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COMPLEXO ESCOLAR PRIVADO NOSSA SENHORA DA ANUNCIAÇÃO

(VILA-SEDE)
ORAÇÃO E EDUCAÇÃO

MATERIAL DE APOIO
DE
EDUCAÇÃO MORAL E CÍVICA
8ª Classe

LUANDA, SETEMBRO DE 2023

Material organizado por Nelsinho Nbada, tendo como bases principais o Manual e o Programa de E.M.C – 8ª Classe
2 – Material em fase experimental

ORIGEM DA E.M.C
ETIMOLOGIA DAS PALAVRAS

 Educação: é uma palavra de origem latina “Educere” que tem como significado fazer
crescer, sair ou puxar de dentro, ou ainda, desenvolver algo que está a crescer na pessoa.
Portanto, educação é acto de educar, instruir e ensinar uma pessoa, e tem como
fundamento o desenvolvimento integral da pessoa, desde o aspecto físico-sanitário,
moral, intelectual, religioso, afectivo-sexual, cívico, vocacional, profissional, etc.

 Moral: vem do latim, da palavra “mos ou moris”, que vem a significar um conjunto de
costumes e hábitos que um indivíduo ou um grupo de indivíduos possuem, relativamente
a um comportamento.

 Cívica: é a ciência de origem latina, na palavra “civitas”, significando multidão de


cidadãos que habita numa determinada comunidade linguística. No entanto, educação
cívica pretende que o homem compartilhe as suas qualidades com os demais membros da
sociedade.

Conceito de E.M.C

A Educação Moral e Cívica é a disciplina que visa a formação do carácter e civismo, preparando
o indivíduo para um bom desempenho das suas tarefas ou obrigações, fomentando no seu
carácter as virtudes básicas para o bem comum do meio onde vive.

Objecto de estudo da E.M.C

O objecto de estudo da Educação Moral e Cívica é o carácter do indivíduo, ou seja, estuda o


comportamento do próprio homem.

Importância da Educação Moral e Cívica

A Educação Moral e Cívica é muito importante, porque visa formar no homem, qualidades e
valores éticos, morais, cívicos, estéticos, etc., que actuarão positivamente na formação da
personalidade e do carácter do indivíduo, preparando-o para a vida.

A E.M.C surge para: ajudar-nos a construir uma sociedade que saiba respeitar e aceitar as
pessoas diferentes e a estar no caminho da solidariedade e da coesão social; valorizar a cidadania
como direito que permite viver numa sociedade onde a dignidade de cada indivíduo é respeitada
e reconhecida; amar a vida, utilizando mecanismos para preservar a própria saúde e a dos outros;
colaborar activamente na mudança dos comportamentos não desejáveis, em relação ao ambiente
natural; utilizar procedimentos para aprender dentro e fora da sala de aulas.

Deveres morais

1) Amor no seio familiar;


2) Respeito pelos mais velhos;
3) Auxílio aos cegos;
4) Socorro aos acidentados;
5) Socorro aos necessitados;
6) Solidariedade com o próximo.

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Deveres cívicos

1) Exercer o direito de voto


2) Cumprir ao seu superior hierárquico
3) Respeito pela lei do país (A constituição)
4) Ingresso a um grupo juvenil.

Alguns valores fundamentais para a vida

1) Honestidade
Um dos valores éticos mais importantes. A forma de ensinar é com paciência e bom
exemplo. Dizer sempre a verdade e ser sincero é um bom começo. Ensine a criança o
conceito de propriedade. Se ela pegar o brinquedo do amiguinho e levar para casa, vá com
ela devolver e pedir desculpas.

2) Amor próprio
Ajuda a construir a autoestima e a autoconfiança da criança de que é capaz de enfrentar
situações novas. Elogios e incentivos dos pais são essenciais. Se ela errou, critique o erro,
não a personalidade nem a própria criança.

3) Responsabilidade
Cumpra suas obrigações: chegue no horário e respeite acordos. Maturidade e
responsabilidade não podem ser confundidas com chatice ou arcaísmo.

4) Humildade
Ouça críticas de coração aberto. Admita quando estiver errado e não sinta vergonha de pedir
desculpas. Errar é humano! E aprender com os erros é uma das maiores bênçãos da vida.

5) Cortesia
Trate todos com educação. Peça licença, diga “por favor” e “obrigado”, sorria sempre. Sendo
gentil, a gente consegue as coisas com mais facilidade. Sempre que possível, ofereça ajuda.
Não custa nada dar uma mão para o vizinho com as compras de supermercado, né?

6) Optimismo
Tente enxergar o lado bom das coisas. Prefira ver o copo meio cheio, em vez de meio vazio!
Isso é um exercício de vida! Aceite que os conflitos, por piores que sejam, permitem que a
gente cresça. Diga mais SIM do que NÃO. Procure mais razões para agir, em vez de
desculpas para ficar parado.

7) Solidariedade
Compartilhe. Divida o que tem com os outros. Quando você doa, o velho vira novo.
Qualquer armário esconde mil coisas que não nos servem mais. E elas podem fazer outras
pessoas felizes, como no dia em que você as comprou ou ganhou. Ser generoso não custa
nada e ainda preenche o coração.

8) Flexibilidade
Balance ao sabor do vento. Ser maleável permite se curvar sem quebrar, adaptar-se às
situações, aguentar a pressão sem perder a elegância. E saber a hora de ceder não significa
covardia ou falta de convicção. É sabedoria!

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9) Tolerância às diferenças
É natural que o diferente pegue a criança de surpresa. Cor da pele, altura, religião, cabelo etc.
Mostre que a beleza do mundo está nessas diferenças e seja exemplo, não falando mal das
pessoas na frente dos filhos.

10) Perseverança
Sabia que antes de inventar a lâmpada, Thomas Edison fez inúmeros testes que deram
errado? Se você tem uma ideia e acredita nela, persista! Tenha força de vontade suficiente
para não desistir nos primeiros obstáculos.

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1ª COMPONENTE: AUTO E MÚTUO CONHECIMENTO


TEMA I: EU, UMA PESSOA ÚNICA E COM GRANDES POSSIBILIDADES

A prática de se conhecer melhor faz com que uma pessoa tenha controlo sobre as suas emoções,
independentemente de serem positivas ou negativas.

Na adolescência, em cada um de nós há um jardim secreto que só nós conhecemos; sentimo-nos


felizes e às vezes estranhos. É como se fôssemos uma outra pessoa. Mas, ao mesmo tempo e com
os adultos (família, professores e amigos) que nos rodeiam, de certeza que conseguimos
conhecer e descobrir um pouco melhor a cada dia a pessoa que está a surgir dentro de nós.
Quando te encontras neste processo, estás a descobrir-te e a descobrir a tua personalidade.

Este exercício ajuda-te a aceitar as alterações que experimentas durante a adolescência e


perceber a nova e interessante pessoa em que te vais tornando, valorizando os teus aspectos
positivos, alternando aqueles de que gostas menos e reconhecendo a importância da valorização
da tua história pessoal.

1.1. Eu como adolescente


A adolescência e suas transformações;
Minhas qualidades e defeitos.

Etimologicamente, a palavra adolescência vem do latim “ad” (para) + “olescere” (crescer);


significaria “crescer para”.

Pensar na etimologia desta palavra nos remete à ideia de desenvolvimento, de preparação para o
que está a vir, algo estabelecido mais à frente. É uma preparação para que a pessoa se enquadre
neste “à frente” que está colocado (Pereira Pinto, 2003).

Portanto, adolescência é o período de desenvolvimento humano entre a infância e o estado


adulto. É a passagem da infância para a idade adulta. É o período da vida do ser humano mais
rico em transformações.

As mudanças na adolescência consistem numa passagem de uma situação para outra, havendo,
por isso, uma ruptura com a situação anterior. Estas transformações, às vezes provocam confusão
e insegurança. É natural que esta ruptura te provoque alguma confusão e insegurança, pois ficas
sem saber em que te apoiares. Porém, deves perceber que sem mudança, não há crescimento: é
necessário que passes pela adolescência de forma a descobrires a tua identidade.

O mundo que te rodeia está cheio de mudanças. Tu próprio estás em mudança: ora estás alegre,
ora estás triste; por vezes, queres estar com os teus amigos, outras vezes preferes estar sozinho; o
teu corpo está muito diferente…O ser diferente não implica ser inferior ou superior a outrem,
mas sim saber aceitar que as diferenças constituem variação da composição corporal, em função
da genética familiar.

Para vivermos a adolescência sem grandes dificuldades precisamos do apoio dos nossos mais
velhos (pais, tios, irmãos, avós, etc.). Precisamos estar atentos, pois o comportamento que
tivermos diante das dificuldades da adolescência têm um grande impacto na construção do nosso
futuro.

As principais etapas da adolescência são:

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1) A puberdade ou fase inicial (dos 11 aos 14 anos) – nesta fase, ocorrem as grandes
transformações a nível físico e psicológico, sem que se tenha grande consciência do que
está a acontecer. Nesta fase o eu do adolescente apresenta as seguintes características: o
aparecimento da menstruação (meninas) e da ejaculação (rapazes), mudanças nos seios,
mudança da voz, tonificação das ancas e do tórax…

2) A fase intermédia (dos 14 aos 17 anos) – começa-se a ter grande consciência das
transformações e prefere-se o isolamento, causando insegurança e agressividade. Nesta
fase as características frequentes são: aproximação ou afastamento das demais pessoas,
para analisar certas diferenças e semelhanças, torna-se egocêntrico, activo nas suas
participações mesmo sem certeza.

3) A fase final (dos 18 anos aos 21 anos) – A pessoa compreende-se a si mesmo e integra-se
melhor na sociedade em que vive. Esta é a fase da formação da identidade e do carácter.
As características presentes nesta fase são: os posicionamentos certos e decisórios quanto
as situações que aparecerem no dia-a-dia, fazendo um enquadramento para o seu
propósito e construção da identidade pessoal. Este amadurecimento precisa de um bom
acompanhamento dos adultos.

1.2. Eu sou único/a


A minha auto-estima.

Auto-estima: é a opinião que cada um tem sobre si mesmo, a avaliação que cada um faz de si
próprio, reconhecendo as suas qualidades, os seus erros e as suas fraquezas.

Uma pessoa com boa auto-estima é alguém que se conhece bem e se avalia correctamente,
estabelece relações mais agradáveis com os que a rodeiam e se sente mais solidária e responsável
na sua relação com os outros e consigo mesma.

A auto-estima não surge da noite para o dia. Ela vai-se adquirindo desde a infância, lentamente,
sendo fruto de uma aprendizagem, tendo os adultos como orientadores. A tua opinião positiva
sobre ti próprio aumenta a tua auto-estima e, ao mesmo tempo, leva as outras pessoas a
avaliarem-te positivamente e quando melhor te conheceres, mais preparado estarás para enfrentar
os desafios e conflitos com que irás encontrar ao longo da tua vida, mais capaz serás de
modificar as tuas características pessoais que não favorecem a boa convivência.

Ter auto-estima é dar valor a ti próprio, é gostar do próprio corpo, das tuas características físicas,
do teu nome, da tua cultura; é apreciar as modificações que ocorrem contigo e aceitares-te a ti
próprio. Quando por dentro te sentes bem contigo próprio, ou seja, quando tens a tua paz interior,
se sabes do que gostas em ti, se te valorizares, independentemente da tua condição de vida, se te
reconheces como pessoa capaz de fazer e for amável para as outras pessoas que te rodeiam, tens
forte auto-estima.

Se pelo contrário, te desvalorizas, se gostas pouco da tua identidade pessoal, que faz de ti uma
pessoa singular, se te encarares negativamente, se te reconheces incompletamente, se pensas que
a tua cultura é a melhor ou pior de todas, então tens fraca auto-estima.

Tenta descobrir o que gostas mais em ti. Por exemplo, uns pensam que são bons ouvintes; outros
acham que têm sentido de humor; outros têm uma boa imaginação; outros ainda têm hábitos
diferentes, etc.

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Todos nós passamos por etapas caracterizadas por conflitos e tensões, desafios que temos de
vencer, especialmente na adolescência, que é a fase da construção da nossa personalidade.

Para melhoramos a nossa imagem pessoal, é muito importante conhecermos as nossas qualidades
de forma a tirarmos maior proveito delas e reconhecermos os nossos aspectos negativos para que
possamos modificá-los. Se melhoras a tua imagem pessoal, poderás vencer mais facilmente os
obstáculos que surgem durante a adolescência.

Os obstáculos são tudo o que impede ou faz parar o crescimento. Quando estes ocorrem, é
importante que tenhas uma actitude de confiança, procurando descobrir a melhor forma de
ultrapassá-los.

Para não te deixares vencer nem desanimar, é importante que estejas atento ao que vai
acontecendo e que adoptes atitudes positivas. O comportamento que tiveres face aos obstáculos
ajuda-te a construir o teu futuro. Para conseguirmos vencer estes desafios, é muito importante
sentirmo-nos bem na nossa pele. Este bem-estar relaciona-se com a satisfação de necessidades
básicas, tais como:

1) O bem-estar físico;
2) A identidade pessoal;
3) A auto-estima;
4) A estima dos outros;
5) A confiança em nós;
6) A confiança nos outros.

1.3. Direito ao reconhecimento da personalidade jurídica


Reconhecimento da personalidade jurídica.

A caminhada que tens vindo a realizar na tua vida resulta da tua hereditariedade, da tua história
pessoal, dos costumes e do estilo de vida da tua família. Tudo isso significa a construção e o
desenvolvimento da tua identidade pessoal, que inclui as tuas características físicas e sociais. É
tudo isto que faz a tua natureza como pessoa. Uma pessoa com características próprias. É esta
identidade que forma a tua personalidade jurídica.

A nossa herança cultural e a hereditariedade combinam-se desde o nascimento. É esta


combinação que permite o desenvolvimento de cada indivíduo como um ser social.

Personalidade jurídica: é um direito reconhecido pela lei, que nos confere protecção desde o
ventre, defendendo-nos como pessoa. Se não valorizares este direito, será difícil conseguires o
respeito pelos outros direitos que tens.

A protecção que a Lei nos confere pode ser encontrada em vários documentos. À nível nacional
o documento é a Constituição da República de Angola (C.R.A) e à nível mundial é a Declaração
Universal dos Direitos Humanos (D.U.D.H).

O artigo 6º da D.U.D.H diz: “Todos têm direito ao reconhecimento da sua personalidade jurídica,
em toda a parte.”

O artigo 20 da C.R.A diz: “Todo cidadão tem direito ao livre desenvolvimento da sua
personalidade.”

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Após o nosso nascimento nós somos registados, tornando-nos cidadãos que o Estado deve-se
responsabilizar, mas esta responsabilidade do Estado já começa antes do registo. Portanto, o
reconhecimento da personalidade jurídica é um direito que devemos ter desde o nascimento e
reforçado com o registo civil.

O reconhecimento da personalidade jurídica tem uma grande importância, uma vez que desde o
seu nascimento, cada pessoa é considerada e protegida pela lei, defendendo seus direitos e
deveres.

1.4. Descobrindo a minha identidade pessoal


A identidade pessoal e cultural.

Os jovens querem descobrir quem são e de onde vêm. É uma preocupação válida, porque é
através deste questionamento que descobrem a sua auto – estima e a sua identidade. Ao
valorizarmos a nossa história pessoal, consolidamos o direito de mantermos a nossa identidade e
a nossa cultura e, sobretudo, afirmamos a nossa auto – estima.

Na realidade, ao longo do nosso crescimento, todos nós nos confrontamos com muitos
«porquês». Por que razão tenho este nome e não outro? Porque os meus olhos são pretos e não
castanhos? Etc. As respostas encontram-se à nossa volta, pois herdamos factores biológicos e
culturais da família e da sociedade em que vivemos – factores que fazem de cada um de nós um
ser humano único. Por isso é tão importante evitar o processo de desaculturação, como optar por
um nome de origem diferente e sem afinidades com a cultura do grupo a que se pertence,
perdendo assim, as suas características particulares.

Todos os nomes têm um significado único e são escolhidos de acordo com as circunstâncias que
os pais vivem no momento do nascimento do filho. Por essa razão, nunca devemos mudar de
nome.

Cada grupo étnico tem as suas características próprias, produto de um processo histórico e
adquiridas também no seio da família. Este passado faz parte da nossa cultura, devendo, por isso,
ser preservado e está diversidade não pode ser motivo de discriminação. Por esta razão, temos o
direito e o dever de divulgar de formas a defendermos a dignidade que todos merecemos. Para
isso, a Declaração Universal dos Direitos Humanos valida e defende a singularidade de cada ser
humano, onde quer que ele se encontre e reconhece a sua personalidade.

Não importa se és negro ou branco, alto ou baixo, homem ou mulher, etc., o importante é
apreciares a tua história pessoal e descobrires junto da tua família aquilo que diz respeito à tua
existência, para que a possas afirmar onde quer que estejas. Defende sempre o teu lugar, no teu
país e no mundo, sem actitudes preconceituosas. Assim, serás um cidadão livre e responsável.

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2ª COMPONENTE: EDUCAÇÃO CÍVICA E DEMOCRÁTICA


TEMA II: A IMPORTÂNCIA DO REGULAMENTO ESCOLAR

Devemos reconhecer a escola como uma instituição cuja estrutura e o funcionamento se


assumem como garantia dos direitos, deveres e liberdades fundamentais de todos os seus
integrantes. Todos devem assumir de forma consciente e solidária o regulamento interno da
escola, de acordo com o espírito participativo que presidiu a sua elaboração; têm de compreender
a importância da construção de um código de convivência para a comunidade.

2.1. O regulamento escolar


O que é regulamento escolar?

A nossa aprendizagem, enquanto alunos, não se limita a demonstrar um bom desempenho na


aquisição dos conteúdos das várias disciplinas. Ou seja, a escola não se preocupa só com o nosso
desenvolvimento intelectual, mas também e sobretudo com o nosso desenvolvimento
psicológico, social e moral.

Este desenvolvimento relaciona-se com o nosso convívio com os outros e a nossa participação
em grupos. Para facilitar a convivência entre os vários elementos de um grupo, é necessário
estabelecer um conjunto de regras e normas a seguir.

Regulamento interno da escola: é um documento com várias regras, que têm o objectivo de
definir o funcionamento da escola, acautelando as diferenças entre todos os membros da
comunidade educativa.

Alguns conceitos relacionados:

 Normas: lei, regra de procedimento ou fórmula porque se deve reger os elementos de um


grupo.
 Regulamento: conjunto de normas.

2.2. Situações problemáticas na escola


O regulamento e os problemas escolares
A democracia na escola

Estar continuamente a mascar pastilha na sala de aula; fazer balões e conversar com os colegas,
perturbando o exercício do direito à educação e ao ensino dos outros; chegar atrasado às aulas;
nunca fazer trabalhos de casa; não respeitar as instruções do professor, são alguns exemplos de
situações mostram desrespeito ao regulamento interno da escoa.

Porém, nem sempre é fácil cumprir as regras, sobretudo quando são impostas por outros, pois
queremos libertar-nos, afirmar a nossa personalidade, manifestar as nossas convicções. Assim, é
preciso que saibas que, se não cumpres as normas, isolas-te do grupo a que pertences, podendo
até colocar a tua vida em perigo.

As normas são necessárias porque formam e orientam os teus comportamentos. Existem para te
ajudar a crescer. Porém, se cumprires as normas sem teres compreendido de facto a sua função,
estás a contribuir para uma falsa harmonia.

Os direitos próprios da vida em comunidade, por exemplo, são todos aqueles que se baseiam no
respeito mútuo: à noite, os condutores não podem buzinar para não incomodar os outros; não se
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pode obrigar alguém a pertencer a uma organização ou partido político que não seja do seu
agrado… são direitos que dizem respeito a necessidades naturais dos seres humanos.

Como cidadão, deves ainda relembrar que, para além da constituição, há documentos universais,
como a Convenção dos Direitos da Criança e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que
estabelecem direitos e deveres para a vida em sociedade.

Participar na vida e gestão da escola para que as intenções da constituição e as necessidades de


uma sociedade democrática sejam um facto e não fiquem apenas em documentos escrito, é um
dever e um direito de todo o cidadão.

As regras de conduta na comunidade escolar têm a finalidade de assegurar que a vida escolar
decorra com o sucesso e promover o bem-estar de todos. Não são imposições com fim de retirar
direito aos alunos, mas uma condição indispensável para se manter o respeito mútuo e a justiça,
como por exemplo: esperar pela sua vez de falar, não interromper as intervenções dos outros
colegas, colocar o lixo nos lugares apropriados, cuidar dos bens escolares… são regras que
regulam o nosso espírito individualista e nos obrigam a pensar nos outros, procurando não
ofender ninguém, nem destruir ou danificar aquilo que é dos outros.

As sanções escolares deverão ser justas, punindo os que transgredem as regras. Mas nenhuma
sanção pode ir contra a integridade física e moral da pessoa em causa, assim como não é justo,
por exemplo, punir toda a turma quando não se conhece o autor de determinada infracção.

As sanções consideradas justas são aquelas que estão relacionadas com a acção repreensível do
aluno. Por exemplo, punir um aluno que pinta e risca paredes ou cadeiras na escola; expulsa-lo
por alguns dias. Nesse período, nada de útil fará, porém se a sanção consistir em reparar os danos
causados, o aluno toma consciência das dimensões e das consequências dos seus actos.

Para que os alunos não se sintam injustiçados com as possíveis sanções escolares, todos devem
participar na colaboração das regras e sanções.

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3ª COMPONENTE: RELAÇÕES INTERPESSOAIS


TEMA III: CONVIVÊNCIA, COESÃO SOCIAL E FRATERNIDADE

A vida em sociedade é feita das relações de fraternidade e harmonia entre as pessoas. O


ser humano é feliz na companhia dos outros e na comunhão das ideias e pensamentos com os
outros. No entanto, devemos ter o espírito de conviver com os outros e pôr de parte a
desvalorização e a discriminação. Devemos debater essas discriminações (de raça, de sexo, de
origem, de religião/crenças, de deficiência, etc) e adquirir informação para defender as
liberdades individuais.

Convivência é a acção de conviver (viver em companhia de outro ou outros). No seu sentido


mais largo, trata-se de um conceito relacionado com a coexistência pacífica e harmoniosa de
grupos humanos num mesmo espaço.

Coesão social é um termo da Sociologia que representa política de cooperação adoptada pela
União Europeia, por exemplo, que reúne e analisa acções nas áreas social, económica e
territorial, impostas sob regulamento comum para todos. Quando um indivíduo ou grupo sofre
pressão, se sentindo obrigado a agir de determinada forma imposta pela sociedade, estamos
diante de uma coerção social. Exemplo: seguir um padrão de beleza estabelecido pela mídia e
sociedade.

Na vida em sociedade, há circunstâncias em que um indivíduo age independente da sua vontade.


Isso recebe o nome de exterioridade. Exemplo: obedecer às normas jurídicas.

Fraternidade é um conceito filosófico profundamente ligado às ideias de liberdade e igualdade


e com as quais forma o tripé que caracterizou grande parte do pensamento revolucionário
francês: "Liberdade, Igualdade e Fraternidade". É um termo oriundo do latim “frater”, que
significa "irmão". Por esse motivo, fraternidade significa parentesco entre irmãos. A fraternidade
universal designa a boa relação entre os homens, em que se desenvolvem sentimentos de afecto
próprios dos irmãos de sangue.

3.1 Somos diferentes, mas temos a mesma dignidade


As diferenças sociais

Como sabes, a sociedade não é um corpo homogéneo, isto é, dela fazem parte indivíduos que
apresentam entre si, diferenças a nível fisiológico, psicológico, socioeconómico e cultural. Longe
de prejudicar a sociedade em que vivemos, esta pluralidade (diversidade de característica,
valores, opinião, etc), é um facto de enriquecimento cultural, permitindo-nos alargar o nosso
conhecimento sobre o mundo que nos rodeia.

Apesar das diferenças que existem entre os vários grupos ou elementos de uma sociedade, todos
os indivíduos fazem parte dela, isto é, todos são cidadãos; têm por isso os mesmos direitos,
deveres e privilégios. Se lutarmos contra a coesão social, ou seja, pela união entre todos, estamos
a pôr em perigo o exercício de cidadania.

Por isso, é muito importante pormos fim a comportamentos que revelam racismo, preconceitos e
discriminação, relativamente a outros membros da sociedade.

3.2 A turma combate as discriminações


As várias discriminações

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O racismo consiste em crer que certas pessoas são superiores as outras por pertencerem a uma
raça específica, com características próprias como cor da pele e tipo de cabelo. Na realidade, a
existências de várias raças não tem qualquer fundamento biológico, pois só existe uma raça: a
raça humana.

A palavra racismo é igualmente usada para descrever um comportamento agressivo para com os
membros de um determinado grupo pelo simples facto de serem diferentes.

Os comportamentos e as ideologias racistas provocam insegurança e medo, degradando a


convivência e a coesão na sociedade. Traduzem-se em vários comportamentos discriminatórios
relativamente a um grupo:

1) Excluir: desprezar o grupo, recompensá-lo menos do que os outros grupos;


2) Evitar: não falar para o grupo, não querer encontrá-lo;
3) Abusar verbalmente: falar negativamente do grupo ou chamar nomes de sentido pejorativo;
4) Abusar com violência: ameaçando e atacando;
5) Eliminar: isolando, matando (podendo chegar ao genocídio).

Devemos pôr fim a comportamentos que revelem racismo, preconceito e discriminação, para o
bem das sociedades e para afirmar valores como paz, fraternidade e respeito mútuo.

Na luta pelos direitos, Martin Luther King, continua a ser um símbolo inesquecível de
bravura. Ele marcou a luta Afro-Americana pelos direitos cívicos, honrando o nome da não
violência, com a sua magnifica e famosa obra “I have a dream” (Eu tenho um sonho).

Algumas palavras de Luther King, na sua obra:


“O meu sonho é de que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado do seu
credo: todos os seres humanos foram criados iguais. É uma verdade inquestionável. O meu
sonho é o de que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia, os filhos de antigos escravos e filhos
de antigos esclavagistas sentarão juntos à mesma mesa da fraternidade.

Tenho um sonho de que um dia, até mesmo o estado de Mississipi, um estado oprimido pela
injustiça e pelo calor da opressão, será transformado numa liberdade e justiça. Eu tenho o
sonho de que um dia, os meus quatro filhos viverão num país onde não serão julgados pela cor
da sua pele, mas pelo seu carácter.”

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4ª COMPONENTE: RELAÇÕES INTERPESSOAIS


TERMA IV: COESÃO E DIVERSIDADE SOCIAL

Sabemos, que devemos aprender a aceitar e a respeitar as diferenças de cada um, valorizando a
dignidade humana; cultivar valores e actitudes para a convivência social; compreender que a
igualdade de oportunidades é a chave para a harmonia social; perceber que o diálogo é essencial
na vida das pessoas e compreender a importância de viver bem contigo próprio e com os outros.

4.1. Fundamentos da dignidade humana


Valor da dignidade humana

Todos os seres humanos têm características particulares e necessidades que devem ser
respeitadas. A dignidade humana é, pois, a grandeza de um ser humano pelas características que
lhe são próprias.

Daí a importância de reconhecermos que somos diferentes, mas também iguais. Compreendemos
que todas as pessoas têm o seu valor, mesmo que vivem numa casa pobre, falem uma língua
diferente, tenham outra cor da pele, outra religião, mesmo que tenham ficado pelo caminho na
realização dos seus próprios projectos. Para se ter dignidade, não é preciso pertencer a uma
família rica, nem nascer num país desenvolvido e rico em recursos naturais.

Os laços de solidariedade devem ser amplos, porque a nossa vida está dependente da cooperação
de pessoas que não conhecemos. Como tal, é importante que dobremos os esforços para
colaborarmos na melhoria das condições de vida de todos, ajudando a dizer não às desigualdades
e às injustiças sociais que resultam da má distribuição de oportunidades.

Precisamos de habitação, conforto, paz interior, emprego… de melhorar condições de vida para
termos a nossa dignidade e a nossa auto-estima. Assim, cabe ao Estado redistribuir os bens
básicos materiais e não materiais para que todos possam intervir e melhorar a qualidade de vida
dos angolanos. Não se trata da repartir dinheiro, nem riqueza, mas atender às necessidades
básicas de todos: a educação escolar obrigatória, o emprego, o salário compatível com os preços
no mercado, a saúde, a igualdade de oportunidades para todos. Só com a satisfação dessas
necessidades os seres humanos se tornam pessoas úteis e deixam de ser marginalizados, pobres e
excluídos.

Quando esta partilha acontecer, vamos descobrir que cada um de nós saberá utilizar os próprios
recursos, fruto do seu trabalho, para melhorar a sua qualidade de vida, reforçando assim a sua
auto-estima e valor próprio. O bem-estar económico oferecer-nos prazer verdadeiro quando é
obtido com “o suor do nosso rosto”.

Comprometendo-se a pôr fim aos obstáculos sociais e a garantir a equidade, as sociedades e


sobretudo os Estados, constroem a coesão na diversidade.

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5ª COMPONENTE: AUTO E MÚTUO CONHECIMENTO


TEMA V: TEMA: SOLIDARIEDADE – BASE DE UMA CONVIVÊNCIA JUSTA

Reconhecer formas de solidariedade e aprender a resolver conflitos sociais e a ter actitudes de


solidariedade, respeito e tolerância são maneiras de viver de qualquer um, independentemente da
sua cor, raça, religião, condição social, partido político, etc.

5.1. Solidariedade, respeito e tolerância no meio onde vivo


Diversas formas de solidariedade, respeito e tolerância
O voluntariado

Um acto de solidariedade é uma participação construtiva na vida dos nossos semelhantes. É uma
ajuda desinteressada, motivada pelo sentimento de respeito e amor pelo próximo; uma
responsabilidade pessoal e colectiva por situações comuns, dando o melhor de si pelo bem-estar
dos outros.

Somos solidários quando, por exemplo, participamos voluntariamente em campanhas de socorro


às pessoas necessitadas (depois de um terramoto, cheia de inundações...). Mas há outras formas
de solidariedades que se tornam fundamentais com o exercício da cidadania, como a participação
no espaço público e na vida política. A consciência de que todos temos direito a uma vida digna
contribui para pôr fim a preconceitos, actitudes discriminatórias e injustiças.

Voluntário é todo aquele que, livre e gratuitamente, cede o seu tempo e o seu trabalho a uma
instituição ou organização, sem esperar receber nenhum tipo de gratificação por isso.
Voluntários são pessoas que, por motivação pessoal, espiritual ou cívica, dedicam parte do seu
tempo a projectos e actividades em benefício da comunidade. Os voluntários, na regra geral, são
pessoas generosas com disponibilidade, alegres, dedicadas e com vontade de ajudar os outros.

Para os voluntários, é muito gratificante ver reconhecida a sua utilidade e o seu carácter
imprescindível. O voluntário sente satisfação e realização pessoal, sente-se membro de um
grupo, porque integra um projecto colectivo e conta com pessoas com interesses comuns.

Os voluntários da AMI

A AMI – fundação de Assistência Médica Internacional é uma organização de ajuda humanitária


que conta com o trabalho e dedicação daqueles que trabalham em regime de voluntariado. O
principal objectivo desta organização é agir do ponto de vista médico contra o
subdesenvolvimento, a fome e as sequências de guerra, em qualquer parte do mundo onde a
presença de equipas seja o único recurso para as vítimas.

A AMI organiza missões compostas por equipas de médicos, enfermeiros e logísticos, todos
voluntários, que se deslocam por período de semanas, meses ou anos, para os países mais
carenciados, vítimas de situações de vária ordem (guerras, problemas económicos ou sociais,
ciclones, sismos, terramotos, etc).

As equipas da AMI são, geralmente compostas por profissionais de saúde que asseguram as
intervenções médicas e paramédicas. No entanto, os logísticos que também seguem em missão
podem não ter nenhum tipo de formação académica.

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6ª COMPONENTE: RELAÇÕES INTERPESSOAIS


TEMA VI: TOMADA DE DECISÃO

A adolescência é uma época de grandes mudanças e, por consequência, de tomadas de decisões.


Portanto, é preciso aumentar a tua capacidade de decisão pessoal e de aceitação das decisões dos
outros e estar disposto a defender os teus valores.

6.1. Eu e as minhas decisões


As minhas decisões

Como sabes, há muitas situações de mudanças: mudança de casa, de escola, de amigos e também
mudanças que abrangem o mais íntimo de ti próprio, a descoberta da sexualidade, a passagem da
infância à adolescência.

Cada uma das situações de mudança que abordaste é composta por vários elementos, que são
também várias etapas:

1) Em primeiro lugar surge o desejo de uma vida melhor: com mais conforto, mais alegria,
mais harmonia, mais responsabilidade e liberdade…
2) Este desejo de uma vida melhor é sempre acompanhado por desejo de segurança: ter uma
vida mais segura, um emprego bem remunerado, saber mais coisas, crescer mais e ter mais
maturidade para enfrentar os problemas que vão surgindo no dia-a-dia.
3) Mas, logo a seguir a estes desejos, surge uma situação de dilema – mudar ou não mudar?
Aqui é preciso saber se deve ou não optar por essa mudança, pensando os prós e os contras.
4) Esta situação de dilema, comporta sempre uma situação de risco que pode vir com a
mudança: posso desejar mais responsabilidade e depois não ser capaz de assumir…
5) E por fim, o último elemento é a tomada de uma decisão: decidir pela mudança ou contra a
mudança.

6.2. Nem sempre é fácil aceitar ou negar algo


Decidir diante de várias escolhas

Decidir é, por vezes, complicado. Quando te deparas com várias escolhas, podes optar por uma
que pode não ser do teu agrado. Existe, pois, um conflito dentro de ti. Porém, se tiveres
consciência desse conflito, é possível resolvê-lo mais facilmente. Aliás, a existência e a
resolução de conflitos ajudam-te a crescer. Ao longo da vida tens de tomar muitas decisões:

 Decisões pessoais, mas com repercussões sociais, como, por exemplo, ser pai ou mãe na
adolescência, casar ou não...;
 Decisões pessoais, mas com repercussões para a saúde, como ter um ou mais parceiros
sexuais, ter relações sexuais sem o uso de preservativo...

Todas as decisões são naturalmente tomadas por ti, mas acabam por envolver outras pessoas.
Não podem ser tomadas de um dia para o outro, muito menos sem orientação.

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16 – Material em fase experimental

7ª COMPONENTE: AUTO E MÚTUO CONHECIMENTO


TEMA VII: SEXUALIDADE E COMPORTAMENTOS

O corpo do adolescente passa por uma série de mudanças que não estão sob o controlo da sua
própria vontade e essas mudanças exigem uma readaptação do novo corpo que ainda é
desconhecido, pois perde-se o corpo infantil e um novo corpo começa a surgir, mudando a cada
dia.

Cada um deve compreender a sua sexualidade e deve entender também que a maternidade e a
paternidade devem resultar de uma opção voluntária e consciente e identificar soluções para
evitar a gravidez e a maternidade não desejadas e precoces.

7.1. Eu, os outros e a sexualidade


A vivência da sexualidade

De acordo com o dicionário de Língua Portuguesa, Sexualidade é conjunto de características


fisiológicas e psicológicas relacionadas com o sexo. A sexualidade é uma energia que nos motiva
a procurar um amor, contacto, ternura e intimidade e influencia o modo como nos sentimos, nos
movemos, tocamos e somos tocados. “A sexualidade influencia os nossos pensamentos,
sentimentos, as nossas acções na interação com os outros e, por isso, influencia também a nossa
saúde física e moral (Conceito da OMS).”

Todos nós, desde que nascemos até que morremos, precisamos de estar próximos de outras
pessoas. Esta necessidade é uma das razões que levam a que muitas das relações familiares e de
amizade existam, durem muito tempo e, às vezes, nunca acabem.

Precisamos estar próximos de outras pessoas, pois todos nós gostamos de receber ternura, de nos
sentir amados e protegidos. Enquanto somos bebés, esta necessidade é maior e é nesta idade que
dependemos totalmente dos adultos que cuidam de nós.

Com o passar do tempo, a nossa dependência dos outros diminui, vamos ficando mais
independentes, ou seja, pouco a pouco ganhamos autonomia, mas a necessidade de estar perto do
outro continua durante a vida toda.

A sexualidade permite-nos ter também um maior conhecimento de nós próprios, do que


pensamos e sentimos e perceber das coisas que gostamos mais ou menos, no nosso corpo e na
relação que estabelecemos com os outros.

Regras de conduta para viver uma sexualidade responsável:

1) Procurar informações que possam melhorar a vivência sexual e a saúde reprodutiva;


2) Interagir com ambos os géneros, respeitando as diferenças;
3) Exprimir o afecto e a sexualidade de forma adequada;
4) Tomar decisões informadas;
5) Comunicar e dialogar com a família, com parceiros e colegas;
6) Evitar comportamentos que facilitem a transmissão de infecções e doenças transmissíveis
sexualmente;
7) Prevenir o abuso sexual;
8) Realizar os exames periódicos para avaliar a sua saúde sexual.

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7.2. Mamãs e papás de ‘palmo e meio’: um problema de muitos países


Gravidez precoce
(Trabalho de pesquisa em grupos)

7.3. Diferentes maneiras de expressar ensinamentos sobre a sexualidade na adolescência


Ensinamentos sobre a sexualidade

É na escola que passas grande parte do teu tempo. Por isso, cabe também aos professores
orientarem-te nesta fase da descoberta, esclarecendo as tuas dúvidas e evitando que cresças com
ideias erradas sobre a sexualidade.

No entanto, é junto da família que existe a primeira orientação sexual. De facto, a adolescência é
vivida de acordo com a cultura (costumes, valores e crenças) da família a que se pertence, que é
responsável por educar o adolescente no campo da sexualidade. Quando as famílias garantem
este acompanhamento, estaremos mais seguros quando nos depararmos com condutas que
correspondem aos costumes das nossas famílias.

7.4. Eu, a comunidade e o Ministério da Família: os adolescentes procuram soluções


As inquietações dos adolescentes e busca de soluções

A adolescência é uma fase de transformações e com muitas preocupações. Cabe aos pais ou
encarregados de educação conversar com os filhos profundamente, de maneiras a educá-los
sexualmente, quando estes atingem a puberdade. Devem transmitir ensinamentos e demostrar
formas de comportamento relacionadas com as novas transformações do corpo.

É preciso saber que ter relações sexuais sem proteção do preservativo pode dar origem a uma
gravidez indesejada ou a uma doença sexualmente transmissível. Uma gravidez, que tem
implicações muito sérias, pode acontecer na primeira relação sexual, se a rapariga estiver no
período fértil, e até mesmo sem penetração. Tudo isso pode ser evitado, se houver transparência,
cumplicidade entre o adolescente e a família.

7.5. Rituais e valores da minha cultura


Ritos de iniciação à vida adulta

Todos nós vivemos de acordo com a cultura da nossa sociedade, classe socioeconómica, filiação
religiosa ou grupo familiar. Cada um destes agrupamentos estabelece as suas normas de vida,
expectativas e exigências relativamente aos seus membros (jovens adultos e velhos).

Duas das grandes características muito importantes da adolescência são: o aparecimento da


maturação sexual e o desejo de fazer parte do mundo dos adultos. Estas duas características
permitem que o adolescente reconheça os seus impulsos sexuais, tendo criado respostas para
ajudar a lidar com essa descoberta, proporcionando uma vivência saudável e consciente, que
minimiza os problemas típicos da adolescência. Além disso, também permite exercer desde logo
as suas responsabilidades e assumir o papel de adulto, facilitando que a maturidade do
adolescente ocorra mais cedo.

Em Angola podemos encontrar três padrões relactivos à educação dos adolescentes. É assim que,
em grande parte das culturas angolanas, a iniciação é (ou era) o processo criado para facilitar a
comunicação baseada num conjunto de ensinamentos relativos à adolescência.

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18 – Material em fase experimental

Por exemplo, na Lunda Sul, assim que a jovem se apercebe da primeira menstruação (em regra,
aos 13-14 anos), dá a conhecer a «boa-nova» a uma mulher adulta e de idade avançada. Esta
mulher torna-se a sua madrinha. A partir deste momento, a jovem entra no processo de iniciação,
denominado por Mukanda. Mukanda é o nome do ritual da puberdade/adolescência, tanto para as
raparigas como para os rapazes. Os rapazes são submetidos à Mukanda dos 13 aos 14 anos.
Neste processo, transmitem-se aos jovens ensinamentos que vão desde a sexualidade até a vida
social da sua cultura.

Na parte Sul (Huila...) encontramos um acto quase semelhante, mas com o nome de “efico”.
Aqui, as meninas são levadas para um lugar fora da família, onde receberá instruções ou
ensinamentos sobre a vida que tem de levar na fase adulta, conhecimentos sociais e até referentes
ao casamentos. Quanto aos rapazes, também são levados fora da família e passam pela
circuncisão, que consiste em cortar alguma particularidade do pénis, e recebe ensinamentos de
homem para homem, sobre como viver socialmente e como casado.
.
Depois de passarem pela iniciação, que é uma verdadeira escola de aprendizagem, os jovens são
aceites como adultos. Com isso, estes:

1) Participam na vida adulta;


2) São responsáveis pelas suas horas de tempo livre;
3) Cumprem tarefas comunitárias;
4) Devem obter parte do seu sustento;
5) Obedecem às normas e convenções dos adultos relativos à vida social e sexual.

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19 – Material em fase experimental

8ª COMPONENTE: RELAÇÕES INTERPESSOAIS


TEMA VIII: RELAÇÕES FAMILIARES

É muito interessante sabermos a importância dos rituais para um bom funcionamento da família
e para um saudável desenvolvimento da criança ou do adolescente, reconhecer a importância dos
modelos paterno e materno, reflectir sobre as situações problemáticas relacionadas com a
violência familiar, reconhecer valores que favorecem a harmonia na família e perceber que o
bem-estar da família passa necessariamente pela harmonia familiar.

8.1. Os rituais familiares que promovem a união familiar


Celebrações e tradições familiares

Os rituais familiares são comportamentos repetitivos, simbólicos, interactivos, que caracterizam


a vida de um agregado familiar e são executados de forma típica por cada família. Muitas vezes
são transgeracionais, isto é, mantêm-se através da família, sendo trazido pelos avôs, que os
passam aos filhos e estes por sua vez aos netos. Os rituais são importantes para manter a coesão
da família e reforçam o sentimento de pertença dos seus membros. Têm funções organizativas
importantes para a vida familiar que conservam e transmitem a identidade da família.

Existem três categorias de rituais familiares: as celebrações familiares, as tradições familiares e


as rotinas ritualizadas.

Celebrações familiares: são ocasiões de interação organizada com características de uma


cultura, com a larga expressão na comunidade envolvente. Por exemplo, o natal, a páscoa e a
passagem de ano, possuem uma simbologia universal e estranhamos claramente a família que de
alguma forma não os assinala.

Tradições familiares: são mais típicas de jantar, podendo incluir a forma de passar as férias, os
projectos de aniversários ou refeições especiais. É uma característica que marca a vida da
família.

Rotinas familiares: dizem respeito à hora de jantar, ao deitar dos filhos quando são pequenos, à
forma de convidar amigos para jantar ou a entretenimentos de fim-de-semana. Variam ao longo
do ciclo de vida da família e contribuem para a definição de papéis intrafamiliares.

8.2. Problemas na adolescência: causas e soluções possíveis


Estabilidade na família

As famílias disfuncionais perderam os rituais e as famílias do futuro, se não se acautelarem,


também os perderão. Uma família onde o álcool ou droga entraram desorganizou-se, a tal ponto
que já não há equilíbrio, tempo e espaço para os rituais. A família apressada dos dias de hoje
caminha para uma mudança tão persistente que já ninguém tem tempo para olhar no outro. É
necessário preservar em cada agregado os rituais organizadores da vida familiar, que em cada
momento fazem sentido para os seus membros. As tradições familiares reforçam o papel de cada
um, aclaram a identidade e permitem a visão de continuidade ao longo dos tempos que dá
sentido à vida.

Quando o amor entre um casal acaba e os conflitos se tornam cada vez mais frequentes, acontece
muitas vezes a separação. Este é o momento difícil da vida dos filhos, que sofrem muito com a
separação dos pais e, por vezes, sonham durante vários anos com o seu reecontro.

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20 – Material em fase experimental

Normalmente, os filhos ficam a viver na casa materna (constituindo uma família monoparental) e
podem perder o habitual contacto com o pai após a separação. A ausência da figura paterna ou
materna tem, pois, grandes consequências no desenvolvimento dos filhos, que precisam dos dois
modelos para crescer saudavelmente. Quando os pais entram para uma relação nova, é difícil,
para os filhos aceitarem sem reservas o novo companheiro; se há filhos de um casamento
anterior, o relacionamento entre os vários membros da família nem sempre é fácil.

As consequências, para a criança ou para o adolescente, da ausência de uma das figuras parentais
podem ser:

1) Estado depressivo;
2) Agressividade (normalmente exterior à família);
3) Problemas de aprendizagem;
4) Sentimento de culpa.

A violência na família

Existe violência familiar quando há agressão física ou psicológica sobre um cônjuge, um filho ou
outro elemento do agregado familiar. As situações de violência familiar podem ocorrer em todas
as classes sociais, culturas e idades.

Quando falamos de violência na família, pensamos quase sempre naquelas onde predomina a
pobreza e onde há carências económicas assustadoras. Nesses casos, e como se os maus tratos
fossem naturais, adoptamos uma posição de banalização da violência, que é a principal forma de
legitimá-la.

Noutras famílias, a violência é mais subtil. O pai continua a ler o jornal, enquanto a mãe prepara
o jantar. O pai às vezes diz: “lavei-te a louça ou tirei-te a roupa da corda”; como se a louça e a
roupa são pertença da mulher.

Há casas em que os rapazes são poupados nas tarefas domésticas, enquanto as meninas juntam-se
às mães num ciclo de disponibilidade doméstica permanente. Noutros locais de convivência
familiar, as conversas dos filhos adolescentes são escutadas às escondidas pelos pais e irmãos
mais velhos. A correspondência é frequentemente violada.

São exemplos de uma violência menos visíveis, em famílias cujos membros estão de costas uns
para os outros e em que os pais pretendem controlar tudo que se passa. Vivem na esperança de
que se tudo for conhecido e disciplinado, tudo correrá bem. No fundo, exercem a maior violência
de todas: a de quererem moldar os filhos, afastando-se pouco a pouco.

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9ª COMPONENTE: RELAÇÕES INTERPESSOAIS


TEMA IX: AS RELAÇÕES NA FAMÍLA NO TEMPO DOS MEUS AVÓS

9.1. Inquérito: as relações familiares em tempos idos


Vivencias familiares em tempos idos

Para reconheceres as relações familiares do tempo dos teus avós, sugerimos-te a realização de
um inquérito junto das famílias da tua comunidade. É uma técnica de recolha de dados que serve
para conseguir de modo rápido informações de um grupo de pessoas: alunos, sócios de um clube,
habitantes de uma localidade, camponeses, etc.

Através dos resultados dos inquéritos, podem realizar-se quadros estatísticos. Em Angola, o
Instituto Nacional de Estatística (INE) realiza vários inquéritos à população e, a partir dos dados
que obtém, organiza estatísticas sobre diversos temas: a situação da criança, o nível de vida da
população, o número de crianças vacinadas, etc. São as estatísticas do INE que servem de base a
elaboração de muitos dos gráficos e quadros estatísticos publicados em vários livros, revistas ou
jornais.

Para realizar um inquérito, é necessário:

1) Fazer uma apresentação do inquérito claro e agradável, de modo a interessar as pessoas


que queremos que se interessem com as informações;
2) Elaborar uma introdução, em que se dá conta da finalidade do inquérito;
3) Formular perguntas cujas respostas não tenham de ser muito extensas;
4) Não utilizar palavras ambíguas. Por exemplo, em vez de perguntar «qual é a sua
ocupação? », deves perguntar «qual é a sua profissão? »;
5) Construir fichas de tratamento de dados do inquérito, que ajudam a resumir e classificar
informações reconhecidas. Assim, é possível analisá-las de forma organizada e formular
convenientemente as condições.

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22 – Material em fase experimental

10ª COMPONENTE: EDUCAÇÃO CÍVICA E DEMOCRÁTICA


TEMA X: EU E A CIDADANIA DEMOCRÁTICA

Os jovens devem apreciar valores para uma convivência que se pretende em liberdade e
reconhecer a importância do exercício da cidadania numa sociedade democrática.

10.1. Sou um cidadão


Conceito de cidadão e de cidadania
Direitos e deveres do cidadão
Participação activa na vida social

Não é fácil definir a cidadania, porque não é uma coisa palpável, porque não tem forma nem
cheiro, porque pode estar em toda a parte e em parte nenhuma, porque, no fundo só existe
verdadeiramente no espírito e na acção de cada um de nós. A soma do que cada um faz pensando
no tempo e no espaço em que vive e na forma de torná-los melhor é que conduz à verdadeira
cidadania.

A cidadania é o exercício dos direitos e deveres civis, políticos e sociais estabelecidos na


Constituição de um país, por parte dos seus cidadãos.
- É o exercício de direitos e deveres, de maneira interligada, de forma a contribuir para uma
sociedade mais equilibrada e justa.

Na vivência da cidadania pode sempre haver conflitos, por causa das diferanças dos cidadãos.
Desta forma, é preciso cultivar hábitos que sejam reconhecidos colectivamente. A cidadania
deve ser ampla, garantindo a todos os mesmos direitos e os mesmos deveres.

A cidadania é afinal o conjunto de muitas coisas que, habitualmente nem sequer relacionamos
com ela. É o caso da solidariedade, da tolerância, da cooperação, da responsabilidade, do
civismo, do respeito pela liberdade alheia, da participação na vida colectiva e do conhecimento
rigoroso dos direitos e dos valores. É o cumprimento de tudo isso que transforma os indivíduos
em cidadãos.

Exercer a cidadania é ter consciência dos teus direitos e deveres, garantindo que estes sejam
postos em prática. A verdadeira cidadania implica acção, participação, envolvimento e
contribuição. A cidadania não se resume a fazer coisas que achamos correctas, mas fazer aquilo
que irá realmente ajudar a mim e aos outros.

Quando intervéns na vida associativa da tua escola, quando aderes a uma associação ecologista
ou cultural, quando te juntas a amigos e colegas para dares sentido à palavra «solidariedade»,
estás a ser cidadã ou cidadão.

Se conheceres bem os teus direitos e deveres, será mais e melhor cidadão e não terás medo da
autoridade sempre que ela não tiver razão na forma como se relaciona contigo. No fundo, vais
aprender que a tua liberdade começa onde termina a dos outros e que a soma dessas liberdades
individuais é que é a verdadeira base da democracia.

Cidadão é aquele que sabe que tem o direito e dever de ajudar a tornar o seu país melhor e mais
moderno e que sabe também que, para que isso aconteça, tem de participar, fazendo ouvir a sua
voz, a sua opinião, formando associações exigindo aos sindicatos que defendam os seus
interesses, lutando para que se respeitem as diferenças, para que se proteja o património, para

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23 – Material em fase experimental

que os que têm menos não sejam excluídos só porque estão pobres ou doentes. Portanto, ser
cidadão é uma forma de participar na vida da comunidade.

Mesmo que não podemos, o nosso dever enquanto cidadãos é juntar esforços para que os
problemas tenham uma solução. A cidadania é a base de um velho sonho: o de os homens e as
mulheres poderem estar cada vez mais próximos da igualdade de direitos e poderem cada vez
mais governar-se a si próprios, em tudo aquilo que depender deles e da sua vontade
democraticamente expressa através do voto e da expressão da opinião.

A pior ameaça da cidadania, é a diferença dos cidadãos perante a vida pública, a indiferença
perante o conjunto de deveres e direitos que fazem deles cidadãos e a ideia perigosa de que a
melhor maneira de se resolver os problemas é cada um tratar de si e governar-se como pode.

A cidadania é um direito universal e implica que todos os cidadãos, sem qualquer excepção de
raça, credo, sexo, ideologia ou condição física e psíquica, tenham os mesmos direitos e iguais
oportunidades no acesso à educação, à cultura, à saúde, ao bem-estar, ao lazer, ao trabalho, etc. É
viver numa cidade sem barreiras de nenhuma espécie, onde todos podem olhar o presente e o
futuro com as mesmas expectativas.

Ergue-te para participares, porque a construção de uma sociedade democrática depende da


participação colectiva dos seus membros junto do poder social. O poder social tem de fazer valer
a vontade geral (a maioria) sobre a vontade particular (de cada um). Ajude a construir o teu país,
para que o país também te possa ajudar.

Importância da Cidadania
A cidadania é bastante importante por garantir uma boa organização da sociedade.

Alguns Direitos dos Cidadãos

1) Direito à saúde;
2) Direito à educação;
3) Direito à habitação;
4) Direito à liberdade de pensamento;
5) Direito à religião;
6) Direito à manifestação;
7) Direito ao trabalho;
8) Direito ao lazer;
9) Direito a deslocar-se livremente.

Alguns Deveres dos Cidadãos

1) Votar para escolher governantes;


2) Cumprir as leis;
3) Educar e proteger os seus semelhantes;
4) Proteger a natureza;
5) Proteger o património público do país.

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11ª COMPONENTE: EDUCAÇÃO CÍVICA E DEMOCRÁTICA


TEMA XI: LIBERDADE/LIBERDADES

Deve-se relacionar os conceitos de liberdade e democracia, recordar que a liberdade só existe se


houver respeito por regras reais que convêm a todos, reconhecer o direito às liberdades de
pensamentos, consciência/religiosa e opinião/expressão e expressar e defender publicamente as
tuas próprias opiniões e valores.

A liberdade é o cumprimento da democracia. É o direito que cada um de nós tem de exercer as


suas faculdades e de decidir e agir segundo a sua convicção e determinação.

Muita gente pensa que ser livre é fazer o quisermos. Mas, por vivermos em sociedade o exercício
da liberdade só é possível com o respeito por regras simples, claras e justas. A liberdade é,
portanto, a busca constante da convivência harmoniosa e pacífica e que não prejudique o
interesse comum.

Quando o conceito de liberdade é distorcido, causando transgressão aos direitos e aos deveres, a
liberdade dá lugar à libertinagem (desordem), o que complica o bom funcionamento da
democracia.

11.1. Liberdade de expressão e de pensamentos


A conquista da liberdade
11.2 . Limites da liberdade
Diversas formas de liberdade

A liberdade de opinião é uma forma de exercer a liberdade de pensamento e de consciência e de


contribuir para a resolução de assuntos de interesse comum. O direito à opinião requer o direito à
informação, pois sem a informação todo o debate ou análise perde o seu sentido. O uso deste
direito exige, porém, que a informação seja sempre verdadeira, respeitando a dignidade de todos.
Temos liberdade de expressão quando podemos trocar ideias com os outros, independentemente
das nossas convicções, manifestando as nossas próprias opiniões sem medo, em particular ou em
público, recebendo ou dando informação por meio de reunião, cartas, revistas, jornais, rádio...
Vão contra este direito: a proibição de exprimir as próprias opiniões; a proibição de ler e
escrever para comunicar e conhecer o pensamento dos outros; impedir a crítica; usar os meios de
comunicação e a escola para propagar uma única maneira de pensar; escutar conversas privadas;
condenar as pessoas que tiverem a coragem de manifestar as suas ideias.

O intelecto é uma caraterística do ser humano que o distingue de todos os outros seres. Todo ser
humano tem o direito de pensar livremente e de se desenvolver intelectualmente, o que lhe
permite não só enriquecer-se, mas também dar um contributo valioso à sociedade em que vive.

Segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos:

 Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este


direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade
de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público, como em
privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos. Artigo 18º

 Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o


direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem

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25 – Material em fase experimental

consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de expressão. Artigo


19º

A consciência é a parte mais íntima e profunda de nós próprios. É de acordo com a consciência
que formamos as nossas convicções e as nossas crenças acerca do mundo. Orientados pelas
nossas convicções e crenças (religião), pensamos, decidimos e agimos. A formação da
consciência fica limitada quando não temos possibilidade de criar e manter ou desenvolver
relações livres com os outros.

A liberdade de opinião (em casa, na escola, no trabalho ou em qualquer outro lugar público) é
uma forma de exercer a liberdade de pensamento e de consciência e de contribuir para a
resolução de assuntos de interesse comum. Quando uma sociedade defende ideias democráticas,
é desejável que a liberdade de opinião, seja a base da vida em sociedade. Ao restringirmos a
liberdade de opinião, podemos viver revoltas.

11.2 . Limites da liberdade


As máximas da liberdade

Algumas máximas da liberdade

 Não concordo com uma só palavra do que dizes, mas defenderei até à morte o teu direito de
dizê-la. – Voltaire.

 Liberdade significa responsabilidade. É por isso que tanta gente tem medo dela. – George
Bernard Shaw.

 Acima de todas as liberdades, dê-me a de saber, de me expressar, de debater com autonomia,


de acordo com a minha consciência. – John Milton.

 Não há liberdade a não ser a de alguém que vai para algum sítio. – Saint-Exupéry.

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12ª COMPONENTE: EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE


TEMA XII: SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA

Sabemos que a saúde é um bem precioso que todos desejamos e devemos manter. Mas na
realidade, mesmo que os adultos alertem os adolescentes sobre determinados riscos, estes muito
ignoram os conselhos, o que compromete a sua saúde. As actitudes que muitos adolescentes
apresentam são pouco satisfatórios face à prevenção das doenças.

Nos últimos 30 anos, o comportamento sexual de um grande número de pessoas mudou demais.
Muitos passaram a iniciar a vida sexual mais cedo, com parceiros variados e que não se
conhecem bem. Este comportamento teve como consequência um aumento das doenças
sexualmente transmissíveis.

Em grande parte dos casos, juntamente com essa maior liberdade sexual, as pessoas não
receberam educação sexual, não sabiam e não sabem como prevenir as doenças que se
transmitem por sexo e têm vergonha de procurar um médico ou de falar com os pais ou outros
mais velhos em casa, para pedir ajuda. Muitos fazem automedicação com remédios indicados por
amigos e que depois não curam a doença, pelo contrário pioram e até levam mesmo à morte,
porque tomam medicamentos com dose errada.

12.1. O que são as DST?


As DST e seus cuidados

As Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) são infecções que se transmitem através de


algum tipo de contacto sexual.

O adolescente deve conhecer as DST, saber os meios preventivos das DST, adquirir
conhecimentos sociais sobre o contágio do HIV-SIDA, saber o quanto é importante a sua
prevenção e tirar as suas dúvidas acerca do HIV e da Sida.

Por isso, quando os adultos alertam os jovens para os cuidados a terem com a sua própria saúde,
estão preocupados com a qualidade de vida dos membros da nossa sociedade. É o bom
funcionamento da «máquina humana» que está em causa. É o bem-estar. É a própria busca de
sentido para viver.

As DST são causadas por organismos que vivem nas membranas mucosas e macias do corpo
humano, isto é, em lugares como a boca, os órgãos sexuais e o recto.

As DST são:

1) O Herpes Genital – doença provocada por vírus que afectam os orgãos genitais e as zonas
envolventes;

2) A Candidíase – doença provocada por fungos que se desenvolvem no ambiente quente e


húmido da vagina;

3) A Gonorreia – infecção das vias genitais provocada por bactérias e que tanto afecta a
uretra do homem como da mulher;

4) A Sífilis – doença provocada por bactérias e que origina grandes perturbações dos
sistemas nervoso e circulatório, podendo provocar a morte;
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5) A Hepatite B – doença provocada por vírus que atacam o fígado e que, se não for tratada,
pode provocar a morte;

6) A Sida (Síndrome da ImunoDeficiência Adquirida) – doença mortal provocada por um


vírus chamado HIV ou VIH (Vírus de Imunodeficiência Humana) que ataca e destrói o
sistema imunitário.

12.2. Comportamentos de prevenção


A prevenção das DST

Embora as DST possam ser contraídas de outros modos, nas relações sexuais o risco pode ser
maior e, por isso, deve haver um especial cuidado.

A prevenção destas doenças exige:

1) Um bom conhecimento do parceiro sexual;

2) Uma rigorosa higiene íntima (nomeadamente o cuidado de nunca partilhar com ninguém
as escova de dentes, a lâmina e outros objectos de uso pessoal);

3) O uso do preservativo durante as relações sexuais (às vezes pode não garantir segurnaça);

4) O conhecimento dos sintomas das DST;

5) Idas regulares ao médico (e tomar vacina, no caso da Hepatite B).

Por serem muito perigosas e por causarem uma elevada mortalidade, a Hepatite B e a Sida são as
DST que devem merecer uma maior atenção da nossa parte no que diz respeito a
comportamentos de prevenção.

12.3. Comportamentos de risco face ao contágio por HIV: seropositividade


HIV e os comportamentos de risco

Apesar de já se saber muito sobre o HIV/SIDA e a medicação já conseguir controlar a doença em


alguns casos. É importante que se divulgue o mais possível o seu modo de transmissão e o passo
simples que a pode prevenir ao nível das relações sexuais: o uso de preservativo. É também
importante que se passe essa mensagem simples ao maior número de pessoas, para que elas não
se deixem enganar por indivíduos de má-fé que prometem a cura total (que ainda não existe),
mas que no fundo pretendem apenas obter poder e ascendente sobre os infelizes que contraíram
HIV/SIDA.

Na dúvida, deve-se jogar pelo seguro e não pôr em risco a vida de outros, incluindo de crianças
que podem ser geradas por uma relação sexual desprotegida. Essas crianças, para além de risco
de nascerem infectadas, correm o risco ainda maior de ficarem órfãs, dado que as perspectivas de
sobrevivência dos seus pais são reduzidas. Essas crianças e adultos infectados são muitas vezes
abandonados pelas famílias e outras pessoas próximas e depois vivem nas ruas sem esperança de
apoio.

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Transmissão/infecção do HIV/SIDA

Tal como já foi dito, é fundamental transmitir a informação ao maior número de pessoas de que
o HIV/SIDA é:

1) Uma doença sem cura, mas que pode ser controlada por medicamentos;
2) Uma doença grave;
3) Uma doença contagiosa;
4) Uma doença que se transmite pelo contacto de fluidos corporais infectados (esperma,
sangue, saliva, leite materno).
5) Uma doença que se transmite também pelos objectos cortantes e injectados como: a
seringa, a lâmina, o gilete, a faca, a agulha usada por pessoa infectada por HIV/SIDA.

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13ª COMPONENTE: RELAÇÕES INTERPESSOAIS


TEMA XIII: OS COMPORTAMENTOS SEXUAIS NA COMUNIDADE

13.1. Estereótipos sexuais


A discriminação entre homens e mulheres

Os estereótipos sexuais são construções sociais e expressões de actitudes discriminatórias e


intolerantes. Todas as formas de preconceito entre as pessoas devem ser revistas e evitadas,
entendendo que todos têm valor e dignidade e merecem respeito igual.

Ao longo do tempo, a sociedade tem construído valores que estabelecem comportamentos


normais, aceitáveis e esperados para cada sexo: são os estereótipos sexuais. Aos homens ensina-
se a masculinidade, isto é, valores relacionados com a competição, agressividade, frieza, força,
segurança e a independência. Às mulheres ensina-se a feminilidade, isto é, valores relacionados
com a passividade, delicadeza, fragilidade, decência e vaidade.

Estes valores vão sendo transmitidos de geração em geração, tendendo a tornar-se, erradamente,
verdades inquestionáveis.

No entanto, uma visão demasiado rígida do que é «próprio de um homem ou de uma mulher»
tem efeitos negativos no modo como as pessoas vivem a sua sexualidade, o seu corpo, os seus
comportamentos e os comportamentos dos outros.

Apesar de, nas últimas décadas, se terem verificado menos desigualdades entre homens e
mulheres, existem ainda condutas e oportunidades diferenciadas para cada sexo. Muitas das
situações problemáticas do nosso dia-a-dia (nas famílias, no trabalho, na escola, etc) são
consequências de modelos sexuais rígidos e da dificuldade de os questionar de forma crítica.

É muito importante ter e ajudar a ter comportamentos não discriminatórios relativamente aos
dois sexos.

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14ª COMPONENTE: EDUCAÇÃO AMBIENTAL E QUALIDADE DE VIDA


TEMA XIV: EU E A QUALIDADE DE VIDA

Devemos ter consciência de que o meio ambiente é o património de todos e assim alterar hábitos
pessoais que se tornam prejudicial para o ambiente não é a forma adequada de cuidar o ambienta.
Devemos contribuir para o desenvolvimento de uma consciência crítica sobre os problemas
ambientais e compreender que os espaços verdes são fontes de bem-estar para todos. Devemos
intervir face às necessidades ambientais.

14.1. O ambiente como património de todos


Hábitos prejudiciais ao ambiente
Problemas ambientais e possíveis soluções

O ser humano não tem usado a sua capacidade de modificar o meio ambiente da melhor maneira.
Os recursos naturais começam a estar em risco, o ambiente está cada vez mais degradado, a
reciclagem ainda não faz parte do quotidiano da maior parte das pessoas, o desperdício e a
poluição ainda são uma constante no nosso dia-a-dia. Está na hora de cada um de nós começar a
tomar algumas medidas, por mais irrelevantes que possam ser.

Para que as questões ambientes se resolvam ou caminhem para a sua solução, é necessário que
cada um de nós sinta essas situações como suas e que não se limite a ser crítico, mas contribua,
dentro das suas possibilidades, para as solucionar ou, pelo menos, para não as originar.

Se cada um de nós fizesse alguma coisa, se cada um, no seu comportamento quotidiano, tivesse a
preocupação de salvaguardar a qualidade do ambiente, não existiriam, por exemplo, ruas, praias,
matas e outros locais públicos contaminados pelo lixo. Mas, haveria sim, respeito pela vida
selvagem, cumprindo as leis da caça, da pesca e do comércio de animais; seria reduzido o ruído
nas ruas, sem ser necessária a intervenção da polícia; não se escreveria nas paredes de edifícios
ou de outras construções desnecessariamente; podia-se evitar o consumo exagerado, que é fonte
de desperdícios difíceis de eliminar; haveria poupança de energia, etc.

Não faz sentido manifestarmos preocupação por problemas globais se não nos preocuparmos
também em conhecer e procurar resolver aqueles que temos nas nossas localidades, ao pé da
nossa porta. A Educação Ambiental nas Escolas deve começar pela discussão e procura de
soluções dos problemas locais.

O comemorar também se aprende

A cada ano celebra-se o dia do ambiente, mas por onde vivemos e passamos vão sendo
destruídos muitos espaços verdes. Os poucos jardins que existem estão secos, os bairros são
grandes e há muito poucas árvores.

Para recuperarmos os espaços verdes das nossas localidades, temos de realizar um trabalho de
Projecto de Intervenção Ambiental, que obedece à seguinte estrutura:

 Identificação e descrição completa do problema ou da necessidade detectada;


 Realização de uma investigação sobre a melhor forma de alcançar os objectivos
propostos. A procura de respostas e a apresentação das ideias devem ser criativas e bem
fundamentadas. Para tal, é necessário observar e recolher informações (elaborar registo,
fazer entrevista, recolher testemunhas, consultar livros...);

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 Apresentação das propostas de solução, mais adequadas à resolução do problema ou à


satisfação da necessidade;
 Concretização do projecto, aproveitando novas oportunidades de reflexão e
aprendizagem relativas à situação de matérias, adequação e reformulação de ideias, etc.
 Avaliação do Projecto de Intervenção Ambiental e reflexão sobre todo o processo até ao
final face à situação inicialmente identificada: Que resultados se obtiveram? Os
objectivos foram alcançados?

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