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Solfieri = 3 falas

Johan = 4 falas
Archibald = 2 falas
Arnold = 4 falas
Bertram = 5 falas
Gennaro = Narrador da história
Laura = 1 fala

João = Johan
Julia = Genaro
Maria E. = Arnold e 1 fala do Archibald
Nicolas = Bertram
Suellen = Solfieri e 1 fala do Archibald
Parte IV
Citação: Morra ou mate! – CORNEILLE
Traduzindo: Morrer ou matar

(Nicolas) Bertram: Gennaro, ou você dorme ou toma mais vinho?!


Gennaro: Meu companheiro, quando você contava sua história me lembrei de uma folha
da vida, uma folha seca e vermelha como as do outono, varridas pelo vento...
(Nicolas) Bertram: História? Folha? Que folha?
Gennaro: Bem, sabia que eu sou pintor? É uma lembrança triste, mas irei lhe contar, essa
história é velha, aconteceu a mais de 30 anos, é sobre um velho e duas mulheres mais belas
que a luz.
-Começando a história-
Gennaro: Eu era moço, como já não sou mais, e era aprendiz de pintura de Godofredo, era
um velho sublime, um gênio, casou-se pela segunda vez com uma bela mulher, eu tinha
quase sua idade, ela tinha 20 e eu 18. Eu a amei tanto... um amor puro e adolescente, e ela
também me amou, era um amor leve como a primavera cheia de flores e céu azul.
Ele também tinha uma filha de seu antigo casamento, ela se chamava Laura, tinha apenas
15 anos, sua pele era rosada e loira como um anjo.
(Suellen) Solfieri: Adultério? Você é mesmo um golpista em Gennaro!?
Gennaro: Ai ai rsrs, como eu disse, Laura era a filha do mestre, era branca, que chegava a
ser pálida, tinha cabelos claros e olhos azuis. Ela parecia me querer como um irmão, mas
suas carícias de criança de quinze anos eram apenas para mim. Muitas noites nós nos
encontrávamos, até que não resisti a sua beleza virginal, e assim nós amamos... Um dia,
depois de uns 3 meses, ela entrou em meu quarto e me disse que estava grávida!... Não
soube como reagir... Não podia pedi-la em casamento... Não podia assumir aquele erro,
seu pai nunca me perdoaria!! Porém a cada vez eu a amava mais, mesmo ela se mantendo
distante, observava que ficava cada dia mais pálida e com sorriso frio enquanto eu, me
dividia entre amor e dever.
(Suellen) Solfieri: Mas e os sinais de gravidez? Como esconderam?
Gennaro: Sua barriga não crescia, não tinha nenhum sinal de gravidez! O velho passava
noites inquieto, nem pintava mais, acho que ele percebeu que sua filha estava
desfalecendo, cada dia ficava mais pálida e não podíamos fazer nada. E eu não conseguia
esquecer Nauza e nem ela se esquecia de mim, todas as noites sofria e lágrimas banhavam
meu travesseiro, as vezes sentia remorso, mas só as vezes.
(Maia) Johan: Mas e Laura? O que lhe aconteceu?
Gennaro: Uma noite, uma noite terrível, me chamaram... Laura estava morrendo e
murmurava meu nome... Ao entrar no quarto ela me reconheceu, segurou minhas mãos e
me disse algo que nunca esqueci:
Laura: Gennaro eu lhe perdoei, foi um louca, irei morrer por tua causa, matei meu filho
antes de seu nascimento e agora o verei no céu.
Gennaro: E deu seu último suspiro...
(Nicolas) Bertram: E o velho? Como você se safou dessa?
Gennaro: Até hoje não sei, um ano se passou e o velho parecia cada dia mais doido, passava
todas as noites no quarto de sua filha tendo suas crises, até hoje pergunto se ele dormia
depois de horas sobre soluços e mais soluços.
(Madu) Arnold: Mas e sua mulher? Passava todas as noites sozinha?
Gennaro: Não rs, ela se sentia tão solitária, alguém precisava fazer companhia a ela é rs...
Estava a acompanhando desde que ele começou a passar a noite nos quartos da filha... Mas
uma noite eu disse que a amava, ela tentou negar o sentimento, mas não conseguiu, nas
noites que se passaram eram como um sonho para mim, meu mestre ficava no quarto de
sua filha enquanto eu estava com sua esposa.
(Suellen) Solfieri: Mas ele nunca pegou vocês no flagra?
Gennaro: Então, uma noite fui pego de surpresa, o mestre apareceu no quarto dele, me
tirou de sua cama e me arrastou para o quarto da filha, e me atacou no chão com força.
Tomei um susto quando ele puxou o lençol, mas fiquei mais abismado quando percebi que
o cadáver da sua filha estava lá, imóvel e pálido, não aguentei, me ajoelhei e comecei a
chorar, confessei tudo como se ela me mandasse fazer aquilo, o remorso me rasgava o
peito.
(Madu) Arnold: Gennaro que história é essa?!
(Maia) Johan: Tome um pouco de vinho para continuar...
Gennaro: No outro dia, meu senhor, conversou comigo friamente, lamentou a falta de sua
filha sem lágrimas e não comentou nada da noite passada.
Gennaro: Os dias se passaram com a mesma frieza, Nauza ouviu tudo que acontecera
naquela noite, um clima de tensão me tomava todos os segundos de meus dias. Mas numa
noite tudo mudou, depois da janta meu mestre tomou sua capa e uma lanterna e me
chamou para acompanhá-lo, tinha que sair da cidade e não queria ir sozinho.

(Nicolas) Bertram: Se fosse eu te jogava numa cova rasa, seu pervertido.


(Maia) Johan: Cala a boca Bertram, taverneira me dê mais vinho.
Gennaro: Se bem que ele tentou jogar mesmo rs... o velho me levou até o topo de um
rochedo alto, tudo estava escuro, apenas a lanterna nos iluminava ficamos em silencio por
um momento então o mestre disse que queria descer a cabana, mas que eu ficasse lá em
cima a sua espera, eu pude acompanhar o brilho da lanterna dele entre as arvores, e
percebi que quando chegou a cabana uma mulher o entregou alguma coisa... que eu não
vi, logo após isso, subiu novamente em minha direção.
(Suellen) Archibald: Ainda estou tentando entender como você saiu vivo disso.
Gennaro: Pois bem, agora que o bicho pega. O velho me disse que queria me contar uma
história, e contou-me a nossa história, fiquei com tanto medo que me tremia todo. Ele me
humilhou como se não houvesse amanhã, lhe implorei perdão, e ele me chamou de Judas!
Disse que eu não merecia misericórdia pois não tive misericórdia de sua família, que eu
merecia mais que a morte, nenhum castigo seria bom o suficiente.
Gennaro: Ele também me disse que o precipício era um túmulo seguro, me deu a bênção
para uma última oração e tinha que escolher entre suicídio ou lutar para viver, mas sabia
que não tinha chances contra ele, pois estava armado e eu era só uma criança débil. Estava
com tanto, tanto, mas tanto medo, desisti e me joguei, senti cada galho... Ramo...
Arbustos... Cada folha seca rasgando as partes do meu corpo enquanto caia e, aos poucos,
desistia da vida... Aguentei o máximo que pude, até que não senti mais nada....
(Madu) Arnold: Como você está vivo? Como sobreviveu? Se está aqui é porque sobreviveu,
ou eu estou muito bêbado e conversando com um fantasma?
Gennaro: Às vezes nem eu acredito, mas pode acreditar, eu sobrevivi! Quando acordei
estava junto a alguns camponeses que tinham me salvado da beira da morte, sou um
desgraçado de sorte. Logo que sarei pensei que poderia ir à casa do meu senhor, achei que
ao ver que um "milagre" havia acontecido ele teria piedade e me perdoasse, aceitaria até
se tornar seu escravo.
(Nicolas) Betram: Você é doido? Você foi lá pedir perdão?
Gennaro: Quase, mas no meio do caminho tive um desejo de vingança, ele queria me matar
e eu que devia pedir desculpas? Eu deveria me humilhar depois de tudo isso?
Não podia aceitar aquilo...
(Madu) Archibald: Como se você estivesse certo em todo o resto da história.
Gennaro: Cala boca vai, mas quando cheguei a casa do mestre a encontrei fechada, achei
estranho que mesmo após bater ninguém abriu, tive que pular o muro e arrombar a porta
para conseguir entrar.

(Maia) Johan: Eu iria até dizer que agora está ficando estranho, ou que você é um estupido,
mas acho que nada mais me surpreende nessa história, só estando bêbado para suportar.
Gennaro: Nem sei como conseguirei falar isso em voz alta, encha meu copo, nessa história
nada é tão ruim que não possa piorar. Tudo estava fechado e isso era estranho pois estava
claro lá fora, nenhuma lâmpada estava acessa e a cada passo eu ficava mais perdido, e logo
fui à procura de Neuza, mas tomei um susto ao chegar em seu quarto, e ver seu corpo frio
e sem alma no chão, soube na hora que estava morta, antes da minha tentativa de suicídio,
o velho tinha ido a cabana para comprar algo, deveria ser esse o veneno que a matou, ele
matou a si e sua mulher, ambos os corpos estavam vazios, estavam mortos e nada podia
ser feito.
(Madu) Arnold: Taverneira traga mais 5 garrafas.

Alguns personagens que aparecem no resto do conto


Johann

• Briguento, bravo, militante líder do grupo (tanto que ele sempre faz os brindes).
Arnold

• Bêbado, doido, lerdo e perdido.


Bertram

• Debochado, não chega a ser briguento, mas gosta de militar (meio estressadinho).
Archibald

• Só fala quando necessário, quando fala é muito pouco, porém muito certeiro e direto.
Solfieri

• Pessoa chata do grupo, que é toxico, mas todo mundo passa pano por ser amigo, se
acha o centro das atenções e o dono da razão.

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