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Profissional Documentos
Cultura Documentos
Editorial ------------------------------------------------------------ p. 05
Bruno Ramalho --------------------------------------------------- p. 12
Luciano Lanzillotti ----------------------------------------------- p. 17
Daniel Rodas ------------------------------------------------------- p. 19
Carol Ruiz ---------------------------------------------------------- p. 22
Lucrécia Alves ----------------------------------------------------- p. 28
Isabel Furini ------------------------------------------------------- p. 31
Letícia Miranda --------------------------------------------------- p. 33
Julia Magnoni Roque -------------------------------------------- p. 37
Janaina Sales ------------------------------------------------------ p. 40
Jaime Jr. ------------------------------------------------------------ p. 46
Vânia Malta Catunda -------------------------------------------- p. 49
Tayline Nunes ----------------------------------------------------- p. 52
Uelson Teixeira ---------------------------------------------------- p. 57
Lê Silva ------------------------------------------------------------- p. 59
Geneviève Faé ---------------------------------------------------- p. 62
Agradecimentos e Contatos ------------------------------------ p. 68
Editorial
Onça de mato é
Corpo
Corpo de mato é
Onça
Onça do mato
Corpo
É onça
Onça pintada é
Gente
Gente pintada é
Onça
Pinta: é resistente.
Sucuru tem lado. O lado-Sucuru é a onça. Sucuru tem grito. O apito-Sucuru é o ato.
Sucuru é gente. A gente-Sucuru é em frente. Sucuru enfrenta. O fascismo e não
arrebenta.
Nossa corda é nó. O nó dos nós que arrepia. Nossa corda afia. Tecido-esperança fia.
Nosso fio é corpo. Corpo-coletivo em riTU. Nosso corpo amplia. O corpo ao som-
poesia.
E dessa dança-gente. Que dança e faz resistente. O poema nasce. Ação que encarnasce o
passe. E se faz na carne. Na mente no corpo e dança. Nossa gente trança. A dança-
tintura e avança.
E assim combate. Abate a inverdade e mira. Contra o mal atira. O grito-rugido e parte.
Sob o bom combate. A vida: de parte a parte.
Nessa lança-dente. Que rasga a maldade à pente. Nossa arma é Vida. É morte pra longe
partida. Nossa arma é ato. Sem sangue: é verbo e voto. Nossa arma é ânsia. Luta que
constrói mudança.
E assim convido. Os NÓS. Os nós do agiTU. E rugindo canta. O ato que não quebranta.
E que segue em frente. Ao som: do som resistente. Nossa gente é Tu. Sou eu. Sou nós:
SUCURU!
Equipe Sucuru
*
* *
x
x
Bruno Ramalho, poeta, nasceu no Rio de Janeiro, em 1978. Escreveu livra-me, poesia
(Scortecci, 2019) e uns amores bemóis (Patuá, 2021), e aguarda, ainda para este ano, o
lançamento de o que cabe em quase nada ou quase isso, também pela casa Patuá. É
médico em Brasília.
Pais
embora
tenham mudado tanto
em pele e músculos.
As vozes,
ainda que as mesmas
da infância,
lembram-me
que também
envelheci.
Super-homem
Fluindo no sangue
A graxa dos dias.
COSME E DAMIÃO
Dois meninos
Pretos como a chuva
Dançam
Num jogo de bola
Debaixo
Das balas perdidas.
CATEQUESE DA ONÇA
A onça
Come o corpo do
Padre
Separa
O pecado da carne
Sangue
Divisor de águas.
TIRANIA
Só a poesia
Assombra.
***
Figueira
inspirado em Maria Lúcia Alvim
(p. 32)
***
Dia de Reis
Nasceu um pé de romã
No jardim de minha casa
Das sementes que joguei
Aos três reis magos
Uma deve ter brotado.
(p. 35)
***
Oração da noite
(p. 36)
***
Correspondência
Contemplar
O céu um jardim
A terra uma flor
E encontrar
Em seus detalhes
Um fragmento de si
(p. 41)
***
***
Herança do tempo
mesmo quando a saudade parece encoberta
a memória vem à tona e derrama
na folha de papel
uma gota amarga de orvalho
(p. 62)
***
[A floresta me chama]
Inspirado em Clarissa Pinkola Estés
A floresta me chama
Como ao animal que sou e que não sou
Resolvi sair mais cedo, às 10:00 horas, ao invés de 11:00 como normalmente
fazia. Mas antes, fiz meu ritual de todos os dias, tomei um bom banho, passei minha
colônia com cheiro de bebê, penteei meus cabelos cuidadosamente para trás, vesti
minha roupa predileta e calcei meus sapatos de marca, modéstia parte, eu estava um
Don Juan. Falei bom dia para Teddy, meu cachorrinho de raça Poodle, pequeno,
carinhoso e dengoso. Tomei uma xícara de café, peguei a chave do meu celta branco e
saí dirigindo sem rumo.
Entrei numa estrada velha que dava acesso às fazendas da região, era meio-dia, o
sol estava escaldante, acendi um cigarro que estava no bolso da camisa, coloquei-o na
boca e desviei minha visão da estrada por alguns segundos com o fito pegar meu
isqueiro que estava no porta luvas, não consegui, quando voltei a visão para a estrada, vi
algo que fez meu coração palpitar, o cigarro caiu no meu colo, minha boca ficou
entreaberta, minha garganta secou e minhas mãos suaram.
Vi uma figura de estatura média, all star branco, calça jeans apertada, casaco
amarrado na cintura e usava uma camiseta branca que contrastava com seu longo cabelo
preto. Em sua mão esquerda segurava uma mochila. Tinha um caminhar tão lindo e
rápido ao mesmo tempo.
Diminuí a velocidade, abaixei o vidro e ofereci-lhe uma carona, ela recusou, mas
não desisti, convenci ela a entrar no meu carro, sempre fui perspicaz, eu tinha lábia.
Quando ela sentou no banco do carona senti um forte odor de suor misturado com um
cheiro que me parecia colônia de lavanda, um cheiro inebriante. Aquilo me deixou
louco. Conversamos durante todo o percurso, falávamos de futilidades, nada muito
interessante, até que chegou na curva, a curva da despedida para ser mais preciso, sua
casa era a próxima, ela fez sinal com a mão, eu parei o carro e ela gentilmente
agradeceu já colocando a mão na porta com o intuito de abrir, porém eu fui mais rápido,
agarrei-a, dei-lhe um mata leão e a levei para um lugar distante, eu tinha outros planos.
Cheguei a um local que eu sempre frequentava, silencioso e quieto, do jeito que eu
gosto. Aproveitei que ela ainda estava desacordada, tirei nossas roupas, e fiz. Ao
terminar, ainda despido, arrastei seu corpo frágil e coloquei-o junto a uns capins secos,
peguei todas as suas coisas, de repente um documento caiu da sua mochila, era sua
carteira de estudante, ao lado de sua foto, seus dados: Maria Júlia Santos, 14 anos, aluna
do 1° ano do ensino médio da Escola Suzano Perez. Eu guardei como lembrança. Me
vesti, peguei uma pequena garrafa de whisky que sempre levava em meu carro,
derramei sobre seu corpo e seus pertences, peguei o isqueiro que mais cedo não
consegui pegar no porta luvas, incendiei o corpo da menina e tudo que a ela pertencia.
Senti um cheiro forte, um aroma de planta, só que misturado com fogo.
Às 18:15 cheguei em casa, exausto! Coloquei comida para Teddy que por sinal
estava faminto, eu, pelo contrário, estava saciado. Tomei banho e adormeci. Mais tarde
em meus sonhos, a doce Maria Júlia me apareceu, sua imagem aos poucos sumindo
num vasto campo de lavandas, o campo estava em chamas, a fumaça era densa e o
cheiro era familiar.
a aprendiza
começa a costurar linhas transgressoras
que avançam e reinventam o espaço
na textura do tecido
ela guarda
agulhas, fios, fitas, alfinetes
mas deixa as tesouras sobre a mesa
Isabel Furini é escritora, poeta e palestrante. Autora de 35 livros, entre eles, “Os
Corvos de Van Gogh” (poemas). É criadora do Projeto Poetizar o Mundo; recebeu
Comenda Ordem de Figueiró, no Rio de Janeiro; foi nomeada Embaixadora da Palavra
pela Fundação César Egido Serrano (Espanha, 2017); Seus poemas foram premiados no
Brasil, Espanha e Portugal, Palestrou sobre a arte de escrever em diversas Férias do
Livro.
1.
Sem título
As formas
emendadas nas cores
se deslocam
permanece o gesto
de uma mulher
centenária
2.
Oceano
Instalada a hipnose
tento descobrir como você entrou nos meus olhos
por isso volto à escrita do desenho, à marca das camadas
ao azul e ao preto e aos furos que não consegui fazer
só encontro o rastro do lápis gorduroso
como num susto tiro as travas, vejo a volúpia da grafia
3.
Letícia Miranda (1996) vive e trabalha no Distrito Federal. É poeta, artista visual e
professora. Formada em Letras Português pela Universidade de Brasília, especialista em
Fotografia pela Faculdade Unyleya e mestranda em Artes Visuais pela Universidade de
Brasília. É autora de “A suspensão de Tomie Ohtake”, publicado pelo selo Auroras, da
editora Penalux.
o buraco da cabeça.
é como se houvesse
um buraco
fundo
Alice
à procura
de termos
um desmoronamento
eterno
falta
de conhecimento
de si mesmo.
um farejar-se
como um cão
feroz
com anosmia
fadado
a olhar-se
no espelho
e não se reconhecer.
é como se o mundo
fosse um lugar
inexplicável
e o que importasse
fosse inferior
à dúvida
e todo dia
de manhã
pairassem milhares
de urubus
na cabeça
da criança
indefesa
à espera
da carne
fria
dos pensamentos
irreais.
Meu nome é Julia Magnoni Roque, eu sou de São Bernardo do Campo, SP, sou
estudante de Letras, pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e sou técnica
em produção audiovisual. Sou uma leitora voraz, desde criança, e faz pouco tempo que
comecei a escrever poesia e conto. Tenho alguns poemas publicados recentemente na
Revista Ruído Manifesto (@revistaruidomanifeto), mas nenhum livro, por enquanto.
ERA UM PLANETA
Depois parti
para as orelhas
as penugens da paisagem
quatro pelos diferentes –
eram mostras de
vegetações nativas.
E tinha caverna
nos ouvidos
ecoando eternidades
pinturas rupestres
animais amalgamados
pedras preciosas
rochas milenares.
Pode ser até que
tivesse animais
com vida dentro
do corpo.
E os olhos eram portos
abandonados
onde se tocava uma música
só um pouco triste.
A lágrima era sinal de
um mar interno
e de cavalos marinhos.
INCENSO
Musa,
Pele-fruta
nectarina
aromatiza
a tarde
Move
o vento
fio a fio
– medusa –
Curva
o pôr-do-sol
Seduz
meu sentido:
desfaz na
fumaça
Me sua
UMA PASSANTE
Diziam e cantavam
As aves do mundo
os homens do mundo
O hoje:
flor de plástico
Os brincos diziam:
note como em mim
penduro
pedra
Diziam:
ame a textura da minha
orelha esquerda
sua desconformidade
No templo do corpo
pingentes de ouro
Ars et technè:
o lustre balança
ao som do jazz
mais decantado
Desfilo na rua
e as aves me cantam
alegres
perduro no tempo
compondo o compasso
ao sol escaldante
da eternidade
passo
O AFOGADO
vitória
régia
Um joão
batiza
os peixes
cativo
de sua bandeja
o barco
o corpo
flutua
prateando
profetiza
as ondas
fêmeas
Dança
junto
à correnteza
Esse poema está no novo livro Petricor: poemas com cheiro de terra molhada, de Jaime
Jr., em campanha de pré-venda em https://benfeitoria.com/projeto/petricor pela editora
TomaAíUmPoema. Com capa de Jéssica Iancoski e prefácio de Flavia Ferrari.
A cor da paz ,da candura , da pureza . Cultura do algodoeiro espalhada pelos campos.
ESPATÓDEA
Vânia Lúcia Malta Costa Catunda, natural de Maceió – Alagoas. Filha de José
Inocêncio Leão Costa (em memória) e de Maria Cleuda Malta Costa. Casada, sem
filhos. Servidora Pública da Secretaria de Saúde do DF,aposentada, na carreira de
médica Neonatologista. Publicou seu primeiro livro O OLHAR DA VIDA , em
fevereiro de 2022, de poesias. Tem publicações em várias Antologias Impressas e
em E-books. Quatro resultantes de Concursos Literários.
Sou Tayline Nunes, tenho 24 anos, sou Curitibana. Gosto de ler e escrever. Por volta
dos meus 10 anos, comecei a discorrer textos. Escrevia para me libertar. Sempre deixei
ocultas minhas redações, até que este ano tive coragem para apresentar a pessoas
próximas.
Brancos não! Negros!
Estimado Miguel:
* *
Agradecemos:
A Eva Wilma Rodas Ramalho e Fernando Antônio Ramalho de Amorim – pelo apoio de
sempre;
Contatos
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Envie seu texto em formato word (letra Times 12), juntamente com sua minibio (num
mesmo arquivo word) para o nosso e-mail: revistasucuru@gmail.com. Responderemos
o mais breve possível.
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VIVA A SUCURU!
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