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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA

O processo de adaptação e a importância do acolhimento na


Educação Infantil

Maria Ináuria Ferreira de Andrade

NATAL-RN
2016

1
Maria Ináuria Ferreira de Andrade

O processo de adaptação e a importância do acolhimento na


Educação Infantil

Artigo Científico apresentado ao


Curso de Pedagogia, na modalidade
a distância, do Centro de Educação,
da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como requisito
parcial para obtenção do título de
Licenciatura em Pedagogia, sob a
orientação da professora Ms.
Andressa Lenuska Sousa de
Macedo.

NATAL-RN
2016
2
O processo de adaptação e a importância do acolhimento na
Educação Infantil

Por

Maria Ináuria Ferreira de Andrade

Artigo Científico apresentado ao


Curso de Pedagogia, na modalidade
a distância, do Centro de Educação,
da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como requisito
parcial para obtenção do título de
Licenciatura em Pedagogia.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________
Prof. Ms. Andressa Lenuska Sousa de Macedo (Orientadora)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_____________________________________________________
Prof. Dr. Deyse Karla de Oliveira Martins
Universidade Estadual do Rio Grande do Norte

______________________________________________________
Ms. Glauciane Pinheiro Andrade
Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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O processo de adaptação e a importância do acolhimento na
Educação Infantil

Maria Ináuria Ferreira de Andrade


Andressa Lenuska Sousa de Macedo

Resumo
O artigo que se apresenta diz respeito a um trabalho de conclusão do curso de
Pedagogia, abordando a temática do acolhimento e adaptação na educação
infantil, com o objetivo de entender a importância do acolhimento diante da
complexidade do processo de adaptação. Utilizando-se como métodos para
alcança-lo, a pesquisa bibliográfica, que traz a compreensão de autores sobre
o tema e a pesquisa de campo por meio de observações realizadas numa
creche da cidade de Goianinha/RN, mais especificamente, numa turma de nível
II, na qual foi possível conhecer a realidade do processo de adaptação e qual a
importância do acolhimento diante deste. Percebendo-se através das
pesquisas realizadas, que a adaptação das crianças que iniciam sua vida
escolar na educação infantil é um processo muito doloroso, para a criança e
complexo para todos os outros envolvidos: pais e professores, de modo que o
acolhimento, sendo este bem planejado e organizado para recepcionar e
acolher bem as crianças, constitui-se como um fator responsável por amenizar
o sofrimento e o estresse vivido durante o processo de adaptação e torna-lo
mais tranquilo.

Palavras-chave: Adaptação. Acolhimento. Educação Infantil.

Abstract

The article presents concerns a work of completion of the Faculty of Education,


addressing the theme of acceptance and adaptation in early childhood
education, in order to understand the importance of host on the complexity of
the adaptation process. using as methods to reach it, the literature, which brings
understanding of authors on the subject and field research through observations
in a kindergarten in the city of Goianinha / RN, more specifically, a level II class
in which it was possible to know the reality of the adaptation process and the

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importance of the host before this. Realizing it is through the research carried
out, that the adaptation of children starting their school life in early childhood
education is a very painful process for the child and complex for all others
involved: parents and teachers, so that the host, which is well planned and
organized to welcome and very welcome children, is constituted as a factor
responsible for alleviating the suffering and stress experienced during the
adaptation process and makes it more quiet.

Keywords: Adaptation. Host. Child education.

Introdução

O presente trabalho trata de um tema que se situa na área da Educação


Infantil, abordando em seu desenrolar o processo de adaptação e acolhimento,
no respectivo nível de ensino. Uma temática que aparenta não ser muito
discutida pelos autores, pois não se encontra facilmente, muitas referências
que falam sobre assunto, mas que pode ser considerado bastante relevante em
ser estudado pelos que tem interesse em atuar na área da Educação Infantil.

No decorrer do artigo será explicado o quão delicado e difícil é o


processo de adaptação para a criança que inicia a vida escolar, bem como,
qual a importância do acolhimento diante desse processo e como esta acolhida
deve se realizar em prol de uma adaptação mais rápida e mais tranquila,
levando-se em consideração ainda, o sentimento de insegurança e de
ansiedade dos pais, ao estarem deixando seus filhos nas mãos de pessoas
estranhas. Realizado a partir de pesquisa bibliográfica, nesse sentido, nosso
aporte teórico embasa-se em documentos oficiais pertinentes ao tema, bem
como nos autores Goldschimed, Jackson, 2006; Santos, 2010; Souza, 2007,
Vygotsky (1998), e pesquisa de campo por meio de observações numa turma
de nível II de uma creche na cidade de Goianinha/RN que atende a crianças
com idades de 2 a 4 anos.

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Apresenta um estudo sobre a importância do acolhimento diante da
complexidade do processo de adaptação na Educação Infantil, fazendo-se
primeiramente, uma contextualização dos conceitos e concepções de criança e
infância e ainda sobre a história da educação infantil; em seguida fala-se sobre
o processo de adaptação, entendendo-o como um processo doloroso para
criança, inicialmente, porém, de ansiedade para os pais e desafiante para os
professores; e logo depois discutimos sobre a importância do acolhimento no
período de adaptação, mostrando como a acolhida deve ser planejada,
organizada e desenvolvida, de modo a facilitar o processo de adaptação. E,
concluindo o artigo, serão expostas as considerações finais a partir dos
estudos realizados sobre o tema em questão.

1. Educação Infantil: Contextualizando a história desse termo, a partir


das concepções de criança e infância

Antes de dar início a nossa discussão sobre o processo de adaptação e


a importância do acolhimento na Educação Infantil, se faz necessário
contextualizar os conceitos de infância, criança e da própria educação infantil,
como um meio de se situar no campo em que se encontra o foco de estudo do
presente artigo.

Para se entender os conceitos de infância, criança e educação infantil


precisa-se antes de tudo saber que estes se constituíram a partir de uma
construção social com uma variedade temporal que influenciam na sua
concepção, segundo Ahmad (2009).

O conceito de infância é fruto de uma construção social, porém,


percebe-se que sempre houve criança, mas nem sempre infância.
São vários os tempos da infância, estes apresentam realidades e
representações diversas, porque nossa sociedade foi constituindo-se
de uma forma, em que ser criança começa a ganhar importância e
suas necessidades estão sendo valorizadas, para que seu
desenvolvimento seja da melhor forma possível, e que tudo aconteça
no seu verdadeiro tempo. (AHMAD, 2009, p.1).

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Em concordância com essa ideia de que a infância é construída
socialmente, Seabra e Sousa (2010) trazem o pensamento de que a infância
na sociedade contemporânea torna-se universal ao receber contribuição das
interações em nível mundial, através da globalização.

[...] a infância é ao mesmo tempo objeto e sujeito em contínua


construção e inacabamento. E para isso temos que considerar que as
interações globais contribuem para um pensar a infância em âmbito
mundial, mesmo que se mantenham ou amentem as diferenças e
desigualdades. (SEABRA e SOUSA, 2010, p.54).

Como mostra a história, surgiram diferentes concepções de infância no


decorrer dos séculos. Entre as quais, a criança era vista primeiramente, como
um adulto em miniatura, sendo seu cuidado e educação realizados pela família,
especialmente pela mãe. Existindo ainda, intuições alternativas que cuidavam
das crianças desfavorecidas ou rejeitadas, sabendo-se, porém, que
antigamente não existia o sentimento de infância, permitindo-se assim que as
crianças fossem cuidadas e atendidas em precárias condições de saúde e
higiene, pois não havia distinção entre o mundo adulto e o infantil, o que
impedia que houvesse a consciência das particularidades da infância, de
acordo com Ariés (1981) apud Ahmad (2009). E somente, a partir do século
XIX e XX que essa visão da criança começa a ser mudada.

A partir do século XIX e XX, a infância começa a ocupar um lugar de


fundamental importância para a família e para a sociedade, começa a
se pensar neste ser de pouca idade como alguém que necessita de
lugar, tempo, espaço e cuidados diferenciados, começando a
delinear-se o que mais tarde evoluiu para o que hoje reconhecemos
como infância. (AHMAD, 2009, p.2).

Segundo Ahmad (2009), em consequência disso, começa-se a surgir


assim, na primeira metade no século XIX, as primeiras instituições destinadas
ao atendimento específico para crianças pequenas, funcionando, inicialmente,
com caráter assistencialista, atendendo às crianças desfavorecidas
socialmente, em vários países da Europa e, a partir da década de 1870, no

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Brasil, embora tenha sido apenas em 1875 que a infância começa a ganhar
importância no país, surgindo no Rio de Janeiro e São Paulo os primeiros
jardins de infância inspirados na proposta de Froebel, que em setor privado
atendia aos filhos dos funcionários de indústrias. E, de acordo com Souza
(2007), no setor público o jardim de infância só foi inaugurado em 1896, mais
de vinte anos depois da iniciativa privada.

A criação de creches em indústrias, destinadas aos filhos de


operários no Rio de Janeiro e São Paulo mobilizou um debate
importante acerca de sua necessidade, orientado por uma
controvérsia que envolveu educadores e políticos. Alguns destes
defendiam a creche como um recurso necessário para atender a mão
de obra feminina que se incorporava ao trabalho operário nas
indústrias ou no trabalho doméstico para as elites. Outros, apoiados
por teorias psicológicas, acreditavam que somente a mãe poderia
cuidar de seu filho pequeno, criticando e fazendo um movimento de
impedimento à abertura das creches. As creches eram por muitos,
paradoxalmente defendida – como apontado acima – como um mal
necessário. Essas discussões sobre assistencialismo e creche como
uma necessidade e direito da mãe trabalhadora, avançavam no início
do século XX. (SOUZA, 2007, p. 18).

Porém, nessa época, a sociedade ainda não estava preparada para


enxergar a infância com suas necessidades e direitos. Pois, para Redin (1988)
apud Souza (2007), reconhecer a infância pressupõe direções distintas, ao
considerar a infância com uma concepção naturalista, a qual ver a criança
como um ser bom, puro e perfeito. E, nesse sentido:

Calcada nessa concepção naturalista-moralista, a criança é


representada na idéia de que precisa ser recuperada e reconstruída
para a sociedade, por meio de processos pedagógicos. Nessa
direção encontram-se os princípios de Fröebel, Pestalozzi e
Montessori. Uma outra concepção, também observada nesse período
histórico e que se revelou em muitas práticas e propostas educativas,
preconizava a salvação da criança dos efeitos da urbanização e da
indústria. Essa concepção caracteriza-se por recolher a criança num
infantilismo apenas lúdico e passivo, e está revelada nos muitos
trabalhos propostos pelos jardins-de-infância e pré-escolas da era
moderna. (SOUZA, 2007, p. 19).

No entanto, na atualidade surge uma terceira concepção de criança,


ainda não muito reconhecida, mas representa a criança em seu contexto
histórico como criança-adulto-cultura. De modo que, a partir dessas

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concepções as práticas e o pensamento pedagógico, divulgados pelos
discursos oficiais ao longo das décadas puderam ser organizados e orientados,
na perspectiva de Redin (1988) apud Souza (2007).

A partir disso, os órgãos governamentais começam a se movimentar na


preparação de instituições direcionadas á educação e cuidados de crianças.
Movimentação, sobre a qual Ahmad (2009) explica que:

Já em 1930, o atendimento pré-escolar passa a contar com a


participação direta do setor público, fruto de reformas jurídico
educacionais. Seu conteúdo visava tanto atender à crescente pressão
por direitos trabalhistas em decorrência das lutas sindicais da então
nova classe trabalhista brasileira, quanto atender à nova ordem legal
da educação: pública, gratuita, e para todos. (AHMAD, 2009, p. 2).

O fato é que, com o movimento operário nas décadas de 1920 a 1930,


que reivindicava melhorias nas condições de trabalho e locais para
atendimento das crianças, levando em consideração que esse atendimento em
creches era de cunho assistencialista, no qual o higienismo se sobressaía a
expectativa de educação de crianças pequenas e ainda com o aumento do
número de mulheres de classe média no mercado de trabalho, a partir da
década de 1950, são fatores que contribuíram para que houvesse um
crescimento da demanda do atendimento público da Educação Infantil, como
afirmam Seabra e Sousa (2010).

Com a procura de classes sociais mais favorecidas economicamente


por esse tipo de atendimento, houve uma preocupação maior com a
socialização, a criatividade e o desenvolvimento infantil como um
todo. A instituição de educação infantil deixa de ser pensada como
uma instituição assistencialista e começa a ser pensada como um
ambiente estimulador, que proporciona bem-estar e condições
necessárias para o desenvolvimento infantil, ao menos nas
instituições que recebiam as crianças das classes mais favorecidas.
(SEABRA e SOUSA, 2010, p.84).

Nesse contexto, com as transformações socioeconômicas e culturais


ocorridas nas últimas décadas, houve um crescimento progressivo do

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atendimento as crianças pequenas no Brasil, surgindo como consequência
disso, a necessidade de uma legislação característica a esse tipo de
atendimento.

Segundo Ahmad (2009), movimentos sociais e de órgãos


governamentais lutaram para que o atendimento às crianças de zero a seis
anos fosse reconhecido na Constituição de 1988, resultando no
reconhecimento da Educação Infantil como um direito da criança, e não mais
da mãe ou do pai trabalhadores.

Tal legislação refere-se, de acordo com Duarte (2012), a Constituição


Federal de 1988 que determinou em seu artigo 208, inciso IV, como o dever do
Estado com a educação às crianças de zero a cinco anos garantir o
atendimento em creche e pré-escola, ampliando o que a Consolidação das Leis
Trabalhistas (CLT) de 1942 já consagrava como direito das mulheres
trabalhadoras à amamentação de seus filhos e estabelecendo o direito à
educação da criança pequena; o Estatuto da criança e do Adolescente de 1990
(ECA) que ratificou em seu artigo 54, inciso IV, como dever do Estado
assegurar o atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco
anos; e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de nº 9.394 de 1996
que confirma em seu artigo 4º, inciso IV, novamente, que o atendimento
gratuito em creche e pré-escola é um dever do Estado, estabelecendo também
em seu artigo 11, inciso V, que o atendimento a essa faixa etária está sob
incumbência dos munícipios, determinando que todas as instituições de
Educação Infantil, públicas e privadas, estejam inseridas no sistema de ensino.

Depois de estabelecida a legislação apropriada para o atendimento às


crianças pequenas, o que acontece com a Educação Infantil de forma
resumida, segundo Ahmad (2009) é que:

[...] a Educação Infantil em creches e pré-escolas passou a ser legal,


e um dever do estado e direito da criança (artigo 208, inciso IV). Com
a promulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação, lei
número 9394/96, a Educação infantil passa a ser, legalmente,
concebida e reconhecida como etapa inicial da educação básica.
Devido a este quesito, das creches foi retirado seu caráter de
assistencialismo em contraponto ao caráter educacional das pré-

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escolas, transformando-as em escolas infantis, ou instituições de
atendimento à criança de zero a seis anos; a diferença fundamental
de outrora está na subdivisão por faixas etárias: a creche é para
crianças entre zero e três anos, enquanto a pré-escola atende às
crianças entre quatro e seis anos de idade. Subtende-se a partir daí,
que tanto creche quanto pré-escola, devem cuidar e educar as
crianças, dispensando a este atendimento institucional características
específicas quanto às necessidades de cada grupo etário; [...].
(AHMAD, 2009, p.3).

Para auxiliar as instituições de educação infantil, que deixa de oferecer


um atendimento de cunho assistencialista para assumir um papel educacional,
existem ainda os documentos e norteadores legais para o trabalho na
Educação Infantil que são: as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação
Infantil, o Referencial Curricular Nacional para Educação infantil (RCNEI), os
Parâmetros Nacionais de Qualidade para Educação Infantil e os Parâmetros
Básicos de Infraestrutura para Instituições de Educação Infantil, que de acordo
com Seabra e Sousa (2010, p. 97) “são bons norteadores do trabalho e guias
de reflexão para o educador”, embora não sejam de uso obrigatório nas
instituições, exceto as Diretrizes Curriculares.

No mais, segundo Duarte (2012) o que ocorre é que a Educação Infantil


não foi colocada como ensino obrigatório, assim como no caso das crianças a
partir de seis anos de idade, porém finalmente, teve a sua importância
reconhecida sendo definida pela LDB 9394/96, como a primeira etapa da
educação básica e como direito de toda a criança de zero a cinco anos de
idade, sempre que seus pais ou responsáveis assim o desejarem ou
precisarem.

A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como


finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de
idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social,
complementando a ação da família e da comunidade. (LDB 9394/96,
art. 29).

Todavia, para que a criança possa receber esse atendimento na creche


ou pré-escola, desenvolver-se integralmente e iniciar sua vida escolar, antes de
tudo ela precisa ser inserida na instituição de Educação Infantil. Feito isso,

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inevitavelmente, terá que passar pelo processo de adaptação, no qual
geralmente, as crianças têm um pouco de dificuldade em sair do convívio e
aconchego familiar para se habituar a uma nova rotina, em um ambiente
diferente, rodeado de pessoas desconhecidas, sendo preciso especialmente,
durante esse processo, que a educadora e a instituição como um todo prepare
e realize um planejamento com vistas a adaptação para um acolhimento que
possa aliviar o estresse que se vivencia nos primeiros dias de aula. E será
justamente, sobre o processo de adaptação e a importância do acolhimento
durante esse período, que iremos nos deter no decorrer no artigo.

Adaptação para crianças na educação infantil: um processo doloroso?

O ingresso da criança na Educação Infantil, ocasionado geralmente,


segundo Ladwig, Goi e Souza (2013), pela necessidade da mãe ingressar no
mercado de trabalho, impõe consequentemente, que haja a separação entre
mãe e filho. De maneira que os cuidados dedicados a este, serão delegados a
outros, fazendo assim com que a criança tenha que passar pelo processo de
adaptação ao ser inserida na instituição de Educação Infantil, onde se deparará
com pessoas desconhecidas com as quais terá que com conviver a partir de
então.

Nesse sentido, para dar continuidade a nossa discussão sobre o


processo de adaptação da criança a Educação Infantil, faz-se necessário
entender o que significa a palavra adaptação. Segundo Seabra e Sousa (2010),
o termo “adaptação”, significa uma acomodação ou um ajustamento,
subtendendo-se uma submissão a uma determinada situação, seja ela
favorável ou não. Dando assim, uma impressão de conformismo que permite a
vários autores sugerir a substituição do termo “adaptação” por “inserção e
acolhimento”, que trará de fato conotação do que deve acontecer com a
criança neste processo.

Nessa perspectiva, percebe-se assim que adaptação não é o termo mais


adequado a se usar para nos referirmos ao ingresso da criança na instituição

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escolar. Porém, como na prática o termo que mais se encontra ainda na
maioria das instituições é adaptação, utilizaremos este no decorrer de nosso
estudo.

Pode-se dizer que a criança pode perceber esse processo de diferentes


maneiras. Enquanto algumas podem perceber a escola como um lugar
divertido e seguro, estabelecendo rapidamente, vínculos afetivos com a
professora e as outras crianças. Outras podem enxergar a separação da
família como um momento de muita angústia e sofrimento, fazendo da
adaptação, como afirmam Ladwing, Goi e Souza (2013), um processo bastante
doloroso para criança, de ansiedade para os pais e desafiante para os
professores.

Durante o processo de adaptação, a reação das crianças com relação a


separação dos pais pode acontecer de diferentes formas para expressar o que
sentem: chorar, ou ficar muito caladas; adoecer; recusar-se a brincar, a comer,
a dormir. De acordo com RCNEI (1998):

Algumas crianças podem apresentar comportamentos diferentes


daqueles que normalmente revelam sem seu ambiente familiar, como
alterações no apetite; retorno às fases anteriores do desenvolvimento
(voltar a urinar ou evacuar na roupa, por exemplo). Podem, também,
adoecer; isolar-se dos demais e criar dependências de um brinquedo,
da chupeta ou de um paninho. (RCNEI, 1998, p.80).

Contudo, o choro geralmente é a reação mais marcante, frequente e


comum ao longo do processo de adaptação. De acordo com os referenciais
curriculares nacionais para a Educação Infantil (1998), há quem pense que se
a criança insistir em chorar, não deve-se pegar no colo, para evitar a manha,
porém, o caminho a seguir é o inverso, acalentar a criança, acalmar sua
insatisfação e mostrá-la algo agradável, para que ela se distraia. .

O choro da criança, durante o processo de inserção, parece ser o


fator que mais provoca ansiedade tanto nos pais quanto nos
professores. Mas parece haver, também, uma crença de que o choro
é inevitável e que a criança acabará se acostumando, vencida pelo
esgotamento físico e emocional, parando de chorar. Alguns acreditam

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que, se derem muita atenção e as pegarem no colo, as crianças se
tornarão manhosas, deixando-as chorar. Essa experiência deve ser
evitada. Deve ser dada uma atenção especial às crianças, nesses
momentos de choro, pegando no colo ou sugerindo-lhes atividades
interessantes. (RCNEI, 1998, p. 82).

Porém, apesar da maioria das crianças reagirem à separação dos pais


no período de adaptação de forma estressante, há casos em que as crianças
conseguem vivenciar esse momento com tranquilidade e diversão. Pois, podem
ter sido preparadas pela família para esse momento, ou tem irmão que já
frequenta a escola e por isso aguardava com ansiedade viver essa experiência,
ou ainda, é uma criança que tem facilidade em se adaptar a novos ambientes e
consegue lidar melhor com a separação. É como afirma Reda e Ujiie (2009, p.
10092), “o tipo de adaptação adequado varia muito de criança para criança,
segundo suas características afetivo-emocionais e bastante em relação à idade
da criança de ingresso na instituição de educacional”.

Outro ponto importante a ser levantado nesta discussão sobre o


processo de adaptação das crianças a instituição de educação infantil, é o de
que a ansiedade no momento de separação dos pais, não é um problema que
acontece apenas com as crianças que estão indo a escola pela primeira vez.
Esta é uma dificuldade que pode aparecer também para as crianças que já
frequentam a escola e já é considerada como adaptada. E, sobre isso
Goldschmied e Jackson (2006) esclarecem que a criança:

De repente, ela expressa seu sentimento de perda por meio de gritos


desesperados. Mais uma vez, a analogia com a questão da perda é
esclarecedora. Os adultos que perderam alguém que amavam muitas
vezes relatam surtos inesperados de aflição e desamparo, que
ocorrem muito tempo depois do momento em que acharam que
haviam resolvido sua perda. As educadoras precisam perceber que
essa atitude da criança não significa que ela a está rejeitando e o
cuidado que ela oferece. A criança pode ter se divertido com seu
brincar até o momento em que gritou e, uma vez reconfortada, voltar
a se divertir. (GOLDSCHMIED e JACKSON, 2006, p. 66).

O que de fato se percebe sobre o processo de adaptação é que este


pode apresentar variantes de tempos e reações ocasionadas pelas situações
recorrentes às particularidades de cada criança, que se sensibilizam perante a

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delicadeza do momento de seu ingresso na instituição escolar, sendo visto pela
criança como uma grande transformação na sua rotina e convivência familiar.

Ao ingressar na Educação Infantil as crianças e suas famílias precisam


de ajuda para enfrentar esse momento, tornando-o o menos difícil possível e
para isso contará com os profissionais e a instituição escolar que devem
planejar e se preparar bem para a situação. Nesse sentido, o apoio pedagógico
e psicológico escolar, devem cumprir o seu papel de acompanhar os pais que
estão com seus filhos tendo acesso a Educação Infantil e se sentem inseguros
quanto as carências e necessidades dos seus filhos. , de acordo com a
Diretoria de Educação Infantil de Florianópolis/SC (2011):

A inserção é um período rico de encontros e exige dos profissionais


constante atenção, a fim de poderem encorajar e facilitar essa nova e
importante experiência vivida pelas crianças e seus familiares. Nesse
processo, cada criança manifesta seus sentimentos de maneira
própria, o que exige a elaboração de um planejamento que privilegie
o direito à atenção individual. Nesse sentido, a organização do tempo,
espaços, materiais e atividades são elementos importantes a serem
contemplados no planejamento. (2011, p. 2).

Desse modo, o planejamento e a organização do processo de adaptação


a partir do ingresso das crianças e suas famílias na educação infantil, de modo
que estes possam ser recebidos bem e adequadamente, é de suma
importância. Pois, a maneira como o acolhimento se dará no momento em que
a criança é inserida na instituição é o que fará toda a diferença durante o seu
processo de adaptação.

Acolhimento: planejamento e organização para facilitar o processo de


adaptação

Ao realizar observações durante as quatro primeiras semanas de aula


do ano letivo de 2016, em uma Creche Municipal, localizada na cidade de
Goianinha/RN , a qual foi criada no ano de 2003, atendendo atualmente a 127
crianças divididas entre turmas de nível II, III e IV, nos turnos de manhã e
tarde, contando com o trabalho de 19 profissionais entre professores com pós-

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graduação, auxiliares, funcionários de apoio e da secretaria, foi possível
conhecer de perto a realidade do processo de adaptação e o quanto que o
acolhimento é importante neste momento.

Na turma do nível II matutino, observou-se no decorrer dessas quatro


semanas, qual o comportamento e reação das crianças ao chegarem na escola
nos primeiros dias de aula de suas vidas e terem que se separar de seus
familiares, assim como também foi observado o comportamento da professora
e como essas crianças seriam recepcionadas. Procurando ver e entender de
fato, o sentimento das crianças nesse período de adaptação e como o
acolhimento faria a diferença nesse momento.

O que se pode dizer que aconteceu, é que teve muito choro da parte de
maioria das crianças. Gritos e lágrimas de angústia e desespero derramadas
pelas crianças ao verem seus familiares se despedindo e indo embora. Alguns
eram agressivos com a professora quando ela tentava se aproximar, enquanto
outros se agarravam na mãe como estratégia para não ficar ali, mas poucos
aceitavam a situação e ficavam tranquilos e conformados.

No meio de tudo isso, a professora juntamente com outros funcionários


da creche, tentava acalentar os mais inconformados pegando no colo e
explicando com paciência que a mamãe iria voltar logo, porém eram 15
crianças e acabou não tendo colo para todo mundo. E, durante as duas
primeiras semanas esses eram acontecimentos diários e apenas a partir da
terceira semana é que alguns foram diminuindo o choro e começando a
entender e se adaptar ao ambiente. Na quarta semana, apenas duas crianças
ainda choravam quando chegavam, mas no decorrer da aula se envolviam nas
atividades e o choro cessava.

A professora ao ser questionada sobre o que pensa sobre adaptação e


acolhimento, em suas palavras expõe que “a adaptação trata-se da fase em
que a criança vive seu primeiro afastamento da família. Por isso, a paciência e
compreensão nesse momento devem ser demonstradas tanto pelos pais, como
pela instituição escolar, pois esse é um período muito doloroso e para passar
por ele cada criança terá seu tempo. O acolhimento está intimamente ligado
com a adaptação, pois para criança gostar de ir à escola, ela precisa ser bem

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acolhida e se sentir bem no ambiente escolar”. Em sua fala, a educadora ainda
enfatiza a importância da afetividade entre professor e aluno, como algo que
facilita o processo de adaptação, lembrando que o vínculo afetivo que deve
existir entre educador e educando.

A partir das observações, considera-se que a instituição e mais


especificamente, a professora da sala de aula observada, procuram dentro das
possibilidades, acolher bem as crianças, procurando fazer com que a
adaptação destas, seja o menos dolorosa e demorada possível, usando da
paciência, compreensão e carinho que lhes podem oferecer, mas lembrando de
que sempre o tempo da criança deve ser respeitado.

Desse modo, para entender o que é e como deve ser o acolhimento das
crianças em adaptação, precisamos conhecer e debater com a opinião dos
autores que falam sobre isso. A definição de acolhimento de acordo com
Ferreira (2008) apud Seabra e Sousa (2010) é a de receber alguém bem ou
mal ou ainda de hospedar, agasalhar, aceitar, abrigar, refugiar. Entendendo-se
assim, que acolher a criança na educação infantil significa recebe-la e aceita-la,
de modo que ela possa se sentir abrigada, refugiada, amparada, protegida e de
fato acolhida.

Para realizar o acolhimento das crianças, na perspectiva de Seabra e


Sousa (2010) a instituição de educação infantil deve planejar o processo de
adaptação de acordo com as suas concepções de educação e da criança,
levando em consideração a sua realidade, pois existem diferenças sociais e
econômicas que particularizam as escolas infantis, fazendo com que o
planejamento mude em consonância com o regimento interno escolar. Nesse
sentido, Seabra e Sousa dizem que: “a instituição deverá se organizar de
acordo com seu calendário e do número de funcionários que terá para
disponibilizar para este processo”. (SEABRA E SOUSA, 2010, p. 211).

Seguindo essa linha, as autoras entendem que o ideal é receber um


número pequeno de crianças novas por vez, para que facilite a atenção que
receberão do educador e assim possa-se estabelecer um vínculo de confiança
mais rápido. A criança ainda deve permanecer na escola por pouco tempo nos
primeiros dias, de modo que o tempo de permanência seja aumentado

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gradativamente. Lembrando também, que a participação da família durante
esse processo é algo muito importante, sendo necessário que nos primeiros
dias um dos responsáveis fique com a criança na escola, para que lhe
apresente o ambiente, os educadores e a instituição como um todo e que de
forma gradativa o responsável vá saindo de cena e o educador comece a tomar
a frente com a criança.

De acordo com Ladwing, Goi e Souza (2013), sendo um papel da


escola, promover de forma saudável a separação entre os pais e os filhos,
afastando da criança a sensação de insegurança e abandono, torna-se
responsabilidade da instituição fazer com que a criança se sinta bem vinda, por
meio das relações de afeto e pela forma de trabalhar com ela. Vygotsky (1998),
comenta que a criança desenvolve-se socialmente, a partir da interação com
outras pessoas, o seu processo de linguagem é uma construção, daí a
importância do convívio com outras crianças.

Planejamento é algo necessário e que deve estar baseado nos


Parâmetros Curriculares da Educação Infantil. “Traçar um roteiro de como
acontecerá a chegada dos alunos nos primeiros dias, pensar em tempos,
espaços, materiais e atribuições de cada profissional da escola são aspectos
fundamentais para garantir a qualidade da adaptação”. (LADWING, GOI e
SOUZA, 2013, p.9). Lembram ainda, da opção da escola fazer reunião com os
pais dos alunos novatos, sendo importante para que lhes sejam explicado
sobre o funcionamento da escola, o PPP, a rotina da instituição e os espaços
da mesma, podendo também ser esclarecidas as dúvidas.

A maneira como as crianças são acolhidas na educação infantil pode ser


algo marcante em toda a sua vida, tornando-se importante por esse motivo,
que o acolhimento aconteça de forma agradável. Por isso, para Ladwing, Goi e
Souza (2013),

A educação infantil pode representar na vida de uma criança uma


experiência rica que trará sempre lembranças agradáveis, como
também pode ser geradora de muitos problemas, Por esta razão, a
necessidade de acolher bem a criança no ingresso à escola. Ela
chega á escola com medos, angústias, inseguranças, pois é um
ambiente novo. Enfim, todo um processo novo de adaptação que terá
que ter um ambiente acolhedor e prazeroso para que, aos poucos, vá
superando esses sentimentos. Também para a escola, professores e

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pais é um período de adaptação. Nesse sentido, os vínculos afetivos
entre família e escola precisam ser construídos para que a criança
sinta que a família tem uma relação de confiança em relação aos
seus novos cuidadores. (LADWING, GOI e SOUZA, 2013, p.12-13).

A afetividade no acolhimento é algo que contribui muito para o processo


de adaptação, mas para isso é preciso se aproximar da criança, sentir sua
emoção e interagir com ela, facilitando a convivência a partir da qual,
consequentemente, a criança acaba se adaptando. Sobre esse aspecto, Reda
e Ujiie (2009) afirmam:

Criar um clima propício de aproximação não é tão simples. É preciso


um olhar cuidadoso e atento para perceber o que aproxima as
crianças. Esse tipo de ação contribui para a consolidação de vínculos
afetivos e de vivência. Nesses casos, o que está em jogo é o
exercício da convivência, são as pequenas ações que fazem
prevalecer à comunhão de uns com os outros, a socialização, enfim a
efetivação do processo de adaptação de sucesso. (REDA e UJIIE,
2009, p.10087).

De acordo com o RCNEI (1998), a organização das atividades e da


rotina também deve fazer parte do planejamento da acolhida dos alunos,
objetivando agradar as crianças, diante de seus desejos e necessidades.

O professor pode planejar a melhor forma de organizar o ambiente


nestes primeiros dias, levando em consideração os gostos e
preferências das crianças, repensando a rotina em função de sua
chegada e oferecendo-lhes atividades atrativas. Ambientes
organizados com material de pintura, desenho e modelagem,
brinquedos de casinha, baldes, pás, areia e água etc., são boas
estratégias. (RCNEI, 1998, p.82).

Para suavizar a tensão do processo de adaptação, Ortiz (2000) diz ser


preciso, permitir e respeitar que a criança mantenha seu jeito de ser, seus
rituais e sua rotina individualizada e que aos poucos vá se ajustando ao grupo,
proporcionando assim, suavidade à adaptação sem rupturas bruscas e maior
controle do adulto sobre o processo. Entende-se dessa maneira, a necessidade

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de que a crianças sejam bem acolhidas, pois assim terão grandes chances de
adaptar-se melhor e mais facilmente.

No entanto, ao falar-se do acolhimento nos primeiros dias de aula das


crianças, vale ressaltar que esse acolhimento não deve ser algo que aconteça
apenas quando a criança ingressa na escola. A acolhida é algo que deve fazer
parte do dia-a-dia da instituição de educação infantil. É o que explica Gisele
Ortiz (2000):

O acolhimento traz em si a dimensão do cotidiano, acolhimento todo


dia na entrada, acolhimento após uma temporada sem vir à escola,
acolhimento quando algum imprevisto acontece e a criança sai mais
tarde, quando as outras já saíram, acolhimento após um período de
doença, acolhimento por que é bom ser bem recebida e sentir-se
importante para alguém. (ORTIZ, 2000, p.4).

O acolhimento nada mais é que fazer a criança se sentir bem, segura,


cuidada, querida e protegida, diante de toda e qualquer situação dentro do
ambiente escolar em que se encontra e, principalmente, ser acolhida quando
chega à escola pela primeira vez e começa seu processo de adaptação.

Considerações finais

Depois de toda a trajetória da educação infantil ao longo dos anos, até


ter tido seu atendimento gratuito garantido por meio da Lei nº 9.394, de 20 de
dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), definindo a
educação infantil como primeira etapa da educação básica, embora não esteja
colocada como ensino obrigatório. As crianças que por desejo ou necessidade
de seus pais ou responsáveis, começam sua vida escolar já na educação
infantil, irão consequentemente, passar pelo processo de adaptação.

Ao ingressar na educação infantil, a criança estará se deparando com


seu primeiro afastamento do ambiente familiar, onde tem e está acostumada a
convivência e cuidados exclusivos, além do aconchego de seu lar, para ser

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inserida num ambiente diferente com pessoas estranhas, onde as interações e
a coletividade, constantemente se sobressaem.

O processo de adaptação acaba sendo para a criança, às vezes, um


momento fadigante. Separar-se da família e ver seus pais ou responsáveis
deixando-a num lugar desconhecido, causa na criança o sentimento de estar
sendo abandonada, provocando a angustia e o sofrimento que faz do processo
de adaptação, um período complexo e delicado para todos os que nele, estão
envolvidos. Causando ansiedade nos pais e tornando-se um desafio para a
equipe docente e pedagógica.

As reações das crianças frente a separação da família que podem variar


muito. Além do choro que é a principal reação, ficarem muito caladas,
agressivas, recusar-se a comer ou dormir, se isolar, entre outras, são fatores
comuns e que dificultam esse processo, considerando que cada criança, diante
de suas particularidades, irá reagir a sua maneira e terá seu próprio tempo para
superá-la. Por isso, recepciona-la e acolhe-la bem é muito importante, pois fará
com essa passagem seja mais tranquila. Fazendo assim, com que o
acolhimento torne-se algo de extrema importância e que deve estar
intimamente ligado ao processo de adaptação.

Entendemos que o planejamento seja parte fundamental, que prepare as


atividades, os materiais que serão utilizados, além da preparação do professor
e de toda a instituição, a forma mais adequada e essencial para receber as
crianças e fazer com que elas se sintam bem e o mais a vontade possível, no
seu novo ambiente de convívio, e que não , deve ser algo feito apenas no início
do ano letivo ou quando uma nova criança chega à escola, coloca-se como
algo fundamental no trabalho realizado na educação infantil. Pois, uma boa
acolhida, deve acontecer diariamente, permitindo que a criança possa se sentir
bem e de fato acolhida, a todo o momento e em toda e qualquer situação que
lhe ocorra.

Na creche da cidade de Goianinha/RN, onde foi observada durante


quatro semanas o processo de adaptação e o acolhimento de uma turma de
nível II, no início do ano letivo de 2016, pode-se constatar o quão delicado é o

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processo de adaptação das crianças e o quanto é angustiante e sofrido para
elas, o momento de separação dos pais ou responsáveis, assim como também
existe o sentimento de ansiedade e receio, por parte de alguns pais ao terem
que deixar seus filhos em prantos, nas mãos de pessoas desconhecidas,
enquanto que a professora com o desafio de administrar a situação, procura
juntamente com a equipe da instituição, acolher as crianças e suas famílias da
melhor maneira possível, tentando passar para elas toda a confiança e
segurança necessária para tranquiliza-las.

Dessa maneira, compreendendo-se a educação infantil como a primeira


etapa da educação básica, sendo consequentemente, a responsável pelo
primeiro afastamento da criança de seu convívio familiar, tendo que adaptar-se
ao ambiente escolar, o que geralmente não é algo fácil. O acolhimento
constitui-se como um fator crucial na educação infantil, com a responsabilidade
de tornar o processo de adaptação o mais natural, incluindo a família nesse
processo, para que sintam-se seguros, e confortáveis no ambiente escolar.

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