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Ficha de trabalho

Nome ________________________ N.º __ Turma __ Data __________

GRUPO I – Leitura e Educação Literária

Texto A

Lê o texto. Se necessário, consulta as notas.

A transformação das folhas das árvores

Com a chegada do outono, a paisagem adapta-se. Os tons verdes das folhas dão
lugar aos amarelos, laranjas, ferruginosos e vermelhos escarlate. Esta é a resposta das
árvores às alterações do clima da nova estação, preparando-se para a dormência do
inverno. […]
5 Na primavera e no verão, as plantas precisam de mais energia porque estão num
período de desenvolvimento de flores, frutos, sementes e estruturas de renovação.
Durante esses meses, as folhas exibem tons verdes provenientes da clorofila – pigmento
essencial ao processo de fotossíntese.
À medida que os dias de outono vão sendo menos luminosos, a capacidade de
10 realizar a fotossíntese1 vai diminuindo e as plantas entram num período de dormência em
que a atividade celular é mínima e passa a depender de energia armazenada nos tecidos
da planta.
Quando a clorofila deixa de ser necessária, começa a desaparecer. O verde dá então
lugar a outros tons correspondentes a pigmentos que já se encontravam nas folhas mas
15 cuja cor estava mascarada pelos verdes clorofilinos que imperaram2 nos meses de
primavera e verão. Estes pigmentos, as xantofilas e os carotenos, conferem os novos
tons outonais que variam entre os amarelos e os laranja.
Contudo, há um outro tom que marca as folhas de outono – o vermelho, vibrante e
profundo. Este não se encontrava mascarado nas folhas pelos verdes clorofilinos – forma-
20 se agora, nos últimos instantes de vida das folhas, no momento em que o fenómeno de
abcisão foliar3 quebra a ligação entre ramos e folhas. […] Se as primeiras noites de outono
forem acompanhadas de geada, os tons vermelhos poderão não ser observados, sendo
os castanhos a ocupar o seu lugar – uma vez que as folhas morrerão queimadas antes
de completar a sua última transformação.
25 As folhas de outono, de tons quentes e vibrantes, caem deixando cicatrizes nos
ramos onde outrora se prendiam mas este não é sinal de um fim… apenas de um novo
começo de uma vida latente em pequenos gomos, adormecidos ao longo de todo o
inverno, esperando somente a chegada da primavera.
Helena Geraldes, in www.wilder.pt, 11-11-2016 (consult. em 19-10-2018, com supressões)

1. fotossíntese: função pela qual as plantas, as algas e algumas bactérias, em presença da luz
solar, transformam dióxido de carbono e água em matéria orgânica, libertando oxigénio. 2.
imperaram: predominaram. 3. abcisão foliar: corte rente das folhas.

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1. Para cada item (1.1. a 1.4.), seleciona a opção que permite obter uma afirmação
adequada ao sentido do texto.
Escreve o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

1.1. Na frase “Esta é a resposta das árvores às alterações do clima da nova estação
[…].” (linhas 2-3), a palavra sublinhada refere-se
(A) à chegada do outono.
(B) à preparação para o inverno.
(C) à mudança de cor das folhas.

1.2. No outono, a mudança da cor das folhas acontece


(A) pelo facto de a luz solar produzir menos calor.
(B) como resultado do desaparecimento da clorofila.
(C) para dar tons mais quentes e vibrantes à natureza.

1.3. O tom vermelho das folhas de outono surge


(A) ao mesmo tempo que os tons amarelos e laranja.
(B) sempre que as folhas caem das árvores.
(C) na fase final da vida das folhas.

1.4. A expressão “uma vez que” (linha 23) introduz


(A) uma conclusão.
(B) um contraste.
(C) uma causa.

2. Deste texto, foi retirado o subtítulo, que sintetiza o seu assunto. Indica qual das
seguintes hipóteses é a mais adequada.
(A) As quatro estações do ano
(B) O que a natureza faz no outono
(C) É preciso defender as árvores

Texto B

Lê o texto.

A minha mãe olhou bem de frente para as árvores da nossa praceta e exclamou:
– Não é verdade! Não pode ser verdade! Devo estar com alucinações!
A minha mãe é habitualmente muito calma, gaba-se de ser pouco dada a gritarias ou
gestos expansivos, e por isso fiquei a olhar para ela, que por sua vez não parava de olhar
5 para as árvores.
Não vi nada que justificasse tamanho espanto, nem sequer por lá andava o gato da
vizinha Clotilde que, de vez em quando, salta para meio dos ramos e não sabe como sair
de lá (o gato, claro, não a vizinha Clotilde, coitadinha). [...]

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– Estás a ver aquilo, Inês? – perguntava ela.
Mas eu, a bem dizer, não estava a ver nada.
– Tu não vês? Ali! Ali pelo meio das árvores! Aqueles fios, Inês!
Lá fiz um esforço e vi realmente que, de todas as árvores da nossa praceta, pendiam
fios de um verde muito escuro, com umas pequenas bolinhas atarraxadas.
Foi então que percebi tudo: ainda agora setembro terminou, e as árvores já estão todas
15 engalanadas para o Natal! E segundo afirma o Sr. Josué, que faz parte da associação de
comerciantes cá do bairro, que é quem organiza estas coisas, houve muita gente que
achou que já era um bocado tarde.
– É para animar a freguesia – diz ele –, o pessoal anda todo um bocado em baixo com
esta crise.
20 Mas a minha mãe não se conforma.
Porque a minha mãe tem os seus rituais bem estabelecidos e cada um tem de se
cumprir na altura certa, senão não faz sentido nenhum. […]
Para a minha mãe, Natal tem de ser em dezembro, e não quando um homem quiser.
– Porque depois o que acontece – diz ela – é que, na altura mesmo de o festejarmos,
25 já não podemos com tanto cântico pelas ruas, com tanto algodão-em-rama a fingir de
neve, com tanta luzinha a acender e a apagar em todas as árvores, com tanto Pai Natal
a bailar a dança do ventre.
O Sr. Josué diz que é bom para o comércio, mas mesmo assim a minha mãe não se
deixa convencer.
30 Mas, por muito que refile, nada a fazer, e ela já sabe que, mal acabemos de comer o
peru, já todas as lojas estarão inundadas de ursinhos de peluche e coraçõezinhos
vermelhos e o mais que se inventar para festejar o São Valentim, que no calendário só
chega em fevereiro.
Mas, como diz o Sr. Josué, são as leis do comércio. E o comércio é que manda. Pelo
35 menos na nossa praceta.
Alice Vieira, A vida nas palavras de Inês Tavares, Ed. Caminho, 2008
(págs. 113-117, com supressões)

3. De entre as opções abaixo apresentadas, seleciona todas as que permitem comprovar


que o narrador é uma das personagens do episódio que narra.
Escreve o número do item e as letras que identificam as opções escolhidas.
(A) “minha” (linha 1). (C) “estava” (linha 10). (E) “festejarmos” (linha 24).
(B) “Devo” (linha 2). (D) “nossa” (linha 12). (F) “acabemos” (linha 30).

4. Completa as frases seguintes, substituindo as alíneas pela informação adequada, de


acordo com o texto.
Inicialmente, a narradora estranha o comportamento da mãe, que não costuma ser
_a)_. Depois, descobre o motivo: _b)_.

5. Explica, por palavras tuas, por que razão a mãe da Inês discorda do momento em que
surgem os enfeites de Natal nas ruas.

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6. Indica quem é beneficiado com a antecipação das datas festivas, explicando porquê.

7. Para os itens 7.1. e 7.2., seleciona a opção que completa corretamente cada uma das
afirmações.
Escreve o número de cada item e a letra que identifica a opção escolhida.
7.1. A mãe da Inês reclama contra a antecipação dos festejos de algumas datas,
(A) pois acredita que poderá acabar com essa prática.
(B) porque tem saudades do tempo em que tal não acontecia.
(C) embora saiba que é uma “guerra” perdida.
(D) para convencer o governo a mudar as leis do comércio.

7.2. “E o comércio é que manda. Pelo menos na nossa praceta.” (linhas 34-35)
Com esta afirmação, a narradora
(A) exprime a sua revolta.
(B) critica os comerciantes.
(C) apresenta uma opinião.
(D) constata uma realidade.

8. Concordas com a prática de enfeitar as ruas para o Natal com muita antecedência?
Justifica a tua opinião.

GRUPO II – Escrita

Imagina que, durante a noite, alguém foi à praceta onde mora a Inês e alterou o seu
aspeto. O que terá feito? E com que objetivo?
Escreve um texto narrativo, com um mínimo de 160 e um máximo de 260 palavras,
em que narres os acontecimentos desde a chegada da personagem à praceta até ao
momento em que a abandona.
O teu texto deve integrar:
– a descrição da praceta;
– um título adequado.

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