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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E ECONÔMICAS


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
Psicologia

Luiz Felipe Pereira Dos Santos

Na série Ruptura, cinco funcionários de uma empresa chamada


Lumon concordam em participar de um procedimento experimental em
que suas memórias pessoais e de trabalho são separadas para
sempre. Quando estão no escritório, só têm memória do trabalho, mas
em casa, não se lembram de situações de trabalho.
Realiza-se um ideal capitalista: funcionários sem histórico se
comprometem a realizar tarefas de forma otimizada sem se preocupar
com seus problemas, como autômatos. Vamos pensar e dar um
exemplo do que acontece se uma empresa tiver sucesso com esse
tipo de tecnologia.
A série segue as histórias desses funcionários, que passam por
um procedimento chamado Indenização que divide seus "eus" em
dois: um funcionário da Lumon e um eu da vida real. Este é o grande
anagrama que Ruptura atinge de forma imortal aqui. Ao criar esses
personagens, os escritores apenas nos mostraram os arquétipos de
personagens que podem ser vistos em séries Office’s, como The
Office, mas o mistério e os problemas que cercam esses personagens,
seus empregos, seus colegas na vida, as empresas para as quais
trabalham intriga a serie me fez lembrar de outras histórias como a de
Black Mirror, Control e Matrix, que são baseados no Mito da caverna
do filósofo grego Platão e a serie faz uma interpretação do mito, pois
os internos são mantidos no “escuro” pois só sabem oque a Lumon
quer que eles saibam.
Os funcionários da Lumon vivem em estado de isolamento
voluntário afinal, eles escolhem livremente trabalhar para a empresa
por diferentes motivos. Mas, aos poucos, começaram a perceber que
as vantagens do trabalho não eram tão grandes quanto pareciam.

A maioria das cenas se passa no escritório de Lumon, com


paredes brancas, corredores amplos e iluminação forte. Além disso, as
paredes não têm janelas. Em outras palavras, os ambientes em que os
funcionários trabalham têm uma sensação claustrofóbica porque são
fechados, dando a sensação de estar sozinho ou preso.
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Funcionários ou "refinarias" precisam ser motivados a continuar
produzindo - mesmo que não saibam exatamente o que estão
fazendo. Por conta disso, as empresas criaram mecanismos para
compensar os funcionários, e quase todos eles são esquisitos.

Entram aí presentes em ocasiões como a chegada da helen,


festas aleatórias (como as hilárias “festa do ovo” e “festa da melancia”)
e reconhecimentos de performance que beiram o ofensivo. Mas a
grande questão suscitada aqui é: para que servem esses “bônus” que
não acomodar os funcionários dentro dos próprios trabalhos, sem que
haja questionamento?

Quando os funcionários ficam abalados, desajustados ou estão


fora de controle são mandados para uma espécie de “castigo” em uma
chamada sala de relaxamento em que recebem um treinamento para
voltar ao trabalho. O objetivo, claro, é adequar o funcionário à
empresa, mesmo que isso signifique desalinhar-se com seus próprios
valores. Claramente, vai ficando nítido de que a recompensa do
trabalho pelo trabalho não é suficiente.

Assim, alguns passam a rebelar-se, dentro das ferramentas que


têm em mãos, que não são muitas. Só que, por conta das
características do seu trabalho, elas não têm muitas informações
sobre o que há de muito melhor do que a sua realidade. Mas logo cai
nas mãos dos funcionários, de forma clandestina, um livro de
autoajuda que, lido superficialmente, é apenas uma coleção de
bobagens. Mas só aparentemente. Dentro do seu contexto de
alienação, alguns trabalhadores passam a consumir trechos daquela
obra como grande inspiração, tal como se fossem cristãos que
encontraram pela primeira vez uma bíblia. E a partir dali mudanças em
suas vidas podem começam a acontecer. Um dos aspectos mais
incômodos que a serie dá é ver o quanto a Lumon é construída sob
ares de culto religioso um pouco doentio. Os fundadores da empresa
são cultuados dentro da estrutura e os funcionários passam a ser
coagidos a louvar estes pequenos deuses, que concederam a eles
uma graça: um emprego.

Cada um deles processa a ruptura de maneira diferente. Eles


precisam encontrar algo que tenha significado em sua vida quando
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tudo o que têm é o trabalho
Dentre vários aspectos que tornam a série diferenciada, o mais
interessante para se ressaltar é a forma com que tornam o prédio da
Lumon e os corredores a principal forma de incomodar tanto os
personagens quanto quem assiste a série. Corredores que parecem
sem fim, curto e totalmente brancos parecem sufocar a cada momento
em que presenciamos alguém correndo, caminhando ou dobrando
uma esquina dentre eles. Mas que possuem um contraponto
interessante, na sala de trabalho dos personagens, onde o chão é
verde e a decoração traz um ar mais amistoso
Eu achei a serie muito intrigante e me prendeu muito eu me fiz
as perguntas.. como serie separar minhas memorias para devidas
atividades se as vidas pessoal e profissional não devem estar
totalmente unidas, tampouco podem estar completamente separadas.
Isso seria certo? Eu ainda não sei e errado ou correto e difícil assimilar
Em "Ruptura", mesmo fora da empresa, os funcionários que
cumprem os trâmites não se conhecem. No mundo corporativo, por
outro lado, as pessoas tendem a valorizar as conexões sociais e
acham que as conexões sociais também trazem resultados. Ter um
amigo no trabalho traz motivação e aumenta a produtividade e a
criatividade. “Se eu estivesse em uma organização que pedisse para
não trazermos para o nosso trabalho o que acontece em nossas vidas,
eu tentaria colocar uma máscara e fingir que está tudo bem, mas com
certeza isso afetaria meu nível de presença. Basicamente, não
podemos separar as pessoas. No final das contas, você só é você
pelas coisas que você vive e já passou e isso torna você o que você é.

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