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CURSO DE PRODUÇÃO CULTURAL

Seminário de orientação à prática profissional IV


Educador: João Francisco de Oliveira Simões

Em nome do amor
POR MIYA TOKUMITSU (tradução LUDMILA NAVES)
“Faça o que você ama” é o mantra do trabalhador atual. Por que deveríamos
reivindicar nossos interesses de classe se, de acordo com as elites do "faça o que você
ama" como Steve Jobs, não existe essa coisa de trabalho?

“Faça o que você ama. Ame o que você faz.”

As ordens estão emolduradas e penduradas em uma sala de estar que somente pode ser descrita como
tendo boa curadoria. Uma foto dessa sala apareceu pela primeira vez num popular blog de design e foi
compartilhada no Pinterest, no Tumblr, e curtida milhares de vezes até o momento.

Carinhosamente iluminada e fotografada, essa sala foi decorada para inspirar Sehnsucht – grosseiramente
traduzido do alemão como um anseio agradável por alguma coisa ou lugar utópicos. Além do fato de
introduzir exortações ao trabalho em um espaço de lazer, a sala do “faça o que você ama” – onde
abundam bugigangas decorativas hype e o trabalho não é labuta, mas amor – é exatamente o lugar onde
todas essas pessoas que compartilham ou curtem essa imagem desejam estar. O arranjo díptico sugere
uma versão secular de um altar de casa medieval.

Há pouquíssima dúvida de que o FOQVA é o mantra de trabalho não oficial do nosso tempo. O problema
é que ele não leva à salvação, mas à desvalorização do trabalho real, incluindo o mesmo trabalho que se
pretende elevar – e, mais importante, à desumanização da vasta maioria dos trabalhadores.

Superficialmente, o FOQVA parece um conselho motivador, exortando-nos a ponderar o que mais


gostamos de fazer e então, a transformar essa atividade em uma empreitada que nos gere renda. Mas
por que nosso prazer deveria ser lucrativo? Qual é o público desse ditado? E para quem ele não se destina?

Mantendo-nos focados em nós mesmos e em nossa felicidade individual, o FOQVA nos distrai das
condições de trabalho dos outros enquanto valida nossas próprias escolhas e nos descompromete de
obrigações para todos que trabalham, independente se amam ou não suas profissões. É o cumprimento
secreto dos privilegiados e uma visão de mundo que dissimula seu elitismo como um nobre auto-
aperfeiçoamento.

De acordo com esse tipo de pensamento, o trabalho não é algo que se faz para ser compensado, mas um
ato de amor próprio. Se acontecer de não haver ganho, é porque a paixão e determinação do trabalhador
não foram suficientes. A verdadeira façanha desse pensamento é fazer com que os trabalhadores
acreditem que o trabalho serve ao seu ego e não ao mercado.

Aforismos têm inúmeras origens e reencarnações, porém a natureza genérica e banal do FOQVA dificulta
uma atribuição mais precisa. A Oxford Reference liga a frase e suas variantes à Martina Navratilova e
François Rabelais, entre outros. Já a internet frequentemente atribui o “Faça o que você ama” a Confúcio,
situando-a em um passado místico e orientalizado. Oprah Winfrey e outros aduladores da positividade
têm incluído a frase em seus repertórios por décadas, mas o mais importante evangelizador recente do
credo do FOQVA é o falecido CEO da Apple, Steve Jobs.

Seu discurso de formatura na Universidade Stanford em 2005 fornece um mito de origem tão bom quanto
outros, especialmente porque Jobs já havia sido beatificado como o santo padroeiro do trabalho
estetizado bem antes de sua morte precoce. No discurso, Jobs narra a criação da Apple, e insere esta
reflexão:

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“Você tem que encontrar o que ama. E isso é uma verdade tanto para seu trabalho quanto para seus
amantes. Seu trabalho vai preencher uma grande parte da sua vida, e a única maneira de estar
verdadeiramente satisfeito é fazendo o que você acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de
fazer um ótimo trabalho é amando o que você faz.”

Nessas quatro frases, as palavras “você” e “seu” aparecem várias vezes. O foco no individual não é uma
surpresa vindo de Jobs, que cultivava uma imagem muito específica de si próprio como um empregado
inspirado, descontraído e apaixonado – todos estados coincidentes com o ideal de amor romântico. Jobs
telegrafou tão bem a fusão do seu eu obsessivo por trabalho com a sua empresa que sua camiseta preta
e calça jeans se tornaram metonímias para todos da Apple e do trabalho que a mantém.

No entanto, ao retratar a Apple como uma obra de seu amor individual, Jobs omite o trabalho de
incontáveis pessoas nas fábricas da Apple, escondendo-os convenientemente da vista de todos, no outro
lado do planeta – o próprio trabalho que permitia a Jobs concretizar seu amor.

A violência dessa omissão precisa ser exposta. Embora o “Faça o que você ama” soe inofensivo e precioso,
em última análise é tão autocentrado que beira o narcisismo. A formulação de Jobs do “Faça o que você
ama” é a antítese depressiva à visão utópica de trabalho para todos, de Henry David Thoreau. Em “Vida
sem Princípio”, Thoreau escreveu:

“…seria uma boa medida econômica para a cidade pagar aos seus trabalhadores tão bem que eles não
sentissem que estivessem trabalhando para fins banais, meramente pela sobrevivência, mas para fins
científicos, até mesmo morais. Não contrate um homem que faz seu trabalho pelo dinheiro, mas aquele
que trabalha pelo seu amor a isso.”

Thoreau admitia não ter muita consideração pelo proletariado (é difícil imaginar alguém lavando fraldas
para fins “científicos e até morais”, não importa o quão bem pago). Mas ele, afirma, no entanto, que a
sociedade tem uma responsabilidade em proporcionar um trabalho bem compensado e significante –
pelo contrário, a visão de Jobs do século XXI exige que todos nós olhemos para dentro. Esse mantra nos
absolve de qualquer obrigação para com um mundo mais amplo, ou mesmo de reconhecer a sua
existência, destacando a sua traição fundamental com todos os trabalhadores, independentemente se
eles abraçam isso conscientemente ou não.

Uma consequência desse isolamento é a divisão que o FOQVA cria entre os trabalhadores, que se
assemelha às linhas de divisão de classes. O trabalho torna-se dividido em duas classes opostas: aquele
que é adorável (criativo, intelectual, socialmente prestigioso) e aquele que não é (repetitivo, não
intelectual, sem distinção). Aqueles que pertencem às áreas de trabalho adoráveis são vastamente mais
privilegiados em termos de riqueza, status social, educação, preconceitos raciais, influência política –
enquanto compreendem uma pequena minoria da força de trabalho.

Para os que são empurrados para o trabalho pouco atraente, a história é outra. Sob o credo do FOQVA,
trabalho que é feito por motivos ou necessidades outras que não amor (o que, na verdade, representa a
maioria dos trabalhos) não é somente rebaixado, mas apagado. Como na palestra de Jobs em Stanford,
os trabalhos nada adoráveis, porém socialmente necessários, são todos banidos por completo do espectro
de consciência.

Pense na grande variedade de trabalho que permitiu a Jobs passar sequer um dia como CEO: sua comida
colhida nos campos, depois o transporte dela em longas distâncias; os produtos da sua companhia
montados, empacotados e transportados; as propagandas da Apple roteirizadas, com elenco produzido e
filmadas; as ações judiciais processadas; as lixeiras dos escritório esvaziadas e os cartuchos de tinta,
cheios. A criação de emprego vai nos dois sentidos.

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Ainda assim, com a grande maioria dos trabalhadores efetivamente invisíveis para os membros das elites
ocupadas com suas adoráveis funções, como se surpreender que as maiores dificuldades enfrentadas
pelos trabalhadores atuais (salários absurdos, enormes custos de cuidados infantis, etc) mal sejam
registrados como questões políticas, mesmo entre as alas mais progressistas da classe dominante?

Ao ignorar a maioria dos trabalhos e reclassificar o resto como “amor”, o FOQVA talvez seja a ideologia
anti-trabalhista mais elegante da atualidade. Por que os trabalhadores deveriam se organizar e fazer valer
seus interesses de classe, se nem existe essa coisa de trabalho?

“Faça o que você ama” encobre o fato de que poder escolher uma carreira primariamente pela
recompensa pessoal é um privilégio não merecido, um sinal da classe socioeconômica da pessoa. Mesmo
se um designer gráfico freelancer teve pais que puderam pagar pela sua faculdade de arte (ou sustentá-
lo enquanto ele fazia seu curso integral numa universidade pública) e manter o aluguel de um
apartamento num bairro bacana; ele pode hipocritamente oferecer o FOQVA como conselho de carreira
para aqueles que cobiçam seu sucesso.

Se acreditarmos que trabalhar como empreendedor no Vale do Silício, como um relações públicas em um
museu, como acólito de um think tank ou como consultor de uma instituição não lucrativa é essencial
para sermos verdadeiros conosco – na verdade, para amarmos a nós mesmos – que consideração damos
às vidas e esperanças daqueles que limpam quartos de hotéis e preenchem as prateleiras em grandes
lojas de varejo? A resposta é: nenhuma.

Ainda assim, trabalho árduo e de baixa remuneração é o que cada vez mais pessoas fazem e seguirão
fazendo. De acordo com o escritório de Estatísticas do Trabalho dos EUA, as duas profissões que mais
crescem são “Auxiliares de Cuidados Pessoais” e “Auxiliar Doméstico de Cuidados”, com salários médios
de US$ 19.640,00 anuais e US$ 20.560,00 em 2010, respectivamente. (aproximadamente US$ 1.600,00
por mês). Elevar alguns tipos de profissões a algo digno de amor necessariamente rebaixa a labuta
daqueles que fazem o trabalho nada glamouroso que mantém a sociedade funcionando, especialmente
o trabalho crucial dos auxiliares de cuidados, enfermeiros particulares etc.

Se o FOQVA rebaixa ou torna perigosamente invisíveis vastas áreas de trabalho que permitem que nós
vivamos em conforto e façamos o que amamos, também tem causado um grande prejuízo às profissões
que pretende celebrar, principalmente nos empregos existentes dentro de estruturas institucionais. Em
nenhum lugar o mantra do FOQVA tem sido mais devastador aos seus adeptos do que na Academia. O
estudante médio de doutorado no meio dos anos 2000 renunciava ao dinheiro fácil do mercado financeiro
ou do Direito (agora já não tão fácil) para viver de uma bolsa escassa, a fim de perseguir a sua paixão pela
mitologia nórdica ou pela história da música afro-cubana.

A recompensa por atender esse alto chamado é um mercado de emprego acadêmico no qual cerca de
41% do corpo docente é composto de professores adjuntos – instrutores contratados que normalmente
recebem pouco, sem nenhum benefício, escritório, segurança no emprego ou plano de carreira nas
faculdades onde trabalham.

Há muitos fatores que mantem doutores realizando um trabalho de alta especialização em troca de
salários tão baixos, incluindo um caminho de dependência e os custos para se conseguir um Doutorado;
mas um dos mais fortes motivos é como a doutrina do FOQVA penetrou perversamente na Academia.

Poucas outras profissões fundem a identidade pessoal de seus ocupantes tão intimamente com o produto
de seu trabalho. Essa identificação intensa explica parcialmente porque tantos docentes de esquerda
continuam estranhamente calados sobre as condições de trabalho de seus semelhantes. Porque a

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pesquisa acadêmica deve ser feita por puro amor, as condições e as compensações dessa ocupação na
realidade tornam-se “pensamentos para depois”, quando sequer são considerados.

Em “Trabalho Acadêmico, a Estética da Administração e a Promessa do Trabalho Autônomo” (Academic


Labor, the Aesthetics of Management, and the Promise of Autonomous Work), Sarah Brouillette escreve
sobre o corpo docente:

“… nossa crença de que nosso trabalho oferece recompensas não materiais, e é mais integrante da nossa
identidade que um trabalho ‘comum’, nos torna empregados ideias quando o objetivo da administração
é extrair o máximo de valor do nosso trabalho a mínimo custo.”

Muitos acadêmicos gostam de pensar que evitaram o ambiente do trabalho corporativo e seus valores
concomitantes, mas Marc Bousquet observa em seu artigo “Nós trabalhamos” (We Work) que a academia
que na verdade pode estar fornecendo um modelo para a gestão corporativa.

“Como simular o local de trabalho acadêmico e fazer com que as pessoas trabalhem em um alto nível
intelectual e intensidade emocional por cinquenta ou sessenta horas por semana por salários de barman
ou até menos que isso? Será que há alguma maneira de conseguirmos fazer com que os funcionários
tenham síncopes em suas mesas, murmurando “eu amo o que faço” em resposta a maiores cargas de
trabalho e salários menores? Como fazemos para que nossos funcionários sejam como um corpo docente,
negando que sequer trabalham? Como podemos adaptar nossa cultura corporativa para que se pareça
mais com um campus, para que assim nossa força de trabalho também se apaixone pelo que faz?”

Ninguém está argumentando que um trabalho prazeroso deveria ser menos prazeroso, mas trabalho
emocionalmente satisfatório também é trabalho, e conscientizar-se disso não o diminui, de maneira
alguma. Recusar-se a admitir isso, por outro lado, abre portas para a exploração mais perversa,
prejudicando todos os trabalhadores.

Ironicamente, o FOQVA reforça a exploração até nas profissões ditas amáveis, onde trabalho em horas
estendidas, mal pago, ou mesmo não pago é a nova norma: exige-se que jornalistas façam o trabalho de
fotógrafos demitidos, que publicitários postem no Twitter ou Pinterest institucional nos fins de semana,
é esperado que 46% da força de trabalho cheque seu email de trabalho quando estão doentes, em casa.
Nada faz com que a exploração seja engolida mais fácil do que convencer seus empregados que eles estão
fazendo o que amam.

Em vez de construir uma nação de trabalhadores felizes e realizados, nossa era do FOQVA tem visto a
ascensão de professores adjuntos e estagiários não remunerados – pessoas convencidas a trabalhar por
pouco, de graça ou mesmo a desembolsar para trabalhar. Esse certamente tem sido o caso de todos os
estagiários com créditos de bolsas escolares a quitar ou aqueles que na verdade adquirem estágios
“leiloados” em ultra disputadas empresas de moda (Valentino e Balenciaga estão entre as várias empresas
que têm leiloado estágios mensais – por caridade, claro). Esse último caso é a exploração do trabalhador
levada ao extremo, e como uma investigação em andamento da Pro Publica revela, estágios não
remunerados têm uma presença cada vez maior na força de trabalho.

Não deveria ser surpresa que estágios não remunerados são abundantes em áreas que são muito
desejáveis socialmente, incluindo moda, mídia e artes. Essas indústrias há muito habituaram-se a massas
de empregados dispostos a trabalhar pela moeda “social” em vez de salários reais, tudo em nome do
amor. Excluída dessas oportunidades, claro, está a imensa maioria da população: aqueles que precisam
trabalhar por salários. Essa exclusão não apenas coloca mais gesso na imobilidade econômica e
profissional, mas isola essas indústrias de toda a diversidade de vozes que uma sociedade pode oferecer.

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E não é coincidência que as indústrias que se apoiam fortemente em estagiários – moda, mídia e artes –
são feminizadas, como Madeleine Schwartz escreveu na “Dissent”. Outra consequência danosa do FOQVA
é o quão implacavelmente ele se esforça para extrair o trabalho das mulheres por pouca ou nenhuma
compensação. As mulheres compreendem a maioria dos menores salários ou da força de trabalho mal
paga; como cuidadoras, professoras adjuntas, e estagiárias não remuneradas, elas ultrapassam em
número os homens. O que une todo esse trabalho, seja ele feito por estagiárias ou doutoras, é a crença
de que os salários não deveriam ser o principal motivo para realizá-lo. Se espera que as mulheres façam
o trabalho pois elas seriam naturalmente propensas a cuidar dos outros e estariam sempre ansiosas para
agradar – no fim das contas elas vêm cuidando das crianças, dos idosos e fazendo os serviços de casa sem
remuneração por isso desde os tempos mais remotos. E falar sobre dinheiro não é algo que uma dama
deveria fazer, de qualquer maneira.

Osonho do FOQVA faz juz à sua mitologia estadunidense, com seu aspecto superficialmente democrático.
Doutores pode fazer o que amam, construir carreiras que saciem seu amor pelo romance Vitoriano e
escrever artigos profundos no New York Review of Books. Formados no ensino médio também podem
fazer o que amam, construindo impérios de comida pronta a partir da receita de geléia da Tia Pérola. O
santificado caminho do empresário sempre oferece esta saída à partir de inícios desvantajosos, isentando
o resto de nós por deixarmos que esses começos sejam tão miseráveis como são. Todo mundo tem a
oportunidade de fazer o que ama e ficar rico!

Faça o que você ama e você nunca precisará trabalhar nem um dia em sua vida! Antes de sucumbir ao
intoxicante entusiasmo dessa promessa, é crucial perguntar:

“Quem, exatamente, se beneficia quando se faz parecer que o trabalho não é trabalho? Por que os
trabalhadores deveriam se sentir como se não estivessem trabalhando quando na verdade estão?”

O historiador Mario Liverani nos lembra que “a ideologia tem a função de apresentar a exploração sob
uma luz favorável ao explorado, como algo que favorece os desfavorecidos”.

Ao mascarar os próprios mecanismos de exploração do trabalho que ele mesmo alimenta, o FOQVA é, na
realidade, a ferramenta ideológica mais perfeita do capitalismo: joga para escanteio o trabalho dos outros
enquanto dissimula o nosso trabalho para nós mesmos, escondendo o fato de que se reconhecêssemos
todo o nosso trabalho como propriamente trabalho, poderíamos traçar limites apropriados para isso,
exigir uma compensação justa e horários mais humanos que nos permitissem dedicação à família e ao
lazer.

E se fizéssemos isso, um número maior entre nós poderia chegar a fazer o que realmente ama.

MIYA TOKUMITSU
é editora contribuínte na Jacobin e autora de Do What You Love: And Other Lies About Success and
Happiness ("Faça o Que Você Ama e Outras Mentiras Sobre Sucesso e Felicidade").

Artigo disponível em: https://jacobin.com.br/2020/07/em-nome-do-amor/

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