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O BALANDRAU MAÇÔNICO E SEU USO EM LOJA

(Ir.’. Iris Ferreira de Souza)

Embora, na minha opinião, não seja esta uma discussão tão


importante, é, de fato, uma questão interna de Loja que sempre
causa alguns transtornos nas Sessões Maçônicas, entre aqueles que
condenam o uso do balandrau e aqueles que o defendem.

Para alguns Irmãos, o traje maçônico correto é o terno escuro, de


preferência preto ou azul-marinho, especialmente em sessões
magnas, sendo tolerado o uso do balandrau.

Outros sustentam a idéia de que tanto em Sessões Magnas, quanto


Ordinárias, pode-se usar apenas o balandrau.

Discussões à parte, para mim o mais importante é o Maçom participar


da Sessão com todo o seu coração, imbuído da seriedade que o
momento exige. É como diz o ditado "o hábito não faz o monge".

Lendo Alguns artigos de autores maçônicos da atualidade, percebi


que há até entre eles algumas idéias que, se não chegam a se
contradizerem, mostram algumas diferenças de pensamento,
principalmente em relação ao uso do balandrau em Loja.

Este trabalho visa trazer algum esclarecimento sobre o tema aos


meus irmãos da Loja Maçônica Asilo da Virtude, Loja esta que me
proporcionou enxergar a luz maçônica e da qual tanto me orgulho.
Tentarei ir por partes e peço um pouco de paciência, caso venha
extrapolar um pouco o tempo, que eu sei ser de 15 minutos.

1. A vestimenta
vestimenta maçônica (traje maçônico)

Quando se fala em traje maçônico, logo se pensa em paletó, gravata,


sapato preto. Entretanto, temos de levar em consideração que o
traje maçônico mesmo é o Avental, sem o qual o obreiro é
considerado nú, na acepção de Castellani.

Temos de concordar com isto, pois embora a cor da vestimenta


(calça, gravata, etc) possa ser diferente para cada Rito ou mesmo
dependendo de cada país, o Avental, como diz Jaime Pusch, é a
insígnia obrigatória do maçom em loja, não podendo sem ele
participar dos trabalhos.
Não há muito o que discutir sobre traje maçônico, pois como diz
Castellani: "discutir traje em loja é o mesmo que discutir o sexo
dos anjos", devido às variações sofridas nos trajes masculinos
através dos tempos, inclusive de povo para povo; em algumas partes
do mundo, principalmente em regiões quentes dos estados unidos,
os maçons vão às sessões até em mangas de camisa, mas não se
esquecem do avental; no Brasil, o traje, antigamente, era previsto
nos Rituais (Séc. XIX e início do Séc. XX) como indicação e não
imposição, devido à diversidade de ritos.

Posteriormente é que a exigência do traje foi colocada na


legislação das obediências, padronizando conforme o rito
majoritário no Brasil (REAA); a palavra "terno", gramaticalmente
falando, quer dizer um traje que se compõe tradicionalmente de um
trio de peças de roupa: calça, colete e paletó. Os mais antigos
talvez se lembrem que era assim que os homens algumas décadas
atrás se vestiam, completando este trio com o uso do chapéu e da
bengala.

Posteriormente, o colete foi abolido, talvez devido ao clima


tropical do brasil. o terno tornou-se, então, um parelho, ou seja,
um par, constituído da calça e do paletó, equivocadamente chamado
atualmente de terno.

Grande é a controvérsia do uso ou não de terno ou na ausência


deste, o balandrau. No Brasil, e só no Brasil, convencionou-se o
uso deste, e de acordo com os estatutos de várias obediências o
balandrau é "tolerado" em Sessões Ordinárias.

2. Traje maçônico segundo o RGF-


RGF-GOB

O RGF do GOB traz em seu Art. 110 que "Os Maçons presentes às
sessões magnas estarão trajados de acordo com o seu Rito, com
gravata na cor por ele estabelecida, terno preto ou azul marinho,
camisa branca, sapatos e meias pretos, podendo portar somente suas
insígnias e condecorações relativas aos graus simbólicos".

"§ 1º - Nas demais sessões, se o rito permitir, admite-se o uso


do balandrau preto, com gola fechada, comprimento até o tornozelo
e mangas compridas, sem qualquer símbolo ou insígnia estampados".
O traje maçônico no RGF é definido em relação às sessões magnas,
admitindo-se o balandrau nas outras sessões, de forma eventual.

Faço aqui os seguintes questionamentos: Por que se exigiu de forma


mais clara somente em relação às Sessões Magnas? A palavra terno
diz respeito ao trio paletó, colete e calça, como sempre foi
tradicionalmente e gramaticalmente, ou somente ao paletó e calça,
já que a palavra terno quer dizer ternário, trio? A palavra
eventual significa um acontecimento incerto, casual, fortuito; o
verbete eventualmente no RGF tem o mesmo significado? Se tiver, o
balandrau pode ser admitido casualmente, em quantidade incerta?
Não deveria conter o RGF uma exclusão de proibição do balandrau
em sessão magna, já que é usado pelo experto nas iniciações?

Antes de concluir, quero falar um pouco do que é o balandrau,


motivo maior deste trabalho.

3. Definição, origem e uso do balandrau na Maçonaria

Balandrau – do latim medieval balandrana, designa a antiga


vestimenta com capuz e mangas largas, abotoada na frente; e designa
também, certo tipo de roupa usada por membros de confrarias,
geralmente em cerimônias religiosas. Assim, o balandrau não é
exclusividade maçônica.

Embora alguns autores insistam em afirmar que o balandrau não é


veste maçônica, o seu uso, na realidade remonta a primeira das
associações de ofício organizadas (Maçonaria Operativa), a dos
"Collegia Fabrorum", criada no século VI a.C., em Roma.

Quando as legiões romanas saiam para as suas conquistas bélicas,


os Collegiati acompanhavam os legionários para reconstruir o que
fosse destruído pela ação guerreira, usando nesses deslocamentos
uma túnica negra.

Da mesma maneira, os membros das confrarias operativas dos Franco-


Maçons medievais (Séc XIV e XV), quando viajavam pela Europa
Ocidental, usavam o balandrau negro. Segundo outros autores, o uso
do balandrau teve início nas funções do Primeiro Experto, durante
os trabalhos de iniciação em que atendia o profano na Câmara de
Reflexões.
Para outros, como Jaime Pusch e Rizzardo Da Camino, o balandrau
foi inicialmente restritivo à Câmara do Meio, no Grau de Mestre
de alguns ritos, mas que depois foi aceito nos outros graus.

Percebemos, através deste pequeno relato, que o balandrau está


presente na história da Maçonaria desde o princípio, pois era uma
forma de igualar os participantes e proteger suas identidades
através do capuz, principalmente da perseguição da inquisição.

Hoje, a vestimenta é tolerada pelas altas autoridades das


potências maçônicas e muitas lojas adotam o balandrau como
vestimenta oficial para as Sessões Ordinárias, deixando o terno
somente para as Sessões Magnas. Isto acontece muito nas cidades
grandes, principalmente em função da distância casa-trabalho-loja
maçônica.

Outras lojas admitem o uso do balandrau somente para visitantes,


desde que seja do mesmo rito da loja visitada.

4. Algumas conclusões sobre o tema em questão

Diante do que foi exposto cheguei a algumas conclusões que, de


antemão, afirmo serem bem pessoais. Não peço a ninguém que concorde
comigo, mas que respeite a minha forma de pensar como pretendo
respeitar o pensamento alheio. Vamos a elas:

· A verdadeira veste maçônica é o Avental. Sem ele o Obreiro é


considerado nú, não podendo participar dos Trabalhos;

· Sob o Avental deve haver, porém uma roupa sóbria e decente,


sendo o balandrau uma forma de igualar e uniformizar o traje. O
uso do balandrau iguala e nivela os maçons em loja. Nada de
exigência de ternos, cores de gravata etc. A igualdade na
vestimenta demonstra um desapego a toda e qualquer vaidade humana
– tão combatida pela Maçonaria – e nivela os irmãos em Loja, por
uma única veste.

· Em um ponto, os irmãos tem opiniões coincidentes: o balandrau é


veste talar, deve ir até os calcanhares, e pode ser considerado
um dos primeiros trajes maçônicos, sendo plenamente justificado o
seu uso em Loja;
· Terno quer dizer um traje que se compõe de calça, colete e
paletó. Assim, a maioria dos maçons atuais está irregular em loja,
já que usamos somente calça e paletó, duas peças, a que se dá o
nome de parelho (par);

· deve haver um equívoco no RGF do GOB no que diz respeito ao


terno, usando este termo no sentido do já citado parelho;

· Se observarmos nosso padrão climático e o tecido mais leve, me


parece ser o balandrau uma boa ou, talvez, a melhor e mais
justificada alternativa. O balandrau tira de nós a aparência de
riqueza, do saber, da ambição, da vaidade; nos iguala e nos mostra
que, independentemente de qualquer posição profana, somos todos
iguais, todos irmãos, em todos os momentos;

· concluindo este trabalho, quero dizer que, de acordo com a


vontade da Loja, ou talvez de sua diretoria, e também de acordo
com o RGF, procurarei ao máximo comparecer às sessões em nossa
Loja de parelho ou, como nós mesmos denominamos o conjunto calça
e paletó, de terno, para que assim possa haver mais harmonia nos
trabalhos, já que o meu balandrau parece incomodar sobremaneira a
Diretoria de nossa Loja;

· O mais importante em uma Sessão Maçônica é o clima fraternal


criado a partir de emanações de energia dos irmãos; em nossas
reuniões, dentro do Templo, muitas são as vibrações emanadas de
todos os nossos irmãos, sejam eles Oficiais ou não. Principalmente
durante a abertura dos trabalhos, temos a formação da Egrégora.
Este é um momento em que todos nós emitimos radiações e, ao usarmos
a veste preta, estaremos absorvendo todas essas energias,
reativando os nossos Chacras, ou nossos centros de forças, de
emissão e recebimento de energia;

· Quando usamos terno preto ou o balandrau, permanecem descobertos


nossos Chacras: frontal, laríngeo e coronário. Assim poderemos
emitir, receber e refletir vibrações diretamente em nossos centros
de força, pois estes estarão descobertos. Em contrapartida, nossos
Chacras mais sensíveis estarão protegidos de enviar vibrações
negativas durante os trabalhos.

· e a questão maior que deixo hoje para todos nós, é justamente


esta: Estamos, de fato, emanando bons fluidos? Estamos de fato
vivenciando o amor fraternal? Cada um responda por si e a si mesmo
somente, que é o mais importante.

5. Bibliografia:

· Pusch, Jaime – ABC do Aprendiz, ed. do autor, Tubarão-SC, ano


1982;

· Castellani, José – Dicionário Etimológico Maçônico – vol. i, Ed.


A Trolha, ano 1997 (2a ed.);

· Revista A Trolha ed. 11/2004;

· Da Camino, Rizzardo-Dicionário Maçônico; ed. Madras; 2001;

· Regulamento Geral da Federação-GOB; 1999;

· Castellani, José – Consultório Maçônico IX; Ed. A Trolha; 2004;

· Site das Lojas Maçônicas.

6. Adendo: Chacras

Os Chacras são:

· Básico – localiza-se na base da espinha dorsal. Capta a força


primária e serve para reativação dos demais centros. Cores: roxo
e laranja forte;

· Genésico – localiza-se na região do púbis. Regula as atividades


ligadas ao sexo;

· Esplênico – localiza-se na região do baço. Regula a circulação


dos elementos vitais cósmicos que, após circularem se eliminam
pela pele, refletindo-se na aura. Cores: amarelo, roxo e verde;

· Gástrico – localiza-se no plexo solar, influi sobre as emoções


e a sensibilidade e sua apatia produz disfunções vegetativas.
Cores: roxo e verde;

· Cardíaco – localiza-se no coração. Regula emoções e sentimentos.


Cores: rosa e dourado brilhante;
· Laríngeo – localiza-se na região da garganta, regula as
atividades ligadas ao uso da fala. Cores: prata e azul;

· Frontal – localizado na fronte, também conhecido como a terceira


visão. Regula as atividades inteligentes, influi no
desenvolvimento da vidência. Cores: roxo, amarelo e azul;

· Coronário – localiza-se na parte superior, no cérebro e tem


ligação com a epífise. É o Chacra de ligação com o mundo
espiritual. Cores: branco e dourado.

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