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FUNDAMENTOS DE

CONTROLADORIA

Organizadoras:
Vaniza Pereira
Cláudia dos Santos
Farias
Conceitos: controladoria
e controller
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

n Explicar a estrutura e a organização da controladoria.


n Reconhecer o código de ética do profissional de contabilidade.
n Descrever o perfil do profissional controller.

Introdução
O cenário atual é de constantes evoluções tecnológicas e de globalização
dos mercados, o que afeta os processos produtivos, fazendo a produtividade
empresarial avançar, e tem grande impacto nos mercados exteriores. Frente
a essa realidade, houve um aumento da procura por mão de obra especiali-
zada. A cada dia que passa, essa mão de obra precisa ser mais qualificada. O
diploma universitário já não é mais suficiente, mesmo que tenha sido obtido
nas melhores universidades. É necessário que o profissional de controladoria
se atualize e acompanhe os objetivos da empresa, visto que a controladoria é
um departamento de alto nível de informação. Neste texto, você irá estudar
como é a estrutura da controladoria e como deve ser o perfil do controller.

A controladoria
A necessidade de criar um sistema contábil mais adequado ao controle gerencial
surgiu de vários fatores que tiveram origem nesse cenário. Veja quais são:

n A complexidade das organizações empresariais atuais.


n A interferência governamental nesses ambientes.
n A busca crescente por diferentes fontes de financiamento.
n O dever de observar padrões éticos e melhores práticas de gestão nos
negócios.

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Esses fatores, portanto, contribuíram para que o gerenciamento das finanças


passasse a exercer um diferente e cada vez mais importante papel dentro das
empresas. Isso, porém, impactou na função do executivo financeiro: cargo
que assumiu maior responsabilidade e múltiplas funções.
Com a separação das áreas financeira e contábil, era necessário aperfeiçoar o
processo de gestão. Então, como ferramenta de negócios, surge a Controladoria.

Entendimento da controladoria
De acordo com Mosimann e Fisch (1999), a controladoria pode ser entendida
de duas formas:

1. Órgão administrativo

Neste caso, a controladoria tem como principal missão a continuidade da


empresa, que deve ser assegurada pela otimização de seu resultado. Além
disso, sua função e os princípios que a norteiam são definidos no modelo de
gestão da empresa para a melhoria contínua do processo de gerenciamento.
O objetivo é propor e aperfeiçoar instrumentos de planejamento e controle
gerencial por meio das diversas ciências advindas da controladoria.

2. Área do conhecimento humano

Aqui, a controladoria possui fundamentos, princípios e métodos oriundos


de outras ciências.

Controladoria na gestão empresarial


A principal missão da controladoria é a continuidade das empresas, e o pro-
fissional responsável por cumpri-la é o executivo denominado controller. Suas
funções não se limitam apenas à área contábil, mas também às aplicações
gerenciais da organização. Em geral, as atividades e responsabilidades básicas
de um controller incluem:
Planejamento: Estabelecimento e manutenção de objetivos e metas da
companhia, que deverão passar por uma análise periódica, bem como promover
a comunicação com os diversos níveis de gerência.
Controle: Desenvolvimento e revisão dos sistemas de controle relacionados
aos padrões de avaliação e desempenho, que servirão para que outros gestores
possam medir e comparar seus resultados.

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Informação: Preparação, análise e, principalmente, interpretação de resul-


tados financeiros que serão utilizados no processo de gestão, além da gerência
da informação exigida pelo governo, por órgãos reguladores, acionistas,
instituições financeiras e por outros interessados.
Contabilidade: Manutenção do sistema de contabilidade e de custos. Essas
informações devem ser úteis para a contabilidade gerencial e financeira, que,
respectivamente, representam o processo de decisão e os usuários externos.
Também é função do controller administrar e supervisionar as atividades
que impactam no desempenho empresarial, como impostos federais, estaduais e
municipais, negociando com as autoridades fiscais quando necessário, e manter
um relacionamento adequado com auditores internos e externos; estabelecer
planos de seguro/risco; desenvolver e manter sistemas e procedimentos de
registro de informações; supervisionar a tesouraria; instituir programas de
financiamento; entre outras.

A função do departamento de controladoria e o papel do controller podem variar de


empresa para empresa.

Controladoria estratégica
Quando pensamos, por longo tempo, em todas as estratégias empresariais,
em tudo o que é considerado vital para a boa operacionalidade e o aumento
da capacidade produtiva de uma entidade, realizamos o controle estratégico.
Nesse processo, porém, diversos indicadores de desempenho são criados
ou alterados por aqueles que dizem respeito a informações monetárias, físicas,
de produtividade e de qualidade. Muitas vezes, esses dados se apresentam de
forma subjetiva, dificultando o trabalho do setor de controladoria.
A controladoria estratégica tem como uma de suas funções básicas e bas-
tante importante se preocupar com os clientes, fornecedores, funcionários,
investidores e a sociedade em geral; além, é claro, dos concorrentes, que
podem representar a descontinuidade empresarial.
No entanto, as principais informações veiculadas no setor de controladoria
são as contábeis, cujo objetivo é facilitar a vida dos gestores, permitindo a

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definição de roteiros estratégicos para as organizações. Mas gerenciar uma


empresa não é uma tarefa específica ou tópica, trata-se de uma atividade mais
profunda, contínua e cíclica, que requer:

n A formulação e a comunicação de estratégias para todos os setores da


entidade.
n O desenvolvimento de práticas para pôr as estratégias em funcionamento.
n O controle para aprimorar as etapas estratégicas.

Foco de atuação da controladoria estratégica

Até o momento, defi nimos a área de controladoria com base nas mudanças
do próprio cenário das empresas e no perfi l do controller dentro desse
contexto. Agora, vamos reforçar seus fundamentos e identificar que tipo
de informação a controladoria estratégica toma como parâmetro para se
desenvolver.
Fundamentos: Entre os fundamentos da controladoria estratégica, estão:

n A atenção a todos os credores ou depositários stakeholders.


n A preocupação com o longo prazo.
n O uso de informações monetárias, físicas, de produtividade e de
qualidade.
n O foco constante no ambiente externo da empresa.

Informações: As informações necessárias à controladoria estratégica


referem-se a:

n Custos dos competidores.


n Rentabilidade dos produtos dos competidores.
n Satisfação dos clientes em relação à concorrência.
n Indicadores de produtividade.
n Imagem institucional.

Além dos principais fundamentos e informações da controladoria estra-


tégica, existem outros fatores que devem ser observados dentro do ambiente
empresarial – sempre lembrando que isso depende do tipo de empresa e da
influência da controladoria no processo de gestão. A que conclusões você
consegue chegar a partir desse exemplo, trazendo essa visão para o aspecto
de gestão? Será que isso acontece no dia a dia das empresas?

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Para discutirmos mais sobre o assunto, você vai ver como se formam os
sistemas de informações gerenciais.

Sistema de informações gerenciais

Dentro dos aspectos estratégicos empresariais, você precisa compreender


como funciona a geração de informação e o que pode fazer a partir de então.
A contabilidade pode ser considerada um subsistema, um sistema que
constitui outro maior da controladoria. Ela é formada por vários tipos de
informação. Um sistema pode ser entendido pelo seguinte esquema:
Entrada: realização da coleta de dados por uma série de elementos ou
comportamentos inter-relacionados.
Processo: registro e armazenamento do processo de coleta de dados.
Saída: disseminação dos dados e das informações.
Retroalimentação: mecanismo através do qual o próprio sistema se
realimenta.
A estrutura do sistema de informação pode ser adaptada à realidade de cada
empresa. Um exemplo de sistema utilizado pelas organizações é o Business
Intelligence (BI).
Você percebeu que várias bases compõem o conjunto integrado desse
sistema? Pois é, são essas bases que auxiliam o processo de tomada de
decisão no que diz respeito às questões operacionais, táticas e estratégicas
da empresa.

Sistema de informações contábeis


A contabilidade é responsável por coletar dados de diversas fontes – tanto
internas quanto externas à empresa – por meio da utilização de várias fer-
ramentas e técnicas. Para a entidade empresarial, a contabilidade funciona
como um instrumento de planificação e controle que possibilita a previsão e
a interpretação dos resultados.
Lunkes (2007), por exemplo, afirma que o sistema contábil é extremamente
importante para gerar informação de apoio à tomada de decisão, que guie e
direcione as ações, monitorando e avaliando o desempenho e o resultado da
organização.
O sistema formado pela contabilidade é, portanto, um mecanismo em forma
de processamento das transações diárias da empresa. Esse sistema registra
os fatos contábeis baseado no plano de contas. De acordo com essa ideia, a
informação produzida pela contabilidade é financeira e não financeira.

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O controller

Controller estratégico
O cenário atual de constantes evoluções tecnológicas, globalização dos mer-
cados e crescimento do impacto dos mercados exteriores afeta diretamente
os processos produtivos Isso, por sua vez, aumenta a procura por mão de
obra especializada e qualificada, preocupada com o avanço da produtividade
empresarial.

Perfil de profissional que as empresas buscam

Como você já sabe, somente a graduação não basta para quem quer atuar na
área de controladoria. Com a globalização, habilidades como fluência em inglês
e espanhol, assim como o manuseio de ferramentas tecnológicas, se tornaram
requisitos mínimos para uma boa posição nesta área. O desenvolvimento
contínuo, além dos conhecimentos não técnicos, como a possibilidade de se
adaptar a diferentes culturas e a disponibilidade para trabalhar, mesmo que
de forma temporária, também são obrigatórios em outros países.
Entre as características necessárias ao sucesso da carreira dos profissionais
de controladoria, estão:

n Atitudes éticas.
n Bom nível cultural.
n Capacidade empreendedora.
n Bom nível de comunicação oral e escrita, entre outros.

Todos imaginam que um controller precisa dominar os conteúdos de contabili-


dade, tributos e custos. Isso é verdade, mas ele também deve ter experiência em
outras áreas da empresa, como administração, finanças, logística, marketing,
produção, sociologia, e assim por diante.

Antes de tudo, esse profissional é um generalista, pois reúne experiências na


área administrativa, financeira e contábil. Além disso, ele é o ator principal
do planejamento de curto e longo prazo das entidades.
Funções do controller:

n Fazer o planejamento e o controle.


n Elaborar relatórios e interpretar informações.

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n Avaliar as informações e assessorar os executivos.


n Realizar a administração tributária.
n Elaborar relatórios para o governo.
n Promover a proteção dos ativos.
n Efetuar a avaliação econômica da empresa.

Princípios que norteiam o trabalho do controller:

n Iniciativa
n Visão econômica
n Imparcialidade
n Síntese
n Visão para o futuro
n Oportunidade
n Persuasão
n Liderança
n Ética

Entender e ter conhecimentos básicos sobre auditoria financeira pode ser um grande
diferencial para um controller.

Código de Ética Profissional do Contador

O Código de Ética Profissional do Contador (CONSELHO FEDERAL DE


CONTABILIDADE, 1996), aprovado pela Resolução CFC Nº 803/96, tem o
objetivo de fixar a maneira como os profissionais da contabilidade devem se
conduzir em seu exercício profissional e nos assuntos relacionados à profissão
e à classe. Ele estabelece deveres e proibições, valor dos serviços profissionais,
deveres em relação aos colegas e à classe e penalidades.

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De acordo com o código de ética (CONSELHO FEDERAL DE CONTABI-


LIDADE, 1996), estes são alguns dos deveres do profissional de contabilidade:

n Exercer a profissão com zelo, diligência, honestidade e capacidade técnica.


n Guardar sigilo sobre o que souber em razão do exercício profissional lícito.
n Inteirar-se de todas as circunstâncias antes de emitir opinião.
n Manifestar, a qualquer tempo, a existência de impedimento para o
exercício da profissão.
n Auxiliar a fiscalização do exercício profissional.

Estas são algumas proibições ao profissional de contabilidade:

n Solicitar ou receber do cliente ou empregador qualquer vantagem que


saiba para aplicação ilícita;
n Recusar-se a prestar contas de quantias que lhe forem, comprovada-
mente, confiadas;
n Não cumprir, no prazo estabelecido, determinação dos conselhos re-
gionais de contabilidade, depois de regularmente notificado;
n Exercer a profissão demonstrando comprovada incapacidade técnica.
n Deixar de apresentar documentos e informações quando solicitado pela
fiscalização dos conselhos regionais.

Como profissional de contabilidade, é muito importante que você conheça


a fundo o Código de Ética Profissional do Contador. Ele está amplamente
disponível na web, e um dos sites em que você pode encontrá-lo é no do
Conselho Federal de Contabilidade.

Encontre o Código de Ética Profissional do Contador completo no site do Conselho


Federal de Contabilidade, neste link: http://www1.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.
aspx?Codigo=1996/000803

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CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Código de ética. Brasília, DF, 1996. Disponível


em: <http://www1.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=1996/000803>.
Acesso em: 12 dez. 2016.
LUNKES, Rogério J. Contabilidade gerencial: um enfoque na tomada de decisão. Flo-
rianópolis: Visual Books, 2007.
MOSIMANN, Clara; FISCH, Silvio. Controladoria: seu papel na administração de em-
presas. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

Leituras recomendadas
CATELLI, Armando. Controladoria: um enfoque da gestão econômica - GECON. 2. ed.
São Paulo: Atlas, 2007.
FERRARI, Mara J. et al. O perfil do controller sob a ótica do mercado de trabalho
brasileiro. RIC, Recife, v. 7, n. 3, p. 25-50, jul.-set. 2013. Disponível em: <http://www.
revista.ufpe.br/ricontabeis/index.php/contabeis/article/viewFile/293/334>. Acesso
em: 12 dez. 2016.
FIGUEIREDO, S.; CAGGIANO, P. C. Controladoria: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2004.
OLIVEIRA, Luís M. de; PEREZ JÚNIOR, José H.; SILVA, Carlos Alberto S. Controladoria
estratégica. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
PADOVEZE, C. L. Controladoria básica. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2010.
STRASSBURG, Udo et al. A importância do sistema de informação contábil como fonte
de informações para tomada de decisões. In: SEMINÁRIO DO CENTRO DE CIÊNCIAS
SOCIAIS APLICADAS DE CASCAVEL, 6., 2007, Cascavel. Anais... Cascavel: UNIOESTE,
2007. Disponível em: <http://www.unioeste.br/campi/cascavel/ccsa/VISeminario/
trabalhos.html>. Acesso em: 12 dez. 2016.

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