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Esta aula tem o objetivo de explorar as técnicas de contagem usualmente abordadas no Ensino
Médio, aplicando-as à contagem do número de funções de A em B (onde A e B são conjuntos
finitos) com determinadas características. Entre outras coisas, a coleção de exercícios a seguir
ilustra o fato de que problemas com enunciados semelhantes podem requerer métodos de
contagem bastante diferentes.
Considere os conjuntos A = {1, 2, ..., m} e B = {1, 2, ..., n}. Quantas são as funções:
a) de A em B?
b) injetivas de A em B?
c) bijetivas de A em B?
d) sobrejetivas de A em B?
e) crescentes de A em B?
f) não decrescentes de A em B?
Solução
b) Antes de mais nada, é preciso recordar que uma função f é injetiva quando não há
repetição de valores. Isto é, quando, quaisquer que sejam x1 e x2, com x1 ≠ x2, tem-se
f(x1) ≠ f(x2). Para que exista função injetiva de A em B, com A e B finitos, B deve possuir
pelo menos tantos elementos quanto B. Em nosso caso, portanto, deve-se ter m n.
Para escolher o valor de f(1), há n possibilidades; para o valor de f(2), há n − 1
possibilidades, já que o valor escolhido não pode ser igual a f(1); para o valor de f(3),
há n − 2 possibilidades, e assim por diante, até que para f(m) restam n − (m − 1) =
n − m + 1 possibilidades. O número total de possibilidades, novamente pelo Princípio
Multiplicativo, é n ∙ (n − 1) ∙ (n − 2) ∙ ... ∙ (n − m + 1). Observe que esta expressão (na
verdade o problema que acabamos de resolver) corresponde ao número de arranjos
simples de n objetos tomados m a m.
f) Na mesma linha de pensamento do item anterior, para definir uma função não
decrescente de A em B, basta determinar quantas vezes cada elemento de B é usado
como imagem. No total, este número de usos deve ser igual a m, o número de
elementos de A. Se o menor elemento de B usado como imagem é usado k vezes, ele
deverá ser o valor de f(1), f(2) , ..., f(k). Um comportamento análogo ocorre com os
valores subsequentes. Portanto, uma função não decrescente de A em B fica
determinada pelos valores x1, x2, ... , xn que indicam quantas vezes cada elemento de B
é usado, com x1 + x2 + ... + xn = m. Logo, o número de funções não decrescentes de A
em B é igual ao número de soluções inteiras não negativas de x1 + x2 + ... + xn = m.
Esse é um problema clássico, mas cuja solução merece ser revista. Novamente, não é
útil pensar em escolher, em ordem, os valores de x1, x2, etc, e aplicar o Princípio
Multiplicativo, pela mesma razão do item anterior.
Uma abordagem que conduz a uma solução simples é pensar em repartir m objetos
(bolinhas) em n porções (possivelmente vazias) por meio de traços. Considere, por
exemplo, a figura abaixo.
o o o o o || o | o o o o
Ela ilustra a divisão de 10 bolinhas em 4 porções, contendo, respectivamente, 5, 0, 1 e
4 bolinhas. Ou seja, ela representa a solução
(5, 0, 1, 4) da equação x1 + x2 + x3 + x4 = 10. Cada solução corresponde a uma
permutação das 10 bolinhas e 4 traços de divisão. Logo, o número de soluções inteiras
10,4 14! 10
não negativas da equação x1 + x2 + x3 + x4 = 10 é 𝑃𝑅14 = 10!4! = 𝐶14 .
𝑛
De modo geral, de soluções inteiras não negativas de x1 + x2 + ... + xn = m é 𝐶𝑚+𝑛−1 .
Esse é, portanto, o número de funções não decrescentes de A em B.