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Dentro da comunidade dos tieflings, seres que são amaldiçoados por um pacto
milenar por conta da ganância de seus antepassados em obter poder, existiam alguns que
gostavam do que eram e aceitavam sua identidade. A forma com que demonstravam
isso era cultuando o inferno, e principalmente Asmodeus.
Essa comunidade satânica (que tinha como membro todas as raças do reino)
vivia numa vila próxima a uma grande metrópole e possuíam grandes influências nas
redondezas, porém ninguém fazia mínima ideia de quem esses ocultistas eram de
verdade e o que faziam. Toda sua seita era construída para tentar, de qualquer forma,
brutal ou não, ter contato com o Lord Infernal. Até que um dia, Magda, uma ocultista de
pouca relevância conseguiu ter um link forte com o inferno. A partir disso, Asmodeus
começou a aparecer em seus sonhos, conduzindo-a até uma reunião secreta onde apenas
os ocultistas mais relevantes e importantes podiam participar.
Assim que Magda chega nessa reunião, que pouquíssimas pessoas tinham acesso
o a essa informação, Taglëck, um tiefling de 65 anos, líder da seita exclama:
- O que você, mera humana comum, faz aqui nesta reunião? Sua presença é nojenta para
nós! Guardas executem-na, ela não ter serventia alguma para nossos planos, mas antes
disso, Magda, diga o que quiser, será minha jogada de misericórdia.
- Hahaha! Meros membros de uma seita ridícula como a de vocês acham que são
capazes de ditar algo?
Debocha Magda, continuando sua fala:
- Do que você está falando? Tu está delirando. GUARDAS matem-na, já escutei muita
blasfêmia por hoje - Ordena Taglëck.
- Por conta disso, “querida” Magda, você será nossa oferenda ao Lorde das Trevas, com
certeza ele aceitará isso de bom agrado.
Quatro guardas partem para cima de Magda com um grande ímpeto e sede de
sangue. Ao tocarem na Magda, um poder absurdo e maligno origina dela, protegendo-a
(o poder era tão grandioso que todas as casas da pequena vila tremem por alguns
segundos) e a partir disso, não é mais a Magda que responde por seus atos.
- Ó Lord de Todos, por favor, tenha piedade, eu imploro! Eu jamais imaginaria que
veria o senhor possuindo algum dos nossos, me perdoe pelas heresias ditas a Magda.
Eu... nós, isso mesmo, nós buscamos o senhor a décadas e é a 1° vez que temos sua
presença em nossa frente, eu sempre acreditei que você fosse real, tudo que eu fiz por
você valeu a pena, por favor, abençoa-me com o seu poder.
- Nenhum de vocês me interessa. Eu observei vocês e nunca vi nada tão patético quanto
isso. Apenas a Magda possui valor aqui. Foi a única humana que eu observei uma real
lealdade a mim. VOCÊS SÃO MEROS VERMES INÚTEIS! NADA ALÉM DISSO,
NADA!
- Ninguém aqui, exceto Magda, terá história para contar. Eu acabarei com todos de uma
única vez. Aqui ninguém serve nem sequer para dar de comida para Cerberus. Eu
prometo, senhores, a morte de vocês não será rápida e nem um pouco indolor, isso eu
garanto.
ATO II – Discórdia
Passam-se 6 anos, Desespero cresceu e agora tem 18 anos. Asmodeus então diz
que em apenas 2 anos ele será coroado rei dos 9 infernos e Asmodeus o ajudará a reinar
todo inferno, porém Desespero não aguenta mais aquele local, para ele tudo lá era
imundo e poluído, tudo que andava naquele local o repugnava, desde as criaturas até
mesmo seu pai, que apenas o teve para continuar no poder de alguma forma e não ser
destronado por outros.
- Você, mera criatura fraca ousa falar assim com o seu REI?! Não importa se você é
meu filho, se falar algo assim novamente terá a punição que merece, seu moleque.
- Sua punição não me importa, já parei de ter medo de você há muito tempo. Sua
presença não me causa pânico nem nada do tipo, acha mesmo que eu falaria algo assim
se o temesse?
- Pois bem, você teve sua escolha, insolente. Sofra por aquilo que você mesmo criou.
Asmodeus e Desespero então começam uma batalha, O Lorde imagina que seria
fácil acabar Desespero, afinal ele é apenas um garoto que pouca coisa sabe, e esse foi o
maior erro de Asmodeus. Ele subestimou sua prole. Por desespero ter vivido muito
tempo sem contato com o que era exterior da alta casta infernal, ele passou muito tempo
dentro de bibliotecas, e por ser filho de Asmodeus tinha acesso aos livros secretos que
continham magias infernais tão poderosas que poderiam parar até mesmo o Rei dos 9
infernos, e foi ai que Desespero gastou seu tempo, aprendendo inúmeras conjurações e
magias poderosas que apenas os mais adeptos e poderosos magos poderiam aprender.
Por conta de Desespero ser filho do demônio mais poderoso que existia ele tinha tal
habilidade e capacidade. O sangue que corria em suas veias possuía uma poder incrível
que nem mesmo Asmodeus tinha conhecimento.
A batalha então começa a chegar ao fim com os dois esgotados. Asmodeus fica
abismado que seu filho possua um poder que ele jamais havia enfrentado. É tão absurdo
que ele encara como uma real ameaça ao seu reinado e lança um feitiço que se espalha
pelo corpo de Desespero especial que funcionava apenas no inferno, drenando todos
seus poderes e deixando-o enfraquecido conforme o tempo, então, em um pensamento
extremamente rápido, Desespero lança uma magia em si mesmo que o torna impossível
de ser encontrado por qualquer criatura do inferno e abre um portal, como rota de fuga,
para o mundo mortal, conseguindo escapar com vida, porém com seus poderes
enfraquecidos por não estar mais em seu habitat.
Desespero então larga sua vida da alta casta do inferno e passa a ser uma pessoa
“comum” no mundo mortal. Sua aparência continua a mesma, suas habilidades são
fracas, mas ainda manteve algumas habilidades dos tieflings como: visão no escuro e
resistência ao dano de fogo.
Por ter acesso a vários livros aprendeu a língua dos mortais. Agora, em sua nova
jornada, Desespero vê-se perdido, e como ideia inicial começa a procurar entender
como que o mundo funcionava, indo a tavernas e comércios, iniciando sua convivência
em meio aos mortais.
Por conta de ser um tiefling, outras raças olhavam para ele com um olhar torto,
poucos aceitavam a sua presença, porém ninguém tentava machucá-lo, apenas o
ignoravam quando possível. Após alguns meses vivendo em uma pequena vila,
Desespero se depara com um grupo de 9 pessoas que o deixou encantado, perguntado
para um anã que estava perto dele:
- Quem é esse grupo de pessoas? Eles são... diferentes, sinto uma energia tão
confortável exaurindo deles.
- Bem, tiefling, eles são monges, vivem em um monastério no pico mais alto próximo
desta vila. A cada 2 meses eles passam por aqui. Costumam ser pessoas bondosas que
ajudam aqueles que são necessitados, usando a magia do Chi e técnicas de cura que
aprendem no monastério.
- Bem, eu não entendo muito da cultura dele, mas sei que eles são pessoas simples que
buscam apenas o equilíbrio interior através da meditação e treino tanto físico quanto
mental, é bem interess... tiefling? Ué, o cara estava aqui e sumiu, que maluco estranho.
- O que você quer? Eu... Eu não quero briga, por favor, eu achei que você queria me
matar por estar seguindo vocês.
- Hahaha, pobre tiefling. Fique tranqüilo, essa não é minha intenção. Me diga, o que
você faz nos seguindo até aqui? É a primeira vez que vejo alguém vir atrás de nós sem
intenção de nos capturar, matar ou qualquer coisa do tipo.
- Bem, eu cheguei na vila a pouco tempo e quando vi vocês passando eu senti uma
energia tão boa, leve e confortável, não sei como explicar. Então resolvi seguir vocês
para ver aonde viviam e o que faziam.
- Bem, jovem, o que você sentiu foi a dominação que nós temos sobre o Chi, é a energia
vital que nos rege, pelo menos neste mundo, e vivemos treinando nosso corpo e mente.
Eu me chamo Loden, sou um dos mestres neste monastério, e você, garoto, qual seu
nome?
- Meu nome é Desespero. Eu fiquei impressionado com isso! É tudo tão interessante e
bom. Eu gostaria de saber se eu posso ser um discípulo de vocês.
- Sério?! Olha só, interessante, uma pessoa que tenha se interessado por isso que
fazemos, não é algo tão corriqueiro. Claro que sim, jovem, você será introduzido ao
monastério e verá se isso é aquilo que quer ou não. Vamos, entre.
- Parabéns, Desespero, vejo que você está desenvolvendo suas habilidades de forma
bem mais rápida que o comum, tanto fisicamente quanto mentalmente, é praticamente
um prodígio. Sua desenvoltura em apenas dois meses é chocante. Você será um grande
monge e ao longo dos tempos se tornará um mestre lendário do Caminho da Mão
Aberta.
Rinpoché então chama todos para dentro do monastério, já era tarde da noite e
era a hora de se recolher para iniciar as atividades do outro dia.
- Desespero, eu observo que você tem uma energia diferente dos outros, o que você é?
Quando Loden chegou aqui eu não sentia nada vindo dele, mas de você, é diferente, é
um poder forte e assustador. E não é por conta de ser um tiefling, eu já observei outros
tieflings e sua aura espiritual é bem diferente.
- Então, mestre, eu imaginei que alguma hora isso iria acontecer. Meu nome é
Desespero por um motivo: eu sou o sucessor do trono dos 9 infernos, e esse nome é
honrado de onde eu vim. Sou o filho de Asmodeus, o rei do inferno, porém reneguei
meu futuro naquele local. Faz pouco tempo que consegui escapar de lá após lutar contra
ele, e cá estou. Vocês monges me encantaram pelo seu estilo de enxergar a vida. Creio
que neste lugar eu conseguirei me tornar outra pessoa.
- Nossa, Desepero, isso explica de fato o que eu sinto vindo de você. Olha, após isso eu
tenho duas notícias, uma boa e uma ruim: a boa é que você é aceito aqui, nós acolhemos
aquele que querem o bem, e por mais que sua energia seja caótica eu vejo que você não
quer destruição ou coisas do tipo, a ruim é que você jamais se tornará outra pessoa, você
é o que sua essência é, nada pode mudar isso mas não quer dizer que você não pode
buscar o equilíbrio dentro de si e se tornar melhor do que foi ontem. Fique tranqüilo,
seu treino será para fortalecer seu corpo, sua mente e o seu equilíbrio.
- Obrigado, mestre.
Desespero acorda no próximo dia sendo chamado por Loden e Wangchung para
iniciar seu novo treino.
Wangchung então fala:
- Bem, jovem, sua caminhada no agora no Caminho da Mão Aberta, tudo que você
passou nesse tempo de monastério foi apenas o treino básico, preparando você para o
que está por vir.
- Desespero, é exatamente isso mas irei te advertir em três coisas: 1° nós não utilizamos
nossas habilidades para o mal, embora sejamos mestres nós pregamos que nossas
habilidades servem para nos proteger e proteger nossos irmãos de monastério, não
procuramos briga. 2° o seu chi só será liberado dentro de você quando tiver uma grande
batalha, portanto, em algum momento você terá que trilhar seu caminho e encontrar o
chi que há dentro de você, nestes treinos você atingirá o preparo necessário para
manipular seu chi assim que você o libertá-lo, como se fosse uma extensão de seu corpo
natural. 3° o treino para atingir a excelência é árduo e não é fácil, portanto cultive a
coisa mais importante dentro de nós: a paciência.
- Outra coisa, sabendo de seu antepassado, meu caro, eu, Wangchung, o Líder do
monastério Caminho da Mão Aberta o batizo como Ekdos, o prodígio que fluí.
Ajudaremos você a ser o melhor que pode ser, e para começar seu nome de honra deve
cair em desuso, mas lembre-se, nunca esquecido, não podemos nos tornamos outra
pessoa, mas podemos ser a melhor versão de nós mesmos.
Desespero, agora Ekdos, fica extremamente contente com seu novo nome,
naquele momento ele percebe que ele estava sendo acolhido pelas pessoas que tinham o
ideal que ele queria seguir.
- Mestre, eu não sei como agradecer isso... Significa muito para mim, obrigado! Eu
seguirei o treinamento e não desapontarei nenhum de vocês.
Passam-se 5 anos, os 9 do monastério vêem que Ekdos está pronto e não há nada
mais a ser ensinado a ele, sua evolução mental, espiritual e física tinha atingido o ápice.
Ekdos, aquele que era o prodígio que fluí, recebe o título de Mestre do Caminho da Mão
aberta. Embora seja um mestre ainda não conseguiu despertar o seu chi.
Wangchung então conversa com Ekdos e diz que ele pode continuar no
monastério ou buscar algo além fora daquele lugar.
- Meu mestre, eu agradeço a tudo que foi me apresentado aqui. Vocês são minha família
para sempre, porém eu partirei. Estou novo e quero me aventurar, eu anseio por isso,
alem do mais eu preciso despertar meu chi, essa habilidade infelizmente não pode ser
obtida aqui. Algum dia eu voltarei. Obrigado.
- Ekdos, uma última coisa que eu posso fazer por você, venha cá
- Como última ação antes de partir, eu quero te dar algo. Sua pele reflete sua
descendência, e tem uma maneira de mudar isso. Eu estou ungindo-o com parte de meu
chi, junto das cinzas de uma erva protetora que temos nas redondezas, e essa será sua
nova cor, cinza, sei que te conforta tentar esquecer seu passado e creio que isso te
ajudará. Por enquanto uma pequena parte do meu chi mantem essas cinzas em você.
Quando você descobrir o seu chi, você mesmo manterá as cinzas em ti, mas não se
preocupe, é uma quantidade bem pequena e que não te deixará cansado nem nada do
tipo. Adeus, amigo, você não é mais meu discípulo, mas sim um colega.
- O quê? Tu está maluco? Se nós encontrarmos essa guilda poderemos nos unir a ela e
obtermos fonte de conhecimento mágico, além de que nós seriamos respeitados se esses
outros fracotes soubessem que fazemos parte da maior guilda que já existiu. (Retruca o
humano)
- Olha, eu estou junto com o elfo, dizem que essa guilda é só uma lenda que passou por
nós, sim, ela foi a mais respeitada e aceitava qualquer um que se unisse eles, aderindo
ao seu pensamento, mas será mesmo que vale a pena toda essa busca? Estamos há
meses atrás disso e nada encontramos, talvez seja realmente só uma lenda e nós caímos
na falácia dos outros. (Conclui o anão)
- Será que isso é verdade? Eu já passo muito tempo viajando por Athas, será que nesta
guilda, ou no caminho dela, eu encontrarei um desafio suficiente para despertar meu
chi? Talvez eu possa ser mais ambicioso, não pelo mal, mas pelo bem, eu realmente
gostaria de contribuir para o mundo tentando deixá-lo em equilíbrio através de meus
ensinamentos, espalhando os ensinamentos monge e treinar todos aqueles que desejam
ter o equílibrio dentro de si, afinal foi só isso que me trouxe paz verdadeira, e se tem
alguém que pode me ajudar são eles, a guilda do Último Escudo.
É outro dia, Ekdos acorda, medita e vai ver o que tem pela cidade, não era sua
vontade sair de lá agora, mas sim adquirir informações. Ele então espera anoitecer e vai,
novamente, na taverna, atrás daquelas 3 pessoas que ele tinha visto na noite anterior.
Por sorte ele encontra os 3 no mesmo lugar e tenta conversar:
- Olá, senhores, na noite passada eu escutei vocês comentando sobre essa tal guilda e
isso realmente me chamou a atenção, poderia me informar um pouco sobre ela?
- Quer realmente saber? Bem, uma moeda de ouro e nós te falamos o que quer saber.
Ekdos então dá a moeda para eles, o anão morde e confirma que realmente é
ouro.
- Bem, antes de tudo, você é o que? Essas marcas em seu corpo, esse traje, você é um
monge? Qualé a tua? (diz o humano)
- Certo, monge, acho que só esses trapos seu não serão necessário para chegar no lugar
que você quer saber, mas trato é trato. Dizem que o Último Escudo foi uma das guildas
mas respeitadas no nosso reino, eles detinham um poder e conhecimento mágico nunca
visto antes, e para fazer parte dela bastava que você fosse conivente com seus ideias.
Era o local perfeito para um mago que queria se tornar mais forte, por exemplo, ou
alguma pessoal normal que desejava adquirir mais conhecimento. Bem, de qualquer
forma, se eu fosse você, nem gastava seu tempo, já estamos há muito tempo atrás dessa
tal guilda e chegamos a conclusão de que é só uma lenda mesmo. Enfim, monge, foi um
bom negócio.
Ekdos volta para seu quarto e tem a plena certeza do que fazer.
É outro dia e o mestre do Caminho da Mão Aberta segue para fora Vognavir e
agora sabe qual caminho quer trilhar. Sua busca pela guilda então começa, mesmo sem
saber se tudo aquilo é verídico ou não.