Olival Freire - História Da Ciência e Tecnologia No Brasil Do Século XX

Você também pode gostar

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 30

História da Ciência e Tecnologia no Brasil do Século XX*

Olival Freire Junior


Universidade Federal da Bahia

Resumo

A ciência e a tecnologia do século XX no Brasil foram marcadas pela construção de novas


instituições de ensino superior, pesquisa e financiamento de pesquisa, bem como pela
profissionalização da prática científica no país. A maioria dessas mudanças foi dirigida e
financiada pelo estado brasileiro, ainda que algum suporte tenha vindo de fundações
filantrópicas e estados estrangeiros e, em menor escala, do setor privado. Em meados do
século XX, ocorreu a maior parte das atividades, por exemplo, a fundação da
Universidade de São Paulo, como uma reação do estado de São Paulo às mudanças
políticas nacionais em 1930, e a fundação das agências de fomento, como CNPQ e
CAPES, como iniciativas do Governo Federal. Ao longo do século, a institucionalização
da ciência passou de um modelo estritamente pragmático para o reconhecimento da
ciência como atividade profissional necessária à produção de novos conhecimentos. No
Brasil, o desenvolvimento da ciência tem sido marcado por uma sucessão de altos e
baixos, acompanhando de perto os ciclos econômicos e os tempos políticos, embora não
perfeitamente sincronizados. Assim, uma grande fuga de cérebros começou em 1960
durante um regime democrático e a ditadura militar de 1964 restringiu os direitos civis,
apoiando a ciência de 1970 em diante.
Os limites cronológicos nesta história não são exatamente divisores de águas. Se,
por um lado, quando o século XXI começou, a academia brasileira sofreu mais altos e
baixos relacionados às crises políticas e de financiamento, que pioraram com o novo
presidente Jair Bolsonaro, por outro, o enorme impacto das mudanças do século XX na
academia brasileira não deve obscurecer a existência da produção de ciência e tecnologia
nos séculos anteriores.

Palavras-chave

* A versão original deste artigo tem como título “History of Science and Technology in 20th Century
Brazil,” e será publicado na Oxford Research Encyclopedia of Latin American History. Tradução
realizada por Fernanda Braga, Tainã Moura, e Olival Freire.
Ciência brasileira, Tecnologia brasileira, Século XX, CNPq, CAPES, Universidade de
São Paulo, Carlos Chagas, Instituto Oswaldo Cruz, César Lattes, Ditadura militar
brasileira, Era Vargas.

Preliminares

Se adotarmos o conceito mais amplo de conhecimento, e não de ciência, a produção do


primeiro remonta aos povos indígenas que viviam no Brasil antes da conquista
portuguesa. Eles aprenderam, por exemplo, como eliminar o veneno da mandioca brava
e possibilitar seu consumo e até hoje, graças a essa técnica, essa raiz é um componente
culinário essencial da dieta em várias partes do país. Atualmente, grande parte da pesquisa
para identificar, preservar e usar a biodiversidade brasileira se beneficia do conhecimento
acumulado da população indígena. 1 Durante os trezentos anos do colonialismo português,
nenhuma universidade foi estabelecida no Brasil, nem era permitida uma máquina de
impressão. Isso não significou que novas formas de conhecimento, ciência e tecnologia
não fossem produzidas na colônia. A ordem jesuíta, ativa no Brasil por duzentos anos
antes de sua expulsão do império português, foi responsável não apenas pela educação
formal, mas também pela produção de conhecimento em campos tão diversos quanto a
Linguística a Antropologia, a Astronomia e a História Natural. Como exemplo, Isaac
Newton, em seu histórico Principia Mathematica, em 1687, fez cálculos com dados da
observação de um cometa em Salvador - Bahia, produzidos por Valentin Stansel, um
polímata jesuíta que morava na cidade e lecionava no Colégio de Jesus. Em meados do
século XVIII, a mecânica e astronomia newtoniana eram ensinadas nesta instituição por
José Monteiro da Rocha como um instrumento matemático, sem referência à realidade do
heliocentrismo, seguindo a determinação da Igreja Católica. 2 Anteriormente, quando os
holandeses assumiram o nordeste brasileiro, as atividades científicas fizeram parte do
projeto colonial. Assim, o primeiro observatório astronômico das Américas foi construído
na cidade de Recife por Georg Marcgrave, que também escreveu Historia Naturalis
Brasiliae, após a expedição do governador do Brasil holandês, Johan Maurits van Nassau-
Siegen.3 Quando povos africanos foram forçados a trabalhar como escravos no Brasil, sua
formação cultural incluía conhecimentos técnicos ainda presentes hoje no país. Por
exemplo, o dendê, um óleo de uma palmeira da África, foi plantado principalmente na
região do Recôncavo, na Bahia, e se tornou um ingrediente básico nas dietas dos
habitantes e nas cerimônias religiosas afro-brasileiras. Os portugueses trouxeram técnicas
de engenharia para as construções militares e civis e desenvolveram métodos para a
produção massiva de açúcar a partir da cana no nordeste do Brasil e para a mineração na
região de Minas Gerais. Em Portugal, onde a maioria das elites brasileiras foi treinada, o
Marquês de Pombal, influenciado pelas idéias do Iluminismo, modernizou o ensino
superior.4 Ao longo desses tempos, cientistas europeus viajantes também produziram
importantes conhecimentos sobre a natureza e a sociedade no país. Contudo, para narrar
a história das ciências deste período é necessária uma análise crítica do próprio conceito
de colônia. Segundo o historiador Carlos Camenietzki: “Ao nomear ‘época colonial’ os
tempos em que éramos portugueses, criamos uma historiografia modelada mais pelo que
condenamos em nosso presente do que pelas características que podem nos permitir
entendê-las.”5
Embora todas as atividades descritas até aqui sejam importantes no
desenvolvimento científico do país, elas perdem em intensidade em comparação com as
instituições científicas criadas no século XIX. O marco decisivo nessa história ocorreu
em 1808, quando a família real portuguesa transferiu a sede do império português para o
Brasil, a fim de escapar das tropas de Napoleão. Logo depois, em 1822, o Brasil declarou
independência de Portugal. Ao longo do século que se seguiu, foram criadas várias
instituições de ensino superior, principalmente especializadas em Medicina, Direito e
Engenharia, mas também em ciências agrícolas, mineração, farmácia e artes plásticas.
Destacaram-se as escolas de mineração em Ouro Preto, Direito em Recife, Medicina em
Salvador e Rio de Janeiro e Engenharia no Rio de Janeiro. Algumas instituições dedicadas
à pesquisa científica, ainda que focadas mais nas atividades práticas, foram fundadas e
existem ainda hoje. Seus nomes mudaram, refletindo as circunstâncias políticas: o
Observatório Imperial, criado em 1827, tornou-se o Observatório Nacional, assim como
o Museu Real, fundado pelo rei João VI, mais tarde se tornou o Museu Nacional
(fortemente danificado pelo fogo em 2018). Essa lista inclui o Jardim Botânico, no Rio
de Janeiro, o Museu de História Natural e Etnografia de Belém, no estado do Pará,
posteriormente denominado Museu Emilio Goeldi, e o Instituto Agronômico de
Campinas. Notavelmente, o monarca dominante do Brasil na segunda metade do século
XIX, Dom Pedro II, admirava as ciências, no entanto, nenhuma universidade foi criada
durante os tempos imperiais. 6
A transição da monarquia para a República, em 1889, viu um aumento sistemático
e contínuo das atividades científicas relacionadas ao crescimento econômico e às
expectativas de modernização da sociedade brasileira. Segundo Maria Amelia Dantes,
“os anos de 1870 em diante foram vistos como um marco em termos de atividades
científicas”. Isso ocorreu por causa do “crescimento econômico significativo devido à
produção e exportação de café”, que exigiu melhorias nos transportes, comunicações,
engenharia e saúde pública, como também o conhecimento geológico e geográfico que
era também extremamente necessário. O país experimentou uma modernização
conservadora, o que significou melhorias tecnológicas sem mudanças fundamentais nas
desigualdades sociais e a ciência não era imune às tendências conflitantes dessa
modernização. Ainda segundo Dantes, as missões exploratórias, “embora essenciais para
a expansão da fronteira agrícola, aceleraram o extermínio das nações indígenas; e as
teorias da eugenia desenvolvidas nos museus e faculdades de Medicina e Direito
constituíram a base de políticas de imigração que tinham, entre outros objetivos, o
‘branqueamento’ da população”. A difusão das idéias positivistas também contribuiu para
construir a visão culturalmente compartilhada de que a ciência, através de sua aplicação,
fazia parte do progresso e da modernização da sociedade. 7

Revisão histórica
1900 – 1964

A abolição da escravatura em 1888 e a proclamação do sistema republicano de governo


em 1889 levaram mais a um rearranjo entre as classes dominantes do que uma profunda
mudança social. De fato, os recém libertos da escravidão não receberam terra, dinheiro
ou treinamento para se estabelecerem como trabalhadores livres e a mão-de-obra para as
plantações de café e para a indústria incipiente veio da imigração, principalmente da
Europa e, posteriormente, do Japão. A educação básica não foi generalizada. No entanto,
para a ciência e a tecnologia houve um aumento na produção de conhecimento e
treinamento científico e tecnológico, particularmente em campos com aplicações práticas
imediatas, como foi o caso das ciências agrícolas, fundamentais para um país cuja
economia se baseava fortemente em produtos primários. Como também da engenharia
relacionada a ferrovias e urbanização e saúde pública, o que era particularmente
necessário para a população que morava nos portos, pois a febre amarela e a malária, por
exemplo, atormentavam o Rio de Janeiro e o interior agrícola. Além disso, no final do
século 19, epidemias de peste bubônica chegaram ao Brasil através do porto de Santos.
As autoridades do governo enviaram os bacteriologistas Vital Brasil, Oswaldo Cruz e
Chapot Prévost para identificar a doença e sugerir medidas de combate e prevenção. Em
1900/1901, a criação de dois institutos de soroterapia em São Paulo e no Rio de Janeiro,
respectivamente, deu origem ao Instituto Butantan e ao Instituto Oswaldo Cruz (também
conhecido como Instituto Manguinhos). Ambos contribuiriam para pesquisas médicas
inovadoras relacionadas à saúde pública. De fato, a reforma sanitária realizada na época
transformou as condições de vida em cidades portuárias como o Rio de Janeiro e Santos.
Nesse novo ambiente profissional, Carlos Chagas, o primeiro cientista brasileiro indicado
ao Prêmio Nobel, em 1913, realizou estudos sobre uma doença que atormentava o Brasil
rural, hoje conhecida como doença de Chagas. Entre outras instituições que foram
fundadas ou floresceram no início do período republicano estavam o Instituto Biológico,
no estado de São Paulo, responsável por tomar medidas para proteger as plantações de
café contra doenças, e as novas escolas de Engenharia e Medicina, também em São Paulo,
fundadas em 1893 e 1912 respectivamente, e outras escolas profissionais em outros
estados do país.8 As trocas científicas por volta de 1900 não se limitaram ao Brasil com
os países desenvolvidos; elas também envolveram a Ásia e a América Latina, além da
Europa e dos EUA, desafiando diretamente as visões difusionistas, que atribuíam uma
disseminação unidirecional da ciência dos países desenvolvidos às colônias e países em
desenvolvimento.9
Foto 1:Carlos Chagas recebe a visita de Albert Einstein, no Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro,
em 1925. Chagas é o quarto da esquerda, na primeira fila, ao lado de Einstein. Fonte: Biblioteca
Virtual Carlos Chagas, COC-Fiocruz.

Com a assim chamada “Revolução” de 1930 liderada por Getúlio Vargas, o país
viu grandes mudanças, pois a República do Café com Leite (representada pelas classes
dominantes dos estados de São Paulo e Minas Gerais) fora substituída no governo federal
e os novos governantes, prometeram uma modernização mais ampla do país. Apesar das
mudanças progressivas, como o sufrágio das mulheres e as novas leis trabalhistas, Vargas
impôs um regime autoritário, o chamado “Estado Novo”, de 1937 a 1945. Curiosamente,
a contribuição duradoura para o desenvolvimento da ciência e da tecnologia no Brasil
veio daqueles que foram derrotados na Revolução de 30. De fato, as classes dominantes
do estado de São Paulo lideraram a fundação de uma universidade que combinava
pesquisa e ensino. A Universidade de São Paulo (USP) não foi a primeira a ser criada no
Brasil; foi precedida de iniciativas no Rio de Janeiro e no Paraná, entretanto a USP foi a
primeira universidade fundada nos moldes do modelo alemão inspirado por Alexander
von Humboldt, valorizando igualmente o ensino e a pesquisa e apoiando o
desenvolvimento das ciências. Os fundadores da universidade criaram uma Faculdade de
Filosofia, Ciência e Letras inédita, ao lado de escolas profissionais tradicionais pré-
existentes, como Medicina, Engenharia e Direito. Eles também pagaram salários
suficientes aos professores para garantir um compromisso profissional exclusivo com as
tarefas da universidade. Além disso, a universidade trouxe acadêmicos europeus para
liderar a nova faculdade; da França para Filosofia e Humanidades, da Itália para
Matemática e Física e da Alemanha para Química. A iniciativa foi de longe uma das mais
influentes no cenário intelectual do país. 10 A criação de universidades também abriu
espaço para o ensino superior abrir suas portas para as mulheres. Isso foi também
sustentado pelos modelos desempenhados por Bertha Lutz e Heloisa Alberto Torres, que
foram educadas no exterior e destacadas cientistas em Zoologia e Antropologia,
respectivamente, ambas trabalhando no Museu Nacional do Rio de Janeiro. Lutz também
é conhecida por seu papel na luta pelo sufrágio feminino e Torres dirigiu o museu.11
A criação da USP foi antecedida por movimentos de intelectuais que pregavam o
valor das ciências básicas, da ciência pura, além das ciências estritamente aplicadas, e da
modernização da educação. Em 1916, foi fundada a Academia Brasileira de Ciências. O
carro-chefe intelectual desse movimento foi, no entanto, o Manifesto dos Pioneiros da
Educação Nova, lançado em 1932, e liderado por intelectuais como Fernando de Azevedo
e Anísio Teixeira. Esse movimento também levou à fundação da Universidade do Distrito
Federal (UDF), uma iniciativa inovadora liderada por Anísio Teixeira, no município do
Rio de Janeiro, que durou pouco devido às inclinações autoritárias do regime do Estado
Novo. No Rio de Janeiro, o governo federal fundou a Universidade do Brasil, inspirada
no sistema francês de centralizar as escolas profissionais; esta, mais tarde, tornou-se a
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Nos estágios iniciais desta universidade, foi
fundamental a criação do Laboratório de Biofísica, liderado por Carlos Chagas Filho.
Outro grande impacto sobre as ciências no Brasil nas décadas de 1930 e 1940 foi
o deslocamento da influência europeia em favor da influência norte-americana, que se
correlacionou com grandes mudanças no campo diplomático. De fato, a política da boa
vizinhança de Roosevelt e o interesse de Vargas em oferecer alinhamento com os Aliados
durante a Segunda Guerra Mundial em troca do apoio dos EUA à construção de
siderúrgicas brasileiras trouxeram mudanças ao cenário intelectual no Brasil. Esses
acontecimentos se deram depois que o governo brasileiro manteve uma posição duvidosa
entre as potências do Eixo e dos Aliados, buscando negociar interesses comerciais e
militares com os dois lados. Antes da Segunda Guerra Mundial, os EUA tinham influência
limitada sobre a ciência brasileira, focada principalmente na Medicina, através da
Fundação Rockefeller.12 Os fundadores da USP, no início da década de 1930, por
exemplo, não consideraram contratar professores dos EUA e, em vez disso, recorreram à
Europa. Durante a guerra, isso mudou não apenas devido à devastação na Europa, mas
também devido ao apoio governamental e filantrópico às trocas intelectuais entre o Brasil
e os EUA. Consequentemente, estudiosos americanos como Charles Wagley, Donald
Pierson e Willard V. Quine e engenheiros metalúrgicos como Allan Bates, Robert Mehl
e Arthur Phillips passaram algum tempo no Brasil. O físico americano Arthur Compton
visitou o país e pavimentou o caminho para o apoio da Fundação Rockefeller aos físicos
brasileiros por quase uma década. A jovem equipe de físicos brasileiros, trabalhando em
raios cósmicos sob a liderança do ítalo-russo Gleb Wataghin, se beneficiou com esse
contexto por fazer algumas visitas e estadas nos EUA durante e após a guerra. Em todas
essas trocas, os cientistas brasileiros não tiveram um papel passivo; eles seguiram
ativamente suas próprias agendas. A ciência brasileira também foi reforçada por cientistas
que escaparam do regime nazista, como foi o caso do químico Fritz Feigl e do físico
Guido Beck, que foi primeiro para a Argentina e depois para o Brasil. No mesmo período,
o Governo Vargas construiu uma usina siderúrgica em Volta Redonda e fundou a
mineradora Vale do Rio do Doce, iniciativas que exigiam o treinamento técnico de mão
de obra para operá-las.13
Foto 2: Visita de Arthur Compton ao Brasil, no Rio de Janeiro, 1941. Na primeira fila, no centro,
Gleb Wataghin, Carlos Chagas Filho e Arthur Compton. Créditos: Arquivos Bernard Gross, Museus
de Astronomia e Ciências Afins - MAST.

A experiência da Segunda Guerra Mundial, particularmente a explosão da


primeira bomba atômica e o amplo uso de radar, mudou a maneira pela qual as classes
dominantes brasileiras viam o papel da ciência e da tecnologia no desenvolvimento do
país. Isso não era exclusivo do Brasil. Como observou Eric Hobsbawm, após a Segunda
Guerra Mundial, mesmo sem entender completamente suas implicações culturais e
sociais, os estados “apoiaram a ciência, que, diferentemente das artes e da maioria das
humanidades, não poderia funcionar efetivamente sem esse apoio, evitando a
interferência na medida do possível”. Os cientistas estavam ansiosos por explorar esse
contexto para avançar na profissionalização da ciência brasileira. Ilustra bem essa nova
tendência a fundação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em
1948, e o estabelecimento do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) no Rio de
Janeiro em 1949 como instituição privada, o que resultou de uma colaboração entre
cientistas, centrada em César Lattes, José Leite Lopes e Jayme Tiomno, além de militares,
políticos e empresários nacionalistas. Lattes adquiriu destaque internacional e nacional
após sua participação na descoberta de pions, partículas subatômicas, em dois contextos:
em raios cósmicos no Reino Unido com Cecil Powell; e no acelerador de Berkeley, EUA,
com Eugene Gardner. Através de Lattes, os cientistas brasileiros conseguiram formar uma
ampla aliança política que levou à criação do CBPF. A criação do CNPq e da CAPES,
agencias de fomento à pesquisa e formação de pessoas, voltadas para o ensino superior,
ocorreu em 1951. Além disso, na mesma época, a fundação do Instituto Tecnológico de
Aeronáutica (ITA), do Instituto de Física Teórica (IFT), o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico (mais tarde BNDES) e a Petrobrás (empresa estatal de
petróleo) compõem elementos desse contexto mais amplo, em que ciência e tecnologia
fizeram parte da política de desenvolvimento preconizada particularmente pelo segundo
Governo Vargas. Além disso, a criação do ITA foi fundamental para o desenvolvimento
da indústria aeronáutica no Brasil com a criação da EMBRAER. O último esforço nesse
sentido de conectar ciência ao desenvolvimento, antes do golpe militar de 1964, foi a
fundação de uma universidade em Brasília, a nova capital do país, que possuía um projeto
educacional inovador e atraiu pesquisadores competentes de várias partes do país e do
exterior, e a efetiva implementação, pelo Estado de São Paulo, de uma nova agência de
fomento à pesquisa, a FAPESP.14
Foto 3: Cesar Lattes e E. Gardner na sala de controle do acelerador de Berkeley. Créditos: Nat
Farbman/The LIFE Picture Collection via Getty Images.

Ao longo da década de 1950, no entanto, não ocorreu um aumento contínuo no


apoio à ciência no Brasil. No final daquela década, o aumento da inflação reduziu os
orçamentos científicos e universitários, bem como os salários dos pesquisadores e
professores. Isso levou aos primeiros casos de fuga de cérebros na história brasileira.
Entre os físicos, nomes como Herch Moysés Nussenzveig e Sergio Porto foram para os
Estados Unidos. Após 1964, a fuga de cérebros ganhou impulso por razões políticas. 15

1964 – 2000
A ditadura militar resultante do golpe civil-militar de 1964 duraria vinte anos. Isso
foi tempo suficiente para o novo governo implementar duas características distintas e
conflitantes no cenário científico brasileiro. Por um lado, espelhando o amplo corte de
direitos civis e até a tortura e assassinato sistemático de adversários políticos,
principalmente no período entre 1969 e 1978, dos quais os cientistas não estavam isentos.
Por outro lado, os militares buscaram o desenvolvimento econômico, à semelhança dos
tempos de Getúlio Vargas, com a ciência e a tecnologia desempenhando um papel
importante. Vestígios desses dois recursos podem ser encontrados ainda hoje na dupla
memória daqueles tempos. De fato, hoje em dia, os cientistas falam de perseguição
política ou de apoio à ciência, muito raramente ambos ao mesmo tempo. O historiador
Rodrigo Motta usou o conceito de acomodação entre professores e gestores universitários
para explicar como os cientistas lidavam com esse regime político. Dada a complexidade
do tema, vamos interromper nossa narrativa para resumir uma e depois a outra
característica da ditadura militar brasileira. 16
Durante o regime militar, os cientistas não foram exceção no que se refere à
perseguição política, mais conhecidos são os casos de pesquisadores seniores já que a
maioria deles foi forçada a se aposentar e não podia mais trabalhar em universidades
públicas. A lista é longa, entre os físicos Mario Schenberg, José Leite Lopes, Jayme
Tiomno, Elisa Frota-Pessoa; entre os pesquisadores médicos, Isaias Raw, Herman Lent,
Haity Moussatché, Luiz Hildebrando Pereira da Silva; e nas ciências sociais e humanas,
Paulo Freire, Fernando Henrique Cardoso, Celso Furtado, Florestan Fernandes, Darcy
Ribeiro, Caio Prado, Milton Santos e Mauricio de Albuquerque. Outros não consideravam
seguro permanecer no país e, portanto, foram para o exterior ou lá permaneceram,
exilados, como Roberto Salmeron, Erney Camargo, Victor e Ruth Nussenzveig e Moysés
Nussenzveig. Sua percepção de perigo era bem fundamentada, pois vários cientistas
foram assassinados pelo Estado - como a química Ana Rosa Kucinski Silva - ou
torturados, como os físicos Ernst e Amélia Hamburger. Algumas instituições foram
particularmente comprometidas pelo número de aposentadorias forçadas ou
encarceramentos, como o CBPF, a Universidade de Brasília, o Instituto Oswaldo Cruz e
a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.17
É mais difícil avaliar o número de vocações para a ciência que foram bloqueadas
ou destruídas. De fato, todos os líderes dos movimentos estudantis ativos foram expulsos
das universidades entre 1969-1970, quantos destes poderiam ter se tornado cientistas
promissores? Embora não possamos estimar números, podemos imaginar a perda para o
futuro da ciência brasileira a partir de alguns casos daqueles que escaparam das
perseguições militares. Isso aconteceu porque eles foram para o exterior na hora certa, a
fim de salvar suas vidas e carreiras; como foi o caso de Luiz Davidovich, atualmente
presidente da Academia Brasileira de Ciências, e Silvio Salinas, ambos conseguiram seus
doutorados em Física no exterior, nos EUA. As estimativas do número de cientistas
perseguidos estão na faixa de 500, mas isso não inclui aqueles que tiveram sua carreira
interrompida enquanto eram estudantes de graduação. Portanto é impossível estimar a
perda, uma vez que abrange desde cientistas seniores, que não puderam seguir seu
trabalho criativo e liderança científica, até cientistas promissores ou mesmo possíveis
cientistas.18

Foto 4: Elisa Frota-Pessôa está entre Francisco Alcântara Gomes, Tiomno, Costa Ribeiro, Luis
Sobrero, Leopoldo Nachbin, José Leite Lopes e Maurício Peixoto em 1942, em frente à Faculdade
Nacional de Filosofia. Mais tarde, Elisa seria aposentada à força pela ditadura militar. Créditos:
Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas e Revista Pesquisa FAPESP.

Se a abolição dos direitos civis era um lado da ditadura brasileira, uma experiência
compartilhada por cientistas e cidadãos, o outro lado era o apoio à ciência e à tecnologia.
Em certo sentido, a relação entre ciência e os desafios do desenvolvimento do país, que
surgiu nos anos 50 com Getúlio Vargas, não só teve continuidade, mas também foi
reforçada como nunca antes. O crescimento econômico do país possibilitou um aumento
no financiamento, que incluiu a criação de uma nova agência de fomento, a FINEP, para
um financiamento mais substancial à ciência e tecnologia. Além disso, a reforma
universitária, uma espécie de ‘modernização conservadora’ do ensino superior, reforçou
a ciência com a introdução de carreiras de ensino dedicadas total e exclusivamente às
universidades. Essa reforma e o aumento dos salários dos professores contribuíram para
a profissionalização dos pesquisadores. Outra mudança foi a introdução e estímulo à pós-
graduação, mestrado e doutorado. Isso se deu por meio de um sistema de avaliação da
qualidade, os financiamentos eram dados de acordo com essa avaliação, sistema liderado
pelo órgão federal CAPES, que rapidamente trouxe resultados.
A reforma da universidade e o aumento do financiamento da ciência não foram as
únicas medidas positivas introduzidas pelos militares, instituições foram criadas ou
reforçadas. Entre elas uma que representou um novo jeito de fazer universidade, a
Universidade de Campinas (Unicamp), em São Paulo, com o objetivo claro de apoiar
pesquisas de primeira linha. Um sistema de instituições dedicadas à pesquisa agrícola, a
EMBRAPA, foi criado para reunir centros de pesquisa mais antigos e novos. Uma
instituição inteiramente dedicada à pesquisa em Matemática, o IMPA, criada
anteriormente, recebeu maior apoio, o grande matemático Mauricio Peixoto até se tornou
presidente do CNPq por um tempo. A Petrobras apoiou pesquisas em várias
universidades, com especial atenção para o Rio de Janeiro. Mesmo em instituições mais
antigas, como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (a antiga Universidade do Brasil)
novos arranjos permitiram a criação de um polo de pesquisa dedicado às engenharias, a
COPPE (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia). A
melhoria das universidades não se limitou às dos centros geográficos mais tradicionais;
de fato, novas e antigas universidades nas regiões sul, norte e nordeste do país tiveram
suas pesquisas científicas reforçadas. Algumas universidades particulares também se
tornaram centros de pesquisa científica, por exemplo, a Universidade Católica do Rio de
Janeiro, nas áreas de Química e Física, e em São Paulo, em Ciências Humanas. Note-se
que o apoio à pesquisa não excluiu Ciências Sociais e Humanas; no entanto, nessas áreas,
o peso das perseguições políticas nesses departamentos era mais pesado do que nas
Ciências Naturais. Tomadas como um conjunto, essas iniciativas foram chamadas por
Simon Schwartzman de o Grande Salto Adiante.19
Mesmo antes da anistia política aparecer na agenda política do país em 1979,
alguns cientistas, inspirados pelas novas condições da pesquisa, começaram a retornar ao
país. Foi o caso de Nussenzveig e Porto, físicos já citados. Com a anistia, muitos outros
voltaram a atuar nas universidades e instituições de pesquisa. Por exemplo, o físico José
Leite Lopes assumiu a direção do CBPF. No entanto, o retorno após mais de 10 anos de
ausência desses cientistas talentosos não foi capaz de consertar os danos à ciência
brasileira causados por sua ausência forçada. A democratização do país também permitiu
que alguns pesquisadores entrassem na política, como foi o caso, por exemplo, de
Fernando Henrique Cardoso, Florestan Fernandes e Paulo Freire. Antes, as obras de
Cardoso e Freire haviam sido recebidas ampla e positivamente em muitos países.
Em meados da década de 1980, a essência do atual sistema nacional de ciência e
tecnologia estava em vigor. Havia universidades que valorizavam a pesquisa científica,
institutos de pesquisa, agências de financiamento e alguma interação entre ciência e
empresas, particularmente no domínio da exploração de petróleo, agricultura e
aeronáutica. Por último, mas não menos importante, a pesquisa em saúde estava
contribuindo para melhorar a saúde dos habitantes, e as Ciências Sociais e Humanas
estavam contribuindo para uma melhor compreensão de nossa história e de nossas
enormes desigualdades sociais. No entanto, esse sistema era jovem, não consolidado e
ainda vulnerável a turbulências políticas e econômicas, como veremos mais adiante.

Fechando o século, escassez de fundos

Nos últimos cinco anos da ditadura, encerrada em 1985, os fundos para ciência e
tecnologia tornaram-se escassos, refletindo a crise econômica prevalecente no país. Os
físicos reagiram a isso solicitando a construção de um grande instrumento, uma Fonte de
Luz Síncrotron, para ser um acelerador multiusuário e multiuso. Os físicos brasileiros
tiveram experiências bem-sucedidas e fracassadas com aceleradores. No início da década
de 1950, Oscar Sala liderou a construção de um acelerador eletrostático Van der Graaf,
com apoio americano, na Universidade de São Paulo, mas as tentativas com um
síncrociclotron no CBPF acabaram fracassando. Mais tarde, também em São Paulo, um
acelerador eletrostático Pelletron iniciou a atividade, no entanto, o síncrotron sugerido
não seria o mesmo do anterior. Neste caso seria o primeiro dispositivo desse tipo no
hemisfério sul, construído usando principalmente a tecnologia brasileira, e atendendo a
diferentes áreas, como a florescente ciência dos materiais e a física da matéria
condensada. Após dez anos entre o projeto e a construção, o equipamento foi finalmente
concluído em 1997 em Campinas. Em meados da década de 1980, duas notícias
impactaram a ciência brasileira: o primeiro governo civil após a ditadura militar
estabeleceu um ministério dedicado à ciência e tecnologia e o país soube que a Marinha
havia dominado com sucesso a tecnologia para enriquecer urânio, o Santo Graal em
tecnologia nuclear. Antes, comprando um reator de uma corporação americana e depois
através de um acordo com a Alemanha, o país conseguiu seus primeiros reatores de
energia atômica, no entanto, este acordo não conseguiu trazer a tecnologia eficaz para
enriquecer urânio. A conquista tecnológica da Marinha não era independente das
ambições nucleares militares associadas à antiga rivalidade com a Argentina. No entanto,
em meados da década de 1980, a suspeita mútua no domínio nuclear estava
desaparecendo, as duas ditaduras militares haviam terminado e acordos bilaterais foram
assinados, confinando programas nucleares nos dois países a propósitos pacíficos.20
No final do século, a combinação de baixo crescimento econômico e políticas
neoliberais começou a dificultar o desenvolvimento da ciência e da tecnologia no Brasil.
Isso aconteceu principalmente porque as universidades e instituições de pesquisa federais,
onde ocorre a maioria das pesquisas brasileiras, eram vistas como caras demais para os
orçamentos nacionais. Contudo, mesmo nesse contexto, o imenso programa de
privatizações liderado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso também viu a
introdução de regulamentação obrigando setores econômicos como petróleo e
eletricidade a investirem recursos em pesquisas científicas e tecnológicas, fonte de
esperança para cientistas brasileiros.
Em retrospectiva, ao longo do século XX, o Brasil consolidou instituições,
universidades e institutos de pesquisa, agências de fomento, como CNPQ, FINEP,
CAPES e FAPESP, e institutos dedicados à pesquisa científica e tecnológica diretamente
relacionada aos setores econômico e social, como a Embrapa, ITA e Fiocruz. Além disso,
a profissionalização da ciência foi socialmente sancionada e algumas conquistas e
personagens tornaram-se símbolos de orgulho nacional. Apresentar uma lista de cientistas
destacados pode correr o risco de omissão. Alguns nomes certamente incluiriam Lattes e
Chagas, em Física e Medicina, mas também os nomes de Johanna Döbereiner, em
Agronomia; Otto Gottlieb, em Química; Nise da Silveira, em psiquiatria, e Mauricio
Rocha e Silva, Sergio Ferreira e colegas em Farmacologia, além de cientistas sociais,
como Fernando Henrique Cardoso e Paulo Freire. Um sistema nacional de pesquisa
científica foi criado.
Foto 5: Johanna Döbereiner (1924 - 2000), engenheira agrônoma cujos trabalhos contribuíram para
a produção agrícola, dependendo da fixação biológica de nitrogênio. Créditos: arquivo da família de
Döbereiner. Todos os direitos reservados.

O Despertar do Século XXI

No início do novo século, os cientistas brasileiros estão testemunhando outras oscilações


em apoio à ciência. De fato, nos primeiros anos do século XXI, especialmente durante os
mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os fundos para a ciência aumentaram,
mesmo durante as flutuações do crescimento econômico, e novas universidades e
institutos de educação técnica foram abertos e os estudos de pós-graduação foram
ampliados particularmente nas regiões menos desenvolvidas do país.
Os cientistas começaram a compartilhar um sentimento de otimismo. A expansão
de oportunidades no ensino superior, incluindo políticas de ações afirmativas, foi
importante não apenas por seu valor social intrínseco, mas também por remediar a falta
de diversidade social, de gênero e étnica na ciência brasileira, e contribuiu para reforçar
a qualidade da ciência produzida. Esse sentimento foi reforçado por alguns eventos: a
Petrobras descobriu e começou a explorar enormes reservas de petróleo offshore nos
mares profundos - as reservas do pré-sal; o jovem matemático brasileiro e francês Artur
Avila recebeu uma medalha Fields em 2014, um feito nada insignificante em um país sem
prêmios Nobel; e o país viu um aumento substancial no número de trabalhos científicos
publicados em revistas internacionais.21

Foto 6: Artur Avila, matemático vencedor da Medalha Fields em 2014. Créditos: Daryan Dornelles /
Divulgação IMPA.

Esse otimismo começou a desaparecer durante a crise econômica a partir de 2014


e piorou durante o mandato do novo presidente, Jair Bolsonaro. Além de cortar o
orçamento para educação, ciência e tecnologia, o novo clima no país tem sido de
desconfiança escancarada de cientistas, pesquisas científicas e instituições. Uma grande
crise ocorreu quando o governo federal negou a extensão do desmatamento na floresta
amazônica, mapeada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, INPE. Bolsonaro
demitiu o presidente do INPE, Ricardo Galvão, físico e engenheiro formado no MIT, e
alterou as políticas ambientais anteriores. O país está, agora, imerso em enormes crises
ambientais e diplomáticas e os sinais de uma fuga de cérebros começaram a reaparecer.
Algumas décadas atrás, Schwartzman comparou a profissionalização da ciência brasileira
ao longo do século XX ao mito de Sísifo. A metáfora não poderia ser mais atraente para
os dias atuais.22

Discussão da literatura

A História das Ciências se tornou uma área de interesse de pesquisa, no Brasil, na década
de 1970. A maioria das primeiras obras foi dedicada à história do século XIX, uma
escolha necessária para contestar a visão recebida de que não havia atividade científica
no Brasil no século XIX ou, pior ainda, de que a pesquisa científica começou com a
criação de universidades, principalmente após 1934, quando a Universidade de São Paulo
foi fundada. Sobre o século 20, a pesquisa histórica foi comparativamente menor; no
entanto, hoje existe um número significativo de estudos de caso sobre instituições,
personagens, tendências científicas, períodos mais curtos e até visões panorâmicas. É
neste contexto que vamos identificar lacunas e questões em aberto.
Uma revisão crítica da produção brasileira na história da ciência e da tecnologia
pode ser útil para uma introdução ao conjunto dessa produção. O ensaio de Kropf e
Hochman - “Desde o início: debates sobre a história da ciência no Brasil”- é um bom
exemplo dessa revisão ao passo em que discutem o livro de Nancy Stepan sobre a criação
do Instituto Oswaldo Cruz. Em sua revisão, os autores ilustraram como Stepan se
distanciou “do modelo proposto por George Basalla em 1967 sobre a difusão e recepção
de ideias científicas em diferentes regiões e países” e foi capaz de ver os médicos
brasileiros desempenhando um papel ativo na produção de conhecimento. O elemento
chave para superar a visão recebida e os obstáculos epistemológicos foi procurar “a
história das práticas científicas concretas, que encontraram um lugar para se desenvolver
nas instituições científicas locais”, para usar as palavras de Silvia Figueirôa, endossadas
por Kropf e Hochman.23 “Um espaço para a ciência” de Schwartzman apresenta um
panorama geral baseado principalmente em uma extensa coleção de histórias orais e
documentos publicados. Apesar da subestimação das atividades científicas anteriores ao
século XX, esta obra é leitura obrigatória para as tentativas de profissionalização da
ciência no Brasil. Outra visão geral, que abrange um longo período, mas com foco
principal no século 20, é o “Prelúdio” de Motoyama. Este trabalho é bem detalhado sobre
as instituições e seus contextos no estado de São Paulo, mas carece de um tratamento
semelhante a outras regiões do país e também faz concessões à ideia de que o “nascimento
da ciência brasileira” aconteceu por volta de 1900. Outras visões panorâmicas incluem
Azevedo, que cobre a história de disciplinas distintas até meados do século XX, e Ferri
& Motoyama, um acompanhamento atualizado desse empreendimento, e os “Espaços da
ciência” de Dantes.24 Quanto aos estudos de caso, Andrade estudou a criação do CBPF
em seu “Físicos, Mésons e Política”, mostrando como a confluência de diferentes atores
levou à criação bem-sucedida dessa instituição; Vieira & Videira estudaram a trajetória
de Lattes no Brasil, Reino Unido e EUA, prestando especial atenção à técnica de emulsões
fotográficas, que foram aprimoradas por Lattes para o estudo dos raios cósmicos.
Vimieiro-Gomes estudou a biotipologia na busca pela identidade nacional. Burgos e
Velho & Pessoa Junior estudaram o processo de criação do Laboratório Nacional de Luz
Síncrotron. “O Começo da Ciência Brasileira” de Stepan é a referência clássica sobre as
primeiras pesquisas médicas de Oswaldo Cruz. Com foco nos processos e não nas
instituições e nos personagens, “As Universidades e o Regime Militar” de Motta é a
referência para o estudo do impacto da ditadura na vida universitária; Freire & Silva
estudaram as trocas científicas no âmbito da física entre os Estados Unidos e o Brasil
desde a Segunda Guerra Mundial até o período da ditadura militar; enquanto Kropf e
Howell estudaram essas trocas durante a guerra no campo da cardiologia. Sá et al. e Silva
estudaram as relações de medicina e ciência entre França, Alemanha e Brasil entre 1919
e 1942. As trocas entre o Brasil e a França foram objeto do volume coletivo editado por
Hamburger, Dantes, Paty e Petitjean. 25
A lista anterior pode ser estendida, mas não pode preencher algumas lacunas. A
ciência sob a ditadura militar exige um estudo mais aprofundado, apesar do trabalho de
referência de Motta. Outro tópico em questão, os campos em que a interação entre
pesquisa científica e empreendimentos industriais ou econômicos em geral foram mais
fortes, por exemplo, exploração de petróleo, agricultura e aeronáutica, são os menos
estudados. Trabalhos como os de Marques sobre reserva de mercado para computadores,
o volume organizado por Figueiroa, Good e Peyerl, sobre exploração de petróleo e obras
de Santos Filho, Queiroz e Nagamini & Motoyama, sobre outros assuntos tecnológicos e
treinamento, abordaram isso, mas muito mais estudos são necessários. Em certas áreas
em que a informação tecnológica é sensível (como petróleo ou energia nuclear) a escrita
de sua história enfrentará obstáculos, mas isso não reduz o valor de tais histórias. Nesse
campo, é claramente necessária uma combinação de história da ciência, tecnologia e
economia ou estudos de ciência e tecnologia. 26
Histórias de disciplinas ou histórias de ideias em disciplinas podem ser
encontrados em certos casos. Videira & Vieira fazem uma revisão da história da Física e
Freire estudou a participação de David Bohm, enquanto ele permaneceu no Brasil, e Klaus
Tausk, na pesquisa sobre fundamentos da física quântica. Silva e d'Ambrosio escrevem
sobre estudos de história da matemática, Roque estudou a história dos sistemas dinâmicos
no Brasil e a criação do IMPA, Dias estudou a Matemática na Bahia, enquanto
Bielschowsky é um trabalho sobre a história das ideias em Economia no Brasil.27
Medicina e Ciências da Saúde são, de longe, os tópicos mais pesquisados na
história das ciências no Brasil. Nos limites deste capítulo é impossível apresentar uma
revisão abrangente. Uma boa introdução a essa literatura pode ser obtida consultando a
revista História Ciência Saúde-Manguinhos e o catálogo da Editora Fiocruz, que estão
entre os principais veículos de publicação desses estudos. Apenas alguns desses estudos
foram mencionados aqui ou em outro lugar neste capítulo.28
Nara Azevedo et al. e Lopes escreveram estudos históricos sobre gênero e ciência
no Brasil; e Duarte, e Silva, Sá e Sá trabalharam na história ambiental relacionada à
história das ciências. A história transnacional também entrou no conjunto de ferramentas
dos historiadores brasileiros das ciências. Apesar do valor desses trabalhos, são
necessárias muito mais pesquisas com essas perspectivas. Um assunto pouco tratado até
agora, exceto no caso da eugenia, são as desigualdades raciais na produção da ciência e
no treinamento dos cientistas. Outros temas e perspectivas sobre a história das ciências
no Brasil no século XX incluem o engajamento da UNESCO com a região amazônica,
por Petitjean e Domingues; ciência e literatura, por Santana; e expedições cartográficas e
astronômicas, incluindo as relacionadas aos eclipses, por Vergara, Barboza e Crispino &
Lima. Visitas de cientistas, como Einstein, foram estudadas por Moreira & Videira e
Tolmasquim; e museus de ciência de Lopes e Podgorny.29
Por fim, mas não menos importante, a própria história das ciências tornou-se um
esforço acadêmico profissional no início dos anos 80, contando com o apoio de cientistas
como Mario Schenberg, Simão Mathias e Carlos Chagas Filho. 30 Uma sociedade
profissional, a Sociedade Brasileira de História da Ciência, foi fundada em 1983 e foram
criadas instituições totalmente dedicadas a esse campo, como o Museu de Astronomia
(MAST) e a Casa de Oswaldo Cruz, ambas no Rio de Janeiro. Além disso, a história das
ciências tornou-se um campo regular para a formação de estudantes de pós-graduação em
várias universidades do país.

Fontes primárias

Cerca de setenta entrevistas com cientistas brasileiros, realizadas em meados da década


de 1970, estão depositadas no Centro de Pesquisa e Documentação de História
Contemporânea do Brasil (CPDOC), na Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro. Os
arquivos do CNPQ, desde sua fundação até a década de 1970, estão depositados no Museu
de Astronomia e Ciências Afins (MAST). Neste museu, os documentos pessoais de vários
cientistas brasileiros são depositados e catalogados. Entre eles estão os arquivos de Luiz
Cruls, Henrique Morize, Lélio Gama, Jacques Danon, Joaquim da Costa Ribeiro,
Fernando de Sousa Barros, Mario Giambiasi, Jayme Tionmo, Elisa Frota-Pessoa e
Hervásio de Carvalho. O MAST também preserva os arquivos do Conselho de
Fiscalização das Expedições Artísticas e Científicas e do Observatório Nacional (1860-
1980). Ainda no Rio de Janeiro, a Casa de Oswaldo Cruz abriga coleções históricas de
cientistas como Oswaldo Cruz, Carlos Chagas, Carlos Chagas Filho, Arthur Neiva,
Clementino Fraga, Miguel Ozório de Almeida, Renato Kehl, Paulo Carneiro, Marcolino
Candau, Herman Lent, Haity Moussatché, José Reis, Oracy Nogueira e muitos outros, e
de instituições como o Instituto Oswaldo Cruz, Serviço Especial de Saúde Pública e
Fundação Rockefeller no Brasil, entre outros. Recentemente, as coleções do Museu
Nacional foram resgatadas de um incêndio e a instituição busca sua recuperação. No
CBPF, existem os documentos pessoais de Guido Beck. Como a ciência brasileira é
internacionalizada, muitos dos documentos relevantes para sua história são encontrados
em documentos pessoais e arquivos institucionais no exterior. É obrigatório cruzar tipos
e origens distintas de documentos para o estudo da história da ciência no Brasil no século
XX.
O programa federal ‘Mulheres e Ciência’ organizou uma lista com breves
biografias das pioneiras na ciência brasileira. Até o momento, 80 cientistas são
apresentadas em http://www.cnpq.br/web/guest/pioneiras-da-ciencia1.
Em São Paulo, a USP e a Unicamp preservam documentos de seus professores e
dessas instituições. Na USP, o Instituto de Física preserva trabalhos de Mario Schenberg
e promoveu as publicações de seus trabalhos científicos. Além disso, muitos documentos
administrativos desde sua fundação até a década de 1970 já foram digitalizados e estão
disponíveis para consulta na web (http://acervo.if.usp.br/). Várias universidades e
institutos mantêm coleções de documentos pessoais de cientistas. Esses trabalhos, bem
como os arquivos de outras universidades, podem ser consultados no local, bem como
arquivos dos órgãos federais no Arquivo Nacional
(http://www.arquivonacional.gov.br/br/). A biblioteca de jornais digitais da Biblioteca
Nacional também é de interesse para a história da ciência.

Agradecimentos

Agradeço ao CNPQ (305772/2013-9) por financiar esta pesquisa, aos árbitros da Oxford
Research Encyclopedia, a Simone Kropf que leu e comentou um primeira versão,
particularmente sobre a história da saúde e da Medicina. Agradeço também a Sergio
Ferreira e Joice Pedreira, pela leitura e comentário deste artigo, e a Thierry Lobão e André
Ghirardi pelas sugestões sobre literatura. Denise Key ajudou na revisão do idioma. As
versões preliminares deste artigo foram apresentadas na Universidade de São Paulo e na
Universidade Federal da Bahia e a versão final se beneficiou dos comentários de vários
colegas dessas universidades.

Leitura adicional

Nancy Stepan, Beginnings of Brazilian science: Oswaldo Cruz, medical research and
policy, 1890-1920, (New York, 1976).
Simone Kropf and Gilberto Hochman, “From the Beginnings: Debates on the History of
Science in Brazil,” Hispanic American Historical Review 91, no. 3 (2011): 391-
408.
Maria A. M. Dantes, Silvia Figueirôa, and Maria M. Lopes, “Sciences in Brazil: An
Overview from 1870-1920,” in Décio Krause and Antonio A. P. Videira, eds.,
Brazilian Studies in Philosophy and History of Science – An account of recent
works, (Dordrecht, 2011), 95-105.
Simon Schwartzman, A Space for Science: The Development of the Scientific Community
in Brazil (University Park, 1991).
Olival Freire Junior and Indianara Silva, “Scientific Exchanges between the United States
and Brazil in the Twentieth Century,” in How Knowledge Moves - Writing the
Transnational History of Science and Technology, ed. John Krige (Chicago, The
University of Chicago Press, 2019), 281-307.
Ana M. R. de Andrade, Físicos, mésons e política: a dinâmica da ciência na sociedade
(São Paulo: HUCITEC, 1999).
Cassio L. Vieira and Antonio A. P. Videira, “Carried by History: Cesar Lattes, Nuclear
Emulsions, and the Discovery of the Pi-meson,” Physics in Perspective, 16
(2014): 3-36.
Silvia F. Figueiroa, Gregory A. Good, and Drielli Peyerl, eds., History, Exploration &
Exploitation of Oil and Gas, (Berlin, 2019).
Rodrigo Patto Sá Motta, As universidades e o regime militar— Cultura política brasileira
e modernização autoritária (Rio de Janeiro, 2014).
Lea Velho and Osvaldo Pessoa Junior, “The Decision-Making Process in the
Construction of the Synchrotron Light National Laboratory in Brazil,” Social
Studies of Science, v. 28, n.2 (1998): 195-219.
Ivan C. Marques, “Brazil's Computer Market Reserve: Democracy, Authoritarianism, and
Ruptures,” IEEE Annals of the History of Computing, v. 37, (2015): 64-75.
Gilberto Hochman, The Sanitation of Brazil - Nation, State, and Public Health, 1889-
1930, (Champaign-Urbana, 2016).
Mário G. Ferri and Shozo Motoyama, eds., História das ciências no Brasil (São Paulo,
1979), 3 vols.
Maria A. M. Dantes, Espaços da ciência no Brasil. 1800-1930 (Rio de Janeiro, 2001)
Alda L. Heizer and Antonio A. P. Videira, eds., Ciência, Civilização e República nos
Trópicos (Rio de Janeiro, 2010).
Martha Almeida and Moema R. Vergara, eds. Ciência, história e historiografia, (São
Paulo, 2008).

Notas

1Sobre as habilidades culinárias e técnicas entre os povos indígenas que vivem no Brasil atual desde
antes da chegada dos portugueses, Berta G. Ribeiro, ed., Suma Etnológica Brasileira, Volume 1 -
Etnobiologia e Volume 2, Tecnologia Indígena (Petrópolis, RJ, 1986 ); [esses volumes são traduções
atualizadas, editadas por Darcy Ribeiro, do Handbook of South American Indian].

2Sobe Stansel, Carlos Z. Camenietzki, “Baroque Science between the Old and the New World: Father
Kircher and his Colleague Valentin Stansel (1621-1705).” in Paula Findlen. ed. Athanasius Kircher: The
Last Man Who Knew Everything, (New York, 2004), 311-328; e “The celestial pilgrimages of Valentin
Stansel (1621-1705), Jesuit astronomer and missionary in Brazil,” in Mordechai Feingold, ed.,
Archimedes. The New Science and Jesuit Science: seventeenth century perspectives, (Dordrecht, 2003),
v. 6, 249-270. Sobre Monteiro da Rocha, Carlos Z. Camenietzki e Fabio Pedrosa, eds., Sistema físico-
matemático dos cometas de José Monteiro da Rocha (Rio de Janeiro, 2000). Sobre a medicina jesuíta,
Eliane C. D. Fleck, As artes de curar em um manuscrito jesuítico inédito do Setecentos: um estudo do
Paraguai Ilustrado Natural do padre José Sanchez Labrador (1771-1776) (São Leopoldo, RS, 2015).
Veja também, do mesmo autor, “Sobre licores e xaropes: práticas curativas e experimentais jesuíticas e
reduções da Província Jesuítica do Paraguai (séculos XVII e XVIII)”. em: Lorelai Kury e Heloisa
Gesteira, orgs. Ensaios de História das Ciências: das Luzes à Nação Independente, (Rio de Janeiro,
2012), 17 30. Ainda sobre o conhecimento indígena sobre plantas medicinais, ver Flavio C. Edler,
“Plantas nativas do Brasil nas farmacopeias portuguesas e em uso Séculos XVII - XVIII ”, em Lorelai
Kury, ed., Usos e circulação de plantas no Brasil (séculos XVI - XIX), (Rio de Janeiro: 2013), 94-137.

3 Sobre o observatório, Oscar T. Matsuura, O observatório no telhado (Recife, 2011).

4 Sobre a influência culinária africana no Brasil, Vivaldo C. Lima, Anatomia do Acarajé e Outros
Escritos, (Salvador, 2010). Um estudo mais antigo é Manoel Querino, A Arte Culinária da Bahia -Breves
Apontamentos (Bahia, 1928). Uma boa introdução aos estudos de ciência e tecnologia, em Portugal e no
Brasil, nos séculos XVI-XIX, são Heloisa Gesteira, Luis M. Carolino e Pedro Marinho, org., Formas do
Império - Ciência, tecnologia e política em Portugal. Séculos XVI a XIX (São Paulo, 2014). No mesmo
volume, ver Carlos Z. Camenietzki, “História e passado da América portuguesa: escritores, religiosos,
repúblicas do Brasil no século XVII e sua fortuna história”, pp. 143-169. Sobre saúde e doenças durante
esses tempos, consulte as seguintes revisões historiográficas: Jean L. N. Abreu, André Nogueira e Lorelai
Kury, “Na saúde e na doença: enfermidades, sabores e práticas de cura nas medicinas do Brasil colonial
(séculos XVI-XVIII)” e Tania S. Pimenta, Flavio Gomes e Kaori Kodama, “Das enfermidades: para uma
história da saúde e das doenças no Brasil escravista”, ambos artigos em Luiz A. Teixeira, Tania S.
Pimenta e Gilberto Hochman, eds. ., História da Saúde no Brasil (São Paulo, 2018), 27-66 e 67-100.

5Em expedições e circulação de conhecimento nos séculos XVIII e XIX, Lorelai B. Kury e Heloisa M.
Gesteira, orgs., Ensaios de história das ciências no Brasil; Lorelai B. Kury. Iluminismo e Império no
Brasil: O Patriota (1813-1814) (Rio de Janeiro, 2007); e Jerônimo J. Alves, “A natureza e a cultura não
naturalista do século XIX: Wallace e a Amazônia”, História, Ciências, Saúde-Manguinhos, 18 (2011):
775-788.

6 Alda Heizer, Antonio A.P. Videira, orgs. Ciência, civilização e império nos trópicos, (Rio de Janeiro,
2001). Maria A. M. Dantes, Espaços da ciência no Brasil. 1800-1930 (Rio de Janeiro, 2001). Maria AM
Dantes, Silvia Figueirôa e Maria M. Lopes, “Ciências do Brasil: uma visão geral de 1870-1920”, em
Décio Krause e Antonio AP Videira, eds., Brazilian Studies in Philosophy and History of Science – An
account of recent works, (Dordrecht, 2011), 95-105. José Murilo de Carvalho, A Escola de Minas de
Ouro Preto. O peso da glória, 2a. ed., (Belo Horizonte, 2002). Antonio A. P. Videira, História do
Observatório Nacional - A persistente construção de uma identidade científica (Rio de Janeiro, 2007).
Silvia F. M. Figueirôa, Um olhar sobre o passado: História das ciências na América Latina (Campinas,
2000). No comitê de geologia do Império, Silvia F. M. Figueirôa, A formação das ciências geológicas no
Brasil: uma história social e institucional, (São Paulo, 1997). Maria M. Lopes, O Brasil descobre a
pesquisa científica: as ciências naturais e os museus no século XIX, 2a. ed. (São Paulo, 2009). Nelson
Sanjad, Coruja de Minerva: o Museu Paraense entre o Império e a República, 1866-1907 (Brasília,
2010). Sobre o imperador, Lilia M. Schwarcz, As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos
trópicos (São Paulo, 1998).

7 Sobre continuidades e descontinuidades, ao longo do século XIX, para o caso da medicina brasileira, ver
Flavio C. Edler, Medicina no Brasil imperial: clima, parasitas e patologia tropical (Rio de Janeiro, 2011)
e Jaime L. Benchimol, Dos Micróbios aos Mosquitos: febre amarela e revolução pasteuriana no Brasil
(Rio de Janeiro, 1999). Maria A. M. Dantes, Silvia Figueirôa e Maria M. Lopes, "Sciences in Brazil".
Maria A. M. Dantes, “Positivisme et science au Brésil”, em Patrick Petitjean, Catherine Jami e A. M.
Moulin, orgs., Science and Empire, (Dordrecht, 1992), 165-172; Dominichi M. de Sá, A Ciência como
Profissão: médicos, bacharéis e cientistas no Brasil (1895-1935), (Rio de Janeiro, 2006); e Luiz O.
Ferreira, “O ethos positivista e a institucionalização da ciência no Brasil no início do século XX”, Fênix,
4, (2007): 1-10.

8José M. Carvalho, Os bestializados. O Rio de Janeiro e a República que não foram. (São Paulo, 1987).
Nancy Stepan, Beginnings of Brazilian science: Oswaldo Cruz, medical research and policy, 1890-1920,
(Nova York, 1976). Nara Azevedo, Oswaldo Cruz: Construção de um Mito na Ciência Brasileira, (Rio
de Janeiro, 1995). Gilberto Hochman, The Sanitation of Brazil - Nation, State, and Public Health, 1889-
19300, (Champaign-Urbana, 2016). Marilia Coutinho, Olival Freire Junior e J. C. P. Dias, “O nobre
enigma: indicações de Chagas ao Prêmio Nobel”, Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, 94, supl. I
(1999): 123-129. Jaime L. Benchimol e Luiz A. Teixeira, Cobras, lagartos e outros bichos: uma história
comparada dos institutos Oswaldo Cruz e Butantan, (Rio de Janeiro, 1993). Simone Kropf, Doença de
Chagas, doença do Brasil: ciência, saúde e nação, 1909-1962, (Rio de Janeiro, 2009). Simone Kropf e
Aline Lacerda, Carlos Chagas, cientista do Brasil (Rio de Janeiro, 2009). Hochman, G. (2019, 26 de
abril). Health, Malaria Campaigns, and Development in Brazil. Recuperado em 18 de fevereiro de 2020,
em https://oxfordre.com/latinamericanhistory/view/10.1093/acrefore/9780199366439.001.0001/acrefore-
9780199366439-e-42. Sobre a expansão das atividades técnicas e científicas para o interior, ver
Dominichi de Sá e Nísia T. Lima, “Telégrafos e Inventário do Território no Brasil: como atividades
científicas da Comissão Rondon (1907-1915)” História, Ciências, Saúde-Manguinhos 15 (2008): 779-
810; Jaime L. Benchimol e André F. C. da Silva, “Ferrovias, doenças e medicina tropical no Brasil da
Primeira República”, História, Ciências, Saúde-Manguinhos, 15 (2008): 719-762. Sobre atividades
científicas em outros lugares que não o Rio de Janeiro e São Paulo, ver Julio C, Schweickardt, Ciência,
Nação e Região: as doenças climáticas e o saneamento no Estado do Amazonas, 1890-1930 (Rio de
Janeiro, 2011), Luiz O Ferreira, Gisele Sanglard e Renilda Barretos, eds., A interiorização da assistência
- um estudo sobre expansão e diversificação da assistência à saúde no Brasil (1850-1945), (Belo
Horizonte, 2019); Ana P. Korndörfer, "Animal de laboratório"? O caráter experimental do tratamento
para estabilização proposta pelo International Health Board / Fundação Rockefeller (Brasil, 1916-1923),
”História Revista, 20, (2015): 60-79; Beatriz, T. Weber, “Fragmentos de um Mundo Oculto: Práticas de
Cura no Sul do Brasil”, em Gilberto Hochman e Diego Armus, orgs. Cuidar, controlar, curar. Ensaios
históricos sobre saúde e doença na América Latina e Caribe, (Rio de Janeiro, 2004), 157-215; Heloisa
M. M. Starling, Betania G. Figueiredo, Junia Furtado e L. B. P. Germano, eds., Odontologia: História
restaurada, (Belo Horizonte, 2007); Betania Figueiredo, Junia Furtado, Heloisa Starling, L. Germano e P.
Schmidt, orgs. Farmácia: ofício e história (Belo Horizonte, 2005); Betania G. Figueiredo, A arte de
curar: cirurgiões, médicos, boticários e curandeiros no século XIX em Minas Gerais. (Rio de Janeiro,
2002).

9Matheus A. D. Silva, “De Bombaim ao Rio de Janeiro: a circulação do conhecimento e o


estabelecimento do laboratório de Manguinhos, 1894-1902”, História, Ciências, Saúde-Manguinhos, 25,
no.3, (2018): 639-657 e Marta de Almeida, “Circuito aberto: idéias e intercâmbios médico-científicos na
América Latina nos primórdios do século XX”, História, Ciências, Saúde-Manguinhos, 13, (2006): 733-
757.

10Simon Schwartzman, A Space for Science: The Development of the Scientific Community in Brazil
(University Park, 1991). Patrick Petitjean, “Autour de la mission française pour la creation de l’Université
de São Paulo”, em Patrick Petitjean, Catherine Jami e Anne M. Moulin, orgs., Sciences and Empires:
Historical Studies on Scientific Development and European Expansion, (Dordrecht, 1992), pp. 339-362.
Sobre a história política do país de 1930 a 1964, veja Thomas Skidmore, Politics in Brazil, 1930-1964 :
an experiment in democracy (Nova York, 2007).

11Nara Azevedo e Luiz O. Ferreira, “Modernização, políticas públicas e sistema de gênero no Brasil:
educação e profissionalização feminina entre décadas de 1920 e 1940”, Cadernos Pagu, 27, (2006): 213-
254. Sobre Lutz, ver Yolanda L. Lobo, Bertha Lutz, (Recife, 2010); e Maria M. Lopes, “Proeminência na
mídia, reputação em ciências: uma construção de uma feminista paradigmática e científica normal no
Museu Nacional do Rio de Janeiro”, História, Ciências, Saúde - Manguinhos, 15 (2008): 73-95. Em
Torres, Heloisa M. B. Domingues, “Heloisa Alberto Torres e pesquisa sobre ciências naturais e
antropológicas, 1946”, Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, 05, (2010): 625-
643.

12Maria Gabriela Marinho, Norte-americanos no Brasil: Uma história da Fundação Rockefeller na


Universidade de São Paulo (1934-1952) (Campinas, SP: Autores Associados, 2001); Lina Faria, Saúde e
Política: Fundação Rockefeller e seus parceiros em São Paulo (Rio de Janeiro, 2007). Marcos Cueto, ed.,
Missionaries of Science— the Rockefeller Foundation and Latin America (Bloomington, 1994).

13Olival Freire Junior e Indianara Silva, “Diplomacia e Ciência no Contexto da Segunda Guerra Mundial:
Viagem de Arthur Compton ao Brasil em 1941”, Revista Brasileira de História 34, no. 67 (2014);
Simone P. Kropf e Joel D. Howell, “War, Medicine and Cultural Diplomacy in the Americas: Frank
Wilson and Brazilian Cardiology,” Journal of the History of Medicine and Allied Sciences 72, no. 4
(2017): 422-447; Olival Freire Junior e Indianara Silva, “Scientific Exchanges between the United States
and Brazil in the Twentieth Century,” in How Knowledge Moves - Writing the Transnational History of
Science and Technology, ed. John Krige (Chicago, 2019), 281-307; Olival Freire Jr., “Diplomacia cultural
no contexto da Segunda Guerra: O caso da Engenharia Metalúrgica na USP”, Revista Brasileira de
História da Ciência, 10, n. 2 (2017): 142-153. André L. V. Campos, Políticas Internacionais de Saúde na
Era Vargas: o Serviço Especial de Saúde Pública, 1942-1960 (Rio de Janeiro, 2006).

14Eric Hobsbawm, The Age of Extremes – The Short Twentieth Century 1914-1991, (London, 1994), p.
557. Ana M. Fernandes, A Construção da Ciência no Brasil e a SBPC, (Brasília, 1990). No CBPF, Ana
M.R. de Andrade, Físicos, méson e política: uma experiência da ciência na sociedade (São Paulo:
HUCITEC, 1999). Sobre Lattes, Cassio L. Vieira e Antonio A. P. Videira, “Carried by History: Cesar
Lattes, Nuclear Emulsions, and the Discovery of the Pi-meson,”, Physics in Perspective, 16 (2014): 3-36.
Sobre a pesquisa em petróleo no Brasil, Silvia F. Figueiroa, Gregory A. Good e Drielli Peyerl, eds.,
History, Exploration & Exploitation of Oil and Gas, (Berlim, 2019). Fernando Morais, Montenegro: As
aventuras do Marechal que fez uma revolução nos céus do Brasil (São Paulo, 2006); Roberto Salmeron,
A Universidade interrompida: Brasília, 1964-1965 (Brasília, 1999). Sobre a FAPESP, Shozo Motoyama,
ed., FAPESP - Uma História de Política Científica e Tecnológica (São Paulo, 1999); Amélia I.
Hamburger, ed., FAPESP - 40 Anos - Abrindo Fronteiras (São Paulo, 2004).

15Thales de Azevedo, A evasão de talentos: O desafio das desigualdades (Rio de Janeiro, 1968); Herch
M. Nussenzveig, “Migration of Scientists from Latin America,” Science 165, n. 3900 (26 de setembro de
1969): 1328–1332; Olival Freire Junior e José Eduardo F. Clemente, “O CNPq, uma Operação de
Retorno e Batalha das Torradeiras: Os Limites da Política de C&T no Regime Militar”, em André LM
Dias, Eurelino T. Coelho Neto e Márcia MSB Leite, orgs. , História, Cultura e Poder (Feira de Santana e
Salvador, 2010), 49-64. Climério P. Silva Neto e Olival Freire Junior, “Herch Moysés Nussenzveig e a
ótica quântica: consolidando disciplinas através de escolas de verão e livros-texto”, Revista Brasileira de
Ensino de Física, 35 (2013): 1-11; Walker L. Santana, “Contribuição do físico brasileiro Sergio Porto
para aplicações de laser e sua introdução no Brasil”, Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 32 (3)
(2010): 3601-1-3601-10.

16Sobre a memória dupla, Olival Freire Junior, “Sobre uma relação entre regimes políticos e
desenvolvimento científico: indicadores para um estudo sobre a história da C&T durante o regime militar
brasileiro”, Fênix, v. 4 (3), (2007). Rodrigo Patto Sá Motta, As universidades e o regime militar - Cultura
política e modernização autoritária (Rio de Janeiro, 2014) e Motta, R. (2019, October 30), Brazilian
Universities and Politics in the 20th Century. Oxford Research Encyclopedia of Latin American History.
Recuperado em 18 Fev. 2020, em
https://oxfordre.com/latinamericanhistory/view/10.1093/acrefore/9780199366439.001.0001/acrefore-
9780199366439-e-835. Sobre a ditadura militar no Brasil, ver Martins Filho, J. (2019, Março 26). The
1964 Military Coup in Brazil. Oxford Research Encyclopedia of Latin American History. Acesso em 18
de fevereiro de 2020, em
https://oxfordre.com/latinamericanhistory/view/10.1093/acrefore/9780199366439.001.0001/acrefore-
9780199366439-e-623; e Spektor, M. (2018, Abril 26). The United States and the 1964 Brazilian Military
Coup. Oxford Research Encyclopedia of Latin American History. Acesso em 18 Fev. 2020, em
https://oxfordre.com/latinamericanhistory/view/10.1093/acrefore/9780199366439.001.0001/acrefore-
9780199366439-e-551.

17 A lista compilada de cientistas perseguidos está em http://site.mast.br/ciencia_na_ditadura/index.html.


Os organizadores desta plataforma estimaram o número de 471 cientistas, professores e estudantes de
pós-graduação. A análise mais ampla, embora não totalmente abrangente, do impacto da ditadura nas
universidades brasileiras é Rodrigo Motta, As universidades e o regime militar. Sobre os físicos, veja
Ildeu C. Moreira, “A ciência, a ditadura e os físicos”, Ciência e cultura 66, n. 4 (2014). Sobre a relação
entre os EUA e o Brasil naqueles tempos, bem como, entre físicos americanos e brasileiros, veja Olival
Freire Junior e Indianara Silva, “Scientific exchanges”, e suas referências. Na Universidade de Brasília,
Roberto Salmeron, A Universidade interrompida. No Instituto Oswaldo Cruz, Herman Quaresma, O
Massacre de Manguinhos (Rio de Janeiro, 1978). Na faculdade de medicina da Universidade de São
Paulo, ver Gilberto Hochman, “Vigiar e, depois de 1964, punir: sobre Samuel Pessoa e o Departamento
Vermelho da USP”, Ciência e cultura, 66, (2014): 26-31. Sobre Hamburger, Olival Freire Jr., “Amélia
Império Hamburger (1932– 2011): Ciência, educação e cultura”, em E. M. B.
Saitovitch, R. Z. Funchal, M. C. B. Barbosa, S. T. R. Pinho e A. E. Santana, eds. Mulheres na física -
Casos históricos, panorama e perspectivas (São Paulo, 2015), 171–183. Sobre Paulo Freire, Sergio
Haddad, O Educador: Um perfil de Paulo Freire (São Paulo, 2019).

18Para o número de cientistas, consulte a nota anterior. Sobre Davidovich e Salinas, Olival Freire Junior e
Indianara Silva, “Intercâmbios Científicos”.

19 Schwartzman, A Space for Science.

20Sobre o sincrociclotron no Rio de Janeiro, Ana M. R. Andrade, “A busca pelo sincrociclotron


brasileiro”, Historical Studies in the Physical Sciences, 36 (2), (2006): 311-327. Marcelo B. Burgos,
Ciência na Periferia: a Luz Síncrotron Brasileira (Juiz de Fora, MG, 1999); Lea Velho e Osvaldo Pessoa
Junior, “The Decision-Making Process in the Construction of the Synchrotron Light National Laboratory
in Brazil,” Social Studies of Science, v. 28, n.2 (1998): 195-219. Antonio A. P. Videira, 25 anos de MCT:
raízes históricas da criação de um ministério, (Brasília, 2010). Olival Freire Junior, Diego Hurtado, Ildeu
C. Moreira e Fernando S. Barros, “Nuclear Weapons in Regional Contexts: The Cases of Argentina and
Brazil,” Contemporanea - História e problemas do sigilo XX, v. 6, (2015): 57-66.

21Olival Freire Junior, “Desafios da ciência, tecnologia e inovação no Brasil”, em Oswaldo Bertolino e
Fabiane Guimarães, eds., Políticas Públicas: A experiência dos comunistas e o novo projeto nacional de
desenvolvimento, (São Paulo, 2017), 17-22 .

22Emiliano R. Mega, “Funding crisis at Brazilian science agency could leave 80,000 researchers and
students without pay,” Science, 19 August 2019, doi:10.1126/science.aaz1848; Jonathan Watts, “Amazon
rainforest fires: global leaders urged to divert Brazil from ‘suicide’ path,” The Guardian, 23 August 2019.
Schwartzman, A Space for Science.

23Simone Kropf e Gilberto Hochman, “Desde o início: debates sobre a história da ciência no Brasil”,
Hispanic American Historical Review 91, no. 3 (2011): 391-408. Stepan, Beginnings of Brazilian.

24Schwartzman, A Space for Science. Shozo Motoyama, ed., Prelúdio para uma História: Ciência e
Tecnologia no Brasil, (São Paulo, 2004); veja particularmente os capítulos 3-6, de autoria de M.
Nagamini, S. Motoyama, F. A. de Queiroz e M. Vargas, o “nascimento da ciência brasileira”, na p. 187.
Fernando de Azevedo, ed., As ciências no Brasil (São Paulo, p / d), 2 vols; Mário G. Ferri e Shozo
Motoyama, eds., História das ciências no Brasil (São Paulo, 1979), 3 vols., Dantes, Espaços da ciência.

25Andrade, Físicos; Vieira e Videira, “Carried by History;” Ana C. Vimieiro-Gomes, “Science,


Constitutional Medicine and National Bodily Identity in Brazilian Biotypology during the 1930s,” Social
history of medicine 30 (1) (2017): 137-157; Burgos, Ciência na Periferia; Velho e Pessoa Junior, “The
Decision-Making;” Stepan, Beginnings of Brazilian; Motta, As universidades e o regime militar; Freire
Junior e Silva, “Scientific Exchanges;” Kropf and Howell, “War, Medicine and Cultural Diplomacy.”
Magali Sá, Jaime Benchimol, Simone Kropf, Larissa Viana e André F. C da Silva, “Medicina, ciência e
poder: como relações entre França, Alemanha e Brasil no período de 1919 a 1942”, História, Ciências,
Saúde-Manguinhos 16 (2009): 247-261; André F. C. da Silva, “The ‘Scientist-Diplomat’: Henrique da
Rocha Lima and German-Brazilian Relations (1919-1927), Jahrbuch fur Geschichte Lateinamerikas
(1998), 50 (2013): 261-288. Amélia I. Hamburger, Maria A. Dantes, Michel Paty e Patrick Petitjean, org.,
A Ciência nas Relações Brasil-França (1850-1950), (São Paulo, 1996).

26Ivan C. Marques, “A New Look at an Old Devil: The Computer Market Reserve in Brazil,” in György
Széll; Gian P. Cella, eds., The Injustice at Work - Work- Technology - Organization – Society, (Frankfurt
am Main, 2002), 486-505; and “Brazil's Computer Market Reserve: Democracy, Authoritarianism, and
Ruptures,” IEEE Annals of the History of Computing, v. 37, (2015): 64-75. Figueiroa, Good and Peyerl,
History, Exploration & Exploitation. Gildo M. Santos Filho, “Electricity in Brazil” [Part 1 & Part 2].
IEEE Industry Applications Magazine, v. 17/2 & 17/3, (2011): 8-12 & 8-11/69. Francisco A. Queiroz, A
Revolução Microeletrônica: Pioneirismos Brasileiros e Utopias Tecnotrônicas (São Paulo, 2007). Veja
também Marilda Nagamini e Shozo Motoyama, A Engenharia Mecânica na Escola Politécnica da USP e
suas contribuições para a sociedade brasileira (São Paulo, 2014).

27Antonio A. P. Videira e Cassio L. Vieira, Reflexões sobre historiografia e história da Física no Brasil,
(São Paulo, 2010). Olival Freire Junior, The Quantum Dissidents – Rebuilding the Foundations of
Quantum Mechanics (1950-1990) (Berlim, 2015). Clóvis P. da Silva, Aspectos históricos do
desenvolvimento da Pesquisa Matemática no Brasil, (São Paulo, 2009); Ubiratan d'Ambrosio, Uma
história concisa da Matemática no Brasil, (Petrópolis, RJ, 2008); Tatiana Roque, “Les débuts of the
IMPA and the internationalationalization of mathématiques”, Histoire de la recherche contemporaine,
VII, (2018): 138-155; e “De Andronov a Peixoto: uma noção de estabilidade estrutural e as primeiras
motivações da escola brasileira de Sistemas Dinâmicos”, Revista Brasileira de História da Matemática,
7, (2007): 233-246; André L. M. Dias, “Como fundadoras do Instituto de Matemática e Física da
Universidade da Bahia”, História, Ciências, Saúde-Manguinhos, 7 (3), (2001): 653-674; e “O Instituto de
Matemática e Física da Universidade da Bahia: atividades matemáticas (1960-1968)”, História, Ciências,
Saúde-Manguinhos, 15 (4), (2008): 1049-1075. Ricardo Bielschowsky, Pensamento Econômico
Brasileiro - O ciclo ideológico do desenvolvimentismo (Rio de Janeiro, 2004). Veja também a edição
especial, organizada por Carlos E. Martins e L. Filgueiras, dedicada a “Uma teoria marxista de
dependência e os desafios do século XXI”, Caderno CRH, 31, n. 84, (2018).

28 Além dos trabalhos citados anteriormente, incluiria como boa ilustração dessa vasta produção os
seguintes: Gabriel Lopes e André FC da Silva, “O Aedes egípcios e os mosquitos na historiografia:
reflexões e controvérsias”, Tempo e Argumento, 11 , não. 26 (2019): 67 - 113; Hochman, The Sanitation
of Brazil; Gisele Sanglard, Entre os salões e o laboratório: Guilherme Guinle, saúde e ciência no Rio de
Janeiro, 1920-1940 (Rio de Janeiro, 2008); Benchimol e Teixeira, Cobras e lagartos; Luiz A. Teixeira e
Ilana Löwy, “Imperfect tools for a difficult job: Colposcopy, ‘colpocytology’ and screening for cervical
cancer in Brazil,” Social Studies of Science, 41 (2011): 585-608; Luiz Teixeira, Marco A. T. Porto e C. P.
Noronha, O câncer no Brasil: passado e presente, (Rio de Janeiro, 2012); Simone Kropf, Nara Azevedo e
Luiz O. Ferreira, “Biomedical Research and Public Health in Brazil: the case of Chagas’ Disease (1909-
50),” Social History of Medicine, 16, no.1 (2003): 111-129; Azevedo, Oswaldo Cruz; Nísia T. Lima,
“Public Health and Social Ideas in Modern Brazil,” American Journal of Public Health, 97 (2007): 1209-
1215; Tania M. D. Fernandes, Plantas Medicinais: memória da ciência no Brasil (Rio de Janeiro, 2004);
Márcia R. B. Silva, Estratégias de ciência: uma história da Escola Paulista de Medicina (1933-1956)
(Bragança Paulista, 2003); idem, O laboratório e a República: saúde pública, ensino médico e produção
de conhecimento em São Paulo (1891-1933) (Rio de Janeiro, 2014); Marta de Almeida, República dos
Invisíveis: Emílio Ribas, microbiologia e saúde pública em São Paulo. 1898-1917 (Bragança Paulista,
2003); Marcos C. Maio e Ricardo V. Santos, eds., Raça, Ciência e Sociedade (Rio de Janeiro, 1996);
idem, Raça como Questão: História, Ciência e Identidades no Brasil (Rio de Janeiro: Fiocruz, 2010);
Gisele Sanglard, Luiz O. Ferreira, Maria M.L. Freire, Maria R.N. Barreto e Tania S.Pimenta, orgs.,
Filantropos da nação: sociedade, saúde e assistência no Brasil e em Portugal (Rio de Janeiro, 2015); G.
Hochman, NT Lima e Marcos C. Maio, “Paths of Eugenics in Brazil: Dilemmas of Miscegenation,” em
Alison Bashford e Philippa Levine, orgs., The Oxford Handbook of the History of Eugenics (Nova York,
2010), 493-510; Rodrigo C. S. Magalhães, A Erradicação do Aedes aegypti: Febre amarela, Fred Soper
e saúde pública nas Américas (1918-1968) (Rio de Janeiro, 2016). As análises historiográficas sobre essa
produção são Marcos Cueto e Steven Palmer, Medicine and Public Health in Latin America, (Cambridge,
2014); e Luiz A. Teixeira, Tania S. Pimenta e Gilberto Hochman, orgs. História da Saúde no Brasil (São
Paulo, 2018).

29Nara Azevedo, Luiz O. Ferreira, Moema Guedes e BA Cortes, “Institucionalização das Ciências,
Sistema de Gênero e Produção Científica no Brasil (1939-1969)”, História, Ciências, Saúde-Manguinhos,
15 (2008): 43-71 ; Margaret Lopes, org., Gênero, ciências e história [Pagu, vol. 15] (Campinas, 2000);
Regina H. Duarte, Activist Biology: The National Museum, Politics, and Nation Building in Brazil
(Tucson, 2016), e “Environmental Change and Mobilization in Brazil,” Oxford Research Encyclopedia
of Latin American History. 23 Dec. 2019; Acesso em 12 Fev. 2020.
https://oxfordre.com/latinamericanhistory/view/10.1093/acrefore/9780199366439.001.0001/acrefore-
9780199366439-e-844; Sandro D. Silva, Dominichi M. de Sá e Magali R. Sá, orgs. Vastos Sertões:
História e Natureza na Ciência e na Literatura (Rio de Janeiro, 2015). Patrick Petitjean e Heloisa M. B.
Domingues, “Uma redescoberta da Amazônia num projeto da UNESCO: Instituto Internacional da Hiléia
Amazônica”, Estudos Históricos, 14, no.26, (2000): 265-292. José C. B. Santana, Ciência e Arte:
Euclides da Cunha e as Ciências Naturais, (São Paulo, 2001). Moema Vergara, “Ciência e História no
Relatório da Comissão Exploradora do Planalto Central na Primeira República”, História, Ciências,
Saúde-Manguinhos, 13, (2006): 909-926; Christina Barboza, “Ciência e natureza nas expedições
astronômicas para o Brasil (1850-1920)”, Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas,
5 (2010): 273-294; Luis C. B. Crispino e Marcelo C. Lima, “Amazonia Introduced to General Relativity:
The May 29, 1919, Solar Eclipse from a North-Brazilian Point of View,” Physics in Perspective, 18
(2016): 379-394. Ildeu Moreira e Antonio A.P. Videira, eds., Einstein e o Brasil (Rio de Janeiro, 1995).
Alfredo Tolmasquim, Einstein: viajante da relatividade na América do Sul (Rio de Janeiro, 2003);
Margaret Lopes e Irina Podgorny, “The Shaping of Latin American Museums of Natural History, 1850-
1990,” Osiris, 15 (2000): 108-118.

30Sobre Schenberg, ver Mario Schönberg e Amelia I. Hamburger, A.I .: Obra Científica de Mario
Schönberg, [vol. 1, 1936-1948; V. 2., 1949-1987] (São Paulo, 2009 e 2013); José L. Goldfarb, Voar
também é com os homens - O pensamento de Mario Schenberg (São Paulo, 1994); Davide Cenadelli,
“Solving the Giant Stars Problem: Theories of Stellar Evolution from the 1930s to the 1950s,” Archive for
History of Exact Sciences 64 (2010): 203–267. Sobre Mathias, consulte Ana M. Alfonso-Goldfarb,
Márcia HM Ferraz, Maria HR Beltran e Andrea P. dos Santos, eds., Simão Mathias - Cem anos: Química
e História da Química no início do século XXI (São Paulo, 2010). Sobre Chagas Filho e a história da
ciência, Heloisa Domingues, “Carlos Chagas Filho: um articulador da história das ciências no Brasil”,
História, Ciências, Saúde-Manguinhos, 19, n. 2 (2012): 637-651.

Você também pode gostar