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O envelhecimento populacional ocorre de forma acelerada no brasil em que

um novo perfil epidemiológico de demandas à sociedade é imposto em escala global


pela transição demográfica; existindo implicações no desempenho físico e risco de
doenças crônicas com a idade avançada (SACANTBELRUY, KAELLEN ALMEIDA, et al.,
2023). A sarcopenia é um distúrbio que se destaca pela redução desproporcional de
músculos e capacidade física à medida que se envelhece. Esse quadro está
relacionado com limitações físicas, riscos de morte, altos gastos com saúde e
impacto significativo na qualidade de vida (Shaw, SC et al., 2017). A partir de 2016,
a sarcopenia passou a ser oficialmente reconhecida como uma condição pela
Classificação Internacional de Doenças, com modificações clínicas (Cao, Li et al.,
2016).
Atualmente, a prevalência estimada de sarcopenia em adultos com 60 anos
ou mais é 11% em homens e 9% em mulheres que vivem na comunidade, enquanto
chega a 23% em homens e 24% em mulheres hospitalizadas (CONNOLL et al.,
2021). Por se tratar de uma condição fisiológica, a sarcopenia é categorizada em
duas categorias: primária e secundária. A sarcopenia primária é a perda de massa
muscular e força causada pelo envelhecimento normal, sendo influenciada,
sobretudo, por fatores genéticos, hormonais e metabólicos. Assim também, a
sarcopenia secundária está ligada a outras condições de saúde, como doenças
crônicas, sedentarismo, desnutrição e uso de certos medicamentos, que podem
acelerar a perda de massa muscular e diminuir a força (CRUZ-JENTOFT et al.,
2019).

De acordo com Cruz-Jentoft et al. (2019), há três classificações para a


sarcopenia: pré-sarcopenia, sarcopenia e sarcopenia grave. A perda de massa
muscular sem afetar a força é caracterizada pela perda de massa muscular. A
sarcopenia é a diminuição da massa muscular associada à diminuição da força
muscular. A classificação grave é caracterizada por uma diminuição significativa da
massa e da força muscular, resultando em maior fragilidade e risco de quedas.
Dentre disso, a relação entre sarcopenia e saúde oral tem sido cada vez mais
estudada e compreendida pela comunidade cientifica e também associada a uma
série de fatores, incluindo a qualidade de vida oral dos idosos.

Uma das possíveis explicações para essa relação é o efeito da saúde oral na
nutrição e na ingestão de alimentos. Acompanhamentos dentários, como cáries,
gengivite e perda de dentes, podem inibir a mastigação e a deglutição, resultando
em uma diminuição da ingestão de alimentos e, consequentemente, na diminuição
de nutrientes cruciais para a manutenção da massa muscular (SIRE, ALESSANDRO
et al., 2022). O primeiro caminho considerado é o impacto da saúde bucal na
nutrição: idosos com menos dentes tendem a consumir alimentos processados,
aumentando o risco de nutrição inadequada. Além disso, a diminuição do número de
dentes afeta a qualidade de vida relacionada à saúde bucal e a presença de
múltiplas doenças de boca, aumentando o risco de desenvolvimento de outras
condições crônicas, como doenças metabólicas e diabetes. (DIBELLO, VITTORIO et
al. 2023).

Estudos têm demonstrado uma associação entre sarcopenia e condições


bucais adversas, como a perda de dentes, diminuição da salivação e mucosa oral
seca (KUGIMIYA, YOSHIHIRO et al. 2022). Além disso, a presença de bactérias na
cavidade oral, causadoras de doenças periodontais, pode desencadear processos
inflamatórios que contribuem para a perda de massa muscular em idosos, pois essa
inflamação crônica pode levar a uma maior produção de citocinas pró-inflamatórias,
que interferem na síntese de proteínas e no funcionamento adequado das células
musculares com perda de peso corporal e depletação da musculatura esquelética
(HATTA, KODAI; IKEBE, KAZUNORI, 2021).
Nesse contexto, essas interrelaçoes são multi dimensionais e
complexas, sendo imprescindível limitar nossa compreensão, somente nas
limitações físicas, mais também sendo necessário levar em conta elementos
contextuais como raça, a privação da vizinhança e o acesso aos cuidados de
saúde oral e, recursos que são determinantes sociodemograficos
subjacentes a saúde que, provavelmente, influenciam o grau dos efeitos
sinérgico dos idosos na hipofunção oral e disfagia (ROBSON, RAELE et al.,
2023). Estratégias de intervenção, como exercícios de resistência muscular,
suplementação de proteínas, cálcio e programas de saúde oral preventivos,
podem ajudar a minimizar os efeitos negativos dessas condições. Para mais,
uma abordagem multidisciplinar que envolva profissionais de saúde, incluindo
médicos, dentistas, nutricionistas e fisioterapeutas, é essencial para fornecer
cuidados abrangentes e integrados aos idosos (KANDELMAN ; PETERSEN;
UEDA, 2008).
com base na literatura atual, são poucos estudos de associação se
relacionando aos idosos com sarcopenia e suas classificações, em relação a
saúde oral na qualidade de vida dessa faixa etária. Dessa forma, é
fundamental uma abordagem integrada entre a qualidade de vida oral e a
sarcopenia para promover o envelhecimento saudável e prevenir
complicações que possam surgir a partir dessas condições. Logo, a relação
do paciente com sarcopenia e suas manifestações, em relação as
características bucais permanece mal investigadas, principalmente no
ambiente da comunidade, podendo contribuir significativamente para
melhorar a manutenção da massa muscular e da qualidade de vida em
idosos.
Shaw SC, Dennison EM, Cooper C. Epidemiologia da Sarcopenia:
Determinantes ao longo da vida. Calcif Tissue Int. 2017 Set; 101(3):229-
247. DOI: 10.1007/s00223-017-0277-0. EPub 2017 Abr 18. PMID:
28421264; PMCID: PMC5544114.

de Sire A, Ferrillo M, Lippi L, Agostini F, de Sire R, Ferrara PE,


Raguso G, Riso S, Roccuzzo A, Ronconi G, Invernizzi M, Migliario M.
Sarcopenic Dysphagia, Malnutrition, and Oral Frailty in Elderly: A
Comprehensive Review. Nutrients. 2022 Feb 25;14(5):982. doi:
10.3390/nu14050982. PMID: 35267957; PMCID: PMC8912303.

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