominado de Estado Novo, onde o então presidente Getúlio Vargas substituiu todas as forças
municipais por militares que em sua maioria eram oficiais de alta patente.

Repare que a palavra interventor, presente na canção do enunciado, era o título


dado aos nomeados por Vargas para dirigir os estados durante o governo provisório.
Assim sendo, a alternativa D é a resposta.
Contudo, outro ponto que poderia auxiliar o candidato é a informação de que a
marchinha foi lançada em 1932, ano situado no período provisório da Era Vargas. Isso
nos leva à terceira dica sobre a prova do Colégio Naval: não se trata de um exame em
que você precisa decorar todas as datas, porém a memorização de alguns marcos
cronológicos é imprescindível. Ao longo de nossas aulas, serão pontuados os marcos
essenciais.

Observação: Em alguns casos, os excertos disponibilizados pelas questões servem apenas para
introduzir o tema abordado, e pouco ou nada ajudam o candidato a compreender o comando da
questão e alcançar a resposta correta. Por via das dúvidas, sempre leia os textos com atenção!

A quarta dica é tentar analisar as imagens que podem aparecer nas questões. Embora a
qualidade gráfica das provas não facilite sua leitura, por vezes elas podem auxiliá-lo a obter mais
informações para alcançar a resposta correta. Veja um exemplo:

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(2017/CN)
A charge mostra a situação dos escravos que integraram, durante a Guerra da Tríplice Aliança ou
Guerra do Paraguai (1864-1870), os batalhões denominados Voluntários da Pátria, que asseguravam
aos que se alistassem benefícios, dentre eles a alforria. Após a guerra, o abolicionismo tornou-se um
dos principais temas brasileiros. Sobre esse momento histórico, é correto afirmar que

a) as Forças Armadas apoiaram a reescravização do negro, pois os oficiais possuíam escravos e não
queriam perder o dinheiro investido.
b) diversos oficiais das Forças Armadas passaram a atuar abertamente contra a escravidão, inclusive
se recusando a continuar capturando escravos fugitivos.
c) movimento armado para libertar os seus familiares que continuavam em estado de escravidão.
d) D. Pedro II ficou sensibilizado com a situação e decretou uma lei que libertava os pais e os irmãos
dos soldados negros libertos.
e) as Forças Armadas utilizaram sua influência política após a vitória no Paraguai para convencer os
políticos a libertarem os escravos, o que se concretizou em 20 de novembro de 1888.

Repare que o indivíduo em destaque é um homem negro e fardado, perplexo ao se deparar


com sua própria mãe sendo chicoteada no tronco. Se considerados o uniforme e a reação do
personagem, o candidato poderia deduzir de que o combatente representa o Exército ao final da
Guerra do Paraguai, contexto em que a instituição passou a condenar a continuidade da
escravidão. Assim sendo, a alternativa B seria a resposta mais adequada.
A última dica é não se esquecer de que estamos nos preparando para uma carreira militar,
por isso certas abordagens e temas pertinentes a alguém que busca ingressar nas Forças Armadas
são privilegiados pela prova do Colégio Naval. Questões sobre como ocorreu a formação das
fronteiras, as invasões estrangeiras no território colonial, as revoltas ocorridas ao longo da
História e a participação do Brasil em guerras são, portanto, recorrentes.
Para não perdermos tempo, gostaria de desejar a você um excelente curso. Nosso material
foi preparado com muito zelo e atenção às particularidades do processo seletivo da CN. Espero
que tenhamos uma jornada de estudos bastante produtiva, para que você possa gabaritar na
prova de História!
Bons estudos!
Prof. Marco Túlio.

profmarco.tulio @profmarcotulio /marcotulio.gomes.186

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2. A EXPANSÃO ULTRAMARINA PORTUGUESA


Por volta de 1500, na transição do Medievo para a Idade Moderna, o eixo econômico do
mundo se localizava no Mar Mediterrâneo. Os europeus passaram a cobiçar diversos produtos
vindos da Ásia, como a seda e a porcelana chinesas, tapetes persas e as chamadas “especiarias”.

Tesouros exóticos no mercado europeu, as especiarias eram produtos de origem vegetal e


valor inestimável vindos do Oriente, como cravo, canela, pimenta, noz-moscada, gengibre,
sândalo e almíscar. Com a retomada do grande comércio entre os mundos ocidental e oriental no
final da Idade Média, os europeus passaram a requisitar cada vez mais esses produtos.

As especiarias eram cultivadas na Índia, no Ceilão, nas ilhas Ternate e Tidora e em parte
das Ilhas Molucas, atual Indonésia. Muitas delas eram utilizadas na conservação de alimentos ou
com propósitos medicinais, além de conferirem aromas e sabores que encantavam os europeus.

De Constantinopla, uma das cidades mais dinâmicas do período, o Império Otomano


dominava uma região que abrangia o sudeste europeu, o Oriente Médio e o norte da África. Rotas
de comércio terrestres na Pérsia, na Ásia Central e na China foram sobretaxadas pela
administração otomana, o que legou pesadas tarifas aos estados cristãos europeus que buscavam
adquirir mercadorias vindas do Oriente. Grande parte dos produtos orientais eram pagos em ouro
pelos europeus, adquirido das caravanas que percorriam o deserto do Saara.

Figura 1 - Mapa das rotas comerciais entre os séculos XIII e XIV.

Enquanto os muçulmanos dominavam as rotas terrestres de comércio e no Mar Vermelho,


mercadores italianos, sobretudo das cidades de Gênova e Veneza, monopolizavam as rotas
marítimas no Mediterrâneo, adquirindo produtos dos primeiros e espalhando para o restante da
Europa Ocidental. Em muitos casos, os produtos orientais assumiam o seguinte percurso:

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MERCADORIAS MERCADORES MERCADORES EUROPA


ORIENTAIS MUÇULMANOS ITALIANOS OCIDENTAL

Assim sendo, o valor final das especiarias e de outros produtos era exorbitante ao
alcançarem a Europa Ocidental, limitando a margem de lucro de comerciantes da região e a
arrecadação dos Estados que começaram a se formar na transição para a Idade Moderna. Esse
cenário só seria alterado graças as incursões ultramarinas promovidas por Portugal, que ficaram
conhecidas como Grandes Navegações.

2.1. A formação de Portugal


A formação do Estado português remonta à Reconquista, nome dado ao processo de expulsão dos
muçulmanos que ocuparam a península ibérica1 a partir do século VIII. A frente do movimento estiveram
os reinos cristãos de Leão, Navarra, Castela e Aragão, cuja união mais tarde formaria o Estado de Espanha.

Um nobre francês que se destacou em batalhas contra os mouros2 foi Henrique de Borgonha, que
como recompensa recebeu do rei de Leão, Afonso VI, a doação do condado Portucalense e a mão de sua
filha ilegítima, D. Teresa. Dessa união nasceu D. Afonso Henriques, que após a morte do pai rompeu sua
sujeição ao reino de Leão, em 1139. Com isso, Portugal se torna independente e governado pela dinastia
de Borgonha (1139-1383).

Entre os séculos XII e XIV, Portugal expandiu suas fronteiras contra os


muçulmanos, garantindo doações de terras aos nobres guerreiros, mas não
a posse definitiva, que continuava sendo do rei. No mesmo período, o setor
mercantil luso3 ganhou força diante da formação de entrepostos comerciais.

Em 1383, uma crise sucessória se instaurou em Portugal após a morte


de Fernando I, que não deixou herdeiros masculinos legítimos. O rei de
Castela, casado com a filha do rei morto, reivindicou o trono para si,
recebendo apoio de parcelas da nobreza de Portugal. Porém, a possibilidade
de Portugal se anexado ao reino de Castela gerou indignação em diversos
setores da sociedade portuguesa, que passam a apoiar a ascensão de D.
João, mestre de Avis, irmão bastardo de D. Fernando. Dá-se início a um
movimento conhecido como Revolução de Avis, do qual participaram
setores da pequena nobreza, comerciantes e a “arraia-miúda” – nome dado Figura 2 - D. João, mestre de Avis e fundador
às camadas populares. de uma nova dinastia em Portugal.

1
Região que equivale ao território dos atuais estados de Portugal e Espanha.
2
Forma como eram denominados os muçulmanos na Península Ibérica.
3
Sinônimo de português.

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Com a derrota dos partidários de Castela na batalha de Aljubarrota (1385), D. João assumiu o trono
português como D. João I, dando início à dinastia de Avis. Ela seria fundamental para o processo de
expansão portuguesa, nome dado ao conjunto de viagens marítimas que tornaria Portugal um dos mais
importantes impérios do mundo.

2.2. Razões do expansionismo português


O marco inicial do expansionismo português se deu com a ocupação da cidade de Ceuta,
em 1415. Liderada pelo infante D. Henrique, quinto filho de D. João I, a empreitada foi motivada
por razões estratégicas, afinal dali haviam partido os mouros, setecentos anos antes, para
dominar os cristãos da Península Ibérica.

Figura 3 - Representação da conquista de Ceuta em uma estação de metrô da cidade de Porto, Portugal. Fonte: Shutterstock.

A cidade se situava na costa da África, onde hoje corresponde ao atual Marrocos. Por ser
bem próxima ao estreito de Gibraltar, uma região de encontro entre o Mar Mediterrâneo e o
Oceano Atlântico, a tomada da cidade permitiria aos portugueses se precaverem de ataques de
piratas que ali aportavam antes de saquearem seu litoral. Além disso, Ceuta era um importante
entreposto comercial naquele período, abastecida pelo ouro trazido pelas caravanas dos mouros
que cruzavam o deserto do Saara, e grande produtora de cereais.

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Embora exitosos em seu intento, a conquista de Ceuta não se mostrou um negócio tão
lucrativo para os lusos, uma vez que os árabes logo alteraram suas rotas comerciais para não mais
contemplarem a cidade. Além disso, os altos custos de guerra e as resistências à dominação
portuguesa impossibilitaram o cultivo de cereais na região.
A saga dos portugueses não terminou em Ceuta. Ela foi a primeira etapa do processo de
expansão ultramarina portuguesa, que se estenderia até o século seguinte. Antes de mais nada,
é preciso se perguntar quais razões levaram os portugueses a se aventurar para além dos limites
da península ibérica. Vejamos o que nos conta o historiador Boris Fausto:

A expansão correspondia aos interesses das classes, grupos sociais e instituições que
compunham a sociedade portuguesa. Para os comerciantes, era a perspectiva de um
bom negócio; para o rei, era a oportunidade de criar novas fontes de receita numa
época em que os rendimentos da Coroa tinham descido muito, além de ser uma boa
forma de ocupar os nobres e motivo de prestígio; para os nobres e os membros da
Igreja, servir ao rei ou servir a Deus, cristianizando "povos bárbaros", resultava em
recompensas e em cargos cada vez mais difíceis de conseguir nos estreitos quadros da
metrópole; para o povo, lançar-se ao mar significava sobretudo emigrar, a tentativa de
uma vida melhor, a fuga de um sistema social opressivo [...]. Daí a expansão ter-se
convertido em uma espécie de grande projeto nacional, ao qual todos ou quase todos
aderiram e que atravessou os séculos.
FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil. São Paulo: Edusp. 2011. p. 11.

O “grande projeto nacional” a que se refere o autor envolvia interesses diversos, mas era
conduzido pela política econômica denominada mercantilismo. Podemos definí-la como um
conjunto de práticas econômicas implementadas na Europa entre os séculos XV e XVIII, tendo em
vista o fortalecimento dos Estados-nacionais. Assim sendo, apesar da expansão das relações
econômicas conduzidas pela burguesia, os governantes absolutistas interferiam nas atividades de
produção de tal maneira que podemos considerar o Estado como o principal agente econômico
do período.
Para alguns historiadores, este sistema econômico representou os primórdios do capitalismo
em nossa História, sendo por isso chamado de capitalismo comercial. A seguir, listaremos
algumas práticas encontradas na maioria dos Estados europeus:

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- Metalismo → Na concepção da época, a riqueza do Estado seria medida pela quantidade de metais
preciosos (ouro e prata) acumulados.

- Balança comercial favorável → Para evitar o escoamento de metais preciosos, defendia-se a


necessidade de que o número de exportações superasse o de importações (superávit). Em outras
palavras, o Estado deveria vender mais do que comprar.

- Protecionismo alfandegário → Para evitar as importações e valorizar sua produção nacional, o Estado
impunha impostos aos produtos estrangeiros. Vale destacar, no entanto, que este raciocínio apresenta
certas limitações, afinal não basta apenas exportar mais para atingir uma balança comercial
superavitária, mas fazê-lo com produtos que apresentem maior valor agregado4.

- Colonialismo → A partir das Grandes Navegações, alguns Estados europeus estenderam seus
territórios além-mar, formando colônias e feitorias na África, Ásia e América. A exploração dessas
novas terras levava em conta unicamente os interesses do Estado colonizador, que se impõe política,
econômica e culturalmente sobre as populações conquistadas. Em geral, as metrópoles, como são
chamados esses Estados, determinam um conjunto de leis e obrigações aos territórios dominados,
restringindo que estes pratiquem relações comerciais com outros Estados.

- Concessão de monopólios → O poder real concedeu direitos exclusivos de exploração ou produção


de alguma mercadoria para burgueses e nobres, que em contrapartida, pagavam taxas ao Estado.

Colonialismo

Concessão de
Metalismo monopólios

MERCANTILISMO

Balança
Protecionismo
comercial
alfandegário
favorável

4
Valor acrescido a um bem ou serviço modificado ao longo do processo produtivo. Um exemplo disso é considerarmos o
minério de ferro, exportado pelo Brasil. A China, um dos principais países importadores dessa commodity, a utiliza para a
produção de diversos produtos, entre eles, embarcações, que possuem um valor agregado muito superior ao da matéria-prima
retirada de nosso país.

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A conquista de Ceuta fez de Portugal o primeiro país europeu a se lançar aos mares e
conquistar novas terras. Podemos elencar alguns aspectos que contribuíram para este processo:

Características geográficas favoráveis → Localizado próximo à confluência do oceano Atlântico e do


mar Mediterrâneo, do continente africano e de ilhas e arquipélagos atlânticos, Portugal dispunha de
um território sem obstáculos geográficos que poderiam dificultar a expansão ultramarina.

A busca por rotas alternativas para o mercado de especiarias → O acesso dos portugueses ao rico
comércio de especiarias era restrito, uma vez que pelo norte da África ele era monopolizado pelos
árabes, e no Mediterrâneo, pelos genoveses. Em 1453, com a conquista de Constantinopla pelos turco-
otomanos, o transporte dessas mercadorias se tornou ainda mais restrito, levando os portugueses a
buscar caminhos alternativos.

Consolidação do poder monárquico → A centralização política em Portugal ocorreu ainda na Baixa


Idade Média, durante as guerras de Reconquista na península Ibérica. Trata-se de um processo que se
inicia com a dinastia de Borgonha, em 1140, e é continuado pela Revolução de Avis (1383-1385),
quando D. João I assumiu o poder. A consolidação do poder monárquico e livre de guerras em Portugal
foi fundamental para o expansionismo marítimo, haja visto que as navegações ultramarinas neste país
foram uma empresa coordenada pelo Estado.

Desenvolvimento de tecnologias náuticas → O aperfeiçoamento e criação de diversos instrumentos


permitiram aos portugueses se aventurarem em mar aberto. Entre o final do século XIII e início do
século XIV foram produzidas as primeiras cartas portulanas, mapas que buscavam reproduzir de
maneira fidedigna a localização das zonas costeiras e seus portos – daí o fato de serem assim
chamadas. Com a difusão da bússola pela Europa, instrumento que permitia a localização do norte
geográfico a partir de uma agulha magnetizada, os portulanos adquiriram maior precisão ao
registrarem novas descobertas. Outra grande inovação do período foi a criação das caravelas,
embarcações mais ágeis e de maior dirigibilidade graças ao aperfeiçoamento das velas latinas
triangulares pelos portugueses.

Figura 4 - Carta portulana criada no início do século XVI. Fonte: Biblioteca Estadual da Baviera.

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Antes de avançarmos, que tal testar os seus conhecimentos? Você seria capaz de responder
as questões abaixo?

▪ Explique a relação entre a Reconquista e o processo de centralização política em Portugal.


▪ O que foi a Revolução de Avis?
▪ O que é o mercantilismo? Quais são suas principais características?
▪ Quais foram os elementos que possibilitaram o pioneirismo português nas Grandes
Navegações?

Após a tomada de Ceuta (1415), os portugueses exploraram as Ilhas Canárias e os Açores


por volta de 1430, além de colonizarem a ilha da Madeira em 1440. Em 1448, ergueram o Forte
de Arguim, ao sul do Cabo Branco, na atual Mauritânia, onde passaram a comercializar
escravizados.
Em 1434, o navegador Gil Eanes foi o primeiro navegador a cruzar o cabo Bojador,
conhecido como “cabo do Medo” devido as diversas lendas que cercavam sua existência. Para
alguns, essa região era povoada de seres monstruosos capazes de devorar aquele que ousasse
desbravá-lo, enquanto outros falavam de ventos tão fortes que arrastariam as naus para o abismo
aonde terminava o mar.
Superado o medo medieval sobre o desconhecido, os portugueses continuaram a se lançar
ao mar em expedições que iam cada vez mais ao sul do litoral africano no Atlântico. Em vários
pontos da costa foram fundadas feitorias, entrepostos de onde os portugueses obtinham
produtos como marfim, ouro em pó, pimenta malagueta e escravos. Essa série de viagens na costa
oeste do continente ficaram conhecidas como Périplo Africano.

Figura 5 - Detalhe de um mapa do século XVI mostra a crença em monstros marinhos pelos europeus.
Fonte: Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos.

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Em 1488, Bartolomeu Dias alcançou o extremo sul do continente africano, chamado por
ele de cabo das Tormentas devido aos perigos decorrentes do encontro entre os oceanos
Atlântico e Índico nessa região. Contudo, o rei D. João II alterou seu nome para Cabo da Boa
Esperança, uma vez que os portugueses se mostraram cada vez mais próximos de completar a
sua rota para a tão aguardada chegada no Oriente. Dez anos depois, em 1498, Vasco da Gama
cumpriu esse objetivo ao contornar todo o continente africano e alcançar a cidade de Calicute, na
Índia.
A segunda viagem portuguesa rumo à Índia foi comandada por fidalgo da Ordem de Cristo
chamado Pedro Álvares Cabral, cujo nome conhecemos bem devido a sua parada no território
que atualmente concebemos como Brasil. Mas a empreitada significou mais do que isso, afinal
pela primeira vez uma única viagem integrou quatro continentes – Europa, América, África e Ásia
–, além de manifestar a construção de um extenso império ultramarino no Atlântico por Portugal.

As navegações espanholas
Enquanto Portugal apostava nas viagens de circunavegação do continente africano
para alcançar as Índias, os Reis Católicos de Espanha, Fernando e Isabel, patrocinaram
o projeto do navegador genovês Cristóvão Colombo, que defendia a tese de que se
poderia alcançar o Oriente rumando para o Ocidente. Partindo da ideia de esfericidade
da Terra, Colombo já havia tentado convencer o rei de Portugal a financiá-lo, mas
naquela altura as viagens dos portugueses pelo litoral da África já se encontravam
bastante avançadas.
Durante trinta e três dias, Colombo enfrentou diversos motins de sua tripulação
devido as péssimas condições de higiene e alimentação. Contudo, no dia 12 de outubro
de 1492 eles alcançaram a América, desembarcando em uma ilha do Caribe que foi
batizada como São Salvador (atual Bahamas). O genovês acreditou ter chegando em
Cipango (Japão), e quanto mais explorava a região, mais se mostrava certo de que havia
alcançado as Índias. Apesar de cartógrafos chegarem à conclusão de que ele havia se
deparado com um novo continente, defendeu sua chegada às Índias até a sua morte.
Em 1503, dois anos antes da morte de Colombo, o navegador e comerciante
florentino chamado Américo Vespúcio publicou o livro Novo Mundo, no qual chamava
atenção para o fato de Colombo ter alcançado terras até então desconhecido para os
europeus. Em sua homenagem, o novo continente foi batizado de América.
A era de ouro das navegações se encerrou com a viagem de Fernão de Magalhães,
feita entre 1519 e 1522. Embora fosse português, o navegador recorreu ao patrocínio
do rei de Espanha após a Coroa portuguesa não o apoiar em seu projeto de realizar a
primeira viagem de circunavegação do mundo. Partindo em agosto de 1519 com uma
esquadra formada por cinco caravelas e centenas de homens, Magalhães tinha o
objetivo de traçar uma nova rota rumo às Índias, onde se apossariam das Ilhas
Molucas, cobiçadas devido ao alto valor do cravo-da-índia ali cultivado.
Apesar dos motins, fortes tempestades e da escassez de alimentos, a viagem foi
concluída em setembro de 1522 pelo espanhol Sebastião Elcano, nomeado capitão
após a morte de Fernão de Magalhães em um confronto com nativos nas Filipinas.

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Figura 6 - A rota das navegações portuguesas e espanholas.


Fonte: ARRUDA, José Jobson de A. Atlas histórico básico. 17ª ed. São Paulo: Ática, 2008.p. 19.

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Os lucros com as especiarias


O comércio de especiarias gerava lucros astronômicos. Em 1499, ao retornar a Lisboa
de sua pioneira expedição à Índia, Vasco da Gama transportava em seus navios carga
suficiente para cobrir sessenta vezes o custo da expedição. A famosa viagem do
corsário inglês Francis Drake ao redor do mundo, entre 1577 e 2 1580, gerou um lucro
de 4.700% aos seus investidores graças às escalas realizadas nas assim chamadas “ilhas
de especiarias, onde ele saqueou os depósitos dos produtores. Em 1603, quando a
primeira colônia inglesa foi criada na ilha de Run, a menor de todo o Arquipélago de
Banda (também parte das Molucas), 4,5 quilos de noz-moscada podiam ser comprados
dos nativos por meio centavo de libra esterlina e revendidos na Europa com um
inacreditável lucro de 32.000 %
Na época da viagem pioneira de Vasco da Gama, as especiarias já eram bem
conhecidas na Europa. Porém, a fatia mais gorda dos lucros ficava com os mercadores
muçulmanos que dominavam as toras de comércio entre a Ásia e o Mar Vermelho. A
pimenta, por exemplo, custava, na Índia, três cruzados o quintal (cerca de cinquenta
quilos), e chegava ao Egito valendo oitenta cruzados, ou seja, quase trinta vezes mais
do que o preço original. Após a abertura do novo caminho marítimo por Vasco da
Gama, contornando o sul da África, a mesma pimenta podia ser encontrada em
Portugal por trinta cruzados, cerca de dez vezes o que os portugueses pagavam na
Índia, mas, ainda assim, quase um terço do valor cobrado pelos mercadores
venezianos, antes obrigados a comprar dos muçulmanos no Egito e no Oriente Médio,
dessem preferência aos portugueses, transformando Lisboa na nova meca do comércio
com o Oriente. De todas as especiarias, a pimenta era a grande estrela. Entre 1510 e
1518, de um total de 50.656 cruzados movimentados nas Feitoria de Xoim, na Índia, só
a pimenta respondia por 42.880, ou seja, mais de 80%.
GOMES, Laurentino. Escravidão: do primeiro leilão de cativos em Portugal até a morte de Zumbi dos
Palmares, volume 1. Rio de Janeiro: Globo Livros, 2019. p. 101.

A notícia de que Colombo alcançara um novo continente em 1492 não passou despercebida
por Portugal, que até então buscava alcançar o Oriente com uma rota que contornasse a África.
A fim de evitar que a Espanha se tornasse uma forte concorrente na corrida pelas mercadorias,
os portugueses se tornaram defensores de que um acordo fosse formalizado entre as duas
monarquias, com o objetivo de estabelecerem os limites de seus domínios.
Em maio de 1493 foi promulgada a bula Inter Coetera, resultado das negociações entre
Portugal e Espanha e arbitrados pelo papa Alexandre VI. No documento foi traçada uma linha
imaginária situada a 100 léguas do Arquipélago de Cabo Verde, ficando acordado que os
territórios dispostos a leste deste marco eram posse de Portugal, enquanto a porção oeste seria
de propriedade do reino de Espanha.

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Insastisfeito com o acordo, Portugal sugeriu a criação de uma nova linha imaginária,
situada a 370 léguas de Cabo Verde. Dessa forma, os lusos também poderiam garantir sua
porção de terras no Novo Mundo, o que foi acatado pelos espanhóis. Em 7 de junho de 1494
foi assinado o Tratado de Tordesilhas, que designou terras a leste para Portugal e a oeste
para Espanha.

Figura 7 - Mapa dos impérios português e espanhol.


Fonte: ARRUDA, José Jobson de A. Atlas histórico básico. 17ª ed. São Paulo: Ática, 2008.p. 20.

É claro que as demais nações europeias não ficaram de braços cruzados diante da assinatura
do Tratado de Tordesilhas. Na ocasião, o rei francês Francisco I teria comentado: “gostaria de ver
a cláusula do testamento de Adão que me afastou da partilha do mundo”. Sem reconhecer a
legitimidade do acordo, França, Inglaterra e Países Baixos também buscaram assegurar seus
territórios na América, invadindo domínios coloniais dos portugueses e espanhóis.
Progressivamente, o Mar Mediterrâneo deixava de ser o espaço primordial de circulação de
riquezas, marcando uma alteração do eixo econômico para o Atlântico. A formação de novas
rotas de acesso às Índias pelo Atlântico causou o declínio da hegemonia de Veneza e Gênova,
cidades cujos comerciantes até então monopolizavam o comércio no Mediterrâneo.

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2.3. A expedição de Pedro Álvares Cabral


A chegada de Cabral ao Brasil teria sido um acidente? Os historiadores apontam para
uma série de indícios que colocam essa ideia por terra. Para começar, a frota cabralina era
composta por caravelas pilotadas por experientes navegadores, como Bartolomeu Dias, Diogo
Dias e Nicolau Coelho. Eles dispunham de instrumentos marítimos que conferiam maior precisão
às viagens marítimas, como bússolas, astrolábios e mapas cartográficos produzidos ao longo de
décadas. Além disso, o território avistado por Cabral já havia sido assegurado pela Coroa em 1494,
quando foi Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Tordesilhas.
Depois de assinar o acordo com a Espanha, o rei D. Manuel I encarregou o navegador
Duarte Pacheco Pereira de organizar uma expedição secreta para reconhecer estes territórios,
em 1498. Ela desembarcou em alguma parte da costa entre o Maranhão e o Pará, para em seguida
percorrer o litoral até a foz do Rio Amazonas e a Ilha de Marajó. O território português no Brasil
começava próximo a atual cidade de Belém, no Pará, e descia em linha reta até as proximidades
de Laguna, atual Santa Catarina.
Bom, deu pra perceber que a expedição cabralina não poderia ter "descoberto" um
território que já era conhecido pela Coroa pelo menos desde 1498, não é verdade? Além disso, a
expressão descobrimento traz um outro problema, seu caráter eurocêntrico. Ao dizermos que
Cabral "descobriu" o Brasil, tomamos o ponto de vista dos portugueses, como se o território até
então estivesse esperando ser encontrado. Essa visão ignora as experiências dos povos indígenas
que o habitavam, estabelecendo o ano de 1500 como marco inicial de nossa História.
Mas se o termo descobrimento não é o mais indicado, o que poderíamos utilizar em seu
lugar? Talvez seria melhor tratarmos a chegada da expedição cabralina como uma tomada de
posse, pois assegurava a Coroa portuguesa o domínio sobre os territórios delimitados pelo
Tratado de Tordesilhas. Em outras palavras, ela iniciava o processo de conquista de Portugal em
solo americano.

A Carta de Caminha
Pero Vaz de Caminha já tinha cerca de 50 anos quando a esquadra de Cabral desembarcou
em solo americano. Ocupando o posto de escrivão da armada, é dele a carta que descreve em
detalhes para o rei de Portugal o "achamento" da nova terra. Por ser o primeiro documento
escrito sobre o Brasil, muitos historiadores o consideram a "certidão de nascimento” da nossa
história.
Alguns pontos de sua correspondência merecem destaque. Para começar, ela informa que
ao avistar o primeiro monte de terra no horizonte, Cabral o batizou de Monte Pascoal, pois
estavam na semana de Páscoa. Já o território conquistado foi chamado de Ilha de Vera Cruz, em
referência a cruz erguida pelos portugueses para rezar a primeira missa no solo desembarcado,
que julgavam se tratar de apenas uma ilha.
A carta de Caminha também sugere ter sido amistoso o primeiro contato com os nativos,
dos quais fornece uma descrição física:

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A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons


narizes, bem-feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura. Nem estimam de cobrir ou
de mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto.
Ambos traziam os beiços de baixo furados e metidos neles seus ossos brancos e
verdadeiros, de comprimento duma mão travessa, da grossura dum fuso de algodão,
agudos na ponta como um furador. Metem-nos pela parte de dentro do beiço; e a
parte que lhes fica entre o beiço e os dentes é feita como roque de xadrez, ali encaixado
de tal sorte que não os molesta, nem os estorva no falar, no comer ou no beber.
Carta de Pero Vaz de Caminha. Disponível em:
<http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/livros_eletronicos/carta.pdf>. Acesso em: 12 nov. 2019.

O escrivão considera os indígenas bonitos de corpo e de alma, apontando sua nudez como
um pecado decorrente do desconhecimento da verdadeira fé. E ao relatar que a tripulação não
havia encontrado metais preciosos naquela terra, ele exalta outras riquezas naturais, como a
fertilidade do solo e a abundância de recursos hídricos, além de sugerir a necessidade de
conversão dos nativos:

Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de
metal ou ferro [...]. Porém a terra em si é de muito bons ares [...]. Águas são muitas;
infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo,
por bem das águas que tem. Porém o melhor fruto, que nela se pode fazer, me parece
que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em
ela deve lançar.
Carta de Pero Vaz de Caminha. Disponível em:
<http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/livros_eletronicos/carta.pdf>. Acesso em: 12 nov. 2019.

O trecho é importante para compreendermos uma coisa: no século XVI, os interesses da


Igreja e do Estado se confundiam, o que faz com que as viagens ultramarinas e a conquista de
novos territórios tivessem uma dimensão tanto política quanto religiosa. Ao buscar
riquezas no Oriente e no Novo Mundo, a Coroa buscava o fortalecimento do Estado
português, tendo como base a concepção mercantilista de que quanto mais riquezas
ele acumulasse, mais poderoso ele seria. Ao mesmo tempo, a expansão territorial de
uma monarquia católica também poderia contribuir para a expansão da fé católica, e
consequentemente, para o fortalecimento da Igreja. Diante disso, é preciso
considerar as Grandes Navegações como um processo que incluía interesses tanto do
Estado português quanto da Igreja católica.
Após permanecer dez dias na Terra de Vera Cruz, Cabral partiu com sua esquadra para o
Oriente, no dia 3 de maio de 1500. Um dos navios da esquadra, sob o comando de Gaspar de
Lemos, retornou à Portugal, levando consigo as cartas que relatavam o achamento da nova terra.

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Até 1530, a Coroa portuguesa manteria suas atenções voltadas para o comércio com as
Índias, sem promover esforços para ocupar seus domínios obtidos do outro lado do Atlântico.
Devido a isso, o período que vai de 1500 até 1530 é chamado pelos historiadores de pré-colonial.

O projeto colonizador implantado por Portugal e Espanha apresentava uma dimensão política, afinal
a exploração de novos territórios visava o fortalecimento dessas monarquias absolutistas, sendo
formados extensos impérios ultramarinos. Ao mesmo tempo, a colonização também possuía uma
dimensão religiosa, pois a expansão territorial dessas monarquias católicas também representava a
extensão das fronteiras da cristandade. Em outras palavras, portugueses e espanhóis se preocupavam
não somente com ganhos materiais, mas com a conquista de novos fiéis para a Igreja.

3. O PERÍODO PRÉ-COLONIAL (1500-1530)

Sem saber exatamente o tamanho de seus domínios no


continente americano, algumas expedições trataram de
vasculhar e nomear alguns pontos da costa, como a Baía de
Todos-os-Santos e o vilarejo de São Sebastião do Rio de
Janeiro. A América Portuguesa permaneceu sendo
denominada em alguns documentos como Terra de Santa Cruz,
ou simplesmente Vera Cruz. Muitos viajantes também
passaram a chamá-la de Terra dos Papagaios, em referência às
exuberantes aves encontradas no litoral.
Em 1502, os portugueses iniciaram a exploração do
pau-Brasil, árvore já utilizada na Europa para a extração de um
corante de cor avermelhada, com o qual eram tingidos os
tecidos. Tendo em vista seu alto valor comercial, a Coroa
estabeleceu o monopólio real5 sobre a exploração da madeira,
chamado de estanco, o que não impediu que navegadores
espanhóis, ingleses e franceses desafiassem o Tratado de Figura 8 - Terra Brasilis", 1519, mapa de Pedro
Reinel e Lopo Homem, Atlas Miller, Biblioteca
Tordesilhas para contrabandear o produto para seus Nacional de Paris.
respectivos países.
Para extrair e transportar as grossas e pesadas toras de pau-Brasil, os portugueses
utilizavam a mão de obra indígena por meio do escambo, ou seja, remuneravam as tarefas
executadas com roupas, espelhos, chapéus, canivetes e outras bugigangas.
A madeira era levada até as feitorias, entrepostos fortificados onde era depositada para
aguardar os navios que a comercializaria no continente europeu. Com o passar do tempo, os
domínios portugueses na América passaram a dispor de uma nova denominação: Brasil.
A seguir, vejamos as principais expedições do período:
A seguir, vejamos as principais expedições do período:

5
O monopólio de exploração do pau-brasil esteve nas mãos de Fernando de Noronha, entre 1503 e 1505.

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▪ Expedição de Gaspar de Lemos (1501): responsável pela identificação de várias
localidades e acidentes geográficos, incluindo o cabo de São Tomé, Cabo Frio e São
Vicente; além de confirmar a existência de pau-brasil na América Portuguesa, madeira já
conhecida pelos portugueses em suas viagens para o Oriente.
▪ Expedições de Gonçalo Coelho (1503): custeada por Fernão de Loronha, que consegue da
Coroa a autorização de explorar o pau-brasil. É provável que tenha contado com a
participação de Américo Vespúcio, cosmógrafo florentino cujo nome batizaria o “Novo
Mundo”;
▪ Expedições guarda-costas de Cristóvão Jacques (1516 e 1520): a existência de pau-brasil
despertou a cobiça de diversos traficantes que atuavam na costa da América Portuguesa,
principalmente franceses. Diante disso, a Coroa organizou expedições voltadas a patrulha
de seus domínios e a punição dos invasores, comandadas por Cristóvão Jacques. Após a
sua segunda viagem, ele recomendou ao rei a ocupação da terra para garantir sua posse
efetiva.
Antes de avançarmos, que tal testar os seus conhecimentos? Você seria capaz de responder
as questões abaixo?

▪ Comente sobre os interesses que levaram a Coroa, a Igreja, a nobreza e comerciantes a


consolidar as viagens ultramarinas portuguesas como um “projeto nacional”.
▪ Quais foram os entendimentos gerados pelo Tratado de Tordesilhas?
▪ Explique a razão das primeiras três décadas do Brasil do século XVI serem chamadas de
período pré-colonial pelos historiadores.
▪ Relacione as viagens ultramarinas portuguesas às transformações verificadas nas rotas
comerciais de especiarias no século XVI.
▪ Explique a diferença entre o estanco e o escambo.
▪ Explique a importância das principais expedições ocorridas entre 1501 e 1528.

4. OS INDÍGENAS E A CONQUISTA DA AMÉRICA PORTUGUESA


Quando a frota de Cabral alcançou a América, em 1500, centenas eram os povos
indígenas que ocupavam a região atribuída a Portugal pelo Tratado de Tordesilhas. Contudo,
quatro famílias linguísticas eram preponderantes: os tupi (ou tupi-guarani), os jê, os caraíba e os
arauaque. Contudo, também coexistiam outros grupos linguísticos, como os tucano, ao
noroeste, os pano, a oeste, e os charrua, ao sul. Estima-se a população indígena entre 2 e 4
milhões neste período.
Embora elas guardem diversas especificidades, podemos listar algumas características
comuns dos povos que habitavam o território que atualmente conhecemos como Brasil:
▪ A maioria dos indígenas vivia em aldeias de curta duração: devido à ausência de animais
domesticáveis na América do Sul e das florestas inadequadas para cultivo por longos
períodos, eram constantes os deslocamentos populacionais para áreas mais ricas em
víveres.

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▪ As atividades dos indígenas incluíam a caça e pesca, atividade
desenvolvida principalmente pelos homens, e a coleta de frutos e
cultivo de pequenas roças, tidas como tarefas femininas.
Mandioca, amendoim, inhame, algodão, frutas e castanhas eram
alguns produtos cultivados.
▪ As habitações coletivas erguidas nas aldeias, chamadas de ocas,
eram cabanas feitas de madeira entrelaçada por cipós e recobertas
com sapé. Poderiam apresentar tamanhos e formas variadas.
▪ Ao contrário do que costumamos ouvir dizer, os indígenas tinham
– e ainda tem – noção de propriedade. Alguns bens de produção,
como arcos e flechas, machados e facões, costumavam ser
encarados como propriedade individual. A terra, no entanto, era
um bem de uso coletivo.
▪ Tinham suas próprias lendas, deuses, mitos e cerimônias para dar
significado ao mundo. Geralmente era a figura do pajé a
responsável pela ligação dos indígenas ao plano espiritual, além de
promover a cura para diversas doenças.
▪ As famílias, e em maior escala, as aldeias, eram comandadas por
um chefe. Essa posição era geralmente obtida pelas habilidades
como guerreiro, pela oratória ou a partir da vastidão de filhos ou
parentes. Contudo, não era uma posição que dispunha de grandes
poderes, afinal estamos falando de sociedades igualitárias. Figura 11 - Manto tupinambá,
produzido no século XVII, é um dos
▪ As manifestações artísticas destes povos se manifestavam em exemplares da rica arte plumária
objetos utilitários, como vasos, remos, cestos e pás, mas também dos povos indígenas na América
Portuguesa. Fonte: GRAÇA
em objetos de adorno ou cerimoniais, como mantos, diademas, PROENÇA. História da arte. 17ª ed.
máscaras e cocares. Uma grande variedade de matérias-primas era São Paulo: Ática, 2018. p. 127.
utilizada na confecção destes objetos, incluindo conchas, ossos,
dentes, plumas, madeiras, cortiças, fibras, palhas, cipós e
sementes.

4.1. Os Tupinambá
As diversas tribos que compunham a nação Tupinambá eram sociedades guerreiras que
viviam sob guerra permanente, e quando um inimigo era capturado, o costume demandava que
ele fosse devorado, com o intuito de vingar os ancestrais. Trata-se, portanto, de um ritual
antropofágico, no qual os prisioneiros de guerra eram tratados de maneira respeitosa, sendo a
eles destinados os mesmos alimentos do grupo e mulheres até o momento da execução. As
vítimas costumavam aceitar o sacrifício com bravura, afinal fugir de volta para casa poderia ser
interpretado como uma ofensa pelos seus próprios familiares, sugerindo não haver confiança na
capacidade deles de vingarem o ente perdido.

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Figura 9 - Theodor de Bry. Cena de canibalismo, a partir de “Americae Tertia Pars”, 1592.

5. O PERÍODO COLONIAL (1530-1808)


Em 1530, Portugal deu início a esforços para colonizar a América Portuguesa. Dentre os
aspectos que contribuíram para isso, podemos destacar:
▪ A descoberta de ouro e prata na América Espanhola → A notícia de que os espanhóis
haviam encontrado metais preciosos em seus domínios no Novo Mundo chegou aos
ouvidos dos portugueses, que passaram a acreditar que as mesmas riquezas poderiam ser
encontradas no Brasil.
▪ As invasões e ataques de expedições estrangeiras → Muitos navios desembarcavam
clandestinamente na América Portuguesa em busca de riquezas, sobretudo o pau-brasil.
Para facilitar o contrabando da madeira, franceses chegaram a formar uma aliança com os
tupinambás, ameaçando o domínio dos lusos.
▪ A crise no comércio de especiarias → A partir de 1530, o negócio com as Índias já não se
mostrava tão lucrativo para os portugueses, o que os leva a redirecionar olhares para o
Brasil, em busca de novas fontes de riquezas.

5.1. O sistema de capitanias-hereditárias


Em dezembro de 1530, uma expedição comandada por Martim Afonso de Souza partiu de
Lisboa rumo a América Portuguesa, com o objetivo de dar início à ocupação da terra e de sua
exploração, combater contrabandistas de pau-brasil, procurar metais preciosos e mapear o litoral
dos domínios portugueses. Historiadores consideram a viagem marco inicial do processo de
colonização do Brasil.
No dia 22 de janeiro de 1532, Martim Afonso fundou São Vicente, a primeira vila do Brasil,
em um local próximo da porção sul da América Espanhola. Dessa maneira, objetivava-se não
somente conter a penetração de invasores castelhanos, mas interferir em seu monopólio sobre a
região do Prata, utilizada para o escoamento de riquezas minerais extraídas do interior do

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continente. Martim Afonso também foi o responsável pela
introdução das primeiras mudas de cana de açúcar no
continente, além de criar o primeiro engenho para a
produção de açúcar.
Em 1534, a Coroa portuguesa replicou o sistema de
colonização empregado nas ilhas de Açores e da Madeira
na América, denominado capitanias-hereditárias. O
território foi dividido em extensas faixas de terras, as
capitanias, e entregues a particulares para que pudessem
povoá-las.
Os capitães-donatários, todos fidalgos, funcionários
da Coroa e comerciantes portugueses, eram encarregados
de proteger o território de invasores estrangeiros, explorá-
lo economicamente e exercer o poder de justiça. A posse
da terra era hereditária, ou seja, passava de pai para filho.
Os capitães-donatários recebiam a capitania por
meio da Carta de Doação, documento que oficializava a
posse da terra. Isso não significa dizer que eles eram
proprietários, mas que dispunham da posse da terra, que
continuava a ser do rei de Portugal.
Os privilégios e deveres dos donatários eram
delimitados por um documento denominado Foral. Para
incentivar o povoamento do território, eles poderiam
conceder sesmarias, porções de terras entregues à
colonos, os chamados de sesmeiros, com a condição de Figura 10 – Mapa do sistema de capitanias-hereditárias.
que pagassem tributos e cumprissem certas obrigações.
Este sistema de doação de terras permaneceu até 1850, e
está relacionado ao fenômeno da concentração fundiária
que marcou boa parte da História do Brasil. Vejamos os privilégios e obrigações dos donatários:

PRIVILÉGIOS OBRIGAÇÕES
▪ Criar vilas e distribuir terras (sesmarias) a Assegurar ao rei de Portugal:
quem desejasse e pudesse cultivá-las. ▪ 10% dos lucros sobre todos os
▪ Exercer a plena autoridade judicial e produtos da terra;
administrativa. ▪ 25% dos lucros sobre metais e
▪ Por meio da chamada “guerra justa”, as pedras preciosas que fossem
escravizar os indígenas considerados encontrados;
inimigos, obrigando-os a trabalhar na ▪ o monopólio da exploração do
lavoura. pau-brasil.
▪ Receber 5% dos lucros sobre o comércio
do pau-brasil.

Fonte: COTRIM, Gilberto. História global. 11ª ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 281.

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Contudo, vale destacar que a maioria dos donatários sequer tomou posse de seus domínios
na América, enquanto outros não lograram êxito em lidar com tantas atribuições em territórios
tão vastos. Os elevados custos demandados para a exploração das terras fizeram com que muitos
desanimassem do empreendimento, ao mesmo tempo em que a resistência dos indígenas
dificultava a ocupação da América Portuguesa. Em 1546, o donatário da capitania da Bahia
Francisco Pereira Coutinho, conhecido como Rusticão devido ao trato violento dado aos nativos,
foi devorado por tupinambás após sofrer um naufrágio nas proximidades de Itaparica.
Podemos dizer que das 15 capitanias-hereditárias, prosperaram principalmente São
Vicente, de Martim Afonso de Souza, e Pernambuco, de Duarte Coelho, ambas devido ao cultivo
da cana-de-açúcar. O fracasso do sistema administrativo levou a Coroa a conciliá-lo com outra
estrutura, o governo-geral.

5.2. O governo-geral (1548)


Em 1548, o rei D. João III criou o cargo de governador-geral, figura que centralizava
a administração colonial ao atuar como intermediador entre donatários e a metrópole,
além impulsionar do processo de colonização. A capitania da Bahia foi escolhida como sede
do governo-geral, pois se localizava em uma região central da América Portuguesa,
facilitando a comunicação com as demais capitanias. No dia 1º de maio do ano seguinte,
foi iniciada a construção de Salvador, a primeira capital do Brasil.
A centralização perpassava pela retirada de atribuições e autonomia de fazendeiros
e capitães-donatários, que até então personalizavam a autoridade da vida política colonial.
Nomeado pelo próprio Rei, o governador-geral contava com diversas atribuições:
▪ Militares → Comando militar e defesa da colônia;
▪ Administrativas → conduzir as finanças da América Portuguesa e manter um diálogo
com os capitães-donatários;
▪ Judiciárias → Nomear os quadros da Justiça na colônia, além de resguardar o direito
de alterar penas;
▪ Eclesiásticas → Nomear sacerdotes para as paróquias.
O governador-geral também contava com um quadro auxiliares:
▪ Ouvidor-mor → responsável pela aplicação da Justiça;
▪ Provedor-mor → responsável pela administração fazendária colonial;
▪ Capitão-mor → responsável pela defesa militar da costa.
Apesar da tentativa de centralização político-administrativa da colônia, a autoridade
dos governadores-gerais por vezes era contrariada por grandes fazendeiros e donatários.
Aos poucos, essas lideranças obtiveram a prerrogativa de criar espaços de governança
local, as Câmaras Municipais. Sua função era atender demandas de sua localidade, como
abastecimento da vila e organizar expedições contra indígenas, além de aplicar as leis
vigentes na colônia. Os vereadores eram conhecidos como "homens-bons", sempre
detentores de grande influência política e poder econômico.

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A seguir, vejamos alguns pontos sobre os primeiros três governadores-gerais do Brasil:

GOVERNADORES-GERAIS REALIZAÇÕES
▪ Fundação de Salvador (1549)
▪ Criação do primeiro bispado do Brasil (1551)
Tomé de Souza (1549-1553) ▪ Implantação da pecuária, incentivo à monocultura
do açúcar, busca por metais preciosos no interior
do território.
▪ Trouxe consigo jesuítas encarregados de
catequizar os nativos indígenas.
▪ Vinda de novos jesuítas, entre eles, o padre José de
Anchieta. Durante seu governo, foi criado o Colégio
de São Paulo.
Duarte da Costa (1553-1558) ▪ Entrou em conflito com o corrupto bispo D. Pero
Fernandes Sardinha, bem como com jesuítas que se
opuseram à escravidão indígena e o acusaram de
ser omisso à questão.
▪ Com apoio dos tupinambás, os franceses invadiram
a baía de Guanabara e fundaram um povoamento
batizado de França Antártica (1555-1567)
▪ Franceses expulsos do Rio de Janeiro, graças ao
Mem de Sá (1558-1572) apoio de seu sobrinho, Estácio de Sá.
▪ Dizimou diversos núcleos de resistência indígena.

OBS → Após o governo Mem de Sá, Portugal decidiu criar dois governos na América Portuguesa: o
governo do Norte, sediado em Salvador, foi chefiado por Luís de Brito de Almeida, enquanto o do Sul
foi exercido pelo desembargador Antônio Salema. Essa bipartição não apresentou os resultados
esperados pela Coroa, que em 1578 restabeleceu um único governo-geral, em Salvador.

As invasões francesas e os ataques ingleses no Brasil


Em 1555, os franceses invadiram a América Portuguesa e fundaram o forte Coligny,
em uma das ilhas da baía de Guanabara, Rio de Janeiro. A colônia francesa, chamada
de França Antártica, durou apenas cinco anos, sendo derrotada pelo terceiro-
governador geral, Mem de Sá, em 1560. Após a expulsão, foi fundada a cidade de São
Sebastião do Rio de Janeiro, em 1565.
Os invasores, contudo, continuaram a intervir na região com o intuito de participar
do comércio de pau-brasil. Em 1612, Daniel de la Touche comandou uma ofensiva na
região do Maranhão, onde fundou a cidade de São Luís, sede da colônia nomeada de
França Equinocial. O novo empreendimento se estendeu nos três anos seguintes,
quando os portugueses conseguiram expulsar os invasores do Brasil.
Além das investidas francesas, o Brasil também lidou com a atividade de corsários
ingleses ao longo de sua costa. Ao final do século XVI, aventureiros como Thomas
Cavendish (o terceiro a dar a volta ao mundo) e Antony Knivet promoveram ataques a
Ilha Grande, no Rio de Janeiro, e no porto de Santos, em São Vicente.

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6. ECONOMIA E SOCIEDADE DO AÇÚCAR

A técnica de solidificação e cristalização da cana-de-açúcar foi desenvolvida na Índia,


provavelmente por volta do século V. Contudo, a Europa só tomaria contato com o açúcar a partir
da conquista da Península Ibérica pelos árabes, a partir do ano de 711.
Tempos depois, diante do fluxo constante de pessoas e mercadorias gerado pelas Cruzadas, o
açúcar passou a ser uma especiaria cobiçada pelas elites europeias. Seu valor de mercado
chegava a ser tão alto, que reis e nobres registravam as quantidades que dispunham em
testamento, e dotes de princesas eram pagos com o produto.
No século XVI, a produção de açúcar ganhou espaço na Europa do Mediterrâneo, em
especial na região da Sicília e na parte da Península Ibérica ocupada pelos mouros. Com as
Grandes Navegações, o cultivo da cana também alcançou o continente americano, sendo
enviadas as primeiras mudas em 1492, na segunda viagem de Colombo.
Portugal não ficou de fora deste lucrativo negócio. Por volta de 1425, a cana sacarina foi
introduzida na Ilha da Madeira, a partir de mudas importadas da Sicília pelo Infante D. Henrique.
Em 1530, mais de um século depois, as primeiras mudas chegaram ao Brasil na expedição de
Martim Afonso de Souza, responsável pela criação do primeiro engenho de açúcar na colônia.

Figura 14 - A expansão do açúcar pelo mundo. Adaptado de: Quando surgiu o açúcar? Superinteressante, São Paulo, 04 jul. 2018.
Disponível em: < https://super.abril.com.br/mundo-estranho/quando-surgiu-o-acucar/>. Acesso em: 26 abr. 2019.

Apesar do esforço em se difundir a produção de açúcar por toda a Colônia, as constantes


fugas indígenas e a campanha de oposição à sua escravização, promovida pelos jesuítas,
contribuíram para que a atividade econômica só prosperasse em duas capitanias: Pernambuco e
São Vicente. Com o passar dos anos, a produção de açúcar se estabeleceu definitivamente no
litoral da região nordeste, graças ao solo massapê e o clima quente e úmido, favoráveis para o
cultivo da cana. Com isso, o Brasil se tornou o maior produtor mundial de açúcar, chegando a
atingir 350 mil arrobas em 1584.

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Inicialmente, a palavra engenho era utilizada para denominar o instrumento
utilizado para a moagem da cana, mas com o passar do tempo, passou a significar toda a
unidade de produção açucareira, desde a lavoura de cana até as construções erguidas para
o fabrico do açúcar. Durante séculos, a obtenção deste produto se deu a pela adoção do
sistema de plantation, baseado nos seguintes elementos:

▪ Monocultura → Como o próprio nome sugere, a exploração do solo era voltada para o
cultivo da cana sacarina, utilizada para a manufatura do açúcar. Toda a produção da Colônia
era voltada para o mercado europeu.
▪ Latifúndio → Imensas extensões de terras eram reservadas à produção açucareira, sob a
responsabilidade de único proprietário, o senhor de engenho.
▪ Escravidão → Para o desempenho de todas as etapas de produção do açúcar, a mão de obra
utilizada era majoritariamente escravizada. Na boa definição do padre italiano André João
Antonil, os escravos eram “as mãos e pés do engenho”.

Muitos engenhos se utilizaram da mão de obra indígena, adquirida por expedicionários


que se embrenhavam pelas matas ou invadiam aldeamentos jesuítas. Embora a escravização
dos nativos jamais tenha desaparecido, ao final do século XVI muitos engenhos passaram a
comprar escravizados trazidos da África, geralmente das partes nas quais foram instalaram
feitorias pelos lusos durante as Grandes Navegações.
Em relação a estrutura do engenho, podemos destacar as seguintes construções:
▪ A casa-grande, local de habitação do senhor de engenho, sua família e uma grande
quantidade de agregados. Além disso, era símbolo dos poderes econômico, social e político
desses senhores que formavam a “aristocracia do açúcar” na Colônia. Veja o que dizem as
historiadoras Lilia Schwarcz e Heloisa Starling sobre eles:

Ser nobre na colônia


O que definia a nobreza no Brasil era o que ela não fazia. Dedicar-se ao trabalho braçal,
cuidar de uma loja, atuar como artesão e demais atividades eram coisas para gentios
ou cativos. Talvez por isso persista aqui um preconceito contra o trabalho manual,
considerado símbolo de atividade “inferior” e menosprezada. Já os “nobres” deveriam
viver do rendimento de aluguéis e de cargos públicos. Melhor ainda, se o capital
permitisse, era ser proprietário de engenho e se cercar de um grande número de
agregados, parentes e criados. Capital, domínio, autoridade, posse de escravos,
dedicação à política, liderança sobre vasta parentela, constituíram-se nas metas desse
ideal de nobreza, que dominava a sociedade colonial. Tal modelo idealizado perdurou
durante todo o período açucareiro, criando uma sociedade patriarcal pautada num
padrão de família estendida. Se a família biológica era o núcleo do engenho, fazia parte
do cabedal de um senhor contar e suprir agregados, parentes, criados e escravos.
SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 68.

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Figura 15 - Funcionário público saindo de casa com a família, gravura de Jean-Baptiste Debret, 1835.
Fonte: Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin

❑ A capela, local onde aconteciam batismos, casamentos e missas. Tratava-se do centro da


vida social dos engenhos.
❑ A senzala, grande galpão utilizado para trancafiar os escravos durante a noite.
Costumavam ser locais insalubres, onde não raro seus habitantes eram presos pelas mãos
e braços, além de dormirem em chão de terra batida.
Havia também outros espaços no engenho, destinados à fabricação do açúcar. Aqueles que
eram movidos por tração animal eram chamados de trapiches, enquanto os que utilizavam a
força hidráulica eram denominados de reais. O processo de produção incluía os seguintes
passos:

Depois do plantio e da A garapa era


colheita, a cana era encaminhada para a
levada para a casa das fornalhas,
moenda, onde era onde era cozinhada
prensada até ser até se tornar um
extraído seu caldo, líquido mais espesso,
chamado de garapa. o melaço.

O melaço era enviado


para a casa de purgar,
Depois de batido e onde era colocado em
esfarelado, somente o formas de barro por
açúcar branco era quarenta dias. Após a
encaixotado e enviado secagem, se obtinham
para a Europa. três tipos de açúcar: o
branco, o mascavo e o
escuro.

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Para Portugal, era importante que se mantivesse o exclusivo metropolitano (ou pacto
colonial), que fazia com que as atividades econômicas desenvolvidas na América Portuguesa
gerassem rendimentos unicamente para a Coroa, não sendo permitido aos colonos o comércio
com as demais nações europeias. Não nos esqueçamos que o Brasil também fazia parte da lógica
mercantilista, que tinha entre suas práticas econômicas o colonialismo.
Contudo, não dispondo de condições para realizar o refino do açúcar na Colônia ou na
metrópole, os portugueses foram forçados a permitir a entrada de outros atores no comércio do
produto: os holandeses. Ao adquirirem o produto de senhores de engenho no Nordeste,
encaminhavam caixotes do produto para os Países Baixos, onde o açúcar era refinado, e de lá
comercializado para as demais regiões da Europa.
Dessa maneira, o monopólio do comércio do açúcar escapava das mãos dos portugueses
devido à forte presença holandesa nessa atividade, que também era responsável pela concessão
de créditos aos senhores de engenho. Além disso, Amsterdã, Gênova, Londres e Hamburgo se
destacavam como os maiores centros comerciais do período, o que tornavam os lusos incapazes
de fixar o preço do produto neste mercado globalizado.

Cachaça e rapadura
Dois produtos eram derivados da atividade açucareira dos engenhos: a cachaça e a
rapadura. Esta era o açúcar duro e escuro obtido na casa de purgar, que por não ter
valor comercial no mercado europeu, era utilizada para adoçar os paladares dos
senhores de engenho, ou para a alimentação dos escravos.
Já a cachaça, bebida de alto teor alcoólico obtida a partir do melaço, era tão popular
entre os habitantes da colônia, que a Coroa tentou proibir a sua comercialização, a fim
de que fossem favorecidos a importação de seus vinhos. A decisão, contudo, não foi
adiante, afinal o produto era utilizado como escambo na aquisição de escravizados da
África, a ponto de superar o açúcar como principal produto exportado no Rio de Janeiro
do século XVIII.

Figura 17 - Negras libertas vivendo de seu trabalho. Negras vendedoras de sonhos, um doce chamado manoé, e aluá, uma espécie de aguardente. Fonte:
Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin.

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7.1. A União Ibérica e o Brasil Holandês (1630-1654)


Em 1578, o rei português D. Sebastião foi morto em combate contra os mouros no
Marrocos, durante a Batalha de Alcácer-Quibir. Ele foi sucedido pelo tio-avô, D. Henrique, que
faleceu dois anos depois e sem deixar herdeiros diretos. A partir daí, iniciou-se uma disputa pela
sucessão do trono de Portugal, da qual saiu vitorioso o monarca de Espanha, Filipe II. Ele se torna
rei das duas monarquias ibéricas, sendo iniciada a dinastia filipina em Portugal.
O período que vai 1580 a 1640, quando reis espanhóis acumularam as coroas
dos dois Estados da península, ficou conhecido entre os historiadores como União
Ibérica. A partir do Juramento de Tomar (1581), a Espanha concordou com a
preservação das leis, costumes e da língua portuguesa em Portugal e em seus
domínios além-mar. Porém, três medidas administrativas foram tomadas que
afetaram diretamente o Brasil:

▪ Ampliação dos poderes do provedor-mor (responsável pelas finanças), com o intuito de diminuir a
corrupção e os abusos na arrecadação;
▪ Criação do Tribunal de Relação de Salvador (1587) para descentralizar a estrutura judiciária da
colônia;
▪ Criação do Estado do Maranhão (1621), com sede em São Luís, separado do governo-geral sediado
na Bahia, para melhor combater as incursões estrangeiras (KOSHIBA; PEREIRA, 2003, p. 85).

Filipe II não controlava a administração da América Portuguesa, mas impôs aos lusos a
necessidade de tomar como inimigos os holandeses, que recentemente haviam se tornado
independentes da Coroa espanhola e estavam em guerra contra o país. Isso atrapalhou a
participação desses estrangeiros no refino e comércio do açúcar.
Diante dessas mudanças, em 1624 os holandeses criaram a Companhia das Índias
Ocidentais, a fim de obterem seus próprios territórios do outro lado do Atlântico. No início de
maio, organizaram uma esquadra composta por 26 navios e 3.400 homens para conquistar a
cidade de Salvador. Na época, ela era uma das mais importantes cidades da América, não
somente por ser sede administrativa e religiosa da colônia, mas pelos rentáveis negócios do
açúcar, tabaco e de escravizados praticados na região.
O governador Diogo de Mendonça Furtado chegou a ser preso e enviado para a Holanda,
mas em março de 1625, menos de um ano depois de conquista, Salvador foi retomada por uma
armada luso-espanhola chamada Jornada dos Vassalos. Após a expulsão, os holandeses invadiram
e se estabelecerem em Pernambuco, em 1630.
O governador da capitania de Pernambuco, Matias de Albuquerque, se refugiou no
interior, onde tentou resistir no Arraial do Bom Jesus, fundado por ele para sediar o que
chamaram de “Companhias de Emboscada”. Em 1635, contudo, o núcleo de resistência foi
derrotado, o que levou os lusos a recuarem até a Bahia.
Sabe-se que diversos setores apoiaram os invasores, incluindo “índios tapuias, gente
graúda da terra, lavradores, cristãos-novos, mestiços e escravos fugidos” (KOSHIBA; PEREIRA,
2003, p. 91). De passagem por Porto Calvo, em Alagoas, Matias de Albuquerque capturou e
condenou a morte Domingos Fernandes Calabar, acusado de colaborar com os holandeses.

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Por 24 anos, os holandeses promoveram grandes
transformações em Pernambuco, em especial durante a gestão
de um jovem coronel alemão na Companhia, Maurício de
Nassau. Cabe destacar que os domínios holandeses se
estenderam de Sergipe até o Maranhão.
Assim que pisou na capitania de Pernambuco, Maurício
de Nassau começou a trabalhar para a recuperação da região.
Engenhos abandonados por senhores que fugiram para a Bahia
foram vendidos a crédito, o tráfico de escravos foi
restabelecido, e a crise de abastecimento foi solucionada
obrigando os proprietários a plantarem mandioca.
Embora calvinista, Nassau implantou a liberdade
religiosa, permitindo católicos e judeus professarem
livremente suas crenças, o que fez surgir a primeira sinagoga
da América Portuguesa. Estes últimos, cabe destacar, eram Figura 18 - A Sinagoga Kahal Zur Israel,
extremamente envolvidos no negócio açucareiro, muitos inaugurada em Recife durante a dominação
holandesa, é a mais antiga das Américas. Fonte:
financiadores ou proprietários de engenhos. Também Shutterstock.
promoveu melhorias urbanas em Maurícia (Recife), tais como o
calçamento de ruas e a construção de pontes, proibiu o descarte
de lixo nas vias públicas e o despejo do bagaço da cana nos rios.
Por fim, ergueu dois grandiosos palácios, onde foram abrigados jardins e um zoológico com
espécies nativas e de outras partes do mundo. Botânicos e médicos se dedicaram a estudar a
fauna, flora e as doenças tropicais que assolavam os colonos, enquanto artistas patrocinados por
Nassau registraram o cotidiano na colônia, suas paisagens e as populações indígenas. Tamanha
era a empolgação do administrador com as posses holandesas na América, que se tornou
conhecido como “O Brasileiro”.

Guerras Brasílicas
Em 1644, Nassau foi forçado a regressar para os Países Baixos após desentendimentos com a
Companhia das Índias Ocidentais, momento de início ao declínio do Brasil Holandês. No ano
seguinte, diversas guerras foram travadas entre luso-brasileiros e holandeses, que culminaram
na expulsão destes em 1654.
A chamada Insurreição Pernambucana, como ficou conhecida o banimento dos “invasores”
naquela região, refletia as transformações do cenário externo naquele período: desde 1640, um
movimento político levou ao trono luso D. João IV, o que deu fim à chamada União Ibérica. Assim
sendo, os holandeses agora não mais ocupavam um território do inimigo espanhol nas Américas,
mas português.
Liderados por André Vidal de Negreiros e João Fernandes Vieira, um rico proprietário da região,
os luso-brasileiros enfrentaram os holandeses por vários anos, incluindo senhores de engenho
insatisfeitos com os tributos cobrados pelos invasores. Acompanharam os descontentes o negro
Henrique Dias e o índio Filipe Camarão, o que levou muitos historiadores do passado a retratarem
que a identidade brasileira se fundara naquele momento, a partir da “união das três raças”
(branca, indígena e negra).

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O marco para a criação dessa ideia de Nação teria sido a batalha dos Guararapes, ocorrida
entre 1648 e 1649, da qual os “brasileiros” teriam sido vencedores. Contudo, trata-se de uma
versão romantizada, afinal, os dois lados do conflito contaram com o apoio de senhores de
engenho luso-brasileiros, escravizados, mestiços pobres e indígenas. Além disso, não havia o
sentimento nacionalista entre os combatentes, algo que só seria desenvolvido a partir do século
XIX.
Os batavos foram expulsos do Brasil, mas não excluídos do comércio do açúcar. Nas Antilhas,
região central do continente americano, eles conseguiram produzir um produto mais barato e de
maior qualidade que o luso-brasileiro, o que a médio prazo levou a crise do negócio açucareiro na
América Portuguesa.

7.2. A sociedade do açúcar


Conforme já mencionamos, a sociedade do açúcar pode ser definida pela existência de duas
construções em boa parte dos engenhos: a casa-grande e a senzala. No Nordeste açucareiro, os
povoamentos eram bastante distantes entre si, e os ataques de indígenas constantes. Com isso,
a vida girava no interior dos engenhos, onde seus senhores exerciam um grande poder sobre os
demais habitantes de sua propriedade.

Senhor de
engenho

Familiares

Agregados

Escravizados

A casa-grande, como vimos, era a habitação do senhor de engenho, seus familiares e


agregados. Ele não dispõe de títulos de nobreza, mas o que o separa das demais camadas sociais
é o fato de não exercer atividades braçais. Essa distinção era cotidianamente marcada por
diversos elementos de seu cotidiano: a riqueza de suas roupas e ornamentos, o respeito
demonstrado pelos seus subordinados, a mesa farta existente durante suas refeições.
Nessa sociedade, a presença de homens livres é bastante limitada, a ponto de nem chegarem
a formar uma camada social própria. Alguns deles são os chamados mestres do açúcar,
empregados nas casas de purgar dos engenhos, enquanto o feitor-mor é o encarregado da
administração de toda a unidade de produção açucareira. Muitos homens livres realizavam ofícios
diversos para os senhores de engenho, o que conferia a estes ampla influência política,
econômica, social sobre vilarejos vizinhos à sua propriedade.

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Em regiões onde a administração colonial não se fazia tão presente, era o poder dos grandes
proprietários o que realmente regulava a vida dos habitantes da colônia. Essa organização da
sociedade colonial fez com que desse início no Brasil um fenômeno denominado mandonismo,
ou seja, o poder permanece concentrado nas mãos de grandes proprietários locais, e que por isso
o exercem com intuito de satisfazer interesses pessoais, e não coletivos. Ao escrever o livro
História do Brazil (1630), o franciscano Frei Vicente do Salvador observou este traço da sociedade
brasileira: “nenhum homem nesta terra é republico, nem zela ou trata do bem comum, senão cada
um do bem particular”.

Figura 19 - O regresso de um proprietário, de Jean-Baptiste Debret. Fonte: Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin.

Figura 11 - Um jantar brasileiro, de Jean-Baptiste Debret. Fonte: Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin.

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8. ESCRAVIDÃO E RESISTÊNCIA INDÍGENA E AFRICANA


Por muito tempo, alguns historiadores atribuíram a substituição da mão de obra indígena
pela africana devido a incapacidade do primeiro de adaptar-se à lógica escravista. Esse raciocínio
pode nos levar a duas conclusões equivocadas: a de que os indígenas eram preguiçosos, ou
mesmo que os africanos já estavam acostumados com a escravidão!
Na verdade, tanto indígenas quanto africanos não foram passivos diante do processo de
escravização, recorrendo, por isso, a diversas formas de resistência. A explicação para a
substituição da mão de obra está no fato do projeto colonial luso na América também dispor de
uma dimensão religiosa, afinal a catequização dos nativos era vista como uma das prioridades da
Coroa. Os indígenas também eram considerados súditos do rei, e apesar de sua escravização ser
algo imoral, a prática permaneceu durante todo o período colonial – e por isso, constantemente
denunciada à Coroa pelos jesuítas.
Já o comércio de cativos africanos não era questionado pelas ordens religiosas, além de ser
menos dispendioso para os senhores de engenho. A partir do século XV, algumas tribos daquele
continente se aliaram aos portugueses, fornecendo seus prisioneiros de guerra em troca de
mercadorias como armas, pólvora, tecidos e tabaco.

8.1. A escravidão indígena


Como vimos, as primeiras atividades econômicas na América Portuguesa se utilizaram de
mão de obra indígena – primeiramente, pelo escambo, posteriormente, por meio da captura e
escravização. A demanda por braços nos primeiros engenhos de açúcar fez com que muitos
homens livres se dedicassem a organizar expedições partidas de São Paulo para a captura de
indígenas, que as tornam conhecidas como bandeiras de apresamento. Segundo o historiador
John Manuel Monteiro, o aumento da escravização dos “negros da terra”, como eram chamados
os indígenas, foi um processo marcado por colaborações e resistências, mas que teve como
principal consequência a dizimação em massa dos nativos por meio de epidemias.
Em meados do século XVI, treze padres da Companhia de Jesus fundaram o Colégio de São
Paulo de Piratininga, com o objetivo de disseminar a fé católica pelo território colonial. A partir
dali, tentou-se implantar um projeto de aldeamentos, ou seja, comunidades onde eram reunidos
indígenas de etnias diversas, a fim de que lhes fossem ensinadas a língua portuguesa, a fé católica
e trabalhos manuais e artesanais. Coordenadas pelos padres da Companhia, essas comunidades
se espalharam por diversas partes da América Portuguesa, sendo chamadas de missões jesuíticas,
ou reduções jesuíticas. Muitos de seus organizadores se dedicaram a aprender algumas línguas
nativas, o que facilitou o processo de catequização.
Em 1570, uma normativa real regulamentou o cativeiro indígena, que só poderia ser
realizado por meio de “guerra justa”, ou seja, a partir dos conflitos autorizados pela Coroa ou
pelo governador contra os povos hostis ao projeto colonizador. A exceção desses “inimigos” e
outros casos particulares, todos os demais indígenas eram considerados livres segundo a lei.
Os colonos, principalmente paulistas, não se limitaram a normativa, chegando a atacar
missões jesuíticas em busca de nativos para serem escravizados e comercializados em São Paulo.

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Entre 1628 e 1630, Antônio Raposo Tavares organizou uma grande bandeira composta por
brancos, mestiços e indígenas, responsável pelo aprisionamento de pelo menos 40 mil indígenas
Guarani aldeados em uma missão jesuítica de Guairá, atual estado do Paraná. A fim de evitar
novas incursões dos bandeirantes, os jesuítas deslocaram os remanescentes guaranis até Tape,
no Rio Grande do Sul, onde uma nova redução foi criada. Vale ressaltar que os jesuítas a frente
tanto das missões do Guairá quanto do Tape respondiam à Coroa espanhola.

Figura 12 - Ataques de bandeirantes às missões jesuíticas.

A Confederação dos Tamoios e a Confederação dos Cariris


Diversos foram os episódios de resistência empreendidos pelos povos indígenas contra
colonização dos portugueses. Um dos primeiros levantes que reuniu diversos grupos foi a
Confederação dos Tamoios (1554-1567), conflito que ocorreu na Baía de Guanabara, no atual
litoral fluminense, e no litoral paulista.
Inicialmente, os indígenas Tupinambá da região foram simpáticos à
aproximação dos lusos, mas a partir de 1525, voltaram-se contra os recém-
chegados diante dos maus-tratos e injustiças, aliando-se aos franceses. Para
completar, as relações de amizade estabelecidas entre portugueses e
tupiniquins, seus históricos adversários, contribuiu para o acirramento das
animosidades.
A fundação da França Antártica (1555), que contou com o suporte dos
tamoios, levou o governo-geral a empreender esforços para expulsar os
concorrentes. Apoiados pelos temiminós, que tinham em Arariboia seu
principal líder, os portugueses expulsaram os franceses e dizimaram os
tamoios – termo que incluía tupinambás, Guaianases, Goitacazes, Aimorés,
entre outros.
Figura 13 - Representação de Arariboia, líder dos temiminós.

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Outro episódio de resistência indígena foi a Confederação dos Cariris (1683-1713),
ocorrido no sertão dos atuais estados de Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, ao norte do Rio
São Francisco. O conflito também ficou conhecido como “Guerra dos Bárbaros”, afinal os
portugueses aprenderam com os Tupi a se utilizar termo tapuia, que significa bárbaro, para se
referir a todos os povos não-tupi que habitavam o interior.
Os portugueses, que encaravam os indígenas da região como um entrave ao processo de
ocupação colonial baseado na agricultura, promoveram diversos ataques aos povos a partir do
final do século XVII, porém os Cariris resistiram durante décadas, empreendendo derrotas contra
os capitães-mores do interior. Foi somente com o auxílio de bandeirantes paulistas que os lusos
finalmente derrotaram os adversários.

Obs: Outro levante indígena significativo foi o episódio que ficou conhecido como Guerras
Guaraníticas, do qual falaremos mais adiante.

8.2. A escravidão africana


“O Brasil é o inferno dos negros”, observaria padre Antonil, jesuíta que chegou na América
Portuguesa em 1681. A escravidão africana saltava aos olhos de todos os recém-chegados na
Colônia, afinal em regiões como o Recôncavo baiano, grande produtora de açúcar e fumo, mais
de 75% da população era composta por cativos.
No continente africano, de onde foram traficados grandes contingentes humanos, a
escravidão já existia antes da chegada dos europeus, mas em condições bem distintas da que
observamos ao longo da Idade Moderna. Se a partir do século VII é possível constatar a existência
de rotas destinadas ao comércio de escravizados ao Norte da África, monopolizadas por
mercadores islâmicos, é preciso destacar que a escravidão não era a base da economia local. O
escravo se restringia às atividades domésticas, e no caso das mulheres, no concubinato. Em boa
parte das sociedades, os escravizados realizavam as mesmas tarefas que seus amos, podendo
inclusive ser incorporados à família, mesmo que em condições distintas.

Figura 14 - Principais rotas do tráfico de escravizados no Atlântico e origem étnica dos cativos.

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Entretanto, quando os interesses dos lusos se voltaram para a produção e comércio do
açúcar, primeiramente nas ilhas da Madeira, São Tomé e Cabo Verde; depois, na América
Portuguesa, o tráfico de viventes foi encarado como fundamental.
Se utilizando de feitorias instaladas ao longo da costa africana desde a época das Grandes
Navegações, os portugueses adquiriam escravizados a partir de alianças firmadas com povos
nativos, participando das rivalidades existentes entre reinos e linhagens locais. Para estes, o
comércio de humanos também se mostrava lucrativo, afinal lhes permitia o acesso a mercadorias
trazidas pelos europeus que não existiam no continente, incluindo tabaco, cachaça, tecidos
desconhecidos e armas. Além disso, a tecnologia bélica fornecida pelos recém-chegados conferia
aqueles que a recebiam vantagens sobre os povos inimigos, que quando vencidos, eram
escravizados e comercializados para os europeus em troca de mais mercadorias.

A árvore do esquecimento
Localizada no atual Benin, Uidá foi um dos mais importantes pontos de tráfico de
escravizados na África entre os séculos XVII e XIX. Seres humanos eram mantidos nos
chamados presídios até a data do embarque para as Américas, devendo percorrer uma
distância de quatro quilômetros, com os pés acorrentados, até o litoral. Antes de se
serem acomodados nas embarcações, ali era realizado um ritual: os escravizados
homens deveriam dar nove voltas em torno de uma árvore, enquanto as mulheres
deveriam dar nove. Enquanto faziam isso, deveriam se esquecer de sua vida na África,
incluindo suas tradições e laços familiares e de amizade. Isso mostra que a escravidão
era um processo que envolvia não somente a despersonalização dos indivíduos, que
passam a ser vistos como mercadorias, mas também sua desassociação.

As embarcações de traficantes, chamadas não por acaso de “tumbeiros”, permaneciam


por meses atracadas na costa, e quando finalmente completavam a carga humana, embarcavam
rumo às Américas, em uma viagem que durava em média 35 dias. Uma caravela portuguesa
chegava a transportar até 500 escravizados, alimentados apenas uma vez ao dia, em muitos casos
apenas com azeite e milho cozido. Devido a dieta pobre em vitamina C, muitos deles
desenvolviam o escorbuto, que por isso ficou conhecida como “mal de luanda”.
Ao alcançarem os portos brasileiros, os escravizados eram identificados pelas autoridades
coloniais, cabendo aos traficantes pagar os impostos devidos. Caso não conseguisse comercializar
suas “mercadorias” na alfândega, eram dirigidas para armazéns situados na região portuária,
onde eram higienizadas para se tornarem mais atrativas para compradores. Os senhores de
escravos geralmente optavam pela compra de cativos vindos de pontos distintos da África, afinal
as barreiras linguísticas dificultavam a organização de insurreições contra seu domínio.

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Figura 21 - O navio negreiro, gravura de Johann Moritz Rugendas, 1830.


Fonte: Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin.

Vocabulário da escravidão
Para diferenciar os tipos de escravizados existentes na América Portuguesa, algumas
categorias foram elaboradas pelos colonizadores:
- Boçal → denominação utilizada para agrupar escravizados recém-chegados da África.
- Ladino → escravizado que entendia a língua portuguesa e a rotina de trabalho na Colônia.
- Crioulos → escravizados nascidos no Brasil e que tinham o português como primeira língua.

Cabe destacar que a maioria dos escravizados trazidos para o Brasil eram bantos (ou
nagôs), denominação utilizada para tratar dos grupos originários da África Central, sobretudo
Angola e Congo; e sudaneses, provenientes das regiões de Daomé (Benin), Nigéria e Guiné.
Os traficantes e senhores de escravizados não levavam em conta as particularidades
culturais dos cativos, sendo bastante comum a adoção de nomenclaturas para identificar os
portos e feiras onde eram obtidos, como por exemplo “escravos de mina”, em referência à região
da Costa da Mina, e cassanjes (nome de uma das principais feiras de Angola). Com isso, muitos
eram rebatizados com nomes como Catarina Benguela, Maria Cassanje, Joaquim Angola, entre
outros.
Uma vez instalados nas fazendas, os escravos eram submetidos a extensas e exaustivas
jornadas de trabalho, em muitos casos desenvolvendo atividades extremamente maçantes.
Castigos públicos, tais como o tronco e o uso da chibata, eram constantemente aplicados, a fim
de que essas populações fossem mantidas sob constante medo. Os suplícios geralmente eram
realizados pela figura do feitor, homem livre responsável pela administração das atividades
desempenhadas pelos escravos na propriedade.
As atividades do engenho eram extremamente insalubres. Não eram raros os casos de
escravos que decepavam membros nos tambores da moenda, ou queimavam seus membros nas
escaldantes caldeiras da casa de purgar. Por alcançarem temperaturas insuportáveis, o trabalho
nas fornalhas era reservado aos escravizados mais insubordinados. Os escravizados empregados
na lavoura eram chamados de escravos de eito.

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Segundo o padre Antonil, aos escravos do Brasil eram reservados os três p’s: pão, pau e
pano, ou seja: alimento, castigo e vestimenta. Contudo, alerta o religioso que o primeiro e o
último não eram garantidos com a mesma abundância que os castigos, aplicados com muito rigor
e nem sempre com a culpa comprovada. A fome e a nudez, portanto, eram recorrentes nos
engenhos da América Portuguesa.

Figura 15 - Feitores castigando negros, por Jean-Baptiste Debret, 1835.

Uma pequena parcela dos escravizados, composta principalmente por mulheres, convivia
com seus senhores e seus familiares durante o dia na casa-grande, os chamados escravos
domésticos. Eram cozinheiras, arrumadeiras e amas de leite, que embora se alimentassem e se
vestissem melhor, estavam sujeitas a um tipo diferente de violência daquela geralmente vista nos
campos: a sexual.
Em centros urbanos como Olinda, Salvador, Rio de Janeiro e da região mineradora (séculos
XVIII e XIX), era comum que escravizados domésticos, especialmente mulheres, fossem também
escravos de ganho, ou seja, se dedicassem à venda de mercadorias nas ruas. Para tanto, os cativos
contavam com a confiança e a autorização de seus senhores, que enxergavam na atividade uma
importante fonte de lucro.

Figura 16 - Escravizadas na região das Minas. Gravura de Francisco Julião, sec. XVIII.
Fonte: Biblioteca Digital da Câmara dos Deputados. .

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Atuando como ambulantes, os negros de ganho tinham autonomia para percorrer longas
distâncias, o que era necessário para obter a cota mínima em dinheiro que deveria ser repassada
aos seus senhores, além buscarem obter seu próprio sustento.
Nos séculos XVIII e XIX, muitos escravos de ganho chegaram a morar longe de seus
senhores, alugando casas ou quartos alugados com os rendimentos obtidos no comércio. Isso era
permitido por aqueles proprietários que enxergavam na autonomia de seus cativos a
possibilidade de diminuir suas despesas.

Formas de resistência dos escravizados africanos


Muitos africanos trazidos para o Brasil e seus descendentes lançaram mão de uma série de
estratégias de reação à sua condição de escravizado, o que mostra que embora fossem
considerados mercadorias, nunca foram vítimas passivas. A seguir, vejamos algumas formas de
resistência à escravidão:

Revoltas
Elas poderiam ocorrer ainda nos navios negreiros, ou mesmo nas fazendas. Ao longo dos
séculos XVI e XIX, diversas insurreições de escravizados ocorreram no território
brasileiro.
A maior delas foi a Revolta do Malês, que veremos em uma de nossas próximas aulas.

Fugas individuais ou coletivas


Após deixarem seus locais de trabalho, muitos escravizados se refugiavam nas cidades.
Alguns escravizados chegaram a organizar quilombos, comunidades formadas por
escravizados que escapavam de suas propriedades se estabeleciam novas formas de
organização social no interior das matas.

Negociações e confrontos
Muitos escravizados agiam boicotando a produção ou paralisando seus trabalhos.
Contudo, outros buscavam espaços de negociação com seus senhores, com o intuito de
obterem melhores condições de trabalho e sobrevivência.

A forma de resistência mais lembrada até os dias atuais é certamente o quilombo,


comunidades formadas por escravizados que escapavam de suas propriedades se estabeleciam
novas formas de organização social no interior das matas. O termo surgiu em Angola, e era
utilizado para denominar acampamentos militarizados de africanos, nos quais o uso de magia e
uma rígida disciplina faziam parte de seu cotidiano. Outro termo recorrentemente utilizado na
época era mocambo, que significa esconderijo.
Para que essas organizações perdurassem, era preciso contar com uma extensa rede de
solidariedade social, composta não somente por quilombolas, mas escravizados que
permaneciam nas propriedades de seus senhores, ladrões, comerciantes e mascates. Dessa
maneira, os quilombos se tornavam formas de resistência bem difíceis de serem combatidas pelas
autoridades coloniais e senhores de escravos.

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O Quilombo de Palmares
O quilombo de Palmares é certamente o mais conhecido por nós, afinal foi aquele que
sobreviveu por mais tempo na América Portuguesa – ele começou a ser formado na Serra da
Barriga, atual Alagoas, no início do século XVII, sendo totalmente destruído somente em 1694.
Além disso, acredita-se que tenha sido o quilombo mais populoso do Brasil, alcançando uma
população de 20 mil habitantes!
Palmares era uma confederação de comunidades, cada uma delas contendo um chefe
principal, mas que também continham uma autoridade central, Ganga Zumba. Enquanto
ocuparam a capitania de Pernambuco, os holandeses organizaram dois ataques à comunidade,
mas não tiveram sucesso. A partir daí, a população palmarina começou a crescer cada vez mais,
o que afrontava as autoridades coloniais e ameaçava o poderio e interesses econômicos dos
senhores de engenho.
Após a retomada da região pelos portugueses, o
governador Aires de Souza e Castro propôs um acordo de paz: Os
quilombolas deveriam devolver escravos refugiados em Palmares
para seus donos, recebendo em troca o status de súditos da Coroa
e o reconhecimento do direito sobre a terra em que ocupavam.
Embora Ganga Zumba tentasse colocá-lo em prática, o acordo
enfrentou resistências do grupo de Zumbi, uma das lideranças das
aldeias que compunham Palmares. Um duro embate se iniciou
entre ambos, que culminou com a morte do primeiro por
envenenamento.
Nos quinze anos que se seguiram à morte de Ganga Zumba,
Zumbi liderou uma guerra contra as autoridades portuguesas, mas
foram duramente massacrados por uma expedição liderada pelo
bandeirante Domingos Jorge Velho, em 1694. Para que a
destruição do quilombo e dos palmarinos servisse de exemplo
para qualquer insurreição, a cabeça de Zumbi, àquela altura tido
Figura 17 - Personagem cujas feições físicas
como imortal por muitos, foi exposta em um poste de uma praça são desconhecidas, Zumbi já foi representado
pública de Recife. de diversas maneiras diferentes por pintores,
escultores, escritores etc. Na imagem, uma
estátua do líder de Palmares foi erguida em
O legado cultural africano no Brasil Salvador, Bahia. Fonte: Shutterstock.

A escravidão legou diversas contribuições culturais à nascente sociedade brasileira no


período colonial, a ponto de podermos falar na formação de culturas afro-brasileiras. A seguir,
serão destacados alguns desses elementos:
▪ Vocabulário → cochilar, caçula, dengo, cafuné, capanga, marimbondo, moleque, muvuca,
tanga. Diversas palavras incorporadas de culturas africanas que desembarcaram no Brasil
e que enriqueceram a língua portuguesa, sobretudo de origem iorubá.
▪ Religiosidade → para resistir aos esforços de cristianização de seus dominadores, os
escravizados estabeleceram associações entre divindades e ritos cristãos e suas religiões
africanas. Essas interrelações ficaram conhecidas como sincretismo religioso, e podem ser
compreendidas como uma forma de resistência cultural. Vale lembrar que muitas religiões

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afro-brasileiras, como a umbanda e o candomblé, são totalmente brasileiras, na medida
em que se formaram da mistura de crenças africanas e o catolicismo.
▪ Capoeira, cantos e instrumentos musicais → mistura de dança, luta, música e jogo, a
capoeira foi produzida no Brasil por africanos e seus descendentes ao longo de séculos de
colonização. Sua execução envolve cânticos que resgatam histórias e memórias africanas,
além de fazer uso de instrumentos de origem africana, como berimbaus e atabaques.
▪ Culinária → diversos elementos gastronômicos africanos sobreviveram neste lado do
Atlântico, se misturando a ingredientes e sabores brasileiros. São os casos do vatapá e
acarajé, pratos que se utilizam do azeite de dendê, de origem africana, mas que também
incorporam ingredientes locais.

Figura 18 - O Candomblé, uma das principais expressões da religiosidade afro-brasileira, expressa o sincretismo religioso decorrente da
mistura de elementos culturais africanos e portugueses. Fonte: Shutterstock.

Figura 19 - A capoeira era uma luta empregada pelos escravizados como forma de resistência à escravidão. Genuinamente brasileira, com o
tempo passou a ser encarada como patrimônio cultural da cultura afro-brasileira. Fonte: Shutterstock.

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9. LISTA DE QUESTÕES

1. (2020/CN)
Leia o texto abaixo.
Esses escravos tinham mobilidade para circular na cidade, já que precisavam encontrar trabalho para
juntar a quantia em dinheiro que deveria ser entregue ao proprietário, além, é claro, de obter o seu
próprio sustento. Se, por um lado, esse tipo de trabalho livraria os proprietários da obrigação de
sustenta seus escravos, assim diminuindo os seus gastos, por outros, permitia certa autonomia aos
cativos, que arranjavam o seu próprio trabalho e cuidavam de suas despesas.
(Mattos, Regiane Augusto de. História e cultura afro-brasileira. 2ªed. 3ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2014, p. 112.Adaptado)

O texto faz referência a uma modalidade de trabalho escravo denominada


a) escravos de eito
b) escravos domésticos
c) escravo de ganho
d) escravo de “tigre”
e) escravo de liteira

2. (2019/Colégio Naval)
“Eu, EIRei, faço saber a vós, Tomé de Sousa, fidalgo de minha casa, que vendo eu quanto serviço de Deus
e meu é conservar e enobrecer as Capitanias e povoações das terras do Brasil e dar ordem e maneira com
que melhor e mais seguramente se possam ir povoando, para exalçamento da nossa Santa Fé e proveito
de meus Reinos e Senhorios, e dos naturais deles, ordenei ora de mandar nas ditas terras fazer uma
fortaleza e povoação grande e forte, em um lugar conveniente, para daí se dar favor e ajuda às outras
povoações e se ministrar justiça e prover nas cousas que cumprirem a meu serviço e aos negócios de
minha Fazenda e a bem das partes.
Fonte: Regimento que levou Tomé de Sousa Governador do Brasil, Almerím, 17/12/1548,Lisboa, Arquivo Histórico Ultramarino (AHU), códice 112, fls 1-9.

Sobre o texto, que é um importante marco da História do Brasil, é correto afirmar que representava
a) o objetivo da monarquia portuguesa de iniciar a colonização do Brasil cedendo territórios para que
grupos particulares pudessem explorá-los a custa de seus próprios recursos, enquanto o governo atuaria
como uma espécie de órgão regulador do que ficou conhecido como Capitanias Hereditárias.
b) a pretensão do governo português em promover a colonização efetiva do território brasileiro e de
estimular a produção colonial, sendo um dos seus primeiros atos a construção de uma cidade para ser a
capital da colônia, concretizada por Tomé de Sousa com a fundação de São Salvador em 1549.

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c) o desejo português de não investir recursos no território colonial do Brasil, permitindo que grupos
privados construíssem feitorias com dois objetivos: a exploração do pau-brasil realizada a partir do
escambo com os indígenas e a proteção das ameaças estrangeiras.
d) o primeiro passo para o processo de povoamento da colônia, que previa a criação de uma capital
estruturada no modelo espanhol de ocupação do território, além da construção de estradas e sistemas
de coleta de esgoto em locais estratégicos, que serviriam de base para o surgimento de novas cidades.
e) a ocupação efetiva do território colonial, principal mente após a descoberta de jazidas de ouro no
interior da colônia, que demandou mais recursos do governo português para a defesa da região de
invasores estrangeiros e de piratas que desejavam roubaras riquezas do Brasil.

3. (2019/Colégio Naval)
Observe a charge a seguir:

A charge acima representa os primeiros anos logo após a chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil.
É correto afirmar que entre as principais características desse período temos a
a) extração do Pau-Brasil por meio do estanco (troca), onde os indígenas realizavam o corte da madeira e
recebiam em troca objetos vistosos, mas de estimado valor, como espelhos, armamentos e tecidos
diversos.
b) extração das drogas do sertão por meio de trabalho escravo, pelo qual os exploradores aproveitaram
para iniciar o processo de ocupação territorial do Brasil a partir da construção de feitorias.
c) construção das primeiras feitorias com a finalidade de estimular a vinda de colonos para a produção de
riquezas, como a cana de açúcar, e consequentemente efetivar a ocupação do território brasileiro
garantindo a presença portuguesa.
d) extração do Pau-Brasil por meio do escambo (troca), onde os indígenas realizavam o corte e o
transporte da madeira recebendo em troca objetos de pouco valor, como espelhos, miçangas e
instrumentos de ferro.

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e) distribuição das primeiras sesmarias, por meio de Estanco, aos donatários que estavam se instalando
no Brasil, destacando-se, nesse processo, o arrendatário Fernando de Noronha, que se notabilizou na
extração do Pau-Brasil.

4. (2007/Colégio Naval)
A chegada dos portugueses ao Brasil, além de ser o resultado de um processo administrado pela coroa
Portuguesa no século XV conjuntamente com a nobreza e a nascente burguesia, também:
a) auxiliou, entre outros aspectos, na consolidação e hegemonia portuguesa no Atlântico Sul.
b) se transformou, de imediato, em uma alternativa mercantil ao comércio português no Oriente.
c) demonstrou que o desvio da esquadra de Cabral seguia a mesma inspiração de Colombo para chegar
às Índias.
d) foi o resultado de uma reação de Portugal diante da concorrência dos mercadores italianos no Atlântico
Ocidental.
e) tinha por objetivo reforçar a supremacia portuguesa no Pacífico Oriental garantindo dessa forma o
caminho para a Índia.

5. (2007/Colégio Naval)
No ano de 1494, portugueses e espanhóis assinaram o tratado de Tordesilhas, definindo a quem
pertenceriam as terras descobertas ou a descobrir. Segundo esse tratado, as terras localizadas a trezentos
e setenta léguas a oeste de Cabo Verde seriam da Espanha e as terras a leste, de Portugal. A linha
imaginária estabelecida pelo Tratado terminava ao sul no Estado de Santa Catarina, mais precisamente
na cidade de:
a) Laguna.
b) Criciúma
c) Imbituba.
d) Tubarão.

6. (2009/Colégio Naval)
Observe a charge abaixo, referente ao fim da presença holandesa no Nordeste Brasileiro no século XVII,
e responda a pergunta a seguir.

NOVAIS, Carlos Eduardo e César Lobo, História do Brasil para Principiantes, De Cabral a Cardoso 500 anos de Novela, Editora Ática - SP - 1998 - p.98

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Pode-se afirmar que a charge refere-se, como consequência da expulsão dos holandeses, do Brasil,
a) ao início da produção holandesa na América Central, levando, de imediato, à crise da economia no
Brasil como um todo, que só se recuperou com a descoberta do ouro, na região das Minas Gerais.
b) à crise econômica do Nordeste brasileiro, devido à concorrência do açúcar do Brasil com a produção
açucareira holandesa nas Antilhas.
c) ao enfraquecimento da economia nordestina que não suportou a posterior invasão dos franceses no
Maranhão, onde fundaram a colônia denominada de França Equinocial.
d) à crise econômica do Nordeste brasileiro, após a 'expulsão dos holandeses da Bahia no ano de 1625.
e) à reafirmação da presença portuguesa no Nordeste brasileiro, possibilitando a retomada da produção
do açúcar na região que voltou a concorrer, em pé de igualdade, com o açúcar antilhano.

7. (2009/Colégio Naval)
Em relação ao domínio da Holanda no Nordeste brasileiro durante o período colonial, é correto afirmar
que:
a) a administração de Nassau caracterizou-se por medidas administrativas de grande importância, como
por exemplo: a reorganização da produção açucareira mediante um sistema de crédito aos senhores de
engenho, tolerância religiosa e o fim da Assembleia dos Escabinos, que limitava a participação política dos
proprietários rurais pernambucanos.
b) a invasão holandesa na Bahia (1624-1625), que contou com o apoio da "milícia dos descalços", liderada
pelo bispo Marcos Teixeira, foi desarticulada pela Jornada dos vassalos, frota luso-espanhola mandada à
Bahia com a missão de expulsar os holandeses da sede do Governo-Geral do Brasil.
c) a invasão holandesa em Pernambuco encontrou grande resistência por parte de grupos armados por
Matias de Albuquerque, no arraial do Bom Jesus. O arraial, que passou a ter a adesão cada vez maior de
senhores de engenho, foi o lugar onde começou a Insurreição Pernambucana.
d) a Insurreição Pernambucana, movimento de resistência local, contou desde o início com a ajuda da
Coroa portuguesa que, após o fim da União Ibérica, tinha todo o interesse em expulsar os holandeses e
reassumir o controle sobre a economia açucareira.
e) o fim da Nova Holanda deve-se, entre outros fatores, a uma conjuntura externa desfavorável à Holanda
que, por se envolver em guerras sucessivas na Europa, não pôde socorrer seus compatriotas no Brasil,
fato este que assegurou a vitória dos luso-brasileiros em 1654.

8. (2005/Colégio Naval)
“ [...] Nela, até agora, não pudemos saber se há ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro
nem o vimos. [...] Em tal maneira e graciosa [a terra] que querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por
causa das águas que tem. [...] " (Pero Vaz de Caminha)
(CORTESÃO, Jaime. A Carta de Pero Vaz de Caminha. In: GASMAN, Lidinéa. Documentos Históricos Brasileiros. Rio de Janeiro,
Fename, 1976, pp. 23-4)
O relativo abandono que o Brasil passou nos primeiros trinta anos após o registro feito por Pero Vaz de
Caminha sobre as terras "descobertas" pela Coroa portuguesa deveu-se, entre outros aspectos,
a) à falta de recursos para implementar um projeto de exploração colonial semelhante ao da Espanha.

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b) aos constantes ataques dos holandeses contra a frota da Companhia de Comércio do Brasil, o que
inviabilizou a colonização nesse período.
c) à falta de uma produção organizada que pudesse ser comercializada imediatamente, não se
enquadrando dentro da perspectiva mercantilista da época.
d) à carência de mão-de-obra para o trabalho nos latifúndios canavieiros, o que só se solucionará com o
início do tráfico negreiro.
e) aos inúmeros levantes indígenas que queimavam as plantações e combatiam a presença portuguesa
na América.

9. (2005/Colégio Naval)
" [...] Submetido durante três séculos à potência europeia que maneja o maior mercado de escravos, o
Brasil converte-se no maior importador de escravos do Novo Mundo..."
(Alencastro, Luiz Felipe de - O Trato dos Viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul - São Paulo: Companhia das Letras, 2000.)

As razões que levaram a utilização de escravos africanos como mão-de-obra nas lavouras açucareiras do
Brasil foram
a) a redução considerável do número de índios no litoral e a oposição da Igreja Católica que combatia a
escravização indígena.
b) as dificuldades enfrentadas pelos índios em se adaptar ao trabalho na lavoura e a fácil adaptação dos
negros ao trabalho pesado.
c) a política de estado de preservação dos povos indígenas e os grandes lucros gerados para a Coroa
portuguesa com a venda dos escravos africanos.
d) o déficit populacional em Portugal e fato do negro ser mais dócil que o índio, aceitando o seu estado
de escravo.
e) a instituição prévia do emprego da mão-de-obra escrava em Portugal e a preguiça do índio no trabalho
na lavoura.

10. (2005/Colégio Naval)


Em 1534, o rei português D. João III instituiu um sistema de divisão do litoral do Brasil em capitanias. Tais
extensões territoriais variavam entre trinta e cem léguas no sentido da latitude, mas de extensão
indefinida para o interior; eram destinadas a serem comandadas por donatários que deveriam, entre
outras coisas, povoar, cultivar e defender as terras. Os motivos que levaram Portugal a colonizar o Brasil
foram
a) os constantes ataques indígenas e de estrangeiros aos núcleos de povoamento portugueses e o
aumento do preço da cana-de-açúcar na Europa.
b) a exploração do pau-brasil e a necessidade de punir os criminosos do Estado Português que vieram
degredados ao Brasil.
c) a instauração do tráfico negreiro na África e o início da empresa açucareira no nordeste brasileiro.
d) a fertilidade do solo brasileiro para o cultivo de gêneros tropicais e a exploração das drogas do sertão.
e) as ameaças estrangeiras em tomar o território brasileiro e a progressiva crise do comércio com o
oriente.

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11. (2008/Colégio Naval)
Leia o trecho abaixo e responda a questão a seguir.
Visto como o rei de Espanha, nosso inimigo, possui ilegalmente estas terras e cidades, tendo destituído
de modo inconveniente e pouco cristão o verdadeiro dono do reino de Portugal (a qual pertence o Brasil)
(...) há razões de sobra para esperar a assistência da Divina Justiça na obra da Companhia no Brasil, que
pertence à Coroa Portuguesa. (...) (Ian Moerbeeck, 1624.)
FREIRE, Américo, Marly Silva da Motta e Dora Rocha - História em Curso, O Brasil e suas relações com o mundo Ocidental -
Ed. Do Brasil/Fundação Getúlio Vargas/CPDOC - pg 77.
O trecho demonstra um momento da História brasileira, na primeira metade do século XVII, quando o
Brasil
a) enfrenta diversas invasões estrangeiras, destacando-se os holandeses em Pernambuco e os franceses
no Rio de Janeiro, através do que ficou conhecido como França Equinocial.
b) devido à chamada União Ibérica, passa a enfrentar, entre outros aspectos, a invasão dos holandeses,
que buscavam ocupar as áreas de produção de açúcar.
c) sofre constantes ataques piratas dos ingleses em Santos e Recife, com a finalidade de saquear a
produção açucareira e estabelecer colônias nestas regiões.
d) devido à União Ibérica, enfrenta diversas invasões estrangeiras, podendo-se citar a dos Franceses no
Maranhão, na ocupação que ficou conhecida como França Antártica.
e) passa a sofrer um aumento abusivo de impostos, devido à União Ibérica, estimulando revoltas de
colonos e adesões aos invasores holandeses, ingleses e franceses no Brasil.

12. (2006/Colégio Naval)


Quando esteve em São Vicente, no ano de 1532, Martin Afonso recebeu uma carta do rei anunciando a
decisão de promover o povoamento do Brasil com a implantação de um sistema que já havia sido utilizado
com êxito nas ilhas portuguesas do Atlântico. O comentário acima refere-se ao Sistema de Capitanias
Hereditárias por meio do qual
a) tinha-se a finalidade de organizar a ocupação territorial, dividindo o território em áreas subordinadas
a um Governador Geral.
b) o governo português, em parceria financeira com o capital privado, executaria todo o processo de
colonização da terra.
c) o governo português transferia para os donatários a responsabilidade financeira da colonização da
terra.
d) o governo português buscava estabelecer uma ocupação territorial com o poder político centralizado
para melhor controlar a colônia.
e) organiza-se a ocupação do território a partir da criação de comunidades politicamente independentes
em relação ao Estado Português.

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13. (2004/Colégio Naval)
Assinale as afirmativas abaixo, em relação aos Tratados assinados entre Portugal e Espanha sobre as terras
do "novo mundo" encontradas durante a expansão marítima.
I - A descoberta dessas novas terras gerou polêmica entre Portugal e Espanha quanto à sua posse, cabendo
ao Papa Bonifácio IV desempenhar o papel de árbitro internacional.
II - Em 1491, foi proclamada a Bula Intercoetera, segundo a qual seria traçada uma linha imaginária, a
partir da Ilha da Madeira, 100 léguas em direção ao Ocidente. III- Em 1494, celebrou-se o Tratado de
Tordesilhas, que determinava a distância para 370 léguas a partir do Arquipélogo de Cabo Verde.
IV - O Tratado de Tordesilhas demarcou os direitos de exploração dos países ibéricos, tendo como
elemento propulsor o desenvolvimento da expansão marítima e comercial.
V - A consolidação do reino português, por meio da exploração das especiarias africanas e a formação do
exército nacional foram estimulados pelo Tratado de Tordesilhas.
Assinale a opção correta.
a) As afirmativas I, II e V são verdadeiras.
b) As afirmativas II e V são verdadeiras.
c) As afirmativas III e IV são verdadeiras.
d) Apenas a afirmativa II é verdadeira.
e) Apenas a afirmativa V é verdadeira.

14. (2004/Colégio Naval)


A crise de sucessão portuguesa originada com a morte do rei D. Sebastião, na Batalha de Alcácer-Quibir e
continuada com a morte de seu substituto, o Cardeal D. Henrique, sem deixar sucessor direto, resultou
na conquista de Portugal por Felipe II, em 1580. Esse fato ficou conhecido como
a) Revolução de Avis, que pôs fim a dinastia de Borgonha e deu início a um novo período em Portugal
resultando na expansão marítima e comercial.
b) Guerra de Reconquista, luta entre cristãos e muçulmanos onde o Reino de Portugal estava envolvido,
levando à morte do monarca.
c) Juramento de Tomar, com a morte do rei português a Espanha assume o monopólio do comércio
colonial português, e coloca toda a administração do Brasil nas mãos de espanhóis.
d) A Revolução do Porto, onde camponeses, artesãos, funcionários públicos e militares, liderados pela
burguesia comercial do Porto exigem a volta da monarquia portuguesa ao poder.
e) União Ibérica, unificação de Portugal e Espanha devido à vacância do trono português, originada pela
morte do cardeal D. Henrique.

15. (2004/Colégio Naval)


"As invasões holandesas que ocorreram no século XVII foram o maior conflito político-militar da Colônia.
Embora concentradas no nordeste, elas não se resumiram a um simples episódio regional. Ao contrário,
fizeram parte do quadro das relações internacionais entre os países europeus, revelando a dimensão da
luta pelo controle do açúcar e das fontes de suprimento de escravos. [...] O ataque a Pernambuco se

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iniciou em 1630, com a conquista de Olinda. A partir desse episódio, a guerra pode ser dividida em três
períodos distintos. [...] O segundo período,entre 1637 e 1644, caracteriza-se por relativa paz, relacionada
com o governo do príncipe holandês Maurício de Nassau, que foi o responsável por uma série de
importantes iniciativas políticas e realizações administrativas."
(Fausto, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2004.p.84 e 85.)
São características do governo Maurício de Nassau, EXCETO:
a) concessão de créditos aos senhores de engenho.
b) investimentos em obras urbanas, sendo construídas pontes e obras sanitárias.
c) criação da cidade de Maurícia, hoje um bairro da capital pernambucana.
d) a intolerância religiosa, pois Nassau que era calvinista, perseguiu outros segmentos religiosos.
e) estímulo à vinda de artistas, naturalistas, médicos e astrônomos.

16. (2018/Colégio Naval)


Leia o texto abaixo e responda a pergunta a seguir.
[...] Além da capitania, em 1541 foi instalada a vila de Olinda, com a repetição de todas as formalidades
de São Vicente: títulos de sesmarias, lista de homens bons aptos a votar, eleição de vereadores,
alternância no poder. [...] Em Pernambuco passou a funcionar de maneira efetiva a autoridade do
donatário, em dois sentidos, No das receitas, implantou cobrança de impostos, inclusive com repasses ao
rei, e tais recursos financiavam serviços delegados ao donatário, como o de atuar como instância mais
alta que o Judiciário da vila e o de controlar a vida civil.
(CALDEIRA, Jorge. História da Riqueza no Brasil. Rio de Janeiro: Estação Brasil, 2017.)

De acordo com o texto é correto afirmar que o autor buscou descrever as medidas que:
a) levaram a capitania de Pernambuco a prosperar.
b) causaram o impasse político responsável pela Guerra dos Mascates.
c) levaram o sistema de capitanias hereditárias a fracassar.
d) causaram o impasse político gerador da Insurreição Pernambucana.
e) transformaram as capitanias hereditárias em governo-geral.

17. (2007/Colégio Naval)


No ano de 1494, portugueses e espanhóis assinavam o Tratado de Tordesilhas partilhando o mundo entre
eles, fato que posteriormente recebeu a crítica da França, Inglaterra e Países Baixos, entre outros que
passaram a questionar a exclusividade da partilha do mundo entre as nações ibéricas.
Entre os fatores que demonstram tal questionamento pode-se citar a
a) frequente presença holandesa em terras brasileiras questionando a soberania portuguesa através do
intenso comércio do açúcar praticado na capitania de Pernambuco.
b) presença francesa no Maranhão ocasionando, entre outros aspectos, a fundação da cidade de São Luís
no final do século XVI.

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c) presença inglesa, principalmente através de piratas financiados pelo governo inglês, os quais por várias
vezes tentaram estabelecer colônias nas terras brasileiras.
d) invasão holandesa no Recife motivada unicamente pelos conflitos que tinha com a Espanha.
e) presença frequente de franceses nos primeiros momentos da colonização portuguesa, destacando a
criação da França Antártica no Rio de Janeiro.

18. (2017/Colégio Naval)


Leia o texto a seguir.
Eleito Jerônimo de Albuquerque por capitão-mor da conquista do Maranhão, como temos dito, se foi logo
às aldeias do nosso gentio pacífico, e por lhes saber falar bem a língua, e o modo com que se levam,
ajuntou quantos quis: contarei só do que houve em uma aldeia, para que se veja a facilidade com que se
leva este gentio de quem os entende e conhece, e foi que pôs a uma parte bom feixe de arcos, e flechas,
a outra outro de rocas, e fusos, e mostrando-Ihos lhes disse: “Sobrinhos, eu vou à guerra, estas são as
armas dos homens esforçados e valentes, que me hão de seguir; estas das mulheres fracas, e que hão de
ficar em casa fiando; agora quero ouvir quem é homem, ou mulher". As palavras não eram ditas, quando
se começaram todos a desempunhar, e pegar dos arcos, e flechas, dizendo que eram homens, e que
partissem logo para a guerra; ele os quietou, escolhendo os que havia de levar, e que fizessem mais
flechas, e fossem esperar a armada ao Rio Grande, onde de passagem os iria tomar. (...)
Feito isto se embarcaram todos dia de S. Bartolomeu, 24 de agosto da era de 1614 anos, em uma caravela,
dois patachos e cinco caravelões (...)
(Frei Vicente do Salvador)
É correto afirmar que o relato do Frei Vicente do Salvador está relacionado à retomada do território que
ficou conhecido como
a) França Equinocial.
b) França Antártica.
c) Brasil holandês.
d) Quilombo dos Palmares.
e) Cisplatina.

19. (2006/Colégio Naval)


No que se refere a Duarte da Costa, o segundo governador geral do Brasil, pode-se citar, entre as
características do seu governo,
a) a expulsão dos franceses e, consequentemente, a fundação da cidade do Rio de Janeiro.
b) o apaziguamento da chamada Confederação dos Tamoios, utilizando-se da ajuda dos Jesuítas, entre
eles José de Anchieta.
c) a inabilidade em se relacionar com membros da igreja e a incapacidade de impedir a invasão francesa
no Rio de Janeiro.
d) o incentivo à agricultura e à pecuária por meio de vultosos empréstimos aos senhores de engenho.

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e) o estímulo à vinda de jesuítas com a finalidade de intensificar o processo de catequese sobre as
comunidades indígenas.

20. (2004/Colégio Naval)


Os trinta anos que vão da chegada de Cabral à de Martin Afonso de Sousa, 1500-1530 no Brasil, é
denominado período pré-colonial. Qual das opções abaixo, apresenta características desse período?
a) De 1500 a 1530 a economia brasileira gravitou em torno da extração de especiarias conhecidas como
"Drogas do Sertão". Os indígenas traziam para as feitorias no litoral e faziam o escambo com portugueses
dessas "especiarias brasileiras".
b) A carta de Pero Vaz de Caminha aguçou a cobiça dos portugueses pela riqueza. O que propiciou uma
imediata ocupação do território colonial brasileiro com o objetivo de explorar as riquezas, aqui,
existentes.
c) Durante esse período o Brasil não sofreu invasões de outras nações, pois Portugal organizou várias
expedições guarda-costas, como as de Cristóvão Jacques, o que inibiu a tentativa de invasão por parte
dessas nações.
d) A economia pré-colonial centrou-se no pau-brasil. A extração do pau-brasil foi declarada estanco, onde
o primeiro arrendatário foi Fernão de Noronha.
e) O ciclo do pau-brasil foi utilizado para colonizar a terra, principalmente no nordeste, o que permitiu o
início da exploração agrícola pelos portugueses fixando o colono à terra.

21. (2004/Colégio Naval)


Foi por meio do "Regimento de 1548", que se instalou e se regulamentou um novo sistema político na
colônia portuguesa: o Governo Geral. Em que contexto se inseriu a criação do Governo Geral, no Brasil?
a) Na tentativa de centralizar o poder e a administração pública, no fracasso econômico do sistema de
capitanias hereditárias, na vulnerabilidade do Brasil às investidas estrangeiras e na inviabilidade de se
promover a colonização com recursos particulares.
b) Na grande expansão econômica e comercial que Portugal estava passando, devido à intensificação do
comércio com o oriente, especialmente com a Índia, o que permitiu uma acumulação de capital por parte
da coroa portuguesa para investir no Brasil.
c) Na extinção das capitanias hereditárias devido ao insucesso a que elas se submeteram, precisando
assim a coroa portuguesa criar uma nova forma de administração para a colônia.
d) No equilíbrio da Balança comercial portuguesa, devido à extração do ouro na região de Minas Gerais,
o que permitiu acumular capital suficiente para investir na estrutura da administração colonial.
e) Na intenção da coroa portuguesa em se desfazer do monopólio real sobre a extração do pau-brasil,
dando a incumbência ao Governador-Geral de transferir a comercialização desse produto para as mãos
das companhias comerciais.

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22. (CN/2004)
"O Brasil é um Dom do açúcar". Essa frase é atribuída a Antonil, um jesuíta toscano, que visitou as terras
brasileiras no século XVI. Sua impressão não poderia ser outra: a metrópole portuguesa parecia disposta
a transformar o Brasil num imenso canavial. A produção açucareira tornava-se o objetivo principal da
coroa portuguesa, pois o pacto colonial estruturava as relações entre a colônia e a metrópole de maneira
a canalizar todo o lucro do açúcar para Portugal. Foram vários os motivos que levaram Portugal a investir
no açúcar.
Assinale a opção que NÃO representa um desses motivos
a) Os portugueses tinham experiência anterior, com a expansão marítima e comercial, pois, durante este
processo, povoaram algumas ilhas do Atlântico com Madeira, Açores e Cabo Verde, onde iniciaram a
cultura da cana.
b) As condições naturais da colônia eram propícias. O litoral nordestino brasileiro possuía clima quente e
úmido, além do solo massapê, ambos muito propícios ao plantio da cana-de-açúcar.
c) Havia procura no mercado europeu. A colonização só interessaria à coroa portuguesa se baseada num
produto de ampla aceitação no mercado consumidor europeu. O açúcar preenchia esse requisito.
d) Dada a rentabilidade da empresa açucareira havia a possibilidade de investimentos de capitais
holandeses para refino, distribuição, importação de mão-de-obra escrava.

23. (EsFCEx – Exército Brasileiro – CFO/QC / 2019)


A respeito da ocupação territorial da Capitania de São Vicente e do contato dos portugueses com os
nativos, analise as afirmativas a seguir:
I. Ao chegarem a São Vicente, os primeiros portugueses, reconhecendo de imediato a importância
fundamental da guerra nas relações intertribais, procuraram tirar proveito delas para efetivarem a
ocupação da terra.
II. Considerando o estado de união política que imperava no Brasil indígena, as perspectivas de conquista,
dominação e exploração passariam por alianças forjadas por rivalidades que não havia entre os nativos,
o que levaria ao rompimento de sua unidade e, consequentemente, à sua total aniquilação.
III. Aos olhos dos invasores, a presença de um número considerável de prisioneiros de guerra prometia
um possível mecanismo de suprimento de mão de obra cativa para os eventuais empreendimentos
coloniais.
IV. Os índios percebiam vantagens imediatas na formação de alianças com os europeus, particularmente
nas ações bélicas conduzidas contra os inimigos mortais.
Assinale
A) se apenas as afirmativas I, II e III estiverem corretas.
B) se apenas as afirmativas II, III e IV estiverem corretas.
C) se apenas as afirmativas I, III e IV estiverem corretas.
D) se apenas as afirmativas I, II e IV estiverem corretas.
E) se todas as afirmativas estiverem corretas.

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24. (Exército - 2013 - EsFCEx - Oficial - Informática)
As afirmativas abaixo tratam do sistema de capitanias hereditárias e do estabelecimento do governo geral
na América portuguesa. Analise-as e marque a opção correta.
I. Entre as motivações para a criação do sistema administrativo de governo geral nas possessões
portuguesas da América estava o risco de perda de parte do território para os franceses.
II. A criação do sistema de capitanias hereditárias, implantado na América portuguesa durante a década
de 1530, foi uma decisão que provocou um acelerado crescimento populacional e produtivo na região em
poucas décadas.
III. Entre as prerrogativas entregues pelo rei de Portugal aos capitães donatários, encontravam-se a de
doar terras, a de reter para si parte da renda da produção e a de monopolizar a justiça, o que incluía o
poder de condenar à morte em certos casos.
A) somente I é correta.
B) somente II é correta.
C) somente III é correta.
D) somente I e II são corretas.
E) somente I e III são corretas.

25. (Exército - 2013 - EsFCEx - Oficial - Informática)

No contexto colonial, a escravidão indígena foi limitada por diversos fatores. Sobre o tema, analise as
afirmativas abaixo e marque a opção correta
I. Entre os fatores limitadores da escravidão indígena, não está presente qualquer posição da Coroa
Portuguesa.
II. Os índios que de fato reagiram à escravidão foram aqueles que habitavam as regiões mais distanciadas
do litoral.
III. Um dos fatores que desencadearam a expulsão dos jesuítas da América Portuguesa no século XVIII foi
a sua resistência ao uso da mão-de-obra indígena pelos colonos.
(A) Somente I é correta.
(B) Somente II é correta.
(C) Somente III é correta.
(D) Somente I e II são corretas.
(E) Somente II e III são corretas.

26. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)

“[...] Nela, até agora, não pudemos saber se há ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro nem
o vimos. [...] Em tal maneira e graciosa [a terra] que querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por causa
das águas que tem. [...] " (Pero Vaz de Caminha)
(CORTESÃO, Jaime. A Carta de Pero Vaz de Caminha. In: GASMAN, Lidinéa. Documentos Históricos Brasileiros. Rio de Janeiro,
Fename, 1976, pp. 23-4)

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O relato de Pero Vaz de Caminha, escrivão da armada cabralina, foi enviado à Coroa portuguesa para
informar o cenário “descoberto” nos territórios estipulados para Portugal pelo Tratado de Tordesilhas.
Acerca da relação estabelecida entre Portugal e a América Portuguesa nas três décadas subsequentes, é
correto afirmar que:
a) foi marcada pela promoção de esforços de ocupação do Brasil por Portugal, com o intuito de conter os
sucessivos ataques estrangeiros.
b) a Coroa, cujos interesses se voltavam para as especiarias orientais, entregou a responsabilidade de
ocupação da terra a terceiros.
c) a ausência de produtos de valor comercial no mercado europeu fez com que o território brasileiro fosse
mantido em estado de relativo abandono.
d) as populações nativas foram utilizadas para a exploração dos recursos encontrados pelos portugueses
no litoral do território, recebendo mercadorias em troca.
e) a inexistência de mão de obra qualificada para o desempenho de atividades agrícolas impediu a
ocupação imediata da terra.

27. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Com base em seus conhecimentos sobre os primeiros contatos entre europeus e indígenas no Brasil,
assinale a alternativa correta.
A) A população indígena era heterogênea e os conflitos entre os diferentes grupos existentes contribuíram
para definir, levando em conta suas lógicas e interesses, a dinâmica dos seus contatos com os
conquistadores.
B) Os indígenas, ao tomarem ciência das rivalidades existentes entre portugueses e espanhóis, souberam
se utilizar delas para amenizar a força do projeto colonizador e mantê-los à parte dos conflitos étnicos
pré-existentes.
C) A aliança entre os chamados tamoios e tupiniquins fez com que os ameríndios pudessem fazer a
mediação entre portugueses e franceses e amenizar as disputas pelo domínio do território brasileiro.
D) Os europeus souberam se aproveitar do atraso cultural e da inferioridade bélica dos povos situados no
Novo Mundo para conquistá-los por meio das armas e estabelecer o domínio colonial e a fé cristã.
E) As etnias indígenas mantinham relações marcadas pela cordialidade até a chegada dos europeus, que
passaram a incentivar conflitos interétnicos com o intuito de enfraquecê-las e estabelecer o controle do
território.

28. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


As atitudes dos índios em relação aos colonizadores não se reduziram, absolutamente, à resistência
armada, à fuga e à submissão passiva. Houve diversas formas de [...] resistência adaptativa, através das
quais os índios encontraram formas de sobreviver e garantir melhores condições de vida na nova situação
em que se encontravam. Colaboraram com os europeus, integraram-se à colonização, aprenderam novas
práticas culturais e políticas e souberam utilizá-las par a obtenção das possíveis vantagens que a nova
condição permitia.
ALMEIDA, Maria Regina Celestino de. Os índios na história do Brasil. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2010. p. 23.

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O texto oferece uma descrição sobre as relações estabelecidas entre povos indígenas e colonizadores na
América Portuguesa, das quais é destacado(a)
a) o extermínio cultural dos povos indígenas, resultado do processo de aculturação promovido pela
imposição da fé católica pela Coroa e a formação de reduções jesuíticas.
b) que nem todos os grupos indígenas eram hostis aos colonizares, de maneira que muitas nações se
aliaram à Coroa para combater estrangeiros e outros grupos nativos.
c) os portugueses preferiam ter as nações indígenas ao seu lado, e não lutando contra eles, daí a adoção
de uma política de reconhecimento dos povos encontrados no Brasil.
d) a dizimação dos povos ameríndios pelas guerras de conquista durante os séculos XVI e XVII, seguida
pela submissão total dos grupos remanescentes aos colonizadores lusos.
e) a formação de novas identidades culturais pela mistura de elementos nativos e portugueses, sendo
uma consequência disso o desaparecimento das identidades étnicas pré-existentes.

29. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Por falta de descendentes diretos do rei D. Sebastião, morto na Batalha de Alcácer-Quibir, a Coroa voltou
às mãos do cardeal dom Henrique. E quando o cardeal morreu, em 1580, novamente não havia herdeiros
diretos. O rei da Espanha, Filipe II, neto de dom Manuel, o Venturoso ( foi em seu reinado que ocorreram
as principais descobertas marítimas, entre elas a do caminho das Índias e do Brasil), invadiu Portugal com
suas tropas e assumiu o trono lusitano, unindo Portugal e Espanha e dando início à União Ibérica.
VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2013. p. 36. Adaptado.

A respeito da chamada União Ibérica, assinale a alternativa correta:


A) foi o período em que os reis espanhóis e portugueses revezaram seu poder de mando sobre a península
ibérica, o que contribuiu para transformações quanto aos limites territoriais das duas colônias na América.
B) trata-se de um período em que Portugal e suas colônias estiveram subordinados ao controle espanhol,
o que possibilitou a inclusão dos Países Baixos, aliados da dinastia filipina, no negócio açucareiro do Brasil.
C) o domínio espanhol sobre o Império Português se estendeu até 1640, quando o trono português foi
restaurado e os limites estabelecidos pelo meridiano de Tordesilhas foram novamente adotados.
D) na prática, o domínio espanhol aboliu as determinações do Tratado de Tordesilhas, o que favoreceu o
avanço dos colonos portugueses em direção ao interior e a expansão das fronteiras do território brasileiro.
E) o período filipino trouxe grandes consequências para o Brasil, que abandonou o sistema administrativo
baseado nas capitanias hereditárias e no governo-geral e foi dividido nos chamados vice-reinados.

30. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


“(...) nessa costa não vimos coisa de proveito, exceto uma infinidade de árvores de pau-brasil (...) e já
tendo estado na viagem bem dez meses, e visto que nessa terra não encontrávamos coisa de minério
algum, acordamos nos despedirmos dela”.
Carta de Américo Vespúcio sobre o Brasil, enviada ao magistrado de Florença, Piero Soderini, em 1502.
In: BUENO, Eduardo. Brasil: uma história: cinco séculos de um país em construção. São Paulo: Leya, 2012. p. 33.

A respeito do contexto em que se encontrava o Brasil à época da escrita do documento, é correto afirmar
que

AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 59


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A) o desembarque da expedição cabralina no Brasil não alterou os rumos da expansão portuguesa voltada
prioritariamente para o Oriente, o que justifica o desinteresse dos lusos nas primeiras décadas que se
sucedem.
B) o período pré-colonial da América Portuguesa foi marcado por saques constantes promovidos por
traficantes de pau-brasil de outras nacionalidades, especialmente ingleses, holandeses e italianos.
C) foi marcado por intensos fluxos migratórios que partiam de Portugal rumo aos domínios coloniais, com
o intuito de desfrutar das vantagens oferecidas pela Coroa para aqueles que se dedicassem à ocupação
da terra.
D) o objetivo da monarquia portuguesa no período era iniciar a colonização do Brasil a partir da cessão
de territórios para que particulares pudessem explorá-los à custa de seus próprios recursos, o que lhes
renderia o pagamento de certos tributos.
E) o chamado período pré-colonial foi marcado pela construção de imensas fortificações militares
denominadas de feitorias, onde eram armazenadas toras de pau-brasil, toneladas de açúcar e outras
riquezas produzidas na América Portuguesa.

31. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


A expedição de Martim Afonso trouxe a lei e a ordem para o amplo território brasileiro, onde apenas um
punhado de portugueses – degredados, náufragos ou desertores – vivia de acordo com “a lei natural,
contentando-se com quatro mancebas e os mantimentos da terra”. Martim Afonso chegou com plenos
poderes, inclusive sobre a vida e a morte daqueles que o acompanhavam e dos que viesse a encontrar,
com exceção dos fidalgos. Poderia também distribuir terras em sesmarias, criar e nomear tabeliães e
demais oficiais de justiça.
BUENO, Eduardo. Brasil: uma história: cinco séculos de um país em construção. São Paulo: Leya, 2012. p. 39.

Organizada em 1530, a expedição de Martim Afonso de Souza representou um marco na América


Portuguesa, pois
A) a ela foi confiada a missão de combater os povos indígenas considerados hostis ao projeto colonial em
curso, recorrendo, para tanto, à bandeirantes paulistas pelo sertanismo de contrato.
B) a ela foi conferida a responsabilidade de dar início à busca por metais preciosos no interior do território,
a partir da organização de bandeiras de prospecção que partiam da região de São Paulo.
C) foi responsabilizada pela identificação de acidentes geográficos ao longo da costa e os limites firmados
pelo Tratado de Tordesilhas, bem como regular a extração de pau-brasil no Nordeste.
D) foi incumbida de combater os invasores franceses que, apoiado pelos indígenas, haviam estabelecido
um empreendimento colonial na baía de Guanabara, denominado França Antártica.
E) foi a responsável por dar início à ocupação da terra e sua exploração econômica por colonos
portugueses, sendo sua primeira iniciativa a fundação de São Vicente, a primeira vila da América Lusa.

32. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


No Brasil, costumam dizer que para o escravo são necessários três PPP, a saber, pau, pão e pano. E, posto
que comecem mal, principiando pelo castigo que é o pau, contudo, prouvera a Deus que tão abundante
fosse o comer e o vestir como muitas vezes é o castigo, dado por qualquer causa pouco provada, ou
levantada; e com instrumentos de muito rigor, ainda quando os crimes são certos, de que se não usa com

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os brutos animais, fazendo algum senhor mais caso de um cavalo que de meia dúzia de escravos, pois o
cavalo é servido, e tem quem lhe busque capim, tem pano para o suor, e sela e freio dourado.
ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil. 3. ed. Belo Horizonte: Itatiaia/Edusp, 1982.

Sobre a escravidão no período colonial, descrita pelo padre Antonil no trecho acima, assinale a alternativa
correta:
A) observa-se maior intensidade do uso do trabalho escravo nas áreas produtoras do açúcar, contrastando
com o uso mais modesto em outras lavouras, como a de tabaco e algodão, e com a região mineradora,
onde prevaleceu o trabalho livre.
B) a escravidão indígena foi implementada a partir do desembarque da expedição cabralina no Brasil,
porém foi progressivamente substituída diante da inaptidão dos povos indígenas e pelo fato dos africanos
já estarem acostumados à escravidão.
C) os escravizados constituíam a base econômica da sociedade açucareira no Nordeste, sendo
responsáveis por quase todo o trabalho doméstico e na lavoura, ainda que numericamente fossem
inferiores ao contingente de homens livres.
D) o negro foi trazido para a América Portuguesa para exercer o papel de força de trabalho compulsório
numa estrutura que estava se organizando em função da grande lavoura, inserida no sistema mercantilista
globalizado da época.
E) assim como na região açucareira, a mineração foi uma atividade econômica desempenhada
majoritariamente por escravos africanos, situada em uma região do território colonial que impediu a
organização de formas de resistência.

33. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Esta terra, Senhor, me parece que da ponta que mais contra o sul vimos até à outra ponta que contra o
norte vem, de que nós deste porto houvemos vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e
cinco léguas por costa. Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma
de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados
como os de Entre Douro e Minho, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá. Águas são
muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das
águas que tem. Porém o melhor fruto, que nela se pode fazer, me parece que será salvar esta gente. E
esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.
Carta de Caminha. Disponível em: <http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/livros_eletronicos/carta.pdf>. Acesos em: 07 set.
2020.

O trecho acima, extraído do documento enviado pelo escrivão da armada de Cabral, Pero Vaz de Caminha,
ao rei D. Manuel I de Portugal, expressa as primeiras impressões dos lusos sobre o território batizado
como Terra de Santa Cruz. Com base nas informações contidas no texto, assinale a alternativa correta:
A) o documento despachado para a Coroa portuguesa expressa a necessidade de privilegiar a atividade
missionária no território batizado de Brasil, pois nele não se via a possibilidade de se desenvolver
atividades econômicas rentáveis.
B) a correspondência travada entre o escrivão de Cabral e a Coroa demonstra o conhecimento dos lusos
quanto a extensão dos territórios assegurados pelo Tratado de Tordesilhas, evidenciando que Cabral não
foi o primeiro a aportar no Brasil.

AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 61


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C) embora não informasse a existência de recursos minerais na Terra de Santa Cruz, a epístola enviada ao
rei português destacou o potencial agrícola do território, bem como a necessidade de se dedicar à
conversão dos povos encontrados.
D) a carta dirigida ao rei português por Pero Vaz de Caminha se mostra otimista quanto a possível
existência de jazidas de ouro e prata na América Portuguesa, colocando em segundo plano o possível
desenvolvimento de atividades agrícolas.
E) o documento, que pode ser considerado marco inicial da literatura brasileira, destaca o potencial de
exploração dos recursos hídricos encontrados no Novo Mundo, tendo em vista a escassez de água potável
vivenciada em Portugal naquele contexto.

34. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Em 1578, o rei D. Sebastião de Portugal morreu em combate na África. Como o soberano
não tinha herdeiros direitos, foi desencadeada uma crise dinástica que conduziu à união dos
tronos espanhol e português, em 1580, na figura do rei Filipe II da Espanha, que era neto de
D. Manuel I de Portugal. Iniciava-se, desse modo, a União Ibérica, que duraria até 1640.
MOTA, Myriam Becho; BRAICK, Patrícia Ramos. História: das cavernas ao terceiro milênio. São Paulo: Moderna, 2002. p. 215.

Dentre as consequências da União Ibérica verificadas em solo brasileiro, pode-se destacar

a) a invalidade do Tratado de Tordesilhas, o que estimulou o avanço dos portugueses em


direção ao interior, no Sul do Brasil e na Amazônia.
b) a diminuição das tensões entre portugueses e espanhóis em áreas fronteiriças, em razão
de ambos os povos serem governados pelo mesmo rei.
c) a expulsão dos jesuítas das Américas Portuguesa e Espanhola, ordem religiosa vista como
ameaçadora à autoridade da Coroa em solo colonial.
d) o apaziguamento dos litígios até então mantidos com os holandeses, em razão dos
interesses comerciais luso-brasileiros no Nordeste da Colônia.
e) a difusão de ideias emancipacionistas entre colonos luso-brasileiros, motivada pela
ausência de um rei português a frente da administração colonial.

35. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


A primeira investida holandesa ocorreu em 1624 [...]. A força holandesa chegou à cidade de
Salvador com 26 navios, centenas de canhões e mais de três mil homens [...]. Em 1625,
porém, uma esquadra luso-espanhola bem armada retomou a capital da Colônia [...]. A
Companhia das Índias Ocidentais contou com as pilhagens de [...] corsários para financiar
um segundo ataque às terras brasileiras. Dessa vez, o alvo escolhido foi Pernambuco.
MOTA, Myriam Becho; BRAICK, Patrícia Ramos. História: das cavernas ao terceiro milênio. São Paulo: Moderna, 2002. p. 216.

As invasões holandesas na América Portuguesa tinham como objetivo principal


A) criar uma base para a ocupação definitiva das áreas de mineração da América espanhola.
B) ocupar as áreas pouco exploradas pelos lusos, tais como Pernambuco, Maranhão e Bahia.

AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 62


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C) explorar o ouro recém-descoberto no território a partir do controle dos portos no
Atlântico.
D) apropriar-se do monopólio luso sobre o complexo açucareiro escravista no Atlântico Sul.
E) fundar núcleos de povoamento voltados ao acolhimento dos protestantes dos Países
Baixos.

36. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Para os portugueses, o oceano era um velho conhecido, devido a sua posição geográfica, ao
comércio e à pesca. Mas aventurar-se para áreas pouco conhecidas era um grande desafio,
e havia grande probabilidade de morrer na viagem, tais eram os perigos do mar, bem como
os problemas de higiene e alimentação a bordo. Armar uma nau foi, nessas primeiras
décadas, um empreendimento de grande porte que exigia grandes capitais. Em certo
sentido, a preparação para uma expedição a mares desconhecidos pode ser comparada à
preparação das primeiras viagens espaciais: conhecem-se os objetivos e os perigos, mas há
grandes riscos, exatamente pelos elementos que não se conhecem.
VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História geral e do Brasil, 2. São Paulo: Scipione, 2013. p. 19.

A respeito das viagens marítimas portuguesas, assinale a alternativa INCORRETA:


A) a tomada de Ceuta, cidade situada no atual Marrocos, em 1415, representou o ponto
inicial do processo de expansão ultramarino dos lusos, motivado por questões de natureza
econômica e religiosa.
B) o cabo Bojador, região que até então era o limite do conhecimento que os portugueses
tinham sobre o litoral ocidental africano, demonstrou ser um obstáculo mais psicológico que
físico em 1434, quando foi ultrapassado por Gil Eanes.
C) em 1488, o navegador Bartolomeu Dias atingiu o extremo sul do continente africano e
dobrou o cabo das Tormentas, rebatizado de cabo da Boa Esperança ao se revelar para os
lusos uma possibilidade de se alcançar as Índias.
D) em 1498, durante o reinado de D. Manuel, Vasco da Gama chegou à Calicute, feito que
concluiu a rota marítima portuguesa de acesso às Índias e permitiu à Coroa participar do
lucrativo comércio de especiarias.
E) após o retorno da expedição de Vasco da Gama, d. Manuel entregou ao comando de Pedro
Álvares Cabral uma esquadra com a missão de intensificar o comércio com às Índias e dar
início ao processo de colonização da América Portuguesa.

37. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Observe a charge a seguir:

AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 63


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NOVAES, Carlos Eduardo; LOBO, César. História do Brasil para principiantes: de Cabral a Cardoso, 500 anos de novela. São
Paulo: Ática, 1998. p. 40.

A charge acima representa os primeiros anos da relação entre Portugal e Brasil após a chegada da
expedição de Pedro Álvares Cabral.
É correto afirmar que entre as principais características desse período temos a
a) realização de expedições guarda-costeiras, lideradas por Cristóvão Jacques, com o intuito de patrulhar
os domínios portugueses, expulsar invasores estrangeiros e dar início ao processo de ocupação da terra.
b) extração do pau-brasil por meio do escambo, sistema que conferiu ao cristão-novo Fernão de Noronha
e um consórcio de judeus conversos o monopólio sobre a exploração do produto, desde que pagassem
um quinto dos lucros à Coroa.
c) a realização de uma expedição liderada por Gaspar de Lemos e que contou com a participação de
Américo Vespúcio, sendo responsável pelo reconhecimento de diversas localidades e acidentes
geográficos no Brasil.
d) extração do pau brasil, madeira que possuía alto valor comercial no mercado europeu devido ao seu
pigmento utilizado para o tingimento de panos, o que não foi acompanhada por esforços de colonização
nos anos iniciais.
e) captura de aves de plumagem coloridas, como araras e papagaios, além da extração das drogas do
sertão por meio da escravidão indígena e a organização das primeiras feitorias no interior da região
amazônica.

38. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Considere o trecho abaixo, retirada da Carta de Pero Vaz de Caminha, escrivão da armada de Pedro
Álvares de Cabral.
A terra em si é de muito bons ares [...]. Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que,
querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem. Porém o melhor fruto, que nela
se pode fazer, me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza
em ela deve lançar.
(CORTESÃO, J. Carta de Pero Vaz de Caminha a El-Rei D. Manuel sobre o Achamento do Brasil. São Paulo: Martim Claret, 2003.)

Com base no exposto, assinale a alternativa INCORRETA.


a) A expedição de Pedro Álvares de Cabral tomou posse dos domínios portugueses no Novo Mundo em
22 de abril de 1500, encontrando a terra já habitada por indígenas.

AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 64


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b) O comandante da expedição cabralina batizou a primeira porção de terras por ele avistada de Monte
Pascoal, enquanto o território luso como um todo recebeu o nome de Terra de Vera Cruz.
c) A descoberta do Brasil foi acompanhada pelo início imediato do processo de colonização, afinal os
portugueses já não obtinham bons resultados no comércio com as Índias.
d) A Carta de Caminha mostra que a expansão marítima portuguesa apresentava propósitos econômicos
e religiosos, afinal foram ressaltados os recursos naturais e o paganismo dos indígenas.
e) A armada de Cabral aportou na praia da Coroa Vermelha, litoral do atual estado da Bahia, onde foi
celebrada uma missa no dia 26 de abril de 1500.

39. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Era Rei Eu Sou Escravo
Milton Nascimento
Era rei e sou escravo
Era livre e sou mandado!
Onde a minha terra firme, África dos meus amores.
Onde a minha casa branca, minha mulher e meus filhos.
Me trouxeram para longe, amarrado na madeira, me bateram com chicote, me xingaram, me feriram.
Era rei e sou escravo, era livre e sou mandado.
Mas por mais que me naveguem, me levando pelos mares, mas por mais que me maltratem, carne
aberta pela faca,
A memória vem e salva, a memória vem e guarda,
Guarda o cheiro da minha terra, a música do meu povo, a certeza de hoje e sempre que ninguém vais
nos tirar: aonde estiver o porto,
Por mais que eu sofra e grite,
Sou mandado serei livre, sou escravo serei rei.
Esta composição de Milton Nascimento relata um soberano africano que foi capturado e enviado como
cativo para o Brasil. Sobre a escravidão no período colonial, assinale a única alternativa INCORRETA:
a) a América Portuguesa foi o território que mais recebeu escravos africanos entre os séculos XVI e XVIII,
sendo sua mão de obra explorada em atividades de extração vegetal e mineral.
b) através do escambo, indígenas foram utilizados no início do período colonial, mas não foi possível
implementar o sistema de trabalho escravista entre eles.
c) apesar das tentativas de despersonalização dos cativos trazidos da África, estratégias de manutenção
de elementos culturais e identitários foram desenvolvidas pelos africanos.
d) as duras condições existentes nos navios tumbeiros faziam com que muitos escravizados africanos
morressem ainda no trajeto para o Brasil.
e) o tráfico negreiro no Atlântico foi um dos mais lucrativos negócios do Império Ultramarino Português,
envolvendo interesses de europeus, brasileiros e chefes políticos africanos.

40. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Dentre as iniciativas empreendidas durante a gestão do primeiro governador-geral do Brasil, Tomé de
Souza, pode-se destacar

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a) sua eficácia no combate e desarticulação da França Antártica, empreendimento conduzido pelos
franceses com o intuito de lançar as bases de um projeto colonial no Brasil e intensificar a exploração do
pau-brasil no litoral Sudeste.
b) a fundação de São Paulo do Piratininga, onde foi iniciado o projeto de catequização dos nativos pelos
jesuítas que desembarcaram no Brasil, e da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, após a expulsão
dos franceses da baía de Guanabara.
c) a criação do Bispado de Salvador, o primeiro do Brasil, organizado no mesmo local onde o governador
lançou esforços para organizar o poder central da nova estrutura administrativa implementada pelo
soberano português, D. João III.
d) a assinatura do Tratado de Madri, que reconfigurou os limites originalmente previstos pelo Tratado de
Tordesilhas, de 1494, conferindo à Coroa portuguesa o domínio de áreas que até então eram integravam
a América Espanhola.
e) a desistência dos franceses de contestar a soberania dos portugueses no Brasil, após serem derrotados
por expedições guarda-costas em diversos pontos do território e verem frustradas suas tentativas de
fundação de colônias no Rio de Janeiro e no Maranhão.

41. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Em relação ao trato conferido aos povos indígenas pelo processo de ocupação e exploração da América
Portuguesa, assinale a alternativa correta.
a) durante o primeiro século de colonização, a presença dos portugueses não provocou alterações
significativas na diversidade e na demografia das populações nativas, afinal ela se concentrou nas áreas
litorâneas das regiões Nordeste e Sudeste.
b) os portugueses lançaram mão do escambo, da escravização e do extermínio de povos indígenas para
dar início ao desenvolvimento de atividades econômicas e garantir a posse da Coroa portuguesa sobre o
território brasileiro.
c) a partir do contato com as ideias iluministas francesas e do mito do “bom selvagem” de Rousseau, os
colonos portugueses conciliaram a exploração econômica do território à ideia de tolerância no trato com
os nativos brasileiros.
d) por meio do contato pacífico estabelecido com os povos indígenas da América Portuguesa, sobretudo
a partir da sustentação do escambo, os portugueses efetivaram a conquista do território sem enfrentar
grande resistência dos ameríndios.
e) a unidade linguística e cultural encontrada nos povos que habitavam o litoral e os sertões da América
Portuguesa facilitou o processo de colonização, a partir da catequese e da civilização dos nativos.

42. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Desenvolvida durante o período colonial, a partir do século XVI, a atividade açucareira:
a) consolidou o Nordeste como eixo econômico da Colônia, sendo baseada no latifúndio monocultor e
escravocrata que se inseria no sistema português.
b) foi desempenhada por pequenos, médios e grandes proprietários, o que permitiu a formação de
camadas médias compostas por homens livres da sociedade açucareira.

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c) não estimulou a importação de escravizados africanos em suas primeiras décadas, afinal prevaleceu a
adoção de mão de obra indígena nos latifúndios.
d) contribui para a ocupação efetiva do interior do território brasileiro e a formação de uma sólida elite
econômica composta pelos grandes senhores de engenho.
e) estimulou a formação de um mercado integrado na América Portuguesa, pelo qual regiões como o
Sudeste e Sul se especializaram no abastecimento da região açucareira.

43. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Sobre o período pré-colonial é correto afirmar:
a) a produção açucareira nas capitanias de Pernambuco e São Vicente, somada a produção algodoeira no
Maranhão, contribuiu para que os limites estipulados pelo Tratado de Tordesilhas fossem superados pelos
portugueses.
b) a administração do governador-geral Duarte da Costa estimulou a escravização de povos indígenas e a
implantação de feitorias que, mais tarde, contribuíram para a implementação de engenhos de açúcar na
região nordeste da América Portuguesa.
c) o direito de exploração das riquezas do território da América Portuguesa foi arrendado por um grupo
de mercadores portugueses, representados por Fernão de Noronha, no início do século XVI.
d) a extração de pau-brasil era destinada à exportação para a Europa e para a construção de fortificações
militares no litoral da América Portuguesa e em possessões ultramarinas do Oriente.
e) foi um período decisivo na história do Império Português, que não poupou esforços para reforçar seu
aparato militar no território além-mar e derrotar os empreendimentos coloniais firmados por franceses e
holandeses.

44. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


A decadência da lavoura açucareira no Nordeste brasileiro, ao final do século XII, foi decorrente
a) da concorrência estabelecida pela lavoura canavieira das Antilhas, cultivada pelos holandeses após sua
expulsão pelas guerras brasílicas.
b) da substituição da lavoura canavieira pela lavoura algodoeira, sobretudo na região do Maranhão, em
razão do desenvolvimento da indústria têxtil na Inglaterra.
c) do desinteresse da aristocracia do açúcar em investir recursos na expansão dos engenhos, em razão de
sua atenção se voltar ao grande comércio de escravos e outras mercadorias.
d)a lavoura canavieira foi substituída pela lavoura cafeeira, em virtude de grande procura europeia deste
produto.
e) da crise da mão de obra decorrente das invasões holandesas, que desestruturaram as relações de
trabalho no Nordeste e comprometeram o envio de cativos da África.

45. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Durante o século XVI, a Coroa buscou promover a centralização político-administrativa do Brasil a partir
da

AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 67


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a) transferência da capital para o Rio de Janeiro, durante o governo pombalino, com o intuito de reforçar
a vigilância sobre a atividade mineradora no interior do território.
b) instalação das capitanias hereditárias, em 1534, com o intuito de efetivar o domínio de Portugal sobre
o território brasileiro e efetivar sua ocupação.
c) criação das Câmaras Municipais, espaços ocupados por funcionários da Coroa que atuavam como seus
representantes em nível local, os chamados “homens bons”.
d) criação do Governo Geral, durante o reinado de D. João III, com a intenção de que atuasse em nome
do rei e restringisse a autoridade dos capitães-donatários.
e) criação do Conselho Ultramarino, que diminuiu as atribuições dos capitães-donatários, reduzidas a
cobrança de tributos, e retirou a autonomia das Câmaras Municipais.

46. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Em março de 1630, os holandeses tomaram o Recife – e lá ficaram até a sua expulsão, em 1654. Ao longo
desse quarto de século de ocupação batava, os sete anos conhecidos como o “tempo de Nassau” (1637 a
1644) marcaram o apogeu do domínio holandês no Brasil por meio da Companhia das Índias Ocidentais.
BUENO, Eduardo. Brasil, uma história: cinco séculos de um país em construção. São Paulo: Leya, 2012. p. 92. Adaptado.

São características do tempo de Nassau no Nordeste brasileiro, EXCETO:


a) a promoção de reformas urbanísticas em Recife, a partir da construção de novos edifícios, pontes,
jardins e praças, além de buscar conter a poluição dos rios pelo bagaço da cana.
b) incentivo à produção artística e científica, que legou à posteridade um grande registro iconográfico da
paisagem, das plantas, dos animais e dos indígenas do Brasil.
c) restrição de crédito aos senhores de engenho em seus anos finais, o que causou indignação das elites
e estimulou a formação de articulações em favor da expulsão dos holandeses.
d) reativação do fornecimento de escravizados, anteriormente paralisado em razão do domínio holandês
de portos estratégicos no comércio dos cativos embarcados para o Brasil.
e) garantia de tolerância às religiões católica, protestante e judaica, o que permitiu a implantação da
primeira sinagoga das Américas, em Recife.

47. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Em 1534, o rei D. João III ordenou a divisão da América Portuguesas em grandes faixas de terras, as
capitanias-hereditárias, que foram entregues aos cuidados dos chamados donatários. São elementos que
contribuíram para o insucesso deste sistema administrativo, exceto:
A) altos recursos necessários para promover a exploração e desenvolvimento do território
B) a centralização excessiva da gestão dos territórios coloniais pelos capitães-donatários
C) hostilidade dos grupos indígenas que resistiam à dominação portuguesa
D) dificuldade de comunicação entre capitanias e também entre o Brasil e a metrópole
E) solo impróprio ao cultivo do açúcar e de outros gêneros em algumas capitanias

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48. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)
Palmares foi o mais significativo e o mais simbólico dos quilombos não apenas do Brasil mas das Américas.
Em nenhum outro lugar a resistência dos escravos fugidos foi tão longa, bem-sucedida e organizada como
nos doze mocambos erguidos na serra da Barriga, no sertão de Alagoas, a 90 mil quilômetros de Maceió.
BUENO, Eduardo. Brasil: uma história: cinco séculos de um país em construção. São Paulo: Leya, 2012. p. 130.
Com base em seus conhecimentos sobre o Quilombo de Palmares, julgue as afirmativas abaixo:
I. Palmares foi habitado não somente por negros de origens étnicas distintas, mas também por indígenas
e até brancos fora da lei, resultando em uma população composta por milhares de pessoas.
II. Zumbi liderou a resistência nos anos finais de Palmares, recusando-se a negociar com o governador de
Pernambuco. Morto em 1695, tornou-se símbolo de resistência negra.
III. Ao longo de quase um século de lutas, Palmares foi atacado dezenas de vezes, sendo destruído apenas
em fevereiro de 1694, por uma expedição liderada por Borba Gato.
Assinale a opção correta.
a) As afirmativas I, II e III são verdadeiras.
b) As afirmativas I e II são verdadeiras.
c) As afirmativas I e III são verdadeiras.
d) Apenas a afirmativa II e III são verdadeiras.
e) Nenhuma das afirmativas é verdadeira.

49. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Em 1574, os cativos chegados da África representavam apenas 7% da força de trabalho escravo no
engenho, contra 93% dos índios. Em 1591, eram 37%. Por volta de 1638, já compunham a totalidade,
incluindo os cativos recém-chegados da África e os crioulos, ou seja, escravos descendentes de negros
nascidos no Brasil.
GOMES, Laurentino. Escravidão: do primeiro leilão de cativos em Portugal à morte de Zumbi dos Palmares, volume 1. Rio de
Janeiro: Globo Livros, 2019. p. 129.

Foram elementos que contribuíram para a predominância da escravidão africana durante o período
colonial, exceto:
a) dizimação dos nativos por epidemias.
b) oposição jesuíta à escravidão indígena.
c) indisposição dos índios ao trabalho braçal.
d) domínio de certas técnicas pelos africanos.
e) barreiras culturais dos nativos quanto ao trabalho agrícola.

50. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Espalhados pelo Atlântico, portugueses e espanhóis detinham o monopólio das expedições oceânicas,
sendo seguidos por outras nações a partir do início do século XVI, especialmente a França e a Inglaterra.
Entretanto, os dois reinos ibéricos já haviam decidido a partilha do mundo antes mesmo que outras

AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 69


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nações começassem a se aventurar nos novos territórios: em 1493, com a bênção do papa Alexandre VI,
foi editada a Bula Intercoetera, substituída no ano seguinte pelo Tratado de Tordesilhas.
VICENTINO, Claudio; DORIGO, Gianpaolo. História geral e do Brasil, v. 2. São Paulo: Scipione, 2013. p. 23. Adaptado.

O Tratado de Tordesilhas, firmado em 1494 entre por Portugal e Espanha, buscou estabelecer os
territórios coloniais ultramarinos desses dois países. Assinale a alternativa que oferece a melhor descrição
do acordo:
a) os espanhóis ficariam com todas as terras descobertas até a data de assinatura do Tratado, e as terras
descobertas depois ficariam com os portugueses.
b) os domínios espanhóis e portugueses seriam separados por um meridiano estabelecido a 370 léguas a
oeste das ilhas de Cabo Verde.
c) a Igreja Católica, como patrocinadora do Tratado, arrendaria as terras descobertas pelos portugueses
e espanhóis nos quinze anos seguintes.
d) Portugal e Espanha administrariam juntos as terras descobertas, para fazerem frente à ameaça
colonialista da Inglaterra, da Holanda e da França.
e) portugueses e espanhóis seriam tolerantes com os costumes e as religiões dos povos que habitassem
as terras descobertas.

51. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


A partir da segunda metade do século XVI, verificou-se a imposição de diversos mecanismos
administrativos pela Coroa Portuguesa no Brasil, entre os quais pode-se destacar:
a) o sistema de capitanias-hereditárias, implementado em 1534 e que buscou estimular a ocupação do
território a partir da centralização do poder na cidade de Salvador.
b) o governo-geral, introduzido em 1548 pelo monarca D. João III e em substituição ao modelo de
capitanias-hereditárias, sendo nomeado como primeiro governador o fidalgo Estácio de Sá.
c) as câmaras municipais, nas quais predominavam os chamados “homens bons” da Colônia e que
desfrutavam de ampla autonomia administrativa em relação ao domínio luso.
d) o Conselho Ultramarino, que reviu a excessiva centralização administrativa imposta pelo governo-geral
ao atribuir maiores poderes administrativos aos donatários.
e) o ouvidor-mor e o provedor-mor, auxiliares do governo-geral e que eram responsáveis pela aplicação
da justiça e pela administração das finanças da colônia, respectivamente.

52. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Sobre o processo de expansão ultramarino empreendido por Portugal, assinale a alternativa correta:
a) a superação do cabo bojador, por Gil Eanes, em 1433, representou um dos mais importantes marcos
das Grandes Navegações, na medida em que introduziu novas tecnologias marítimas.
b) a tomada de Ceuta, em 1415, simbolizou o marco inicial da expansão, na medida em que possibilitou a
acumulação de riquezas para a continuidade da empresa marítima.
c) o pioneirismo luso no expansionismo pode ser justificado pela formação de uma sólida burguesia
nacional, que fez deste empreendimento uma iniciativa estritamente particular.

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d) devido às condições marítimas desfavoráveis, os portugueses abandonaram o projeto de
circunavegação da África e alcançaram às Índias ao rumarem para o Oeste.
e) a expedição cabralina de 1500 pode ser encarado como o desfecho da Era das Navegações Lusas, na
medida em que concluiu o Périplo Africano iniciado por Bartolomeu Dias.

53. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Quando falamos em “Guerra dos Bárbaros” nos referimos aos conflitos dos povos generalizados como
Tapuia do sertão nordestino. A própria documentação colonial, quando fala de sublevações indígenas, se
utiliza esta denominação. Segundo [o historiador Pedro] Puntoni, “a Guerra dos Bárbaros foi igualmente
tomada pela historiografia como uma confederação das tribos hostis ao Império Português, um genuíno
movimento organizado de resistência ao colonizador”.
VICENTINO, Claudio; DORIGO, Gianpaolo. História geral e do Brasil, v. 2. São Paulo: Scipione, 2013. p. 91.

Também conhecido como Guerra dos Bárbaros, foi um conflito entre tapuias e colonos ocorrido no
território que corresponde ao atual sertão nordestino, entre a Bahia e o Maranhão. Trata-se da
a) Confederação dos Tamoios
b) Confederação dos Cariris
c) Guerras Guaraníticas
d) Cabanagem
e) Balaiada

54. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Conhecedores profundos do terreno e bem adaptados à natureza tropical, portugueses como Matias de
Albuquerque, indígenas como Felipe Camarão e negros como Henrique Dias idealizaram uma tática de
luta baseada na guerra de guerrilhas.
BUENO, Eduardo. Brasil, uma história: cinco séculos de um país em construção. São Paulo: Leya, 2012. Adaptado.
A desestruturação do domínio holandês no Nordeste do Brasil, resultado das lutas empreendidas de
décadas de batalhas que ficaram conhecidas como “Guerra Brasílica”, apresentou como consequência
para o Brasil
a) o fim da União Ibérica e a restauração do trono português.
b) a crise na economia açucareira, em razão da concorrência do açúcar antilhano.
c) a revogação dos tratados de fronteira firmados entre Portugal e Países Baixos.
d) o investimento na busca de metais preciosos, em razão do fim da produção do açúcar.
e) o aumento da autonomia da região açucareira, como estímulo da Coroa em se reaproximar dos
senhores de engenho.

55. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Das formas de escravização indígena consideradas legítimas mantiveram-se, com raras exceções, durante
quase todo o período colonial: as guerras justas e as expedições de resgate. Ambas eram regulamentadas
por leis que variavam conforme as disputas e as pressões dos interessados.

AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 71


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ALMEIDA, Maria Regina Celestino de. Os índios na história do Brasil. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2010. p. 84.

Em relação ao trabalho indígena na América Portuguesa, assinale a alternativa correta.


a) O caráter rudimentar do trabalho indígena, que não incluía o domínio do cultivo de espécies vegetais
ou da domesticação de animais, atravancou o desenvolvimento da Colônia.
b) A mão de obra indígena foi menos explorada no mundo colonial que a mão de obra africana, afinal ela
permaneceu restrita aos casos de guerra justa decretadas contra povos hostis.
c) Com a afirmação do tráfico de escravos africanos no Atlântico, a exploração da mão de obra indígena
caiu em desuso no Brasil por se mostrar menos rentável para a Coroa.
d) A mão de obra indígena foi largamente explorada no processo de ocupação da região Nordeste, mas
seu uso foi restrito nas atividades econômicas da região Centro-Sul.
e) Os jesuítas buscaram segregar os indígenas em comunidades para evitar que fossem utilizados como
escravos na Colônia, o que não significa que seu trabalho não fosse explorado.

56. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


A União Ibérica, que se estendeu entre os anos de 1580 a 1640, representou o domínio do Império
Português pela Coroa de Espanha durante os reinados de Filipe II e Filipe III. Sobre esse período, assinale
a alternativa correta:
A) A dominação castelhana por toda a Península Ibérica, há muito almejada pelos lusos, se deu por meio
da vitória do rei espanhol, Felipe II, nos conflitos travados contra o rei D. Sebastião, da dinastia de Avis,
que até então detinha a Coroa portuguesa.
B) A conquista do Nordeste açucareiro pelos Países Baixos, entre 1630 e 1654, foi uma consequência
direta da dominação espanhola sobre Portugal, afinal impôs o afastamento dos holandeses do comércio
do açúcar no Nordeste, o que estimulou represálias.
C) A intervenção espanhola na sucessão do trono português foi motivada pelo interesse da dinastia filipina
de exercer sua hegemonia sobre o Prata, assegurada a partir do domínio da América Portuguesa – e
consequentemente, da margem oriental do Rio Uruguai.
D) A dominação espanhola legou diversas transformações positivas ao mundo colonial, como a introdução
de um novo órgão administrativo, o Conselho Ultramarino, que reforçou a centralização iniciada com a
criação do governo-geral.
E) O processo de restauração e consolidação de uma nova dinastia em Portugal, a de Bragança, a partir
de um acordo de paz ratificado entre os governos luso e espanhol, o que deu fim de maneira pacífica, ao
domínio castelhano na porção portuguesa da Península Ibérica.

57. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


No Brasil, desde, 1504, tem-se notícias de comerciantes traficando pau-brasil ao longo da costa brasileira.
Mas, foi somente em 1555 que tiveram início as incursões de conquista no Brasil, com a fundação de uma
colônia que serviu de refúgio para calvinistas protestantes franceses. A conquista durou cerca de 12 anos,
quando foram expulsos, em 1567, pelos portugueses.
JOAN, Botelho. Conhecendo e debatendo a história do Maranhão. São Luís: Gráfica e Editora Impacto, 2019. p. 49.
A respeito das invasões francesas durante o período colonial, assinale a alternativa correta:

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a) a primeira tentativa de fundação de uma colônia pelos franceses se deu em um contexto em que
Portugal ainda não havia lançado esforços para dar início à ocupação do Brasil.
b) em 1612, Daniel de la Touche comandou uma ofensiva na região do Maranhão, onde fundou a cidade
de São Luís, sede da colônia nomeada de França Equinocial.
c) o processo de desarticulação da chamada França Antártica se deu durante a União Ibérica, quando os
franceses foram expulsos do Brasil pelos portugueses e seus aliados tupinambás.
d) pouco tempo depois de serem expulsos do Maranhão, os franceses empreenderam uma nova tentativa
de fundar uma colônia, dessa vez na baía de Guanabara.
e) a colônia fundada pelos franceses no Rio de Janeiro ficou conhecida como França Equinocial, enquanto
aquela criada anos depois, no Maranhão, foi batizada de França Antártica.

58. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Determinei que pusessem sua cabeça em um poste no lugar mais público desta praça, para satisfazer os
ofendidos e justamente queixosos e atemorizar os negros que supersticiosamente julgavam Zumbi um
imortal, para que entendessem que esta empresa acabava de todo com os Palmares.
GOMES, Laurentino. Escravidão: do primeiro leilão de cativos em Portugal à morte de Zumbi dos Palmares, volume 1. Rio de
Janeiro: Globo Livros, 2019. P. 420.

O trecho acima foi extraído de uma carta encaminhada pelo governador Melo e Castro ao rei de Portugal,
em março de 1696.Com base na descrição oferecida acima, é correto afirmar que:
a) a punição ao líder de Palmares enfraqueceu outras experiências quilombolas no período.
b) o desaparecimento de Zumbi estimulou teses sobre a sobrevivência de Palmares.
c) a construção de Zumbi como um mito foi iniciada no contexto da repressão à Palmares.
d) o suplício de Zumbi buscou combater práticas religiosas da comunidade afro-brasileira.
e) a violência empreendida contra o quilombo encerrou as práticas de resistência à escravidão.

59. (EsFCEx – Exército Brasileiro – CFO/QC / 2019)


Na América portuguesa, em consequência da ofensiva francesa e do declínio do trato asiático, foram
tomadas em 1534 medidas para o povoamento e a valorização do território.
(ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O Trato dos Viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p. 20).

As medidas mencionadas na afirmativa acima referem-se aos sistemas de administração que Portugal
empregou no Brasil no século XVI. Em ordem cronológica, a partir de 1534, tais sistemas foram
A) Feitorias e Governo Geral.
B) Capitanias Hereditárias e Governo Geral.
C) Governo Geral e Feitorias.
D) Governo Geral e Capitanias Hereditárias.
E) Feitorias e Capitanias Hereditárias.

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10. GABARITO

1. C 16. A 31. E 46. C


2. B 17. E 32. D 47. B
3. D 18. A 33. C 48. B
4. A 19. C 34. A 49. C
5. A 20. D 35. D 50. B
6. B 21. A 36. E 51. E
7. E 22. E 37. D 52. B
8. A 23. C 38. C 53. B
9. A 24. E 39. E 54. B
10. E 25. C 40. C 55. E
11. B 26. D 41. B 56. B
12. C 27. A 42. A 57. B
13. C 28. B 43. C 58. D
14. E 29. D 44. A 59. B
15. D 30. A 45. D

11. LISTA DE QUESTÕES

1. (2020/CN)
Leia o texto abaixo.
Esses escravos tinham mobilidade para circular na cidade, já que precisavam encontrar trabalho para
juntar a quantia em dinheiro que deveria ser entregue ao proprietário, além, é claro, de obter o seu
próprio sustento. Se, por um lado, esse tipo de trabalho livraria os proprietários da obrigação de
sustenta seus escravos, assim diminuindo os seus gastos, por outros, permitia certa autonomia aos
cativos, que arranjavam o seu próprio trabalho e cuidavam de suas despesas.
(Mattos, Regiane Augusto de. História e cultura afro-brasileira. 2ªed. 3ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2014, p. 112.Adaptado)

O texto faz referência a uma modalidade de trabalho escravo denominada


a) escravos de eito
b) escravos domésticos
c) escravo de ganho
d) escravo de “tigre”
e) escravo de liteira

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Comentários
Nos centros urbanos dos períodos colonial e imperial era comum a figura do escravo de ganho,
nome dado aos cativos que atuavam no comércio ou na prestação de serviços. Em Salvador, Recife e no
Rio de Janeiro, ou mesmo na região das minas, escravas preparavam e vendiam comidas nas ruas, tais
como mingaus, peixes fritos, acarajés e bolos. A presença dos escravizados no comércio era autorizada
pelos seus senhores, que recebiam parte do valor arrecadado ao final do dia ou de uma semana.
Os escravos de ganho possuíam a confiança de seus senhores, afinal percorriam longas distâncias
diariamente, com certa liberdade para ir e vir. Ao desempenhar tais atividades, muitos cativos conseguiam
acumular uma quantia suficiente para a compra de sua liberdade, chamada de alforria.
Feitas essas considerações, a alternativa C é a resposta. Vejamos as demais opções:
- A alternativa A está incorreta, afinal os escravos eram aqueles que trabalhavam nas lavouras agrícolas,
sobretudo nos canaviais, e dispunham de pouca de autonomia para circular nas cidades.
- A alternativa B está incorreta, afinal os escravizados domésticos eram aqueles que trabalhavam como
cozinheiras, pajens, amas de leite e arrumadeiras no interior das casas de seus senhores.
- A alternativa D está incorreta, pois os escravos apelidados de “tigres” eram encarregados do
recolhimento e despejo da urina e fezes de alguns moradores das cidades. A ureia e amônia que vazava
dos toneis carregados por eles deixavam marcas brancas sobre a pele, semelhante a listras.
- A alternativa E está incorreta, pois nem todos os escravos de liteira – ou seja, transportadores de pessoas
– eram de ganho.
Gabarito: C
2. (2019/Colégio Naval)
“Eu, EIRei, faço saber a vós, Tomé de Sousa, fidalgo de minha casa, que vendo eu quanto serviço de Deus
e meu é conservar e enobrecer as Capitanias e povoações das terras do Brasil e dar ordem e maneira com
que melhor e mais seguramente se possam ir povoando, para exalçamento da nossa Santa Fé e proveito
de meus Reinos e Senhorios, e dos naturais deles, ordenei ora de mandar nas ditas terras fazer uma
fortaleza e povoação grande e forte, em um lugar conveniente, para daí se dar favor e ajuda às outras
povoações e se ministrar justiça e prover nas cousas que cumprirem a meu serviço e aos negócios de
minha Fazenda e a bem das partes.
Fonte: Regimento que levou Tomé de Sousa Governador do Brasil, Almerím, 17/12/1548,Lisboa, Arquivo Histórico Ultramarino (AHU), códice 112, fls 1-9.

Sobre o texto, que é um importante marco da História do Brasil, é correto afirmar que representava
a) o objetivo da monarquia portuguesa de iniciar a colonização do Brasil cedendo territórios para que
grupos particulares pudessem explorá-los a custa de seus próprios recursos, enquanto o governo atuaria
como uma espécie de órgão regulador do que ficou conhecido como Capitanias Hereditárias.
b) a pretensão do governo português em promover a colonização efetiva do território brasileiro e de
estimular a produção colonial, sendo um dos seus primeiros atos a construção de uma cidade para ser a
capital da colônia, concretizada por Tomé de Sousa com a fundação de São Salvador em 1549.
c) o desejo português de não investir recursos no território colonial do Brasil, permitindo que grupos
privados construíssem feitorias com dois objetivos: a exploração do pau-brasil realizada a partir do
escambo com os indígenas e a proteção das ameaças estrangeiras.
d) o primeiro passo para o processo de povoamento da colônia, que previa a criação de uma capital
estruturada no modelo espanhol de ocupação do território, além da construção de estradas e sistemas
de coleta de esgoto em locais estratégicos, que serviriam de base para o surgimento de novas cidades.

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e) a ocupação efetiva do território colonial, principal mente após a descoberta de jazidas de ouro no
interior da colônia, que demandou mais recursos do governo português para a defesa da região de
invasores estrangeiros e de piratas que desejavam roubaras riquezas do Brasil.
Comentários
- A alternativa A está incorreta, afinal é a expedição de Martim Afonso de Souza para a América
Portuguesa, em 1530, o marco inicial do processo de ocupação do território, sendo ele dividido, alguns
anos depois, por meio do sistema de capitanias hereditárias.
- A alternativa B é a resposta. A criação do governo-geral, em 1548, objetivou a continuidade do
processo de ocupação do território brasileiro, a partir da centralização administrativa em torno de São
Salvador, cidade fundada por Tomé de Souza.
- A alternativa C está incorreta, pois a construção de feitorias é uma marca do período pré-colonial
brasileiro (1500-1530), quando a atenção da Coroa se voltava apenas ao lucrativo comércio de
especiarias no Oriente.
- A alternativa D está incorreta, pois as capitanias hereditárias da América Portuguesa era uma
reprodução do sistema administrativo já adotado por Portugal nos arquipélagos de Açores e de Cabo
Verde.
- A alternativa E está incorreta. Embora a ocupação do interior do continente americano pelos
portugueses tenha ocorrido após o achamento de ouro, no final do século XVII, os esforços de
colonização da América Portuguesa, expressos pelo Regimento do enunciado, se iniciam na primeira
metade do século XVI.
Gabarito: B

3. (2019/Colégio Naval)
Observe a charge a seguir:

A charge acima representa os primeiros anos logo após a chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil.
É correto afirmar que entre as principais características desse período temos a

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a) extração do Pau-Brasil por meio do estanco (troca), onde os indígenas realizavam o corte da madeira e
recebiam em troca objetos vistosos, mas de estimado valor, como espelhos, armamentos e tecidos
diversos.
b) extração das drogas do sertão por meio de trabalho escravo, pelo qual os exploradores aproveitaram
para iniciar o processo de ocupação territorial do Brasil a partir da construção de feitorias.
c) construção das primeiras feitorias com a finalidade de estimular a vinda de colonos para a produção de
riquezas, como a cana de açúcar, e consequentemente efetivar a ocupação do território brasileiro
garantindo a presença portuguesa.
d) extração do Pau-Brasil por meio do escambo (troca), onde os indígenas realizavam o corte e o
transporte da madeira recebendo em troca objetos de pouco valor, como espelhos, miçangas e
instrumentos de ferro.
e) distribuição das primeiras sesmarias, por meio de Estanco, aos donatários que estavam se instalando
no Brasil, destacando-se, nesse processo, o arrendatário Fernando de Noronha, que se notabilizou na
extração do Pau-Brasil.
Comentários
- A alternativa A está incorreta, pois estanco era o nome dado ao monopólio sobre um determinado
produto sob a forma legal. O próprio direito à exploração do pau-Brasil era um estanco adquirido por
diversos mercadores lisboetas.
- A alternativa B está incorreta, pois as drogas do sertão eram produtos de origem vegetal extraídos da
região amazônica, tais como o cacau, a castanha-do-pará, a baunilha e o guaraná. Já o pau-Brasil era
extraído na costa atlântica da América Portuguesa.
- A alternativa C está incorreta, pois a implantação das feitorias não expressava o intento de iniciar o
processo de colonização do Brasil, mas sim de explorar a riqueza que lhe dera este nome – o pau-brasil.
A ocupação do território só se daria a partir de 1530, com a expedição de Martim Afonso de Souza.
- A alternativa D é a resposta. Para explorar o pau-Brasil, produto com alto valor comercial no mercado
europeu, os portugueses implementaram o escambo, que consistia em pagar os nativos com
quinquilharias, tais como espelhos, pentes e facas, para que estes serrassem e transportassem a
madeira para as caravelas que aguardavam na costa.
- A alternativa E está incorreta, pois a distribuição de sesmarias se deu após o período pré-colonial
(1500-1530), em um momento em que a Coroa já se voltava para o processo de ocupação da América
Portuguesa.
Gabarito: D
4. (2007/Colégio Naval)
A chegada dos portugueses ao Brasil, além de ser o resultado de um processo administrado pela coroa
Portuguesa no século XV conjuntamente com a nobreza e a nascente burguesia, também:
a) auxiliou, entre outros aspectos, na consolidação e hegemonia portuguesa no Atlântico Sul.
b) se transformou, de imediato, em uma alternativa mercantil ao comércio português no Oriente.
c) demonstrou que o desvio da esquadra de Cabral seguia a mesma inspiração de Colombo para chegar
às Índias.
d) foi o resultado de uma reação de Portugal diante da concorrência dos mercadores italianos no Atlântico
Ocidental.
e) tinha por objetivo reforçar a supremacia portuguesa no Pacífico Oriental garantindo dessa forma o
caminho para a Índia.

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Comentários
- A alternativa A é a resposta. Conquistando diversos pontos da costa africana com suas feitorias e
implementando a ocupação da América Portuguesa a partir de 1530, Portugal se tornou a maior
potência econômica do Atlântico Sul, especialmente pelo comércio de escravizados africanos.
- A alternativa B está incorreta, pois após a expedição cabralina tomar posse da América Portuguesa, o
território permaneceu três décadas sem ser ocupado, já que os interesses da Coroa se voltavam para o
comércio com as Índias.
- As alternativas C e E estão incorretas, afinal os portugueses apostaram em viagens de circunavegação
do continente africano para traçarem uma rota para as Índias, que ficaram conhecidas como Périplo
Africano.
- A alternativa D está incorreta, pois os mercadores italianos concentravam suas atividades comerciais
no Mar Mediterrâneo, o que levou os ibéricos a buscarem novas rotas ultramarinas de acesso às
mercadorias orientais.
Gabarito: A
5. (2007/Colégio Naval)
No ano de 1494, portugueses e espanhóis assinaram o tratado de Tordesilhas, definindo a quem
pertenceriam as terras descobertas ou a descobrir. Segundo esse tratado, as terras localizadas a trezentos
e setenta léguas a oeste de Cabo Verde seriam da Espanha e as terras a leste, de Portugal. A linha
imaginária estabelecida pelo Tratado terminava ao sul no Estado de Santa Catarina, mais precisamente
na cidade de:
a) Laguna.
b) Criciúma
c) Imbituba.
d) Tubarão.
Comentários
A alternativa A é a resposta. O território português no Brasil começava próximo a onde atualmente se
encontra Belém, no Pará, e descia em linha reta até perto de Laguna, em Santa Catarina.
Gabarito: A
6. (2009/Colégio Naval)
Observe a charge abaixo, referente ao fim da presença holandesa no Nordeste Brasileiro no século XVII,
e responda a pergunta a seguir.

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NOVAIS, Carlos Eduardo e César Lobo, História do Brasil para Principiantes, De Cabral a Cardoso 500 anos de Novela, Editora
Ática - SP - 1998 - p.98

Pode-se afirmar que a charge refere-se, como consequência da expulsão dos holandeses, do Brasil,
a) ao início da produção holandesa na América Central, levando, de imediato, à crise da economia no
Brasil como um todo, que só se recuperou com a descoberta do ouro, na região das Minas Gerais.
b) à crise econômica do Nordeste brasileiro, devido à concorrência do açúcar do Brasil com a produção
açucareira holandesa nas Antilhas.
c) ao enfraquecimento da economia nordestina que não suportou a posterior invasão dos franceses no
Maranhão, onde fundaram a colônia denominada de França Equinocial.
d) à crise econômica do Nordeste brasileiro, após a 'expulsão dos holandeses da Bahia no ano de 1625.
e) à reafirmação da presença portuguesa no Nordeste brasileiro, possibilitando a retomada da produção
do açúcar na região que voltou a concorrer, em pé de igualdade, com o açúcar antilhano.
Comentários
- A alternativa A está incorreta, afinal a crise econômica se deu na região do Nordeste açucareiro.
- A alternativa B é a resposta. A expulsão dos holandeses do nordeste açucareiro fez com que os
invasores se instalassem na região das Antilhas, na América Central, onde passaram a produzir um
açúcar mais barato e de melhor qualidade, que desbancou o concorrente luso-brasileiro no comércio
internacional.
- A alternativa C está incorreta, pois os invasores estrangeiros representados pela charge são
holandeses. Sua expulsão se deu em 1644, ao passo que os franceses foram expulsos do Maranhão anos
antes, em 1615.
- A alternativa D está incorreta, a dominação holandesa se concentrou na região de Pernambuco.
- A alternativa E está incorreta, afinal o açúcar luso-brasileiro foi severamente afetado pela concorrência
do açúcar holandês cultivado nas Antilhas, dotado de maior qualidade e menor custo de produção.
Gabarito: B
7. (2009/Colégio Naval)
Em relação ao domínio da Holanda no Nordeste brasileiro durante o período colonial, é correto afirmar
que:

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a) a administração de Nassau caracterizou-se por medidas administrativas de grande importância, como
por exemplo: a reorganização da produção açucareira mediante um sistema de crédito aos senhores de
engenho, tolerância religiosa e o fim da Assembleia dos Escabinos, que limitava a participação política dos
proprietários rurais pernambucanos.
b) a invasão holandesa na Bahia (1624-1625), que contou com o apoio da "milícia dos descalços", liderada
pelo bispo Marcos Teixeira, foi desarticulada pela Jornada dos vassalos, frota luso-espanhola mandada à
Bahia com a missão de expulsar os holandeses da sede do Governo-Geral do Brasil.
c) a invasão holandesa em Pernambuco encontrou grande resistência por parte de grupos armados por
Matias de Albuquerque, no arraial do Bom Jesus. O arraial, que passou a ter a adesão cada vez maior de
senhores de engenho, foi o lugar onde começou a Insurreição Pernambucana.
d) a Insurreição Pernambucana, movimento de resistência local, contou desde o início com a ajuda da
Coroa portuguesa que, após o fim da União Ibérica, tinha todo o interesse em expulsar os holandeses e
reassumir o controle sobre a economia açucareira.
e) o fim da Nova Holanda deve-se, entre outros fatores, a uma conjuntura externa desfavorável à Holanda
que, por se envolver em guerras sucessivas na Europa, não pôde socorrer seus compatriotas no Brasil,
fato este que assegurou a vitória dos luso-brasileiros em 1654.
Comentários
- A alternativa A está incorreta. Quase todas as medidas mencionadas estão corretas, mas Nassau
ampliou a participação dos proprietários rurais pernambucanos na Assembleia dos Escabinos, espécie
de Câmara Municipal no Brasil Holandês.
- A alternativa B está incorreta, afinal os holandeses foram expulsos de Salvador justamente pela
“milícia dos descalços”.
- A alternativa C está incorreta, pois o processo de expulsão dos holandeses se iniciou na região do
Maranhão, enquanto Pernambuco só seria inteiramente reconquistado pelos luso-brasileiros em 1654.
- A alternativa D está incorreta, afinal a Insurreição Pernambucana foi um movimento que inicialmente
não contou com a participação da Coroa, mas apenas das elites coloniais insatisfeitas com as alterações
da política de crédito concedida pela administração holandesa em Pernambuco.
- A alternativa E é a resposta. Conflitos envolvendo holandeses e ingleses impediram que os primeiros
reforçassem seus efetivos na Nova Holanda, o que consequentemente possibilitou a vitória dos
insurretos pernambucanos.
Gabarito: E
8. (2005/Colégio Naval)
“ [...] Nela, até agora, não pudemos saber se há ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro
nem o vimos. [...] Em tal maneira e graciosa [a terra] que querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por
causa das águas que tem. [...] " (Pero Vaz de Caminha)
(CORTESÃO, Jaime. A Carta de Pero Vaz de Caminha. In: GASMAN, Lidinéa. Documentos Históricos Brasileiros. Rio de Janeiro,
Fename, 1976, pp. 23-4)

O relativo abandono que o Brasil passou nos primeiros trinta anos após o registro feito por Pero Vaz de
Caminha sobre as terras "descobertas" pela Coroa portuguesa deveu-se, entre outros aspectos,
a) à falta de recursos para implementar um projeto de exploração colonial semelhante ao da Espanha.
b) aos constantes ataques dos holandeses contra a frota da Companhia de Comércio do Brasil, o que
inviabilizou a colonização nesse período.

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c) à falta de uma produção organizada que pudesse ser comercializada imediatamente, não se
enquadrando dentro da perspectiva mercantilista da época.
d) à carência de mão-de-obra para o trabalho nos latifúndios canavieiros, o que só se solucionará com o
início do tráfico negreiro.
e) aos inúmeros levantes indígenas que queimavam as plantações e combatiam a presença portuguesa
na América.
Comentários
- A alternativa A é a resposta. O trecho da Carta de Caminha, escrivão da armada cabralina, revela que
não foram encontrados metais preciosos em 1500, o que dificultaria a implementação de um modelo de
ocupação semelhante ao inaugurado pelos espanhóis na América. Contudo, ele chama atenção para o
rei quanto aos recursos naturais encontrados, que possibilitariam o desenvolvimento de uma economia
colonial agroexportadora.
- A alternativa B está incorreta, afinal os ataques holandeses na América lusa se iniciariam no final do
século, em 1599.
- A alternativa C está incorreta. Apesar da Terra de Vera Cruz não atender de imediato os interesses
mercantilistas de Portugal, o território também seria explorado tendo em conta os princípios desta
política econômica, na medida em que se torna colônia do Império luso.
- A alternativa D está incorreta, uma vez que os engenhos de açúcar se utilizaram de mão de obra
indígena nos anos iniciais do processo de ocupação do litoral brasileiro.
- A alternativa E está incorreta, afinal a terra ainda não havia sido ocupada pelos lusos no contexto de
escrita da carta de Caminha.
Gabarito: A
9. (2005/Colégio Naval)
" [...] Submetido durante três séculos à potência europeia que maneja o maior mercado de escravos, o
Brasil converte-se no maior importador de escravos do Novo Mundo..."
(Alencastro, Luiz Felipe de - O Trato dos Viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul - São Paulo: Companhia das Letras, 2000.)

As razões que levaram a utilização de escravos africanos como mão-de-obra nas lavouras açucareiras do
Brasil foram
a) a redução considerável do número de índios no litoral e a oposição da Igreja Católica que combatia a
escravização indígena.
b) as dificuldades enfrentadas pelos índios em se adaptar ao trabalho na lavoura e a fácil adaptação dos
negros ao trabalho pesado.
c) a política de estado de preservação dos povos indígenas e os grandes lucros gerados para a Coroa
portuguesa com a venda dos escravos africanos.
d) o déficit populacional em Portugal e fato do negro ser mais dócil que o índio, aceitando o seu estado
de escravo.
e) a instituição prévia do emprego da mão-de-obra escrava em Portugal e a preguiça do índio no trabalho
na lavoura.
Comentários
Essa é uma questão que oferece diversos estereótipos em relação aos ameríndios e africanos.
Vejamos cada um deles:

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▪ Os indígenas não eram inaptos ao trabalho nem preguiçosos. Na verdade, o sistema escravista
não fazia parte das organizações sociais existentes na América, fazendo eclodir revoltas indígenas
em diversos pontos da Colônia.
▪ Os africanos não eram mais fortes ou “acostumados” à escravidão. O tráfico de escravizados
existia em alguns pontos do continente africano antes mesmo da chegada dos portugueses, ainda
que em condições bastante distintas. Contudo, isso não garantiu que os cativos africanos
capturados fossem mais dóceis, afinal diversas revoltas escravistas foram organizadas ao longo
da História colonial.
Tendo em conta os apontamentos acima, as alternativas B, D e E estão incorretas. A alternativa C
também está incorreta, afinal os indígenas não foram preservados pela Coroa, mas dizimados pelas
doenças e pelas guerras de conquista. Por fim, a alternativa A é a resposta, pois a continuidade da
escravidão indígena foi dificultada pelo desaparecimento de boa parte da população nativa a partir da
disseminação de moléstias de origem europeia. Além disso, a Igreja empenhou uma política de
catequização dos indígenas, dificultando sua escravização.
Gabarito: A
10. (2005/Colégio Naval)
Em 1534, o rei português D. João III instituiu um sistema de divisão do litoral do Brasil em capitanias. Tais
extensões territoriais variavam entre trinta e cem léguas no sentido da latitude, mas de extensão
indefinida para o interior; eram destinadas a serem comandadas por donatários que deveriam, entre
outras coisas, povoar, cultivar e defender as terras. Os motivos que levaram Portugal a colonizar o Brasil
foram
a) os constantes ataques indígenas e de estrangeiros aos núcleos de povoamento portugueses e o
aumento do preço da cana-de-açúcar na Europa.
b) a exploração do pau-brasil e a necessidade de punir os criminosos do Estado Português que vieram
degredados ao Brasil.
c) a instauração do tráfico negreiro na África e o início da empresa açucareira no nordeste brasileiro.
d) a fertilidade do solo brasileiro para o cultivo de gêneros tropicais e a exploração das drogas do sertão.
e) as ameaças estrangeiras em tomar o território brasileiro e a progressiva crise do comércio com o
oriente.

Comentários
- A alternativa A está incorreta, afinal não havia núcleos de povoamento durante o período pré-colonial,
uma vez que os interesses econômicos da Coroa se encontraram voltados para o rico comércio de
especiarias entre 1500 e 1530.
- A alternativa B está incorreta, pois a exploração de pau-brasil de seu durante todo o período pré-colonial
sem suscitar a formação de divisão administrativa do território.
- A alternativa C está incorreta, afinal a empresa açucareira e o tráfico de escravos no Atlântico foram
decorrentes do início do processo de ocupação do território, a partir de 1530.
- A alternativa E é a resposta. O início da colonização da América Portuguesa foi motivado pela decadência
do comércio de especiarias nas Índias, o que fez com que a Coroa volte suas atenções à exploração do
Novo Mundo. Além disso, as constantes tentativas de franceses e outros estrangeiros de explorarem o
território levou Portugal a lançar mão de recursos que estimulassem a ocupação do Brasil para combater
as ameaças externas.

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Gabarito: E
11. (2008/Colégio Naval)
Leia o trecho abaixo e responda a questão a seguir.
Visto como o rei de Espanha, nosso inimigo, possui ilegalmente estas terras e cidades, tendo destituído
de modo inconveniente e pouco cristão o verdadeiro dono do reino de Portugal (a qual pertence o Brasil)
(...) há razões de sobra para esperar a assistência da Divina Justiça na obra da Companhia no Brasil, que
pertence à Coroa Portuguesa. (...) (Ian Moerbeeck, 1624.)
FREIRE, Américo, Marly Silva da Motta e Dora Rocha - História em Curso, O Brasil e suas relações com o mundo Ocidental -
Ed. Do Brasil/Fundação Getúlio Vargas/CPDOC - pg 77.

O trecho demonstra um momento da História brasileira, na primeira metade do século XVII, quando o
Brasil
a) enfrenta diversas invasões estrangeiras, destacando-se os holandeses em Pernambuco e os franceses
no Rio de Janeiro, através do que ficou conhecido como França Equinocial.
b) devido à chamada União Ibérica, passa a enfrentar, entre outros aspectos, a invasão dos holandeses,
que buscavam ocupar as áreas de produção de açúcar.
c) sofre constantes ataques piratas dos ingleses em Santos e Recife, com a finalidade de saquear a
produção açucareira e estabelecer colônias nestas regiões.
d) devido à União Ibérica, enfrenta diversas invasões estrangeiras, podendo-se citar a dos Franceses no
Maranhão, na ocupação que ficou conhecida como França Antártica.
e) passa a sofrer um aumento abusivo de impostos, devido à União Ibérica, estimulando revoltas de
colonos e adesões aos invasores holandeses, ingleses e franceses no Brasil.
Comentários
- As alternativas A e D estão incorretas. A colônia francesa instalada no Rio de Janeiro recebeu o nome de
França Antártica, que perdurou entre os anos de 1555 e 1560. Após serem expulsos da Baía de Guanabara,
os franceses tentaram implementar, em 1612, uma colônia na região no Maranhão, batizada de França
Equinocial.
- A alternativa B é a resposta. A partir da União Ibérica, período que vai 1580 e 1640, foi marcado pela
submissão de Portugal à Coroa espanhola, que impõe aos lusos o fim do comércio com os holandeses.
Isso atrapalhava a participação desses estrangeiros no refino e comércio do açúcar, o motivando-os a
ocupar a área voltada ao fabrico do produto.
- A alternativa C está incorreta. Piratas ingleses chegaram a promover saques de açúcar em Santos, mas
não foram realizados ataques em Recife.
- A alternativa E está incorreta. Embora os invasores holandeses tenham logrado êxito em conquistar o
apoio das elites açucareiras em Pernambuco, franceses e ingleses não contaram com a cooperação dos
colonos em suas incursões pelo território brasileiro.
Gabarito: B
12. (2006/Colégio Naval)
Quando esteve em São Vicente, no ano de 1532, Martin Afonso recebeu uma carta do rei anunciando a
decisão de promover o povoamento do Brasil com a implantação de um sistema que já havia sido utilizado
com êxito nas ilhas portuguesas do Atlântico. O comentário acima refere-se ao Sistema de Capitanias
Hereditárias por meio do qual

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a) tinha-se a finalidade de organizar a ocupação territorial, dividindo o território em áreas subordinadas
a um Governador Geral.
b) o governo português, em parceria financeira com o capital privado, executaria todo o processo de
colonização da terra.
c) o governo português transferia para os donatários a responsabilidade financeira da colonização da
terra.
d) o governo português buscava estabelecer uma ocupação territorial com o poder político centralizado
para melhor controlar a colônia.
e) organiza-se a ocupação do território a partir da criação de comunidades politicamente independentes
em relação ao Estado Português.
Comentários
- A alternativa A está incorreta, afinal o governo geral só foi implementado no Brasil em 1548, em resposta
ao fracasso do sistema de capitanias hereditárias.
- A alternativa B está incorreta, afinal o processo de ocupação da terra foi entregue à particulares,
chamados de capitães-donatários.
- A alternativa C é a resposta. Em 1534, a Coroa portuguesa replicou o sistema de colonização empregado
nas ilhas de Açores e da Madeira na América, denominado capitanias-hereditárias. O território foi
dividido em extensas faixas de terras, as capitanias, e entregues a particulares para que pudessem povoá-
las com seus próprios recursos.
- A alternativa D está incorreta. Após boa parte das capitanias hereditárias não apresentarem o resultado
esperado, a Coroa criou o governo geral, que centralizava a administração na Colônia em Salvador. Com
isso, o governador geral passava a ser a maior autoridade em solo colonial, dispondo de atribuições
militares (defesa da Colônia), administrativas (gerir as finanças da Colônia), judiciárias (nomear quadros
da Justiça) e eclesiásticas (nomear sacerdotes).
- A alternativa E está incorreta, afinal todos os povoamentos criados na América Portuguesa respondiam
à metrópole.
Gabarito: C
13. (2004/Colégio Naval)
Assinale as afirmativas abaixo, em relação aos Tratados assinados entre Portugal e Espanha sobre as terras
do "novo mundo" encontradas durante a expansão marítima.
I - A descoberta dessas novas terras gerou polêmica entre Portugal e Espanha quanto à sua posse, cabendo
ao Papa Bonifácio IV desempenhar o papel de árbitro internacional.
II - Em 1491, foi proclamada a Bula Intercoetera, segundo a qual seria traçada uma linha imaginária, a
partir da Ilha da Madeira, 100 léguas em direção ao Ocidente. III- Em 1494, celebrou-se o Tratado de
Tordesilhas, que determinava a distância para 370 léguas a partir do Arquipélogo de Cabo Verde.
IV - O Tratado de Tordesilhas demarcou os direitos de exploração dos países ibéricos, tendo como
elemento propulsor o desenvolvimento da expansão marítima e comercial.
V - A consolidação do reino português, por meio da exploração das especiarias africanas e a formação do
exército nacional foram estimulados pelo Tratado de Tordesilhas.
Assinale a opção correta.
a) As afirmativas I, II e V são verdadeiras.
b) As afirmativas II e V são verdadeiras.

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c) As afirmativas III e IV são verdadeiras.
d) Apenas a afirmativa II é verdadeira.
e) Apenas a afirmativa V é verdadeira.
Comentários
- A afirmativa I está incorreta, afinal os acordos entre Portugal e Espanha foram mediados pelo papa
Alexandre VI.
- A afirmativa II está incorreta, pois a bula papal traçava uma linha imaginária a partir da Ilha de Açores.
- A afirmativa III está correta. Insastisfeito com a Bula Intercoetera, Portugal sugeriu a criação de uma
nova linha imaginária, situada a 370 léguas de Cabo Verde. Dessa forma, os lusos também poderiam
garantir sua porção de terras no Novo Mundo, o que foi acatado pelos espanhóis. Em 7 de junho de
1494 foi assinado o Tratado de Tordesilhas, que designou terras a leste para Portugal e a oeste para
Espanha.
- A afirmativa IV está correta, afinal o Tratado de Tordesilhas dividiu entre as monarquias ibéricas os
domínios alcançados durante as Grandes Navegações.
- A afirmativa V está incorreta, pois o Tratado de Tordesilhas não estipulava a formação de exércitos
nacionais, mas a divisão dos territórios que compunham os Impérios ultramarinos ibéricos.
Estando corretas as afirmativas III e IV, a alternativa C é a resposta.
Gabarito: C
14. (2004/Colégio Naval)
A crise de sucessão portuguesa originada com a morte do rei D. Sebastião, na Batalha de Alcácer-Quibir e
continuada com a morte de seu substituto, o Cardeal D. Henrique, sem deixar sucessor direto, resultou
na conquista de Portugal por Felipe II, em 1580. Esse fato ficou conhecido como
a) Revolução de Avis, que pôs fim a dinastia de Borgonha e deu início a um novo período em Portugal
resultando na expansão marítima e comercial.
b) Guerra de Reconquista, luta entre cristãos e muçulmanos onde o Reino de Portugal estava envolvido,
levando à morte do monarca.
c) Juramento de Tomar, com a morte do rei português a Espanha assume o monopólio do comércio
colonial português, e coloca toda a administração do Brasil nas mãos de espanhóis.
d) A Revolução do Porto, onde camponeses, artesãos, funcionários públicos e militares, liderados pela
burguesia comercial do Porto exigem a volta da monarquia portuguesa ao poder.
e) União Ibérica, unificação de Portugal e Espanha devido à vacância do trono português, originada pela
morte do cardeal D. Henrique.
Comentários
- A alternativa A está incorreta. A Revolução de Avis foi um processo que contribuiu para a centralização
política de Portugal, mas que antecedeu a morte de D. Sebastião.
- A alternativa B está incorreta, pois a Batalha de Alcácer-Quíbir, na qual faleceu D. Sebastião, foi
posterior ao processo de Reconquista da península ibérica, concluído em 1492, com a tomada de
Granada.
- A alternativa C está incorreta, afinal o Juramento de Tomar foi um documento em que o rei Felipe II se
comprometia a resguardar certas prerrogativas em relação à administração colonial para os
portugueses.

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- A alternativa D está incorreta. A Revolução do Porto foi um processo irrompido em 1821, que
demandava o retorno de D. João VI para Portugal e sua submissão às Cortes. O movimento implantou
uma monarquia constitucional em Portugal.
- A alternativa E é resposta. Em 1578, o rei português D. Sebastião foi morto em combate contra os
árabes no Marrocos, durante a Batalha de Alcácer-Quibir. Ele foi sucedido pelo tio-avô, D. Henrique, que
falece dois anos depois e sem deixar herdeiros diretos. A partir daí, inicia-se uma disputa pela sucessão
do trono de Portugal, da qual saiu vitorioso o monarca Filipe II de Espanha e que se torna rei das duas
monarquias ibéricas. O período que vai 1580 e 1640, quando os reis espanhóis acumularam as coroas
dos dois Estados da península, ficou conhecido entre os historiadores como União Ibérica.
Gabarito: E
15. (2004/Colégio Naval)
"As invasões holandesas que ocorreram no século XVII foram o maior conflito político-militar da Colônia.
Embora concentradas no nordeste, elas não se resumiram a um simples episódio regional. Ao contrário,
fizeram parte do quadro das relações internacionais entre os países europeus, revelando a dimensão da
luta pelo controle do açúcar e das fontes de suprimento de escravos. [...] O ataque a Pernambuco se
iniciou em 1630, com a conquista de Olinda. A partir desse episódio, a guerra pode ser dividida em três
períodos distintos. [...] O segundo período,entre 1637 e 1644, caracteriza-se por relativa paz, relacionada
com o governo do príncipe holandês Maurício de Nassau, que foi o responsável por uma série de
importantes iniciativas políticas e realizações administrativas."
(Fausto, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2004.p.84 e 85.)

São características do governo Maurício de Nassau, EXCETO:


a) concessão de créditos aos senhores de engenho.
b) investimentos em obras urbanas, sendo construídas pontes e obras sanitárias.
c) criação da cidade de Maurícia, hoje um bairro da capital pernambucana.
d) a intolerância religiosa, pois Nassau que era calvinista, perseguiu outros segmentos religiosos.
e) estímulo à vinda de artistas, naturalistas, médicos e astrônomos.
Comentários
- A alternativa A está correta. Assim que pisou na capitania de Pernambuco, Maurício de Nassau
começou a trabalhar para a recuperação da região, vendendo a crédito engenhos abandonados por
senhores que fugiram para a Bahia.
- A alternativa B está correta. Nassau promoveu melhorias urbanas em Recife, tais como o calçamento
de ruas e a construção de pontes, proibiu o descarte de lixo nas vias públicas e o despejo do bagaço da
cana nos rios.
- A alternativa C está correta, afinal Maurícia corresponde à parte da capital pernambucana.
- A alternativa D está incorreta, afinal Nassau implantou a liberdade religiosa em Pernambuco,
permitindo católicos e judeus professarem livremente suas crenças, o que fez surgir em Recife a
primeira sinagoga da América Portuguesa.
- A alternativa E está correta. Botânicos e médicos se dedicaram a estudar a fauna, flora e as doenças
tropicais que assolavam os colonos, enquanto artistas patrocinados por Nassau registraram o cotidiano
na colônia, suas paisagens e as populações indígenas.
Gabarito: D
16. (2018/Colégio Naval)

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Leia o texto abaixo e responda a pergunta a seguir.
[...] Além da capitania, em 1541 foi instalada a vila de Olinda, com a repetição de todas as formalidades
de São Vicente: títulos de sesmarias, lista de homens bons aptos a votar, eleição de vereadores,
alternância no poder. [...] Em Pernambuco passou a funcionar de maneira efetiva a autoridade do
donatário, em dois sentidos, No das receitas, implantou cobrança de impostos, inclusive com repasses ao
rei, e tais recursos financiavam serviços delegados ao donatário, como o de atuar como instância mais
alta que o Judiciário da vila e o de controlar a vida civil.
(CALDEIRA, Jorge. História da Riqueza no Brasil. Rio de Janeiro: Estação Brasil, 2017.)

De acordo com o texto é correto afirmar que o autor buscou descrever as medidas que:
a) levaram a capitania de Pernambuco a prosperar.
b) causaram o impasse político responsável pela Guerra dos Mascates.
c) levaram o sistema de capitanias hereditárias a fracassar.
d) causaram o impasse político gerador da Insurreição Pernambucana.
e) transformaram as capitanias hereditárias em governo-geral.
Comentários
- A alternativa A é a resposta. Embora tenha fracassado em muitas partes do país, o sistema de
capitanias hereditárias implementado em 1534 logrou êxito em Pernambuco e São Vicente.
- A alternativa B está incorreta, afinal a Guerra dos Mascates foi uma reação das elites açucareiras de
Olinda à elevação de Recife à condição de vila.
- A alternativa C está incorreta, pois descreve uma realidade onde o sistema de capitanias funcionou, a
região de São Vicente.
- A alternativa D está incorreta, pois a Insurreição Pernambucana foi um movimento que levou à
expulsão dos holandeses do Brasil.
- A alternativa E está incorreta, afinal o governo-geral foi um sistema que coexistiu com as capitanias-
hereditárias até a Era Pombalina.
Gabarito: A
17. (2007/Colégio Naval)
No ano de 1494, portugueses e espanhóis assinavam o Tratado de Tordesilhas partilhando o mundo entre
eles, fato que posteriormente recebeu a crítica da França, Inglaterra e Países Baixos, entre outros que
passaram a questionar a exclusividade da partilha do mundo entre as nações ibéricas.
Entre os fatores que demonstram tal questionamento pode-se citar a
a) frequente presença holandesa em terras brasileiras questionando a soberania portuguesa através do
intenso comércio do açúcar praticado na capitania de Pernambuco.
b) presença francesa no Maranhão ocasionando, entre outros aspectos, a fundação da cidade de São Luís
no final do século XVI.
c) presença inglesa, principalmente através de piratas financiados pelo governo inglês, os quais por várias
vezes tentaram estabelecer colônias nas terras brasileiras.
d) invasão holandesa no Recife motivada unicamente pelos conflitos que tinha com a Espanha.
e) presença frequente de franceses nos primeiros momentos da colonização portuguesa, destacando a
criação da França Antártica no Rio de Janeiro.

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Comentários
- A alternativa A está incorreta, afinal a participação dos holandeses na empresa açucareira foi
inicialmente permitida pelos portugueses, que não dispunham de técnicas de refino do produto.
- A alternativa B está incorreta, pois São Luís foi fundada em 1612, no século XVII.
- A alternativa C está incorreta, afinal as incursões inglesas não objetivavam fundar colônias, mas saquear
o litoral brasileiro.
- A alternativa D está incorreta, pois as invasões holandesas tinham em conta principalmente interesses
econômicos dos holandeses no negócio açucareiro.
- A alternativa E é a resposta. O rei francês Francisco I, ao saber da assinatura do Tratado de Tordesilhas,
teria comentado: “gostaria de ver a cláusula do testamento de Adão que me afastou da partilha do
mundo”. Sem reconhecer a legitimidade do acordo, os franceses buscaram assegurar seus territórios na
América, invadindo domínios coloniais dos portugueses.
Gabarito: E
18. (2017/Colégio Naval)
Leia o texto a seguir.
Eleito Jerônimo de Albuquerque por capitão-mor da conquista do Maranhão, como temos dito, se foi logo
às aldeias do nosso gentio pacífico, e por lhes saber falar bem a língua, e o modo com que se levam,
ajuntou quantos quis: contarei só do que houve em uma aldeia, para que se veja a facilidade com que se
leva este gentio de quem os entende e conhece, e foi que pôs a uma parte bom feixe de arcos, e flechas,
a outra outro de rocas, e fusos, e mostrando-Ihos lhes disse: “Sobrinhos, eu vou à guerra, estas são as
armas dos homens esforçados e valentes, que me hão de seguir; estas das mulheres fracas, e que hão de
ficar em casa fiando; agora quero ouvir quem é homem, ou mulher". As palavras não eram ditas, quando
se começaram todos a desempunhar, e pegar dos arcos, e flechas, dizendo que eram homens, e que
partissem logo para a guerra; ele os quietou, escolhendo os que havia de levar, e que fizessem mais
flechas, e fossem esperar a armada ao Rio Grande, onde de passagem os iria tomar. (...)
Feito isto se embarcaram todos dia de S. Bartolomeu, 24 de agosto da era de 1614 anos, em uma caravela,
dois patachos e cinco caravelões (...)
(Frei Vicente do Salvador)
É correto afirmar que o relato do Frei Vicente do Salvador está relacionado à retomada do território que
ficou conhecido como
a) França Equinocial.
b) França Antártica.
c) Brasil holandês.
d) Quilombo dos Palmares.
e) Cisplatina.
Comentários
- A alternativa A é a resposta. Após serem expulsos pelos portugueses da Baía de Guanabara, os franceses
empreenderam uma nova invasão ao Maranhão, onde fundaram a chamada França Equinocial. A iniciativa
foi comandada por Daniel de la Touche, e teve a duração de três anos (1612-1615).
- A alternativa B está incorreta. Em 1555, os franceses invadiram a América Portuguesa e fundaram o
forte Coligny, em uma das ilhas da baía de Guanabara, Rio de Janeiro. A colônia francesa, chamada de
França Antártica, durou apenas cinco anos, sendo derrotada pelo terceiro-governador geral, Mem de Sá,
em 1560.

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- A alternativa C está incorreta, pois a ocupação dos holandeses no Nordeste se deu entre os anos de 1630
e 1654, coordenada pela Companhia das Índias Ocidentais.
- A alternativa D está incorreta, pois Palmares não foi um território tomado por estrangeiros, mas uma
comunidade de resistência organizada por escravizados e seus descendentes.
- A alternativa E está incorreta, pois a Cisplatina foi ocupada pelos portugueses a partir do período joanino,
entre 1811 e 1812. O território foi anexado ao Brasil no contexto da independência, porém obteve sua
emancipação por meio da Guerra da Cisplatina (1825-1828), quando se tornou a Banda Oriental do
Uruguai.
Gabarito: A
19. (2006/Colégio Naval)
No que se refere a Duarte da Costa, o segundo governador geral do Brasil, pode-se citar, entre as
características do seu governo,
a) a expulsão dos franceses e, consequentemente, a fundação da cidade do Rio de Janeiro.
b) o apaziguamento da chamada Confederação dos Tamoios, utilizando-se da ajuda dos Jesuítas, entre
eles José de Anchieta.
c) a inabilidade em se relacionar com membros da igreja e a incapacidade de impedir a invasão francesa
no Rio de Janeiro.
d) o incentivo à agricultura e à pecuária por meio de vultosos empréstimos aos senhores de engenho.
e) o estímulo à vinda de jesuítas com a finalidade de intensificar o processo de catequese sobre as
comunidades indígenas.
Comentários
- A alternativa A está incorreta, afinal a expulsão dos franceses ocorreu durante o governo do terceiro
governador-geral do Brasil, Mem de Sá, em 1624.
- A alternativa B está incorreta, afinal a chamada Confederação dos Tamoios também foi combatida
durante a gestão de Mem de Sá, contando com o apoio dos aliados tupiniquim.
- A alternativa C é a resposta. A gestão de Duarte da Costa foi marcada por conflitos com o bispo D. Pedro
Fernandes Sardinha e com os jesuítas, contrários à omissão do governador-geral diante da escravidão
indígena. Além disso, foi durante o seu governo que ocorreu a fundação da França Antártica na baía de
Guanabara.
- A alternativa D está incorreta, afinal empréstimos aos senhores de engenho são comumente associados
à gestão de Maurício de Nassau, representante da Companhia das Índias Ocidentais no Brasil.
- A alternativa E está incorreta. Embora o governo de Duarte da Costa tenha sido marcado pela vinda de
jesuítas, a catequização dos nativos não foi apoiada, o que levou a desentendimentos com os
missionários.
Gabarito: C
20. (2004/Colégio Naval)
Os trinta anos que vão da chegada de Cabral à de Martin Afonso de Sousa, 1500-1530 no Brasil, é
denominado período pré-colonial. Qual das opções abaixo, apresenta características desse período?
a) De 1500 a 1530 a economia brasileira gravitou em torno da extração de especiarias conhecidas como
"Drogas do Sertão". Os indígenas traziam para as feitorias no litoral e faziam o escambo com portugueses
dessas "especiarias brasileiras".

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b) A carta de Pero Vaz de Caminha aguçou a cobiça dos portugueses pela riqueza. O que propiciou uma
imediata ocupação do território colonial brasileiro com o objetivo de explorar as riquezas, aqui,
existentes.
c) Durante esse período o Brasil não sofreu invasões de outras nações, pois Portugal organizou várias
expedições guarda-costas, como as de Cristóvão Jacques, o que inibiu a tentativa de invasão por parte
dessas nações.
d) A economia pré-colonial centrou-se no pau-brasil. A extração do pau-brasil foi declarada estanco, onde
o primeiro arrendatário foi Fernão de Noronha.
e) O ciclo do pau-brasil foi utilizado para colonizar a terra, principalmente no nordeste, o que permitiu o
início da exploração agrícola pelos portugueses fixando o colono à terra.
Comentários
- A alternativa A está incorreta, afinal a exploração das drogas do sertão se deu no período colonial,
sobretudo a partir do século XVII.
- A alternativa B está incorreta, afinal a ocupação dos portugueses foi iniciada por meio da expedição de
Martim Afonso de Souza, em 1530.
- A alternativa C está incorreta, pois as expedições de Cristóvão Jacques foram organizadas em resposta
às invasões empreendidas por estrangeiros na costa, principalmente franceses.
- A alternativa D é a resposta. Em 1502, os portugueses iniciaram a exploração do pau-Brasil, árvore já
utilizada na Europa para a extração de um corante de cor avermelhada, com o qual eram tingidos os
tecidos. Tendo em vista seu alto valor comercial, a Coroa estabeleceu o monopólio real sobre a exploração
da madeira, chamado de estanco, o que não impediu que navegadores espanhóis, ingleses e franceses
desafiassem o Tratado de Tordesilhas para contrabandear o produto para seus respectivos países. O
monopólio de exploração do pau-brasil esteve nas mãos de Fernando de Noronha, entre 1503 e 1505.
- A alternativa E está incorreta, afinal a exploração do pau-brasil não era acompanhada por esforços de
ocupação da terra nas três primeiras décadas do século XVI.
Gabarito: D
21. (2004/Colégio Naval)
Foi por meio do "Regimento de 1548", que se instalou e se regulamentou um novo sistema político na
colônia portuguesa: o Governo Geral. Em que contexto se inseriu a criação do Governo Geral, no Brasil?
a) Na tentativa de centralizar o poder e a administração pública, no fracasso econômico do sistema de
capitanias hereditárias, na vulnerabilidade do Brasil às investidas estrangeiras e na inviabilidade de se
promover a colonização com recursos particulares.
b) Na grande expansão econômica e comercial que Portugal estava passando, devido à intensificação do
comércio com o oriente, especialmente com a Índia, o que permitiu uma acumulação de capital por parte
da coroa portuguesa para investir no Brasil.
c) Na extinção das capitanias hereditárias devido ao insucesso a que elas se submeteram, precisando
assim a coroa portuguesa criar uma nova forma de administração para a colônia.
d) No equilíbrio da Balança comercial portuguesa, devido à extração do ouro na região de Minas Gerais,
o que permitiu acumular capital suficiente para investir na estrutura da administração colonial.
e) Na intenção da coroa portuguesa em se desfazer do monopólio real sobre a extração do pau-brasil,
dando a incumbência ao Governador-Geral de transferir a comercialização desse produto para as mãos
das companhias comerciais.
Comentários

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- A alternativa A é a resposta. Diante do fracasso do sistema de capitanias-hereditárias, ineficaz no
estímulo ao desenvolvimento de atividades econômicas e de ocupação do solo, a Coroa lusa implementou
o governo-geral, que centralizou a administração e tomou as rédeas do processo de colonização. Coube
aos governadores o comando militar e defesa da Colônia, conduzir as finanças da América lusa, nomear
os quadros da Justiça e os sacerdotes das paróquias.
- A alternativa B está incorreta, afinal a ocupação da América Portuguesa se deu em um momento de crise
do comércio estabelecido com as Índias.
- A alternativa C está incorreta, afinal o governo-geral coexistiu com as capitanias-hereditárias, que só
foram extintas durante o governo pombalino, em 1759.
- A alternativa D está incorreta, afinal a exploração aurífera ocorreu em um contexto posterior à
implementação dos governos-gerais, ao final do século XVII.
- A alternativa E está incorreta, afinal a Coroa continuou a dispor do estanco sobre a extração do pau-
brasil no contexto do governo-geral, porém se buscava o desenvolvimento de outras atividades
econômicas no período.
Gabarito: A
22. (CN/2004)
"O Brasil é um Dom do açúcar". Essa frase é atribuída a Antonil, um jesuíta toscano, que visitou as terras
brasileiras no século XVI. Sua impressão não poderia ser outra: a metrópole portuguesa parecia disposta
a transformar o Brasil num imenso canavial. A produção açucareira tornava-se o objetivo principal da
coroa portuguesa, pois o pacto colonial estruturava as relações entre a colônia e a metrópole de maneira
a canalizar todo o lucro do açúcar para Portugal. Foram vários os motivos que levaram Portugal a investir
no açúcar.
Assinale a opção que NÃO representa um desses motivos
a) Os portugueses tinham experiência anterior, com a expansão marítima e comercial, pois, durante este
processo, povoaram algumas ilhas do Atlântico com Madeira, Açores e Cabo Verde, onde iniciaram a
cultura da cana.
b) As condições naturais da colônia eram propícias. O litoral nordestino brasileiro possuía clima quente e
úmido, além do solo massapê, ambos muito propícios ao plantio da cana-de-açúcar.
c) Havia procura no mercado europeu. A colonização só interessaria à coroa portuguesa se baseada num
produto de ampla aceitação no mercado consumidor europeu. O açúcar preenchia esse requisito.
d) Dada a rentabilidade da empresa açucareira havia a possibilidade de investimentos de capitais
holandeses para refino, distribuição, importação de mão-de-obra escrava.
e) Exigência da Inglaterra para que Portugal explorasse a cana-de-açúcar no Brasil, pois com a produção
sendo feita em colônias portuguesas, os ingleses garantiriam sua compra por preços mais baixos.
Comentários
Questão sobre o complexo açucareiro. Vejamos:
- A alternativa A é correta, a expansão marítima portuguesa teve em suas possessões nas ilhas do
Atlântico um ponto estratégico para a implantação de sistema de exploração comercial, o açúcar.
- A alternativa B é correta, o massapê é um solo muito fértil excelente para a produção agrícola, e se
encontra em abundância na região do nordeste, principalmente em Pernambuco. Tendo sido muito
importante para a implantação da economia do açúcar.

AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 91


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- A alternativa C é correta, a produção colonial, principalmente, do açúcar era voltada para o mercado
externo. No contexto de exploração marítima e da busca por especiarias, o açúcar era um produto
bastante requisitado no mercado europeu.
- A alternativa D é correta, os holandeses desempenharam um papel importante na consolidação da
economia açucareira. Investiam capital no negócio e funcionavam como atravessadores e
intermediários no processo.
- A alternativa E é incorreta, pois a implantação da economia do açúcar no Brasil se baseou nas
experiências portuguesas em suas colônias nas ilhas atlânticas.
Gabarito: E

23. (EsFCEx – Exército Brasileiro – CFO/QC / 2019)


A respeito da ocupação territorial da Capitania de São Vicente e do contato dos portugueses com os
nativos, analise as afirmativas a seguir:
I. Ao chegarem a São Vicente, os primeiros portugueses, reconhecendo de imediato a importância
fundamental da guerra nas relações intertribais, procuraram tirar proveito delas para efetivarem a
ocupação da terra.
II. Considerando o estado de união política que imperava no Brasil indígena, as perspectivas de conquista,
dominação e exploração passariam por alianças forjadas por rivalidades que não havia entre os nativos,
o que levaria ao rompimento de sua unidade e, consequentemente, à sua total aniquilação.
III. Aos olhos dos invasores, a presença de um número considerável de prisioneiros de guerra prometia
um possível mecanismo de suprimento de mão de obra cativa para os eventuais empreendimentos
coloniais.
IV. Os índios percebiam vantagens imediatas na formação de alianças com os europeus, particularmente
nas ações bélicas conduzidas contra os inimigos mortais.
Assinale
A) se apenas as afirmativas I, II e III estiverem corretas.
B) se apenas as afirmativas II, III e IV estiverem corretas.
C) se apenas as afirmativas I, III e IV estiverem corretas.
D) se apenas as afirmativas I, II e IV estiverem corretas.
E) se todas as afirmativas estiverem corretas.
Comentários
- A afirmativa I está correta, afinal os portugueses se utilizaram das rivalidades pré-existentes entre os
povos indígenas para facilitar o processo de conquista. Dessa maneira, se aliavam a povos que aceitaram
a colonização para combater aqueles que se opunham.
- A afirmativa II está incorreta, afinal não havia uma unidade entre os indígenas antes da conquista
portuguesa na América. Em verdade, o antagonismo existente entre determinados povos em muito
contribuiu para o processo de colonização, na medida em que os portugueses se aliaram a alguns grupos
para combater outros, tendo como base as rivalidades pré-existentes.
- A afirmativa III está correta, afinal a escravidão indígena foi largamente praticada no período, sendo os
nativos empregados nas lavouras e em outras atividades produtivas da Colônia.
- A afirmativa IV está correta, uma vez que uma aliança com os lusos poderia significar para os nativos
possibilidade de aniquilamento de grupo rival.
Estando corretas as afirmativas I, III e IV, a alternativa C é a correta.

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Gabarito: C

24. (Exército - 2013 - EsFCEx - Oficial - Informática)


As afirmativas abaixo tratam do sistema de capitanias hereditárias e do estabelecimento do governo geral
na América portuguesa. Analise-as e marque a opção correta.
I. Entre as motivações para a criação do sistema administrativo de governo geral nas possessões
portuguesas da América estava o risco de perda de parte do território para os franceses.
II. A criação do sistema de capitanias hereditárias, implantado na América portuguesa durante a década
de 1530, foi uma decisão que provocou um acelerado crescimento populacional e produtivo na região em
poucas décadas.
III. Entre as prerrogativas entregues pelo rei de Portugal aos capitães donatários, encontravam-se a de
doar terras, a de reter para si parte da renda da produção e a de monopolizar a justiça, o que incluía o
poder de condenar à morte em certos casos.
A) somente I é correta.
B) somente II é correta.
C) somente III é correta.
D) somente I e II são corretas.
E) somente I e III são corretas.
Comentários
- A afirmativa I está correta. Diante dos sucessivos ataques franceses na América Portuguesa, a Coroa
deu início ao processo de ocupação do território a partir de 1530, com a expedição de Martim Afonso de
Souza. Pouco tempo depois, criou o sistema de capitanias hereditárias, que dividiu o território brasileiro
em extensas faixas de terra e as entregou a particulares, que eram encarregados, dentre outras
atribuições, de proteger o território de invasores estrangeiros.
- A afirmativa II está incorreta, afinal somente Pernambuco e São Vicente prosperaram a partir da
criação do sistema de capitanias hereditárias. Dessa maneira, o território da América Portuguesa
prevaleceu predominante desocupado nos séculos seguintes.
- A afirmativa III está correta. Os capitães-donatários, todos fidalgos, funcionários da Coroa e
comerciantes portugueses, eram encarregados de proteger o território de invasores estrangeiros,
explorá-lo economicamente e exercer o poder de justiça.
Estando corretas as afirmativas I e III, a alternativa E é a resposta.
Gabarito: E

25. (Exército - 2013 - EsFCEx - Oficial - Informática)

No contexto colonial, a escravidão indígena foi limitada por diversos fatores. Sobre o tema, analise as
afirmativas abaixo e marque a opção correta
I. Entre os fatores limitadores da escravidão indígena, não está presente qualquer posição da Coroa
Portuguesa.
II. Os índios que de fato reagiram à escravidão foram aqueles que habitavam as regiões mais distanciadas
do litoral.
III. Um dos fatores que desencadearam a expulsão dos jesuítas da América Portuguesa no século XVIII foi
a sua resistência ao uso da mão-de-obra indígena pelos colonos.

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(A) Somente I é correta.
(B) Somente II é correta.
(C) Somente III é correta.
(D) Somente I e II são corretas.
(E) Somente II e III são corretas.
Comentários
- A afirmativa I está incorreta. Em 1570, uma normativa real regulamentou o cativeiro indígena, que só
poderia ser realizado por meio de “guerra justa”, ou seja, a partir dos conflitos autorizados pela Coroa
ou pelo governador contra os povos hostis ao projeto colonizador.
- A afirmativa II está incorreta, afinal indígenas do litoral e do sertão reagiram ao processo de
colonização português na América.
- A afirmativa III é a resposta. Os jesuítas se opuseram à escravização dos nativos, causando atritos com
os colonos. Com o passar do tempo, eles passaram a dispor de grande autoridade em solo colonial,
levando o Marquês de Pombal a expulsá-los do território.
Gabarito: C

26. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)

“[...] Nela, até agora, não pudemos saber se há ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro nem
o vimos. [...] Em tal maneira e graciosa [a terra] que querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por causa
das águas que tem. [...] " (Pero Vaz de Caminha)
(CORTESÃO, Jaime. A Carta de Pero Vaz de Caminha. In: GASMAN, Lidinéa. Documentos Históricos Brasileiros. Rio de Janeiro,
Fename, 1976, pp. 23-4)
O relato de Pero Vaz de Caminha, escrivão da armada cabralina, foi enviado à Coroa portuguesa para
informar o cenário “descoberto” nos territórios estipulados para Portugal pelo Tratado de Tordesilhas.
Acerca da relação estabelecida entre Portugal e a América Portuguesa nas três décadas subsequentes, é
correto afirmar que:
a) foi marcada pela promoção de esforços de ocupação do Brasil por Portugal, com o intuito de conter os
sucessivos ataques estrangeiros.
b) a Coroa, cujos interesses se voltavam para as especiarias orientais, entregou a responsabilidade de
ocupação da terra a terceiros.
c) a ausência de produtos de valor comercial no mercado europeu fez com que o território brasileiro fosse
mantido em estado de relativo abandono.
d) as populações nativas foram utilizadas para a exploração dos recursos encontrados pelos portugueses
no litoral do território, recebendo mercadorias em troca.
e) a inexistência de mão de obra qualificada para o desempenho de atividades agrícolas impediu a
ocupação imediata da terra.
Comentários
- A alternativa A está incorreta, afinal a colonização efetiva do Brasil só ocorreu a partir de 1530.
- A alternativa B está incorreta, pois o sistema de capitanias hereditárias a qual ela faz alusão foi
implementado em 1534.

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- A alternativa C está incorreta, afinal certos itens encontrados no Brasil apresentavam certo valor
comercial no mercado europeu, especialmente o pau-brasil.
- A alternativa D é a resposta, uma vez que descreve o sistema de escambo, que norteou a exploração
da mão de obra indígena durante o período pré-colonial (1500-1530).
- A alternativa E está incorreta, afinal a mão de obra indígena foi utilizada em atividades agrícolas no
período colonial.
Gabarito: D

27. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Com base em seus conhecimentos sobre os primeiros contatos entre europeus e indígenas no Brasil,
assinale a alternativa correta.
A) A população indígena era heterogênea e os conflitos entre os diferentes grupos existentes contribuíram
para definir, levando em conta suas lógicas e interesses, a dinâmica dos seus contatos com os
conquistadores.
B) Os indígenas, ao tomarem ciência das rivalidades existentes entre portugueses e espanhóis, souberam
se utilizar delas para amenizar a força do projeto colonizador e mantê-los à parte dos conflitos étnicos
pré-existentes.
C) A aliança entre os chamados tamoios e tupiniquins fez com que os ameríndios pudessem fazer a
mediação entre portugueses e franceses e amenizar as disputas pelo domínio do território brasileiro.
D) Os europeus souberam se aproveitar do atraso cultural e da inferioridade bélica dos povos situados no
Novo Mundo para conquistá-los por meio das armas e estabelecer o domínio colonial e a fé cristã.
E) As etnias indígenas mantinham relações marcadas pela cordialidade até a chegada dos europeus, que
passaram a incentivar conflitos interétnicos com o intuito de enfraquecê-las e estabelecer o controle do
território.

Comentários
▪ A alternativa A é a resposta. A conquista do Brasil pelos europeus não se deu apenas por meio das
armas, mas por meio de alianças com os povos nativos, levando em conta conflitos pré-existentes
e os seus interesses.
▪ A alternativa B está incorreta, afinal os indígenas não exerceram qualquer mediação nas disputas
entre europeus pelo domínio colonial do Brasil, ainda que alguns povos tenham se aliado a
franceses contra os portugueses, e vice-versa.
▪ A alternativa C está incorreta, pois os tamoios e tupiniquins eram rivais históricos.

▪ A alternativa D está incorreta, pois os indígenas não eram atrasados culturalmente, mas
apresentavam formas de organização social distinta das de seus conquistadores.
▪ A alternativa E está incorreta, pois os povos indígenas do Brasil possuíam diversos conflitos antes
da chegada dos portugueses.
Gabarito: A

28. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


As atitudes dos índios em relação aos colonizadores não se reduziram, absolutamente, à resistência
armada, à fuga e à submissão passiva. Houve diversas formas de [...] resistência adaptativa, através das
quais os índios encontraram formas de sobreviver e garantir melhores condições de vida na nova situação

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em que se encontravam. Colaboraram com os europeus, integraram-se à colonização, aprenderam novas
práticas culturais e políticas e souberam utilizá-las par a obtenção das possíveis vantagens que a nova
condição permitia.
ALMEIDA, Maria Regina Celestino de. Os índios na história do Brasil. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2010. p. 23.

O texto oferece uma descrição sobre as relações estabelecidas entre povos indígenas e colonizadores na
América Portuguesa, das quais é destacado(a)
a) o extermínio cultural dos povos indígenas, resultado do processo de aculturação promovido pela
imposição da fé católica pela Coroa e a formação de reduções jesuíticas.
b) que nem todos os grupos indígenas eram hostis aos colonizares, de maneira que muitas nações se
aliaram à Coroa para combater estrangeiros e outros grupos nativos.
c) os portugueses preferiam ter as nações indígenas ao seu lado, e não lutando contra eles, daí a adoção
de uma política de reconhecimento dos povos encontrados no Brasil.
d) a dizimação dos povos ameríndios pelas guerras de conquista durante os séculos XVI e XVII, seguida
pela submissão total dos grupos remanescentes aos colonizadores lusos.
e) a formação de novas identidades culturais pela mistura de elementos nativos e portugueses, sendo
uma consequência disso o desaparecimento das identidades étnicas pré-existentes.
Comentários
Essa é uma questão de interpretação de texto. Segundo o fragmento acima, a relação entre
colonos e indígenas não foi homogênea, ou seja, enquanto povos se mostraram hostis à presença dos
lusos, outros optaram pela formação de alianças para a obtenção de certas vantagens. Dito isso, a
alternativa B é a resposta.
- A alternativa A está incorreta. De acordo com o texto, uma forma pouco contemplada pelos estudos da
história indígena no período colonial é a resistência adaptativa, ou seja, muitos nativos buscaram
adaptar suas culturas para evitar a opressão dos colonos.
- A alternativa C está incorreta, pois as nações indígenas hostis à colonização foram duramente
combatidas pelos portugueses.
- A alternativa D está incorreta, afinal alguns povos indígenas que se aliaram os portugueses obtiveram
relativa autonomia quando comparados aos demais.
- A alternativa E está incorreta, afinal algumas identidades indígenas sobreviveram ao processo ao
processo de colonização e foram refirmadas nos séculos seguintes. Um exemplo disso são os Guarani,
que existem atualmente.
Gabarito: B

29. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Por falta de descendentes diretos do rei D. Sebastião, morto na Batalha de Alcácer-Quibir, a Coroa voltou
às mãos do cardeal dom Henrique. E quando o cardeal morreu, em 1580, novamente não havia herdeiros
diretos. O rei da Espanha, Filipe II, neto de dom Manuel, o Venturoso ( foi em seu reinado que ocorreram
as principais descobertas marítimas, entre elas a do caminho das Índias e do Brasil), invadiu Portugal com
suas tropas e assumiu o trono lusitano, unindo Portugal e Espanha e dando início à União Ibérica.
VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2013. p. 36. Adaptado.

A respeito da chamada União Ibérica, assinale a alternativa correta:


A) foi o período em que os reis espanhóis e portugueses revezaram seu poder de mando sobre a península
ibérica, o que contribuiu para transformações quanto aos limites territoriais das duas colônias na América.

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B) trata-se de um período em que Portugal e suas colônias estiveram subordinados ao controle espanhol,
o que possibilitou a inclusão dos Países Baixos, aliados da dinastia filipina, no negócio açucareiro do Brasil.
C) o domínio espanhol sobre o Império Português se estendeu até 1640, quando o trono português foi
restaurado e os limites estabelecidos pelo meridiano de Tordesilhas foram novamente adotados.
D) na prática, o domínio espanhol aboliu as determinações do Tratado de Tordesilhas, o que favoreceu o
avanço dos colonos portugueses em direção ao interior e a expansão das fronteiras do território brasileiro.
E) o período filipino trouxe grandes consequências para o Brasil, que abandonou o sistema administrativo
baseado nas capitanias hereditárias e no governo-geral e foi dividido nos chamados vice-reinados.
Comentários
- A alternativa A está incorreta. Durante a União Ibérica (1580-1640), somente monarcas espanhóis da
dinastia filipina ocuparam os dois tronos, situação que se manteve até o processo de Restauração em
Portugal.
- A alternativa B está incorreta. Com a União Ibérica, a Coroa espanhola forçou Portugal a romper os
laços comerciais mantidos com os Países Baixos, o que levou à sua exclusão do negócio açucareiro. Em
represália, os holandeses invadiram o Brasil e conquistaram boa parte do Nordeste entre os anos de
1630 e 1654.
- A alternativa C está incorreta. Após a União Ibérica, o Tratado de Tordesilhas foi enfraquecido, sendo
formalmente anulado pelo Tratado de Madri, em 1750.
- A alternativa D é a resposta. Diante do domínio da Coroa de Espanha sobre as Américas portuguesa e
espanhola, os limites estabelecidos pelo meridiano de Tordesilhas passou a ser descumprido por
diversos grupos da Colônia, tais como bandeirantes e missionários. Tal processo contribuiu para a
expansão das fronteiras do território brasileiro.
- A alternativa E está incorreta. O sistema de Capitanias Hereditárias vigorou até o ano de 1759, quando
foi extinto pelo Marquês de Pombal. Já o termo “vice-rei” foi utilizado para designar os governadores-
gerais a partir de 1720.
Gabarito: D

30. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


“(...) nessa costa não vimos coisa de proveito, exceto uma infinidade de árvores de pau-brasil (...) e já
tendo estado na viagem bem dez meses, e visto que nessa terra não encontrávamos coisa de minério
algum, acordamos nos despedirmos dela”.
Carta de Américo Vespúcio sobre o Brasil, enviada ao magistrado de Florença, Piero Soderini, em 1502.
In: BUENO, Eduardo. Brasil: uma história: cinco séculos de um país em construção. São Paulo: Leya, 2012. p. 33.

A respeito do contexto em que se encontrava o Brasil à época da escrita do documento, é correto afirmar
que
A) o desembarque da expedição cabralina no Brasil não alterou os rumos da expansão portuguesa voltada
prioritariamente para o Oriente, o que justifica o desinteresse dos lusos nas primeiras décadas que se
sucedem.
B) o período pré-colonial da América Portuguesa foi marcado por saques constantes promovidos por
traficantes de pau-brasil de outras nacionalidades, especialmente ingleses, holandeses e italianos.
C) foi marcado por intensos fluxos migratórios que partiam de Portugal rumo aos domínios coloniais, com
o intuito de desfrutar das vantagens oferecidas pela Coroa para aqueles que se dedicassem à ocupação
da terra.

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D) o objetivo da monarquia portuguesa no período era iniciar a colonização do Brasil a partir da cessão
de territórios para que particulares pudessem explorá-los à custa de seus próprios recursos, o que lhes
renderia o pagamento de certos tributos.
E) o chamado período pré-colonial foi marcado pela construção de imensas fortificações militares
denominadas de feitorias, onde eram armazenadas toras de pau-brasil, toneladas de açúcar e outras
riquezas produzidas na América Portuguesa.
Comentários
- A alternativa A é a resposta. Após permanecer dez dias na Terra de Vera Cruz, Cabral partiu
com sua esquadra para o Oriente, no dia 3 de maio de 1500. Até 1530, a Coroa portuguesa
manteria suas atenções voltadas para o comércio com as Índias, sem dirigir esforços para
ocupar seus domínios obtidos do outro lado do Atlântico. Devido a isso, o período que vai de
1500 até 1530 é chamado pelos historiadores de pré-colonial.
- A alternativa B está incorreta, afinal os principais contrabandistas de pau-brasil que
ameaçavam os domínios lusos eram os franceses.
- As alternativas C e D estão incorretas, afinal o incentivo à ocupação da América Portuguesa
pela Coroa só foi iniciado a partir de 1530, a partir da expedição de Martim Afonso de Souza e
da decadência do comércio com as Índias.
- A alternativa E está incorreta, afinal as feitorias erguidas durante o período pré-colonial não
depositavam açúcar, produto que seria explorado a partir do período colonial.
Gabarito: A

31. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


A expedição de Martim Afonso trouxe a lei e a ordem para o amplo território brasileiro, onde apenas um
punhado de portugueses – degredados, náufragos ou desertores – vivia de acordo com “a lei natural,
contentando-se com quatro mancebas e os mantimentos da terra”. Martim Afonso chegou com plenos
poderes, inclusive sobre a vida e a morte daqueles que o acompanhavam e dos que viesse a encontrar,
com exceção dos fidalgos. Poderia também distribuir terras em sesmarias, criar e nomear tabeliães e
demais oficiais de justiça.
BUENO, Eduardo. Brasil: uma história: cinco séculos de um país em construção. São Paulo: Leya, 2012. p. 39.

Organizada em 1530, a expedição de Martim Afonso de Souza representou um marco na América


Portuguesa, pois
A) a ela foi confiada a missão de combater os povos indígenas considerados hostis ao projeto colonial em
curso, recorrendo, para tanto, à bandeirantes paulistas pelo sertanismo de contrato.
B) a ela foi conferida a responsabilidade de dar início à busca por metais preciosos no interior do território,
a partir da organização de bandeiras de prospecção que partiam da região de São Paulo.
C) foi responsabilizada pela identificação de acidentes geográficos ao longo da costa e os limites firmados
pelo Tratado de Tordesilhas, bem como regular a extração de pau-brasil no Nordeste.
D) foi incumbida de combater os invasores franceses que, apoiado pelos indígenas, haviam estabelecido
um empreendimento colonial na baía de Guanabara, denominado França Antártica.
E) foi a responsável por dar início à ocupação da terra e sua exploração econômica por colonos
portugueses, sendo sua primeira iniciativa a fundação de São Vicente, a primeira vila da América Lusa.

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Comentários
- A alternativa A está incorreta, afinal o bandeirantismo e o sertanismo de contrato são elementos
verificados após o início da colonização, sobretudo ao longo do século XVII.
- A alternativa B está incorreta, afinal o achamento de ouro na América Portuguesa por bandeirantes se
deu no final do século XVII.
- A alternativa C está incorreta, afinal a exploração de pau-brasil não foi regulada por autoridades
metropolitanas no Brasil. Ademais, não foram enviadas expedições para examinar o Meridiano de
Tordesilhas.
- A alternativa D está incorreta, afinal o combate à França Antártica foi empreendido pelos
governadores-gerais Duarte da Costa (1553-1558) e Mem de Sá (1558-1572).
- A alternativa E é a resposta. A expedição de Martim Afonso de Souza é considerada como marco inicial
do processo de colonização portuguesa no Brasil, afinal tinha entre seus objetivos:

▪ Iniciar a ocupação da terra e sua exploração econômica por colonos portugueses;


▪ Combater corsários estrangeiros;
▪ Procurar metais preciosos;
▪ Fazer melhor reconhecimento geográfico do litoral (COTRIM, 2016, p. 275).

Além disso, em 22 de janeiro de 1530, Martim Afonso fundou São Vicente, a primeira vila do Brasil,
em um local próximo da porção sul da América Espanhola.
Gabarito: E

32. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


No Brasil, costumam dizer que para o escravo são necessários três PPP, a saber, pau, pão e pano. E, posto
que comecem mal, principiando pelo castigo que é o pau, contudo, prouvera a Deus que tão abundante
fosse o comer e o vestir como muitas vezes é o castigo, dado por qualquer causa pouco provada, ou
levantada; e com instrumentos de muito rigor, ainda quando os crimes são certos, de que se não usa com
os brutos animais, fazendo algum senhor mais caso de um cavalo que de meia dúzia de escravos, pois o
cavalo é servido, e tem quem lhe busque capim, tem pano para o suor, e sela e freio dourado.
ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil. 3. ed. Belo Horizonte: Itatiaia/Edusp, 1982.

Sobre a escravidão no período colonial, descrita pelo padre Antonil no trecho acima, assinale a alternativa
correta:
A) observa-se maior intensidade do uso do trabalho escravo nas áreas produtoras do açúcar, contrastando
com o uso mais modesto em outras lavouras, como a de tabaco e algodão, e com a região mineradora,
onde prevaleceu o trabalho livre.
B) a escravidão indígena foi implementada a partir do desembarque da expedição cabralina no Brasil,
porém foi progressivamente substituída diante da inaptidão dos povos indígenas e pelo fato dos africanos
já estarem acostumados à escravidão.
C) os escravizados constituíam a base econômica da sociedade açucareira no Nordeste, sendo
responsáveis por quase todo o trabalho doméstico e na lavoura, ainda que numericamente fossem
inferiores ao contingente de homens livres.
D) o negro foi trazido para a América Portuguesa para exercer o papel de força de trabalho compulsório
numa estrutura que estava se organizando em função da grande lavoura, inserida no sistema mercantilista
globalizado da época.

AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 99


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E) assim como na região açucareira, a mineração foi uma atividade econômica desempenhada
majoritariamente por escravos africanos, situada em uma região do território colonial que impediu a
organização de formas de resistência.
Comentários
- A alternativa A está incorreta, afinal os escravizados africanos constituíam a maioria da mão de obra
empenhada na atividade mineradora.
- A Alternativa B está incorreta, afinal durante o período pré-colonial prevaleceu a utilização do
escambo. Além disso, nem indígenas nem africanos se “acostumaram” à escravidão, uma vez que nos
dois casos verifica-se a elaboração de diversas formas de resistência.
- A alternativa C está incorreta, afinal a população africana era superior ao contingente de homens livres
na região açucareira.
- A alternativa D é a resposta. A escravidão africana se insere na lógica mercantilista mundial, ou seja, na
busca da Coroa portuguesa de explorar economicamente seus domínios coloniais a partir do estímulo à
grande lavoura açucareira.
- A alternativa E está incorreta. Assim como no Nordeste açucareiro, os negros enviados à região das
minas também elaboraram suas formas de resistência à escravidão, a partir da promoção de revoltas,
fugas coletivas e organização de quilombos.
Gabarito: D

33. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Esta terra, Senhor, me parece que da ponta que mais contra o sul vimos até à outra ponta que contra o
norte vem, de que nós deste porto houvemos vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e
cinco léguas por costa. Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma
de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados
como os de Entre Douro e Minho, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá. Águas são
muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das
águas que tem. Porém o melhor fruto, que nela se pode fazer, me parece que será salvar esta gente. E
esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.
Carta de Caminha. Disponível em: <http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/livros_eletronicos/carta.pdf>. Acesos em: 07 set.
2020.

O trecho acima, extraído do documento enviado pelo escrivão da armada de Cabral, Pero Vaz de Caminha,
ao rei D. Manuel I de Portugal, expressa as primeiras impressões dos lusos sobre o território batizado
como Terra de Santa Cruz. Com base nas informações contidas no texto, assinale a alternativa correta:
A) o documento despachado para a Coroa portuguesa expressa a necessidade de privilegiar a atividade
missionária no território batizado de Brasil, pois nele não se via a possibilidade de se desenvolver
atividades econômicas rentáveis.
B) a correspondência travada entre o escrivão de Cabral e a Coroa demonstra o conhecimento dos lusos
quanto a extensão dos territórios assegurados pelo Tratado de Tordesilhas, evidenciando que Cabral não
foi o primeiro a aportar no Brasil.
C) embora não informasse a existência de recursos minerais na Terra de Santa Cruz, a epístola enviada ao
rei português destacou o potencial agrícola do território, bem como a necessidade de se dedicar à
conversão dos povos encontrados.
D) a carta dirigida ao rei português por Pero Vaz de Caminha se mostra otimista quanto a possível
existência de jazidas de ouro e prata na América Portuguesa, colocando em segundo plano o possível
desenvolvimento de atividades agrícolas.

AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 100


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E) o documento, que pode ser considerado marco inicial da literatura brasileira, destaca o potencial de
exploração dos recursos hídricos encontrados no Novo Mundo, tendo em vista a escassez de água potável
vivenciada em Portugal naquele contexto.
Comentários
Essa é uma questão de interpretação de texto. Vejamos as alternativas:
- A alternativa A está incorreta, afinal o texto destaca possibilidade de se explorar dos recursos naturais
em favor da atividade agrícola, bem como desenvolver a catequização dos nativos.
- A alternativa B está incorreta, pois não há elementos no texto que corroborem para a ideia de que
Cabral não foi o primeiro a aportar no Brasil – ainda que muito provavelmente não tenha sido.
- A alternativa C é a resposta. A Carta de Caminha destaca não terem sido encontradas jazidas de metais
preciosos, porém observa o potencial agrícola das terras que Cabral tomou posse. Além disso, julga
necessário privilegiar a catequização dos nativos, com o intuito de apresentá-los o que considerava ser a
verdadeira fé.
- A alternativa D está incorreta, afinal o potencial agrícola é mais destacado por Caminha que a
possibilidade de existência de ouro e prata no Brasil.
- A alternativa E está incorreta, pois os interesses mercantilistas de Portugal naquele contexto não
contemplavam a exploração de recursos hídricos.
Gabarito: C

34. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Em 1578, o rei D. Sebastião de Portugal morreu em combate na África. Como o soberano
não tinha herdeiros direitos, foi desencadeada uma crise dinástica que conduziu à união dos
tronos espanhol e português, em 1580, na figura do rei Filipe II da Espanha, que era neto de
D. Manuel I de Portugal. Iniciava-se, desse modo, a União Ibérica, que duraria até 1640.
MOTA, Myriam Becho; BRAICK, Patrícia Ramos. História: das cavernas ao terceiro milênio. São Paulo: Moderna, 2002. p. 215.

Dentre as consequências da União Ibérica verificadas em solo brasileiro, pode-se destacar

a) a invalidade do Tratado de Tordesilhas, o que estimulou o avanço dos portugueses em


direção ao interior, no Sul do Brasil e na Amazônia.
b) a diminuição das tensões entre portugueses e espanhóis em áreas fronteiriças, em razão
de ambos os povos serem governados pelo mesmo rei.
c) a expulsão dos jesuítas das Américas Portuguesa e Espanhola, ordem religiosa vista como
ameaçadora à autoridade da Coroa em solo colonial.
d) o apaziguamento dos litígios até então mantidos com os holandeses, em razão dos
interesses comerciais luso-brasileiros no Nordeste da Colônia.
e) a difusão de ideias emancipacionistas entre colonos luso-brasileiros, motivada pela
ausência de um rei português a frente da administração colonial.
Comentários
- A alternativa A é a resposta. A União Ibérica apresentou como consequência principal a
flexibilização das fronteiras estabelecidas pelo Tratado de Tordesilhas, contribuindo para a
expansão territorial da América Portuguesa.

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- A alternativa B está incorreta, afinal a indecisão das fronteiras entre as Américas Portuguesa e
Espanhola fomentou tensões entre os colonos dos dois territórios em áreas limite. Um exemplo
disso foram as Guerras Guaraníticas.
- A alternativa C está incorreta, uma vez que a expulsão dos jesuítas da América Portuguesa se
deu durante a Era Pombalina, no século XVIII.
- A alternativa E está incorreta, pois a disseminação do ideal de emancipação se deu
principalmente no século XVIII, alimentado pela circulação de ideias iluministas nas Américas.
Gabarito: A

35. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


A primeira investida holandesa ocorreu em 1624 [...]. A força holandesa chegou à cidade de
Salvador com 26 navios, centenas de canhões e mais de três mil homens [...]. Em 1625,
porém, uma esquadra luso-espanhola bem armada retomou a capital da Colônia [...]. A
Companhia das Índias Ocidentais contou com as pilhagens de [...] corsários para financiar
um segundo ataque às terras brasileiras. Dessa vez, o alvo escolhido foi Pernambuco.
MOTA, Myriam Becho; BRAICK, Patrícia Ramos. História: das cavernas ao terceiro milênio. São Paulo: Moderna, 2002. p. 216.

As invasões holandesas na América Portuguesa tinham como objetivo principal


A) criar uma base para a ocupação definitiva das áreas de mineração da América espanhola.
B) ocupar as áreas pouco exploradas pelos lusos, tais como Pernambuco, Maranhão e Bahia.
C) explorar o ouro recém-descoberto no território a partir do controle dos portos no
Atlântico.
D) apropriar-se do monopólio luso sobre o complexo açucareiro escravista no Atlântico Sul.
E) fundar núcleos de povoamento voltados ao acolhimento dos protestantes dos Países
Baixos.
Comentários
- As alternativas A e C estão incorretas, afinal não eram conhecidas as jazidas de metais
preciosos no Brasil, além do território invadido pelos holandeses ser distante das regiões
mineradoras da América Espanhola.
- A alternativa B está incorreta, pois Pernambuco e Bahia era as capitanias mais populosas da
América Portuguesa.
- A alternativa D é a resposta. Durante a União Ibérica (1580-1640), a Espanha limitou a
participação dos holandeses no negócio açucareiro do Brasil, o que os levou a formar a
Companhia das Índias Ocidentais, que buscava invadir a América Portuguesa e monopolizar o
complexo de produção açucareira.
- A alternativa E está incorreta, afinal não se tratava de fundar uma colônia de povoamento
como as verificadas na América Inglesa, mas explorar a atividade açucareira do Nordeste
brasileiro.
Gabarito: D

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36. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)
Para os portugueses, o oceano era um velho conhecido, devido a sua posição geográfica, ao
comércio e à pesca. Mas aventurar-se para áreas pouco conhecidas era um grande desafio,
e havia grande probabilidade de morrer na viagem, tais eram os perigos do mar, bem como
os problemas de higiene e alimentação a bordo. Armar uma nau foi, nessas primeiras
décadas, um empreendimento de grande porte que exigia grandes capitais. Em certo
sentido, a preparação para uma expedição a mares desconhecidos pode ser comparada à
preparação das primeiras viagens espaciais: conhecem-se os objetivos e os perigos, mas há
grandes riscos, exatamente pelos elementos que não se conhecem.
VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História geral e do Brasil, 2. São Paulo: Scipione, 2013. p. 19.

A respeito das viagens marítimas portuguesas, assinale a alternativa INCORRETA:

A) a tomada de Ceuta, cidade situada no atual Marrocos, em 1415, representou o ponto


inicial do processo de expansão ultramarino dos lusos, motivado por questões de natureza
econômica e religiosa.
B) o cabo Bojador, região que até então era o limite do conhecimento que os portugueses
tinham sobre o litoral ocidental africano, demonstrou ser um obstáculo mais psicológico que
físico em 1434, quando foi ultrapassado por Gil Eanes.
C) em 1488, o navegador Bartolomeu Dias atingiu o extremo sul do continente africano e
dobrou o cabo das Tormentas, rebatizado de cabo da Boa Esperança ao se revelar para os
lusos uma possibilidade de se alcançar as Índias.
D) em 1498, durante o reinado de D. Manuel, Vasco da Gama chegou à Calicute, feito que
concluiu a rota marítima portuguesa de acesso às Índias e permitiu à Coroa participar do
lucrativo comércio de especiarias.
E) após o retorno da expedição de Vasco da Gama, d. Manuel entregou ao comando de Pedro
Álvares Cabral uma esquadra com a missão de intensificar o comércio com às Índias e dar
início ao processo de colonização da América Portuguesa.
Comentários
- A alternativa A está correta. Por ser bem próxima ao estreito de Gibraltar, uma região de
encontro entre o Mar Mediterrâneo e o Oceano Atlântico, a tomada da cidade de Ceuta
permitiu aos portugueses se precaverem de ataques de piratas que ali aportavam antes de
saquearem seu litoral. Além disso, Ceuta era um importante entreposto comercial naquele
período, abastecida pelo ouro trazido pelas caravanas dos mouros que cruzavam o deserto do
Saara, e grande produtora de cereais.
- A alternativa B está correta. Em 1434, o navegador Gil Eanes foi o primeiro navegador a cruzar
o cabo Bojador, conhecido como “cabo do Medo” devido as diversas lendas que cercavam sua
existência. Para alguns, essa região era povoada de seres monstruosos capazes de devorar
aquele que ousasse desbravá-lo, enquanto outros falavam de ventos tão fortes que arrastariam
as naus para o abismo aonde terminava o mar. Superado este medo medieval sobre o

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desconhecido, os portugueses continuaram a se lançar ao mar em expedições que iam cada vez
mais ao sul do litoral africano no Atlântico.
- A alternativa C está correta. Em 1488, Bartolomeu Dias alcançou o extremo sul do continente
africano, chamado por ele de cabo das Tormentas devido aos perigos decorrentes do encontro
entre os oceanos Atlântico e Índico nessa região. Contudo, o rei D. João II alterou seu nome para
Cabo da Boa Esperança, uma vez que os portugueses se mostraram cada vez mais próximos de
completar a sua rota para a tão aguardada chegada no Oriente.
- A alternativa E está correta. Dez anos após o feito de Bartolomeu Dias, em 1498, Vasco da
Gama contornou todo o litoral do continente africano e alcançou a cidade de Calicute, na Índia.
- A alternativa D está incorreta, afinal a expedição cabralina não buscou dar início ao processo
de ocupação do Brasil, mas apenas tomar posse daquele território em nome de seu rei.
Gabarito: E

37. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Observe a charge a seguir:

NOVAES, Carlos Eduardo; LOBO, César. História do Brasil para principiantes: de Cabral a Cardoso, 500 anos de novela. São
Paulo: Ática, 1998. p. 40.

A charge acima representa os primeiros anos da relação entre Portugal e Brasil após a chegada da
expedição de Pedro Álvares Cabral.
É correto afirmar que entre as principais características desse período temos a
a) realização de expedições guarda-costeiras, lideradas por Cristóvão Jacques, com o intuito de patrulhar
os domínios portugueses, expulsar invasores estrangeiros e dar início ao processo de ocupação da terra.
b) extração do pau-brasil por meio do escambo, sistema que conferiu ao cristão-novo Fernão de Noronha
e um consórcio de judeus conversos o monopólio sobre a exploração do produto, desde que pagassem
um quinto dos lucros à Coroa.
c) a realização de uma expedição liderada por Gaspar de Lemos e que contou com a participação de
Américo Vespúcio, sendo responsável pelo reconhecimento de diversas localidades e acidentes
geográficos no Brasil.

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d) extração do pau brasil, madeira que possuía alto valor comercial no mercado europeu devido ao seu
pigmento utilizado para o tingimento de panos, o que não foi acompanhada por esforços de colonização
nos anos iniciais.
e) captura de aves de plumagem coloridas, como araras e papagaios, além da extração das drogas do
sertão por meio da escravidão indígena e a organização das primeiras feitorias no interior da região
amazônica.
Comentários
- A alternativa A está incorreta, afinal as expedições guarda-costeiras não objetivavam a
ocupação da América Portuguesa, algo que só foi iniciado a partir da expedição de Martim
Afonso de Souza, em 1530.
- A alternativa B está incorreta, afinal trata-se de uma descrição do estanco. O escambo, por
sua vez, é a relação estabelecida entre os traficantes de pau-brasil e os indígenas.
- A alternativa C está incorreta, afinal a expedição que provavelmente contou com a
participação de Américo Vespúcio foi comandada por Gonçalo Coelho. Vale destacar que
Gaspar de Lemos era o comandante da nau que se separou da expedição cabralina no Brasil e
retornou para Portugal, com o intuito de noticiar à Coroa o atravessamento do Atlântico.
- A alternativa D é a resposta. Até 1530, a Coroa portuguesa manteria suas atenções voltadas
para o comércio com as Índias, sem dirigir esforços para ocupar seus domínios obtidos do outro
lado do Atlântico. Devido a isso, o período que vai de 1500 até 1530 é chamado pelos
historiadores de pré-colonial, sendo marcado principalmente pela exploração do pau-brasil,
árvore já utilizada na Europa para a extração de um corante de cor avermelhada, com o qual
eram tingidos os tecidos.
- A alternativa E está incorreta, afinal não foram instaladas feitorias na Amazônia ou exploradas
as drogas do sertão com escravizados indígenas durante o período pré-colonial.
Gabarito: D

38. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Considere o trecho abaixo, retirada da Carta de Pero Vaz de Caminha, escrivão da armada de Pedro
Álvares de Cabral.
A terra em si é de muito bons ares [...]. Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que,
querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem. Porém o melhor fruto, que nela
se pode fazer, me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza
em ela deve lançar.
(CORTESÃO, J. Carta de Pero Vaz de Caminha a El-Rei D. Manuel sobre o Achamento do Brasil. São Paulo: Martim Claret, 2003.)

Com base no exposto, assinale a alternativa INCORRETA.


a) A expedição de Pedro Álvares de Cabral tomou posse dos domínios portugueses no Novo Mundo em
22 de abril de 1500, encontrando a terra já habitada por indígenas.
b) O comandante da expedição cabralina batizou a primeira porção de terras por ele avistada de Monte
Pascoal, enquanto o território luso como um todo recebeu o nome de Terra de Vera Cruz.
c) A descoberta do Brasil foi acompanhada pelo início imediato do processo de colonização, afinal os
portugueses já não obtinham bons resultados no comércio com as Índias.

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d) A Carta de Caminha mostra que a expansão marítima portuguesa apresentava propósitos econômicos
e religiosos, afinal foram ressaltados os recursos naturais e o paganismo dos indígenas.
e) A armada de Cabral aportou na praia da Coroa Vermelha, litoral do atual estado da Bahia, onde foi
celebrada uma missa no dia 26 de abril de 1500.
Comentários
- A alternativa A está correta. Segundo estimativas da Fundação Nacional do Índio (Funai), a população
de indígenas no Brasil em 1500 era de 3 milhões, dividida entre pelo menos 1000 povos diferentes.
- A alternativa B está correta. Quando a expedição de Cabral avistou um monte de terra, batizou-o de
Monte Pascoal, pois isso teria ocorrido na semana de Páscoa do calendário cristão. Comprometido com
a dimensão religiosa do processo de expansão de Portugal, Cabral batizou os domínios portugueses de
Terra de Santa Cruz.
- A alternativa C está incorreta, pois após a tomada de posse de Cabral, Portugal passou 30 anos sem
explorar seus domínios além-mar.
- A alternativa D está correta. Na Carta de Caminha, o escrivão ressalta o potencial agrícola e a missão
catequizadora do monarca português.
- A alternativa E está correta. A expedição cabralina aportou no território que corresponde ao atual
município de Porto Seguro, na porção sul do litoral da Bahia.
Gabarito: C

39. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Era Rei Eu Sou Escravo
Milton Nascimento
Era rei e sou escravo
Era livre e sou mandado!
Onde a minha terra firme, África dos meus amores.
Onde a minha casa branca, minha mulher e meus filhos.
Me trouxeram para longe, amarrado na madeira, me bateram com chicote, me xingaram, me feriram.
Era rei e sou escravo, era livre e sou mandado.
Mas por mais que me naveguem, me levando pelos mares, mas por mais que me maltratem, carne
aberta pela faca,
A memória vem e salva, a memória vem e guarda,
Guarda o cheiro da minha terra, a música do meu povo, a certeza de hoje e sempre que ninguém vais
nos tirar: aonde estiver o porto,
Por mais que eu sofra e grite,
Sou mandado serei livre, sou escravo serei rei.
Esta composição de Milton Nascimento relata um soberano africano que foi capturado e enviado como
cativo para o Brasil. Sobre a escravidão no período colonial, assinale a única alternativa INCORRETA:
a) a América Portuguesa foi o território que mais recebeu escravos africanos entre os séculos XVI e XVIII,
sendo sua mão de obra explorada em atividades de extração vegetal e mineral.
b) através do escambo, indígenas foram utilizados no início do período colonial, mas não foi possível
implementar o sistema de trabalho escravista entre eles.
c) apesar das tentativas de despersonalização dos cativos trazidos da África, estratégias de manutenção
de elementos culturais e identitários foram desenvolvidas pelos africanos.

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d) as duras condições existentes nos navios tumbeiros faziam com que muitos escravizados africanos
morressem ainda no trajeto para o Brasil.
e) o tráfico negreiro no Atlântico foi um dos mais lucrativos negócios do Império Ultramarino Português,
envolvendo interesses de europeus, brasileiros e chefes políticos africanos.
Comentários
- A alternativa A está correta, afinal os cativos foram utilizados nos engenhos de açúcar e em outras
atividades agrícolas, além de explorados nas minas de metais e pedras preciosas.
- A alternativa B está incorreta, pois os indígenas também foram submetidos à escravidão ao longo do
período colonial, seja por meio das guerras justas, seja por meios contrários à legislação real.
- A alternativa C está correta. Mesmo impedidos de manterem sua cultura e tradições, os africanos
encontraram meios de conservar elementos religiosos, linguísticos e cerimoniais na América
Portuguesa.
- A alternativa D está correta. Ao longo de 350 anos de tráfico negreiro no Atlântico, pelo menos 1,8
milhões de cativos africanos morreram durante a travessia para a América.
- A alternativa E está correta. O tráfico de escravos foi mantido a partir de extensas redes de interesses
envolvendo europeus, incluindo a Coroa portuguesa, brasileiros, que atuavam como compradores e
traficantes, e líderes africanos, que comercializavam adversários após serem vencidos em guerras.
Gabarito: E

40. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Dentre as iniciativas empreendidas durante a gestão do primeiro governador-geral do Brasil, Tomé de
Souza, pode-se destacar
a) sua eficácia no combate e desarticulação da França Antártica, empreendimento conduzido pelos
franceses com o intuito de lançar as bases de um projeto colonial no Brasil e intensificar a exploração do
pau-brasil no litoral Sudeste.
b) a fundação de São Paulo do Piratininga, onde foi iniciado o projeto de catequização dos nativos pelos
jesuítas que desembarcaram no Brasil, e da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, após a expulsão
dos franceses da baía de Guanabara.
c) a criação do Bispado de Salvador, o primeiro do Brasil, organizado no mesmo local onde o governador
lançou esforços para organizar o poder central da nova estrutura administrativa implementada pelo
soberano português, D. João III.
d) a assinatura do Tratado de Madri, que reconfigurou os limites originalmente previstos pelo Tratado de
Tordesilhas, de 1494, conferindo à Coroa portuguesa o domínio de áreas que até então eram integravam
a América Espanhola.
e) a desistência dos franceses de contestar a soberania dos portugueses no Brasil, após serem derrotados
por expedições guarda-costas em diversos pontos do território e verem frustradas suas tentativas de
fundação de colônias no Rio de Janeiro e no Maranhão.
Comentários
- As alternativas A e E estão incorretas, afinal a França Antártica foi desarticulada durante a gestão do
terceiro governador-geral do Brasil, Mem de Sá. As forças militares que impuseram a derrota aos
invasores foram lideradas pelo sobrinho do governador, Estácio de Sá.
- A alternativa B está incorreta, afinal a fundação do Rio de Janeiro se deu em 1565, após a expulsão dos
franceses da baía de Guanabara.
- A alternativa C é a resposta. Para facilitar a resposta, vejamos a tabela a seguir:

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GOVERNADORES-GERAIS REALIZAÇÕES
▪ Fundação de Salvador (1549)
▪ Criação do primeiro bispado do Brasil (1551)
Tomé de Souza (1549-1553) ▪ Implantação da pecuária, incentivo à monocultura
do açúcar, busca por metais preciosos no interior
do território.
▪ Trouxe consigo jesuítas encarregados de
catequizar os nativos indígenas.
▪ Vinda de novos jesuítas, entre eles, o padre José de
Anchieta. Durante seu governo, foi criado o Colégio
de São Paulo.
Duarte da Costa (1553-1558) ▪ Com apoio dos tupinambás, os franceses invadiram
a baía de Guanabara e fundaram um povoamento
batizado de França Antártica (1555-1567)
▪ Franceses expulsos do Rio de Janeiro, graças ao
Mem de Sá (1558-1572) apoio de seu sobrinho, Estácio de Sá.
▪ Dizimou núcleos de indígenas Aimoré e Tamoio.
- A alternativa D está incorreta. A assinatura do Tratado de Madri se deu em 1750, durante a gestão do
rei D. José I de Portugal.
- A alternativa E está incorreta, afinal a gestão de Tomé de Souza não logrou êxito em eliminar a
presença de franceses e de outros estrangeiros no litoral brasileiro.
Gabarito: C

41. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Em relação ao trato conferido aos povos indígenas pelo processo de ocupação e exploração da América
Portuguesa, assinale a alternativa correta.
a) durante o primeiro século de colonização, a presença dos portugueses não provocou alterações
significativas na diversidade e na demografia das populações nativas, afinal ela se concentrou nas áreas
litorâneas das regiões Nordeste e Sudeste.
b) os portugueses lançaram mão do escambo, da escravização e do extermínio de povos indígenas para
dar início ao desenvolvimento de atividades econômicas e garantir a posse da Coroa portuguesa sobre o
território brasileiro.
c) a partir do contato com as ideias iluministas francesas e do mito do “bom selvagem” de Rousseau, os
colonos portugueses conciliaram a exploração econômica do território à ideia de tolerância no trato com
os nativos brasileiros.
d) por meio do contato pacífico estabelecido com os povos indígenas da América Portuguesa, sobretudo
a partir da sustentação do escambo, os portugueses efetivaram a conquista do território sem enfrentar
grande resistência dos ameríndios.
e) a unidade linguística e cultural encontrada nos povos que habitavam o litoral e os sertões da América
Portuguesa facilitou o processo de colonização, a partir da catequese e da civilização dos nativos.
Comentários
- A alternativa A está incorreta, afinal o processo de conquista da América pelos portugueses pode ser
caracterizado como o início do extermínio de indígenas, seja pelas guerras de conquista, seja pelas
doenças trazidas pelos colonos e desconhecidas pelos nativos.
- A alternativa B é a resposta. Desde o período pré-colonial, a mão de obra indígena foi utilizada pelos
portugueses no Brasil, seja por meio de trocas sem o uso de moedas, chamadas de escambo, seja pela
escravização dos nativos, muito recorrente nos anos iniciais da colonização.

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- A alternativa C está incorreta, afinal as manifestações culturais e as estruturais sociais, políticas e
econômicas dos ameríndios não foram toleradas pelos portugueses, que buscaram impor sua cultura, a
autoridade da Coroa portuguesa e seus interesses econômicos.
- A alternativa D está incorreta, afinal o processo de ocupação da América pelos portugueses foi
marcado por diversas guerras de conquista. Se de fato o primeiro contato estabelecido entre lusos e
indígenas foi amistoso, durante a expedição cabralina, o mesmo não se pode dizer da colonização. Com
isso, é preciso destacar que a ideia de colonização pacífica é um mito e não possui correspondência com
a realidade histórica.
- A alternativa E está incorreta, pois as culturas indígenas existentes no território estabelecido a Portugal
pelo Tratado de Tordesilhas eram bastante plurais, tendo muitas delas resistido ao processo de
colonização.
Gabarito: B

42. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Desenvolvida durante o período colonial, a partir do século XVI, a atividade açucareira:
a) consolidou o Nordeste como eixo econômico da Colônia, sendo baseada no latifúndio monocultor e
escravocrata que se inseria no sistema português.
b) foi desempenhada por pequenos, médios e grandes proprietários, o que permitiu a formação de
camadas médias compostas por homens livres da sociedade açucareira.
c) não estimulou a importação de escravizados africanos em suas primeiras décadas, afinal prevaleceu a
adoção de mão de obra indígena nos latifúndios.
d) contribui para a ocupação efetiva do interior do território brasileiro e a formação de uma sólida elite
econômica composta pelos grandes senhores de engenho.
e) estimulou a formação de um mercado integrado na América Portuguesa, pelo qual regiões como o
Sudeste e Sul se especializaram no abastecimento da região açucareira.
Comentários
- A alternativa A é a resposta. A produção do açúcar no período colonial foi baseada no sistema de
plantation, ou seja, na tríade monocultura, latifúndio e escravidão.
- A alternativa B está incorreta, afinal a atividade açucareira foi baseada na grande propriedade, o que
contribuiu para a formação de uma sociedade composta por um pequeno contingente de senhores de
engenho e uma larga maioria de escravizados.
- A alternativa C está incorreta, pois desde a primeira metade do século XVI a atividade açucareira
estimulou o tráfico de escravizados da África para a América Portuguesa.
- A alternativa D está incorreta, pois a empresa açucareira se concentrou no litoral da região Nordeste.
Com isso, a ocupação do sertão foi pouco representativa durante o século XVI.
- A alternativa E está incorreta, pois durante o auge da produção do açúcar no Nordeste, as demais
regiões não apresentaram grande integração econômica.
Gabarito: A

43. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Sobre o período pré-colonial é correto afirmar:
a) a produção açucareira nas capitanias de Pernambuco e São Vicente, somada a produção algodoeira no
Maranhão, contribuiu para que os limites estipulados pelo Tratado de Tordesilhas fossem superados pelos
portugueses.

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b) a administração do governador-geral Duarte da Costa estimulou a escravização de povos indígenas e a
implantação de feitorias que, mais tarde, contribuíram para a implementação de engenhos de açúcar na
região nordeste da América Portuguesa.
c) o direito de exploração das riquezas do território da América Portuguesa foi arrendado por um grupo
de mercadores portugueses, representados por Fernão de Noronha, no início do século XVI.
d) a extração de pau-brasil era destinada à exportação para a Europa e para a construção de fortificações
militares no litoral da América Portuguesa e em possessões ultramarinas do Oriente.
e) foi um período decisivo na história do Império Português, que não poupou esforços para reforçar seu
aparato militar no território além-mar e derrotar os empreendimentos coloniais firmados por franceses e
holandeses.
Comentários
- A alternativa A está incorreta, afinal as capitanias hereditárias foram formadas após 1530, durante o
período colonial.
- A alternativa B está incorreta, afinal o sistema de governo-geral foi implementado durante o período
colonial.
- A alternativa C é a resposta. Fernão de Loronha foi um cristão-novo que se tornou um dos primeiros
grandes exploradores de pau-brasil na América Portuguesa durante o período pré-colonial.
- A alternativa D está incorreta, afinal o pau-brasil era direcionado somente para o mercado europeu.
Seu alto valor comercial era recorrente do pigmento avermelhado extraído da madeira, utilizado para o
tingimento de tecidos.
- A alternativa E está incorreta, afinal as invasões de holandeses e franceses em busca de territórios
coloniais ocorreu durante o período colonial.
Gabarito: C

44. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


A decadência da lavoura açucareira no Nordeste brasileiro, ao final do século XII, foi decorrente
a) da concorrência estabelecida pela lavoura canavieira das Antilhas, cultivada pelos holandeses após sua
expulsão pelas guerras brasílicas.
b) da substituição da lavoura canavieira pela lavoura algodoeira, sobretudo na região do Maranhão, em
razão do desenvolvimento da indústria têxtil na Inglaterra.
c) do desinteresse da aristocracia do açúcar em investir recursos na expansão dos engenhos, em razão de
sua atenção se voltar ao grande comércio de escravos e outras mercadorias.
d)a lavoura canavieira foi substituída pela lavoura cafeeira, em virtude de grande procura europeia deste
produto.
e) da crise da mão de obra decorrente das invasões holandesas, que desestruturaram as relações de
trabalho no Nordeste e comprometeram o envio de cativos da África.
Comentários
- A alternativa A é a resposta. Após serem expulsos pela Insurreição Pernambucana, os holandeses se
instalaram nas Antilhas, onde passaram a produzir um açúcar mais barato e de melhor qualidade em
relação ao oferecido pelo Brasil. Com isso, o produto exportado pelo Nordeste passou a viver uma crise
na produção.

AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 110


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- A alternativa B está incorreta, pois a atividade açucareira foi concomitante à algodoeira, sendo a
última inicialmente voltada ao abastecimento interno, empregado na produção de vestuário para
cativos e homens pobres da Colônia.
- A alternativa C está incorreta, pois o caráter aristocrático não se mostrou inconciliável com a
produção agrícola, uma vez que a “nobreza da terra” era composta pelos próprios latifundiários.
- A alternativa D está incorreta, afinal a lavoura cafeeira só se tornou eixo econômico do Brasil no
século XIX, durante o Brasil Império.
- A alternativa E está incorreta. Embora o abastecimento de escravizados africanos no Nordeste tenha
sido comprometido pelas invasões holandesas, essa não foi a razão da crise da produção de açúcar,
ocorrida posteriormente.
Gabarito: A

45. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Durante o século XVI, a Coroa buscou promover a centralização político-administrativa do Brasil a partir
da
a) transferência da capital para o Rio de Janeiro, durante o governo pombalino, com o intuito de reforçar
a vigilância sobre a atividade mineradora no interior do território.
b) instalação das capitanias hereditárias, em 1534, com o intuito de efetivar o domínio de Portugal sobre
o território brasileiro e efetivar sua ocupação.
c) criação das Câmaras Municipais, espaços ocupados por funcionários da Coroa que atuavam como seus
representantes em nível local, os chamados “homens bons”.
d) criação do Governo Geral, durante o reinado de D. João III, com a intenção de que atuasse em nome
do rei e restringisse a autoridade dos capitães-donatários.
e) criação do Conselho Ultramarino, que diminuiu as atribuições dos capitães-donatários, reduzidas a
cobrança de tributos, e retirou a autonomia das Câmaras Municipais.
Comentários
- A alternativa A está incorreta, afinal a medida buscou reforçar o controle da metrópole sobre a
exploração do ouro, em 1763.
- A alternativa B está incorreta, afinal o sistema de capitanias hereditárias incumbiu a terceiros a
responsabilidade de ocupar e desenvolver os domínios coloniais lusos, conferindo amplos poderes a
cada donatário.
- A alternativa C está incorreta, afinal as Câmaras Municipais eram órgãos de deliberação de questões
locais, sem integrar a administração colonial.
- A alternativa D é a resposta. Em 1548, o rei D. João III criou o cargo de governador-geral, figura que
centralizava a administração colonial ao atuar como intermediador entre donatários e a metrópole,
além impulsionar do processo de colonização. A capitania da Bahia foi escolhida como sede do governo-
geral, pois se localizava em uma região central da América Portuguesa, facilitando a comunicação com
as demais capitanias.
- A alternativa E está incorreta. Embora a criação do Conselho Ultramarino possa ser vista como uma
medida centralizadora, ela só ocorreu em 1643 (séc. XVII), durante o reinado de D. João IV.
Gabarito: D

46. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)

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Em março de 1630, os holandeses tomaram o Recife – e lá ficaram até a sua expulsão, em 1654. Ao longo
desse quarto de século de ocupação batava, os sete anos conhecidos como o “tempo de Nassau” (1637 a
1644) marcaram o apogeu do domínio holandês no Brasil por meio da Companhia das Índias Ocidentais.
BUENO, Eduardo. Brasil, uma história: cinco séculos de um país em construção. São Paulo: Leya, 2012. p. 92. Adaptado.

São características do tempo de Nassau no Nordeste brasileiro, EXCETO:


a) a promoção de reformas urbanísticas em Recife, a partir da construção de novos edifícios, pontes,
jardins e praças, além de buscar conter a poluição dos rios pelo bagaço da cana.
b) incentivo à produção artística e científica, que legou à posteridade um grande registro iconográfico da
paisagem, das plantas, dos animais e dos indígenas do Brasil.
c) restrição de crédito aos senhores de engenho em seus anos finais, o que causou indignação das elites
e estimulou a formação de articulações em favor da expulsão dos holandeses.
d) reativação do fornecimento de escravizados, anteriormente paralisado em razão do domínio holandês
de portos estratégicos no comércio dos cativos embarcados para o Brasil.
e) garantia de tolerância às religiões católica, protestante e judaica, o que permitiu a implantação da
primeira sinagoga das Américas, em Recife.
Comentários
Para facilitar a resposta, anota esse bizu sobre as principais medidas do governo Nassau:

GOVERNO NASSAU – Características:


❑ Reativação econômica: Nassau concedeu créditos aos senhores de engenho e
reativou o tráfico de escravizados da África para o Brasil.

❑ Tolerância religiosa: católicos, judeus e protestantes dispunham de considerável


liberdade para professar sua fé no Brasil holandês, onde foi fundada a primeira
sinagoga das Américas.

❑ Reforma urbanística: Nassau investiu na urbanização de Recife a partir da


construção de casas, pontes, jardins e praças. Criou a cidade de Maurícia, hoje
bairro da capital pernambucana.

❑ Estímulo à vida cultural: Nassau patrocinou médicos, artistas, astrônomos e


naturalistas no Nordeste, tendo muitos deles se dedicado ao estudo da fauna e
flora locais.

Gabarito: C

47. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Em 1534, o rei D. João III ordenou a divisão da América Portuguesas em grandes faixas de terras, as
capitanias-hereditárias, que foram entregues aos cuidados dos chamados donatários. São elementos que
contribuíram para o insucesso deste sistema administrativo, exceto:
A) altos recursos necessários para promover a exploração e desenvolvimento do território
B) a centralização excessiva da gestão dos territórios coloniais pelos capitães-donatários

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C) hostilidade dos grupos indígenas que resistiam à dominação portuguesa
D) dificuldade de comunicação entre capitanias e também entre o Brasil e a metrópole
E) solo impróprio ao cultivo do açúcar e de outros gêneros em algumas capitanias
Comentários
- As alternativas A e C estão corretas. A maioria dos donatários sequer tomou posse de seus domínios na
América, enquanto outros não lograram êxito em lidar com tantas atribuições em territórios tão vastos.
Os elevados custos demandados para a exploração das terras fizeram com que muitos desanimassem do
empreendimento, ao mesmo tempo em que a resistência dos indígenas dificultava a ocupação da
América Portuguesa.
- A alternativa B é a resposta, afinal o sistema de capitanias hereditárias consistia em delegar a
administração da América Portuguesa a terceiros. A centralização administrativa só ocorreu a partir de
1548, com a instituição do governo-geral.
-A alternativa D está correta, pois o isolamento entre as capitanias e também com a metrópole
dificultava a povoação do território e a obtenção de auxílio no enfrentamento de adversidades.
- A alternativa E está correta, pois inicialmente as capitanias de Pernambuco e São Vicente foram as
únicas a prosperarem com o açúcar, principal fonte de riqueza da metrópole durante o século XVI,
enquanto outras não demonstraram ter o solo propício para o cultivo da cana sacarina.
Gabarito: B

48. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Palmares foi o mais significativo e o mais simbólico dos quilombos não apenas do Brasil mas das Américas.
Em nenhum outro lugar a resistência dos escravos fugidos foi tão longa, bem-sucedida e organizada como
nos doze mocambos erguidos na serra da Barriga, no sertão de Alagoas, a 90 mil quilômetros de Maceió.
BUENO, Eduardo. Brasil: uma história: cinco séculos de um país em construção. São Paulo: Leya, 2012. p. 130.

Com base em seus conhecimentos sobre o Quilombo de Palmares, julgue as afirmativas abaixo:
I. Palmares foi habitado não somente por negros de origens étnicas distintas, mas também por indígenas
e até brancos fora da lei, resultando em uma população composta por milhares de pessoas.
II. Zumbi liderou a resistência nos anos finais de Palmares, recusando-se a negociar com o governador de
Pernambuco. Morto em 1695, tornou-se símbolo de resistência negra.
III. Ao longo de quase um século de lutas, Palmares foi atacado dezenas de vezes, sendo destruído apenas
em fevereiro de 1694, por uma expedição liderada por Borba Gato.
Assinale a opção correta.
a) As afirmativas I, II e III são verdadeiras.
b) As afirmativas I e II são verdadeiras.
c) As afirmativas I e III são verdadeiras.
d) Apenas a afirmativa II e III são verdadeiras.
e) Nenhuma das afirmativas é verdadeira.
Comentários
- A afirmativa I está correta. O quilombo de Palmares começou a ser formado na Serra da Barriga, atual
Alagoas, no início do século XVII, sendo totalmente destruído somente em 1694. Além disso, acredita-se
que tenha sido o quilombo mais populoso do Brasil, alcançando uma população de 20 mil habitantes,
incluindo negros fugidos e nascidos no local, indígenas e brancos fora da lei.

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- A afirmativa II está correta. No século XX, Palmares transformou-se em um evento-símbolo da luta dos
escravos e das populações negras brasileiras de um modo geral, assim como em ícone da construção de
outras histórias e memórias no país.
- A afirmativa III está incorreta, afinal Palmares foi destruída por uma expedição liderada por Domingos
Jorge Velho.
Estando corretas as afirmativas I e II, a alternativa B é a resposta.
Gabarito: B

49. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Em 1574, os cativos chegados da África representavam apenas 7% da força de trabalho escravo no
engenho, contra 93% dos índios. Em 1591, eram 37%. Por volta de 1638, já compunham a totalidade,
incluindo os cativos recém-chegados da África e os crioulos, ou seja, escravos descendentes de negros
nascidos no Brasil.
GOMES, Laurentino. Escravidão: do primeiro leilão de cativos em Portugal à morte de Zumbi dos Palmares, volume 1. Rio de
Janeiro: Globo Livros, 2019. p. 129.

Foram elementos que contribuíram para a predominância da escravidão africana durante o período
colonial, exceto:
a) dizimação dos nativos por epidemias.
b) oposição jesuíta à escravidão indígena.
c) indisposição dos índios ao trabalho braçal.
d) domínio de certas técnicas pelos africanos.
e) barreiras culturais dos nativos quanto ao trabalho agrícola.
Comentários
Segundo o historiador Gilberto Cotrim (2016, p. 296), são aspectos que contribuíram para a
predominância da escravidão africana no Brasil:
▪ Barreiras culturais – Para os povos indígenas, a agricultura era uma tarefa atribuída às mulheres,
o que criou resistências à escravidão por homens em diversas culturas;
▪ Epidemias – O contato com os europeus deu início a uma verdadeira guerra bacteriológica,
levando milhares de indígenas à morte por gripe, varíola e outras doenças.
▪ Domínio de técnicas pelos africanos – o conhecimento da atividade mineradora, da fundição e da
grande lavoura por algumas culturas africanas estimulou o tráfico negreiro para o Brasil.
▪ A oposição jesuítica à escravidão indígena levou a Coroa a criar empecilhos legais em diversos
momentos, contribuindo para que colonos optassem por investir na compra de cativos africanos.
Feitas essas considerações, a alternativa C é a resposta. A narrativa de que os indígenas eram
preguiçosos ou inaptos ao trabalho braçal é equivocada, afinal diversas atividades do cotidiano dos
ameríndios incluía o uso da força, como a pesca, a caça e a fabricação de diversos utensílios.
Gabarito: C

50. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Espalhados pelo Atlântico, portugueses e espanhóis detinham o monopólio das expedições oceânicas,
sendo seguidos por outras nações a partir do início do século XVI, especialmente a França e a Inglaterra.
Entretanto, os dois reinos ibéricos já haviam decidido a partilha do mundo antes mesmo que outras
nações começassem a se aventurar nos novos territórios: em 1493, com a bênção do papa Alexandre VI,
foi editada a Bula Intercoetera, substituída no ano seguinte pelo Tratado de Tordesilhas.

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VICENTINO, Claudio; DORIGO, Gianpaolo. História geral e do Brasil, v. 2. São Paulo: Scipione, 2013. p. 23. Adaptado.

O Tratado de Tordesilhas, firmado em 1494 entre por Portugal e Espanha, buscou estabelecer os
territórios coloniais ultramarinos desses dois países. Assinale a alternativa que oferece a melhor descrição
do acordo:
a) os espanhóis ficariam com todas as terras descobertas até a data de assinatura do Tratado, e as terras
descobertas depois ficariam com os portugueses.
b) os domínios espanhóis e portugueses seriam separados por um meridiano estabelecido a 370 léguas a
oeste das ilhas de Cabo Verde.
c) a Igreja Católica, como patrocinadora do Tratado, arrendaria as terras descobertas pelos portugueses
e espanhóis nos quinze anos seguintes.
d) Portugal e Espanha administrariam juntos as terras descobertas, para fazerem frente à ameaça
colonialista da Inglaterra, da Holanda e da França.
e) portugueses e espanhóis seriam tolerantes com os costumes e as religiões dos povos que habitassem
as terras descobertas.
Comentários
- A alternativa A está incorreta, pois o Tratado foi firmado a partir dos territórios já descobertos
por espanhóis e portugueses.
- A alternativa B é a resposta. Insatisfeitos com os domínios estabelecidos pela bula Inter Coetera
(1493), Portugal sugeriu a criação de uma nova linha imaginária, situada a 370 léguas de Cabo Verde.
Dessa forma, os lusos também poderiam garantir sua porção de terras no Novo Mundo, o que foi
acatado pelos espanhóis. Em 7 de junho de 1494 foi assinado o Tratado de Tordesilhas, que designou
terras a leste para Portugal e a oeste para Espanha.

- A alternativa C está incorreta, uma vez que o Tratado não estipulou terras à Igreja.
- A alternativa D está incorreta, pois os domínios assegurados a cada uma das monarquias pelo
Tratado foram administrados somente por elas, sem a interferência da outra.
- A alternativa E está incorreta, pois as monarquias ibéricas assumiram o compromisso com a
Igreja de disseminar a fé católica, reprimindo ideias e comportamentos considerados heresias.
Gabarito: B

51. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


A partir da segunda metade do século XVI, verificou-se a imposição de diversos mecanismos
administrativos pela Coroa Portuguesa no Brasil, entre os quais pode-se destacar:
a) o sistema de capitanias-hereditárias, implementado em 1534 e que buscou estimular a ocupação do
território a partir da centralização do poder na cidade de Salvador.
b) o governo-geral, introduzido em 1548 pelo monarca D. João III e em substituição ao modelo de
capitanias-hereditárias, sendo nomeado como primeiro governador o fidalgo Estácio de Sá.
c) as câmaras municipais, nas quais predominavam os chamados “homens bons” da Colônia e que
desfrutavam de ampla autonomia administrativa em relação ao domínio luso.
d) o Conselho Ultramarino, que reviu a excessiva centralização administrativa imposta pelo governo-geral
ao atribuir maiores poderes administrativos aos donatários.

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e) o ouvidor-mor e o provedor-mor, auxiliares do governo-geral e que eram responsáveis pela aplicação
da justiça e pela administração das finanças da colônia, respectivamente.
Comentários
- A alternativa A está incorreta, afinal o sistema de capitanias-hereditárias era descentralizado,
ou seja, a Coroa legou a terceiros a incumbência de ocupar e desenvolver a colônia no território
brasileiro. Vale destacar que a cidade de Salvador foi criada pelo governador-geral, Tomé de
Souza.
- A alternativa B está incorreta, afinal o governo-geral não substituiu o sistema de capitanias-
hereditárias, que continuou a existir até a Era pombalina. Além disso, o primeiro governador-
geral do Brasil foi o fidalgo Tomé de Souza.
- A alternativa C está incorreta, afinal as câmaras municipais não dispunham de ampla
autonomia administrativa. Eram espaços de governança local, ou seja, decidiam sobre
questões como o abastecimento das vilas e a organização de expedições para combater grupos
indígenas.
- A alternativa D está incorreta. O caráter centralizador da administração colonial foi reforçado pelo
Conselho Ultramarino, órgão criado por D. João IV em 1640. Ele limitou ainda mais a influência política
dos capitães-donatários, subordinados aos governadores-gerais. Além disso, as competências das
Câmaras Municipais foram reduzidas pela criação dos juízes de fora, nomeados pelo próprio rei para
presidir suas sessões.
- A alternativa E é a resposta. Em 1548, o rei D. João III criou o cargo de governador-geral, figura
que centralizava a administração colonial ao atuar como intermediador entre donatários e a
metrópole, além impulsionar do processo de colonização. Ele contava com um quadro de
auxiliares, entre os quais pode-se destacar:
▪ Ouvidor-mor → responsável pela aplicação da Justiça;
▪ Provedor-mor → responsável pela administração fazendária colonial;
▪ Capitão-mor → responsável pela defesa militar da costa.

Nota do professor: O processo seletivo do CN dá grande enfoque à administração do Brasil no


período colonial. Fique atento aos mecanismos que destacamos nesta questão.

Gabarito: E

52. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Sobre o processo de expansão ultramarino empreendido por Portugal, assinale a alternativa correta:
a) a superação do cabo bojador, por Gil Eanes, em 1433, representou um dos mais importantes marcos
das Grandes Navegações, na medida em que introduziu novas tecnologias marítimas.
b) a tomada de Ceuta, em 1415, simbolizou o marco inicial da expansão, na medida em que possibilitou a
acumulação de riquezas para a continuidade da empresa marítima.
c) o pioneirismo luso no expansionismo pode ser justificado pela formação de uma sólida burguesia
nacional, que fez deste empreendimento uma iniciativa estritamente particular.

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d) devido às condições marítimas desfavoráveis, os portugueses abandonaram o projeto de
circunavegação da África e alcançaram às Índias ao rumarem para o Oeste.
e) a expedição cabralina de 1500 pode ser encarado como o desfecho da Era das Navegações Lusas, na
medida em que concluiu o Périplo Africano iniciado por Bartolomeu Dias.
Comentários
- A alternativa A está incorreta, pois a viagem de Gil Eanes comprovou ser o cabo Bojador, mais do que
qualquer coisa, um obstáculo mental no imaginário europeu, afinal diversas lendas medievais de que
monstros marinhos habitavam a região amedrontavam os navegadores.
- A alternativa B é a resposta. O marco inicial do expansionismo português se deu com a ocupação da
cidade de Ceuta, em 1415. Liderada pelo infante D. Henrique, quinto filho de D. João I, a empreitada foi
motivada por razões estratégicas, afinal dali haviam partido os mouros, setecentos anos antes, para
dominar os cristãos da Península Ibérica.
- A alternativa C está incorreta, pois as grandes navegações foram um projeto nacional, ou seja, contou
não somente com a coordenação Estado, mas com o entusiasmo de setores comerciais, da Igreja e das
camadas populares.
- A alternativa D está incorreta, pois os portugueses alcançaram as Índias por meio do Périplo Africano –
nome dado às viagens de circunavegação da África pelos lusos.
- A alternativa E está incorreta, pois o Périplo Africano foi concluído por Vasco da Gama, em 1498.
Gabarito: B

53. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Quando falamos em “Guerra dos Bárbaros” nos referimos aos conflitos dos povos generalizados como
Tapuia do sertão nordestino. A própria documentação colonial, quando fala de sublevações indígenas, se
utiliza esta denominação. Segundo [o historiador Pedro] Puntoni, “a Guerra dos Bárbaros foi igualmente
tomada pela historiografia como uma confederação das tribos hostis ao Império Português, um genuíno
movimento organizado de resistência ao colonizador”.
VICENTINO, Claudio; DORIGO, Gianpaolo. História geral e do Brasil, v. 2. São Paulo: Scipione, 2013. p. 91.

Também conhecido como Guerra dos Bárbaros, foi um conflito entre tapuias e colonos ocorrido no
território que corresponde ao atual sertão nordestino, entre a Bahia e o Maranhão. Trata-se da
a) Confederação dos Tamoios
b) Confederação dos Cariris
c) Guerras Guaraníticas
d) Cabanagem
e) Balaiada
Comentários
- A alternativa A está incorreta. A Confederação dos Tamoios se deu entre 1554 e 1567, no
litoral norte paulista e sul fluminense, sendo impulsionada pela união de caciques para fazer
frente à colonização e à escravidão imposta pelos portugueses. O termo Tamuya, que em
tupinambá significa “mais antigo”, era utilizado para denominar essas lideranças, sendo
replicado pelos portugueses para denominar a revolta. Cunhambebe, Pindobuçú, Koakira, Araí
e Aimberê foram os principais nomes do movimento, que contou com a participação de
indígenas tupinambá (Tupiniquins, Aimorés e Temiminós).

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- A alternativa B é a resposta. A Confederação dos Cariris foi um movimento ocorrido na região
Nordeste da Colônia, entre 1638 e 1713. O processo de colonização lusa e a instituição da
escravidão enfrentou resistências dos nativos Kiriri, que foram reprimidos com expedições
bandeirantistas.
- A alternativa C está incorreta. As Guerras Guaraníticas foram uma reação dos indígenas
aldeados e liderados pelos jesuítas diante da tentativa de removê-los para os domínios
espanhóis, onde poderiam ser submetidos ao regime de escravidão. Apesar de derrotados,
muitos permaneceram na região de Sete Povos, o que levou à anulação do Tratado de Madri.
- As D e E estão incorretas. A Cabanagem e a Balaiada não foram movimentos essencialmente
indígenas, além de terem ocorrido no período colonial.
Gabarito: B

54. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Conhecedores profundos do terreno e bem adaptados à natureza tropical, portugueses como Matias de
Albuquerque, indígenas como Felipe Camarão e negros como Henrique Dias idealizaram uma tática de
luta baseada na guerra de guerrilhas.
BUENO, Eduardo. Brasil, uma história: cinco séculos de um país em construção. São Paulo: Leya, 2012. Adaptado.

A desestruturação do domínio holandês no Nordeste do Brasil, resultado das lutas empreendidas de


décadas de batalhas que ficaram conhecidas como “Guerra Brasílica”, apresentou como consequência
para o Brasil
a) o fim da União Ibérica e a restauração do trono português.
b) a crise na economia açucareira, em razão da concorrência do açúcar antilhano.
c) a revogação dos tratados de fronteira firmados entre Portugal e Países Baixos.
d) o investimento na busca de metais preciosos, em razão do fim da produção do açúcar.
e) o aumento da autonomia da região açucareira, como estímulo da Coroa em se reaproximar dos
senhores de engenho.
Comentários
- A alternativa A está incorreta. A União Ibérica se encerrou em 1640, ao passo que a expulsão dos
holandeses do Nordeste se deu em 1654.
- A alternativa B é a resposta. Após serem expulsos do Brasil, os holandeses passaram a produzir açúcar
nas Antilhas, na América Central, que se demonstrou mais competitivo que o brasileiro no mercado
europeu.
- As alternativas C e D estão incorretas, afinal não foram consequências da expulsão dos holandeses do
Nordeste açucareiro.
- A alternativa E está incorreta. Nenhuma região da Colônia dispunha de autonomia no período.
Gabarito: B

55. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Das formas de escravização indígena consideradas legítimas mantiveram-se, com raras exceções, durante
quase todo o período colonial: as guerras justas e as expedições de resgate. Ambas eram regulamentadas
por leis que variavam conforme as disputas e as pressões dos interessados.
ALMEIDA, Maria Regina Celestino de. Os índios na história do Brasil. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2010. p. 84.

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Em relação ao trabalho indígena na América Portuguesa, assinale a alternativa correta.
a) O caráter rudimentar do trabalho indígena, que não incluía o domínio do cultivo de espécies vegetais
ou da domesticação de animais, atravancou o desenvolvimento da Colônia.
b) A mão de obra indígena foi menos explorada no mundo colonial que a mão de obra africana, afinal ela
permaneceu restrita aos casos de guerra justa decretadas contra povos hostis.
c) Com a afirmação do tráfico de escravos africanos no Atlântico, a exploração da mão de obra indígena
caiu em desuso no Brasil por se mostrar menos rentável para a Coroa.
d) A mão de obra indígena foi largamente explorada no processo de ocupação da região Nordeste, mas
seu uso foi restrito nas atividades econômicas da região Centro-Sul.
e) Os jesuítas buscaram segregar os indígenas em comunidades para evitar que fossem utilizados como
escravos na Colônia, o que não significa que seu trabalho não fosse explorado.
Comentários
- A alternativa A está incorreta, pois os indígenas tinham o conhecimento sobre o cultivo de espécies de
plantas, que foi apropriado pelos colonizadores.
- A alternativa B está incorreta, afinal a mão de obra indígena foi explorada nas comunidades jesuíticas e
de maneira ilegal pelos colonos.
- A alternativa C está incorreta, pois a escravidão indígena permaneceu durante todo o período colonial,
sobretudo em regiões afastadas dos eixos econômicos do Brasil.
- A alternativa D está incorreta, afinal a mão de obra indígena foi largamente utilizada na região Centro-
Sul, incluindo por bandeirantes.
- A alternativa E é a resposta. Os jesuítas mantiveram alguns indígenas isolados em aldeias, onde eram
submetidos ao ensino da fé cristã, da língua portuguesa e de trabalhos manuais com baixa
remuneração. Assim sendo, eram contra a escravização dos nativos, mas não da exploração de sua mão-
de-obra.
Gabarito: E

56. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


A União Ibérica, que se estendeu entre os anos de 1580 a 1640, representou o domínio do Império
Português pela Coroa de Espanha durante os reinados de Filipe II e Filipe III. Sobre esse período, assinale
a alternativa correta:
A) A dominação castelhana por toda a Península Ibérica, há muito almejada pelos lusos, se deu por meio
da vitória do rei espanhol, Felipe II, nos conflitos travados contra o rei D. Sebastião, da dinastia de Avis,
que até então detinha a Coroa portuguesa.
B) A conquista do Nordeste açucareiro pelos Países Baixos, entre 1630 e 1654, foi uma consequência
direta da dominação espanhola sobre Portugal, afinal impôs o afastamento dos holandeses do comércio
do açúcar no Nordeste, o que estimulou represálias.
C) A intervenção espanhola na sucessão do trono português foi motivada pelo interesse da dinastia filipina
de exercer sua hegemonia sobre o Prata, assegurada a partir do domínio da América Portuguesa – e
consequentemente, da margem oriental do Rio Uruguai.
D) A dominação espanhola legou diversas transformações positivas ao mundo colonial, como a introdução
de um novo órgão administrativo, o Conselho Ultramarino, que reforçou a centralização iniciada com a
criação do governo-geral.

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E) O processo de restauração e consolidação de uma nova dinastia em Portugal, a de Bragança, a partir
de um acordo de paz ratificado entre os governos luso e espanhol, o que deu fim de maneira pacífica, ao
domínio castelhano na porção portuguesa da Península Ibérica.
Comentários
- A alternativa A está incorreta, pois os portugueses não apoiaram a dominação empreendida pela
dinastia filipina. Além disso, em 1578 o rei português D. Sebastião foi morto em combate contra os
árabes no Marrocos, durante a Batalha de Alcácer-Quibir.
- A alternativa B é a resposta. Após acumular as Coroas lusa e espanhola, Filipe II e seus sucessores não
interviram na administração da América Portuguesa, mas impuseram aos lusos a necessidade de tomar
como inimigos os holandeses, que recentemente haviam se tornado independentes da Coroa
espanhola. Isso atrapalhava a participação desses estrangeiros no refino e comércio do açúcar, o que os
levou a criar, em 1624 a Companhia das Índias Ocidentais, a fim de obterem seus próprios territórios do
outro lado do Atlântico.
- A alternativa C está incorreta, afinal a União Ibérica foi decorrente dos direitos dinásticos sobre o trono
português, reivindicados por Felipe II.
- A alternativa D está incorreta, pois a criação do Conselho Ultramarino se deu durante o reinado de D.
João IV, em 1640, após o fim da União Ibérica.
- A alternativa E está incorreta, pois o fim da União Ibérica se através da Guerra de Restauração.
Gabarito: B

57. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


No Brasil, desde, 1504, tem-se notícias de comerciantes traficando pau-brasil ao longo da costa brasileira.
Mas, foi somente em 1555 que tiveram início as incursões de conquista no Brasil, com a fundação de uma
colônia que serviu de refúgio para calvinistas protestantes franceses. A conquista durou cerca de 12 anos,
quando foram expulsos, em 1567, pelos portugueses.
JOAN, Botelho. Conhecendo e debatendo a história do Maranhão. São Luís: Gráfica e Editora Impacto, 2019. p. 49.

A respeito das invasões francesas durante o período colonial, assinale a alternativa correta:
a) a primeira tentativa de fundação de uma colônia pelos franceses se deu em um contexto em que
Portugal ainda não havia lançado esforços para dar início à ocupação do Brasil.
b) em 1612, Daniel de la Touche comandou uma ofensiva na região do Maranhão, onde fundou a cidade
de São Luís, sede da colônia nomeada de França Equinocial.
c) o processo de desarticulação da chamada França Antártica se deu durante a União Ibérica, quando os
franceses foram expulsos do Brasil pelos portugueses e seus aliados tupinambás.
d) pouco tempo depois de serem expulsos do Maranhão, os franceses empreenderam uma nova tentativa
de fundar uma colônia, dessa vez na baía de Guanabara.
e) a colônia fundada pelos franceses no Rio de Janeiro ficou conhecida como França Equinocial, enquanto
aquela criada anos depois, no Maranhão, foi batizada de França Antártica.
Comentários
- A alternativa A está incorreta, pois o processo de colonização do Brasil se inicia em 1530 – 25 anos
antes da formação da França Antártica.
- A alternativa C está incorreta, pois a destruição da França Antártica antecede o período denominado
de União Ibérica. Além disso, os portugueses eram aliados dos indígenas tupiniquim, ao passo que os
franceses tinham os tupinambás como aliados.

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- A alternativa D está incorreta, afinal a primeira tentativa de fundação de uma colônia francesa no
Brasil se deu na Baía de Guanabara, e, posteriormente, no Maranhão.
- A alternativa E está incorreta, pois a colônia da baía de Guanabara era chamada de França Antártica,
enquanto a do Maranhão ficou conhecida como França Equinocial.
- A alternativa B é a resposta. Para facilitar segue um breve texto que conta sobre as duas tentativas dos
franceses de estabelecerem colônias no Brasil – ambas desarticuladas pelos portugueses:

As invasões francesas no Brasil


Em 1555, os franceses invadiram a América Portuguesa e fundaram o forte Coligny,
em uma das ilhas da baía de Guanabara, Rio de Janeiro. A colônia francesa, chamada
de França Antártica, durou apenas cinco anos, sendo derrotada pelo terceiro-
governador geral, Mem de Sá, em 1560. Os invasores, contudo, continuaram a intervir
na região com o intuito de participar do comércio de pau-brasil.
Em 1612, Daniel de la Touche comandou uma ofensiva na região do Maranhão, onde
fundou a cidade de São Luís, sede da colônia nomeada de França Equinocial. O novo
empreendimento se estendeu nos três anos seguintes, quando os portugueses
conseguiram expulsar os invasores do Brasil.

Gabarito: B

58. (Estratégia Militares 2020 – Inédita – Prof. Marco Túlio)


Determinei que pusessem sua cabeça em um poste no lugar mais público desta praça, para satisfazer os
ofendidos e justamente queixosos e atemorizar os negros que supersticiosamente julgavam Zumbi um
imortal, para que entendessem que esta empresa acabava de todo com os Palmares.
GOMES, Laurentino. Escravidão: do primeiro leilão de cativos em Portugal à morte de Zumbi dos Palmares, volume 1. Rio de
Janeiro: Globo Livros, 2019. P. 420.

O trecho acima foi extraído de uma carta encaminhada pelo governador Melo e Castro ao rei de Portugal,
em março de 1696.Com base na descrição oferecida acima, é correto afirmar que:
a) a punição ao líder de Palmares enfraqueceu outras experiências quilombolas no período.
b) o desaparecimento de Zumbi estimulou teses sobre a sobrevivência de Palmares.
c) a construção de Zumbi como um mito foi iniciada no contexto da repressão à Palmares.
d) o suplício de Zumbi buscou combater práticas religiosas da comunidade afro-brasileira.
e) a violência empreendida contra o quilombo encerrou as práticas de resistência à escravidão.
Comentários
- A alternativa B está incorreta, pois não era a ideia da sobrevivência de Palmares que circulava no
imaginário da população afro-brasileira, mas sim a imortalidade de Zumbi.
- As alternativas A e E estão incorretas, afinal outras experiências de resistência à escravidão ocorreram
no Brasil após a destruição de Palmares.
- A alternativa D está incorreta, pois a punição aplicada contra Zumbi buscava conter a experiência de
Palmares e desencorajar outras ações de resistência similares promovidas por escravizados.
- A alternativa C é a resposta. Apesar da destruição de Palmares, a ideia de Zumbi como um mítico e
imortal guerreiro permaneceu no imaginário de escravos no período colonial. Mais recentemente, essa
figura histórica foi resgatada como símbolo de resistência do movimento negro.

AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 121


Prof. Marco Túlio
Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022
Gabarito: D

59. (EsFCEx – Exército Brasileiro – CFO/QC / 2019)


Na América portuguesa, em consequência da ofensiva francesa e do declínio do trato asiático, foram
tomadas em 1534 medidas para o povoamento e a valorização do território.
(ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O Trato dos Viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das Letras,
2000, p. 20).

As medidas mencionadas na afirmativa acima referem-se aos sistemas de administração que Portugal
empregou no Brasil no século XVI. Em ordem cronológica, a partir de 1534, tais sistemas foram
A) Feitorias e Governo Geral.
B) Capitanias Hereditárias e Governo Geral.
C) Governo Geral e Feitorias.
D) Governo Geral e Capitanias Hereditárias.
E) Feitorias e Capitanias Hereditárias.
Comentários
- As feitorias eram entrepostos fortificados pelos portugueses ao longo da costa brasileira no período
pré-colonial, com o intuito de depositar o pau-brasil retirado pelos indígenas. Dessa maneira, as
alternativas A, C e E estão incorretas.
- A alternativa B é a resposta. Em 1534, a Coroa portuguesa replicou o sistema de colonização
empregado nas ilhas de Açores e da Madeira na América, denominado capitanias-hereditárias. O
território foi dividido em extensas faixas de terras, as capitanias, e entregues a particulares para que
pudessem povoá-las. Em 1548, o rei D. João III criou o cargo de governador-geral, figura que centralizava
a administração colonial ao atuar como intermediador entre donatários e a metrópole, além
impulsionar do processo de colonização.
- A alternativa D está incorreta, pois apresenta a ordem inversa da real sequência cronológica dos
sistemas administrativos adotados pela Coroa na América Portuguesa.
Gabarito: B

2005

" [ . . . ] Su.bmetido durante três séculos à potência européia que maneja o maior mercado de
escravos, o .Brasil converte-se no maior importador de escravos do Novo Mundo. . ." (Alencastro, Luiz
Felipe de - O Trato dos Viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul - São Paulo: Companhia das Letras,
2000.) As razões que levaram a utilização de escravos africanos como mão-de-obra nas lavouras
açucareiras do Brasil foram (A) a redução considerável do número de índios no litoral e a oposição da
Igreja Católica que combatia a escravização indígena. (B) as dificuldades enfrentadas pelos índios em se
adaptar ao trabalho na lavoura e a fácil adaptação dos negros ao trabalho pesado. (C) a política de estado
de preservação dos povos indígenas e os grandes lucros gerados para a Coroa portuguesa com a venda
dos escravos africanos. (D) o déficit populacional em Portugal e fato do negro ser mais dócil que o índio,
aceitando o seu estado de escravo. (E) a instituição prévia do emprego da mão-de-obra escrava em
Portugal e a preguiça do índio no trabalho na lavoura.

AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 122


Prof. Marco Túlio
Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022
2005

"Numa primeira aproximação, o si s tema colonial apresentase-nos como o conjunto das relações
entre as metrópoles e suas respectivas colônias, num dado período da história da colonização: na Época
Moderna, entre o Renascimento e a Revolução Francesa. Parece-nos conveniente chamar essas relações,
seguindo a tradição de vários historiadores, Antigo Sistema Colonial da era mercantilista." (NOVAIS,
Fernando A. - Estrutura e dinâmica do Antigo Sistema colonial (séculos XVI-XVIII) - São Paulo: Brasiliense,
1998.) Uma das bases do Antigo Sistema Colonial mencionado pelo historiador Fernando A. Novais foi a
plantation que, no que diz respeito ao Brasil, durante o Período Colonial, pode ser definida como: (A)
pequena propriedade, policultura de gêneros agrícolas voltados para o mercado interno e a utilização do
trabalho livre assalariado. (B) grande propriedade, monocultura voltada para o mercado externo e mão-
de-obra assalariada livre. (C) monocultura voltada para o mercado externo, utilização do trabalho
compulsório e pequena propriedade. (D) utilização de mão-de-obra escrava, grande propriedade e
monocultura voltada para o mercado externo. (E) utilização de mão-de-obra escrava, grande propriedade
e policultura de gêneros agrícolas voltados para o mercado interno.

2010

"As Câmaras Municipais, encarregadas da administração local, foram sendo estruturadas paralelamente à
formação das primeiras vilas." A atuação das Câmaras, controladas pelos homens-bons, abrangia diversos
setores, como o abastecimento, a tributação e a execução das leis.[ ...] Assim, as Câmaras Municipais
constituíam poderosos órgãos da administração colonial. (Cotrim, Gilberto. História Global- Brasil e Geral. 8.
ed. São Paulo: Saraiva,2005.p.203.)

A categoria dos homens-bons refere-se aos

• A

contratadores, homens de prestígio, que eram autorizados a cobrarem impostos e o dízimo.

• B

homens da sociedade colonial que se notabilizaram por fazer grandes obras de caridade.

• C

administradores enviados pela coroa portuguesa com o objetivo de fiscalizar a arrecadação do quinto.

• D

homens encarregados dos assuntos da justiça, auxiliares diretos dos governadores-gerais.

• E

proprietários de terras, de escravos ou de gado que em muitas cidades exerciam o poder político.

AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 123


Prof. Marco Túlio
Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022

12. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Terminamos nossa primeira aula! O período colonial é extremamente recorrente nas


provas do Colégio Naval, então espero que você tenha se atentado os principais pontos
do módulo! Veja novamente:
❑ O período pré-colonial e a exploração do pau-brasil.
❑ A economia e sociedade do açúcar;
❑ A presença estrangeira nos domínios lusos
❑ A administração da América Portuguesa.
❑ As especificidades da escravidão indígena e africana, e as formas de resistência
existentes;
Bom, se todos os tópicos listados estiverem tranquilos, nosso objetivo foi cumprido!
Agora, se pintou aquela dúvida, volte às nossas aulas, e reveja o conteúdo. Persistindo os
sintomas, me procure no Fórum de Dúvidas! Estou à disposição para ajudá-lo!

Abraços,
Prof. Marco Túlio

@profmarco.tulio @profmarcotulio /marcotulio.gomes.186

13. REFERÊNCIAS
ALGRANTI, Leila Mezan. Famílias e vida doméstica. In: SOUZA, Laura de Mello e (org.). História da vida
privada no Brasil: cotidiano e vida privada na América portuguesa. São Paulo: Companhia das Letras,
1997.

BUENO, Eduardo. Brasil: uma história: cinco séculos de um país em construção. São Paulo: Leya, 2012.

COTRIM, Gilberto. História global. 11ª ed. São Paulo: Saraiva, 2016.

FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil. 2ª ed. São Paulo: EDUSP, 2006.

FREI VICENTE DO SALVADOR. História do Brasil, livro primeiro. Disponível em:


<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/sugestao_leitura/2011/historia/4vicente
_salvador.pdf>. Acesso em: 17 jun. 2019.

FREITAS NETO, José Alves de; TASINAFO, Célio Ricardo. História geral e do Brasil. São Paulo: Harbra,
2006.

AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 124


Prof. Marco Túlio
Aula 00: Curso de História para Colégio Naval 2022
MATTOS, Regiane Augusto de. História e cultura afro-brasileira. São Paulo: Contexto, 2020.

MELLO, Edvaldo Cabral de (org.). O Brasil Holandês: (1630-1654). São Paulo: Penguin Classics, 2010.

MONTEIRO, John Manuel. Os negros da terra: índios e bandeirantes nas origens de São Paulo. São
Paulo: Companhia das Letras, 2004.

PEREIRA, Julia da Rocha. Rede da indústria do açúcar: a construção do território de Igarassu-Pe.


Disponível em: <
http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/VI_coloquio_t2_rede_industria_acucar.pd
f>. Acesso em: 25 abr. 2019.

SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das
Letras, 2015.

AULA 00 – BRASIL COLÔNIA I 125

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