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SILVA, João Vitor Campos e; CONCEIÇÃO, Beatriz Souza da; ANCIÃES,

Marina.Uso de florestas secundárias por aves de sub-bosque em uma paisagem


fragmentada na Amazônia central. Acta Amazonica [online]. 2012, v. 42, n. 1
[Acessado 22 Agosto 2022] , pp. 73-80. Disponível em:
<https://doi.org/10.1590/S0044-59672012000100009>. Epub 09 Jan 2012. ISSN
1809-4392. https://doi.org/10.1590/S0044-59672012000100009.

“Uso de florestas secundárias por aves de sub-bosque em uma paisagem


fragmentada na Amazônia central”

David Calazans Pereira

O artigo escrito por João Vitor Campos et al. visou contribuir com a
elucidação da problemática do valor das florestas secundárias, as chamadas
capoeiras ou áreas em regeneração, para espécies florestais de aves de
sub-bosque, para isso foram amostrados dois sítios de pesquisa diferentes, um
referente a área de floresta primária e outro referente a floresta secundária.
O intuito dos autores foi avaliar a utilidade das áreas de capoeira para as
espécies de ave que habitam essa região da Amazônia central, bem como comparar
os comportamentos adotados nessas áreas com os adotados nas áreas de floresta
primária, para que, assim, se descubra se tais aves se comportam da mesma forma
em ambos ambientais, assim caracterizando a possibilidade de haver exploração de
recursos nas áreas de capoeira da mesma forma que nas florestas primárias.
A pesquisa se concentrou na área do Projeto Dinâmica Biológica de
Fragmentos Florestais (PDBFF), localizado a 80 km ao norte da capital
amazonense, tal projeto foi criado na década de 70 com o intuito de pesquisar o
processo de fragmentação de habitats sobre espécies animais e vegetais, esta
gerada pelo corte e pela ação do fogo. Tal região caracteriza-se como uma Floresta
Ombrófila, de topografia ondulada e latossolos arenosos ou argilosos, estes pobres
em nutrientes.
Para a obtenção de dados, os autores realizaram a amostragem de duas
grades de 400 x 400 m, uma na floresta primária e outra na secundária, estas que
ocorreram por meio de 8 campanhas realizadas no decorrer do ano de 2009, cada
grade de amostragem continha 17 pontos amostrais, cada um destes armados com
redes de neblina (mist nets); as redes eram armadas, checadas e fechadas
periodicamente, as aves capturadas foram marcadas, tiveram a faixa etária definida
(quando possível) e foram submetidas a coleta de sangue para realização da
sexagem (esta para espécies que não apresentavam dimorfismo sexual).
Ao final, os autores capturaram 76 espécies de aves nos dois hábitats,
sendo 45 da floresta secundária e 65 na floresta primária, em um esforço amostral
de 10.214,4 horas/redes. De forma geral, observou-se que a utilização das florestas
secundárias são diferentes para cada grupo de espécie, visto que estes dependem
diretamente de determinados recursos e relações interespecíficas para que se
estabeleçam na dada região, logo, algumas espécies capturadas na floresta
primária que se mostraram ausentes na secundária provavelmente evitam as
capoeiras como hábitat e só as utilizam como área de locomoção entre manchas.
Além disso, os autores também destacam a existência de diferenças
estruturais marcantes entre ambos tipos de florestas, porém, que tais diferenças
podem não ser substanciais ao ponto de propiciar a ausência de aves de floresta
primária em capoeiras.
Logo, o artigo em questão avilta a necessidade da preservação das
florestas primárias bem como demonstra o valor ecológico das áreas de capoeira,
demonstrando seu potencial como hábitat e como corredor ecológico, assim
possuindo um papel fundamental no ecossistema da região.

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