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SARCOPENIA NO IDOSO: UMA REVISÃO

BIBLIOGRÁFICA
Sarcopenia foi um termo aplicado por Irwin Rosenberg para definir a perda de massa
muscular que ocorre com o avançar da idade. A perda de massa muscular foi observada pela
primeira vez pelo famoso neurologista inglês, MacDonald Critchley, que destacou que essa
perda foi mais acentuada nas mãos e pés.

Hoje, a sarcopenia é considerada uma perda da massa muscular em uma pessoa idosa, e
contribui para a incapacidade, diminuição da autonomia, risco aumentado de quedas e
aumento de risco de morbidade e mortalidade.

A sarcopenia é muito comum, uma prevalência de 5% em pessoas com 65 anos e uma


prevalência muito alta como 1 em cada duas pessoas com idade superior a 80 anos. A
prevalência também varia de acordo com a localização e definição, no entanto estima-se que
seja de até 29% dos idosos no cenário de cuidados de saúde comunitários e entre 14-33%
para aqueles em cuidados de longa duração.

As alterações fisiológicas e morfológicas no músculo esquelético com o avançar da idade


são caracterizadas por declínio geral no tamanho e número de fibras musculares
esqueléticas, principalmente as fibras musculares do tipo 2 ou de contração rápida.

Sua causa é considerada como multifatorial, com declínio neurológico, alterações


hormonais, declínio na atividade, doença crônica, má nutrição, todos mostrados como
fatores contribuintes. No geral, a causa mais proeminente da sarcopenia é a inatividade e má
nutrição.

Existem várias diretrizes diagnósticas relativas à sarcopenia. Os principais são os europeus,


Grupo de Trabalho sobre Sarcopenia em pessoas idosas (EWGSOP), o grupo de trabalho
internacional sobre sarcopenia (IWGS), o Grupo de Trabalho Asiático para Sarcopenia
(AWGS) e a Fundação Americana para os Institutos Nacionais de Saúde (FNIH). Essas
diretrizes sugerem cortes semelhantes pra músculos, massa muscular e desempenho físico
para avaliar e diagnosticar a sarcopenia.

Porém, independente de como a sarcopenia é diagnosticada, a baixa muscular e baixa força


muscular são importantes fatores de risco para incapacidade e mortalidade. Nesse sentido a
prevenção deve ser um dos principais objetivos dos profissionais de saúde.

Vários estudos indicam que a função muscular em idosos sarcopênicos pode sem equilibrada
e até mesmo potencializado pelo exercício físico, especificamente o treino resistido e o
consumo de proteínas em quantidades superiores ao recomendado melhorando a força e a
massa muscular entre os idosos.

No entanto, fornecer exercícios para idosos mais frágeis é especialmente desafiador devido
a comorbidades subjacentes que restringem a disponibilidade de energia para o exercício e
um regime alimentar restrito de baixa qualidade.

O presente estudo se propôs a realizar uma narrativa sobre a sarcopenianum modo geral,
pois é uma condição que afeta uma grande parte da população idosa e que pode levar a
consequências graves como a morte.

Metodologia
Como processo metodológico foi utilizado revisão literária onde as buscas foram realizadas
nos meses de abril e maio de 2022 de artigos e publicações em inglês, português e espanhol,
disponíveis nas bases de dados Lilacs, Pubmed, e Scielo, onde foram utilizados os
descritores: “idoso”, “sarcopenia”. No Lilacs foram encontrados 190 resultados, no Pubmed
foram encontrados 8.943 resultados e no Scielo foram encontrados 46 resultados. Foram
selecionadas 15 amostras no período de 2009 até 2021 no qual os mesmos foram escolhidos
mediante a leitura de cada um na íntegra.

Discussão

Um estudo do FNIH com mais de 4.900 pacientes com 60 anos descobriu q a idade média
dos pacientes sarcopênicos era 70,5 anos entre os homens e 71,6 anos entre s mulheres. A
sarcopenia pode ser mais comum em indivíduos de países não asiáticos do que em
indivíduos asiáticos. Alguns dos principais fatores desta variabilidade são o tamanho do
corpo, origem cultural, características étnicas, dieta e qualidade de vida. Além disso, os
pontos de corte para as populações asiáticas são menores do que para os não asiáticos em
ambos os gêneros.

Em 2018, o grupo de trabalho (EWGSOP) atualizou sua definição inicial de sarcopenia para
levar em conta as evidências científicas e clínicas que surgiram durante os últimos 10 anos.
¹ O novo consenso concentra-se na baixa força muscular como uma característica chave da
sarcopenia. Os pontos de corte são: Força de preensão palmar <27 kg para homens e <16 kg
para mulheres e >15 s para elevação de cadeira para ambos os sexos. Utiliza a detecção de
baixa quantidade muscular e para confirmar o diagnóstico de sarcopenia (pontos de corte)
são: massa muscular esquelética apendicular <20 kg para homens e <15kg para mulheres. ¹
um indicativo no desempenho físico que pode identificar uma sarcopenia grave é (ponto de
corte): velocidade de marcha < 0,8 m/s.

Os métodos mais precisos para avaliar a massa muscular em ambientes clínicos são
bioelétricos. Análise de biopedância (BIA), absorciometria de raios X de dupla energia
(DXA) que é considerado padrão ouro por sua precisão, ampla disponibilidade e também por
ser a única ferramenta radiológica com valores de corte aceitos para diagnosticar
sarcopenia.

Em ambientes de pesquisa, o EWGSOP aconselha o uso de ressonância magnética (RM) e


tomografia computadorizada, bem como o DXA. Devido à variedade de técnicas de
avaliação, pontos de corte e critérios de sarcopenia, o mesmo pode ser difícil de entender.

Podemos realizar também a circuferência muscular de panturrilha (CP). É considerado


atualmente o melhor indicador clínico da sarcopenia, sua medida não pode ser inferior a 31
cm.

Além disso, as variações significativas na prevalência de sarcopenia em relação a população


estudada (morada comunitária, hospitalização e lares de idosos) tornam muito mais difícil
desenvolver rotinas preventivas e protocolos terapêuticos e envolvem uma abordagem mais
centrada e focada na pessoa.

As causas são geralmente divididas entre declínios nas atividades e declínios na ingestão
nutricional. Os idosos são menos ativos, em parte devido ao aumento da carga de doença
que leva à dor e fadiga. Além disso, diminui a quantidade adequada de proteínas, bem como
a supernutrição que resulta em obesidade sarcopênica e perda de massa magra e função
muscular.

Atualmente o tratamento consiste principalmente em exercício de resistência e um


suplemento de proteína.
O exercício físico periódico, principalmente aquele relacionado à resistência muscular, tem
demonstrado melhora na massa e força muscular, estabilidade e equilíbrio, densidade
mineral óssea, além de reduzir os diversos marcadores de inflamação crônica e, por fim, a
mortalidade
geral.

O treinamento resistido, também conhecido como peso ou treinamento de força pode ser
usado para neutralizar a perda muscular relacionada à idade, aumentando o número e o corte
transversal de fibras musculares esqueléticas.

Já a composição dietética e a ingestão alimentar são temas quentes na população idosa. O


consumo oral diminui nos idosos devido a fatores sociais, psicológicos e fisiológicos. Isso
leva, portanto, a uma redução no consumo de nutrientes que são componentes vitais de uma
dieta saudável.

Assim o declínio da ingestão alimentar com o envelhecimento desempenha um papel no


desenvolvimento da sarcopenia. Em particular, a manutenção da massa muscular requer a
ingestão de proteínas. Postula-se que para manter uma boa massa muscular, os idosos
necessitam de pelo menos 1,2 g/kg de proteína por dia.

Embora avanços substâncias tenham sido feitos no entendimento da multifatoriedade das


causas da sarcopenia, a maioria das intervenções se concentrou em melhorar o ambiente e
causas da sarcopenia, nomeadamente através do aumento da atividade e da alimentação
adequada.

Conclusão

A sarcopenia continua sendo um importante problema clínico que afeta milhões de idosos
em ambos os sexos e etnias. As intervenções para a sarcopenia continuam a ser
desenvolvidas com maior ênfase em exercícios e intervenções nutricionais com
suplementação de proteína, mas espera-se que os ensaios terapêuticos e o desenvolvimento
de intervenções ganhem impulso. Portanto o objetivo maior sempre será a identificação
precoce dos fatores de risco para a sarcopenia nos idosos, a fim de mudar o perfil negativo e
evitar deteriorização, incapacidade e mortalidade acelerada.

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ARTIGO PUBLICADO EM: 02/11/2023

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