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O IMPACTO DA INSUFICIÊNCIA VENOSA

artigo de revisão
CRÔNICA NO DESEMPENHO FUNCIONAL
EM MULHERES
Karla Cavalcante Silva de Morais*
Anna Carolina Nogueira Cardoso Ferreira**

RESUMO
A doença venosa representa para a sociedade contemporâ-
nea grande problema socioeconômico. Este estudo tem co-
mo objetivo investigar as principais queixas das mulheres
que sofrem de insuficiência venosa crônica (IVC) e como os
sintomas da doença podem prejudicar no desempenho fun-
cional, visto que a atividade laboral exige na maioria das ve-
zes a manutenção de posturas estáticas de sedestação ou
ortostase durante períodos prolongados. A pesquisa foi reali-
zada na Clínica de Angiologia Vasculary, situada no municí-
pio de Vitória da Conquista - BA. A análise foi feita através da
aplicação de um questionário sociodemográfico e outro es-
pecialmente desenvolvido e validado para avaliar a qualidade
de vida em paciente portador de doença venosa através da
dimensão física, social e psicológica, abrangendo todos os
fatores relevantes na percepção de saúde dessas mulheres
de acordo com a gravidade clínica da doença. Os resultados
obtidos no presente estudo confirmaram a presença de de-
terminados fatores de risco, especialmente história familiar
com parentesco de 1º grau (63%), duas ou mais gestações
(73%) e manutenção em uma mesma postura por períodos
prolongados (77%). O questionário VEINES-QOL-Sym evi-
denciou uma qualidade de vida insatisfatória de acordo com
o escore total obtido VEINES QOL (50,00) E VEINES Sym
(32,95), além de verificar que a doença provoca um impacto
negativo no desempenho funcional das pacientes, mesmo * Docente do curso de Fisioterapia da
naquelas que estão incluídas na classe de pacientes menos Faculdade Independente do Nordeste
comprometidas de acordo com a classificação CEAP. Con- (FAINOR). Mestranda em Saúde Pública
(FIOCRUZ); Especialista em Saúde
clui-se com este estudo que, a IVC mesmo em seus estágios Coletiva com ênfase em PSF (FAINOR) e
iniciais é capaz de causar algum tipo de limitação e afetar a Especialista em Fisioterapia Traumato-
Ortopédica e Reumatoló-gica. E-mail:
qualidade de vida das mulheres entrevistadas. karlinhakau@hot-mail.com
** Graduanda do curso de Fisioterapia da
Faculdade Independente do Nordeste
Palavras-chave: Sistema Venoso. Insuficiência Venosa Crônica. Quali- (FAI-NOR). E-mail: annacarolfisio@
dade de Vida. Desempenho Funcional. gmail.com

1 INTRODUÇÃO

A insuficiência venosa crônica ção de úlceras graves (CASTRO et al.,


(IVC), é o tipo mais comum de doença 2005). Qualquer um dos compartimentos
venosa e seus sinais e sintomas podem ir do sistema venoso pode ser afetado pela
desde um simples aspecto de veias dila- IVC, e para que ele funcione de maneira
tadas na superfície da pele, até a forma eficaz é importante a integridade das vál-

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vulas e dos músculos propulsores co e úlceras (MEDEIROS; MANSILHA,


(MEDEIROS; MANSILHA, 2014). As veias 2014).
dilatadas, alongadas e tortuosas na pele Entre os fatores que levam ao de-
recebe o nome de varizes e sua principal senvolvimento da doença, o principal é o
causa é o aumento da pressão na parede fator genético, no entanto, o sexo femini-
das veias (DEZOTTI et al., 2009). no, idade, sedentarismo, obesidade, uso
A doença venosa constitui a 14ª de anticoncepcionais, manutenção de
causa de afastamento do trabalho no Bra- posturas estáticas (sentado ou de pé, du-
sil (SOUZA et al., 2011), e apesar de ain- rante períodos prolongados) e gravidez
da não existirem evidências concretas de podem contribuir para o aparecimento ou
que a atividade laboral seja a causa direta piora do quadro clínico da doença
das varizes, muitas situações de trabalho (COSTA et al., 2012).
podem ser consideradas como fatores de Silva (1999) ressalta que a circula-
agravamento da mesma, devido a jorna- ção periférica é profundamente afetada
das de trabalho extenuantes e com pou- pela postura. A contração contínua de
cas pausas para descanso (BERTOLDI; alguns grupos musculares para manter a
PROENÇA, 2008), sendo assim, o apare- postura estática causa fadiga muscular e
cimento de insuficiência valvular venosa por este motivo deve ser evitado e alivia-
nos membros inferiores que resultam em do sempre que possível através de pau-
varizes e sensação de peso nas pernas sas de curta duração e mudanças de po-
pode ser resultado da manutenção da sição (BERENGUER et al., 2011).
postura em pé e imóvel (BERENGUER A doença vascular acomete cerca
et.al., 2011). de 2% a 7% da população mundial provo-
Existem alguns sintomas que ca- cando grande impacto socioeconômico e
racterizam a doença venosa, entre eles prejuízo aos cofres públicos (LEAL et al.,
estão: dores nas pernas com sensação de 2012).O principal motivo que leva o paci-
peso e cansaço e edema, podendo em ente a procurar ajuda médica é o fator
alguns casos causar descamação e san- estético, no entanto o agravamento da
gramento, que, se não forem tratadas po- sintomatologia impulsiona a busca por
dem evoluir para situações mais graves tratamento (MEDEIROS; MANSILHA,
como a IVC, podendo causar dermatite 2014).
ocre, lipodermatoesclerose, edema crôni-

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Por ser um problema aparentemen- causar sérios desconfortos nas mulheres


te estético, a doença venosa ainda é in- devido a sua sintomatologia. Sendo as-
justamente negligenciada, tanto por parte sim, dá-se a importância ao esclarecimen-
do doente, quanto por parte dos médicos to sobre a insuficiência venosa e suas
não especialistas e médicos que realizam consequências através da compreensão
a perícia da Previdência Social de doença crônica e não somente pelo
(BERTOLDI; PROENÇA, 2008). incômodo estético, identificando os fatores
Tendo em vista que, as complica- agravantes da mesma e de que forma ela
ções da doença pode causar dor crônica pode prejudicar o desempenho funcional
e perda da capacidade de trabalhar e e consequentemente a qualidade de vida,
consequentemente afetar a qualidade de é importante verificar como é possível mi-
vida, podendo trazer grandes repercus- nimizar os sintomas através da conscien-
sões a nível socioeconômico, faz-se ne- tização da necessidade da busca por mu-
cessário um diagnóstico preciso e ade- danças de hábito durante a realização das
quado para conduzir a melhor estratégia atividades de vida diária, seja em casa ou
terapêutica específica para cada caso no trabalho.
(MEDEIROS; MANSILHA, 2014). Portanto este trabalho terá como
É de fundamental importância ana- objetivo geral analisar a relação entre a
lisar a qualidade de vida na avaliação do IVC e o declínio da capacidade funcional
impacto das doenças crônicas na vida dos em mulheres atendidas na clínica de an-
indivíduos, sendo que, apenas os resulta- giologia Vasculary situada no município
dos clínicos não são capazes de avaliar o de Vitória da Conquista – BA. Este será
impacto que a doença causa em suas vi- atingido a partir dos seguintes objetivos
das, pois além de causar incapacidade e específicos:
constrangimento também representa um a) Identificação das manifesta-
grande problema socioeconômico na so- ções clínicas da doença;
ciedade contemporânea (MOURA et al., b) Análise da influência da in-
2010). tensidade da dor e dos fatores de ris-
Berenguer et al. (2011), assegura co;
que o sexo feminino possui predisposição c) Relação entre os sintomas
para o desenvolvimento de insuficiência com as limitações do desempenho
venosa, que a depender do seu tipo, pode funcional em mulheres.

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2 METODOLOGIA nipula e proporciona uma nova visão do


problema (GIL, 1999).
2.1 TIPO DE ESTUDO
2.2 LOCAL DA PESQUISA
Trata-se de um estudo epidemioló-
gico de natureza quantitativa e qualitativa, A pesquisa foi realizada, na clínica
analítico com corte transversal para a se- de angiologia VASCULARY, situada no
leção dos voluntários. O trabalho de cam- Centro Médico Altamirando da Costa Li-
po, em síntese, é fruto de um momento ma- Av. Otávio Santos, 395 – 4º andar –
relacional e prático: as inquietações que Salas 401 e 402 – Bairro Recreio, na ci-
nos levam ao desenvolvimento de uma dade de Vitória da Conquista - BA.
pesquisa nascem no universo do cotidia-
no (MINAYO, 2002). 2.3 SELEÇÃO DA AMOSTRA
Segundo Gil (1999), os estudos
quantitativos tem a finalidade de investi- A amostra foi selecionada através
gar as características de fenômenos ou dos critérios de inclusão e exclusão que
fatos através da coleta de dados com utili- são:
zação de técnicas como formulários, a) Critérios de Inclusão: Pacientes do
questionários, etc. empregam procedi- sexo feminino, com idade entre 20
mento de amostragem. e 70 anos, que possuem diagnósti-
Os estudos transversais são utili- co de doença venosa e que se en-
zados para descrever as características contravam na recepção da clínica
pessoais de indivíduos de uma população em questão aguardando atendi-
de acordo com fatores causais suspeitos mento.
a que estão ou estiveram expostos em b) Critérios de Exclusão: Pacientes
determinado momento (VIEIRAS; que não aceitarem participar da
HOSSNE, 2011). pesquisa, que não estiverem pre-
Quanto aos objetivos essa pesqui- sentes no momento da coleta de
sa se classifica como descritiva e explora- dados e que possuam patologia ar-
tória, pois o pesquisador estuda os fenô- terial e/ou linfática associada.
menos do mundo físico, mas não os ma-

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2.4 INSTRUMENTOS PARA COLETA DE algumas versões que foram submetidas à


DADOS análise por um comitê de profissionais da
área e pesquisadores com domínio no
Inicialmente foram coletados os assunto, além de um tradutor experiente
dados demográficos juntamente com para revisar todos os procedimentos. A-
questionário de perguntas que avaliam os pós a submissão ao comitê de profissio-
fatores de riscos a que estão expostas nais para revisão dos procedimentos fo-
essas pacientes, este questionário foi de- ram necessárias algumas mudanças em
senvolvido pela entrevistadora após análi- alguns termos para facilitar o entendimen-
se em artigos citados nas referências bi- to por parte dos pacientes e adaptar aos
bliográficas sobre o assunto, incluindo costumes da população brasileira. É um
perguntas como: idade, casos de doença instrumento de fácil entendimento, autoa-
venosa na família, número de gestações, plicável que consta de 26 questionamen-
prática de atividade física, profissão, per- tos que abrangem 3 dimensões: física,
manência em uma mesma postura por social e psicológica. A avaliação dos sin-
longos períodos, uso de roupas muito a- tomas, impacto nas atividades da vida
pertadas, uso de salto alto no dia a dia, diária e psicológico será feito com base
entre outras (APÊNDICE A). nas últimas 4 semanas (MOURA et al.,
Após a coleta dos dados demográ- 2011).
ficos e que avaliam os fatores de risco e a Em seguida, para avaliar as mani-
coleta dos dados clínicos, as pacientes festações clínicas da doença venosa, o
responderam ao questionário Venous In- médico especialista responsável pala clí-
sufficiency Epidelilogical and Economic nica, através de inspeção visual dos
Study-,Quality of LifeSimptom (VEINES membros inferiores os classificou de a-
QOL-SYm) (ANEXO B). Este questionário cordo com a gravidade da doença venosa
avalia a influência da dor e duração dos através da classificação clínica proposta
sintomas e de que forma podem prejudi- em 1995 para medir a mudança da seve-
car no desempenho de suas atividades da ridade da doença: Clinical Manifestations
vida diária e consequentemente sua qua- Etiologic Factiores, Anatomic Distribuitions
lidade de vida. O VEINES QOL-SYM ori- of disease, Phatofhysiologic Findings.
ginal está na versão inglesa, e após ser (CEAP), baseada na clínica, etiologia, a-
traduzido para o português deu origem a natomia e fisiopatologia envolvidas com a

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doença. Este estudo irá ater-se apenas a mo garantia às questões éticas e bioéti-
classificação clínica (Anexo A). De acordo cas.
com essa classificação, os sinais clínicos
são divididos em 7 classes, sendo: C0; 2.6 COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA
sinais de doença venosa não visíveis e
não palpáveis; C1 - telangectasias ou vei- Esta pesquisa foi previamente
as reticulares; C2 - veias varicosas;C3 - submetida ao comitê de ética (CEP) da
edema; C4 - alterações da pele e do teci- Plataforma Brasil pelo parecer de número
do subcutâneo decorrente da doença ve- 823.644, CAAE 35119414.9.0000.5578 e
nosa ( 4a- hiperpigmentação ou eczema; tendo sido aprovada obteve autorização
4b lipodermatoesclerose ou atrofia branca da instituição para dar início a coleta de
) C5 alterações da pele com úlcera cicatri- dados. Todas as pacientes foram infor-
zada; C6 - alterações de pele com úlcera madas sobre os objetivos da pesquisa e
ativa (COSTA et al., 2012). assinaram o termo de consentimento livre
e esclarecido de acordo com o Comitê de
2.5 PROCEDIMENTOS ética em Pesquisa (CEP), com seres hu-
manos conforme resolução 466/12 do
Foram efetuadas visitas prévias Conselho Nacional de Saúde (CONEP)
com os diretores da clínica VASCULARY para que os dados pudessem ser utiliza-
em Vitória da Conquista - BA para obten- dos e os resultados divulgados.
ção da permissão para a realização da
pesquisa, logo após o envio prévio do pe- 2.7 ANÁLISE DE DADOS
dido de autorização para a coleta de da-
Os dados coletados foram lança-
dos (ANEXO D).
dos e organizados em planilha EXCEL.
Foi explicado às participantes os
Foi realizada a análise descritiva através
objetivos do estudo e a confidencialidade
de média, desvio padrão e valor mínimo e
dos dados, mantendo o sigilo e anonima-
máximo.
to. Após foi aplicado o termo de consenti-
mento livre e esclarecido (ANEXO E), on-
de o pesquisador se compromete a man-
ter o sigilo da identidade do paciente co-

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O Impacto da insuficiência venosa crônica no desempenho funcional em mulheres

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Tabela 1 – Dados Sociodemográficos

A doença venosa crônica (DVC) é


definida como uma disfunção no sistema
venoso dos membros inferiores que ocor-
re como consequência de hipertensão
venosa, devido a incompetência valvular,
obstrução ao fluxo venoso, ou ambos, e
se destaca entre as doenças crônicas que
atingem a população adulta (MOURA
et al., 2011).
A amostra dessa pesquisa foi com-
posta de 30 voluntárias, todas do sexo
feminino com média de idade de 50,23
anos (TABELA 1), o que corrobora com o
estudo de Souza et al. (2011), que verifi-
cou que houve predomínio do sexo femi-
nino e de pacientes entre 50 e 60 anos.
A Tabela 1 mostra os resultados
dos dados sócio demográficos, que avalia
idade, estado civil, etnia, escolaridade e
profissão.
Em relação ao estado civil, o que
prevaleceu foi o de mulheres casadas
(60%), quanto a etnia, a prevalência foi de
mulheres pardas (67%), em relação ao
nível de escolaridade houve predomínio
do ensino médio completo (47%) e quanto Fonte: Dados da Pesquisa

a profissão a que prevaleceu foi a profis- Quanto ao nível de escolaridade, o


são de doméstica (29%). presente estudo discorda do estudo de
Costa et al. (2012) onde foi verificado pre-

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valência de baixo nível de escolaridade e cia para níveis normais variam entre (18,5
baixa renda econômica, o que poderia e 24,9)
interferir na compreensão da doença e Foi perguntado as pacientes se e-
nos cuidados com a mesma. Este mesmo las possuíam outro problema de saúde
estudo verificou que atividades que exi- que não a IVC. Entre as patologias ques-
gem do indivíduo permanecer por longos tionadas incluía hipertensão, diabetes,
períodos em uma mesma postura (de pé linfedema, cardiopatias entre outros. Em
ou sentado) contribuem significativamente relação à outras patologias, 57% das par-
para desenvolvimento e manutenção da ticipantes referiram que possuíam, sendo
doença venosa crônica, principalmente que 34% eram hipertensas, 6% diabéticas
em indivíduos com jornada dupla de tra- e 17% outras patologias que não foram
balho. questionadas no estudo. Dessas pacien-
Quanto à profissão houve preva- tes que confirmaram possuir outra patolo-
lência da profissão de doméstica (27%), gia associada 60% relataram fazer uso de
seguida de comerciante (13%), funcioná- medicamentos. O fato de a maioria das
ria pública (10%), caixa (7%), empreen- mulheres possuírem outras patologias
dedora (7%) e professora (6%). Corrobo- associadas talvez possa interferir na aten-
rando com Costa et al. (2012), todas as ção que elas dão no cuidado com o pro-
atividades acima citadas, requer das tra- blema venoso, se considerar o outro pro-
balhadoras a permanência prolongada em blema de saúde como sendo mais impor-
ortostatismo ou sedestação. tante.
A tabela 2 mostra os dados clínicos Ao serem questionadas quanto a
onde foram feitas perguntas sobre peso e presença de doença venosa na família
altura para cálculo de índice de massa 63% disseram que sim e destas, 63% e-
corpórea (IMC), doenças associadas, uso ram através de parentesco de primeiro
de medicamentos, história de DVC na fa- grau. Tanto a obesidade, quanto a heredi-
mília, etc. O IMC é o índice recomendado tariedade tem sido apontadas como po-
para a medida de obesidade em nível po- tenciais fatores de risco para o desenvol-
pulacional e na prática clínica, e o resul- vimento ou manutenção da IVC.
tado revelou que a média das participan- Quanto ao tempo de diagnóstico,
tes foi de 26,60, o que indica o início de 68% das pacientes tomaram conhecimen-
sobrepeso, já que os valores de referên- to do mesmo há mais de três anos, 20%

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há menos de um ano, 6% há um ano e Quanto a realização de cirurgia,


6% há dois anos. Esses números não sig- 50% das pacientes já passaram por pro-
nificam que as mulheres estão se tratando cedimento cirúrgico para corrigir ou mini-
periodicamente desde a descoberta do mizar a IVC e 50% nunca realizaram ci-
diagnóstico. rurgia corretiva. Souza et al. (2011) cita
Saliba et al. (2007) cita que o sexo que a correção cirúrgica da insuficiência
feminino, a idade e o número de gesta- venosa superficial melhora funcionalmen-
ções são fatores importantes para o de- te o sistema venoso profundo melhorando
senvolvimento da doença venosa, já que a clínica desses pacientes.
a gravidez aumenta a produção de hor-
Tabela 2- Dados Clínicos
mônio e a quantidade de sangue circulan-
te no corpo podendo causar sobrecarga
das veias, o presente estudo corrobora
com esta afirmação, já que, 90% das pa-
cientes relataram gestações, sendo que
destas 17% tiveram uma gestação, 23%
duas gestações, 33% três gestações,
17% quatro ou mais gestações e apenas
10% relataram nunca antes haver estado
grávida.
O uso de anticoncepcional também
tem sido apontado como um importante
fator de risco para o desenvolvimento de
IVC, porém o presente estudo evidenciou
que apenas 3% das participantes da pes-
quisa fazia uso do mesmo. É provável que
o não uso deste recurso esteja relaciona-
do com a média de faixa etária das paci-
entes sendo um recurso dispensável para
essa população, porém não descarta a
possibilidade dessas pacientes terem u-
sado anticoncepcional no passado. Fonte: Dados da Pesquisa

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A tabela 3 mostra os dados refe- Os resultados mostraram que 94%


rentes ao estilo de vida das pacientes, das pacientes não eram tabagistas, corro-
ainda avaliando alguns fatores de risco, borando com o estudo de Santos (2003)
onde foi questionado se a participante é onde das 55,9% pacientes do sexo femi-
tabagista, se realiza atividade física, se nino participantes da pesquisa, 41,6%
faz uso de salto e roupas apertadas, se eram não fumantes.
tem constipação, fica muito tempo na Quanto aos dados referentes a ati-
mesma postura e por quanto tempo e vidade física, 67% das mulheres praticam
perguntas relacionadas aos sintomas co- exercícios. Belczak et al. (2007) concluí-
mo inchaço, se precisou se afastar do tra- ram em seu estudo que a IVC está asso-
balho, se usa meias de compressão e por ciada com a redução da mobilidade da
último foi perguntado se o aspecto dos articulação do tornozelo, uma vez que a
vasos e varizes as incomodam. dor intensa pode causar rigidez dessa
articulação que pode se intensificar e se
Tabela 3 - Dados de estilo de vida
tornar mais evidente conforme a progres-
são clínica da doença. O fato de a maior
parte das pacientes serem ativas pode
estar relacionado com o menor índice de
gravidade da IVC neste estudo, o que re-
força a importância da prática de exercí-
cios.
Silva e Nahas (2004) analisaram
em seu estudo que as mulheres insufici-
entemente ativas apresentam 93% menos
chance de apresentarem um nível positivo
de qualidade de vida relacionada à saúde.
Ao serem questionadas quanto ao
uso de salto, 80% das mulheres respon-
deram que não faziam uso de salto no dia
a dia. Segundo estudo de Tedeschi et al.
(2007) o uso do salto alto diminui a função
Fonte: Dados da Pesquisa
da bomba muscular da panturrilha, e seu

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O Impacto da insuficiência venosa crônica no desempenho funcional em mulheres

uso contínuo pode provocar hipertensão Para Lida (1997) O trabalho estáti-
venosa nos membros inferiores podendo co é aquele que exige contração contínua
ser uma situação que contribua para a de alguns grupamentos musculares para
evolução da doença de menor para maior manutenção da postura, é altamente fati-
gravidade, no entanto, não foi perguntado gante e deve sempre que possível ser
no presente estudo, se as pacientes não evitado ou aliviado através de mudanças
gostam de usar salto, ou se deixaram de de posturas ou pausas de curta duração.
usá-lo após os problemas nos membros Os resultados obtidos no estudo
inferiores. de Berenguer et al. (2011) sugerem que a
Com relação às vestimentas 77% permanência na postura ortostática pode
das participantes responderam que não ter influência no desencadeamento e ou
usavam roupas apertadas, discordando agravamento nos sinais e sintomas refe-
do estudo de Bertoldi e Proença (2008) rentes aos transtornos circulatórios dos
que observaram em seu estudo que os membros inferiores, sugerindo aos postos
participantes faziam uso de roupas e cal- de trabalho o fornecimento de equipamen-
çados constritivos e considera que o uso tos de proteção individuais (EPIs) como
de vestimenta justa pode prejudicar o flu- meias de compressão elástica, além de
xo sanguíneo e linfático. um melhor aprofundamento do tema no
A prisão de ventre também tem si- intuito de estabelecer um protocolo de
do apontada como provável fator de risco prevenção e tratamento das doenças ve-
para desenvolvimento da doença venosa, nosas em relação as atividades laborais
visto que a força imposta para evacuar nos postos de trabalho que exigem manu-
gera um aumento da pressão abdominal, tenção da postura mantida.
50% das participantes tinham prisão de Quanto ao inchaço na perna, 94%
ventre, porém não foram encontrados re- das mulheres que participaram da pesqui-
sultados na literatura referente a esse da- sa sentem esse sintoma ao longo do dia,
do. porém apenas 40% delas fazem uso de
Quanto a postura, 77% permaneci- meias compressivas para minimizar esse
am por muito tempo em uma mesma pos- sintoma. Segundo França et al.(2003), a
tura e destas 6% em torno de uma hora, compressão elástica atua diminuindo o
14% em torno de duas horas e 57% por diâmetro do vaso e aproximando os folhe-
três horas ou mais. tos das válvulas, atenuando ou suprimin-

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do o refluxo, assim diminui a pressão ve- de dores nas pernas e nos pés, o que po-
nosa e aumenta a velocidade do fluxo de potencializar outros elementos que
sanguíneo venoso, podendo gerar regres- favorecem a doença venosa.
são parcial das alterações da parede ve-
Tabela 4 – Dados referente a Dor
nosa.
Com relação ao trabalho, 37% das
participantes já precisaram se afastar do
trabalho por causa do problema e 83%
relataram se sentirem incomodadas com o
aspecto das varizes.
A tabela 4 indica os dados referen-
te a dor, onde 87% das participantes rela-
taram sentir dores nas pernas. A intensi-
dade da dor foi classificada de forma sub-
jetiva considerando a escala visual analó-
gica (EVA), que consiste numa reta de 10
cm, onde nas extremidades constam as Fonte: Dados da Pesquisa

palavras sem dor e pior dor imaginável,


A tabela 5 demonstra a classifica-
que gradua a dor desde 0 que indica a
ção clínica CEAP, que classifica a IVC
ausência total de dor, até 10, que indica
quanto aos aspectos clínicos desde 0 que
um nível de dor máxima suportável pelo
é a ausência de sinais de IVC, até 6, que
paciente (PIMENTA; TEIXEIRA, 1996). A
indica a presença de úlcera ativa. Houve
média das pacientes desta pesquisa foi
prevalência da classificação 3 do CEAP
de 4,8, sendo considerada uma dor mode-
(40%), que indica a presença de edema,
rada. Quanto ao aspecto que piora a dor
seguida da classificação 2 (37%), que re-
77% relataram que o fator de piora é per-
presenta a presença de veias varicosas,
manecer por muito tempo de pé, 10% ficar
CEAP 4 (13%) que indica alterações da
sentada e 3% usar salto. Berenguer et al.
pele e do tecido subcutâneo, CEAP 1
(2011) cita em seu estudo que a manu-
(6%) telangiectasias e CEAP 5 (4%) úlce-
tenção da postura em pé em até metade
ra cicatrizada. Não houve presença de
do tempo da carga horária de trabalho é
CEAP 0 e 6. A classificação internacional
suficiente para causar sintomas regulares

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O Impacto da insuficiência venosa crônica no desempenho funcional em mulheres

da CEAP tem sido muito utilizada para É possível observar que a maior
definir a gravidade clínica da doença atra- parte das pacientes (83,3%) pertence ao
vés da inspeção visual. O estudo de grupo das pacientes menos comprometi-
Moura et al. (2010) e de Costa et al. das, o que teoricamente nos remete o en-
(2012) evidenciou associação negativa e tendimento de que essas mulheres não
significativa entre qualidade de vida e a tenham um impacto tão significativo no
classificação da CEAP. desempenho funcional. Para essa avalia-
ção, foram analisadas de forma isolada as
Tabela 5 - Classificação CEAP
perguntas referentes a funcionalidade que
estão contidas no questionário VEINES .
Segundo Battistella e Brito (2001), o termo
funcionalidade é utilizado nos dias de hoje
como forma de substituir antigos termos
como, incapacidade, deficiência, invalidez
entre outros, sendo que, o estado funcio-
Fonte: Dados da Pesquisa
nal aborda as perdas referentes às doen-
Para análise do desempenho fun- ças, especialmente no perfil da funcionali-
cional das pacientes desse estudo, será dade sobre a capacidade do indivíduo
feita uma divisão da classe CEAP. As pa- interagir com si mesmo, com o trabalho,
cientes que pertencem à classe Ceap (1, com a família e com a sociedade.
2 e 3) serão consideradas menos com- A tabela 7 e 8 mostram os dados
prometidas e as pacientes da classe (4, 5 referentes a possíveis limitações na reali-
e 6) serão classificadas como mais com- zação das atividades no trabalho e em
prometidas. A tabela 6 mostra essa divi- casa além do relato das pacientes de co-
são. mo está seu problema na perna no perío-
do de um ano atrás até o presente mo-
Tabela 6 - Dados referentes ao comprometimento
de acordo com a classe CEAP mento.
Classificação CEAP
N %
Menos comprometidos 25 83.3

Mais comprometidos 5 16.7

Total 30 100.0

Fonte: Dados da Pesquisa

InterScientia, João Pessoa, v.2, n.3, p.29-47, set./dez. 2014 41


Karla Cavalcante Silva de Morais, Anna Carolina Nogueira Cardoso Ferreira

Tabela 7 – Dados referentes a atividades no dia a siderarmos o tamanho da amostra, 43%


dia e no trabalho (retiradas do VEINES).
das pacientes disseram não serem limita-
das em nenhum aspecto e 17% do total
das pacientes entrevistadas não traba-
lham e deixaram de responder esse item.
Em relação às atividades diárias
em casa, 50% das pacientes disseram
sofrer limitações, sendo que destas 30%
são pouco limitadas e 20% muito limita-
das, o que mais uma vez pode indicar um
alto índice de limitação, visto que a maio-
ria das pacientes entrevistadas estão con-
tidas na classe de pacientes menos com-
prometidas em relação a classificação
clínica CEAP.
Quando questionadas quanto limi-
tações quando participam de atividades
que ficam em pé ou assentada por longos
períodos, foi possível observar que 60%
das pacientes tiveram limitações, destas
30% relataram pouca limitação e 30% dis-
seram ser muito limitadas quando partici-
pam de atividades que exijam permanecer
Fonte: Dados da Pesquisa por muito tempo em pé. Das atividades
que exigem permanecer sentadas 20%
Ao serem questionadas quanto as
disseram que limita muito, 37% limita um
atividades diárias no trabalho, 23% das
pouco e 43 % não limita nada.
pacientes disseram que sofrem limitações
A tabela 8 mostra os dados da
para a realização de suas atividades labo-
classificação do problema de um ano a-
rais, respondendo que estas limitam muito
trás até o presente momento e dados so-
e 17% que limita pouco. Esse pode ser
bre o desempenho para a realização das
um número bastante expressivo, se con-

42 InterScientia, João Pessoa, v.2, n.3, p.29-47, set./dez. 2014


O Impacto da insuficiência venosa crônica no desempenho funcional em mulheres

atividades no trabalho e em outras ativi- está da mesma forma, 23% está um pou-
dades. co pior e 20% muito pior agora do que há
Tabela 8 – Dados referente a situação da IVC de um ano atrás. Das pacientes que disse-
hoje há um ano atrás e ao desempenho no traba-
lho e em outras atividades (retirada do VEINES) ram estar muito melhor atualmente, gran-
de parte foi devido a realização de cirurgia
ou escleroterapia, mais uma vez confir-
mando o estudo de SOUZA et al.(2011),
que diz que a correção cirúrgica melhora
funcionalmente o sistema venoso. Já as
pacientes que relataram estar muito pior
hoje está associado a negligência da evo-
lução da doença, confirmando que a bus-
ca por tratamento se dá na maioria das
vezes quando os sintomas pioram.
Quanto a quantidade de tempo
gasto no trabalho ou em outras ativida-
des, e se precisou realizar menos ativida-
des do que gostaria, 40% das pacientes
reduziram o tempo e realizaram menos
atividades, enquanto 60% das participan-
tes não tiveram este problema.
Quando perguntadas se foram limi-
tadas no tipo de trabalho, 37% das paci-
entes disseram que sim e 63% disseram

Fonte: Dados da Pesquisa que não e com relação a dificuldade no


desempenho no trabalho e em outras ati-
Quando questionadas quanto como
vidades 50% das participantes responde-
está o problema de um ano atrás até a
ram que sim.
data da entrevista 23% das participantes
Ao fazer a análise das perguntas
disseram que está muito melhor hoje do
sobre funcionalidade do questionário
que há um ano atrás, 17% disseram que
VEINES-QOL/Sym, de forma isolada para
está um pouco melhor, 17% disseram que
verificar o impacto da doença venosa no

InterScientia, João Pessoa, v.2, n.3, p.29-47, set./dez. 2014 43


Karla Cavalcante Silva de Morais, Anna Carolina Nogueira Cardoso Ferreira

desempenho funcional nas mulheres par- mais intensa, sendo considerada uma
ticipantes desta pesquisa, é possível de- questão meramente descritiva. Escores
duzir que, mesmo que a maioria das mu- mais altos indicam melhor percepção da
lheres sendo classificadas neste estudo qualidade de vida.
na classe de pacientes menos comprome- O escore obtido neste estudo está
tidas (de acordo com a classificação CE- demonstrado no quadro abaixo, sendo um
AP) a doença causa um grande impacto indicativo de QDV não satisfatório consi-
funcional, visto que um número expressi- derando uma escala de 0 a 100.
vo dessas pacientes, considerando o ta-
Quadro 1-Escore VEINES-QOL e SYM
manho da amostra, possuem algum tipo Escore VEINES-QOL = 50,00
Escore VEINES-SYM = 32,95
de limitação, seja ela para atividades do
Fonte: Dados da Pesquisa
trabalho ou atividades do dia a dia, desta
Ainda em relação ao questionário
forma as comparações aqui mostradas
VEINES, a questão 2 mostra os dados
podem representar um fator de risco para
relacionado com o momento do dia em
quadros de piora, visto que, se conside-
que a dor é mais intensa, e não faz parte
rarmos a evolução natural da doença, es-
da contabilização dos pontos para a ob-
pecialmente em casos de tratamento ne-
tenção do escore do questionário, porém
gligenciado, essas limitações tendem a se
fornece informação importante para en-
tornar mais graves afetando ainda mais o
tendimento dos fatores que podem levar a
desempenho funcional e a qualidade de
maior parte das mulheres sentirem pioras
vida dessas pacientes.
dos sintomas neste momento do dia.
Quanto a qualidade de vida das
participantes, foi analisado o escore total Quadro 2- Dores durante o dia
N %
obtido pelo questionário VEINES- Ao final do dia 26 86,7
Durante a noite 3 10,0
QOL/Sym, este instrumento produz dois A qualquer momento do
1 3,3
dia
escores, o primeiro diz respeito ao impac- Total 30 100,0
Fonte: Dados da Pesquisa
to da doença venosa na qualidade de vida
(VEINES QOL, questões 1,3,4,5,6,7,8) o De acordo com as respostas do
segundo está relacionado aos sintomas questionário, 86,7% das pacientes relata-
que a doença causa (VEINES Sym, ques- ram que a dor é pior no final do dia, o que
tões 1 e 7). A questão 2 está relacionada deduz que a dor está associada ao fim da
com o momento do dia em que a dor é jornada de trabalho após um dia exaustivo
44 InterScientia, João Pessoa, v.2, n.3, p.29-47, set./dez. 2014
O Impacto da insuficiência venosa crônica no desempenho funcional em mulheres

da manutenção de posturas mantidas, informação sobre o diagnóstico associado


seja ela sentada ou de pé, o que dificulta às informações sobre o impacto negativo
o retorno venoso e piora a sintomatologia. que a doença pode causar na funcionali-
dade do indivíduo é de fundamental im-
5 CONCLUSÃO portância, pois além de nos permitir ter
uma noção do estado de saúde do indiví-
O presente estudo evidenciou que duo, também facilita a decisão sobre o
a insuficiência venosa crônica, mesmo em tipo de intervenção e quais medidas pre-
seus estágios iniciais é capaz de causar ventivas serão eficazes para cada ca-
limitações funcionais e afetar a qualidade so.Visando contribuir com a população
de vida dos portadores devido a sua sin- conquistense e a sociedade acadêmica,
tomatologia, sendo assim, a partir dos faz-se necessário novos estudos que a-
resultados obtidos, é possível verificar que bordem o tema proposto.

ABSTRACT
Venous disease accounts for the vast contemporary society socioeconomic prob-
lem. This study aims to investigate the main complaints of women suffering from
chronic venous insufficiency (CVI) and how the symptoms can impair functional
performance, since the work activity requires mostly maintaining static postures or
sitting position orthostasis for prolonged periods. The research was conducted at
the Clinic of Angiology Vasculary, located in Vitória da Conquista - BA. The analy-
sis was done by applying a sociodemographic questionnaire and other specially
developed and validated to assess quality of life in patients with venous disease
through physical, social and psychological dimension, covering all relevant factors
in the perception of health of these women according to the clinical severity of the
disease. The results obtained in this study confirmed the presence of certain risk
factors , especially family history kinship with 1st degree (63%), two or more preg-
nancies (73%) and in maintaining the same posture for prolonged periods (77%).
The questionnaire VEINES -QOL - Sym showed an unsatisfactory quality of life
according to the total score obtained VEINES QOL (50,00 ) And VEINES Sym (
32,95 ) , and verify that the disease causes a negative impact on the functional
performance of patients , even those who are classed as less committed patients
according to the CEAP classification. It is concluded from this study that the IVC
even in its early stages can cause some limitations and affect the quality of life of
the women interviewed.

Keywords: Venous System. Chronic Venous Insufficiency. Quality Of Life. Functional Perfor-
mance.

Recebido em: 22/10/2014 Aceito em: 11/11/2014

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Karla Cavalcante Silva de Morais, Anna Carolina Nogueira Cardoso Ferreira

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