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Biologia – Ensino Médio – Módulo 1 CMP

ORIGEM DA VIDA! – BIOGÊNESE X ABIOGÊNESE

1. CONVERSA INICIAL

“Todo ser vivo provém de outro ser vivo preexistente”.

Qualquer ciência possui determinados conceitos fundamentais, que formam a base daquela
ciência. São conceitos sobre os quais todo o conhecimento gerado pela ciência em questão se estrutura. A
afirmação acima é um desses conceitos básicos para a biologia. Ao trabalhar com essa idéia, a BIOLOGIA
ATUAL aceita que um ser vivo só pode surgir a partir de outro, da mesma espécie, através d e algum processo
de reprodução.

Com certeza, você pode se lembrar de algumas maneiras existentes na natureza através das
quais seres vivos dão origem a outros seres vivos. Exemplos bem familiares seriam:

 O desenvolvimento dos filhotes dos mamíferos no interior do útero:

 O desenvolvimento dos filhotes das aves no interior de ovos.

Esses e outros exemplos ilustram bem a explicação para o surgimento da vida através da
reprodução. Ela nos parece, então, bastante simples e óbvia: tendemos a não duvidar dela.

Agora pense nas seguintes situações:

 O surgimento de vermes no interior do seu intestino:

 Aquela goiaba que você ia comer, mas estava cheia de bichos de goiaba.

Os vermes e os bichos de goiaba são seres vivos. Como você explicaria a existência de
vermes dentro de você? Como eles foram parar lá? E os bichos de goiaba? Como foram parar dentro da
goiaba? Pense um pouco. Elabore explicações que você ache satisfatórias.

Muita gente diz que “comer dá vermes”. É possível que você já tenha ouvido esta afirmação.
Será que a presença do açúcar estimula o surgimento de vermes dentro dos seres humanos de forma
espontânea? Será que as pessoas querem dizer que o açúcar, de alguma maneira, dá origem aos vermes?
Pare para pensar... Mas não se esqueça de levar em consideração o que já foi discutido nesta unidade sobre a
origem dos seres vivos.

De uma maneira geral, qualquer um de nós só contrai uma verminose se ingerir os ovos
colocados pelos vermes. Esses ovos chegam até nós através da água ou de alimentos contaminados: são
ingeridos sem percebermos, pois eles são microscópicos. Portanto, o surgimento dos vermes em nosso corpo
também está relacionado com a reprodução de outros vermes adultos: só vermes podem dar origem a novos
vermes.

E o açúcar? Nada tem, a ver com esta história ... Seria importante perguntarmos, então, porque
às pessoas relacionam o aparecimento dos vermes ao açúcar. Para início de conversa, é importante ficar claro
que faz parte da natureza humana o desejo de explicar as coisas. O ser humano está sempre em busca dos
porquês. E nessa busca as respostas encontradas nem sempre são científicas. Você há de convir que, de fato,
explicar o aparecimento de animais dentro de outros animais (nós) não é tarefa fácil. É preciso conhecer o ciclo
reprodutivo dos vermes, conhecimento ao qual, infelizmente, nem todos têm acesso. Na falta da possibilidade
de construir uma explicação baseada em conhecimentos sobre como vivem e se reproduzem os vermes, o ser
humano – criativo que é – apela para outras explicações. Assim, os vermes passam a simplesmente “surgir”
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dentro de nós e, como esse surgimento tem que Ter alguma razão, o fator estimulador passa a ser o açúcar
que está nos doces (talvez porque as pessoas com verminoses tenham mais fome e tendam a ingerir mais
alimentos, inclusive os doces).

Não vamos nos esquecer dos bichos de goiaba. Você pode até não saber como eles surgem
na fruta, mas a esta altura, já deve estar pensando que eles não podem aparecer lá espontaneamente, tem
que Ter havido algum processo reprodutivo que explique seu surgimento. Os bichos de goiaba são larvas de
insetos. Fêmeas adultas desses insetos depositam seus ovos nos frutos e vão embora. Dos ovos saem as
larvas. Elas entram no fruto e se alimentam da própria goiaba até completarem seu desenvolvimento e
poderem sair voando por aí, como seus pais. Um dia, as fêmeas e os machos se acasalarão, as fêmeas
colocarão ovos e começará tudo de novo...

Repare que, apesar de aceitarmos facilmente que a reprodução é o único meio de gerar vida,
nos confundimos em algumas situações e, sem perceber, construímos explicações que acabam negando esse
fato. É bom lembrar que cometemos esses erros hoje, na passagem do século XX para o século XXI, época
em que já são bem conhecidos os ciclos de vida de inúmeros seres.

Agora, imagine os homens dos séculos passados, que dispunham de pouquíssimos


conhecimentos sobre os seres vivos. Até o século XIX não eram só as pessoas leigas que achavam que seres
vivos podiam surgir espontaneamente em determinados lugares. Para os próprios cientistas ainda não estava
claro que um ser vivo só pode se originar de outro ser vivo. Era opinião vigente na comunidade científica que,
em determinadas circunstâncias, era possível que seres vivos fossem gerados espontaneamente, sem a
necessidade da existência de seres da mesma espécie para se reproduzirem e gerarem os novos indivíduos.

Até os cientistas chegaram à idéia aceita atualmente de que, em qualquer situação, seres vivos
só se originam de outros seres vivos, foi muito difícil. Muitas investigações, experimentações e discussões
foram realizadas até ficar provado que só a vida gera vida.

2. GERAÇÃO ESPONTÂNEA OU ABIOGÊNESE

A idéia de que os seres vivos poderiam surgir não só a partir da reprodução, ou seja, da
matéria viva, mas também a partir da matéria bruta (sem vida) é conhecida como geração espontânea ou
abiogênese (a = negação; bio = vida; gênese = origem). A abiogênese constitui uma maneira de explicar o
surgimento da vida que, embora cientificamente ultrapassada, ainda está presente no cotidiano das pessoas.

Os defensores dessa hipótese se fundamentavam na idéia de que haveria um “princípio ativo”


ou uma “força vital” em determinadas matérias brutas. Esse “princípio” ou “força” seria capaz de fazer com que
a matéria bruta se transformasse em matéria viva: assim, explicava-se a geração espontânea dos seres vivos.

O “princípio ativo” (algo bastante abstrato) estaria presente, por exemplo, em determinados
alimentos ingeridos pelo homem, o que explicaria o surgimento dos vermes em seu sistema digestivo
(poderíamos dizer que na explicação “doces dão vermes”, o “princípio ativo” capaz de promover a organização
da vida estaria presente no açúcar). Estaria presente também nos restos de comida jogados no lixo, o que
explicaria o aparecimento de larvas de insetos no lixo (na época em que a abiogênese era aceita não se sabia
que os pequenos animais de corpo alongado comumente vistos no lixo eram larvas de mosca; tais animais
eram chamados de “vermes” e até hoje é comum as pessoas se referirem às larvas desse modo).

A crença na possibilidade de gerar vida a partir da matéria sem vida era tão forte que alguns
defensores da abiogênese chegavam a apresentar procedimentos para se conseguir a geração espontânea de
seres vivos. Um médico belga, Von Helmut (1577 – 1644), tinha uma receita para contenção de ratos:

“Enche-se de trigo e fermento um vaso, que é fechado com uma camisa suja, de preferência de
mulher. Um fermento vindo da camisa transformado pelo odor dos grãos, transforma em ratos o próprio trigo”.
(Sonia Lopes. Bio. V. 1. Ed. Saraiva).

3. GÊNESE
O estabelecimento da hipótese da biogênese levou séculos e se deveu ao trabalho de vários
cientistas. Insatisfeitos com as explicações sobre a geração espontânea da vida e dispostos a se op orem a

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uma idéia aceita pela maioria, muitos cientistas realizaram experiências que foram, passo a passo, minando a
certeza depositada na abiogênese. Vamos conhecer alguns desses cientistas e suas experiências. Vamos
contar um pouco da história da construção do conhecimento científico sobre a origem dos seres vivos.

3.1 Redi

A argumentação contra a abiogênese começou a ganhar força no século XVII;


quando o italiano Francesco Redi (1626-1697) elaborou a seguinte experiência:

 Pedaços de carne crua foram colocados em vários frascos;

 Alguns foram deixados abertos e outros foram fechados com gaze;

 Os frascos foram observados por vários dias.

Redi verificou que a carne em putrefação atraía moscas. Elas entravam e saíam continuamente
dos frascos abertos, mas não tinham acesso à carne dos frascos fechados. Depois de algum tempo, ele pôde
observar que nos frascos abertos a carne estava cheia de “vermes” enquanto nos frascos fechados, os
“vermes” não apareciam.

Redi resolveu, então, estudar os tais “vermes”. Observou que após algum tempo, os animais
ficavam imóveis e recobertos por uma casca. Depois de alguns dias, dessa casca saía uma mosca.

O experimento elaborado por Redi é simples e é fácil que você chega às mesmas conclusões a
que ele chegou há mais de trezentos anos trás. Pense um pouco, analise você mesmo os fatos.

Redi conseguiu mostrar que a carne em putrefação não era capaz de originar vida. A vida tinha
como fonte outros seres vivos: as moscas que já existiam. Este estudo promoveu um forte abalo na hipótese
da geração espontânea. Entretanto, a idéia não foi completamente derrubada. Outros fatos e discussões
intervieram.

3.2 Needham X Spallanzani

Até por volta do século XVII, não se tinha a menor idéia da existência de vida microscópica. Tal
conhecimento só se tornou possível à medida que o homem foi capaz de criar um modo de ver as coisas tão
pequenas que seus olhos não são capazes de enxergar. O homem inventou instrumentos capazes de
aumentar as imagens, os chamados microscópicos. Embora os primeiros microscópicos datem do século XVI,
eles só foram aperfeiçoados e utilizados com finalidades biológicas no século XVII. Imagine a fascinação dos
homens que pela primeira vez tornavam visível o invisível. Imagine o desafio de compreender todo um novo
mundo que se descortinava diante dos olhos dos homens.

O conhecimento do mundo microscópico tem enorme importância para a nossa história do


conflito de idéias sobre o surgimento dos seres vivos. Não se imaginava que seres tão pequenos e sim ples

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tivessem mecanismos de reprodução. Entretanto, as observações ao microscópico mostravam que o número


deles aumentava quando estavam em soluções nutritivas. Uma explicação possível era a de que elas
continham o tal “princípio ativo” capaz de provocar a geração espontânea dos microrganismos.

Assim, estudos dos microrganismos deram um novo ânimo aos adeptos da abiogênese. Se ela
não fosse verdadeira para o caso de formas de vida mais complexas, como as moscas, ao menos poderia se
aplicar aos microrganismos. Portanto, a existência da abiogênese continuava sendo uma possibilidade.

Para demonstrar a abiogênese dos microrganismos, o cientista inglês John Needham (1713-
1781) realizou vários experimentos nos quais fervia vários frascos contendo substâncias nutritivas (já se sabia
que a fervura mata os microrganismos). Em seguida, fechava os frascos com rolhas. Após alguns dias,
observava o material ao microscópio: havia microrganismos nas soluções nutritivas!

Esses fatos levaram Needham a um raciocínio lógico:

 A fervura matou os microrganismos presentes nos frascos;

 A tampa impediu a entrada de novos microrganismos;

 Conclusão: os microrganismos observados ao microscópio eram o resultado do processo de geração


espontânea.

Esse experimento contribuiu bastante para que a geração espontânea continuasse sendo uma
idéia aceita.

Alguns anos mais tarde, ainda no século XVII, um pesquisador italiano, Lazzaro Sapallanzani
(1729-1799), repetiu a experiência de Needham, mas fez algumas modificações. Colocou a solução nutritiva
em balões de vidro. Fechou os balões hermeticamente e os submeteu à fervura por uma hora. Depois de
alguns dias, a análise do conteúdo dos balões revelou a ausência de microrganismos. Deixando os frascos
abertos, os microrganismos tornavam a aparecer. Spallanzani concluiu que não havia a geração espontânea
dos microrganismos e que estes só haviam aparecido nos frascos fechados de Needham porque a fervura não
havia sido feita pelo tempo necessário para matar todos os microrganismos.

Agora parece que a abiogênese está derrubada. Só parece ... Houve contra – argumentação
por parte dos adeptos dessa idéia. Needham apelou para a questão do “princípio ativo”. Respondeu que a
fervura por tempo prolongado em recipientes fechados tornava o ar desfavorável para o aparecimento da vida,
destruindo o tal “princípio ativo”. Assim, a polêmica abiogênese x biogênese continuou.

3.3 Pasteur

Já no século XIX, o cientista francês Louis Pasteur (1822-1895) ainda tinha o mesmo desejo
que Redi e Spallanzani: mostrar a impossibilidade da abiogênese. Para isso, como seus antecessores,
elaborou uma experiência com a qual esperava provar à comunidade científica suas convicções sobre o
surgimento da vida. Para seu experimento, Pasteur idealizou balões de vidro que ficaram conhecidos como
“pescoço de cisne”. a experiência transcorreu da seguinte maneira:

 Uma solução nutritiva foi colocada em um


balão de vidro com pescoço longo;

 O pescoço do balão foi aquecido, esticado


e curvado na extremidade;

 O líquido contido no balão foi fervido; o


vapor d’água proveniente do líquido
condensou-se no pescoço do balão e as
gotículas se depositaram na curvatura;

 Após o resfriamento, o ar entrou pela


abertura do balão; os microrganismos
contidos no ar ficaram retidos na curva do

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pescoço pela água que ali se acumulou;


Após muito tempo, o líquido permaneceu livre de microrganismos (estéril);

 Ao quebrar o pescoço do balão, Pasteur verificou o desenvolvimento de microrganismos.

Pasteur exibiu seu material e seus resultados na Academia de Ciências de Paris em 1864. Ele
conseguiu mostrar que, enquanto não houve contato do líquido nutritivo com os microrganismos do ar, não
surgiu vida nos balões. Conseguiu também eliminar o argumento da destruição do “princípio ativo”, já que os
balões foram mantidos abertos todo o tempo e o ar em seu interior podia se renovar.

Dessa vez, não houve como contra argumentar. A abiogênese estava definitivamente
desacreditada.

A experiência de Pasteur é um excelente exemplo de como a engenhosidade humana pode


vencer desafios: a criação do balão “pescoço de cisne” fez toda a diferença no debate entre abiogênese e
biogênese.

Vencido esse desafio, outro muito maior se apresenta: se “todo ser vivo provém de outro ser
vivo preexistente”, como surgiu o primeiro ser vivo na Terra? As respostas que a biologia dá a essa pergunta
você vai estudar na próxima unidade. É a história do pensamento científico que continua ...

EXERCÍCIOS

1. Coloque AB para afirmações relacionadas com a ABIOGÊNESE e B para as relacionadas com a


BIOGÊNESE.

a) ( ) Do lodo do fundo das lagoas podem se formar patos.


b) ( ) Espalhando pó de cobra pelo chão, nascerão muitas cobras.
c) ( ) As larvas que aparecem na carn em putrefaçã nascem de ovos colocados por moscas.
d) ( ) Em um frasco com líquido nutritivo esterilizado e lacrado podem surgir microrganismo.
e) ( ) O aparecimento de vermes intestinais é o resultado da ingestão de ovos de vermes pelo ser humano.

2. Será que você já conseguiu derrubar a abiogênese? Faça o teste, tentando dar uma explicação para a
situação a seguir:

Ao abrir um saco de feijão que estava guardado há muito tempo, você encontra vários
“bichinhos” (insetos). Eles não estavam lá quando o feijão foi comprado. Como apareceram?

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3. Na “receita” de Von Helmut, a obtenção de ratos é explicada pela geração espontânea. Como você explica
o surgimento dos ratos na situação descrita por ele?
4. Agora você vai resumir a história do conflito abiogênese X biogênese. Releia as experiências de Redi,
Spallanzani e Pasteur. Considerando o trabalho de cada um deles, faça um resumo da experiência
realizada, cite o resultado obtido (o que aconteceu durante a experiência), a conclusão a que o cientista
chegou e os contra – argumentos dos adeptos da abiogênese.

a) Redi Conclusão:
Experiência: Contra – argumentos:
Resultado:

b) Spallanzani Conclusão:
Experiência: Contra – argumentos
Resultado:

c) Pasteur Conclusão:
Experiência: Contra – argumentos:
Resultado:

5. Após a experiência de Pasteur, a abiogênese foi abandonada. Veja se você entendeu porque Pasteur foi
tão bem – sucedido.

a) Pasteur criou o balão “pescoço de cisne”. embora mantido aberto, esse balão não permite que os
microrganismos cheguem ao líquido fervido. Por que?

b) Por que os adeptos da geração espontânea não puderam usar o argumento da destruição do “princípio
ativos” no caso da experiência de Pasteur?

GABARITO
1. a) AB b) AB c) B d) AB e) B

2. O pacote, os insetos saíram dos ovos, sendo encontrados em meio ao feijão.

3.O cheiro proveniente da camisa suja e a fartura de alimento encontrada no interior do vaso atraem os
ratos. Assim, após alguns dias, muitos ratos vindos dos arredores podem ser encontrados no vaso,
aproveitando o alimento.

4.a) Experiência: pedaços de carne colocados em frascos abertos e fechados com gaze.
Resultado: Larvas só surgiram nos frascos abertos.
Conclusão: As larvas resultam de ovos colocados por moscas.
Contra – argumentos: A geração espontânea é válida porque é observada no caso dos microrganismos.

b) Experiência: Fervura prolongada de solução nutritiva contida em frascos de vidro lacrados.


Resultado: Não foram encontrados microrganismos na solução; eles só aparecem após o contato com o ar.
Conclusão: Os microrganismos não são gerados espontaneamente pela solução nutritiva.
Contra – argumentos: O tempo prolongado de fervura e o fato de o frasco estar lacrado provocaram a
destruição do princípio ativo.

c) Experiência: fervura de solução nutritiva contida em balões “pescoço de cisne” mantidos abertos.
Resultado: A solução se manteve estéril; microrganismos só foram encontrados após a quebra do “pescoço
de cisne”.
Conclusão: A geração espontânea de microrganismo não acontece.
Contra – argumentos: Não houve.

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5. a) Porque a água resultante da condensação dos vapores se acumula na curva do “pescoço” e retém os
microrganismos do ar que entra no balão.
b) Porque o balão foi mantido aberto todo o tempo, permitindo a entrada de ar no balão.

ORIGEM DA VIDA II - OS PRIMEIROS SERES VIVOS NA TERRA OU


TEORIAS SOBRE A ORIGEM DA VIDA

Na unidade anterior, você ficou sabendo que a origem da vida do planeta Terra intrigou
seres humanos de várias épocas, mobilizando uma série de idéias que explicassem o que muitos
consideravam milagre.

Estudou também como Pasteur, com um experimento inteligente, conseguiu derrotar a


hipótese da geração espontânea. Nesta unidade, abordaremos em que condições da Terra primitiva surgiram
os primeiros seres vivos, bem como sua gradual evolução para formas mais complexas. Lembramos, no
entanto, que, apesar de contarmos com tecnologia mais moderna, que nos permite avançar mais seguramente
para explicações científicas aceitáveis, continuamos lidando com hipóteses e teorias, que não são verdades
eternas e, frente ao trabalho incansável de cientistas de todos os tempos, podem vir a ser futuramente
complementadas, reestruturadas ou mesmo abandonadas por teorias mais modernas.

1. COMO ERA O AMBIENTE NA TERRA PRIMITIVA?

O planeta Terra, no início de sua formação, era como uma esfera incandescente. Foi aos
poucos se resfriando, criando uma superfície sólida, contendo em seu interior um material com temperaturas
elevadas e submetido a fortes pressões. Essas pressões forçavam esse material a brotar dos vulcões sob a
forma de lavas, gases e vapor d’água. O vapor d’água condensava-se nas alturas e caía como chuvas
torrenciais que duraram muitos séculos, formando os oceanos. Este era o cenário da Terra primitiva, um
ambiente desfavorável à vida, uma vez que, além das altas temperaturas, supõe-se que, por evidências
geológicas, a atmosfera era completamente diferente da atual e não havia ainda o gás oxigênio, fundamental
para a sobrevivência da maior parte das formas de vida existentes hoje em dia. Os cientistas concluíram, a
partir de estudos comparativos da atmosfera de outros planetas, que os gases que constituíam a atm osfera
primitiva eram o metano, a amônia, o gás hidrogênio e o vapor d’água.

2. ENTRE RAIOS E TROVÕES, AS PRIMEIRAS MOLÉCULAS ORGÂNICAS

Em meio a tempestades, podemos esperar que o céu fosse varrido por rajadas de raios e
trovões. Estas descargas elétricas e os raios ultravioleta, emitidos pelo sol, deviam facilmente destruir as
ligações químicas dos gases primitivos, e forneciam energia para que outros tipos de substâncias, a partir
dessas reações, fossem formados. É bem provável que tenha sido esse o processo de formação das
moléculas orgânicas simples, como, por exemplo, aminoácidos e açúcares.

Essas moléculas orgânicas são componentes fundamentais das células e do organismo dos
seres vivos (ao final desta unidade, no apêndice, você terá algumas explicações sobre a química). A hipótese
descrita acima foi um modelo proposto pelo cientista Stanley Miller, a partir de uma experiência que simulava
as condições da Terra primitiva, a fim de obter a síntese de moléculas orgânicas.

3. DE MOLÉCULAS ORGÂNICAS A CÉLULAS

As moléculas orgânicas mais simples, sintetizadas a partir de gases da atmosfera, eram


carregadas pelas chuvas até os mares. Como um grande útero, estas águas aquecidas encubavam as

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moléculas e elas teriam se unido, formando moléculas maiores. Aminoácidos formaram proteínas, açúcares
simples formaram polissacarídeos e nucleotídeos constituíram ácidos nucléicos, sendo estes últimos
componentes do material genético, responsável pela hereditariedade.
Oparin, outro cientista que contribuiu para a hipótese moderna de formação das primeiras
células, provou que as proteínas, sob certas condições, se agrupam formando o que denominamos de
COACERVADOS. Digamos que alguns coacervados pudessem Ter englobado moléculas de ácidos nucléicos
no seu interior, proteínas enzimáticas e se aderissem a moléculas de gordura que formassem uma camada
protetora em torno deles; teríamos, então, um ser vivo, ainda que extremamente simples, mas capaz de
individualizar-se do meio externo, realizar metabolismo e reproduzir-se. Esta é uma hipótese bem provável
para a formação dos primeiros seres vivos dos destruidores raios ultravioletas do sol e imersa num ambiente
repleto de nutrientes.

4. COMO SE ALIMENTAVAM OS PRIMEIROS SERES VIVOS?

viviam na água, eram bem simples, portanto unicelulares (formados por uma única célula). Eles
não deviam Ter mesmo nenhum problema de falta de alimento, já que os mares formavam um verdadeiro caldo
de nutrientes, entre eles os açúcares (lembra-se de como se formaram as moléculas orgânicas?), compostos
que guardam muita energia. As células primitivas absorviam essas substâncias e as utilizavam para obter
energia e matéria – prima. Este tipo de alimentação tem o nome de HETEROTRÓFICA (hetero=diferente;
trofos=alimento) e os seres são chamados de HETERÓTROFOS.

E para degradar o alimento, a fim de retirar a energia nele contida, o que faziam? Já sabemos
que esses seres não dispunham do gás oxigênio, inexistente na atmosfera naquela época. O oxigênio é
utilizado por nós, seres humanos, e por boa parte dos seres vivos atuais, no processo de quebra das moléculas
de açúcares simples (glicose), provenientes de nossa alimentação, para obtermos a energia presa nas ligações
químicas desses compostos. Essa energia é vital para que nosso organismo funcione. Mas se a energia
contida em certas moléculas orgânicas é necessária para a manutenção da vida, como os primeiros seres
vivos “quebravam” esses compostos para obter energia, já que não havia oxigênio no ambiente? Utilizavam um
processo bem mais simples chamado FERMENTAÇÃO, que degrada o alimento sem utilização do oxigênio. É,
portanto, um processo ANAERÓBIO (ana= sem; aero= ar: bio= vida), ou seja, na ausência de oxigênio. Estes
foram chamados de ANAERÓBIOS ou ANAERÓBICOS.

5. A HORA E A VEZ DO OXIGÊNIO

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Com alimento suficiente, bastante espaço e nenhum “inimigo”, os seres vivos primitivos
deveriam nascer, crescer e se reproduzir livremente. Com isso, aumentaram de número. O que você acha que
deve Ter ocorrido, com o passar do tempo? Isso mesmo: a alimentação disponível foi acabando, até porque,
com o resfriamento da Terra, diminuíram as tempestades, dificultando a produção de novas moléculas
orgânicas. Começou a haver competição pelo alimento e alguns destes seres vivos que, por acas o,
desenvolvessem mecanismos alternativos de obtenção de nutrientes, tornando-os um pouco mais
independentes deste alimento dissolvido nos mares, saíam em vantagem. É provável que estes seres
conseguissem sintetizar seu próprio alimento, a partir de material simples e abundante no meio, como água e
gás carbônico. Para unir estas moléculas simples, não orgânicas, e formar moléculas mais complexas
(orgânicas) e energéticas, devem Ter utilizado a luz solar, que, justamente por terem desenvolvido
mecanismos mais sofisticados (pigmentos como a clorofila), conseguiam captar. Estes seres, diferentemente
dos primeiros, heterótrofos, seriam AUTÓTROFOS (auto= a si mesmo; trofos= alimento) e
FOTOSSINTETIZANTES (foto= luz; síntese a partir da luz).

Além de terem vantagens sobre os primeiros seres vivos, os seres autótrofos, no processo de
fotossíntese, produziram o gás oxigênio que se acumulou na atmosfera. Uma parte deste gás transformou -se
em ozônio, que foi, com o tempo, formando uma barreira natural à maior parte dos raios ultravioleta do sol, que
destroem as formas de vida, tornando o planeta Terra um ambiente cada vez mais favorável para os seres
vivos.

6. O OXIGENIO E O SURGIMENTO DE SERES VIVOS MAIS COMPLEXOS


A vida não pára de evoluir. Não cessaram de surgir seres vivos diferentes dos que já havia.
Muitos deles não conseguiam sobreviver; alguns, porém, podem Ter aparecido com modificações que
favoreceriam uma melhor utilização do alimento que ainda havia. Estes seres poderiam Ter desenvolvido
enzimas que propiciariam a degradação dos nutrientes com a participação do oxigênio, nesta altura, abundante
na atmosfera. O oxigênio é capaz de liberar muito mais energia dos compostos orgânicos. Os seres vivos que
foram capazes de desenvolver este arsenal metabólico são chamados AERÓBIOS ou AERÓBICOS (aero= ar;
bio= vida) e, ao invés de utilizarem a fermentação para quebrar as moléculas orgânicas e obter energia, usam
a RESPIRAÇÃO, processo que obtém muito mais energia dos nutrientes.

Tínhamos, então, nesta altura, seres vivos que desenvolveram processos vitais mais
elaborados que aos antecessores. A respiração, com o tempo, permitiu o aparecimento de seres vivos cada
vez maiores, mais complexos, pluricelulares (pluri= várias).

E assim vem acontecendo a evolução dos seres vivos na Terra, um processo em que os
organismos que vão surgindo modificam o ambiente e permitem que outros seres mais complexos possam vir a
sobreviver. O meio ambiente foi de tal forma transformado pelos seres vivos ao longo do processo de evolução
da vida que, hoje em dia, não seria mais possível que moléculas orgânicas simples pudessem originar formas
de vida. Atualmente, a vida só surge de outra preexistente (hipótese da biogênese).

Já sabemos que a vida surgiu e evoluiu. Mas a que fatores podemos atribuir as modificações
sofridas pelos seres vivos ao longo do tempo? Cientistas de diferentes épocas explicaram o fenômeno da
evolução de maneiras diversas. É o que vamos discutir na próxima unidade.

Apêndice – Algumas Noções Básicas De Química

Nesta unidade, afirmamos que os seres vivos são formados por moléculas orgânicas. Vamos
tentar entender o que isso quer dizer.

Tudo o que existe no nosso planeta e em todo o universo é formado por matéria ou por
energia. Matéria é tudo o que tem massa (que pode ser medida por uma balança) e ocupa um lugar no espaço.
O ferro que está presente nos utensílios que usamos, a proteína que forma nossos cabelos e unhas, o oxigênio
que respiramos, são exemplos de matéria. Os seres vivos, os objetos e todos os seres inanimados são
formados de vários tipos de matéria. Toda matéria é formada por aglomerados de partículas infinitamente
pequenas chamadas átomos. Veja no esquema a seguir três tipos de átomo: o oxigênio e o carbono.

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Os átomos são formados por uma estrutura central chamada NÚCLEO e partículas que giram
em torno desse núcleo, os ELÉTRONS.

Os átomos, por razões que você saberá nos volumes de química, em sua grande maioria,
unem-se uns aos outros, na natureza, formando compostos. Alguns desses compostos são as MOLÉCULAS.
Veja: na figura abaixo, estão representadas duas moléculas. A primeira, o gás hidrogênio, é uma molécula
formada por dois átomos de hidrogênio que acabam compartilhando seus elétrons. A Segunda, representa uma
molécula de água. A molécula de água é formada por um átomo de oxigênio (no centro) e dois átomos de
hidrogênio (menores, nas laterais).

Existem moléculas de vários tipos e tamanhos. As mais simples, formadas na natureza, são
chamadas MOLÉCULAS INORGÂNICAS (in= negação; não orgânicas). A figura mostrada acima exemplifica
duas moléculas inorgânicas. Já as moléculas orgânicas são maiores e mais complexas. Elas formam a
estrutura orgânica dos seres vivos, em outras palavras, as células. Outra característica desse tipo de molécula
é a presença de átomos do elemento químico CARBONO. No esquema a seguir, comparamos duas moléculas
inorgânicas (água e gás carbônico) com uma molécula orgânica (glicose).

Veja a diferença no tamanho, na estrutura, nos componentes. As moléculas orgânicas são


formadas dentro do organismo dos seres vivos e envolvem um arsenal metabólico bastante complexo e
específico.

Açúcares (ou GLICÍDEOS), gorduras (por exemplo os LIPÍDEOS), proteínas e aminoácidos e


ácidos nucléicos são alguns exemplos de moléculas orgânicas. Elas são essenciais para a estruturação e a
manutenção da vida. As ligações entre seus átomos (entre os átomos de carbono) contêm uma quantidade
considerável de energia (nas próximas unidades, você estudará de onde provém essa energia). Os seres vivos,
em sua escala evolutiva, desenvolveram mecanismos bem – sucedidos de aproveitamento dessa energia
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“presa” nos compostos orgânicos para realizar todas as suas atividades vitais. Para conseguir essa energia, os
seres vivos devem “quebrar” essas moléculas.
Os açúcares, além de participar de algumas estruturas celulares, são fonte primária de energia
para a célula, bem como os lipídios (gorduras).

Já as proteínas, formadas por seqüências de aminoácidos (tipos de moléculas orgânicas muito


comuns em alimentos de origem animal como o leite, os ovos e a carne) formam toada a estrutura celular,
dando forma e sustentação a seus componentes. As enzimas que ativam reações químicas dentro das células
nada mais são do que proteínas muito específicas, fabricadas pela própria célula para esse fim. Elas costumam
ser chamadas de catalisadores das reações químicas (catalisar = ativar).

Os ácidos nucléicos, como o próprio nome sugere, estão presentes no material que forma o
núcleo das células, mais precisamente, fazem parte do seu material hereditário. Este material é constituído de
moléculas orgânicas longas, o RNA e o DNA (quando estudarmos o núcleo das células, você verá melhor o
assunto). Abaixo, há o esquema da molécula do DNA. Esta molécula tem a capacidade de guardar
informações a respeito da célula, circunstância essencial para que os seus descendentes sejam semelhantes à
célula original. Trata-se de uma das características fundamentais da vida – a capacidade de perpetuação da
espécie, assegurada pelo DNA celular.

EXERCÍCIOS:

1. Descreva, rapidamente, como era o ambiente na Terra assim que ela se formou:
2. Por que o ambiente da Terra primitiva era desfavorável à vida?
3. Quais os gases que formavam, provavelmente, a atmosfera da Terra primitiva?
4. Sobre as moléculas orgânicas, responda ao que se pede:

a) O que são?
b) Cite três exemplos de moléculas orgânicas:
c) Como se formaram as primeiras moléculas orgânicas no planeta?

5. Segundo o que leu na unidade, como deveriam ser os primeiros seres vivos da Terra?
6. Os primeiros seres vivos tinham alimentação heterotrófica. O que quer dizer isso e por que essa deveria
Ter sido a forma deles obterem alimentos?
7. Onde os seres vivos obtêm a energia necessária para a vida?
8. Estabeleça as diferenças entre:

a) fermentação e respiração
b) seres naeróbicos e seres aeróbicos:
c) heterótrofos e autótrofos:

9. Como surgiu o oxigênio na atmosfera da Terra e qual a sua importância


10. Por que, hoje em dia, não seria mais possível que moléculas orgânicas originassem seres vivos?

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MÚLTIPLAS ESCOLHAS

Assinale com um X a resposta que satisfaz cada questão:

1. O esquema seguinte representa o período de evolução que vai de cerca de 4,5 bilhões de anos até hoje.

As lacunas A,B C D e E devem ser respectivamente preenchidas por:

a) Heterótrofo, respiração anaeróbica, nitrogênio, heterótrofo, fotossíntese.


b) Heterótrofo, fotossíntese, oxigênio, heterótrofo, respiração aeróbica.
c) Não – fotossintetizante, fotossíntese, hidrogênio, animal, respiração aeróbica.
d) Clorofilado, heterótrofo, ogxig6enio, heterótrofo, respiração anaeróbica.
e) Heterótrofo, respiração, gás carb6onico, autótrofo, fotossíntese.

2. De acordo com a teoria da origem da vida, elaborada por Oparin, são condições essenciais para que a vida
tenha surgido na Terra, EXCETO:

a) Radiações ultravioletas em abundância.


b) Existência de grande quantidade de descargas elétricas.
c) Atmosfera com constituição química bem diferente da atual.
d) Espessa camada de ozônio.
e) Temperatura elevada.

3. As frases abaixo contêm os principais acontecimentos da provável origem da vida. Numere as frases de
modo a formar a seqüência correta. Assinale, em seguida, nas opções abaixo, a que corresponde à sua
numeração.

( ) Síntese de proteínas no solo quente e posterior carregamento para os oceanos.


( ) Resfriamento da atmosfera e formação de pequenas moléculas.
( ) Formação dos coacervados nos oceanos.
( ) Relâmpagos que forneciam energia para a síntese de aminoácidos.
( ) Aparecimento dos seres com respiração aeróbica.
( ) Surgimento dos primeiros seres autotróficos fotossintetizantes que utilizavam gás carbônico desprendido
na fermentação e liberavam oxig6enio na atmosfera.
( ) Atmosfera quente formada somente por elementos químicos.
( ) Liberação de energia dos compostos orgânicos por meio da fermentação que desprendeu gás carbônico.

a) 4,2,5,3,8,7,1,6 d) 3,2,5,4,6,8,1,7
b) 4,1,5,3,7,8,2,6 e) 3,2,5,4,6,1,8,7
c) 4,2,5,3,6,8,1,7

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GABARITO

1. Inicialmente era incandescente e foi se resfriando aos poucos, criando uma superfície sólida, contendo
em seu interior material submetido a altas pressões e temperaturas. Esse material incandescente brotava dos
vulcões, junto com vapor d’água, formando nuvens e muita chuva, que formavam os oceanos.

2. Suas temperaturas eram muito altas e não havia ainda oxigênio na atmosfera.

3. Met., amônia, hidrogênio e vapor d’água.

4. a) Formam a estrutura orgânica das células dos seres vivos e são constituídas pelo
elemento químico carbono, entre outros.
b) glicose, ácidos nucléicos, lipídios, proteínas, etc.
c) as descargas elétricas das chuvas e os raios ultravioleta do sol destruíam as ligações químicas dos gases
primitivos e forneciam energia para que outros tipos de substâncias fossem formados.

5. Eram unicelulares, capazes de realizar metabolismo e reproduzir-se.


6. Na alimentação heterotrófica, os seres vivos obtêm energia a partir de nutrientes que captam do ambiente.
Essa deveria ser a forma de nutrição dos primeiros seres vivos, pois, no ambiente primitivo, havia muitos
nutrientes (moléculas orgânicas) dissolvidos nos oceanos e, outra forma de nutrição exigiria um grau de
complexidade que essas formas de vida ainda não possuíam.

7. Nas ligações químicas de moléculas orgânicas.

8. a) Na fermentação, o alimento é degradado sem a utilização do oxigênio, desprendendo uma quantidade de


energia que estava aprisionada nas ligações químicas. Na respiração, essa degradação ocorre em presença
do oxigênio, liberando uma quantidade muito maior de energia.

b) os anaeróbicos degradam o alimento sem utilização do oxigênio enquanto os seres aeróbios o fazem
utilizando o oxigênio do ar.

c) seres heterótrofos captam o alimento do meio onde vivem e seres autótrofos sintetizam seu próprio
alimento.

9. Os seres autótrofos liberavam oxigênio durante a realização da fotossíntese, fazend o com que este gás
se acumulasse na atmosfera, criando uma camada protetora contra os raios ultravioleta do sol, que destroem a
vida permitindo, com a modificação do ambiente, que formas de vida mais evoluídas pudessem surgir.

10. Porque as condições do ambiente terrestre atualmente, assim como atmosfera, sofreram grandes
transformações e não são mais como na época primitiva.

Múltiplas escolhas:

1. B 2. D 3. A

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AVIDA EVOLUIU? FIXISMO X EVOLUCIONISMO

Hoje já se sabe que a vida teve início no planeta Terra há mais ou menos quatro bilhões de
anos. Durante todo esse tempo, ou mesmo antes, o planeta vem sofrendo transformações físicas e geológicas
que a ciência pode atestar. Foram formados novos continentes, algumas terras desapareceram, montanhas
surgiram, enfim, a paisagem terrestre não é a mesma do início da sua formação. O mesmo tem acontecido
com os seres vivos. Nos dias atuais, podemos contar com uma série de evidências de que os seres vivos que
aqui habitam não são os mesmos de milhões de anos atrás. Isso é possível graças aos recursos de que
dispõem técnicos e cientistas. Nem sempre, porém, pôde-se contar com esses avanços tecnológicos.

Mesmo antes do surgimento da ciência moderna, o espírito curioso de investigativo do ser


humano tratou de dar explicações, nem sempre cientistas, a respeito do surgimento dos seres vivos no planeta
e de sua grande variabilidade, chamada modernamente de BIODIVERSIDADE.

1. OS MITOS DA CRIAÇÃO
Alguns povos bem antigos como os hindus, há cinco mil anos ou os gregos, anteriores a Cristo,
já acreditavam que os seres vivos se transformavam ao longo do tempo. O homem ocidental, no entanto,
permaneceu até meados do século XVIII atrelado ao mito da criação do planeta Terra e dos seres vivos
proposto pelo Gênesis bíblico. O Gênesis é a parte da Bíblia que fala da origem dos tempos (Gênesis significa
origem). Este livro conta que Deus criou o mundo e todas as criaturas que nele habitam e que estes seres
vivos não mudaram desde o princípio, ou seja, segundo esta concepção, as espécies que conhecemos são as
mesmas da época da criação.

Estas idéias, conhecidas como FIXISMO ou CRIACIONISMO, predominaram na Europa


medieval, que assistiu à influência da Igreja Católica sobre o pensamento do homem nesse período (procure
saber mais sobre esse importante momento da história lendo os volumes de História Geral no Período
Medieval). Com o advento das grandes navegações, os europeus puderam conhecer outras terras, outros
continentes, culturas diversas das suas e aspectos da natureza bem diferentes dos que faziam parte de seu
ambiente. Animais e plantas exóticos eram trazidos das Américas, África e Ásia para serem mostrados como
“lembranças” de viagem. Toda essa diversidade aguçava a curiosidade e sugeria que as formas de vida
poderiam Ter sofrido mudança.

Mais tarde, quando houve o aperfeiçoamento de instrumentos ópticos, como as lentes que
aumentavam o poder de alcance do olho humano, puderam-se observar seres microscópicos (= muito
pequenos), como bactérias, e acompanhar o desenvolvimento embrionário de várias espécies de animais.
Estas observações sugeriam que os animais guardavam muita semelhança entre si quando eram embriões,
dando a idéia de uma origem comum. Ficava evidente que o criacionismo não daria mais conta de explicar a
origem da variedade de seres vivos do planeta.

2. DO MITO À OBSERVAÇÃO DA NATUREZA – AS IDÉIAS DOS NATURALISTAS


No final do século XVIII, surge, então, um naturalista francês chamado Jean-Baptiste Lamarck,
ou simplesmente Lamarck, o primeiro a pôr em dúvida o fixismo através de uma teoria científica (formulada
com base na observação e no raciocínio lógico e não no dogma religioso). Esta teoria baseava-se em duas
leis. A primeira chama-se LEI DO USO E DESUSO e a Segunda é A LEI DA HERANÇA DOS CARACTERES
ADQÜIRIDOS. Vamos analisar uma de cada vez, para que você as entenda bem.

Lamarck achava que cada ser vivo possuía dentro de si uma certa determinação em adaptar-
se às condições do meio em que vivia. De tal forma seria essa sintonia com o ambiente que, segundo ele, o ser
vivo teria a capacidade de desenvolver alguns órgãos, caso fossem necessários e, ao contrário, se outros
órgãos não fossem muito úteis, acabariam por atrofiar-se e desaparecer. Esta é, em resumo, a primeira lei da
teoria de Lamarck, a lei do uso e desuso de órgãos e estruturas. Um exemplo que pode ilustrá-la melhor seria a
de um estivador, que de tanto trabalhar carregando carga pesada nos ombros, acabaria por desenvolver uma
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musculatura forte, ao passo que o trabalhador que exercesse sua profissão de forma sedentária teria a
tendência a Ter a musculatura flácida por falta de uso.

A história se complica um pouco a partir da segunda lei da teoria de Lamarck. Ela afirmava que
após o desenvolvimento do órgão ou de sua atrofia, por imposição do ambiente, esta nova característica seria
transmitida aos descendentes do ser vivo. Teríamos, assim, ao longo das gerações, o aparecimento de novas
espécies, diferentes cada vez mais das originais.

Hoje sabemos que modificações que acontecem nas células somáticas (soma = corpo –
células do corpo dos seres vivos) não são transmitidas aos descendentes, a menos que as modificações
ocorram em células germinativas (células responsáveis pela reprodução dos seres vivos – você entenderá
melhor quando estudar o volume sobre reprodução). Mas era preciso combater essa concepção de forma
científica. Isso aconteceu através de uma experiência realizada por um cientista alemão contemporâneo a
Lamarck chamado Weissman. Ele cortou a calda de ratos durante várias gerações, fazendo-os cruzarem e
observando sua prole. Os filhotes, ao contrário do que poderia supor as idéias de Lamarck nasciam todos com
cauda. Ficou provado, assim, que as características adquiridas a partir da adaptação dos seres vivos ao meio
não eram passadas a seus descendentes.

Apesar de merecer críticas, o trabalho que Lamarck legou à ciência tem méritos que devem
ser reconhecidos. Ele foi o primeiro naturalista a tentar questionar as bases do criacionismo de maneira
científica, comentando em debates e pesquisas que levaram outros cientistas a investigar a evolução das
espécies. Também lançou o conceito de adaptação dos seres vivos ao ambiente, fundamental para o
desenvolvimento de teorias de outros naturalistas que vieram depois, como por exemplo Charles Darwin.

3. DARWIN E SUA TEORIA DA EVOLUÇÃO


Já no século XIX, nascia outro naturalista importante que veio a contribuir significativamente
para construção de uma visão mais elaborada a respeito da teoria da evolução. Ainda bem novo, com menos
de 30 anos, empreendeu uma longa viagem de navio, por cinco anos, partindo da Inglaterra, percorrendo a
costa da América do Sul, passando pela Austrália e várias ilhas ao longo dessa rota. Nesta viagem, encontrou
fósseis de animais extintos, mas que guardavam semelhança com seres vivos atuais. Pôde constatar a imensa
variabilidade de animais e plantas que habitavam as exuberantes matas tropicais, como as do Brasil. O que
chamou, porém, mais a atenção deste pesquisador foi um arquipélago próximo ao Equador, no Oceano
Pacífico (ilhas Galápagos). Lá, observou que cada ilha tinha animais e vegetais que não eram encontrados nas
outras e que não havia seres assim em nenhuma parte do mundo. Começou a achar que a evolução dos seres
vivos poderia se dar através da seleção dos organismos mais bem adaptados ao ambiente. Foi então que se
deparou com trabalhos de Thomas Malthus sobre populações. Malthus dizia que as populações cresciam num
ritmo muito maior (Progressão Geométrica) que os alimentos (Progressão Aritmética). Abaixo, mostramos um
gráfico que representa a idéia de Malthus sobre o crescimento populacional em relação ao aumento da
quantidade de alimentos.

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Pronto! Era o que faltava a Darwin para que formulasse a sua teoria da evolução. Essa teoria
baseava-se nos seguintes argumentos:

1. Os indivíduos de uma mesma espécie são bastante semelhantes, mas guardam certas
particularidades (variações).
2. Os seres vivos se reproduzem, gerando uma quantidade grande de descendentes.
3. Ao longo das gerações, porém, o número de indivíduos de uma espécie é sempre constante, não
tende a aumentar.
4. Deve haver competição, luta pela sobrevivência, já que a quantidade de alimento não é suficiente
para todos.
5. Os organismos que tiverem adaptações favoráveis às condições ambientais sobreviverão, ao
passo que os que não forem tão bem adaptados, morreram sem deixar descendentes.
6. A este tipo de “escolha”, Darwin chamou de SELEÇÃO NATURAL.

Você verá a seguir a esquematização da teoria darwiniana sobre seleção natural a partir de
uma mutação, neste caso, favorável que permitiu que um mutante se reproduzisse e suplantasse, em número,
a espécie original. Cada bolinha representa um indivíduo da espécie.

Depois de conhecer as teorias de Lamarck e Darwin, vamos propor pra você um desafio: o de
explicar a evolução de um determinado ser vivo segundo as idéias desses dois naturalistas. Como você diria
que a girafa se concordasse com Lamarck? E se você concordasse com as idéias de Darwin?

Bem, vamos lá ..... veja se sua explicação é semelhante a esta: segundo a teoria lamarckista a
girafa teria tido ancestrais de pescoço curto. Com o tempo, o alimento disponível para esses animais pode ter-
se escasseado. Neste caso, teriam sobrado apenas as folhas de árvores. Como as girafas primitivas, com
pescoço curto, não alcançavam a copa das árvores, devem ter-se esforçado para que seu pescoço fosse
aumentando de tamanho. De tanto tentarem, devem ter conseguido atingir o alimento contido no topo das
árvores e, assim, conseguido não só sobreviver, como também gerar descendentes de pescoço longo.

Como já dissemos nesta unidade, modificações que acontecem com o corpo dos seres vivos
(nas células somáticas) não podem ser transmitidas aos filhotes. Portanto, explicar o pescoço longo da girafa
com um “olhar” lamarckiano não é nada científico nos dias de hoje.

E segundo Darwin, qual seria a explicação para o tamanho do pescoço desse animal? Já
pensou? Veja se parece com esta: para Darwin, deveriam nascer girafas com tamanhos variáveis de pescoç o.
Na falta de alimento próximo ao chão, apenas as girafas que já nasciam com o pescoço mais longo é que
podia alcançar o alimento nas árvores. As outras (de pescoço curto) não conseguiam alcançar o alimento e
acabavam morrendo, antes mesmo de se reproduzirem. A seleção natural teria atuado, preservando as girafas
com a adaptação favorável às condições ambientais. Os descendentes dessas girafas nasciam também com
pescoço longo porque essa já era uma característica que seus pais possuíam desde que nasceram.

A grande contribuição de Darwin para a biologia foi a introdução do conceito de seleção


natural. Apesar, porém, de fundamentar sua teoria, não teve suas idéias bem aceitas pela comunidade
científica e pela sociedade da época, que o ridicularizou, fazendo publicar desenho em que ele aparecia com o
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corpo de macaco, numa alusão ao parentesco do homem com os símios. Mas o tempo rendeu-se às
evidências e suas teorias serviram de base à moderna teoria da evolução.

4. TEORIA SINTÉTICA – CONTRIBUIÇÀO DE VÁRIOS PESQUISADORES


Nem tudo foi esclarecido pela teoria de Darwin. Ele não soube explicar como as variações de
certos indivíduos de uma espécie podiam ser transmitidas aos descendentes e porque elas ocorriam. Estas
lacunas foram preenchidas mais tarde, através das descobertas e dos avanços da Genética. Vários cientistas
contribuíram com trabalhos que foram caracterizando o que chamamos de TEORIA SINTÉTITICA DA
EVOLUÇÃO, atualmente a mais aceita.

Os estudos posteriores esclareceram os mecanismos de transmissão d a hereditariedade (que


estudaremos no volume dedicado à Genética), ligando esses eventos às seqüências de ácidos nucléicos
localizados no núcleo das células. Descobriu-se que pedaços dessas moléculas, os GÊNES, eram
responsáveis pelas características de cada ser vivo. Uma falha qualquer na formação desse material poderia
causar uma modificação em um ou mais genes. Esta falha no código genético foi chamada de MUTAÇÃO. Ela
acontece por mero acaso, independente de qualquer pressão do meio ambiente (ao contrári o do que pensava
Lamarck, lembra-se?). na maior parte das vezes, essas mutações ocorrem em células somáticas (células do
corpo dos indivíduos), e não ocasionam modificações que podem ser transmitidas aos descendentes.
Eventualmente, mutações podem ocorrer em células germinativas (que geram os descendentes). Neste caso,
as modificações por elas determinadas são transmitidas às próximas gerações. Caso essas mudanças
acarretem uma melhor adaptação do indivíduo ao meio em que ele vive, a seleção natural favorec e a esse
indivíduo, que terá mais chances de sobreviver e se reproduzir, transmitindo, então, essas novas
características a seus descendentes. E assim, as espécies vão-se modificando com o passar do tempo. Se as
mudanças forem desfavoráveis a ponto de inviabilizarem a sobrevivência do indivíduo mutante (o que não é
raro), ele morrerá antes de se reproduzir.

Este é apenas um resumo da essência da teoria sintética. Ela leva em consideração o conceito
de seleção natural proposto por Darwin, acrescentando conhecimentos advindo da genética, como mutação e
outros que explicam como uma nova espécie surge a partir da espécie original, como o isolamento reprodutivo
e o isolamento geográfico, ou a deriva genética (que serão explicados em outra unidade, quando você já tiver
mais elementos para assimilar esses conteúdos).

Esperamos que tenha ficado claro que a teoria sintética é, na verdade, o resultado do
amadurecimento de todos esses anos (séculos) de pesquisa científica, onde a contribuição individual de cada
naturalista foi fundamental, mesmo que agora seja considerada superada. Um dia, com os avanços da ciência,
quem sabe esta teoria sintética da evolução também venha a ser complementada? O fundamental é que todas
essas idéias são modelos necessários para servir de base à pesquisa científica.

Na próxima unidade, você estudará várias provas científicas que, reunidas, dão respaldo à
concepção da evolução.

EXERCÍCIOS

1) O que vem a ser FIXISMO ou CRIACIONISMO e que acontecimentos históricos começaram a pôr a
prova estas idéias?

2) Qual foi o primeiro naturalista a duvidar do fixismo e propor uma teoria científica para a evolução dos
seres vivos na Terra?

3) Em que se baseava sua teoria?

4) Entre a lei do uso e desuso e a lei da herança dos caracteres adquiridos, qual a que você
considera mais viável? Justifique sua resposta.

5) Descreva sucintamente o experimento que provou que algumas das concepções de Lamarck estavam
incorretas:
6) O que podemos destacar de positivo da teoria da evolução de Lamarck?

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7) Quais os fundamentos da teoria da evolução de Darwin?

8) Uma população de bactérias foi colocada em um meio de cultura saturado de um determinado


antibiótico. A maioria das bactérias morreu. No entanto, algumas sobreviveram e deram origem a
linhagens resistentes a esse antibiótico.

a) Explique o processo segundo a teoria lamarquista de evolução.

b) Explique o processo segundo a teoria darwinista de evolução.

9) Qual a importância da teoria de Darwin?

10) Quais os conceitos que a teoria sintética incorporou à teoria de Darwin?

MÚLTIPLAS ESCOLHAS

1) Muitos inseticidas, como DDT, foram utilizados indiscriminadamente no controle dos insetos.
Posteriormente perderam muito da sua evidência porque:

a) Os indivíduos que entram em contato com o inseticida tornam-se resistentes.


b) O inseticida estimula o inseto a produzir um antídoto contra o veneno.
c) O inseticida estimula as células fagocitárias a diferir o veneno.
d) Alguns insetos são portadores de variações genéticas que condicionam resistência ao DDT e que podem
ser transmitidas aos seus descendentes.
e) O inseticida estimula a produção de tecido adiposo e este acumula o veneno.

2) Um surfista que se expunha muito ao sol sofreu danos em seu DNA em conseqüência de radiações. UV, o
que resultou em pequenos tumores na pele. Caso ele venha a ser pai de uma criança, ela:

a) Só herdará os tumores se tiver ocorrido dano em um gene dominante.


b) Só herdará os tumores se tiver ocorrido em dois genes recessivos.
c) Só herdará os tumores se for do sexo masculino.
d) Herdará os tumores, pois houve dano no material genético.
e) Não herdará os tumores.

3) Um estudante levantou algumas hipóteses para explicar por que em alguns rios de caverna os peixes são
cegos. Qual delas está de acordo com a teoria sintética da evolução?

a) No ambiente escuro das cavernas, os olhos se atrofiam como conseqüência da falta de uso.
b) Os olhos, sem utilidade na escuridão das cavernas, se transformam ao longo do tempo em órgãos táteis.
c) No ambiente escuro das cavernas, os peixes cegos apresentaram vantagens daptativas em relação aos
não cegos.
d) A falta de luz nas cavernas induziu mutação drástica, que levou à regressão dos olhos num curto espaço
de tempo.
e) A falta de luz nas cavernas induziu mutações sucessivas que ao longo de muitas gerações levaram à
regressão dos olhos.

4) Associe as colunas:

(1) A variabilidade dos seres vivos é fruto ( ) lamarquismo


de mutações e recombinação genética.
(2) As estruturas desenvolvidas pelo uso ( ) darwinismo
Ou atrofiadas pelo desuso são hereditárias.
(3) A teoria da seleção natural explica como ( ) teoria sintética
Os seres vivos evoluem no decorrer do tempo
Através da sobrevivência dos mais adaptados.

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GABARITO

1) É a concepção pela qual as espécies de seres vivos atuais são as mesmas da época da criação, não
tendo sofrido evolução. As grandes navegações, que fizeram os europeus conhecerem terras e seres
vivos diferentes, e o aperfeiçoamento de instrumentos tópicos, que permitiram a observação de
estruturas microscópicas, são exemplos de fatos que começaram a pôr em prova o fixismo.

2) Jean-Baptiste Lamarck

3) Baseava-se na lei do uso e desuso da herança dos caracteres adquiridos.

4) A lei do uso e desuso é aceitável, pois um órgão ou estrutura podem ser desenvolvidos ou atrofiados
caso sejam muito usados ou não. Isso pode mudar algumas características do ser vivo. Estas
características, porém, não podem passar para a próxima geração, uma vez que a modificação
aconteceu nas células que formam o corpo do ser vivo e não nas células responsáveis pela sua
reprodução.

5) Weissman cortou a cauda de ratos durante várias gerações, fazendo-os cruzarem e observou que os
ratos só geravam filhotes com cauda, provando que as características adquiridas a partir da adaptação
dos seres vivos ao meio não eram passadas a seus descendentes.

6) Ele foi o primeiro naturalista a tentar questionar as bases do criacionismo de maneira científica lançou
o conceito de adaptação.

7) Cada indivíduo, apesar de pertencer a uma espécie, nasce com pequenas variações e geram uma
grande quantidade de descendentes. Como o número de indivíduos, ao longo das gerações, não tende
a mudar, deve haver competição, onde os seres vivos mais adaptados ao ambiente sobreviverão,
enquanto que os menos adaptados morrerão. Este é o princípio da Seleção Natural.

8) a) Segundo a teoria lamarquista, o contato com o antibiótico fez as bactérias se adaptarem e


desenvolverem resistência à droga, passando essa característica para os descendentes.

b) Segundo a teoria darwinista, no meio havia bactérias sensíveis a drogas e outras que já nasciam
insensíveis. Em contato com o antibiótico, apenas as bactérias insensíveis conseguiam sobreviver. Elas
geravam bactérias insensíveis e, assim a população resistente à drogas nasceu.

9) Ele introduziu o conceito de seleção natural e sua teoria serviu de base à moderna teoria da evolução.

10) Os conceitos de mutação, que seria uma “falha” no código genético, de isolamento reprodutivo e
geográfico e deriva genética (que serão estudados em genética).

Múltiplas Escolhas
1.D 2.E 3.C 4. (2,3,1)

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FATORES QUE COMPROVAM A EVOLUÇÃO

Como você já sabe, os cientista de hoje aceitam a evolução da vida como um fato: não há
dúvidas de que ela ocorreu e continua ocorrendo. Entretanto, todo fato científico precisa de provas. Ao longo
do tempo, os cientistas foram encontrando na natureza evidências de que os seres vivos realmente evoluíram.
As principais destas evidências você vai estudar nesta unidade.

1. UMA VIAGEM NO TEMPO

Imagine como seria bom para os estudos sobre a evolução biológica se pudéssemos voltar no
tempo. Poderíamos saber como eram os animais, as plantas e os microorganismos de milhares de anos atrás.
Poderíamos também comparar esses seres de épocas remotas com os atuais. Saberíamos, então, o que
mudou. Traçaríamos a história evolutiva de inúmeros seres. Teríamos uma idéia precisa de como a vida
evoluiu.

O tema da viagem no tempo sempre encantou o homem. Ele está presente em inúmeros livros
e filmes de ficção. Mas tal viagem não faz parte de nossa realidade. Então, como saber sobre os seres do
passado? Como afirmar que eles sofreram lentas e contínuas mudanças?

O homem descobriu uma maneira de olhar o passado sem precisar viajar no tempo. Temos
informações concretas sobre determinados seres do passado. Pense um pouco, você já deve Ter ouvido falar
em como os cientistas estudam seres que nem existem mais. Se você pensou nos fósseis, acertou! Eles são
verdadeiros “retratos” de um passado longínquo.

Que imagem vem à sua cabeça quando falamos em fósseis? É provável que seja a de um
esqueleto de dinossauro. Ossos preservados de animais do passado são realmente considerados fósseis.
Entretanto, você precisa saber que esses não são os únicos tipos de fósseis. Os cientistas consideram como
um fóssil qualquer vestígio deixado por um ser do passado. Assim, um pedaço de tronco de árvore ou uma
semente que foi preservada através dos tempos são exemplos de fósseis. Uma pegada deixada por um animal
há milhares de anos também é um registro fóssil.

A ciência que estuda os fósseis é a paleontologia (do grego palaios = antigo; onto = ser; logos
= estudo). Os paleontólogos desenvolveram métodos para datar os fósseis. Assim, quando um fóssil é
encontrado, é possível saber em que época o ser que deixou aquele vestígio viveu.

O estudo dos fósseis tem permitido mostrar que, ao longo de sua história, a Terra tem sido
habitada por seres diferentes. Lembre-se de que, a cada momento, a seleção natural está atuando, de modo
que os seres têm características que os tornam mais adaptados ao ambiente em que vivem são preservados,
enquanto os outros são eliminados. Em um outro momento, as formas de vida outrora preservadas passam a
eliminadas, pois já não respondem tão bem as pressões de um ambiente que se modificou. Os fósseis
representam uma maneira de contar essa história da ação da seleção natural.

No caso de alguns seres, muitos fósseis de épocas diferentes foram encontrados, o que tornou
possível praticamente recriar sua história evolutiva: traçar uma seqüência das modificações sofridas por eles
desde remotos ancestrais até as formas atuais.

O cavalo é um dos seres que tem sua história evolutiva mais bem conhecida, pois já foram
encontrados mais de 200 tipos de fósseis diferentes. Arrumados em ordem cronológica, esses fósseis

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permitiram que se conhecessem as mudanças no porte, no formato da cabeça, no número de patas, entre
outras. Veja como os fósseis revelam a evolução das patas desse animal.

2. UMA VIAGEM PELAS SEMELHANÇAS

Você viu que o estudo dos fósseis é capaz de


mostrar que os seres vivos não são sempre iguais. Ao contrário,
eles efetivamente sofrem mudanças ao longo do tempo. O
processo de evolução é, portanto, o grande responsável pela
incrível diversidade de vida em nosso planeta. Se novas espécies
surgem através de modificações em espécies mais antigas,
podemos dizer que todos os seres vivos são parentes. Todos os
seres, dos mais simples aos mais complexos, descendem do
mesmo ancestral: os primeiros seres que habitaram os mares de
nossa Terra primitiva.

Preste bastante atenção no esquema a seguir.


Cada letra representa uma espécie de ser vivo:
Note que alguns seres foram separados pelo
processo de evolução em um passado muito remoto, enquanto
para outros, a separação foi bem mais recente.

Considere os seres ”R” e “T”. procure encontrar o


ancestral comum aos dois. Repare que você terá que voltar ao
ser inicial “A”. “R” e “T” são parentes muito distantes: seguiram
linhas evolutivas distintas há muito tempo.

Agora considere os seres “R” e “S”. qual é o ancestral comum aos dois? Agora o ancestral, “H”
está próximo no tempo. Isso significa que “R” e “S” só conseguiram linhas evolutivas distintas mais
recentemente são parentes próximos.

Como a biologia pode conseguir evidências de que realmente houve um ancestral comum a
todos os seres vivos? A resposta não é tão difícil: se há parentesco, devem existir semelhanças. Podemos
esperar que quanto mais próximo o parentesco, maiores sejam as semelhanças entre os seres. Então, vamos
falar de semelhanças?!

2.1 Semelhanças Entre Parentes Próximos: Anatomia Comparada


Estudar morfologia e anatomia significa analisar a forma e as partes que compõem o corpo dos
seres vivos inicialmente, as comparações entre a morfologia e a anatomia de diferentes organismos tinham por
objetivo o estudo das classificações (assunto que você estudará em breve). Com o tempo, foram sendo
percebidas semelhanças entre seres que eram diferentes na sua anatomia. Os cientistas viram n essas
“coincidências” uma evidência de que os seres realmente evoluíram de ancestrais comuns.

Entre os diferentes vertebrados, por exemplo, podem ser encontradas várias semelhanças
anatômicas. Uma delas está nos membros locomotores:

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Biologia – Ensino Médio – Módulo 1 CMP

Repare que os ossos assinalados com o mesmo número são correspondentes.

A pata do crocodilo, a asa da ave, a nadadeira da baleia e o braço do homem servem a


funções diferentes (andar, nadar etc.), mas mostram a mesma estrutura básica. Isso revela duas coisas:

 A origem evolutiva comum desses órgãos.

 A relação da evolução com a adaptação dos seres a diferentes ambientes e formas de vida.

Órgãos que têm a mesma origem evolutiva, mas funções diferentes, são chamados de órgãos
homólogos. A existência de tais órgãos reforça bastante a idéia de evolução da vida.

Comparando anatomia de animais, se descobriu também que órgãos desenvolvidos em alguns


podem aparecer atrofiados e sem função em outros. Tais órgãos atrofiados são chamados de órgãos vestigiais.
Um exemplo é o apêndice do intestino, que é um órgão vestigial no homem e nos mamíferos carnívoros. Já
nos herbívoros é desenvolvido e tem importante função na digestão da celulose, substância presente em
grande quantidade nos vegetais.

Os órgãos vestigiais também são atribuídos ao processo evolutivo: os mamíferos atuais,


carnívoros e herbívoros, teriam ancestrais comuns herbívoros, dos quais herdaram o apêndice. Alguns desses
mamíferos sofreram atrofia do órgão. Aí, a seleção natural agiu da seguinte maneira: os mamíferos com
apêndice atrofiado que tinha características que permitiam alimentação carnívora conseguiram se adaptar e
sobreviver; aqueles que só se alimentavam de vegetais, desapareceram. A conseqüência foi que, hoje, todos
os mamíferos com apêndice atrofiado são carnívoros, resultado da seleção natural.

Vamos voltar agora à Figura 2. O que você acha? Cavalo e homem são parentes próximos?

2.2 Semelhanças Entre Parentes Próximos: Embriologia Comparada

O estudo e a comparação de embriões de algumas espécies revelam uma semelhança


impressionante entre eles. veja o quadro:

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Tal semelhança é considerada uma evidência de que os diferentes vertebrados são parentes
próximos. Eles teriam herdado do mesmo ancestral a mesma estrutura corporal básica, o que explicaria o fato
de os embriões, nas fases iniciais do desenvolvimento, serem extremamente semelhantes.

2.3 Semelhanças Entre Parentes Distantes: Biologia Molecular

Uma bactéria é muito diferente de um ser humano. Entretanto, de acordo com as teorias atuais
sobre origem e evolução da vida, ambos tiveram um ancestral comum em um passado muito remoto. Esse
parentesco, ainda que muito longínquo, tem que estar registrado nesses organismos através de alguma
semelhança, mesmo que não muito visível.

Encontrar semelhanças entre seres tão diferentes: agora sim, estamos diante de um grande
desafio. Esse desafio só pôde ser vencido nas últimas décadas, quando o homem conseguiu investigar melhor
o interior da célula e a cumular conhecimentos na área da chamada Biologia molecular. Essa parte da biologia
estuda as moléculas que formam as estruturas celulares. Interessa-nos particularmente as moléculas
presentes no núcleo da célula, pois elas são as responsáveis pela transmissão das características dos seres
vivos, como você estudará mais tarde (veja o apêndice de química da unidade 2 deste volume).

E o que o DNA tem a ver com a evolução? Tudo! Todas as formas de vida da Terra têm
moléculas de DNA no interior de suas células. A presença do DNA aproxima todos: bactérias, animais, plantas
... É o que todos herdaram daquela forma de vida inicial, do ancestral comum.

Estudos mais detalhados do DNA são capazes de confirmar os graus de parentesco entre os
seres. Mais isso é assunto para mais tarde, quando você já tiver estudado a estrutura dessa molécula
essencial à vida.

Na próxima unidade, vamos nos dedicar a estudar um pouco mais sobre os caminhos iniciais
da evolução do ancestral comum a todos os seres.

EXERCÍCIOS

1. Coloque V (verdadeiro) ou F (falso) nas afirmações que se seguem:

a) ( ) Os únicos registros considerados fósseis são os esqueletos de animais.


b) ( ) O estudo dos fósseis revela que a Terra nem sempre foi habilitada pelos seres vivos que existem
atualmente.
c) ( ) A existência de fósseis de seres que já não existem mais é um fato relacionado com a seleção natural.
d) ( ) Em alguns casos, é possível traçar a história evolutiva de seres vivos através do estudo dos fósseis.
e) ( ) Seres vivos diferentes na aparência externa nunca apresentam semelhanças na estrutura interna.
f) ( ) Os órgãos homólogos são evidências da origem evolutiva comum de determinados animais.
g) ( ) Cada animal vertebrado tem um embrião bem característico, facilmente distinguível dos embriões de
outros vertebrados.
h) ( ) Só foi possível perceber que todos os seres vivos possuem algum grau de semelhança com os estudos
das moléculas presentes nas células.

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Biologia – Ensino Médio – Módulo 1 CMP

2. Faça uma lista de evidências que confirmam a evolução da vida:

3. A nadadeira da baleia e a asa da ave são órgãos homólogos. Eles têm a mesma estrutura básica, mas não
são iguais. Considerando a teoria da evolução atualmente aceita (Unidade 3), que mecanismos evolutivos
seriam responsáveis por estas diferenças?

4. Analise a afirmação: o apêndice se tornou um órgão vestigial nos mamíferos carnívoros porque eles não o
utilizavam em seu processo de digestão. Faça as questões:

a) A afirmação está de acordo com a teoria atual da evolução?


b) Relacione a afirmação com as idéias de um dos evolucionistas estudados na unidade:

5. Como podemos estabelecer alguma relação de parentesco entre seres que não mostram nenhuma
semelhança visível?

GABARITO

1. a) F b) V c)V d) V e) F f) V g) F h) V

2. Fósseis, órgãos homólogos, órgãos vestigiais, semelhanças entre embriões de espécies diferentes,
presença do DNA em todas as células.

3. Adaptação e seleção natural.

4. a ) não b) Lei do uso e desuso de Lamarck

5. Através do estado do DNA.

SUGESTÕES DE LEITURA

1. A aurora do Homo Sapiens – Artigo de Sérgio de Almeida Rodrigues publicado na revista de Ensino de
Ciências, n. 22 (você poderá ver como os estudos dos fósseis foram importantes para gerar o
conhecimento que temos hoje sobre a evolução do homem).

2. Âmbar, um fascinante testemunho do passado – Biologia. V. único, de Cesar & Sezar. P.540. (O âmbar
teve papel essencial no filme Parque dos Dinossauros).

3. Como se formam os fósseis? Nas páginas 162 e 163 do livro Biologia. V.3, dos autores Cesar e Sezar,
você vai poder conhecer a seqüência de acontecimentos que levam à formação de um fóssil.

4. O Archaeopteryx, um fóssil famoso – Conheça um pouco desse animal do passado no livro Biologia. V.
único, de Cesar & Sezar.p. 540.

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A EVOLUÇÃO DA CÉLULA

Na Unidade 2 você teve a possibilidade de saber como a biologia explica a origem dos
primeiros seres vivos na Terra. Soube também que os primeiros habitantes do nosso planeta eram formados
por uma única célula bem simples. Então, falar da evolução dos seres vivos significa falar da evolução d a
célula. Nesta unidade, vamos abordar as principais mudanças celulares que levaram ao surgimento de seres
cada vez mais complexos, ampliando as noções trabalhadas na Unidade 2. Vamos desvendar um pouco dos
caminhos evolutivos trilhados por aqueles seres iniciais. Não se esqueça de considerar todos os conceitos
sobre evolução já discutidos neste volume.

1. A EVOLUÇÃO DOS TIPOS DE CÉLULA

Você já deve ter estudado que as células têm três partes básicas: membrana plasmática,
citoplasma e núcleo. Pense em uma célula qualquer e fixe sua atenção no núcleo. Nós tendemos a imaginá-la
como algo circular localizado mais ou menos no centro da células. Em seu interior está o material genético - O
DNA. A linha que separa o DNA do citoplasma é a membrana nuclear, também chamada de carioteca (carion =
núcleo; teca = envoltório). Sempre que pensamos em uma célula, lá está a carioteca! Entretanto, nem todas as
células têm carioteca. Então, existem dois tipos de células que recebem nomes especiais:

 Com carioteca: célula eucariota (eu = verdadeiro)


 Sem carioteca: célula procariota (pro = primitivo)

Atente para o fato de que, nas células procarióticas, o material genético está em contato direto
com o citoplasma. É também importante que você perceba que estas células possuem apenas a membrana
celular (plasma), que envolve o citoplasma.

Os cientistas acreditam que a membrana celular de células procariotas tenha sofrido


modificações que levaram ao surgimento das células eucariotas. Eles supõem que tal membrana (den tro da
qual estava o conteúdo celular, inclusive o material genético) sofreu evaginações (dobras para fora). Essas
evaginações foram se desenvolvendo e se aproximando, até que formaram uma outra membrana mais externa.
Assim, a célula passou a ter duas membranas:

 Uma inteira, com o material genético em seu interior - membrana nuclear.


 Uma externa, envolvendo o citoplasma - membrana celular.

Assim, surgiu a célula eucariótica! Não deixe de perceber que ela é o resultado da evolução de
células procarióticas.

As próprias células eucarióticas continuaram a evoluir (lembre-se de que a evolução é um


processo contínuo, ou seja, continua acontecendo nos dias de hoje) e se aperfeiçoaram. No citoplasma dessas
células foram surgindo estruturas envolvidas por membranas, chamadas de organelas celulares.

A figura a seguir dá uma idéia visual resumida do processo de evolução de células


procarióticas para eucarióticas.
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Biologia – Ensino Médio – Módulo 1 CMP

Aproveite a figura para observar as organelas presentes no citoplasma da célula eucariótica.


Cada tipo de organela tem um nome específico e desempenha uma determinada funçãao. Em breve, você
estudará mais detalhadamente as organelas.

Portanto, acreditamos que os primeiros seres vivos eram unicelulares e procariontes (formados
por célula procariótica).

Na Terra atual, convivem seres procariontes e eucariontes (formados por uma ou várias células
eucarióticas). Isso significa que a seleção natural não eliminou os seres procariontes, pois, apesar de bem
simples, alguns estavam bastante aptos para lutar pela vida.

Os seres procariontes atuais são as actérias. Os primeiros seres devem ter sido muito
semelhantes a elas. A figura a seguir mostra procariontes e eucariontes atuais.

A presente
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coexistência de bactérias e seres mais complexos nos dá uma importante lição: complexidade não é sinônimo
de adaptação. Se o ser é muito simples, mas dá conta de realizar com sucesso os fenômenos biológicos
necessários à vida, ele é preservado pela seleção natural.

2. A EVOLUÇÃO DAS FORMAS DE NUTRIÇÃO

Na Unidade 2, você ficou sabendo que, segundo a hipótese atual sobre a origem da vida, os
primeiros seres vivos eram heterótrofos. Os seres autótrofos surgiram mais tarde. Mas que mudanças celulares
levaram ao aparecimento de seres autótrofos?

Para começar, é importante ficar claro que a nutrição autotrófica é bem mais complexa de que
a eterotrófica. Afinal de contas, adiquirir o alimento já pronto no meio ambiente é uma coisa; produzir esse
alimento dentro das células é outra bem mais difícil ...

O processo de transformação de substâncias inorgânicas simples em substâncias orgânicas


complexas requer energia para ocorrer. Então, um ser só é autótrofo se consegue captar energia diretamente
do meio ambiente e utilizá-la na produção de moléculas orgânicas. Pense um pouco. Qual é a forma de energia
que está continuaente disponível em nosso planeta? A energia luminosa proveniente do sol é abundante na
Terra, por isso, um ser vivo que pudesse utilizá-la em seu processo de produção de alimento não teria
dificuldades para lutar pela vida: a adaptação do ambiente não seria um problema e a seleção natural tenderia
a agir positivamente sobre ele.

A biologia acredita que, em um determinado momento da evolução, surgiram células que


continuavam algum tempo de substância capaz de captar a energia luminosa. Essa substância seria um tipo de
clorofila, que é a principal característica que separa a maioria dos seres autótrofos dos seres heterotróficos. A
síntese (produção) de matéria orgânica com a utilização da luz é chamada de fotossíntese (foto = luz). Uma
outra forma de nutrição autotrófica é a quimiossíntese, que será abordada mais tarde.

Para fazer a fotossíntese, o ser vivo absorve gás carbônico, disponível na atmosfera desde os
tempos da Terra primitiva e água. A energia luminosa é utilizada para transformar essas substâncias em
alimento. Essa transformação envolve a ocorrência de inúmeras reações químicas. Mas todo o processo pode
ser resumido através da equação:

GÁS CARBÔNICO + ÁGUA ALIMENTO + OXIGÊNIO


(glicose)

O alimento produzido é glicose, um tipo de açúcar que contém bastante energia. Entretanto, a
capacidade de absorção da luz solar pela clorofila não foi a única aquisição evolutiva que possibilitou o
surgimento dos autótrofos. Esses seres só conseguem sintetizar moléculas orgânicas por que possuem um
equipamnto enzimático capaz de catalisar (ativar) as reações químicas necessárias ao processo. As enzimas,
responsáveis pelas transformações químicas envolvidas na fotossíntese, não estão presentes nos heterótrofos.
Essa é outra diferença entre eterótrofos e autótrofos.

Existem seres fotossintetizantes procariontes e eucariontes. Nos primeiros, a clorofila e as


enzimas necessárias a fotossíntese se encontram no citoplasma da célula. Nos segundos, há uma organela
específica que tem como função a realização da fotossíntese: o cloroplasto. Esta organela é uma característica
essencial para diferenciar uma célula eucariótica autotrófica de uma heterotrófica.

Então, os primeiros seres unicelulares eucariontes seguiram duas linhas evolutivas: uma
autotrófica fotossintetizante e outra heterotrófica. Acredita-se que as plantas atuais descendem da primeira e
os animais, da segunda. Portanto, plantas e animais resultam de linhas evolutivas separadas em um tempo
muito distante, o que justificaria as grandes diferenças entre elas (lembre-se do que foi discutido na unidade
anterior).

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A capacidade fotossintética dotou os autótrofos de grande auto-suficiência em termos


alimentares. Bem-sucedidos, se espalharam pela Terra. A proliferação desses seres teve uma conseqüência
importante para o meio ambiente. Como você já viu na unidade 2, a partir do aparecimento desses seres, a
atmosfera ganhou um novo componente: o gás oxigênio. Volte a equação da fotossíntese e observe que o
fenômeno não produz apenas glicose: o oxigênio também é um produto da fotossíntese.

A modificação no ambiente gera novas pressões sobre os seres vivos. Novos organismos são
favorecidos pela seleção natural. Vamos discutir como a presença do oxigênio no ar impulsionou o processo de
evolução da célula que formava os primeiros seres vivos.

3. A EVOLUÇÃO DOS MECANISMOS DE OBTENÇÃO DE ENERGIA


Para sobreviver, os seres precisam de energia. Mas não de qualquer forma de energia. A única
forma de energia capaz de ser utilizada pelos seres para manutenção do seu metabolismo é a ENERGIA
QUÍMICA. Esta forma de energia está armazenada nas ligações químicas que se formam entre os átomos das
moléculas orgânicas (consulte seu material de química para entender melhor as ligações entre átomos).
Portanto, qualquer ser vivo, heterótrofo ou autótrofos, precisa desfazer as ligações entre os átomos das
moléculas orgânicas que adquiriu do meio amiente (caso dos heterótrofos) ou que produziu em suas células
(caso dos autótrofos). Costumamos dizer que é necessário “quebrar” as moléculas.

A principal molécula utilizada pelos seres vivos para obtenção de energia é a glicose. O
processo de “quebra”da glicose, liberando a energia nela contida, ocorre no interior das células. Entre os seres
atuais é possível identificar dois processos celulrares na unidade 2.

A maioria dos seres atuais realiza a respiração, que é um processo aeróbico, ou seja, só ocorre
na presença de oxigênio. No processo, a glicose passa por inúmeras reações químicas. Mas podemos resumir
o processo: a glicose reage com o oxigênio (reação que chamamos de oxidação) e a energia é liberada,
conforme a equação a seguir:

GLICOSE + OXIGÊNIO GÁS CARBÔNICO + ÁGUA + ENERGIA

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Esse processo é bastante eficiente, pois a glicose é totalmente oxidada. Note que na
respiração todas as ligações entre átomos de carbono são “quebradas”: a glicose tem seis átomos de carbono,
enquanto o gás carbônico, que resulta o processo, tem apenas um átomo de carbono. O gás carbônico, que
resulta do processo, tem apenas um átomo de carbono. O gás carbônico é “o que sobrou” depois da oxidação
da glicose. É um resíduo eliminado pelos seres vivos.

A fermentação é um processo anaeróbico, ou seja, o oxigênio não está envolvido no processo,


tem apenas um átomo de carbono. O gás carbônico é “o que sobrou” depois da oxidação da glicose. É um
resíduo eliminado pelos seres vivos.

A fermentação é um processo aeróbico, ou seja, o oxigênio não está envolvido no processo.


Nesse caso, a molécula de glicose não é totalmente “quebrada”, de modo que, ao final do processo, a molécula
resultante ainda contém muita energia, que acaba não podendo ser utilizada pelo ser vivo. Analise a equação
abaixo:

GLICOSE ÁCIDO PIRÚVICO GÁS CARÔNICO + ENERGIA


(6 carbonos) (2 carbonos)

Repare que o processo resulta em moléculas com dois carbonos. A maior parte da energia
contida na glicose ainda está armazenada na ligação entre os dois átomos de carbono. A fermentação é,
portanto, bem menos eficiente do que a respiração na obtenção de energia para a vida.

Considerando as condições da Terra primitiva, você acha que os primeiros seres vivos
realizavam a respiração ou a fermentação? Pense, a resposta é simples ...

Como vimos no item 2 desta unidade, o oxigênio apareceu na atmosfera como resultado da
atividade fotossintética. Portanto, os primeiros seres vivos, realizavam alguns processos bem semelhantes à
fermentação.

É importante considerar também que é um processo bem mais simples do que a respiração,
exigindo menos enzimas para ocorrer. As enzimas que catalisam as reaçòes da fermentação se encontram na
superfície interna da membrana da célula. Já as enzimas de respiraçõ se encontram, em sua maior parte, em
uma organela específica, responsável pelo processo respiratório: A MITOCÔNDRIA. Portanto, os seres
procariontes são fermentadores enquanto os eucariontes fazem a respiração.

As células, então, evoluíram de processos anaeróbicos de obtenção de energia para processos


aeróbicos. Essa evolução só foi possível com a mitocôndria. Esse foi um importante passo evolutivo, pois a
aquisição de um processo mais eficiente de obtenção de energia abriu caminhos para que se formassem seres
mais complexos, maiores, formados por mais de uma célula: os pluricelulares. A partir de então, tais seres não
pararam de evoluir: seguindo mais diversos ambientes. Todo o processo evolutivo resultou, portanto, em uma
maravilhosa biodiversidade, assunto de nosso próximo volume.

EXERCÍCIOS

1. Marque as opções. Os primeiros seres vivos eram:

a) ( ) unicelulares ( ) pluricelulares
b) ( ) autótrofos ( ) heterótrofos
c) ( ) procariontes ( ) eucariontes
d) ( ) aeróbios ( ) anaeróbios

2. Compare a células procariótica com a eucariótica. Escreva as principais diferenças entre elas.

3. Que aquisições evolutivas possibilitaram o surgimento dos seres foossintetizantes?

4. Observe a figura que apresenta a célula animal e a vegetal. Escreva as diferenças que você pode ver entre
elas.

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5. Há muito tempo você sabe que, ao respirarem, os seres absorvem oxigênio e eliminam gás carbônico. Com
as informações estudadas nesta unidade responda:

a) Por que o oxigênio é continuamente necessário para a maioria dos seres vivos?
b) Por que os seres vivos eliminam gás carbônico continuamente?
6. Por que podemos dizer que a respiraçào é um processo mais eficiente do que a fermentação ?

7. Na Terra primitiva, a existência do processo respiratório eraimpossível. Explique.

8. Analise a afirmação:
Determinados seres vivos desenvolveram o processo respiratório para melhor adaptação ao meio
ambiente. Explique porque esta afirmação não pode ser considerada correta.

GABARITO
1.
a) unicelular
b) heterotróficos
c) procariontes
d) anaeróbicos

2. As principais diferenças entre a célula procariótica e a eucariótica se relacionam à membrana nuclear e às


organelas celulares, pois tais estruturas estão ausentes na primeira e presentes na segunda.

3. A clorofila e as enzimas catalisadoras das reações necessárias à síntese de matéria orgânica.

4. Na célula vegetal encontramos parede celular, cloroplastos e vacúolos. A célula animal não possui essas
estruturas.

5. a) Porque a liberação da energia contida da molécula de glicose envolve a reação dessa molécula com
oxigênio. Sem oxigênio, cessa a produção de energia, o que leva os seres à morte.
b) Porque o gás carbônico é o resíduo da “quebra” da glicose durante o processo de respiração.

6. Porque na respiração a glicose é totalmente quebrada, enquanto a fermentação a quebra é parcial. A


consequência é a liberação de uma quantidade maior de energia durante a respiração do que durante a
fermentação.

7. A respiração é um processo aeróbio e na Terra primitiva não existia o gás oxigênio.

8. Assa afirmação pode ser considerada lamarquista. Os seres não desenvolveram o processo de respiração
para satisfazerem a necessidade de adaptação. Em meio à diversidade de seres, seleção natural preservou os
aeróbios porque eles mostravam boa adaptação a um ambiente que continham oxigênio.

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