Você está na página 1de 24

Capítulo 2

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

Modelos de
constituição
societária –
capacidade civil e
capital social

Neste capítulo abordaremos as obrigações legais e os procedimen-


tos necessários para que uma pessoa física possa abrir uma empresa,
constituindo o contrato social, e consequentemente se tornar pessoa
jurídica.

O futuro empreendedor precisa conhecer as prescrições nos artigos


do Código Civil que podem legitimar ou interditar sua capacidade de
ser empresário, além de conhecer as responsabilidades que irá assumir
juntamente com a elaboração do contrato social, uma vez que, depen-
dendo do tipo de constituição societária escolhida, ele pode ter de usar
seus bens particulares para saldar suas obrigações e dívidas caso a
empresa não possua recursos.

21
O empreendedor deve ter ciência das obrigações que a lei impõe,

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
inclusive a possibilidade de ser judicialmente obrigado a saldar as dívi-
das assumidas por seus sócios em nome da empresa caso estes não
o façam. Isso mostra a importância do conhecimento e da escolha dos
sócios nessa relação de confiança e parceria empresarial.

1 Requisitos e legitimidade do empresário


para abertura de empresa
A decisão de ser um empresário de sucesso deve ser acompanhada
de força de vontade e persistência. No início da jornada os entraves e
obstáculos são tantos que o empreendedor mal-orientado ou com pou-
ca vontade tende a desistir de seu empreendimento pelo número de
“nãos” que recebe cotidianamente ao começar seu negócio.

O Sebrae e o IBGE apontam que o número de empresas que encer-


ram suas atividades no primeiro ano de funcionamento chega a apro-
ximadamente 23%; no segundo ano esse percentual chega a 38% (NO
BRASIL…, 2010; IBGE, 2013). Em um ano no Brasil surgem 1,2 milhão
de novos negócios. Após o terceiro ano de atividade, 42,8% deles fe-
cham. Para evitar isso é preciso ter o melhor conhecimento possível da
atividade escolhida e evitar os erros mais comuns que interrompem
tantos sonhos.

Um negócio comercial de sucesso não acontece por acaso: é preci-


so atenção e dedicação total do empresário ao empreendimento e não
desistir assim que os primeiros impedimentos surgirem.

1.1 Requisitos para ser empresário


No Brasil o excesso de regras confunde o futuro empresário e acaba
dificultando a constituição social para a abertura de negócios diversos,
entre eles os estabelecimentos de alimentação.

22 Aspectos legais para negócios em alimentação


Com a escolha da atividade já decidida – no nosso caso, um esta-
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

belecimento comercial de alimentação –, é preciso saber quais são os


requisitos para se tornar um empreendedor neste segmento.

O primeiro passo para se tornar empresário é ter capacidade civil e


assim exercer todos os atos indispensáveis na administração da em-
presa. O artigo 972 do Código Civil diz que podem exercer a atividade de
empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não
forem legalmente impedidos (BRASIL, 2002). O empresário não pode
ter nenhum impedimento jurídico ou processo judicial que o impeça de
exercer os atos de administração empresarial.

O Código Civil que entrou em vigor em janeiro de 2003 substituiu o


antigo Código Civil – Lei nº 3.071, de 1º de janeiro de 1916, e a primeira
parte do Código Comercial – Lei nº 556, de 25 de junho de 1850, que
tratava do “Comércio em Geral”; consequentemente, inseriu em seu es-
copo o direito empresarial, que trata da legalização das empresas, com
as condições necessárias para ser empresário no rol dos artigos 966
até o artigo 1.195.

O ordenamento jurídico brasileiro especifica três tipos de capacida-


de: os capazes, os relativamente incapazes e os absolutamente incapa-
zes. O artigo 1º do Código Civil diz que toda pessoa é capaz de direitos
e deveres na ordem civil; o artigo 2º cita o início da personalidade civil
da pessoa, que começa no nascimento com vida; mas a lei põe a salvo
os direitos do nascituro desde sua concepção. Já o artigo 3º especifi-
ca quem são os absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os
atos da vida civil (BRASIL, 2002):

I – Os menores de dezesseis anos;

II – Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o


necessário discernimento para a prática desses atos;

III – Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir


sua vontade.

Modelos de constituição societária – capacidade civil e capital social 23


O artigo 4º identifica as pessoas que são incapazes relativamente a

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
certos atos ou à maneira de exercê-los (BRASIL, 2002):

I – os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;

II – os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação dada pela


Lei nº 13.146, de 2015)

III – aqueles que, por causa transitória ou permanente, não pude-


rem exprimir sua vontade; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de
2015)

IV – os pródigos;

Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por le-


gislação especial.

Sobre a emancipação, o parágrafo único do artigo 5º diz que, para os


menores, a incapacidade cessará (BRASIL, 2002):

I – pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, me-


diante instrumento público, independentemente de homologação
judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver de-
zesseis anos completos;

II – pelo casamento;

III – pelo exercício de emprego público efetivo;

IV – pela colação de grau em curso de ensino superior;

V – pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de


relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com de-
zesseis anos completos tenha economia própria.

Ainda de acordo com o artigo 5º do Código Civil, a menoridade cessa


aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática
de todos os atos da vida civil (BRASIL, 2002).

24 Aspectos legais para negócios em alimentação


O artigo 5º da Constituição Federal do Brasil diz que:
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

[…] Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer na-
tureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: […]

XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão,


atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.
(BRASIL, 1988)

Assim, todo cidadão brasileiro pode ser empresário, bastando para


isso ser capaz e não ter nenhum impedimento judicial.

1.2 Responsabilidades ao abrir uma empresa

Toda pessoa jurídica deve trabalhar com muito empenho na admi-


nistração da empresa para que sua organização prospere. O empresário
deve cuidar das atribuições de seus funcionários e zelar para que o am-
biente onde recebe seus clientes esteja sempre limpo e seja agradável
e acolhedor. Mas existem outras atribuições que surgem junto com a
constituição da pessoa jurídica: as responsabilidades com os órgãos
governamentais. A negligência do empreendedor em relação a estas
atribuições pode levar a notificações e multas.

Compete ao empresário primeiramente verificar se o endereço do


imóvel onde será estabelecida a empresa tem planta aprovada na pre-
feitura local, se possui o “Habite-se” (o ato administrativo municipal que
confere permissão para ocupação daquele lugar) e a autorização para
funcionamento específico de estabelecimento do ramo de alimentação.
É necessário fazer a solicitação à prefeitura por meio de termo de con-
sulta ou pelo site para averiguar se a área onde o comércio será instala-
do permite atividades dessa natureza.

Modelos de constituição societária – capacidade civil e capital social 25


Ainda para regularizar o empreendimento é necessário contratar um

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
contador para fazer todos os cadastros na prefeitura. Se o tipo de cons-
tituição societária escolhida possuir sócios, compete ao requisitante or-
ganizar os documentos do imóvel e também dos sócios para elaborar o
contrato social da empresa e requisitar o CNPJ na Receita Federal.

É obrigatório que a empresa possua inscrição municipal e alvará de


funcionamento. Sem isso não é possível a emissão obrigatória das no-
tas fiscais, seja para a venda de alimentos ou para a prestação de ser-
viços. A não emissão de notas fiscais configura crime de sonegação de
impostos.

IMPORTANTE

A Secretaria da Fazenda é o local onde o empresário pode solicitar sua


inscrição estadual/declaração cadastral (Deca).

Na prefeitura o empresário deve fazer também sua inscrição munici-


pal no cadastro do contribuinte mobiliário e pagar a taxa de fiscalização
do estabelecimento, além de apresentar o contrato de locação e o ca-
dastro do contribuinte para requerer a licença de funcionamento.

A fim de adquirir o laudo de regularidade emitido pelo Corpo de


Bombeiros, também é necessário que o empresário sinalize as rotas de
fuga e instale extintores de incêndio no seu estabelecimento de acordo
com as normas impostas pelo Corpo de Bombeiros.

No estado de São Paulo o empresário deve atender à Portaria do


Centro de Vigilância Sanitária (CVS) nº 5/2013, que exige que o esta-
belecimento tenha equipamentos adequados para a preparação de ali-
mentos (SÃO PAULO [Estado], 2013).

26 Aspectos legais para negócios em alimentação


Na cidade de São Paulo, para ficar em conformidade com a Portaria
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

SMS nº 2.619/2011, dependendo do tipo de empresa, um sócio precisa


fazer curso de manipulação de alimentos ou contratar um nutricionista:

Nas empresas dispensadas da obrigatoriedade de possuir res-


ponsável técnico legalmente habilitado, o proprietário ou pessoa
por ele designada deve apresentar certificado de curso de boas
práticas, com carga horária mínima de oito horas, promovido pe-
los órgãos competentes do Sistema Municipal Vigilância em Saú-
de ou apresentar certificado de curso de capacitação em Boas
Práticas de Manipulação de Alimentos emitido por entidade de
ensino reconhecida por órgãos vinculados ao Ministério da Edu-
cação – MEC ou à Secretaria da Educação do Estado de São Pau-
lo. (SÃO PAULO [Município], 2011)

No entanto, nos casos de manipulação de alimentos funcionais, ali-


mentação hospitalar, nutrição infantil, etc., a empresa estará obrigada a
constituir um responsável técnico legalmente habilitado. É importante
também observar que os empresários individuais e as empresas serão
responsáveis e responderão pelo risco da atividade independente da
culpa pelos danos causados pelos produtos postos em circulação. Veja
o que diz o Código Civil (BRASIL, 2002):

Art. 931. Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os


empresários individuais e as empresas respondem independente-
mente de culpa pelos danos causados pelos produtos postos em
circulação.

Na cidade de São Paulo o empresário precisa ficar atento ao pro-


cesso de preparação de alimentos em seu estabelecimento para evi-
tar denúncias e queixas de vizinhos por incômodo gerado pela fumaça.
A Coordenadoria de Vigilância em Saúde da prefeitura de São Paulo
(Covisa) e a Secretaria do Verde notificam e multam os estabelecimen-
tos que geram fumaça que incomoda moradores do entorno.

Existe ainda a contribuição sindical patronal a ser paga pelas empre-


sas ao sindicato representativo da respectiva categoria, a contribuição

Modelos de constituição societária – capacidade civil e capital social 27


assistencial mensal (em torno de 1,5% do salário e do 13º) e a contri-

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
buição sindical dos empregados, que corresponde a um dia de salário
por ano. O empregador deve descontar os valores no mês de março e
realizar o recolhimento no mês de abril de cada ano, repassando-os ao
respectivo sindicato da categoria profissional do empregado.

Por último, temos as obrigações acessórias exigidas pelas legisla-


ções fiscais, trabalhistas, previden­ciárias e empresariais: escrituração e
o registro dos livros fiscais e contábeis; os balanços patrimoniais e de
resultado econômico; a execução dos livros empresariais; e o emissor
de cupom fiscal, para emitir as notas fiscais nas prestações de serviços
ou vendas de seus produtos.

É proibido faturar sem a emissão de documentos fiscais. Segundo a


Lei nº 4.729, de 14 de julho de 1965, configura crime de sonegação de
impostos (BRASIL, 1965):

I – prestar declaração falsa ou omitir, total ou parcialmente, infor-


mação que deva ser produzida a agentes das pessoas jurídicas de
direito público interno, com a intenção de eximir-se, total ou par-
cialmente, do pagamento de tributos, taxas e quaisquer adicionais
devidos por lei;

II – inserir elementos inexatos ou omitir rendimentos ou operações


de qualquer natureza em documentos ou livros exigidos pelas leis
fiscais, com a intenção de exonerar-se do pagamento de tributos
devidos à Fazenda Pública;

III – alterar faturas e quaisquer documentos relativos a operações


mercantis com o propósito de fraudar a Fazenda Pública;

IV – fornecer ou emitir documentos graciosos ou alterar despesas,


majorando-as, com o objetivo de obter dedução de tributos devi-
dos à Fazenda Pública, sem prejuízo das sanções administrativas
cabíveis;

V – exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte benefi-


ciário da paga, qualquer percentagem sobre a parcela dedutível ou
deduzida do imposto sobre a renda como incentivo fiscal […];

Pena: Detenção, de seis meses a dois anos, e multa de duas a cinco


vezes o valor do tributo.

28 Aspectos legais para negócios em alimentação


O empresário pode ainda estar sujeito a denúncia no Ministério
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

Público e o delito pode se enquadrar como crime contra a ordem tribu-


tária, conforme a Lei nº 8.137/1990 (BRASIL, 1990):

Art. 1º Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir


tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as
seguintes condutas: (Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000)

I – omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades


fazendárias;

II – fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos,


ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou li-
vro exigido pela lei fiscal;

III – falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda,


ou qualquer outro documento relativo à operação tributável;

IV – elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que


saiba ou deva saber falso ou inexato;

V – negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou


documento equivalente, relativa a venda de mercadoria ou presta-
ção de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo
com a legislação.

Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

2 Constituição societária
Para abrir um estabelecimento, o empreendedor poderá atuar in-
dividualmente, sem sócio, como “empresário”, amparado pela Lei
Complementar nº 128/2008, que alterou o artigo 966 do Código Civil
(Lei Geral da Micro e Pequena Empresa):

§ 3º Caso venha a admitir sócios, o empresário individual poderá


solicitar ao Registro Público de Empresas Mercantis a transfor-
mação de seu registro de empresário para registro de sociedade
empresária, observado, no que couber, o disposto nos arts. 1.113
a 1.115 deste Código. (Incluído pela Lei Complementar nº 128, de
2008). (BRASIL, 2002)

Modelos de constituição societária – capacidade civil e capital social 29


De acordo com o artigo 98 do Código Civil, o empresário poderá

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
atuar também como sociedade empresária (com um ou mais sócios):

Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a socieda-


de que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresá-
rio sujeito a registro.

Parágrafo único: Independentemente de seu objeto, considera-


-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.
(BRASIL, 2002)

Teremos assim os quatro tipos mais comuns de empresas para um


estabelecimento de alimentação. Confira os quatro tipos na figura 1.

Figura 1 – Tipos de empresa para estabelecimento de alimentação

EMPRESÁRIO INDIVIDUAL SOCIEDADE EMPRESÁRIA LIMITADA

Atua individualmente sem sócios Atua com sócios


(artigo 966 do Código Civil) (artigo 982 do Código Civil)

EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE


MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI)
LIMITADA (EIRELI)
Atua como empresário individual
Atua como empresário individual
(Lei Complementar nº 128/2008)
(criada pela Lei nº 12.441/2011)

2.1 Empresário individual

Nesta modalidade o empreendedor atua em nome próprio, sem


sócios, adotando o conceito de empresário previsto no artigo 966 do
Código Civil (BRASIL, 2002): “É empresário quem exerce profissional-
mente atividade econômica organizada para a produção ou circulação
de bens ou de serviços”.

Embora o empresário individual figure de maneira suposta como


pessoa jurídica para fins tributários, ele não pode ser considerado
uma pessoa jurídica só porque é obrigado a ter um CNPJ para controle

30 Aspectos legais para negócios em alimentação


dos seus tributos. O empresário individual é uma pessoa física (natural)
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

que administra o próprio negócio.

O empresário individual é o único dono do estabelecimento e só ele


pode tomar decisões quanto ao funcionamento e à administração da em-
presa, sem ser obrigado a submeter suas determinações a um sócio.

Entretanto, essa liberdade de ações gera responsabilidade ilimitada


pelas obrigações assumidas, ou seja, se a empresa não possuir recur-
sos satisfatórios para cumprir seus compromissos com os credores
(fisco, empregados, fornecedores, bancos, etc.), o dono da empresa, na
qualidade de empresário, responde com seus bens particulares para
completar o valor remanescente das dívidas assumidas, mesmo que o
empresário tenha agido com precaução e boa-fé na administração dos
negócios.

2.2 Sociedade empresária com um ou mais sócios

Uma sociedade se forma quando duas ou mais pessoas, na quali­


dade de empresários, exercem profissionalmente uma atividade econô-
mica organizada em estabelecimento próprio e adequado para a produ-
ção ou circulação de bens ou serviços.

O conceito judiciário da sociedade empresária está especificado nos


artigos 981 e 982 no Código Civil (BRASIL, 2002):

Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciproca-


mente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercí-
cio de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados.

Parágrafo único. A atividade pode restringir-se à realização de um


ou mais negócios determinados.

Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a


sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de
empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais.

Modelos de constituição societária – capacidade civil e capital social 31


O Código Civil especifica em seu artigo 977 que os cônjuges podem

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
formar sociedade entre si ou com terceiros se não estiverem casados
no regime de comunhão universal de bens ou de separação obrigatória:

Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou


com terceiros, desde que não tenham casado no regime da comu-
nhão universal de bens, ou no da separação obrigatória. (BRASIL,
2002)

2.3 Empresa individual de responsabilidade limitada


(Eireli)

Criada pela Lei nº 12.441/2011, esta modalidade de empresa permi-


te ao seu titular atuar sem sócios e ter uma responsabilidade limitada
ao capital social declarado, e o empreendedor atua como empresário
individual (BRASIL, 2011a).

A empresa é constituída por uma única pessoa, que é o titular de


todo o capital social, devidamente integralizado. O capital social na Eireli
não poderá ser inferior a cem (100) vezes o maior salário-mínimo em
vigor no país.

O titular não responderá com seus bens pessoais pelas dívidas da


empresa desde que não pratique nenhum tipo de ato ilícito na adminis-
tração da empresa. Se isso ocorrer, ele deverá complementar os encar-
gos da empresa com seus bens particulares (BRASIL, 2002):

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência


ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao


exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim
econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

32 Aspectos legais para negócios em alimentação


A constituição da Eireli se dá com a elaboração do ato constitutivo,
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

similar ao contrato social nas empresas de sociedade limitada, devendo


ser registrada na junta comercial, possuir CNPJ, inscrição estadual e
inscrição municipal, bem como alvará de funcionamento.

2.4 Microempreendedor individual (MEI)

Esta modalidade reduz a carga tributária e integra e simplifica o


recolhimento de impostos da empresa. Foi criada e é regida pela Lei
Complementar nº 128/2008, que modificou partes da Lei Geral da Micro
e Pequena Empresa (Lei Complementar nº 123/2006).

O MEI enquadrado no Simples Nacional é a pessoa que trabalha por


conta própria e se regulariza como pequeno empresário, estando legiti-
mada a ter apenas um empregado contratado, que deve receber salário
mínimo ou o piso da categoria.

Para que os empreendedores continuem neste regime, desde 1º de


janeiro de 2018, após a aprovação do Projeto de Lei nº 125/2015, o limi-
te do faturamento anual do MEI passou a ser de R$ 81.000,00.

Também nesta modalidade de empresa há obrigatoriedade do re-


gistro no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), abertura de
conta bancária e emissão de notas fiscais, tendo direito a benefícios
como auxílio-maternidade, auxílio-doença, aposentadoria por idade e in-
validez, auxílio-reclusão e pensão por morte, ficando isento dos tributos
federais (imposto de renda, PIS, Cofins, IPI e CSLL).

O Sebrae informa que, conforme o artigo 97 da Resolução CGSN nº


94/2011, o MEI não é obrigado a emitir documento fiscal quando a ven-
da de mercadorias ou a prestação de serviços se destinar ao consumi-
dor final pessoa física. O MEI também fica desobrigado da emissão de
documento fiscal no comércio de mercadorias para destinatário com
CNPJ se este emitir a nota fiscal de entrada; caso contrário, existe a
obrigatoriedade (BRASIL, 2011b).

Modelos de constituição societária – capacidade civil e capital social 33


O empreendedor deve estar ciente de que, como responsável pela

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
empresa (MEI), ele é obrigado a assumir todas as decorrências que inci-
direm com ela, podendo ser cobrado pelas dívidas adquiridas na admi-
nistração, tendo que colocar à disposição seu patrimônio pessoal para
complementar os valores devidos das obrigações.

3 Tipos de regimes tributários


As formas de tributação federal para as empresas de alimentação
são três: o Simples Nacional, o lucro presumido e o lucro real. A escolha
de um destes regimes não depende só do empresário: o volume finan-
ceiro de faturamento e o tipo de atividade registrada como atividade
principal também são critérios para o enquadramento.

Sabemos que para algumas atividades específicas o empresário


precisará contar com um suporte profissional. No caso da decisão do
regime entre o Simples, o lucro real e o lucro presumido, existem muitas
alternativas que envolvem as condições particulares de cada negócio.
Sendo assim, o empresário deverá contratar um contador profissional
que terá mais habilidade para definir juntamente com o empreendedor
interessado (e de acordo com suas pretensões) o regime mais adequa-
do para a empresa.

Ao consultar seu contador, o empresário precisa já ter construído


uma base de conhecimento de suas ambições com a empresa para que
a forma escolhida do regime seja utilizada por um longo tempo, sem
necessitar de constantes alterações.

Para ajudar com a decisão, daremos uma noção das normas e for-
mas atuais (bem como suas vantagens e seus requisitos) para o ingres-
so da empresa nestes três regimes.

34 Aspectos legais para negócios em alimentação


3.1 Simples Nacional
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

O Simples Nacional surgiu como uma oportunidade de o empre-


sário reunir os pagamentos de IRPJ, IPI, CSLL, Cofins, PIS, INSS, ICMS
e ISS em um único documento de recolhimento mensal. Contudo, há
exceções, e em alguns casos, conforme a atividade, o recolhimento
será realizado de forma distinta dos tributos.

Essa possibilidade está prevista na Lei Complementar nº 123, de 14


de dezembro de 2006, como um regime compartilhado de arrecada­
ção válido em todo o território nacional, com um tratamento diferen­
ciado que favorece as microempresas e as empresas de pequeno porte
(BRASIL, 2006).

Em 1º janeiro de 2018 começou a vigorar a Lei Complementar


nº 155/2016, que regra as alterações nos tipos de cálculo e nas alíquo-
tas, que agora são progressivas, passíveis de serem menores que no
regime anterior, além de incluir novas atividades e novos limites de fa-
turamento das empresas. Para o Simples Nacional, o limite da receita
bruta passou de R$ 3,6 milhões para R$ 4,8 milhões (BRASIL, 2016).

Para ingressar no regime do Simples Nacional é necessário formali-


zar esta opção verificando se a empresa cumpre os requisitos previstos
na legislação e se sua empresa está definida como microempresa ou
empresa de pequeno porte.

O empresário, ao registrar sua atividade, deve dar atenção espe-


cial à atividade da empresa na Classificação Nacional de Atividades
Econômicas (Cnae). A Cnae lista os códigos das atividades que a em-
presa está autorizada a executar e que devem estar obrigatoriamente
presentes nas notas fiscais.

A empresa deverá ter um código principal, que será utilizado na maio-


ria de suas notas fiscais, mas pode também ter vários secundários. Nas

Modelos de constituição societária – capacidade civil e capital social 35


emissões de notas fiscais, o Cnae informado poderá ter alíquotas de

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
impostos diferentes daqueles da atividade principal.

Para saber se a atividade está no Simples é necessário verificar o


código Cnae, que informará também se a atividade econômica esco-
lhida como principal pela empresa precisa de inscrição estadual. O nú-
mero da inscrição estadual representa o registro da empresa no ICMS.

Caso a descrição do Cnae seja “Restaurantes e similares”, o có-


digo do Cnae será 5611-2/01, que tem como atividade econômica
“Comércio”. Este CNAE está presente no Simples; consequentemente,
a empresa com esta classificação nacional de atividade econômica,
desde que acate as normas da lei e não ultrapasse os limites de fatu-
ramento, pode trabalhar no regime Simples.

A importância da definição na Cnae se dá pelo fato de que é ela que


determina o quanto de imposto a empresa vai pagar. Determina tam-
bém a autorização ou impedimento do enquadramento no Simples. Se a
classificação das atividades da empresa não permitir o enquadramento
no Simples, o empresário tem como alternativa o regime de lucro presu-
mido, que é outra forma de tributação simplificada do imposto de ren-
da das pessoas jurídicas (IRPJ ) e da contribuição social sobre o lucro
líquido (CSLL).

3.2 Lucro presumido

O lucro presumido é uma segunda opção de regime de faturamento.


Ele é permitido dentro de uma dada faixa de receita bruta total anual,
porém com imposto apurado trimestralmente. Esse regime é regrado
pelo Decreto nº 3.000/1999, artigos 516 a 528. O artigo 516 prescreve
(BRASIL, 1999):

Art. 516. A pessoa jurídica cuja receita bruta total, no ano-calendá-


rio anterior, tenha sido igual ou inferior a vinte e quatro milhões de
reais, ou a dois milhões de reais multiplicado pelo número de me-

36 Aspectos legais para negócios em alimentação


ses de atividade no ano-calendário anterior, quando inferior a doze
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

meses, poderá optar pelo regime de tributação com base no lucro


presumido (Lei nº 9.718, de 1998, art. 13).

§ 1º A opção pela tributação com base no lucro presumido será


definitiva em relação a todo o ano-calendário (Lei nº 9.718, de 1998,
art. 13, § 1º).

§ 2º Relativamente aos limites estabelecidos neste artigo, a receita


bruta auferida no ano anterior será considerada segundo o regime
de competência ou caixa, observado o critério adotado pela pessoa
jurídica, caso tenha, naquele ano, optado pela tributação com base
no lucro presumido (Lei nº 9.718, de 1998, art. 13, § 2º).

§ 3º A pessoa jurídica que não esteja obrigada à tributação pelo


lucro real (art. 246), poderá optar pela tributação com base no lucro
presumido.

§ 4º A opção de que trata este artigo será manifestada com o pa-


gamento da primeira ou única quota do imposto devido correspon-
dente ao primeiro período de apuração de cada ano-calendário (Lei
nº 9.430, de 1996, art. 26, § 1º).

§ 5º O imposto com base no lucro presumido será determinado


por períodos de apuração trimestrais, encerrados nos dias 31 de
março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada
ano-calendário, observado o disposto neste Subtítulo (Lei nº 9.430,
de 1996, arts. 1º e 25).

3.3 Lucro real

O lucro real aparece como terceira alternativa. Nesse regime a apura-


ção do imposto é mensal e tem como base de cálculo para sua atualiza-
ção o lucro real convertido em unidade fiscal de referência (Ufir). Pelas
suas características, o lucro real se mostra um pouco mais complexo se
comparado com os outros. Conferindo suas próprias particularidades, o
empresário precisa analisar sua pretensão de faturamento e se existem
vantagens tributárias para o enquadramento neste regime.

Modelos de constituição societária – capacidade civil e capital social 37


Resumindo, no regime tributário de lucro real o imposto de renda e

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
a contribuição social sobre o lucro são apurados pela pessoa jurídica
tomando como base de cálculo o valor real do lucro contábil, ajustado
financeiramente pela Ufir ou conforme a legislação fiscal vigente. O PIS
e o Cofins normalmente são apurados pelo regime não cumulativo le-
vando em conta as aquisições efetivadas dentro dos limites legais.

A legislação pertinente que menciona o lucro real é a Lei nº 8.541, de


23 de dezembro de 1992 (BRASIL, 1992):

Art. 2º A base de cálculo do imposto será o lucro real, presumido ou


arbitrado, apurada mensalmente, convertida em quantidade de Uni-
dade Fiscal de Referência (Ufir) (Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de
1991, art. 1º) diária pelo valor desta no último dia do período-base.

Art. 3º A pessoa jurídica, tributada com base no lucro real, deverá


apurar mensalmente os seus resultados, com observância da le-
gislação comercial e fiscal.

§ 1º O imposto será calculado mediante a aplicação da alíquota de


25% sobre o lucro real expresso em quantidade de Ufir diária.

4 Registro da documentação nos órgãos


públicos
No Brasil é indispensável que o empreendedor registre sua empresa,
seja ele uma pessoa natural que deseja trabalhar como empresário in-
dividual ou uma pessoa jurídica que quer estabelecer uma sociedade. A
constituição da empresa implica a obrigatoriedade do registro adequa-
do à sua atividade. O registro público vai referenciar as ocorrências em
livros destinados para este fim, e dará amparo e defesa ao documento,
tornando-o também público para consultas.

O registro público preserva os dados considerados fundamentais para


a sociedade. Ele armazena as informações da constituição da empresa,

38 Aspectos legais para negócios em alimentação


fatos e acontecimentos no decorrer de sua existência, alterações de
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

quadro societário (se houver) e data e forma de seu encerramento.

Os artigos 967, 968 e 1.150 do Código Civil tratam da obrigatoriedade


da inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis (BRASIL, 2002):

Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Públi-


co de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de
sua atividade.

Art. 968. A inscrição do empresário far-se-á mediante requerimento


que contenha:

I – o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado,


o regime de bens;

II – a firma, com a respectiva assinatura autógrafa que poderá ser


substituída pela assinatura autenticada com certificação digital ou
meio equivalente que comprove a sua autenticidade, ressalvado o
disposto no inciso I do § 1º do art. 4º da Lei Complementar nº 123,
de 14 de dezembro de 2006; (Redação dada pela Lei Complemen-
tar nº 147, de 2014);

III – o capital;

IV – o objeto e a sede da empresa. […]

Art. 1.150. O empresário e a sociedade empresária vinculam-se


ao Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas
Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas
Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas fixadas para aquele
registro, se a sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade
empresária.

4.1 Junta Comercial

A Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp) é uma enti-


dade vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência,
Tecnologia e Inovação, administrativamente subordinada ao Governo

Modelos de constituição societária – capacidade civil e capital social 39


do Estado de São Paulo e tecnicamente ao Departamento de Registro

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
Empresarial e Integração (Drei), que é um órgão integrante da Secretaria
da Micro e Pequena Empresa. Tem como principais finalidades dar ga-
rantia, publicidade, autenticidade, segurança e eficácia aos atos jurídi-
cos das empresas mercantis submetidos a registro, cadastrar empre-
sas e manter atualizadas as informações pertinentes, além de proceder
à matrícula dos agentes auxiliares do comércio, bem como ao seu
cancelamento.

Na Junta Comercial do Estado são registrados o que atualmente se


denomina empresário (antiga firma individual), a empresa individual de
responsabilidade limitada (Eireli) e as sociedades empresárias (limita-
da, anônima, cooperativas, consórcios, grupos e filiais de sociedade es-
trangeira e empresa pública).

Não é necessário encaminhar documentos à Junta Comercial. O


CNPJ e o número de identificação do registro de empresas (Nire – cria-
do pela Lei Federal nº 8.934/1994) são obtidos imediatamente após o
cadastramento.

Existe apenas uma maneira de solicitar o cadastro nacional da pes-


soa jurídica (CNPJ), que é por meio do site da Receita Federal do Brasil
(RFB). Ao solicitar o CNPJ, o empresário receberá o protocolo de trans-
missão (quando for utilizado certificado digital para assinatura da soli-
citação), ou o documento básico de entrada – DBE (quando não for uti-
lizado certificado digital para assinatura da solicitação). Por isso o DBE
deverá sempre ser entregue para a Junta Comercial com a assinatura
do responsável pelo CNPJ.

IMPORTANTE

A formalização do microempreendedor individual pode ser feita on-line


no Portal do Empreendedor: www.portaldoempreendedor.gov.br.

40 Aspectos legais para negócios em alimentação


Considerações finais
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

A legislação que trata dos tipos de constituição societária lista dife-


rentes formas que podem ser utilizadas legitimamente pelo empresário
para exercer uma atividade econômica.

Neste capítulo mostramos alguns modelos de constituição societária,


suas principais características, sua base legal, seus requisitos e suas res-
ponsabilidades. Assim o interessado poderá analisar aquele que mais se
adapta à sua condição e o tipo a ser adotado para seu negócio.

Os procedimentos que o futuro empresário vai usar para escolher o


tipo de empresa que mais se adequa às suas necessidades são total-
mente profissionais e pessoais. A legislação não oferece uma indicação
perfeita e ideal de modelo de sociedade ou de composição de pessoa
jurídica que se adapte para todos os empresários. Cada caso atende a
uma determinada necessidade do interessado.

Posteriormente o empreendedor precisa saber se atende aos requi-


sitos solicitados pela lei para a legitimação jurídica de seus atos.

Devidamente capacitado e já decidido o tipo de constituição societá-


ria, o empresário precisa oficializar e publicar sua empresa com o regis-
tro nos órgãos públicos para assim iniciar as atividades de seu negócio.

Atendendo aos requisitos da lei para sua constituição societária e


para a composição jurídica de sua empresa, o empresário estará legiti-
mado em todos os seus atos administrativos.

Referências
BRASIL. Advocacia-Geral Da União. Lei nº 12.441, de 11 de julho de 2011. Altera
a Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), para permitir a constitui-
ção de empresa individual de responsabilidade limitada. Diário Oficial da União,
Poder Legislativo, Brasília, DF, 12 jul. 2011a. p. 1. Disponível em: <http://www.

Modelos de constituição societária – capacidade civil e capital social 41


planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12441.htm>. Acesso em: 25

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
fev. 2018.

______. Casa Civil da Presidência da República. Lei Complementar nº 123, de


14 de dezembro de 2006. Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da
Empresa de Pequeno Porte; altera dispositivos das Leis nº 8.212 e 8.213, am-
bas de 24 de julho de 1991, da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, apro-
vada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, da Lei no 10.189, de 14
de fevereiro de 2001, da Lei Complementar nº 63, de 11 de janeiro de 1990; e
revoga as Leis nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e 9.841, de 5 de outubro
de 1999. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 15 dez. 2006. p.
1. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/LCP/Lcp123.htm>.
Acesso em: 24 fev. 2018.

______. Congresso Nacional. Constituição da República Federativa do Brasil


(Constituição Federal de 1988). Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
Brasília, DF, 5 out. 1988. p. 1. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 20 fev. 2018.

______. Lei Complementar nº 155, de 27 de outubro de 2016. Altera a Lei


Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, para reorganizar e simpli-
ficar a metodologia de apuração do imposto devido por optantes pelo Simples
Nacional; altera as Leis nº 9.613, de 3 de março de 1998, 12.512, de 14 de ou-
tubro de 2011, e 7.998, de 11 de janeiro de 1990; e revoga dispositivo da Lei nº
8.212, de 24 de julho de 1991. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília,
DF, 28 out. 2016. p. 1. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
LCP/Lcp155.htm>. Acesso em: 26 fev. 2018.

______. Ministério da Fazenda. Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999.


Regulamenta a tributação, fiscalização, arrecadação e administração do
Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza. Diário Oficial da
União, Poder Executivo, Brasília, DF, 29 mar. 1999. p. 1. Disponível em: < http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto/D3000.htm>. Acesso em: 20 fev. 2018.

______. Ministério da Fazenda. Lei nº 4.729, de 14 de julho de 1965. Define o cri-


me de sonegação fiscal e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder
Executivo, Brasília, DF, 19 jul. 1965. p. 3449. Disponível em: <http://www.planal-
to.gov.br/ccivil_03/Leis/1950-1969/L4729.htm>. Acesso em: 23 fev. 2018.

42 Aspectos legais para negócios em alimentação


______. Ministério da Fazenda. Lei nº 8.541, de 23 de dezembro de 1992. Altera
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

a legislação do Imposto de Renda e dá outras providências. Diário Oficial da


União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 24 dez. 1992. p. 18005. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8541.htm>. Acesso em: 21 fev.
2018.

______. Ministério da Justiça. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o


Código Civil. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 11 jan. 2002.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/l10406.htm>.
Acesso em: 20 fev. 2018.

______. Ministério da Justiça. Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990. Define


crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo,
e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF,
28 dez. 1990. p. 25534. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/
Leis/L8137.htm>. Acesso em: 24 fev. 2018.

______. Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Lei


Complementar nº 128, de 19 de dezembro de 2008. Altera a Lei Complementar
no 123, de 14 de dezembro de 2006, altera as Leis no 8.212, de 24 de julho de
1991, 8.213, de 24 de julho de 1991, 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Código
Civil, 8.029, de 12 de abril de 1990, e dá outras providências. Diário Oficial da
União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 22 dez. 2008. p. 1. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/Ccivil_03/leis/LCP/Lcp128.htm>. Acesso em: 24 fev. 2018.

______. Receita Federal. Resolução CGSN nº 94, de 29 de novembro de 2011.


Dispõe sobre o Simples Nacional e dá outras providências. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 1 dez. 2011b. p. 50. Disponível em: <http://normas.receita.fa-
zenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?idAto=36833&visao=anotado>. Acesso
em: 25 fev. 2018.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Demografia


das empresas. 2013. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/estatisticas-no-
voportal/economicas/outras-estatisticas-economicas/9068-demografia-das-
-empresas.html?edicao=10638&t=sobre>. Acesso em: 24 fev. 2018.

NO BRASIL, 24% das empresas fecham no primeiro ano de vida, diz IBGE. UOL,
São Paulo, 27 out. 2010. Disponível em: <https://economia.uol.com.br/noticias/
redacao/2010/10/27/24-da-empresa-brasileiras-fecham-no-primeiro-ano-de-
-vida-diz-ibge.htm>. Acesso em: 24 fev. 2018.

Modelos de constituição societária – capacidade civil e capital social 43


SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Estado da Saúde. Portaria CVS 5/2013.

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
Aprova o regulamento técnico sobre boas práticas para estabelecimentos co-
merciais de alimentos e para serviços de alimentação, e o roteiro de inspeção,
anexo. Diário Oficial do Estado, Poder Executivo, São Paulo, 19 abr. 2013. Seção
1, p. 32-35. Disponível em: <http://www.cvs.saude.sp.gov.br/up/PORTARIA%20
CVS-5_090413.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2018.

SÃO PAULO (Município). Secretaria Municipal de Saúde. Portaria nº 2.619/2011.


DOC, Secretaria Municipal de Saúde, São Paulo, 6 dez. 2011. p. 23. Dispo-
nível em: <http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/chamadas/
portaria_2619_1323696514.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2018.

44 Aspectos legais para negócios em alimentação

Você também pode gostar