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Ingrid dos Santos Silva

A Dificuldade de Respeito Mútuo entre Crentes e Descrentes

Rio de Janeiro

2023
Introdução

O presente trabalho tem por objetivo apresentar alguns tipos de crenças sendo elas o Teísmo,
da qual segundo Portugal (2018), é a crença em um Deus incorpóreo, cujo é onisciente,
onipresente, e onipotente, de infinita bondade, e que é eterno; Ateísmo, que de acordo com
Koslowski e Santos (2016), vem a ser a descrença do Deus do Teísmo, não se convencer com
as provas da existência de Deus após avaliações cuidadosas da crença teísta; Deísmo, que de
acordo com Barsalini (2015), é visto como Deus sendo aquele cujo está repartido na vontade
de cada pessoa. Dimas (2014) vai dizer que o deísmo é a crença de que um Ser supremo criou
o mundo, mas nega que esse Ser supremo possa intervir sobrenaturalmente após a criação do
mundo; Agnosticismo que é, segundo Schramm (2014), o não saber, a ignorância, e o ser
consciente disso.

É importante termos conhecimento das crenças, pois isso é uma ajuda para nós que somos
profissionais da psicologia a entendermos um pouco da vivência de fé dos pacientes que
iremos atender.

Segundo Filla e Fantini (2016), tem movimento crescente de pessoas que não praticam
religião, incluindo os ateus e agnósticos, com isso aparece discurso de intolerância de pessoas
que não praticam uma religião para as que praticam, e vice e versa.

Métodos

O presente artigo foi elaborado através de pesquisa de campo e bibliográfica, onde fui
construindo informações para a realização da minha pesquisa com base em entrevistas que
realizei com três pessoas, sendo uma jovem que se denomina agnóstica, um rapaz que se
denomina teísta, um rapaz que se denomina ateu. Não consegui contato com pessoas deístas
para serem entrevistadas. Realizei buscas também através de artigos científicos encontrados
nas plataformas Google Acadêmico, Scielo. Trouxe a explicação da origem dos termos
Teísmo, Ateísmo, Agnosticismo e Deísmo. Esse artigo tem como principal objetivo
apresentar algumas crenças das quais são distintas umas das outras, além de conscientizar o
respeito mutuo com relação a crença de cada pessoa.
Resultados e Discussão

Em meio a sociedade há existência de intolerância de uma pessoa para com a crença ou


descrença da outra. Filla e Fantini (2016) vai falar que é visto em várias mídias sociais a
questão de os religiosos serem intolerantes com pessoas que não praticam uma religião,
incluindo os ateus e agnósticos. A intolerância de religiosos para com ateus e agnósticos vem
de maneira direta através do cotidiano. Nas mídias sociais há canais religiosos ou que passam
programação religiosa em determinado horário. (Filla e Fantini 2016)

Há países que são intolerantes a pessoas cujas são ateias ou agnósticas, e tem a legalização da
pena de morte para as pessoas que não são religiosas. Para tirarem documentos, terem direito
em se tratarem com médicos, ou viajarem, algumas pessoas passam-se como religiosas
mesmo não sendo para conseguirem seus direitos (International Humanist and Ethical Union
apud Filla e Fantini 2016).

Nessa busca de ter um Estado laico, onde todos são livres para escolher praticar uma religião
ou não, acaba surgindo a falta de respeito por parte de quem não pratica para com aquele que
pratica. Aqueles que não praticam uma religião e falam sobre a religião tomar os espaços
sociais e políticos, correm risco de transformarem suas falas em um argumento antirreligioso
(Filla e Fantini 2016).

Filla e Fantini (2016) vai falar também de a intolerância não ser apenas com relação ao
contexto religioso, mas também no âmbito social de maneira geral.

Entrevistado Teísta

O entrevistado do qual denomina-se teísta, conversou comigo por meio do Instagram onde
tivemos uma conversa por chamada de vídeo. Ao perguntar para ele sobre o que seria uma
pessoa teísta o mesmo falou que é uma pessoa da qual crer em Deus. O entrevistado falou
sobre haver muitas religiões das quais professam a fé em Deus como umbanda, catolicismo,
protestantismo, judaísmo e quem segue essas religiões também são teístas e de ter várias
religiões que creem em Deus, ele disse também sobre algumas religiões teístas ter a visão de
Deus diferente de outras. Ele falou que crê em Deus de uma maneira lógica dando o Exemplo
do dois mais dois ser igual a quatro dizendo que Deus não cria algo ilógico, como por
exemplo, dois mais dois ser igual a cinco. O entrevistado crer no Deus do cristianismo. Ao
questioná- lo sobre milagre ser uma atitude ilógica de Deus, no caso o Deus cristão cujo ser o
que ele acredita, o mesmo falava sobre o milagre não ser ilógico, ou seja, algo incapaz de
existir, mas sim antinatural, que contraria as leis da natureza, mas pode existir, e para
exemplificar ele recordou a ressurreição de Jesus Cristo três dias após ter falecido, dizendo
que dá para se imaginar alguém ressuscitando após ficar três dias falecido, mas que não
consegue imaginar dois mais dois resultando em cinco, pois de acordo com o mesmo isso
seria algo ilógico.

Entrevistada Agnóstica

Perguntei para a entrevistada o que seria uma pessoa agnóstica e a mesma falava sobre a
experiência dela de já ter se considerado ateia, porém hoje, embora ainda não acreditar em
Deus, não desconsidera a possibilidade da existência do mesmo, mas para que ela pudesse
acreditar teria que ter algo que comprovasse, ou ela teria que ter algum tipo de sentimento.
Segundo ela, uma das razões das quais a mesma não seguir uma religião é pelo fato de que
uma religião que ser melhor do que a outra, ela falou também sobre as pessoas que praticam
uma religião serem julgadoras. Perguntei se ela acha que as pessoas usam da religião apenas
para justificarem seus erros e ela disse que sim.

Entrevistado Ateu
O entrevistado do qual se considera ateu falou sobre ir para a igreja evangélica com sua mãe
quando criança, mas quando estava no período do ensino médio passou a questionar a
existência de Deus, pois percebia que não via sentido. Ele falou sobre se denominar ateu pelo
fato de não ter nenhuma crença de fé, mas que respeita aqueles que praticam uma religião.
Quando citei em nossa entrevista a ATEA (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos), da
qual é uma sociedade de ateus e agnóstico, o mesmo falou que não tinha conhecimento dela,
mas que não ver a necessidade de participar porque o motivo dele ser ateu é só pelo fato de
negar a Deus, mas que não precisa de participar de uma sociedade. Ao perguntá-lo sobre
Jesus Cristo, cujo ser o Deus do cristianismo, o mesmo falou sobre não saber se Ele existiu,
mas que se tivesse existido foi uma pessoa da qual influenciou muitas outras a fazerem o
bem.
Referências

DIMAS, Samuel. A filosofia da religião de David Hume: teísmo, ateísmo ou deísmo?.


Revista Filosófica de Coimbra, v. 23, n. 46, p. 449-468, 2014.

SCHRAMM, Fermin Roland. Diálogo entre o agnosticismo e o universo das religiões: o caso
da empatia. Revista Bioética, v. 22, p. 407-415, 2014.

BARSALINI, Glauco. Deísmo, teísmo e a máquina governamental contemporânea. Estudos


Teológicos, v. 55, n. 2, p. 404-418, 2015.

KOSLOWSKI, Adilson; SANTOS, Valmor. Revisão do conceito de “ateísmo” na literatura


contemporânea. Sapere aude, v. 7, n. 14, p. 810-826, 2016.

FILLA, Munique Gaio; FANTINI, João Angelo. A construção mutual de discursos


intolerantes: ateus, agnósticos e religiosos. Memorandum: Memória e História em
Psicologia, v. 30, p. 199-223, 2016.

PORTUGAL, Agnaldo. Abrantes, o Naturalismo e o Teísmo. Revista de Filosofia Moderna


e Contemporânea, v. 6, n. 1, p. 73-104, 2018.

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