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CAPÍTULO VIII

Ordem EMBIIDINA 53

62. Caracteres. - Os Embiideos são insetos de 0,5 a 2


centimetros de comprimento, de corpo alongado, escuro ou
negro, deprimido e mais ou menos da mesma largura em toda
a extensão. Pernas dianteiras com o 1º artículo tarsal extra-
ordinariamente dilatado. Os machos, que lembram cupins
alados, apresentam 4 asas subiguais, em geral escuras e com
estrias longitudinais claras entre as nervuras. Femeas apte-
ras. Cércos, na maioria das especies, assimetricos. São insetos
terrestres e paurometabolicos.

Fig. 52 - Embia brasiliensis (Gray, 1832), ; (cerca de x3); ao lado, consi-


deravelmente aumentada, a perna anterior, para se ver o aspecto característico
do 1º articulo tarsal.

53 Gr. embios, vivo.


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63. Anatomia externa. - Cabeça relativamente grande,


oval, deprimida. Olhos ovais, granulosos. Ocelos ausentes.
Antenas filiformes, de 15 a 32 segmentos. Aparelho bucal
mastigador, bem desenvolvido, semelhante ao dos insetos or-
topteroides.
Torax apresentando o protorax livre e o mesonotum e
metanotum com aspecto diferente nos dois sexos. Nas femeas
o meso e o metascutum são subretangulares, cobrindo quasi
toda a area notal, no macho ba, em cada um desses segmen-
tos, um scutum triangular, um pequeno scutellum e 2 escle-
ritos laterais.
Pernas curtas; femures posteriores, em geral bem mais
robustos que os outros; tarsos de 3 articulos, sendo o lº (pro-
ximal) das pernas protoracicas (metatarso) bolbiforme ou es-
cutiforme, internamente cheio de glandulas (gl. tarsais).
Asas planas, subiguais, as anteriores um pouco maiores
que as posteriores. Em repouso ficam horizontalmente dis-
postas sobre o abdomen, como as asas dos cupins alados. Em
geral são escuras e apresentam estreitas faixas claras longi-
tudinais entre as nervuras.

Fig. 53 Asas de Embla brasiliensis, ; notação, das nervuras segundo Coms-


tock-Needmam ( x 13).

Abdomen de 10 segmentos distintos, providos de cércos


curtos, quasi sempre bisegmentados. Estes, nos machos, em
geral, são assimetricos. Ora o segmento basal do cérco esquer-
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do (basipodito) apresenta um lobulo interno mais ou menos


saliente (Embiidae), ora se apresenta um tanto claviforme
(Oligotomidae), ora é normal, isto é, cilindrico, como o do
lado oposto (Oligotomidae e generos Antipaluria End. e Clo-
thoda End. da faro. Embiidae). O 10º urotergito ou se apre-
senta assimetricamente dividido em 2 hemitergitos, ou é in-
teiro (Teratembia Krauss e Clothoda Krauss).

Fig. 54 - Extremidade do abdomen do de Embia brasiliensis (falta o segmen-


to apical do cérco direito); cd, cérco direito; ce, cérco esquerdo, ha no segmen-
to basal um robusto processo copulatorio que não se vê no segmento correspon-
dente do cerco direito; htd, hemitergito direito (10º); hte, hemitergito esquerdo;
9t, 9º urotergito.

64. Habitos. - Os Embiideos habitam de preferencia os


climas quentes e vivem abrigados sob tuneis ou galerias de
seda, no solo, em pedras, sob a casca ou sobre o tronco de
plantas; aí se deslocam com vivacidade. Ha especies que
vivem em tais tuneis isoladamente, outras, porém, habitam-
nos gregariamente, formando pequenas colonias constituidas
por algumas dezenas de indivíduos (machos, femeas e formas
jovens). Os machos, alados, uma ou outra vez, vêm aos fócos
de iluminação e assim podem ser apanhados dentro de casa.
A seda que forma a parede dos tuneis é, segundo GRASSI
(1893-94), MELANDER (1902), RIIVISKY-KORSAKOW (1905) e
MILLS (1932), secretada e tecida pelas pernas anteriores destes
insetos. ENDERLEIN, porém, revalidando a opinião antiga de
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HAGEN, acha que são as peças do aparelho bucal (glossae) que


tecem a seda secretada por glandulas cefalicas. Quanto ao
fluido secretado pelas glandulas metatarsais, acredita que
sirva para lubrificar a seda, impedindo-a de aderir ás pernas.

Fig. 55 - Tronco, de arvore com um ninho de Embia sp Manguinhos (Rio de


Janeiro).

A proposito das pernas dos Embiideos devem ser referi-


dos os casos de regenração total da perna anterior, após
amputação, observados por RIMSKY-KORSAKOW (1912).
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Os Embiideos alimentam-se de materia organica de na-


tureza vegetal. Após a ecdise, a exuvia é comida pela nova
forma que dela surgiu. Ha algumas especies que são fitofa-
gas; todavia, seja qual fôr a natureza dos danos que produ-
zero, estes nunca podem ser de grande importancia, porquan-
to estes insetos são pouco prolíficos.
O desenvolvimento post-embrionario se processa por pau-
rometabolia.

65. Classificação. - Não chega a 100 o numero das es-


pecies de Embiidina descritas em todo o mundo. A zona
intertropical é a que possue o maior numero de especies. Da
America do Sul conhecem-se poucos mais de 20 especies.
A maior especie descrita é Embia major Imms, da região
do Himalaia, que apresenta 19 milímetros de comprimento.
No Brasil a maior especie conhecida é a Embia brasiliensis
(Gray, 1832) com 15,5 mm. de comprimento.
A ordem compreende apenas os insetos incluidos por
NAVAS (1918) na sua subordem Netica. O genero Cylindra-
cheta Kirby, 1906, representante da sub-ordem Orythica de
Navas, não é, um Embiideo e sim um Ortoptero Tridactilideo.
De acôrdo com ENDERLEIN e TILLYARD a ordem Embiidina
compreende apenas 2 familias que se distinguem pelos se-
guintes caracteres:

1 R 1 + 5 em forquilha, em ambas as asas ou pelo menos na asa


posterior (exceto em Teratembia Krauss, que apresenta
R 1 + 5 simples, e R 2 + 3 em forquilha); 10 urosternito da fe-
mea normal ....................................................................................... Embiidae.
1' R 1 + 5 simples em ambas as asas; 1º urosternito da femea
muito reduzido .............................................................................. Oligotomidae 54

66. Bibliografia.

ENDERLEIN, G.
1909 - Die Klassifikation der Embiidinen, nebst morphologischen und
physiologischen Bemerkungen, besonderes über das Spinnen der-
selben.
Zool. Anz. 35: 166-191, 3 figs.

54 Gr. oligos, poucos; tome, segmento.


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1912 - Embíidinen monographiseh bearbeitet.


Cat. syst. et descript, des Selys-Longchamps.
Bruxelles, Fasc. 3, p. 1: 120 p., 79 figs., 4 ests.
FRIEDERICHS, K.
1906 - Zur Biologie der Embiiden. Neue Untersuchungen und Ueber-
sicht ales Bekannten, mit Beiträgen über alie Systernatik und
postembryonale Entwicklung mediterraner Arten.
Mitt. Zool. Mus. Bul. 3: 213-239, 19 figs.
1934 - Das Gemeinschaiftsleben der Embiiden und Näheres zur Kenntntis
der Arten.
Arch. Natura. (N. F.) 3: 405-444, 13 figs.
GRASSI, B. & SANDIAS, A.
1893-94 - Costituzione e sviluppo della Società dei Termitidi. Osservazioni
sui loro costumi con un'Appendíce sul Protozoi parassiti dei
Termitidi e sulla famiglia delle Embidine.
Accad. Gioen. Catania (4), 6 e 7, 5 ests. Ediz. sep. Catania
(1893). Appendice II. Contribuzione allo studio delle Em-
bidine: 133-150, est. 4, figs. 1-11.
HAGEN, H. A.
1885 - Monograph of the Embidina.
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KRAUSS, H. A.
1911 - Monographie des Embien.
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1932 - The life history anal thoraxic development of Oligotoma texana:
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Ann. Ent. Soe. Amer. 25: 648-654, 4 figs.
NAVAS, L.
1918 - Embiopteros de la America Meridional.
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RIMSKY-KORSAKOFF, M.
1905 - Beiträg zur Kenntnis der Embiiden.
Zool. Anz. 29: 433-442, 6 figs.
19912 - Regenerationserscheinungen bei Embiiden.
Verh. 8 Internat. Zool. Kongr. Graz: 609-620, 14 figs.
VERHOEFF, K. W.
1904 - Zur vergleichenden Morphologie und Systematik der Embiiden.
Nov. Act. Acad. Leop. Car., 82 (2): 145-204, ests. 4-7.

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