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MARIA RAQUEL HENRIQUES DA SILVA

TESE DE MESTRADO EM HISTORIA DE AJXE

UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA

ABRIL DE 1 98 5

AS AVENIDAS KOVAS DE LISBOA, 1900-1930

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AS AVENIDAS NOVAS DE LISBOA, 1900-1930

índice

Introdução Pag . 1

7
Algumas questões metodológicas Pag .

I- Do projecto ã realização
1 . Breve reflexão sobre o desenvolvimento de Lisboa

na época do projecto das Avenidas Novas Pag. 14


2. As raízes do projecto Pag. 18
3. O projecto do"Plano Geral de Melhoramentos da

Capital" e a Mémoire sur les études d'amélio-

rations et embellissements de Lisbonne Pag. 20

4. A Avenida da Liberdade -
"1 aparte" do projec
to da Câmara Municipal de Lisboa de um "bou-

levard do Passeio Público ãs portas da cidade" .Pag. 23

5. da "Avenida da Praça Marquês de


0 projecto
Pombal ao Campo Grande" e a Lei das expro

priações por zonas:da discussão nas Cortes

ã promulgação Pag. 26
6. Dificuldades e etapas na realização do pro

Pag. 34
jecto
7. A gestão republicana das Avenidas Novas Pag. 46

II- A edificação das Avenidas Novas -


as questões
arquitectónicas
1 . Brevíssima reflexão sobre a arquitectura em

Lisboa em 1900 Pag. 55

2. Sobre a crítica arquitectónica da Lisboa das

Avenidas Novas Pag. 59


3. As Avenidas Novas: 1901-1910

3.1. A Avenida Ressano Garcia Pag. 67

3.2. As Avenidas paralelas e incidentes Pag. 92

4. As Avenidas Novas: 1911-1920

4.1. A Avenida da República Pag .107


4.2. As Avenidas paralelas e incidentes Pag. 119

5. As Avenidas Novas: 1921-1934

5.1. A Avenida da República Pag .152

5.2. As Avenidas paralelas e incidentes Pag. 164


sobre Avenidas Novas dos anos
6. Conclusão: as

pag .177
quarenta

As Avenidas Novas na crónica lisboeta Pag. 184


III.

c~ . Paq.210
Posfacio

Paq. 214
Notas

reali
Anexo I -

Listagem das primeiras edificações


zadas nas Avenidas Novas entre 1901 e

1930 Pa9'223

Engenheiros, Condutores de
Anexo II- Arquitectos,
Construtores Civis in
Obras Públicas e

tervenientes nas Avenidas Novas Pag. 2 99

Nota sobre Frederico Ressano Garcia Pag. 314


AnexoIII-

Pag. 316
Bibliocrraí ia
Introdução

"...as avenidas do princípio do nosso século

traçadas em xadrês regular, guarnecidas de al

tos prédios e de caprichosos palacetes, orla-


da$de acácias e ailantos , zenas onde se não to

pa pedra que tenha que dizer ou canhai que te

nha dado sombra ..."

Norberto Araújo
VevLo-r..7-i .-ni.tX-. ^^ A^-y-.

Abordar as Avenidas Novas como tema pressupõe à partda a convicção de

que a história self az reversivelmente, do tempo do passado para o futuro tan

to como vice versa e que essa(s) resultante (s) instável que nós do presente

permanentemente moldamos é um vórtice aparentemente inocente onde fluem to

das as diferenças todos , os continentes que nos dividem numa massa nem unifor-

tom de uma época. Da mesma como de urra


mXque sei.ipre nos espanta: o geração

sucessão delas a que sempre espontaneamente depois sabemos colocar a etiqueta


apropriada .

De facto a designação "Avenidas Novas" com o sentido múltiplo que ainda

hoje lhe conseguimos visrcumbrar, surge apenas nos finais dos anos vinte. Signi
fica então tanto como um espaço da cidade, uma forna de viver e sugere de

imediato uma dada urbanística, uma certa arquitectura e um exclusivo grupo so

cial. È uma imagem forte no imaginário em vontade de modernisrro do lisboeta

ainda não Faz de imediato sonhar, porque as "Aveni


pós república e corporativo.
das Novas" foram, como quase tudo no modernismo l:fboeta, sonho mais do que rea

lidade, quando não mero devaneio: grandes artérias de amplas perspectivas onde
tanto como o de andar pé apelavam sensações lisas
o prazer do carro a novas,

e infindáveis, sem peso do passado, como se o futuro pudesse começar natural-

rrente, ali do Saldanha para cima, esquecendo o peso dos becos, dasçruas estrei

tas e tortuosas da velha cidade e mesmo a Baixa opressiva, demasiaso cercada

tristes prédios pombalinos. Em baixo tudo se misturava, o trabalho com


pelos
a intriga, os mendigos e as prostitutas com as senhoras das três em hora de

dos vendedores ambulantes emudecendo o efeito das conversai


compras, os pregões
na esquina do Martinho ou da Brasileira, em todas as portas de loja. Pelo con

trário, o novo b airro era apenas a extensão, os vultos furtivos, o aconchego


burguês das cortinas de renda dos prédios da João Crisóstomo, a suges
pequeno
tão funda das cantarias da Avenida da República ou a sobriedade, falsamente
i

lado jardins, as ar
da Cinco de Outubro. Por todo
o os
discreta, dos palacetes
de r/c cheias de criaditas, a presença
vores dos passeios, as pequenas lojas
adivinhada das senhoras e das meninas por detrás de cada janela. Civilizado,
com os carris dos elécticos e os cabos da electicidade e
higiénico, debruado

do telefone, resno a poeira que se levantava dos pavúnento^sujava manos naque

lado se adiviítoam
cheia da presença das quintas que por todo o
la amplitude
século XX, Lisboa _e. porque não o país-? podiam
ainda. Ali tinha sentido o _

e o atraso não eram


ígpessivos,
sentir-se sonhar que o provincianismo
Suropa; os a-
penetrados da abundância adivinteda dos rendimentos fixos que pagavam
o corte moderno da toilet-
lugueres dos prédios caros. Os carros particulares,
fa
te das senhoras, o luxo dos ascensores, a abastança nutrida dos chefes de
nova de fortuna e de valores^
mília ao fim da manhã, aquele refno da burguesia,
como os aristocratas da Lapa ou de SanfAna, bem
«que não ombreava
com o povo
muralhas que eram as avenidas, tudo tornava tangível a pro-
protegidos pelas
peias de passado,
rressa de uma cidade outra, superficial e algo leviana, sem

antes que portuguesa que o modernisirD das capas de re


iroderna e cosiropolita
vista pregava.

Estas "Avenidas Novas" dos anos de 1920 que, como veremos, inspiraram fo
anos antes dos projectos de
lhetins e criaram tipos, haviam nascido quarenta
Ressaro Garcia, engenheiro de formação parisi
extensão da cidade de Frederico
dos anos 1870, havia conquistado o
ense que na prosperidade, breve mas eficaz,
a cidade liberal: além da
espaço que ninguém no Município queria, de programar
da Avenida 24 de Julho e da D. Arrelia
linha do caminho de ferro da cintura,
dos eixos fundamentais de contacto
cem o subúrbio, dos
que dotaram a capital
da Estefânia visando servir uma Lisboa pequeno
bairros de Campo de Ourique e

de trair o regime
burguesa de funcionários e lojistas que haviam brevemente
activo político
instalava, a obra prima do engenheiro, e também,
que assim os
seu
foi o traçado da Avenida da Liberdade com o
do Partido Progressista,
irradiando da Rotunda que, para Nor
Parque e o conjunto das vias divergentes
"Aveni
bairro que foi das Picoas antes de
se tornar
conduziam a um novo
te,
do um
da Novas". Este projecto, cono veremos, se era, no espírito sedutor,
da cidade que se abria
deliberado e intencional plano de crescUrento racional
o futuro, foi, aos olhos de sucessivas verea
ocxn notável prospectiva para
enriquecer a Camará e
ções, sobretudo uma via que se revelaria utópica para

considerandos uma ambição desmedida de


a cidade ouvia vagamente falar dele,
necessidade, habituados aos velhos percursos que mal
que poucos entendiam
a

de
a revelar-se insuficientes numa capital que só agora começava
calçavam

facto a crescer.
realização do projecto
Ressano Garcia adiantava-se a todos e por isso a

nais de dez anos a elatorar, irá conhecer múltiplas travagens,


que lhe levara
crise de
sua difícil aprovação em 1888, provocada pela
a primeira loao após a
3

90 onde a norte do regirre se anunciava. Arrancando finalmente em 1901, estava

definitivamente traçadcouando o franquisrro vem, sete anos depois, apressar a

queda dos monárquicos. Mesmo assim os Republicanos, logo nas primeiras verea

ções, haviam de mostrar o seu desamor por aquela nova cidade que procurava i-

ludir as mazelas e necessidades da Lisboa velha e que servia ainda quase só os

pretendiam substituir. E, todavia, os anos de guerra


privilegiados que eles

que iam ficando próximos haviam de revelar quanto o projecto servia afinal tan

Guerra como os monárquicos de


to os novos ricos gerados pela República ou pela
dez anos antes, num nivelamento da riqueza e do poder que fazia!} esquecer ge

nealogias .

Que caracteres projectavam a modernidade de Ressano Garcia, incorrpreendi-


da pela Lisboa oitocentista, para um tempo aparentemente tão distante? Ou po-
derenos supor que a cidade que adopta as Avenidas Novas estava já delineada em

1870, quando o engenheiro lhe entende as necessidades futuras? Que entre a

de 1870 que assistira sem ver ãs Conferências do Casino e ã doutrina


geração
de Fontana, que deixara Antero ou, de outro modo, Oliveira Martins
ção morrer

e Camilo e a geração de 1920 que se iroderniza através dos magazines e dos ca

fés decorados por Norte Júnior, mais do que cem os quadros da Brasileira ou o

prirreiro Salão de Outono, as diferenças sáo afinal apenas relativas e que o

nesmo tom de época as banha, onde Pessoa e mesmo Almada são estrangeiros ?Que

entre uma e outra, a compreensão pelo projecto de Ressano Garcia era superfi
cial, embora a força contida dos grandes eixos ortogonais rroldando o novo

se cozia com a cidade antiga, tivesse sido, ao longo dos


espaço que nas pontas
anos em a cidade assistira desatenta à ^implantação, um instrumento da um
que

educação para a modernidade. Muitos valores que a burguesia lisboeta então pro
propostas de Ressano Garcia: beleza do
cura adoptar estão jã contidos nas a

conforto e 'da higiene, a claridade dos espaços, a vertigem do futuro através


não era» isso que .anunciavam amplas avenidas dotadas sub

da velocidade, as

terraneamente de canalizações de esgoto e de gáz, ornamentadas ã superfície

pelo macadam e pelas fitas prateadas dos carris dos eléctricos e engalanadas
em toda a distância do olhar com os fios da electicidade?

Afinal fora o rotativismo liberal da monarquia agonizante mais do que a

República, impotente para impor um ideário pequeno burguês, que preparara os

loucos anos 2o ã lisboeta, oferecendo-lhe um espaço de modernidade que ficará

como uma das poucas realizações notáveis das novas maneiras de entender a ci

adivinha crescente pelos


dade antes que o novo regime ,que já se no desprezo

políticos, funda de outro modo os valores sociais em jogo, submetendo-os a

de Ressano Gar
uma paternal autoridade. Mas, também então, um digno sucessor

de certo modo ele, servir os interesses futuros dos edi —

cia conseguirá, como

espaço simbólico às representações colectivas


ficadores da cidade e propor um

que ainda dificilmente


se prevêm.
Se a urbanística, utilizando com rigor os recente saberes técnicos, pode
assim projectar uma nova cidade que anunciava, perante os olhares desconfiados

do lisboeta do século XIX, o que seria o quadro do quotidiano do século por

nascer, a arquitectura implanta, nas suas margens, marcas carregadas de morren-

to que atenuam a força algo intemporalBa sucessão dos quarteirões, palco de

masiado vasto e anónimo para uma cidade que se identifica ainda sobretudo no

Chiado e no Rossio. Presa nos jogos estreitos da encomenda e dos interesses

dos construtores civis que aqui nascem para a especulação imobiliária, enqua

drada por parâmetros de gosto e de moda que, ao contrário do que acontece com

a projectação da cidade, não são ainda veículos das novas tecnologias, a arqui
tectura das Avenida Novas arrasta uma marca de efémero que notavelirente con-

trasta|2CíTi a intensa prospectiva dos eixos que bordeja mas, por issío rresmo,

permite um entendimento mais profundo da sociedade que a fomenta, subjugada já


em grande parte às necessidades do lucro _
o número significativo de prédios
de rendimento construídos assim o prova _ _
mas hesitante ainda entre o grande
e o pequeno investimento, entre o risco da aventura e a segurança da pequena

poupança, entre o grande prédio de aluguer anónimo e o prédio-moradia de dois

ou quatro fogos independentes, cujos inquilinos se conhecem e pertencem ao

rresmo grupo social do senhorio, habitando a moradia própria ao lado. Por outro

lado, a importância dos valores decorativos com que esta arquitectura sem ino

vação nos processos de construção se dota, permite abordar os padrões de gos

to de uma burguesia que elege a fachada da sçtas casa cano emblema fundamental

dos seus sonhos, ao mesmo tempo que nos deixa observar como determinados mode

los, entregues à projectação mais qualificada de um arquitecto, são apropria


dos em réplicas sucessivas pelos construtores civis que são os grandes nivela

dores das diferenças inicialmente propostas para uma área de loteamento caro.

Finalmente, no quadro definitivo dos grandes eixos projectados por Ressano Gar -

cia, quase todos abertos nos primeiros anos do século, a arquitectura intro

duz também uma marca de tempos sucessivos: entre as primeiras edificações de


1900 e as últimas já dos anos 30, ou mesmo 40, medeia um vasto períodofem que

diversas modas estilísticas se manifestam, de modos diversos implicados com a

divulgação de modelos internacionais e com as tradições da arquitectura lis


boeta que se vinha tipificando a partir da apropriação pombalina.
Abordaremos portanto as Avenidas Novas sob esse tríplice olhar do projec —

to urbanístico, da realização arquitectónica e da vivência ideal que o imagi


nário da cidade lhes vai inventando mais do que inventariando. Passaremos do

tempo do projecto de meados do século XIX para o do início da sua realização


na arvorada do seguinte, deter-nos-emos nas três décadas que demora a edifi —

cação e finammente veremos como, em textos de revista ou de romance, se vive

as "Avenidas Novas".

A
Sabemos todavia à partida que mais do que no projecto, marcado com uma

qualidade que ultrapassa os diversos tenpos que vamos percorrer e que lhe

advém da marca de uma personalidade a quem uma cultura internacional serviu

reflexão desfocada folhetinesca


para entender notavelmente Lisboa ou na e
que

que algumas crónicas nos propõem, é na concretização arquitectónica que as

contradições múltiplas da nova cidade que se edifica se manifestam: empobrecen


do quase sempre o tecido bem ritmado que Ressano Garcia lhe propusera, deixa

adivinhar quanto a sua realização dependeu da liberdade conpleta que foi dada
profunda significativamente, tanto com a
aos promotores, no que contrasta, e

Lisboa de Pombal como com a de Duarte Pacheco, retratando assim, ainda que cem

o risco da caricatura, um memento quase único da vida da cidade em que os pa

drões de gosto não foram normativamente estipulados.

é também a arquitectura que nos permite corrigir a imagem sugerida nas

crónicas dos 20 Avenidas Novas apenas com prédios e moradias


anos povoando as

de luxo habitados por urra burguesia abastada : as numerosas frentes de quar

modestos ostensivamente decorados mas de má


teirão preenchidas com prédios ou

maior convivência social como impiedosamen- -

construção , apontam tanto para uma

te desmascaram as fragilidades do que era a "burguesia abastada" lisboeta em

vésperas do triunfo dos valores da ruralidade sobre os cosmopolitas que esses

mesmos anos não conseguiram evidentemente impor. Ou, como ainda a arquitectu —

ra sibilinanente nos revela, esses anos não queriam afinal que se impusessem.
texto que citámos em epígrafe, nas "Avenidas
Dizia Norberto Araújo no que

Novas" "se não topava prédio que tenha que dizer ou cunhal que tenha dado som

bra" , quer dizer não se encontra a história. Como se o presente pudesse ser

apenas um hiato entre a nemória do passado e a nostalgia do futuro. Ou, mais

dramaticamente, como se o gesto actual fosse incapaz de ser elo enriquecedor


das cadeias do(s) sentido (s) que nos moldam. Pelo contrario, as Avenidas No —

vas estavam cheias de positivas e negativas inércias passadas que foram alicer
ces do seu frágil e rápido presente. Mas a história não se inscrevia já em

destacadas lápides ou em privilegiados percursos. Os tempos heróicos tinham

"sombras" nostálgicas apagando os vul


"que dizer"

passado. O que havia e as

tos no negrume rauminoso do passado, eram agora mais anónimos, menos precisos e

todavia narravam já, nesses finais de 30 em que Norberto Araújo escrevia, uma

intensa aventura que não pertencia ao presente. Faziam-se então as primeiras


As Avenidas tinham envelhecido depres
demolições e as primeiras remodelações.
sa mas nem assim conquistavam plenamente o direito a serem cidade. O desamor

envolveu continuava manifestar-se Lisboa "novíssima" que


que senpère as a e a

então se erigia será muito mais amada, apta a satisfazer caca a sua arquitectu

ra normalizada e fiscalizada os sonhos modestos do lisboeta sempre ã procura

de um pai providencial que imponha a lei. Mesmo mais tarde, quando, a partir
de 1945, a jovem geração de arquitectos procurar libertar-se de espartilhos
ideológicos e arquitectónicos, as Avenidas Novas não serão menos desprezadas.
Não se lhes negava já a história mas essa história era toda negativa. Daí o ar

dor das cruzadas que levará a defender-se a quase total reedificação do espaço
embora pelo predomínio da
a que nãc^e negavam potencialidades, viciadas rua.

Hoje, dos escombros que restam, não há que alimentar grandes esper.anças

de descobrir "sombras" ou histórias para contar. As pedras secaram porque as

lhes falta ambiente nasceram. Faltam as ár


pedras também secam quando o em que

dos eléctricos, o vulto audacioso e inesperado de um automó


vores, a pacatez
longes do Campo Gran
vel e aquelas distâncias imensas que se apagavam sobre os

de. Em poucas outras áreas da cidade as mudanças foram tão radicais.

Não procuremos portanto ressuscitar as Avenidas Novas. Mas apenas enten

der porque é que elas cresceram assim, desde sempre feridas de morte. Nascidas

de extensão da cidade, as Avenidas foram


de um projecto moderno e qualificado
o primeiro campo aberto de actuação dos promotores imobiliários ávidos de lu

classe nova de construtores civis sem o ofício dos velhos mestres de


cro,

obras ainda activos no início do século, e que a nemória da cidade baptizou de

gaioleiros. Algumas encomendas privadas de maior mérito arquitectónico pontua-


feita de
ram-nas com modelos que raramente encontraram réplicas, excepção aos

Norte Júnior que orientam, ao longo de diversas maneiras estilísticas, toda a

E é contaminada de especulação e de
sua produção arquitectónica. essa marca

de Norte Júnior que fez moda curta das Avenidas nos


gosto fácil e palavroso a

anos 20 e as torrou nedíocres e definitivamente atiradas para a noite da não

imediatas, tos nós hoje gostamos das imagens


história aos olhos das gerações
desfiguradas. A história apaixona-se pela não história. Aventuremo-nos y

essa ausência.
}

Algumas questões retodológicas

Oomo sugerimos na introdução, organizámos a reflexão sobre as

Avenidas Novas em três áreas: a urbanística, a arquitectura e a sua

imagem en algumas crónicas e romances.


Para abordarmos o projecto, utilizámos as Actas da Câmara Muni

cipal entre 1888 e 1930 (1) onde se encontram referenciados quase to

dos os momentos fundamentais da sua elaboração e execução bem como

as principais discussões a que deram origem.


Uma abordagem mais aprofundada desta área exigiria o estudo dos

projectos e dos pareceres da Repartição Técnica da Câmara Municipal


que estiveram na base das decisões discutidas e aprovadas pelas su

cessivas vereações. Ainda que em termos indicativos, parecia-nos o-

portuno fazê-lo sobretudo no


período em que, sob a direcção de Res

sano Garcia, os projectos são delineados. Deparámos todavia com obs

táculos que, no curto período de investigação de que dispusemos, não


puderam ser ultrapassados. Os pareceres e as plantas que os
acompanha^
vam encontram-se por classificar em dois arquivos da Câmara Municipal
de Lisboa -

instalados um em S. Domingos e outro no Arco do Cego —

a que tivemos acesso graças â boa vontade dos seus responsáveis. Con

tudo, as inexistentes condições de trabalho e a massa acumulada da

documentação não nos permitiu encarar o seu estudo sistemático^ tanto


mais que tal qção exigiria que viéssemos a restringir o âmbito da in

vestigação ãs questões urbanísticas de tal modo são ricos e abundan

tes os acervos documentais existentes sobre esta área do nosso traba

lho.
No estudo da arquitectura, começámos por delimitar o espaço e o

tempo da investigação. Como critério adoptámos analisar, ainda que su

mariamente, todas as primeiras construções das doze avenidas que des


execução delineadas. Surgiram
de os primeiros anos da
doprojectcjsão
contudo algumas excepções: por exemplo, os primeiros troços das Ave —

das Elias Garcia e Barbosa du Bocage que só em 1925 se decide prolon

gar até ã Estrada do Arco do Cego, foram analisados, precisai -ente pa


ra nos fornecerem, já na transição para os anos 30, elementos de refle

xão sobre a alteração ou não das tipologias e processos construtivos

anteriores bem, como para nos permitirem seguir os percursos de alguns

arquitectos, construtores ou meros promotores. Por isso também o limUt

cronológico que estabelecemos em 1930 guando a quase totalidade das


-

Avenidas está construída e se assiste a uma significativa mudança nos

processos tecnológicos de construção pela divulgação do betão -


foi

ultrarx-issadc : assim aconteceu na Avenida Defensores de Craves, edifi-


cada nos seus troços superiores em .grande parte já na década de 30.

Deixámos todavia sempre de parte as construções que cabem quer em ti

pologias modernistas posteriores ã moda "artes decorativas", quer^


mais habitualmente já no aosto anos 40. As primeiras porque são clara
Avenidas Novas e não marcam a sua fisionomia glo
mente excepção nas

bal, as segundas por evidentenente obedecerem a uma normalização e

ruptura com
imposição do gosto oficial, o que entra profundamente em

a liberdade de estilos e de maneiras que caracterizou a prática dos

que edificaram as Ave


promotores ou dos encomendadores particulares
nidas .

Os nossos instrumentos de trabalho foram fundamentalmente os

Processos de Obras do Arquivo de Obras da Câmara Municipal de Lisboa:

de número reduzido de processos que se encontram in


com a excepção um

completos, faltando-lhes precisamente os dados iniciais, ou daqueles

que, teoricamente exixtentes, se encontram requisitados por diversos

Serviços onde também não foram localizados, pudemos, para cada um dos

edifícios existentes ou demolidos, referenciar a data de construção -

adoptámos sistematicamente a data do pedido oficial da construção -

também quase sempre o nome do cons


o nome do primeiro proprietário e

trutor responsável pela obra * as plantas e desenhos de alçados apre


sentados com uma Memória Descritiva muito surraria que até 1913 é es

crita na própria folha que apresenta o projecto e que depois, obriga


não deixa de esterio_
toriamente apresentada ã parte (2) ,
nunca ser uma

tipada repetição de algumas normas obrigatórias do Regulamento das

Construções Urbanas, aliás como a maioria das peças gráficas que es

a planta da habitação e por vezes só


quematizam apenas grosseiramente
o alçado principal, embora existam processos de obra muito mais compl-s
tos. Ausente sempre está, com pouquíssimas excepções, o none
do arqui

tecto. A mais evidente é, antes de 1920, apenas Nicola Bigaglia o que

é explicável por ele ser também, nos casos que analisámos, o constru

A situação normal é as peças gráficas, a Memória


tor responsável.
Descritiva e o pedido de construção serem apenas assinadas pelo pro

prietário ou, mais raramente, pelo construtor. E se, por volta de

Norte Júnior, por exemplo, passa a assinar sistematicamente os


1920,
seus projectos, não temos a certeza que todos os outros arquitectos
Não o faz Edmundo Tavares que é, segundo testemunho do
façam o mesmo.

Os construtores Civis Tomarenses, autor do nQ93 da Avenida


opúsculo
da República já de 1919 e cujo nome não aparece nunca no processo de
autor do nQ 24 da A-
obra. O mesmo arquitecto é também possivelmente
pode inferir de um esbo
venida Duque d'Avila de 1919-1922 segundo se

ce to de fachada publicado na Arqu i tectura Portuguesa ( 3 ) sem que o pro_


cesso de obra o possa confirmar. Deste modo, só através dos projectos

então publicados sobretudo nas revistas A Construção Moderna e Arqui


tectura Portuguesa, mais raramente no Ocidente ou na Ilustração Portu

guesa, pudemos identificar produções de arquitectos. É evidente contu

certo número de edifícios que tiveram projectos de


do que haverá um

arquitectos e que as revistas referidas não publicaram. Restaria en-

flo'S> ,
-

tão- uma única via: recorrer aos *espolios «fc&r *OpSíá3?i3*sis- O&ds^etí que
nâo eram muito numerosos. Não avançámos por aí. .Seria uma outra inves_
maioria se encontra* referenciado! A-
tigação visto que a nem sequer .

algumas obras de que não indicaremos arqui-


dmitimos por isso à*. que

tecto mas tão só o construtor responsável se encontram incompletamen


de inventário
te referenciadas. É esta uma lacuna concreta ddj^rabalho
que realizámos (4) .

Inventariados cerca de 570 edifícios, construídos ao longo de


processo de tratamento a uti
mais de três décadas, importava decidir o

Confessamos que hesitámos enquanto nos foi possível entre duas


lizar.

metodologias : ou privilegiar a análise cronológica por avenidas, o qu<?

viríamos a fazer, ou escolher preferencialmente alguns modelos tipoló


réplicas e vari
gicos fundamentais e organizar conjuntos con as suas

parece mais fiel disci


antes. Resolvemo-nos pelo critério que nos e

servir a História da Arte, com a relatividade e modéstia


plinadamente
servida. Corremos assim o risco óbvio
com que tam entidade pode ser

mais fatigante. Pre


de uma certa repetição e de uma exposição global
ferimo-lo ao de podermos forçar etiquetas numa matéria em que entre

as diversas tipologias e as várias maneiras decorativas nada de , funda_


mental se alterava em termos de espacialidade interior ou volumetria

de imaginário de referência.
exterior, de processo construtivo ou mesmo

Onde sobretudo estão sempre presente os dois modelos fundamentais que

não sete
são arquitectura lisboeta tradicional oitocentista quando
a

centista e a divulgação, via escolar, da produção académica


francesa

do inicio do século. Para lã destes dois parâmetros de referência, to

dos os agrupamentos , em termos de tratamento das fachadas, se são cu

pressupõem, não encontram tal


riosos pelas implicações culturais que

vez suficiente fundamentação específica.


Preferimos asssim a análise cronológica dividindo os trinta anos

constrói nas Avenidas Novas, em trêS


S>
ao longo dos quais activamente se

cada a uma década. Expliquemo-nos : se a


períodos, correspondendo um

arquitectura não se altera significativamente ao longo destes anos,

padroões de gosto se mantém


se os processos construtivos e mesmo os

dois modelos fundamentais que apontámos, outros e-


referenciados aos

ventos intervêm impondo certas diferenças. O primeiro é a proclamação


10

da Repúblicaque vem oferecer aos construtores civis menos qualificado-


uma situação de permissividade de facto que não de lei, ponto de par —

tida do primeiro surto quantitativo de edificações nos anos de 1912-

1914 sobretudo nas avenidas perpendiculares ao eixo principal. Trata-

-se de prédios modestos, com limitados valores decorativos nas facha

das, de construção apenas mediana em que predominam sem subterfúgios


critérios de economia e valores de resignação social. Anteriormente a

1910, fora sobretudo na Avenida da República que se construirá e os

prédios e as moradias então edificados, se testemunhavam interesses

múltiplos e já uma notável intervenção de construtores civis actuando

corro promotores, sitoetiam-se , com poucas excepções, a um critério de

pretensa riqueza que os palacetes e moradias luxuosas pareciam exigir.


A República, pelo menos momentaneamente, apoia os valores e os inte

resses de urra pequena burguesia em vontade de ascensão que, se não se

apropria ainda de valores decorativos de ostentação, consegue pelo me_


nos o capital suficiente para adquirir os lotes que a primeira Câma
ra pós Republica decide vender a prestações, e realizar urra edificação

que definitivamente marca cum um cunho de modéstia muitas frentes de

quarteirão das Avenidas Novas. Por isso o corte simbólico em 1910 co

mo final de una primeira fase .ais eclética e socialmente elitista nos

pareceu justif icar-se .

Menos evidente foi situarmos o final do segundo período em 1920.

Não só não existe então símbolo forte para apoiar essa data como cor

tamos pelo meio a actividade imparável dos gaioleiros que, embora


mais intensa nos anos imediatos do pós guerra, se prolonga ainda pelo
menos até 1922. Todavia, por sinais múltiplos mas difusos é evidente

que a sociedade porruguesa muda nestes anos. Existe a convicção cres

cente de que a Republica chegara ao fim, o que culturalmente coincide

com a emergência de uma jovem geração de artistas plásticos que prete-

dem veicular valores cosmopolitas de moda europeia. Do ponto de vista

mais estrito ãa produção arquitectónica, nas Avenidas Novas embora a

actividade dos agioleiros se prolongue nos primeiros anos da década

tal cemo determinados padrões de gosto que adaptavam o vocabulário

decorativo académico e eclético do inicio do século francês às neces

sidades exibicionistas dos novos ricos da guerra, trata-se já de uma

sobrevivência que suosiste por efeito de inércia. Be facto, nesses a-

nos, precisamente em: 1920, o jovem arquitecto Pardal Monteiro projec —

tava aí o seu primeiro edifício que aponta uma significativa altera


ção da fachada que prédios próximos já anos imedia
na composição nos

tamente anteriores anunciavam. Não desaparecerão de imediato as tipo

logias dominantes: ainda nos finais desta segunda década, Norte Jú-
11

nior constrói moradias idênticas ãs que realizara em 1906 e 1908, mas

o novo gosto "artes decorativas "tenderá a irrpôr-se como moda que rapi
damente todos os construtores civis vão adoptar. Deste modo a ruptura
em 1920 visa mais acentuar as mudanças difusas que apenas se desenha

vam ainda do que traduzir de imediato uma dada situação que só a par

tir da segunda netade da década começa efectivamente a alterar-se. Es

sa ruptura simbólica permite-nos assim, mais do que isolar núcleos de

produção coerente, reflectir sobre as vias múltiplas que, nestes anos

de mudança, as Avenidas continuam a patentear. As mutações significa


tivas que a realização dos primeiros projectos modernistas sugerem
noutros pontos da cidade mal chegam aqui. Aliás, quando essa produ
ção se começa a divulgar por volta de 1930, numa apropriação idêntica

à que fora feita dez anos antes da moda "artes decorativas" ,


as Aveni

das estavam quase totalmente edificadas .


Começava mesmo já a época
das demolições.
Resta-nos justificar, dentro de cada uma das décadas, a abordagem
diferenciada da Avenida da República e das restantes Avenidas e a
divi_
são de cada um desses conjuntos em prédios e moradias. Embora se cons_
truam prédios praticamente iguais em todas as Avenidas, incluindo a

da Republica, nesta há, com poucas excepções, una preocupação de quali


dade ou, pelo menos, de uma cera diferenciação que está significati-
mente ausente das outras Avenidas onde o tom gera» é dado pelo prédio
de rendimento, modesto, nos anos de 1912-1914, pomposo e ostensivamen

te decorado entre 1918-1922. Por outro lado, determinados elementos

arquitectónicos são pela primeira vez utilizados na Avenida da Repú


blica, conhecem depois, nos quarteirões próximos, numerosas réplicas
que muitas vezes alteram o seu discurso simbólico. Mas também acon

tece encontrarmos nas restantes Avenidas composições de fachada que

que veiculam certa capacidade criativa das


nunca aparecem na primeira
de modelos mais eruditos. Por este
réplicas a partir das sugestões
conjunto de razões, que aqui meramente apontamos ;parece-nos pertinente
a análise das Avenidas Novas em duas áreas, em que uma é co
separar
mais vasto incoe
mo que a inagem sociológica positiva do conjunto e

rente do que se deixa supor e a outra um vasto desfoque anónimo em

que afílora aqui e ali uma certa vitalidade das margens.

Por razões idênticas analisamos separadamente a produção de

prédios e moradias. Nos primeiros, as encomendas directas, mesmo na

Avenida da República, são extremamente raras: os seus proprietários


iniciais são construtores civis que os vendem mal a construção está

concluída verdadeiro grupo social com forte im


ao que constitui um

senhorios que aqui encontram uma forma segura


plantação na época -
os
12

e prudente de investimento de capitais quase sempre pouco mais que mo

lucro tendo assim que contemplar dois personagens


destos. 0 objectivo ,

o construtor e o senhorio, exige um baixo custo de produção responsá


vel pela mediania ou memo mediocridade da construção. Há contudo evi

dentemente uma hierarquia na qualidade da habitação que os prédios o-

exibir-se muito mais na decoração da fachada


ferecem mas que tende a

interna dos fogos mesmo na qualidade da cons_


do que na organização ou

possível ^disguinguiremos do conjunto o


trução. Por isso, sempre que
número muito restrito dos prédios que sáo encomenda directa de um se

nhorio. Muitas vezes de dimensões mais modestas e ombreando com mora

dias que são residência própria do mesmo senhorio, estes prédios tra

duzem um tipo de investimento que poderemos considerar mais arcaico


primeiro a exclusiva lógica do lu
porque não tanto como o
privilegia
cro ou pelo menos o faz cem uma certa preocupação moral de o justifi-
do projecto, vezes
car positivamente, através da maior qualidade por

confiado Embora ao longo dos três períodos conside


a um arquitecto.
rados encontremos sempre este tipo de encomenda, ela predomina eviden

temente no primeiro e nos anos iniciais do segundo ^e há então como

una luta surda e não conscencializada entre estes senhorios pre


que
tendendo alugar um. produto de qualidade que estimam como seu e os

constroem
construtores civis promotores de prédios anónimos que apenas
para obter dinheiro e construírem outros a seguir, luta que pressupõe
distintos modelos de desenvolvimento das Avenidas Novas: os primeiros
de criar um bairro de luxo, discretamente habitado por in
gostariam
quilinos seleccionados capazes de pagar a qualidade que eles Lhes o-

em edificar o maior número pos


fereciam, os segundos preocupando-se
;

de camadas
sível de fogos, fomentam assim a
penetração^ ignificativa
da pequena burguesia numa área que em princípio se deveria distinguir
da Almirante Reis ou do Bairro Camões. A distinção todavia sempre per
manecerá análise específica da produção de moradias a-«-
e por isso a

melas estão sintetizadas todos


figura-se-nos plenamente justificada
os sonhos que a sociedade lisboeta alimentou
sobre si mesma ao longo

dos anos em que forjou o seu espaço social.


detectar elemen
0 último capítulo da nossa|ref lexão procurará os

tos constitutivos da imagem "Avenidas Novas" na vida lisboeta destes

anos. Não tivemos aqui quaisquer preocupações de exaustividade. Con

detiveno-nos numa ou outra


sultámos as principais revistas da época,
sabor de algumas suges
pequenos contos. Lemos depois,
ao
crónica ou

alguns romances. 0 resultado


tões do Professor José-Augusto-»França ,

assim extremamente sugestivo. Veremos


é meramente tópico mas mesmo
13

que formas ingénuas revestiu o desamor pelas Avenidas Novas que consi

déramos já o sentimento predomirante que a cidade adoptou em relação


às questões abertas que esse espaço propunha e que poucos souberam en

tender. Efectivamente quase niguém foi capaz de afirmar sem subenten

didos como António Ferro: "à noite íamos namorar para as Avenidas No

vas" (5) , elogiando-lhes sem mais a distância, os passeios velados pe


las árvores, aquele imenso céu aberto que pareciam sugerir um futuro

nítido e imparável cemo uma linha recta.


22

I -
Do projecto à realização

1. Breve reflexão sobre o desenvolvimento de Lisboa

na época do projecto das Avenidas Novas

"... ao contrário das outras capitais, só Lisboa

abre grandes avenidas lá para longe e conserva

toda a porcaria dos seus bairros imundos (...)

e centrais ..."

A Construção Moderna, 1908

axial desenvolvimento de Lisboa do projecto da


A importância no

ainda que sumariar-eri-


Avenida da Liberdade e das Avenidas Novas deve,

referenciada no quadro geral do notável crescimento da


te, ser

cidade nos últimos anos do século XIX, traduzido sobretudo na criação


de numerosos bairros p>erif éricos , uns de iniciativa camarária -
entre

os quais se salientam o àa Estefânia e o de Campo de Ourique, ambos

projectados por Ressano Garcia no início dos anos de 1880 (6) -


ou

tros de iniciativa particular nas em que a Câmara acabaria largamente

por intervir
-
Camões (7), Calvário (8), Campolide (9), Andrade (10),
Brandão (11) estes já nos primeiros anos de novecentos. Com
Açores e ,

maior ou n>:;nor rigor, todos eles procuravam adoptar a malha ortogonal


cidade focos de civilização, se entendemos
que ia introduzindo na

por esta a rede viária dotada das infraestruturas básicas em termos

de esgotos e canalizações e preparada para receber os carris dos e-

lécticos ou a futura circulação automóvel.

Sc-.-., que existisse um "plano gera] de mel Xr amentos aa cidade", a-

nunciado por decreto lei em 1864 mas nunca definitivamente elaborado,

estes bairros iam sucessivamente crescendo por pressões diversas, em

os interesses dos promotores particulares e a carência efectiva


que
de habitação tinham prioridade. As obras arrastavam-se ao longo de
a
anos nas essa lentidão acabava por ser positiva ao possibilitar pro

do bairro que ia sendo construído no tecido ante


gressiva integração
rior. Os desajustes, que a ausência de uma planificação conjunta deve
ada
ria causar, eram empiricamente colmatados por um longo período de

às realidades sociológicas e culturais anterio


ptação aos percursos e

memória das quintas, sobre as quais as novas ex


res. Por exemplo, a

tensões se erguiam, permanecia durante anos, alimentada por vivências

dos logradouros e a criação de animais


suburbanas em que os quintais
17o

de capoeira desempenhava ainda uma função activa. Assim, ainda que su

crescimento demogrãdico e dos


jeita já ãs pressões do significativo
falta de a to
interesses imobiliários, a cidade, por uma recursos que

dos afectava e que o Município sentia com especial gravidade, pôde a-

largar-se por assimilações e mudanças paulatinas, num ritmo algo orgâ


nico que fora a forma tradicional de crescimento das cidades europeias.
Por outro lado, a relativa facilidade con que estes bairros se

urbano de pressões de
erguiam libertou o espaço mais qualificadamente
mográficas que de outro modo se tornariam insustentáveis exigindo o

que nunca se fez: a renovação do tecido dos velhos bairros. Apesar de


todos os apelos de sucessivas vereações para que se estudassem "pla
nos de nelhoramentos" , do eco que teve na imprensa, no Parlamneto e

na Câmara o Inquérito aos Pátios de Lisboa, mandado elaborar por A.

de todas as reflexões e atitudes políticas mais ou


Montenegro (12) e

menos oportunistas que a habitação para as classes mais desfavoreci

das dava lugar, os únicos projectos que existiam visavam apenas gran

diosamente ultrapassar as dificuldades de circulação que as velhas

vias tortuosas e estreitas provocavam aos recentes deuses do carril.

Logo em 1880, o engenheiro Miguel Paes defenderá a ligação atra

vés de túneis do Intendente com S. Bento e o lançamento de viadutos

Chiado entre Graça Es


metálicos entre o Largo do Caldas e o e a e a

trela (13) . Na sequência destas propostas, o engenheiro francês Êmi-


le Boussard apresentava à Câmara, em 1889, um. requerimento "para a

construção e exploração d "uma passagem em túnel entre a Rua do Prín

cipe e o Largo do Corpo Santo e bem assim a concessão eventual d"uma

rede de passagens que ligadas con a primeira, ponham em comunicação


os dois primeiros pontos com o Largo do Conde Barão e a Rua de S.

Bento" e, ainda no mesmo ano, se dava conta, em reunião da Comissão

Administrativa, que terminado o prazo "para o recebimento de propôs-


- tO -
-i

construção de uma pote metálica partindo de


tas e projectos para a

S. Pedro de Alcântara e terminando na Graça, apenas foi apresentado


em Lisboa da Société John Cokerill de
um projecto pelo representante
Seraing, Bélgica e de F. Seyrig, engenheiro de Paris e que esse pro

jecto não satisfaz" (14) . Ainda em 1906, Fialho de Almeida sonhará na

sua "Lisboa Monumental" (15) ,


com estes túneis e pontes mas nada virá

a ser feito, passados os anos da grandeza do ferro e das primeiras


comoções pelos transportes eléctricos . Aliás em consonância lisboeta

com o Barão de Haussmann, sempre que se pensava nos bairros velhos da

cidade, só em temos de demolição se previam soluções. Em 1908, o enge

nheiro Melo Matos afirmava nas páginas de A Construção Moderna sob o

"seria um crime
estrondoso título "Um rasgão através do Bairro Alto":

de leza patriotismo deixarmos permanecer por mais tempo a ignomínia


16

que se chama Bairro Alto" (16) e, em termos ainda amis significativosg


afirmava-se em 1913 { na Arquitectura Portuguesa que "Mouraria, Bairro
Alto e outros (...) do que precisam é de camartelo e picareta demoli
dores" (17) . Mais discretamente e algo saudoso, Júlio Dantas escrevia

em 1914 na Ilustração Portuguesa: "De vez em quando aparece nos jor


nais a mesma notícia sensacional : vai arrasar-se a Alfama (...) está

bem. Julgo entret.anto dever lembrar aos homens cultos do município a

conveniência de não se ordenar uma demolição "in integro" e de se fa

zer conservar como monumento devidamente restaurado uma pequena parte


da antiga Alfama" (18) .

A falta de meios , a solicitação de projectos mais imediatamente

rendosos e a crise profunda em que os anos de guerra mergulham defini

tivamente o regime impedem que quaisquer destas exigências de civili


zação se realizem e a cidade continuará a crescer por alargamentos
sucessivos sobre o termo, conservando o tecido vivo ainda que deterio

rado dos seus bairros iniciais.

As grandes obras que lentamente o Município vai realizando são,


além de alguns dos novos bairros, a abertura dos grandes eixos de pe

netração e urbanização. Se o projecto fundamental é o da extensão Nor

te de autoria de Ressano Garcia que, além das Avenidas Novas, cria o

Bairro Barata Salgueiro e o das Picoas, articulando ao rresmo tempo,


a partir da Avenida da Liberdade e da Rotunda, uma série de eixos fun

damentais com preexistências da cidade -


de um lado, a Aleyandre Her

culano e a Brancaamp com o Rato, do outro, a Duque de Loulé com a Es

tefânia da Fonseca Camilo Castelo Branco com Santa


ou a Rodrigo e

Marta, é necessário recordar que, nos mesmos anos, se projecta a Ave

nida dos Anjos, retaptizada em 1903 com o nome de Dona Amélia, por pro

posta do Conde d"Ávila, então presidente do Município (19) .Realizada


com outra lentidão por o seu leito se implantar em tecido já fortemen

te urbanizado, marca uma outra direcção de extensão da cidade, social


mente menos privilegiada do que a primeira e que será por excelência

área de fixação pequeno burguesa.


Havia contudo quem pensasse num plano mais vasto. Em 1903, é pre
sente na sessão da Comissão Administrativa de 29 de Janeiro, um. ofício

da 3§ Repartição que Ressano Garcia dirigia: "referindo-se ao plano -

geral de melhoramentos da capital mandado elaborar por decreto ditato

rial de 2 de Setembro de 1901, informa que já se deu começo a esse

trabalho (...) julga conveniente destacar d"esse plano a parte jã es-


-ff,, A-, -o

tudada da qual remete uma planta, compreendendo os seguintes nelhora- .

mentos :

1 -
una avenida de cerca de 4 150m de comprimento estendendo-
•^

17

do extremo Norte da Avenida António Augusto de


-se
Aguiar até ao Paço
do Lumiar servindo as povoações de Palma de Cima, Palma de Baixo e Te

lheiras .

2 -
Uma Rua transversal àquela cem um único alinhamento de
2 350m destinado comunicar centro da cidade
a o e a ligação entre as

povoações com Telheiras e Campo Grande.


"
3 -
um vasto parque florestal .

Perante esta proposta ( acompanhada por um notável conjunto de

plantas já tecnicamente elaboradas, o Conde d 'Ávila propõe "uma comis


são para fazer um estudo detalhado do assunto". Todavia, a maioria

dos vereadores defendendo a inviabilidade dos projectos devido aos

fracos recursos da Câmara, "o senhor presidente considerava preferi -

toda qualquer resolução


veljadiar e sobre o assunto". Nem em termos de

mera aprovação sem compromissos concretos imediatos se obtinha consen

so: o pensamento urbanístico de Ressano Garcia visando dotar a cidade

de uma rede estável e coerente de vias de penetração e circulação, ul

trapassava largamente as capacidades de reflexão da vereação lisboeta


que, como veremos, nesses anos mal entendia ainda a necessidade das

grandes avenidas que se rompiam para lã da Rotunda das Picoas.

Aliás a Câmara, tal cemo a cidade, era naturalmente mais sensí

vel às necessidades da Lisboa ribeirinha. Em 1906, numa acção conjun


ta com a Sociedade de Propaganda de Portugal nesse ano fundada, defen-

de-se, a propósito do alargamento da Rua do Arsenal, "uma lei de ex

propriações por zonas com a vantagem de se poder construir à margem

do Tejo, do Terreiro do Paço a Cascais, una grande avenida tão neces

sária e
indispensável numa cidade como Lisboa (20) . A partir de 1908,
será sobretudo o vereador e arquitecto Miguel Ventura Terra o grande
defensor desta via de desenvolvimento da capital, sem contudo obter

roais êxito do que o alargamento e regularização da Avenida 24 de Julho.

Era para o interior que a cidade definitivamente crescia, embora não

conseguisse também aí criar o seu Parque projectado desde os anos de

1880 e com novas versões republicanas em que, também em vão, Ventura

Terra se empenhava.
E a última grande realização camarária, antes de se entrar no

largo período de reffluxo que a situação de guerra e a instabilidade

política justificavam, foi ainda a


aprovação de uma nova grande arté
ria através do tecido suburbano da cidade: em 1907, (21 )é proposto

que se proceda ao estudo "de uma avenida partindo do Largo do Rato e

conduzindo ao Largo da Estrela atravessando o respectivo jardim, li

gando assim o populoso Bairro da Estrela com a Avenida". Nascia assim


18

a Avenida Pedro Álvares Cabral. Como quase sempre acontecera, já a Com

panhia dos Caminhos de Ferro de Lisboa se havia adiantado, fazendo a-

provar, logo em 1904, as linhas de tracção eléctica da Estrela, Bue

nos Aires e Campo de Ourique (22) ,


esclarecendo um dos motores funda

mentais desta expansão empiricamente realizada, sem reflexão global

sobre a cidade: servir os poderosos interesses das novas redes de

transporte. Outro, bem articulado com este, referia-se evidentemente

aos interesses não menos decisivos dos promotores imobiliários, ávidos

sempre de novas avenidas e de novos bairros onde lotear era fácil e

rápido e o lucro seguro.

Todavia, estes projectos, que foram instrumentos fundamentais

dos novos interesses de civilização que esses grupos representavam, ti

veram ao seu dispor o saber e a dedicação de uma notável equipa- de

técnicos de que Ressano Garcia era a alma. Os resultados foram, funda

mentalmente por isso, de uma qualidade surpreendente, capazes de a-

cidade às exigências económicas mesmo tempo conser —

brir a novas e ao

var-lhe um ritmo que não lhe traía a memória.

2. -
As raízes do projecto

"
(as Avenidas Novas) . . . não é possível f i-

xar-lhes data. Há que considerar a época do

primeiros rasgamentos,a denomi


projecto, os

nação, as edificações, tudo em largo período


cíclico do qual não se apura para fixar um

ano definido" .

Norbero Araújo

•'■-
cr. r-

o autor citado (23)vuma data na genealogia do empreendi-


Contudo,
to: 1870, ano em que o Conde de Valbom, Joaquim Thomás lobo d 'Ávila,
então ministro das Obras Públicas, teria iniciado "um. projecto grandio

so de um òoulevard do Passeio Público do Rocio ao Campo Grande" (24) .

Por seu lado, Francisco Câncio (25) , depois de evocar que "a pri
meira arreda do Campo Grande plantou-se em. 1801 dando impulso à obra

Coutinho", cita o alvitre de


do Ministro do Reino D. Rodrigo de Sousa

Jacone Ratton para que "destes lugares (Campo Grande e Carrpo Pequeno)
se construa uma amena estrada plantada de árvores até à cidade do Lis

boa" (26).
o então
Outro limiar é frequentemente citado: 1859, ano em que
19

Júlio Pimentel propõe "que se mande estudar


presidente do Município,
abertura de larga ou boulevard, ou alameda que
desde jã a uma rua,

partindo do fundo do Passeio Público corte pela parte inferior do Sa

litre e siga pelas terras de Vale de Pereiro até S. Sebastião- da:-Be-

dreira ramificando-se para o Campo Pequeno" (27) .A proposta é aprova


da e enviada â Comissão Técnica e, cano as anteriores, não tem conse

quências.
Mais e curiosa é, logo em 1908, a posição de um ar
surpreendente
ticulista do Ocidente (28) a propósito das obras da Avenida das Pico

afirmar que elas "realiza-se o so


as e do Parque Eduardo VII, ao com

nho do de Pombal que traçava o plano de alastrar Lisboa no


Marquês
sentido do Lumiar e Campo Grande", recordando que "ainda hoje existem
do Município os projectos e os planos que ele mandou de
nos Arquivos
senhar com o fito de pôr em pratica o engrandecimento da capital".
Efectivamente, se quisermos encontrar a genealogia mais longín
de extensão da cidade aprovado em finais do século XIX
qua do projecto
dos Santos, Carlos Mardel, E. S. Poppe e A.C.
é ao plano de Eugénio
devemos recu
Andreas, mandado traçar por Manuel da Maia em 1756, que

ar, segundo o qual "podia-se partir da Praça do Comércio e seguindo a

Rua Áurea, atravessando o Rossio, continuando sempre numa linha recta,

desenvolvida a par de Valverde, chegava-se a S.Sebastião da Pedreira,

novos limites norte da cidade, a cerca de três quilómetros e meio do

Tejo" (29) .

Deste conjunto de referências ( interessa sobretudo concluir que

a extensão de Lisboa através dos grandes eixos das Avenidas Fontes Pe

reira de Melo, António Augusto de Aguiar e Ressano Garcia, aprovados

enraizava viver da cidade de mais de um século de


em 1889, se num

tal modo que, através da nova rede ortogonal que é proposta, sobrevi

velhos nomes, velhas estradas só posterior e in


verão, com os seus

cemo a Avenida Sã da Bandeira, a Rua do Ar


completamente regularizadas
co do Cego ou de S. Sebastião da Pedreira e que algumas das novas ave

nidas respeitam o essencial do traçado de anteriores: a Avenida Mar

da Fronteira foi, parte, a Travessa de S. Francisco Xavier, a


quês em

Circunvalação enquanto a Aveni


Duque d 'Ávila, um troço da Estrada da

da Conde de Valbom e as Ruas Tomás Ribeiro e António Cândido são ape

nas -"-os novos nomes, respectivamente, das velhas Rua das Cangalhas,

do Sacramento e Travessa das Picoas (30) .

De outro modo deveríamos evocar os engenheiros de Pombal que tra

çaram uma nova cidade sobre a memória quente e generosa dos percursos

vivos do burgo medieval e cem essa subtil capacidade sábia e empírica


20

criaram um tecido urbano espantosamente moderno. Cem anos mais tarde

não se tinha perdido ainda esse frémito de raízes e a cidade burguesa

e liberal respeitará, cem notável maleabilidade, as velhas e tortuo

sas estradas que ligavam o coração de Lisboa ao subúrbio e ao termo,

rede da rrorier-
sobrepondo-lhe , sem rigidez excessiva, a
dc^entido nova

nidade: os grandes eixos ortogonais, instrumentos activos da civiliza

ção, das canalizações de esgotos, electicidade e gás, como dos carris

dos elécticos. Ao mesmo tempo que, obscuramente, abria já essas Ave-

das, então excessivas, ao futuro agente totalitário da cidade do sé

culo XX: o automóvel.

Ce outro modo ainda a programação da cidade pombalina deve ser

citada: tal como então aconteceu, a cidade das Avenidas Novas não foi

um projecto fácil e impôs-se, pragmático e desenvolvimentista, contra

a cidade dominante. Se, no século XVIII, Queluz foi a resposta de uma

Corte superficial e ultrapassada à Lisboa da Praça do Comércio, no sé

culo XIX, poderíamos opor a imagem lúdica e heróica de uma Avenida

da índia, marginando o Tejo do Terreiro do Paço a Belém, carregada de

estátuas e saudade t
ao tecido monótono e loteado das quintas dos subúr
bios à espera do investimento do capital. Junto a Eugénio dos Santos

poderíamos perfilar Frederico Ressano Garcia. Num e noutro caso houve

legislação especial ;x.-:v_<:- criada e influxo directo de capitais priva


dos. Faltar-nos-ia apenas quem contrapor ao Marquês, que os reis igu
almente distraídos foram... Os presidentes do Município Rosa Araújo,
Fernando Palha ou o Conde d 'Ávila, o próprio Ressano Garcia enquanto

Ministro da Fazenda do Governo Progressista de José Luciano de Castro

entre 1897 e 1900, deram importantes contributos para o triunfo do

projecto que acusará sempre, todavia, a fraqueza do executivo. De tal

modo que será necessário esperar pelo Estado Novo para que seja total
mente cumprido.

2 . O projecto do "Plano Geral de Melhoramentos

da Capital" e a Mémoire sur les études d"a-

méliorations et embellissements de Lisbonne.

urbanização das zonas oci


Depois dos projectos pombalinos para a

dental e oriental da cidade, apenas esboçados, Lisboa viveu, na primei


ra parte do século XIX, sem qualquer reflexão sobre si mesma, e, só na

conjuntura reqeneradora dos anos de 1860 t se apresenta cem premência a

necessidade de modernização.

O primeiro d-v-u: .>■:.■ nto fundamental que então nos surge é o decreto

de 31 de Dezembro de J8b4 de que transcrevemos os artigos 34, 37 e 38

(31):
21

art. 34-0 Governo mandará imediatamente proceder a um plano ge


ral de melhoramentos da capital atendendo nele ao das ru

as, praças, jardins e edificações existentes e à constru

ção e abertura de novas ruas, praças, jardins e edifica

ções cem as condições de higiene, decoração e cómodo alo

jamento e livre trânsito do público.


§ -
Este plano será elaborado por uma comissão composta

de um engenheiro e de um arquitecto, empregados no Serviço

das Obras Públicas, de um engenheiro proposto pela Câmara


Municipal e de um vogal do Conselho de Saúde Pública do
Reino indicado pelo mesmo Conselho. Esta comissão terá às

suas ordens os necessários empregados técnicos.

(...)

art. 37- São declaradas de utilidade pública e urgente todas as ex

propriações necessárias para inteira execução do plano or

denado e feito em conformidade cem os .antigos antecedentes


e aprovado pelo Governo.

art. 38- logo que seja aprovado pelo Governo o plano de edifica
ções e melhoramentos da cidade de Lisbca nos termos dos ar

tigos antecedentes, às condições d 'esse plano ficam sujei


tas as novas edificações, as reedificações, aberturas de

ruas, praças e jardins."

Coro sistematicamente irá acontecer, o-^decreto não tem consequên


cias imediatas. No ano seguinte, em 1865, P.J. Pezerat, engenheiro

chefe da Repartição Técnica da Câmara Municipal, fará publicar em

francês ama Mémoire sur les études d'améliorations et embellisse-

nents de Lisbonne em que, curiosamente, justifica o Governo pelo a-

traso de Lisboa "dans ce progrès d'améliorations qui se manifeste de-

puis 15 ou 20 ans dans les principales capitales" por j até então, se

de estradas caminhos de
ter primordialmente ocupado da construção e

ferro que ( não só esgotaram os rendimentos do Estado, como exigiram que


se recoresse a empréstimos. Depois de destacar a importância que se

deve dedicar ao porto de Lisboa, salienta a necessidade de um plano ge


bairros e enuncia os dois
ral de reconstrução sobretudo para os novos

lei
apoios fundamentais a esperar do Estado: em primeiro lugar, uma

concessão de facilidades a companhias de-


de expropriação e, depois, a

leurs propres capitoux et ceux des établis-


empreendedores "qui avec

seients de crédit qui se fondent actuellement ã Lisbonne e à Porto,

travaux publies et
pourront exécuter â leurs frais les plus grands

prives, et même fournir au Gouvernement et ã 1 'administration munici-


22

pale des combinaisons qui concilient tous les intérêts, et ménagent


les coffres de l'État et de la municipal ité."
Desde jã afloram algumas questões que nos parecem essenciais: em

iniciado nestes crescimento demográfico da ci


bora se tenha jã anos o

dade, não parece ser essa a razão que nove os intuitos de quem insis

te na sua necessidade de expansão. Por outro lado, surge claramente,


tanto no decreto de 1864 caro no texto de Pezerat, que esse desenvol

vimento se deverá fazer mercê de expropriaçõe:.-; para a construção de

novos bairros. A par da urgência das obras do porto de Lislxa que a

tornariam centro europeu do comércio mundial, é a necessidade de per

mitir âs "companhias de empreendedores" dispor de novos terrenos para

construção mais do que a efectiva necessidade em termos demográficos,


que norteia o pensamento dos reformadores.
Todavia, rresmo esta necessidade de criar investimento ao capi
dependente do desenvolvimento nacional lis
tal é, no quadro débil e e

'

boeta, mais um desejo que u:a lerrrência e por isso durante dez anos

tudo ficará na mesma. Só em 8 de Maio de 1876, a Câmara acusa a recep

ção de um ofício do Director Geral interino das Obras Públicas (32)

participando que "se nomeou una nova comissão composta do engenheiro

Luís Victor Lecocq, director da fiscalização dos Caminhos de Ferro do

Norte e leste, do arquitecto de 2â classe Raphael da Silva Castro, do


Ressano Garcia
engenheiro proposto pela Câmara Municipal Frederico
e

do vogal da Junta Consultiva de Saúde Pública por esta indicado, o dr.

Matheus Cesário Rodrigues Moacho para (...) elaborar os projectos que

forem precisos para a conclusão do plano geral de melhoramentos da


capital" .

Do trabalho desta comissão não nos foi possível apurar mais do

que nos é dito, dez anos depois, em 1886, por Miguel Correia Paes no

seu segundo opúsculo sobre os Melhoramentos de Lisboa Engrandecimento


da Avenida da Liberdade: "Tendo a comissão, nomeada em 25 de Abril dc

1876 para estudar, em virtude da disposição da Lei de 31 de Dezembro

de 1864, os melhoramentos de Lisboa, e compostas dos meus prezados a-

migos Marcellino Craveiro da Silva, Luís Victor lecocq e Rafael da

Silva Castro (...) apresentado em 27 de Dezembro de 1881 ,


o seu rela

tório acompanhado de diferentes plantas, formando a carta de Lisboa,

na escala de 1/ 1000, trabalho importantíssimo que se deve consultar

se projecte qualquer melhoramento na cidade (...)e embora


sempre que

(corvo determina artigo 389 da mesma lei)


lhe falte aprovação superior o

e, por isso, nâo seja por enquanto obrigatório (...)"


Correia Paes, que
Concluímos, fazendo fé nas palavras de Miguel
23

Ressano Garcia não fez parte dos trabalhos da Comissão até ao final.

0 que aliás nos aparece confirmado por duas informações colhidas no

Archivo No ano de 1880, na Sessão da Câmara Municipal de 19


Municipal.
ofício da Comissão do plano geral de melhoramen-
-

de Abril, é lido um

da
tos da capital que "pede por oito dias a planta geral da Avenida
Liberdade afim de ser incluído este grande melhoramento no plano ge

ral que está elaborado". Em 5 de Janeiro de 1882, outro ofício da mes

"o ante-projecto (4 cader


ma comissão envia à Câmara, a pedido desta,
nos com desenhos e um de peças escritas) da Direcção Geral das Obras

Públicas, da avenida no prolongamento da Rua Nova da Palma até â Es

trada de Sacavém" .

Deste modo, por razões não apuradas, a Comissão elabora o seu

contacto directo com os Serviços


"plano geral de melhoramentos" sem

Técnicos da Câmara Municipal de Lisboa, que está então procedendo já à


do de extensão da cidade para norte sem que
concretização projecto
e aca
tal nunca apareça enquadrado num "plano geral de melhoramentos",
ba por ser totalmente ultrapassada , cemo podemos concluir pelo parecer
do vereador I&ves Branco Jr. na Sessão da Câmara Municipal de 24 de
do Bairro Camões : "0 projec
Maio de 1880 em que é aprovado o projecto
harmonia coisa alguma que se te
to tinha o defeito de não estar em em

nha resolvido ou estudado relativamente aos melhoramentos da cidade" .

E acrescenta que "devia haver um plano e todos os melhoramentos serem,

subordinados a esse plano" .

do projecto da Câma
^. A Avenida da Liberdade
-
"lã parte"
ra Municipal de Lisboa de um "boulevard do Passeio Pú

blico às portas da cidade"

resultados concretos oprojecto de


Não se traduzindo portanto em

de melhoramentos previsto pelo decreto de 31 de Dezembro de 1864,


plano
tudo recomeça, agora decisivamente, em 1876.

24 de Janeiro desse ano, o verea


Na Sessão da Câmara Municipal de
dor Lourenço da Fonseca afirma que o deputado Ferreira de Miranda apre

projecto de lei pre


sentava nesse mesmo dia "ao corpo legislativo" um

vendo o aumento da dotação da Câmara Municipal de Lisboa e a promulga


"limitada unicamente aos ter
ção de uma lei de expropriações por zonas

partir do
renos precisos para a abertura da Avenida em projecto a

Passeio Público do Rossio.

Não é nossa intenção analisar aqui o processo lento e difícil da

da Avenida da Liberdade. Mas é-nos fundamental realçar,


ao
realização
7

contrário da posição que tem sido sistematicamente defendida

pelos estudiosos do tema, ''que nele se movem e cruzam dois mo

dos bem diversos de entender o desenvolvimento da cidade.

opinião pública e mesmo grande parte da vereação


Enquanto a

Avenida libertado do
depressa identificará a com o espaço

dos de algum modo a concebe


Passeio Público, a posição que

estenderia lá do serão
ram foi sempre de que ela se para que

os seus reais limites. "Em direcção a S. Sebastião da Pedrei

ra" (33), "a S. Sebastião da Pedreira e Campo Grande" (34),

"até às portas da cidade" (35) . Extensão indefinida é certo,

mas sistematicamente afirmada, permitindo concluir que o ac

retomar velho propósito de rasgar


tual projecto deveria o

uma linha de comunicação da cidade com os seus arrebaldes

a norte, respeitando os trajectos tradicionais.


E se de imediato, a vereação que aprova em 12 de Outubro

de 1877 a proposta de Rodrigo Afonso Pequito, apresentada em

23 de Agosto do mesmo ano, consagrando "a grande avenida do

Rossio a S. Sebastião da Pedreira e outras novas vias (...)"

nessa visão algo romântica que tem sido salientada,


participa
da capital e o sim
vendo nela sobretudo um engrandecimento
bolismo da demolição das grades do Passeio Público, outro

entendimento da cidade está jã presente e esse não tem, sido

Sessão referida, o próprio proponente "lembra


valorizado: na

a conveniência de antes de se pôr em discussão a sua proposta

virem para a mesa os planos e trabalhos jã feitos para a a-

bertura da grande avenida projectada". E é chamado Frederi

co Ressano Garcia que desde há três anos dirigia a Reparti


concurso documental. A-
ção Técnica para onde entrara por

firma este que "em virtude das dificuldades que em qualquer


terrenos situados ao norte do Pas
direcção apresentavam os

não podia boulevard seguir um alinhamento


seio Público, o

referido Passeio até ãs portas da cidade e


único desde o

que, em sua opinião, não convinha dar-lhe a mesma largura

nos alinhamentos sucessivos -mas


, que, no primeiro destes, o

directamente interessava â discussão (...) devia


qual mais

a futura Avenida ser dirigida exactamente no prolongamento


deste com as suas ruas
do actual Passeio e ter a largura
esta forma concorrer o Passeio de
laterais fazendo-se por

de transformado para a magnificência daquele lanço


pois
tanto mais belo quanto mais
rectilíneo inquestionavelmente
extenso fosse (X-) .

*r MX_5e U, *<*~^ * >-^<L


\- ^~Ac i* rW-^ XcX^-y
OU c W i (.^«JImu. <^ *c~-u U &*+***=. t^o*;^ r\<~y~*~
25

Em 21 de Julho de 1879 é apresentado em Sessão da Câma

Repartição Técnica e aprovado o pro


ra Municipal pela mesma

da "lã da Avenida", "embora ainda não concluído",


jecto parte
essa
e na Memória Descritiva que o acompanha ^afirma-se que

circular de 200m
"1â parte (...) (terminará) em uma praça
de 30m -
uma em di
de diâmetro d'onde irradiam quatro ruas

outra ao local do novo edifício da Peniten


recção ao Rato,
outra Santa Marta e finalmente
ciária e Entre-Muros, para
Grande Benfica" (37).
outrajpara os sítios do Campo e

Necessário é concluir que se a Avenida da Liberdade é

para a cidade de Lisboa e mesmo para a vereação cue a promo

de modernização, não o
ve sobretudo um emblema de um desejo
é para a Comissão Técnica que a projecta e a vê apenas como

que é desde sempre con


uma "1ã parte" de um empreendimento
Aliás a actividade de F. Ressano
cebido como um todo. se

não é entendida por todos, ele não está contudo de


Garcia
está já a iniciar a
modo nenhum isolado. Em 1886, quando se

F. Si
luta pela aprovação dos passos seguintes do projecto,
recordará claramente que se a Avenida
mões Margiochi (3 8)
"um ventilador da cidade baixa" e
foi concebida como grande
vir a ser "a grande
"um passeio público", "o principal" era

norte da cidade" substituindo


artéria de comunicação para o

de Santa Marta e a calçada de S. Sebas


a rua de S. José, a

tião que, serem demasiado íngremes, "estreitíssimas e


por
estabelecimento d alguma linha férrea
perigosas", "impedem o

de qualquer dos sistemas" .

a Avenida não
De outro modo se pode ainda provar que
o "curto
era, no espiirito dos que efectivamente a projectam,
(?9) mas
de luxo barato" que Eça de Queiroz sagaz
rompante
actos nacionais
também superficial a ridicularizar os ,

^nela
Como anteriormente referimos, o lançamento público
quis ver.

Cortes para
do projecto é acompanhado por diligências nas

que deveria
fazer aprovar uma lei de expropriações por zonas

dotar o Município do instrumento legal para a sua rápida


necessários se fosse a-
realização e dos meios financeiros

provado, como então jã se pretendia, que as


expropriações^a-
construção
além dos terrenos necessários para a
brangessem,
faixas laterais até 50m onde se constituiriam.
da Avenida,
si
lotes para venda imediata. O facto desta proposta não ter

todas as lenti-.
fundamentalmente explica
do aprovada é que
26

não como em geral se afir


does na realização do projecto e ,

ma, a inexistência de um. projecto. Este existia global jã em

Ressano Garcia sa
1876, não terminado todavia como o próprio
só dez anos depois se consegue fazê-lo passar.
lientou, mas

E vamos ver com que dificuldades e oposições.

§. o projecto da "Avenida da Praça Marquês de


Pombal ao Campo Grande" e a Lei das expro

priações por zonas: da discussão nas Cortes

à promulgação.

Nas Actas das Sessões da Câmara Municipal encontra-se,


necessida
por diversas vezes nos anos imediatos, reféncias a

de de se voltar a pôr a questão dos "recursos pecuniários"


com que o governo deveria dotar
a cidade, diligências que con

da Carta de lei de 18 de Julho


duzem em 1885 ã promulgação
de 1885 aprovando a reforma administrativa do Município de
de cha
Lisboa que nomeadamente lhe concede a possibilidade
de e avenidas" (4 0) e, lo
mar a si a "abertura ruas, praças
Fernan
go em 1887, na Sessão de 26 de Novembro, o presidente
do Palha, apoiando-se nesse novo instrumento legal, propõe

"em nome da Comissão Executiva, a abertura d'uma avenida que


de Pombal A-
ligue o Campo Grande com a Praça do Marquês na

venida da Liberdade, conforme a planta geral que apresenta

va os senhores vereadores examinarem" ('41).


para
Embora não nos tenha sido possível encontrar esta planta
não classificados da Câmara Municipal de Lisboa,
nos acervos

é evidente que ela é peça intermediária entre a apresentada


1876 e a será aprovada em 1888, e é esta continuidade
em que
encontrara o essencial da
de trabalho ;que desde há dez anos

Ressano
sua expressão, sempre dirigido e impulsionado por
forte envolvi
Garcia, que explica que o projecto lançado com

Correia Paes em 1885 para o


mento polémico pelo engenheiro
recta da Avenida (42), não tenha sido
em linha
prolongamento
de contar com en
considerado pela Repartição Técnica, apesar
âmbi
tusiastas e empíricos apoios na vereação. Não cabe, no

to do nosso trabalho, discutir a pertinência das respectivas


não aceitação do
posições, mas importa-nos salientar que a

do notável entusiasta dos melhoramentos da capital


projecto
sim o triunfo
não foi decidida sobre o momento, significando
das directrizes de Ressano Garcia cuja excepcional capacida-
27

contestação munici
de de trabalho se impõe sem
àsjvereações
pais .

Não bastava todavia o apoio da vereação para o proje


cto se efectivar. Tentando criar factos consumados, e con

quistar quase à força o apoio da cidade e das Cortes, em

1886 fora aberto concurso para o Parque da Liberdade e a-

provada a verba de 200 000S000 reis para a sua construção.


Contudo, o Município não tinha meios para o realizar e sa-

bia-o. Em termos políticos o momento era favorável: inicia-

ra-se em 1887, ano da morte de Fontes Pereira de Melo. re-

corde-de , o segundo governo progressista de José Luciano de


Castro de que era Ministro das Obras Públicas Emídio Navar

ro. Tanto Fernando Palha, presidente da Câmara Municipal de

Lisboa como F. Ressano Garcia militavam nas fileiras do par

tido e isso explicará a consonância da acção que se vai veri

ficar, traduzida imediatamente no projecto de lei sobre ex

propriações por zonas, apresentado pela Câmara ao Governo e

este envia para discussão às Cortes em 28 de Maio de 1888.


que

A discussão vai ser tumultuosa (43)/sendo a intervenção


de fundo da oposição na Câmara dos Deputados feita por Dias

Ferreira e, na Câmara dos Pares, Ernesto Hintze Ribeiro, her

deiro de Fontes à frente do Partido Regenerador. O que sobre

tudo é dito é que a lei era inconstitucional na sua preten


são de expropriar faixas de 50m para lá do leito das aveni

das a abrir. Dias Ferreira qualifica-a de "ataque aberto ao

direito de propriedade", tanto mais "sem uma necessidade ur

gente de interesse público", clarificando: "as más circuns

tâncias financeiras de uma corporação qualquer que precisa

dos terrenos dos seus administrados para os vender, e para

(itálico texto do dis


com o produto d'eles fazer bonitos no

curso) , não são e nunca foram motivos legais e racionais de

Dirã de mais adiante "pede-se o sacrifí


expropriação". novo :

cio da propriedade do cidadão em benefício da Cântara Munici

pal de Lisboa não para ela remir as suas dívidas ou acorrer

de salubridade pública mas fazer


a algum melhoramento para

bonitos construir um parque na Avenida da Liberdade e


para
fazer outra avenida nas Picoas". E exaltando-se sobre
para
medida cá nem no estrangeiro, afir
esta sem precedentes, nem

mará: "Começa por nós esta imagem da comuna" e, já a termi

nar, dirá: "Para mim a obra mais indispensável do país é o

saneamento da cidade de Lisboa, que não pode ser sacrifica-


28

do aos parques, nem às avenidas (... ) a tudo quanto é de uti


lidade duvidosa".

A proposta será todavia aprovada pela maioria progres


sista em 5 de Julho de 1888 e é, em seguida, enviada à Câ

mara dos Pares onde, como jã referimos, o discurso de fundo

é calorosamente pronunciado por Hintze Ribeiro


da oposição
frisará também que o que estava em causa "é acima de tu
que
não se
do uma questão constitucional", perguntando: "Porque
constrói um Tribunal de Justiça, um edifício do Correio, um

respondendo: "Porque não há meios." Irá


Liceu, hospícios?", e

contudo mais longe perante a pretensão do projecto de que a

exigência de se expropriar "uma faxa além dos terrenos com

"
de obras" sè justificaria a fim de que
preendidos no plano
as novas edificações obedeçam a determinadas condições de a-

de dirá que "o argumento nem sério


formeseamento e higiene" -

é" , e a seguir:
"A Câmara expropria e revende por alto preço; portanto
o terreno e caro, muito caro.Ergue-se talvez um ou outro pré
construção para destinar
dio de mais cuidada aparência e se

ao próprio uso de quem, o possui. Mas isto é uma excepção. De

locação obedecem a boas e


resto porventura os prédios para

elegantes condições arquitectónicas? (... ) Quem ali comprar

construir casas de aluguer, leva-se de um


terrenos para
todo fim é tirar o maior lu
pensamento de especulação; o seu

cro (...(Continuaremos a ver como até agora temos visto nas

imediações da Avenida alçar e fechar umas enormes cómodas fi

não são ali há) mui


xas (que outra coisa os prédios que cem

tas gavetas, muitas repartições e muitos escaninhos, em que

se acomoda muita gente e de que se recebem muitos alugueis.


"Pois pensa o Senhor Presidente do Conselho que os pro

vão edificar prédios se destinam à especula


prietários que

ção (...) com belezas arquitectónicas?! 0 que os proprietá


rios querem é construções baratas, muitas vezes com prejuí
zo da própria solidez. 0 que desejam é que os seus prédios
muitos locatários a fim de tirarem uma re
sejam ocupados por

muneração que largamente os compense da despesa que fizeram".


E jã a concluir, Hintze Ribeiro dirá ainda : "Fala-se ce

de de avenida e de mais avenidas e


um plano e planos, uma

de afinal não se sabe o que é


de praças e ruas adjacentes e

as escuras
(...) Demais votamos este projecto completamente
sem uma luz nos esclareça (...)", terminando com uma per
que
cheia de subentendidos : "A Câmara Munici-
gunta evidentemente
29

pai é que dirige e ministra por si directamente a execução

das obras ou fica com a faculdade de subrogar os seus direi

tos a qualquer intermediário que apareça?".


largas transcrições que acabámos de fazer parecem-
As

-nos plenamente justificadas porque através delas pressenti


mos todo um sentir colectivo da cidade para quem os projec
tos em causa serão durante muitos anos excessivos e desneces

tinha Avenida, quê "mais aveni


sários. A cidade jã uma para

das e e ruas adjacentes...?" "Bonitos" apenas com que


praças
a Câmara mal disfarçava afinal o seu essencial objectivo:

"à da dos cidadãos" "as más con


recuperar custa propriedade
dições financeiras" em que se encontrava muito provavelmente
secretamente aliada "a qualquer in-fcermediãrio que apareça".
0 projecto então apresentado era apenas ainda um esboço mas

se fosse já oidéf initivamente será aprovado em 4 de Outubro


de 1885 não mereceria maior atenção. As necessidades da cida
de como os cidadãos as sentiam e os chefes políticos da opo

sição enunciavam eram sobretudo "a salubridade pública" ou,


como na Câmara dos Pares dirá Tomás Ribeiro "as que importava

realizar nos bairros de Alfama e Mouraria" . 0 mesmo conse

lheiro deixará ainda no ar a pergunta: "Onde estão os bairros

para operários?"
0 projecto da Avenida das Picoas ao Campo Grande é as

sim encarado sobretudo como um negócio para a Câmara pque se

subitamente bens de cida


propunha apossar-se ^violenta e
(de
mancomonada com um "sindicato" do tipo do
dãos para, talvez

Bairro Camões, revender com elevado lu


que então construía o

cro uma quantidade imensa de terrenos para edificação. As no

um ins
vas "avenidas, praças e ruas adjacentes" eram apenas
cidade delas
trumento dessa operação especulativa jã que a

não precisava.

Seria incorrecto considerar que o modo violento e acusa

recebe o projecto de
tório com que a oposição regeneradora
Ressano Garcia traduzia apenas a "política do dia" própria
criticar e travar tudo o que é da ini
de todas as oposições:
ciativa do Para lã dessa oposição evidentemente po
governo.

lítica, existe, empiricamente embora, uma reflexão sobre o

da salubridade e da ne
futuro da cidade. Se. questões como a

cessidade de se construir "bairros operários" devem ser con


sideradas muito exactamente como argumentos políticos já que
30

a vereação presente, tal como as anteriores e seguintes, as

considerava prioritárias -

o que não significa, sobretudo no

caso da segunda, que as medidas propostas e mesmo iniciadas

tenham revestido real eficácia -

outras, então afloradas, tra

duzem o que poderia ser uma via alternativa da modernização


da cidade: em vez de rasgar para norte "novas avenidas" não

seria mais importante refazer o tecido arcaico dos velhos

bairros, sobretudo os de Alfama e Mouraria?Com maior radicali

dade ainda, Tomás Ribeiro havia considerado "malbaratado tudo

quanto no embelezamento de Lisboa se dispender em local de

onde não se divise o Tejo". Modernizar a cidade não por am

pliação mas por reorganização do seu espaço histórico era o

que Pombali fizera no século anterior, era também o que Haus-

smann projectara recentemente em Paris e se fizera já ante

riormente em Londres. Porque não resolver assim a Lisboa mo

derna? Em vez de se construírem as grandes avenidas através


dos campos do subúrbio, porque não as rasgar no corpo da cida

de, demolindo e reconstruindo segundo as novas exigências


da civilização os velhos bairros^ Apenas aflorada neste mo

mento decisivo, essa possibilidade virá a ser largamente de

batida. De modo empírico e utópico quase como o faz


sempre,
em 1908 Abel Botelho na revista Arquitectura Portuguesa ("44):

"Imagine-se o efeito perspectivai soberbo d'uma destas ave

nidas f laqueando os morros da Penha de França, da Graça e do

Castelo; ou d"outra que, costeando S. Roque fosse à Peniten


ciária por Campolide; ou ainda uma que(...) ascendesse da Ri

beira de Alcântara ao alto de Santa Catarina". E, evidente

mente, esta quentão prende-se com a levantada por Tomás Ri

beiro sobre a necessidade de se preservarem as vistas sobre

o Tejo em qualquer plano de extensão da cidade. A grande ave

nida não deveria ser essa tão sonhada marginal de Santa Apo
lónia a Belém que arredasse ou escondesse os tugúrios que en

volviam o mercado da Ribeira na 2<1 de Julho e transformasse

em novo passeio público as margens do Rio?A ampliação da ci

dade norte não seria afinal uma traição aos velhos lu


para
ao coração da urbe? Vinte anos mais tarde, de novo em
gares,

1908, Ventura Terra, então vereador da primeira Câmara repu


blicana de Lisboa, pedirá que "se proceda ao estudo de um

plano de melhoramentos da cidade por forma que sem prejuízo


das obras iniciadas nas novas ruas, avenidas , praças, etc . a

edificar, se agrupem quanto possível na margem direita do Te-


31

jo(...)" (45) e de novo em 1915, o mesmo planeará ainda "uma

gfnde e larga esplanada à margem do Tejo mais larga, mais

extensa e mais imponente do que a Avenida da Liberdade" (46)

Em 1888 contudo, quando a aprovação da lei de expropri


ações por zonas dota a Câmara Municipal de Lisboa de meios

para a realização do projecto de extensão de Ressano Garcia,


estas vias divergentes de desenvolvimento da cidade apenas
tenuamente se esboçam ,
numa opinião geral dominada pela inu
tilidade dos "bonitos" especulativos.
Outra questão, agudamente tocada no discurso de Hintze

Ribeiro que largamente transcrevemos, não terá também quais

quer repercussões: ele duvidava, com razão perante o exemplo


concreto do que se ia edificando nos lotes marginando a Ave

nida da Liberdade, que os prédios dos novos bairros viessem

a obedecer "a boas e elegantes condições arquitectónicas" '■

mas, de acordo com a atitude global que caracteriza a oposi


ção nesta discussão considerando "inútil", de "duvidoso in

teresse" ou mesmo "repugnante" todo o pro jecto, nenhuma al

ternativa ou remediação é naturalmente proposta. Pensava a

oposição, e assim o disse, que o projecto havia de morrer

antes mesmo de nascer. Todavia, contrariando estas expecta

tivas, a nova cidade iria para diante.

Nesse mesmo ano de 1888, na sequência da discussão e

aprovação da proposta de lei de José Luciano de Castro, é

promulgada a Carta de Lei de 9 de Agosto declarando de "uti- Doe . 3

lidade pública e urgente as expropriações dos prédios rústi

cos e urbanos compreendidos nas zonas que forem necessárias

â Câmara Municipal de Lisboa para construir o parque da ave

nida da Liberdade e ruas adjacentes, paralelas e incidentes

e para a abertura da Avenida das Picoas ao Campo Grande e

ruas adjacentes, paralelas ou incidentes" e, logo em 1 3 de

Abril de 18Q9, é apresentado pela Repartição Técnica "o pro

jecto das novas ruas a abrir nas imediações do futuro parque

da Liberdade e bem asssim o projecto da Avenida das Picoas

ao Campo Grande e ruas adjacentes ã mesma Avenida", assinado Doe . 4

por Ressano Garcia e datado de 14 de Novembro de 1888. Tra-

ta-se indiscutivelmente do ponto de chegada de um


trabalho^
que fora incansavelmente prosseguido ao longo de mais de dez

anos, cuja "1i parte" tinha sido apresentada em 1877 e que

era evidentemente resposta ãs propostas de abertura de uma


32

vimos, foram nu
avenida "até às portas da cidade que, como

merosas vezes formuladas com maior ou menor grau de empiris


Ressano Garcia afirmara que tal "boulevard"
mo. Logo em. 1877,
alinhamento único desde o referido
não poderia "seguir um

passeio até às portas da cidade e que, na sua opinião, nao

largura nos alinhamentos sucessivos"


convinha dar-lhe a mesma

Técnica da Ca
e por isso, defendemos que nunca a Repartição
mâra Municipal e o seu engenheiro chefe foram influenciados
num
pelas propostas de Miguel Correia Paes para prolongar,
Avenida da Liberdade. Considerando de
único alinhamento, a

"as dificuldades que em qualquer di


finitivas logo em 1877

os terrenos situados ao norte do Passeio


recção apresentavam,
de vias diver
Público", a solução do Parque e de um conjunto
a partir da Rotunda fora a adoptada.com um pragmatis
gentes
num meio dominado por uma vi
raros
mo e rigor evidentemente
confusa e tradiciona
são de cidade eminentemente empírica,
lista e só essa continuidade pode explicar a qualidade notá
dois
vel dos projectos agora apresentados. Organizados em
ao fu
corpos distintos -
o is, "Projecto das ruas adjacentes
"Avenida das Picoas ao Cam
da e o 29,
turo parque Liberdade;
Grande -

compreenderam acervo exaustivo de plantas gerais


po

e ruas com indicação das expropriações e terraplanagens


por
a largura das f fi
a realizar com os respectivos orçamentos,
xas de rodagem e dos passeios, os perfis transversais tipos,
de lotea
as directrizes dos canos de esgoto e os programas

mento para as edificações adjacentes.


das Picoas ao Campo
No caso do 2Q projecto- "Avenida rLOi>rcAcyo
60, Om
——

Grande", o eixo fundamental é a "Avenida Central com.

no sítio das Picoas"


de largura" entre a "rotunda projectada
forma se
e a praça projectada "ao sul do Campo Grande de que
Parale
de circular" com 1 517m,90 de comprimento.
aproxima
duas outras mais estrei
las a esta Avenida, são projectadas
Avellar, depois 5 de Outubro
tas -
as futuras António Maria
articulando
depois Defensores de Chaves e,
-

e Pinto Coelho,
or
três eixos predominantemente
o conDunto destes uma^ede Hin
de perpendiculares. *-Tas futuras Duque d Ávila,
togonal
José Luciano (depois
(depois Miguel Bombarda)
e
tze Ribeiro
a nova rede até âs preexisten
Elias Garcia) -
ultrapassando
Visconde de Valbom) e do Arco
tes Rua das Cangalhas (futura
(depois Av. de
a futura Martinho Guimarães
do Cego, enquanto
33

Berne) deveria inflectir, depois do cruzamento com a António

Maria Avellar, para ligar à Rua de Sã da Bandeira e ao Largo

do Rego.

Visando sobretudo urbanizar num loteamento racionalis

inici
ta uma zona ainda rural, respeitavam-se contudo, como

dos velhos caminhos e


almente já sugerimos, preexistências
estradas do termo, introduzindo, na rigidez da malha ortogo
nal ,
variantes que prolongam no novo espaço ritmos da cidade

antiga. Contudo, a articulação fundamental é obtida pela mo

numentalidade do eixo da Avenida central que carrega consigo


a
o eco dos grandes eixos da cidade baixa, os pombalinos,
Rua do Ouro e a Avenida da Liberdade, arti
Rua Augusta ou a

correspondência entre
culação que se intensifica no jogo de
a Rotunda e a praça das Picoas que, embora com significados
recordação das velhas
novos, conservam de algum modo a pra

do Terreiro do Paço e do Rossio. Deste modo, se a ci


ças,

dade se afasta do rio avançando para o interior, como que

memória activa dele e pressente-se


transporta consigo uma

nesse percurso um. simbolismo de ascensão, do passado para o

das rotinas tradicionais para os espaços abertos


presente,
da aventura da civilização.
Parece-nos assim que não é apenas tecnicamente que o

projecto de Ressano Garcia é notável -


nele vibra uma certa

segurança e um sonho de bem estar que as redes ortogonais


veículos que são das canalizações de esgoto, ã-
asseguram,

gua , gás e electicidade e dos carris do novo transporte pú

blico e por isso se òõe âs insuficiências do velho tecido

tortuoso da cidade, mas há nele também uma escala


íngreme e

lisboeta, encalhada em preexistências múlti


que permanece
rodeiam e talvez tivesse sido per
plas que o e penetram que

de da Avenida da Liberdade
dida se o projecto prolongamento
através do Parque se tivesse concretizado.

Curiosamente os críticos de Ressano Garcia que hão-de

de dinamismo urbanístico da ci
surgir no período seguinte
dade de Duarte Pacheco -
não entendem este
-
os arquitectos
fluir lisboeta que percorre as novas artérias .Cristino da

valorizará de novo Miguel Correia Paes, critican


Silva (47)
não aproveitou
do o projecto realizado "que lamentavelmente
para a exposição da cidade as zonas naturais" provocando por
aasto de "rios de dinheiro principalmente por môr da
isso o
34

da da Av. Fontes Pereira de Melo onde houve de cons


ligação
truir uma série de importantes viadutos". Paulino Montês,

por seu lado (48) depois de considerar que "as avenidas e

as ruas da Lisboa moderna foram riscadas como traçado de

criticará também Fontes Pereira


esgotos ou de via férrea", a

de Melo "demasiado estreita em relação às da Liberdade e Re

pública", crítica evidentemente pertinente mas apenas de um

automóvel
ponto de vista de sobrevalorização da circulação
Avenida Fontes Pereira de Me lan
porque, de outro modo, a lo;
çada sobre a velha estrada de S. Sebastião, ladeando o mata

abrindo-se de um lado para a Estrada da Cruz do Ta


douro e

do outro, Rua do Sacramento e Estrada das Pi


buado e, para a

coas, servia percursos tradicionais que nenhum boulevard a-

berto através do Parque Eduardo VII para as lonjuras da Pe

nitenciária assegurava.
É todavia evidente que não são os méritos urbanísticos

de destruir uma certa i-


em termos de capacidade ampliar sem

fazem projecto de Ressano Gar


magem de Lisboa que aprovar o

de 9 de Agosto de
cia. Na sequência da Carta de Lei
1888^ que

incluindo faixas ate 50


legitima as expropriações por zonas,

m o exterior das novas avenidas, a rápida abertura des


para
tas surgia aos olhos da Câmara quase só como um negócio ren

doso. O decreto de 4 de Outubro de 1869 sanciona os planos


edital de
já aprovados pela vereação e, logo a seguir, o

12 de Novembro de 1889 torna pública a relação dos proprie


tários a expropriar. No citado decreto é fixado o prazo de

36 meses a execução de todas as obras a partir da sua


para

adjudicação "ou aos proprietários dos prédios, compreendi


dos nas zonas em que se projectam as mesmas obras (...) ou

delas se encarregarem, se os aludidos


aos empreiteiros que

proprietários não quiserem usar da preferenciai...)".


de este optimismo, traduzido na
Veremos seguida quanto
de obras de três havia de sair
afixação de um período anos,

logrado. . .

6 . Dificuldades e etapas na realização


do projecto.
Na Memória Descritiva de Ressano Garcia precisava-se
e su
"a economia do projecto": "bastará vender gradualmente
cessivamente todos os terrenos disponíveis por aquele preço
dos terrenos do Parque âa Liberdade,
(7$377 reis no caso
35

3$709 reis na zona das Picoas) que facilmente atingirão e,

se
dentro do prazo de seis anos, a contar d'aquele em que
todos os melho
houver feito a respectiva despesa, para que

2e saiam completamente de
ramentos compreendidos no projecto
Sessão de 1 3 de Abril de 1889 em que
graça ao Município". Na

conjunto dos projectos é apresentado, o


ao mesmo
o presidente;
"em conclusão Câmara podia estar
tempo que afirmava que
a

sossegada quanto a obter, pela lei de expropriações por zo

nas, os meios necessários para a realização dos projectos",


fácil venda de tantos terrenos em seis
interroga -sevseria a

anos . . .

Esta dúvida era evidentemente legítima considerando so

bretudo se os anos de 1880 tinham ainda podido viver da


que
de 1890, o Ultimatum e
riqueza regeneradora de 1870, os com

a crise brasileira, inauguram-se em clima de forte recessão

financeira. A cidade contudo ia-se modernizando: precisamen


te em 1890 é inaugurada a linha férrea da cintura (também

Garcia) Estação do Rossio ao mesmo


projecto de Ressano e a

entra em funcionamento a linha de americanos do


tempo que
Arco do Cego ao Lumiar. As fontes monumentais do Rossio e a

ano, e-
cúpula do Coliseu dos Recreios, inauguradas no mesmo

certa espectacularidade ,o triunfo da via eu


xemplificam com

desenvolvimento da capital. Ainda nesse ano são


ropeia no

também aprovados os projectos particulares para a construção

dos bairros Andrade e da Calçada dos Barbadinhos .


Que a a_

ventura em a Câmara embarcara com os projectos de exten


que

são da cidade tinha razão de ser e futuro podia ainda ser

à Câmara em 1891 autorizar "uma


comprovado pelo pedido para

linha de tramways entre as portas de S. Sebastião passando

em frente ao Jardim Zoológico pela Rua Marquês Sã da Bandei

linha
ra, Estrada do Rego e Campo Pequeno até entroncar na

Praça de Touros
do Lumiar" . Pretender-se-ia servir a nova

será 1892? Evi


então já em construção e que inaugurada em

é negativo por tratar de


parecer da Câmara
se
dentemente o

"ruas condenadas" (4 9) , mas não provava esse empenho quanto


necessidade no espaço da cida
as novas avenidas eram jã uma

de que se alargava?
crise ma-
Todavia apesar deste quadro de prosperidade, a
nifesta-se profundamente e não só os proprietários expropria
tomar o em-
dos deixaram ultrapassar o prazo em que poderiam
36

preendimento em mãos, como tardava em surgir "empreiteiros

que dele se encarregassem". Como haviam de surgir para finan


ciamentos tão vultosos, se, em 1891, a venda de terrenos no

Casal do Rolão a Santo Amaro, adquiridos pela Câmara e pos

tos em praça "por preço bastante baixo para atrair os capi


tais com a condição de neles se edificar desde já", eram

vendidos a ritmo desanimador? (50)

Aliás a questão não era só a falta de investimento: a

recessão tinha imediatamente, como sombra ameaçadora visível,


a crise de trabalho que profundamente atingia a classe ope

rária. E, como que justificando Anselmo de Andrade que afir

mava que os empreiteiros "aterrorizavam os governos do dia

com a ameaça de milhares de desempregados" (51 J, em 23 de

Dezembro de 1892, o vereador Martinho Guimarães propõe "pa


ra debelar a crise de trabalho", entre outras medidas, que

se dilegencie a "organização de uma companhia ou empresa pa

ra a realização dos projectos da Avenida das Picoas ao Campo


Grande e do Parque da Liberdade". E, perante uma Câmara, em

crise permanente de recursos, esta vai ser a via procurada,


dando afinal razão a Hintze Ribeiro que, veiculando boatos

ou notícias insistentes, logo em 1887 na Câmara dos Pares,

execução das obras seria feita pela Gmara


interrogava se a

ou por "qualquer intermediário que apareça".


dificuldade era mesmo um "qualquer inter
Contudo, a que

mediário" não aparecia e por isso, em 1893, ano 1 do gabine


te Hintze Ribeiro-João Franco, mais uma vez por iniciativa

de Martinho Guimarães, a Câmara delibera pedir auxílio ao

Ministro da Fazenda "para poder empreender a obra de constru

ção das avenidas e Parque. Em resposta, o Ministro, prometen


do afirmou todavia que "as dificuldades financeiras
apoio,
do governo não lhe permitiam representar esse apoio por
dinheiro" ( 52)
quaisquer adiantamentos em .

Martinho Guimarães não desistiu. Afirma que "a obra po

dia ser realizada com os recursos actuais da Câmara (...).

seria necessário para dar começo âs obras o levan


Que apenas
tamento de um empréstimo para proceder às expropriações mas

que a Câmara dando de hipoteca as propriedades que possui e

iria facilmente conseguiria levantar esse


as que adquirir
empréstimo". Não muito facilmente no entanto jã que a primei
financeira" Companhia de Credito
ra "operação planeada com a

Predial fracassaria e só no ano seguinte Martinho Guimarães


37

de 400 contos (... ) se rea


podia anunciar que o empréstimo
juro de 5% com a
lizaria com a Caixa Geral de Depósitos ao

amortização em 30 anos (53) .

mais reunião com os


Era uma grande vitória, tanto que a

consul
quarenta -Calores contribuintes da cidade, cujo parecer
fora cla
tivo era necessário para a realização da operação,

ramente negativo: a primeira reunião convocada não pudera e-

terem comparecido apenas dezassete e, na se


iéofeuãp-§§ Por
sete votaram
gunda, em que estiveram presentes vinte, apenas

favoravelmente (54) .Na opinião geral tratava-se dos "bonitos"

de falara Dias Ferreira em 1887 e de obras de excessiva


que
antes deveria
grandeza para a pobre Câmara de Lisboa que
preocupar-se com o pagamento das suas dívidas. Como esta opi
com os
nião não era vinculativa, o processo podia avançar:

400 contos da Caixa Geral dos Depósitos, iniciam-se em Outu

abertura da Rua Fontes


bro de 1894 as expropriações para a

Pereira de Melo. A Câmara tomava claramente a operação em

mãos embora, nesse mesmo ano, tenha de novo alimentado a es

vã de ter encontrado o "empreiteiro" que a aliviasse:


perança
efectivamente em 26 de Dezembro é presente na Sessão da da

Comissão Administrativa uma proposta de Henri Lusseau que,

em 1887, ganhara o primeiro prémio do concurso para o proje


"tomar sem ga
cto do Parque da Liberdade, para a seu cargo,

rantia de juro ou subvenção alguma, a construção das ruas e

que fazem parte do projecto da Ex.ma Câmara relativo


praças
aos terrenos da 1â zona em continuação da Avenida da Liberda

de e em volta do projectado Parque da Liberdade, adquirindo

para esse efeito os terrenos não municipais que, segundo o

têm de ser expropriados a terceiros" .Além de


mesmo projecto,
outras obrigações, a Câmara ficaria obrigada pelo acordo
"a conceder à a construção das ruas e praças na 2i
empresa

zona precisamente nas mesmas condições e com as mesmas van

mencionados respeito à 1ã zona".


tagens e encargos já com

um de
Esta prposta é acompanhada de dois extensos pareceres,

Ressano Garcia, director geral das obras e outro de Martinho

Guimarães, vereador do Serviço da Fazenda. O primeiro, re

cordando "decorridos cinco anos depois da data de


que quase

21 de Fevereiro de 1890 (quando aspirara o prazo do direito

expropriar) ain
de preferência concedido aos proprietários a

da a Câmara não pode infelizmente dar execução a uma lei que

ela solicitou e restringindo em favor do Municí-


própria que,
38

Carta Constitucio
pio, o direito de propriedade consignado na

ambas casas do Parlamen


grande oposição em as
nal, suscitou

to", afirma que "a proposta apresentada agora pelo cidadão


(...) merece ser devidamente considera
francês, Mr . Lusseau
reali
da pela Ex.ma Câmara porque pode talvez habilitá-la a

com o
zar o vasto plano de melhoramentos que se projectaram
fim de atender às crescentes necessidades do embelezamento
da comodidade, da
da capital e de satisfazer às exigências
e do bem estar dos seus habitantes". De
saúde, da segurança

pois de cuidadosamente analisar e pontualmente criticar, con

o Município, sob o
siderará "a proposta (...) vantajosa para
de vista técnico e económico" mediante certas conside
ponto
rações, uma das quais "obrigar o concessionário a receber,

pelo seu custo, não só os terrenos mas também quaisquer pré


Exâ Câmara adquira atè â assinatura do
dios urbanos cue a

contrato definitivo, para execução parcial dos projectos a-

provados" o que permitiria "que se prossiga desafogadamente


se contraiu ultimamen
na execução dos melhoramentos para que
de 400 000$000 reis, saldando esta dívida
te o empréstimo
dentro de um ano".

Martinho Guimarães, tem nós


Quanto ao parecer de para

de historiar todo o processo. Assim


a especial importância
depois de recordar as mais antigas referências ao projecto
Maria iniciativa de D. Ro
"desde que no reinado de D. I, a

de Sousa Coutinho converte a chã estéril de Alvalade


drigo
(...)" aos "primeiros alvitres postos
em arborizado passeio
Campo Grande com a cidade
em letra redonda para se ligar o

de defender que as obras da Avenida da Liberdade


(...)" e

"haviam necessariamente, para que de todo se justificassem,


(...) a conveniência que resulta da me
aliar ao belprazer
lhor e mais directa comunicação com as estradas de Lisboa",

não seria decerto realizada, ficando-se no


"conveniência fcue)
extensão da Avenida rematada pelo Parque da
troço limitado à

Liberdade", conclui que "foi. inspirada na evidência desta

verdade a solicitação da Lei de 9 de Agosto de 1888, seguida

da de 4 de Outubro do ano seguinte".


continua Martinho Guimarães, surgira "um obstá
Contudo,
todos a essas
culo mil vezes mais irremovível do que os que

crise de 1890 que considera respon


leis se haviam oposto", a

sável "súbita paralização de todas as iniciativas", o-


pela
"as administrações a resignarem-se na esperança
brigando
d'esta ordem".
de mais propícios tempos a empresas
cinco ano» de provações e desalentos (.. .

Finalmente, "passados
39

esta Câmara toma, sob minha proposta, a iniciativa de


eis que
favoráveis condições, lhe per
um empréstimo que negociado em

acudir à crise de trabalho que tem sido natural con


mitisse
tem como
sequência do geral desiquilíbrio" , empréstimo que

objectivo "o prosseguimento da penetração ampla e rasgada a-

través os meandros do norte da cidade, até se atingir o termo

há (...) a abertura da Aveni


que anda desde 70 anos apontado
da enfim".
das^Picoas,
"relativamente di
(TébáSè», sendo o valor do empréstimo
tão extensa obra", era evidente que com ele ape
minuto para

nas se podia "concorrer para a sua continuação"e não para o

Lus-
seu termo e por isso a actual proposta feita à Câmara por
importância. Martinho Guimarães adere às
seau ganha enorme

acres
indicaçõesbue lhe fizera Ressano Garcia, propõe que se

Câmara aos actos da em


cente o direito de inspecção para a

voto de louvor "ao distinto en


presa e termina sugerindo um

genheiro director geral das obras, pelo zelo, diligência e

"

espontânea dedicação ( . . . )

O "Contrato Provisório celebrado com Mr . Lusseau"/. assi

nado em 7 de Fevereiro de 1895 e, segundo a 3ã condição , tor-

nar-se-ia definitivo "quando Mr . Lusseau ou a empresa que ele

depósito de
organizar houver entregado no cofre municipal o

de 75 000$000 reis", dentro do "prazo máximo de um


garantia
obras de abertura das avenidas e ruas da 1â zona
ano". As

dia Câmara lhe fizer


deveriam começar "no próprio em que a

executados" as do Parque
entrega dos trabalhos por ela
e
a

"o mais tardar seis meses depois do dia em que este contra
24ã condição, "termina
to se tornar definitivo". Segundo a

Câmara obriga-se a conceder a Mr. Lus


das (estas) obras a

seau (... ) a construção das ruas e praças compreendidas na

zona que (...) abrange a Avenida das Picoas ao Campo Grande


incidentes".
e as ruas adjacentes, paralelas ou

assi
fedWs, nunca o contrato definitivo viria a ser

nado. Durante os anos de 1896 e 1897 há correspondência en

obter
tre a Câmara e o arquitecto francês que procuraria
vão sendo cada vez
sucessivos adiamentos que concedidos
maior Ainda em 1901, Lusseau fará uma nova
com cepticismo.
tentativa de retoma do projecto, então apenas restringido
Ressano Garcia dirá então, dando parecer desfa
ao Parque:
fracasso do contrato pro
vorável às novas propostas, que o

visório de 1895 "se explica pela pouca ou nenhuma simpatia

qne
4 O

negócios portugueses às praças


que jã então inspiravam os

estrangeiras" (55) . Mas as obras, alimentadas pelo empréstimo


contraído em 1894, não sofreram qualquer abrandamento:as ex

das Avenidas Fontes Pereira de


propriações para a
a^bertura
em Janeiro de
Melo e Anteíio Augusto de Aguiar prosseguem e,

ex
1895, è proposto a urgência do processo judicial para a

da Condessa de Camaride necessária para a constru


propriação
P. de Melo já da Rotunda
ção do troço final da Av. Fontes e

da Av. das Picoas. Que o processo era


das Picoas e começo

irreversível prova-o o contrato feito com a Companhia Carris


de 26km de novas linhas
de Ferro de Lisboa para a exploração
sistema da tracção eléctica que deveriam ser construí
pelo
avenidas abrir, nomeadamente na Avenida das Picoas.
das nas a

E, em 1897, quando Ressano Garcia abandona a direcção da Re

Técnica para Ministro da Fazenda do governo de


partição ser

é à Avenida das Picoas


José Luciano de Castro, proposto que

seja dado o seu nome (56) .

é proposto rua nQ9 do


Nesse mesmo ano e aprovado que a

paralela oeste da Av.


projecto das zonas "que deve correr a

Ressano Garcia passe a chamar-se "António Maria Avellar" ,


a

nQlO "que deve comunicar a Estrada da Circunvalação com a

leste da Av. Ressano Gar


Praça do Campo Pequeno, paralela a

cia", "Pinto Coelho", í nQ4 , "uma das mais importantes pois


Praça do Campo Pequeno com os sí
que é destinada ligar
a a

de Palhavã e Benfica" "Rua Martinho Guimarães" e ã Ro


tios ,

en
tunda das Picoas "Praça Mouzinho d'Albuquerque" pois que

do do Município Zo-
tão se pensava, por proposta presidente
monumento
fimo Pedroso, "que n'esta praça seja levantado um

as nossas recentes vitórias em Africa


destinado a comemorar

inscritos os nomes dos portugueses que para


e no qual sejam
seguinte, esta
ela concorreram" (57). Contudo, logo no ano

é escolhida para colocar a estátua do Marechal de Sal


praça
1902 que ela se de
danha e, em consequência, em aprova-se
"Mouzinho d'Al-
signe por "Duque de Saldanha" e que o nome

a Rotunda de Entrecampos ( 58 ) . Treze a-


buquerque"passe para
serão alterados mas, de momen
nos depois todos estes nomes

memória da cidade se ia
to, justif icavam-se na próxima que.

edificando.
1897 é em o programa das con
Ainda em posto praça

dições para a arrematação de uma empreitada de terraplana-


FontesP. de Melo e António A. de Aguiar
aem a fazer nas Ruas
4 1

que no ano seguinte está concluída, altura em que se proce

de já ao revestimento do viaduto. Em 1899, é aberta praça

"para fornecimento de 3 OOOm3 de brita de basalto para o em-

dedrado da faxa de rodagem "dos lanços mais a jusante" das


citadas ruas, operação que será concluída em 1900. Antes,

também em 1899, a Comissão Técnica apresentara"as plantas e

o perfil tipo do pavimento e canalização de esgoto das ruas

Fontes P. de Melo e António A. de Aguiar',' considerando conve

niente remetê-los à Companhia de Gás e Electicidade para que

"esta trate desde jã de estudar a distribuição de candeeiros

e canalizações n'aquelas ruas, preparando-se para assentar

um e outros" (59) .

Concluídas estas ruas em tempo recorde, logo em 1900

arrematação da empreitada de terrapla


se abre oraça "para a

a abertura de um troço da "Avenida Ressano Gar


nagens" para

cia até à Estrada da Circunvalação" (60), ao mesmo tempo que

se procedem às primeiras correcçõe? ao projecto de 188&, no

de ligação da Praça Mou


meadamente um, estudo "variantepara a

zinho d 'Albuquerque com o Largo da Estefânea" e uma proposta


alterar razões económicas o traçado da Rua António
"para por

Maria Avellar" (61 ) .

a
Ainda em Dezembro de 1900 -
o que mais uma vez prova

dos trabalhos é pedido que "com a possível brevida


rapidez
-

de se estabeleça (...) o encanamento de água para abastecimen

do falta na rua Fontes P. de Melo, Praça M.


to lanço em que
do lanço jã construído da Avenida Ressano
d'Albuquerque e

Garcia", de modo em Abril de 1901, se considera que t»t- WA


que ,

aberta público (...) comuni-


essa mesma zona"jã pode ser ao

cando-se também a abertura das ruas aos serviços de limpeza

e polícia de segurança (62) .

é discutida piroposta da Com


No mesmo ano, e aprovada a

dos Caminhos de Ferro de Lisboa para a construção da


panhia
linha entre as praças Marquês de Pombal e Mouzinho d'Albuquer-

que pela Fontes P. de Melo e deixam-se desde logo aprovados


de linha entre a Fontes P. de Melo e a estrada
os projectos
de Palhavã pela António A. de Aguiar e entre a praça Mouzi

Campo Pequeno pela Av. Ressano Garcia,


nho d'Albuquerque e o

acehtunado-se que "ficará assim, desde a Avenida da Liberdade

uniforme a rede de trânsito por tracção eléctica" (631)

vencidas: embora
Havia ainda grandes dificuldades a ser

ter
os lotes se começassem a vender -
e o optimismo pudesse
42

razão de ser considerando por exemplo a venda de um lote a

Cândido Sotto Mayor na Fontes P. de Melo por 1 $ 00 reis supe

rior à base de licitação e mesmo as efectuadas "perto da Pra

ça Marquês de Pombal" "por 4?600 reis superior à base de li

citação -
as despesas ultrapassavam sempre as previsões e,

nesse mesmo ano de 1900, como poderia a venda de lotes com

pensar o montante da indemnização fixada judicialmente a pa

gar à Condessa de Camaride que, da primitiva avaliação em 30

contos de reis, fora fixada em 90 1 35$ 1 80 reis?

Em 1 2 de Dezembro de 1901, quando se inicia a presidên


cia do Conde d'Avila, é apresentado pelo vereador José Belo t>°<j+-~i<ueXi?

uma proposta para se contrair um novo empréstimo de 400 000$


000 rs a ser pago "em conta corrente na Caixa Geral dos De

pósitos ao juro de 5% e parzo de 30 anos", exactamente por


tanto nos moldes em que fora contraído o primeiro empréstimo
em 1894.

De novo se evoca "a grandeza do melhoramento que tantas

belezas traz para a nossa cidade" que representa também "um


emprego de trabalho e no seu resultado um aumento de riqueza
pública" e se repete claramente que "para conclusão de tão

importante obra não tem este Município recursos pecuniários":


Aprovada esta proposta e obtido o novo empréstimo (auto
rizado pelo decreto de 24 de Dezembro de 1901), iniciam-se

as negociações com os proprietários a expropriar na 2â zona.

Rapidamente se decide "liquidar definitivamente a expropria-


çao da parcela pertencente a Companhia Geral de Gados" -

e

•A

os lotes aí traçados são dos primeiros a serem vendidos ain

da em 1902 -

mas com todos os outros proprietários, à excep

ção de Francisco Tomás Carrasqueiro, falham. A propósito


destas operações apresenta o presidente em 12 de Julho de

1902 um circunstanciado relatório concluindo que, sendo as Doe . 1 Q

exigências dos proprietários cada vez maiores "a Comissão

Administrativa tem de desistir por enquanto da conclusão da


Av. Ressano Garcia (...) até os poderes públicos decretarem

as providências necessárias para se levar a cabo esse melho

ramento sem injusto gravame para o Município".


Parece contudo poder concluir-se que este relatório do

presidente se destinou sobretudo a pressionar a vereação a

conceder-lhe maior liberdade na condução dos processos já


que, na mesma sessão, após a sua leitura, por proposta de Pin- Dot AZ
to Basto "o senhor presidente é autorizado a negociar com os

dos terrenos a expropriar (...) dentro das ver


proprietários
constam da representação da Co
bas de receita e despesa que
missão Administrativa de 12 de Dezembro de 1901" e, logo no

herdeiros de
mês seguinte, e efectuada a expropriação aos

montante de 107 596$087rs, PotXi


Francisco Izidoro Vianna no quan-

avaliação da Câmara, ela seria de 65 125$825rs


do, segundo a

considerou "que trazia para o


e, mesmo assim, o presidente
Município um lucro líquido de 55 745$075rs na hipótese con

siderada acerca do preço de venda dos terrenos"!

Finalmente em Novembro, o presidente comunica à Comissão

Administrativa que fechara "ad referendum" o acordo com a


^ j4

Condessa de Camaride, Maria Isabel Freire d'Andrade e Castro,

acrescentando que "era a última parcela de terreno que fal

tava se abrir a Av. Ressano Garcia e que, caso a Câma


para
altamente vantajosa e a tutela a con
ra aprove a aquisição
daria ordem imediatamente se atacarem, com, toda
firme, para
trabalhos afim de no próximo ano poder ser aberta
a força os

entre a Praça do
ao público a Avenida na parte compreendida
Saldanha e o Campo Pequeno".
Aliás, avançando por sucessivos actos consumados, já o

Sessão da Comissão Administrativa de 7 de


Conde d'Ávila, na VccaS

havia informado que "no próximo sábado às três e


Agosto,
à inauguração das obras da 2i zona, Ave
meia, proceder-se-à
nida Ressano Garcia ao Campo Grande". Quando recordamos a

e eco na imprensa que tivera a abertura simbólica das


pompa

obras da Avenida da Liberdade, 23 anos antes, compreendemos


era de facto, como vaticinara Hin
quanto este empreendimento
Ribeiro 1888, um assunto que só interessava ao Municí
tze em

não mostrava de imediatamente ab


pio e que a cidade se capaz

sorver. Não havia grades nem velhos teatros para derrubar

mas, simbolicamente, poder-se-ia dedicar uma elegia às 443

oliveiras em 15 de Outubro de 1902, vão â praça para


que,

serem vendidas -
acabavam de ser desenraizadas dos terrenos

aos herdeiros de Francisco Izidoro Vianna ... (64 )


expropriados
dc 1903 é o decisivo nas obras da 2a zona: logo
O ano

arrematação da faxa de canta


em Fevereiro é posta em praça a

necessária a abertura da Av. Res


ria de terraplanagens para

é empreitada de terra
sano Garcia e, em Julho, adjudicada a

na Rua A.M. Avellar, ao mesmo tempo que se reali


planagens
transversais à Fontes P. de Melo .

zam obras idênticas nas ruas


44

Os trabalhos da Ressano Garcia, sobretudo, avançam com

grande rapidez de modo que, também em Fevereiro, é jé comuni

cado â Companhia dos Carris de Ferro de Lisboa a "conveniên

cia que haveria de proceder ao assentamento das suas linhas

nas ruas oriental e ocidental da Av. Ressano Garcia até ao

Campo Pequeno logo que este jam( . . .


) efectuados os trabalhos

do esgoto bordadura dos


de terraplanagem, canalização geral e

antes de dar ao empedrado da faxa de


passeios mas se começo

rodagem" (65) e , ainda em 1903, a mesma Companhia apresenta


ã Comissão Administrativa o projecto para a linha eléctrica

pretende estabelecer "no lanço da Avenida Ressano Garcia


que
entre a Av. Duque d'Ãvila e a Praça do Campo Pequeno" apro
"com condição de colo
vado pela 3ã Repartição (Obras) a serem

cados em pontos escolhidos de modo que se tornem


os postes
compatíveis com o arvoredo e com os candeeiros da iluminação

pública (66 ) -

Deste modo, em 1 1 de Dezembro pôde ser assinado o auto

de inauguração da Avenida e, nesse mesmo mês, a Comissão A- DoeXC


dministrativa solicita ã Companhia das Aguas que "proceda ao

assentamento da sua canalização no leito da Ressano Garcia

antes de construído o pavimento definitivo.


Finalmente, no ano seguinte, a Avenida entrará no conjun
to das vias privilegiadas da cidade ao ser incluída, com a

Fontes P. de Melo, a Rua Áurea, Augusta, Prata e Praça do Mu

nicípio, num projecto da Companhia Reunida de Gás e Electici-

dade a iluminação eléctica e daí a naturalidade do pare


para
cer do vereador José Belo contra a pretensão dos feirantes

de Lisboa, pedindo a instalação da feira no Campo Pequeno nos

meses de Agosto e Setembro: "(tal instalação) (...) dificul

taria a venda e desvalorizaria os terrenos municipais ali e-

xistentes" (67) .Por idênticas razões é negado o pedido das


associações operárias para instalarem uma estátua de José

comunica Praça Marquês de Pom


Fontana "na via pública que a

bal com Campo Grande: "O local não é próprio para momumento

sido jardim frente ao Mata


tão modesto", tendo sugerido o em

douro. ( 68 )

O ano de 1904é fundamentalmente o da venda de lotes e já


Doe 0
Março sao postos em pra-
de construção como veremos -

logo em

além de outros marcados anteriormente e não arrematados,


ça,

44 Avenidas Ressano Garcia, Fontes P. de Melo, A. M.


mais nas

transversais ã Fontes. Apre-


Avellar, Duque d~Ãvila e algumas
45

ciando o resultado das vendas um


mêsjdepois, o presidente
afirmou terem elas atingido 95 529$695rs, sendo 72 455$349rs

referentes â 2i zona, propondo desde logo que fossem separa


do custo
dos 15 000$000rs "que serão destinados ao pagamento
construído para o serviço das linhas
do viaduto que deve ser
n

Real nas Avenidas Ressano Garcia e A. M. Avellar' -i ■%-

da Companhia
(69) obra que virá a ser sucessivamente adiada e construída

apenas já durante o Estado Novo.

A venda de lotes continua e, em Maio do mesmo ano, es

tão já marcados mais 48 em diversas avenidas e as vendas so

mam, um mês depois, 41 842$663rs. São então postos em praça,

lotes nas Avenidas Hintze Ribeiro, José


pela primeira vez,

Barbosa du Bocage e, logo em Janeiro de 1906, também


Luciano,
na João Crisóstomo, Martinho Guimarães e Júlio Dinis, esta

"rua frente da Praça


ainda apenas designada por projectada em

de Touros". O movimento é ainda ascendente neste último ano

estão 46 lotes na 1â zona e 170


jã que, em Novembro, em praça

12 1§ zona e 21 na 2ã.
na 2â, e destes pela vez na

Simultaneamente as obras prosseguem: em 1903, são aprova

dos os projectos e orçamentos"das obras necessárias para com

Pinto l)o
das zonas constando do prolongamento da Av.
plemento
u

1904, fazem-se expropriações na Estrada do Ar


Coelho(70), em

1905, é
co do Cego para o alargamento da Duque D'Ãvila, em

feito, a pedido jã de moradores, o prolongamento das canali


Avellar em
zações de gás da Duque d'Ávila para a A.M. e,

é aberta uma nova avenida denominada "praia da Vitória"


1906,
Praça do Saldanha com a Rua da Estefânea.
ligando a

funda
esta evidentemente ainda por fazer troços
-

Muito

Pinto Coelho, A. M. Avellar, Martinho Gui


mentais das Avenidas

marães e B. Bocage
-
mas podemos considerar a inauguração em

29 de Novembro de 1906 do serviço por tracção eléctica atra

vés da Avenida Ressano Garcia, símbolo suficiente de que o

de 1888 estava realizado. Previram-se então três anos


projecto
Haviam passado 18 se recordar
para a sua concretização. mas,

só iniciaram na 2ã zona em 1902,


mos que as expropriações se

breve. Tinha-se en
o tempo utilizado fora excepcionalmente
tretanto vivido a crise dos anos de 1690 que devemos consi

fundamental do atraso e tinha sido preciso lu


derar a causa

viam os
tar contra todas as oposições que no projecto apenas
da Câmara, a fome especulativa .Tão
"bonitos" e no empenho
cidade sua rea-
grande foi a falta de empenho da em geral na
46

lização que é justo considerá-lo quase só obra de um reduzi -

do punhado de homens que precisamente então davam os nomes

às principais Avenidas: Ressano Garcia, António Maria Avellar,

Martinho Guimarães, entre outros, sobretudo pessoal técnico

que não adquiriu nome político. Homens que foram mais técni

cos do que políticos mas, profundamente ligados ao poder, a

sua época estava a terminar e a vereação republicana que, em

1908 os substitui não os poupara a criticas.

gestão republicana das Avenidas Novas


"fy . A

Uma das últimas acções programadas pela vereação monár

quica, a expropriação dos terrenos da Viscondessa de Sã da

Bandeira para alargamento da rua com esse nome, construção da

Av. Visconde de Valbom e prolongamento da Duque d'Ãvila, J. Doe, AS

Crisóstomo e H. Ribeiro, é a primeira a ser duramente anali

sada pela gestão republicana (71 ) .

Considerada irregular porque, para a sua elaboração, não teria


sido consultada a Repartição Técnica, logo à partida na aná

lise fria dos orçamentos, a operação prometia um prejuízo à

Câmara de cerca de 28 000$000rs, montante que havia necessa

riamente de ser muito mais elevado por existir o compromisso,


de de realizar obras 8 meses e to
impossível cumprir, as em

dos os atrasos exigirem o pagamento Hx^isKERiáEssHxde juros


de indemnização de 5% ao ano sobre o valor dos terrenos. E

ainda dito que "pelo actual contrato e ao inverso dos anteri

Câmara valoriza especialmente os terrenos


ores projectos, a

que ficam pertencendo à Viscondessa e concluído evidentemen

te que "a operação foi altamente ruinosa para o Município".


Não sendo possível, no âmbito do nosso trabalho, procu

rar confirmar a acusação da nova vereação, o que desde logo

nos parece evidente é que há uma alteração profunda na apre

ciação do projecto que é agora minuciosamente reduzido às


financeiras. Não é nunca posta a questão de se sa
questões
ber se a expropriação poderia ter sido feita em melhores

condições nem referidas as vantagens que adviriam para a

cidade do rasgamento das avenidas até ao nó fundamental que

era o Largo do Rego.


Todo o projecto está, aos olhos da nova vereação, con

taminado dos erros políticos dos monárquicos e isso provará


47

à exaustão o vereador Bairros Queiroz que em 7 de Outubro de

1909 um desenvolvido relatório sobre"as contas das


apresenta
Picoas". recordar "em Setembro anterior" de
Começa por que

"estando previsto no orçamento em vigor, e-


monstrara já que
verba de de
laborado pela última vereação monárquica a cerca

452 000$000rs como receita proveniente da venda de terrenos

pertencentes a estas zonas e, como despesa, a quantia aproxi


madamente de 356 000$000rs, que a primeira não tinha atingi
do até 31 de Agosto senão 43 000$000rs ( . . .
) e que a despesa
efectuada tinha sido de cerca de 104 000$000rs" e por isso,

"de acordo com a maioria dos seus colegas", "a situação fora

actual vereação (encontrara) contra


comunicada ao governo: a

alguns proprietários, relativa


tos especiais consumados com

mente a expropriações nas ditas zonas que obrigavam ã conclu


são dos trabalhos num prazo relativamente curto e de cuja
fa
falta de cumprimento resultarão graves prejuízos para a

zenda da cidade". Es^ pesado condicionalismo determinara que

não se mandassem suspender as obras. Mas agora impunham-se


medidas decisivas "ou ver-se-à forçada a suspender imediata

mente os trabalhos (...(onde se empregam cerca de 400 pes

soas" .

Passa depois Bairros Queiroz a historiar o processo,

recordando com evidente intenção, sublinhada por itálico no

Câmara resolveu contrair o 1°


texto da acta, que, quando a

1893, "os quarenta maiores contribuintes por


empréstimo em.

maioria o rejeitaram" .
Esquadrinhando depois todas as despe
sas e receitas em estudo minucioso, conclui que "até 1908"

um deficit de 357 865$864rs e a 2â


a 1i zona paresentava
também de 11 soma imediatamente o
o deficit 002$933rs1a que

de 1909 até Agosto no montante de 61 962$952rs. E,jã a ter

dirá ainda que salientar ainda mais a consci


minar, "para
ência (itálico no texto da acta) com que foi elaborado o or

basta ver na 2â zona das Picoas só havia até


çamento, que

de 1908 terreno vender na importância de 29


Dezembro para

contos mas que isso não foi obstáculo bastante para impedir

que esse tfífcno figurasse por 256 contos!"


Embora o acinte o rigor na análise da gestão monárquica sor

bre "as obras das Picoas" contenha evidentemente uma forte

existe, para lã dela, ques


carga política, parece-nos que

tões mais profundas que envolvem de novo uma maneira diferen

te de entender o desenvolvimento da cidade. As vereações mo-


48

nárquicas, envolvidas desde os anos de 1850 no projecto de ex

tensão da capital, tinham também tido oportunidade de se aper

ceberem do que afirmavam agora os republicanos: ele não era

tão rendoso como se havia pensado, na verdade as despesas ul

trapassaram sempre as receitas, sobretudo pelos montantes ele

vados que custaram as expropriações e pela lent*3ão com que

se vendiam os terrenos. Por outro lado, a construção ddParcue


da Liberdade que deveria ser o cerne das obras da 1ã zona e

proporcionar à cidade elevados benefícios, fracassara total

mente. Todavia a atitude de sucessivas vereações fora sem

pre a de iludir os deficits e avançar para a frente com a

esperança de que os lucros acabassem por chegar, atitude que


não era totalmente infundada pois, como a analise republicana

das contas provava, os deficits eram muito menores na 2ã do

que na 1i zona o que seria ainda incrementado com o progredir


da edificação. Havia ainda a considerar o desenvolvimento e

modernização que os novos bairros traziam â imagem global da


havia promovido. Fi
cidade que justamente orgulhava quem os

nalmente, as vereações monárquicas não tinham que preocupar-

-se com os deficits: profundamente articuladas com o poder


político e económico, sabiam que âs grandes companhias de

Água, Electicidade, Gãs e tracção eléctica, aos senhorios

como aos construtores civis e a numerosas pequenas indústrias

laborando na sua órbita, a extensão da cidade interessava tan

to como ao próprio Município.


Diferente era evidentemente a gestão republicana que,

em oposição ao governo, promovia agora os valores da honra

e da clareza dos orçamentos a argumento político. Mais tarde,

quando o balanço da gestão republicana da cidade se começar

a fazer alguém falará das "vereações pé de meia cujo critério


fundamental consistia em obter saldos" e então se recordará

inventivo de Resssano Garcia em plenos anos 20


o "génio que

está â espera de continuadores" (72) .

De outro modo ainda podemos analisar o desamor evidente

dos republicanos pelo projecto em que as Câmaras anteriores

se tinham empenhado. Logo na primeira reunião da vereação,


presidida por Anselmo Braamcamp, em 3 de Dezembro de 1908,

Ventura Terra faz uma longa intervenção defendendo a priori


dade de desenvolvimento a dar à margem do Tejo que passaria
do da Rua do Arsenal
por exemplo, pelo "estudo alargamento
sob a orientação de construir na parte correspondente ao
49

r/c e 19 andar das casas do lado norte um amplo pórtico aber

to sobre a rua". Deste modo, de novo se põe a questão que, em

1888 Tomás Ribeiro levantara na Câmara dos Pares: em oposi-


ção à cidade avançando para norte, não seria mais lisboeta

privilegiar-lhe o desenvolvimento ribeirinho?

Dada a fragilidade política e económica de todo o perío


do republicano .que se agravará definitivamente com o início

da Primeira Grande Guerra em 1914, nunca a Câmara de Lisboa

disporá de meios para defender os projectos de Ventura Terra,


limitando-os ãs obras de beneficiação da Avenida 24 de Julho

e por isso, de novo,a modernização da Baixa ficará adiada. E-

inércia dos grandes eixos Pra


ra mais fácil aceitar a que,da
ça do Comércio, há mais de um século imprimiam uma clara

direcção aos projectos de extensão... mas obviamente sem

acusarem Pombal, muitos pensavam que os monárquicos lhes ha

viam deixado a pesada herança de gerirem uma cidade que cres

cia errada de costas voltadas para o Tejo, definitivamente

ferida do vício de imitação de um Paris cuja grandeza não se

deveria desejar.
Não significou porém a desafectação republicana ao pro

jecto de Ressano Garcia uma paragem. Não só se continuaram

as obras -
em Janeiro de 1909 decorre o calcetamento das Ruas

Crisóstemo H. Ribeiro e, em Junho do mesmo ano, há auto


«j . e

rização para se adquirir "faxa de cantaria recta e curva e

caldeiras de árvores para Largo Afonso Pena -

o
pedras para

como se procura intensificar a venda de lotes, introduzindo-

-se, significativamente e veremos adiante com que consequên


cias, a modalidade de vendas a prestações. Na Sessão da Comis

são Administrativa de 21 de Março de 1912, o presidente mos

tra a sua satisfação pelo movimento das vendas que demonstra

ria "que os capitais não estão assustados"e que a resolução

da Câmara (a venda a prestações) "foi uma medida acertada vis

to que dos 10 lotes vendidos, 6 foram-nc naquelas condições":


in
Procuram mesmo as primeiras vereações republicanas
troduzir um novo dinamismo no projecto e, embora fora do âm

bito do nosso espaço de análise, não podemos deixar de refe

rir de Ventura Terra, logo em 1908, para "um novo


a proposta
estudo do do Parque Eduardo VII por forma a poder
projecto
ser vendida uma faixa do terreno que o circunda (...) (para

que) o produto da venda desses terrenos seja exclusivamente


50

destinado às expropriações necessárias para a construção do

Parque e à edificação de um grande palácio para exposições e

festas". Seria mais um projecto logrado mas em que muito se

venda, Abril de 1912, do primeiro


apostou de modo que a em

lotes Clementina Pratt, por 20$000 por metro


destes novos a

quadrado, num total de 474m2 e 9 527?000rs, seria saudada co

Mais nenhum lote seria


mo grande e promissor acontecimento.
vendido na nova avenida implantada no espaço que anteriormen

te se destinava à área do Parque e, de novo aqui, o vereador

projectos de engrandecimen
arquitecto verá frustrados os seus

to da capital.
Curiosamente foi também Ventura Terra quem , a propósito
da construção da Av. Praia da Vitória, havia de sugerir(73)
a modificação do seu nivelamento
"
levantando-o quanto possí
vel num só trainel em toda a sua extensão, melhorando assim

o seu efeito tanto sob o ponto de vista de comodidade como

de boa perspectiva", no que mostrava comungar na concepção


urbanística que basicamente presidiu a todo o pro jecto; privi
visando mesmo corri-
legiando os grandes eixos ortogonais, e

gi-ldno sentido de maior obediência aos princípios o que, a

a "comodidade" e a "boa pers


ser feito, se poderia acrescer

de acentuar também a monotonia do con


pectiva", não deixaria

relação ao tecido orgânico da velha


junto e a diferença em

radicalidade de inovação em termos de malha ur


cidade, numa

bana Ressano Garcia havia sabido evitar.


que
tam
primeiras vereações republicanas
-

Outro projecto destas

Terra como os anteriores, nunca realizado -

bém de Ventura e,

moldes questão do viaduto


pretendeu resolver em originais a

Cinco de Outubro.
sobre as então jã Avenidas da República e

Segundo a proposta apresentada em Novembro de 1910, impor ta*v


neste troço o caminho de ferro "em
decidir se se construiria,

subterrâneo ou deveria fazer-se a sua remoção para além do

Comissão de Estética, recentemente criada


Campo Grande". A

também por iniciativa de Terra, pronun-


na Câmara Municipal,

ciar-se-ia pela segunda hipótese mas, no ano seguinte, é de

assunto será de novo discuti


fendida a"passagem inferior". O

do em 1915 afirmando-se então que "o viaduto prejudicaria a

Mais se que a opção


da Avenida". uma vez provava
perspectiva
os "boulevards"
urbanística pelas grandes perspectivas, que

herdado de modelos barrocos seis


do século XIX europeu haviam
actual no
centistas e setecentistas empobrecidos, permanecia
51

gosto lisboetajinas também este projecto terá ainda que aguar

dar mais de vinte anos a capacidade de iniciativa do Estado

Corporativo para finalmente se realizar, mais próximo aliás


das propostas iniciais de Ressano Garcia do que das de Ventu

ra Terra.

Muito de acordo com o novo ideário republicano, que em

Lisboa foi sobretudo positivista e anti-católico como queria


Teófilo de Braga, foi a proposta apresentada ainda em 1909 pe

lo vereador Costa Ferreira para que se construíssem escolas

nos novos bairros, justificando: "em outros tempos quando se

construía um bairro, escolhia-se logo o lugar para a Capela,


actualmente é indispensável que a Escola substitua a Capela".
(74). De acordo com esta posição, Ventura Terra sugere, no

ano seguinte, que fossem concedidos ã Liga Nacional de Ins

trução 3612m2 de terrenos compreendidos nos alinhamentos das

Avenidas H. Ribeiro, M. de Tomar e J. Crisóstomo (...) a com

portar exclusivamente uma escola primária" .Co^/itudo, tal co

mo acontecera em 1904 ao projecto para a Igreja das Picoas,

a construção da escola não se realiza e, futuramente, será o^

mv vpmnm. âDt. Igreja que triunfa quando, em 1934, o Cardeal

Cerejeira apadrinhar o projecto modernista de Pardal Montei-

Fracassado também o yjycwTÁW»». que , já na agonia do regime,


em 1923, será apresentado pela "representação de republicanos
residentes na Av. Elias Garcia" para erigirem um monumento,

naquela via pública, "desejando prestar homenagem à obra ver

dadeiramente democrática iniciada pelo grande republicano que

foi Elias Garcia", afinal c selo dos ideais republicanos limX

tar-se-ia nas Avenidas Novas apenas aos novos nomes que, lo

go em 6 de Outubro de 1910 ^ão propostos e aprovados para as

de Outubro" expul
principais artérias: "República" e "Cinco

sam os nomes de "Ressano Garcia" e "António Maria Avellar" e

a justificação foi óbvia: "a primeira é uma das mais belas

artérias da capital e como consequência lógica foi escolhida,

a segunda por lhe ficar paralela". Em seguida foram, rebaptiza-


das a Elias Garcia (ex José Luciano) , Miguel Bombarda (ex Hin

tze Ribeiro) e Berna (ex Martinho Guimarães) e, só mais tarde,

a Defensores de Chaves (ex Pinto Coelho) (75).

Assim, de um modo geral, a vigência do regime republi


cano marca um efectivo abrandamento da conclusão ãojpro jecto:
'910 estão ainda fazer os alinhamentos do pavimento
em por

parte da Pinto Coelho, entre a J. Crisóstomo e


e passeios na
i

52

Elias Garcia, em 1915 procedem-se a


expropriações "para alar

gamento e rectificação desta Avenida e abertura e conclusão

Defensores de Chaves
do troço da Miguel Bombarda entre a e

Rua do Arco do em 1916, discute-se ainda se a Tra


a Cego e,

vessa das Picoas deverá ser alargada ou substituída por "uma

rua com a largura de 1 5m ligando o Largo de S. Sebastião da

Pedreira com a Avenida Duque d'Âvila". Também a venda de lotes

abrandará nos anos de guerra: em Janeiro de 1916, o presiden


te constata que "a venda de terrenos tem diminuído porque as

construções estão muito caras" e, ainda em 1919 se sugere,

por exemplo, que para um lote na Av. Cinco de Outubro torne

jando para a António Serpa que fora à praça três vezes por

18$00 o m2 , de desça a base de licitação para 15$00 por m2 .

Como veremos, estes são também os anos da maior actividade

dos "gaioleiros"e, deste modo, podemos entender o duro juízo


do vereador Raul Caldeira em 1923, constata
engenheiro que,

"a assistência técnica à cidade não tem sido de molde a


que

pois bastava dizer que de há dez anos para cá


lisongear-nos ,

se não fazia estudo algum geral, no que se referia a redes de

esgotos e iluminação". E, num gesto que cortava radicalmente


com a ideia nunca expressa mas sempre implícita de que das úl

timas vereações monárquicas só mal se herdara, afirma clara

mente: "Desde o desaparecimento do grande mestre da engenharia

portuguesa que fora Ressano Garcia, nunca mais se esboçara

qualquer trabalho vasto de interes


com amplitude e segurança

se citadino (...) de modo que a cidade foi caindo pouco a

na miséria em que hoje se encontra".


pouco
anuncia neste dis
Um tempo de viragem explicitamente se

é afã que caracterizará cidade dos


curso e, de facto, já o a

anos de 1930 que se pressente nas últimas vereações republi

canas, marcado pelo pragmatismo e pelo abandono da luta polí-


anos do imediato pós guerra, tornara totalmente
ticaque, nos

as sessões da Câmara Municipal. As Avenidas No


inoperantes
vas entram então no ciclo final da sua realização, ultrapas
iniciais de Ressano
sando jã em certa medida os projectos
Garcia. Em 1924, inicia-se o agitado processo de expropria
ção à firma Simões & Simões Lda. de "parte da sua quinta
denominada das Galveias ao Campo Pequeno necessária para rea

lizar a continuação da Avenida Defensores de Chaves até ao

Dr. Afonso Pena, da Rua Elias Garcia até ã Rua do Ar


Largo
co do Cego, da Rua Barbosa du Bocage até â Avenida Defenso-
53

Rua do Arco do
res de Chaves e para realizar o alargamento da
entre a Rua Elias Garcia e o Largo Afonso Pena, mais as
Cego
faixas marginais até âs três primeiras ruas com a profundida
de tudo conformidade com o projecto das zonas apro
de 50m, em

vado por decreto de 4 de Outubro de 1889 (...)" (76).

proposta, a Câmara aprovava também "o


Segundo a mesma

projecto da continuação da Rua Barbosa du Bocage (...) através

dos terrenos da firma Simões&Simões não expropriada pelo pro

jecto de zonas (...) e obtém "a área necessária para regulari-

dos alinhamentos do Largo Afonso Pena, conforme o citado


ção
decreto" .

A discussão da proposta far-se-à em Maio de 1925 (77)

sendo então defendidas duas posições: Raul Caldeira, que é um

dos mais activos vereadores deste período, desempenhando papel


essencial na tentativa de resolver o problema dos "gaioleiros"

considerará que se trata de dar andamento a um "assunto que

há 36 anos se vinha arrastando na Câmara", enquanto o engenhei


ro chefe da Repartição de Obras, Gomes Meleiro defenderá que

de zonas das Picoas, a Rua Barbosa du Bocage


"pelo projecto
não passa da Avenida Defensores de Chaves". É contudo a pri
meira posição que triunfa e as obras iniciam-se rapidamente.
se realizem "as precisas forma
No ano seguinte, pede-se que
dos terrenos do Estado que se tor
lidades para a expropriação
nam necessários ao prolongamento da Avenida Miguel Bombarda
e rectificação da Avenida D. de Chaves" e ainda a conclusão

da Avenida de Berna atè â estrada de Palhavã jã que "a Câma

ra está sendo prejudicada na venda dos terrenos que ali pos

de tal facto estar causando graves


sui independentemente
local se encontram ro
transtornos aos moradores daquele que

deados de ruas intranstaveis" .

Ainda em 1925 fora aprovada uma proposta da Comissão de


considerando que "não se compreende que sendo
Toponímia que,
Cinco de Outubro cortadas por 9
as Avenidas da República e

arruamentos transversais todos iguais quer em largura quer


se denominem ruas e outros avenidas como
em comprimento, uns

Avenidas M. Bombarda, Berna e Duque d "Ávila"


sucede com, as

e que "tendo estas artérias ao centro placas devidamente ar

aos lados", propõe "que se devam


borizadas com pavimentos
avenidas e não ruas". Apesar da oposição de
classificar como

afirmou "examinando a planta da cidade


um vereador que que
reconhecia-se a razão porque os
existente na 3ã Repartição,
54

arruamentos atravessam as Avenidas da República e Cinco


que

de Outubro, uns eram denominados ruas e outros avenidas -


es

tas tinham maior largura e eram mais extensas devendo algu


de melhoramentos da cidade prosseguirem
mas pelo projecto
ligando-se a outras ruas", a proposta foi aprovada.
Em final de 1926, quando se estuda "o alcatroamento en

tre a Praça dos Restauradores e a extremidade norte do Campo

Grande" está prestes a iniciar-se o processo, então ainda in

suspeito, de conversão das Avenidas Novas num conjunto pri

vilegiado de vias submissas ao rei automóvel. Precisamente

era então que, finalmente, a cidade começava a olhá-las como

um bairro onde era chie viver...


55

II -
A Edificação das Avenidas Novas -

-
as questões arquitectónicas

1 . Brevíssima reflexão sobre a arquitectura


em Lisboa em 1900

"(...) Felizmente que hoje jã não são possíveis


os apaixonados e mesquinhos preconceitos que
no 3ã quartel do século passado separaram os

arquitectos em clássicos, românticos, neo-gõ-


ticos, racionalistas, etc. Hoje o ecletismo é

universal". SooAA
òtS^^y t t
p
Adaes Bermudes, 1905^ >Wvuo SaXkS^^^X"-"

"(...) por enquanto os poucos suculentos recur

sos de que dispomos, limitam-se quase à pedra

de lancil e perpeanho, à tábua a três fios,


ao tijolo "burro" e à barrinha de meia polega

da (...)" .

Idem

Estes excertos da Comunicação apresentada pelo arquitec


to Adães Bermudes na Associação dos Arquitectos Portugueses,
da participação Madrid VI Congresso In
na sequência sua em no

ternacional dos Arquitectos de 1904 (78) balizam os dois parâ


metros de referência na arquitectura portuguesa do início do

século. Em primeiro lugar, a construção totalmente tradicio

nal, quer pelos materiais, quer pelos instrumentos de produ


ção. Adães Bermudes refere-se, na mesma comunicação, ao cimen

to armado, "de todos os processos modernos de construção (...)

é um dos que reúne mais condições construtivas adaptáveis ao

maior número de aplicações", mas acrescenta"até hoje porém


não se chegou a encontrar a forma artística correspondente

ao emprego deste processo de construção" . Curiosamente não

fala no ferro que, todavia, nos finais do século fora empre

gue, com grande rigor técnico e perturbante beleza pelo mes

tre dos arquitectos portugueses, José Luís Monteiro, primeiro


na notável Estação do Rossio e depois na Sala de Portugal da
Sociedade de Geografia. Esta não referência explica-se pela

opinião corrente, nos meios de arquitectura, de que o ferro

só funcionava como material fundamental num número restrito

de edificações mas também por, nestes anos, ele se ter de cer-


56

decorativos da arte no
to modo efeminado, subjugado aos jogos
va em relação à qual, que fora aliás o tema fundamental do

afirmando que "têm aparecido delicio


Congresso, o arquitecto,
artes in
sas e originais criações manifestadas sobretudo nas

dustriais", não deixa de manifestar algumas desconfianças pe-


da "hor
rante"uma tal abundância de flora directamente copiada
Por falta directa
ta" que faz lembrar o regime vegetariano".
de contacto com os modelos e por uma rigidez de formação, A-

dães Bermudes, como aliás todos os outros arquitectos e crí

em termos
ticos, não se apercebia das potencialidades novas
)

sobretudo de espacialidade interna, que a arte nova implicava,

reduzindo-a a um estilo, com tanto direito â existên


apenas
cia como outras modas anteriores, alimentando assim o "ecle

afirmava a característica epocal da


tismo universal" que ser

arquitectura .

Construção tradicional com uma fachada de estilo legendam


de facto suficientemente a actividade de Adães Bermudes, co

dos seus contemporâneos. Não to


mo a da maioria arquitectos
mais inovadoras nestes anos
davia a de todos. Houve práticas
de modo algum, conseguiram criar uma ambiência de mu
que se4
um dina
dança nem marcar a construção corrente, apontam para
mismo e vontade criadora particularmente notáveis num meio

lhes é absolutamente estranho. Tal como Adães Bermudes


que
caracteres inovado
não revelava qualquer sensibilidade pelos
da Arte Nova, a maioria da crítica
res mais significativos
obras maiores destes anos, come o Palácio das Cortes
perante
Banco Lisboa e Açores do mesmo autor ou
de Ventura Terra, o

de Raul Lino, deter-se-à apenas


algumas magníficas moradias
nos enleios das fachadas com um vocabulário esteriotipado que
modo para elogiar a produção de Norte Jú
utilizava do mesmo

de estudos de monumentos nas


nior ou de qualquer expositor
da S.N.B.A.
primeiras exposições
evidentemente sobretudo pe
Estes equívocos explicam-se
inconsciente de todos -
incluindo
la ignorância superficial e

legaram ma
Ramalho Ortigão e Fialho de Almeida que, se nos

gníficas peças literárias sobre o quotidiano monótono e me

díocre da cidade, são no entanto grandes responsáveis por es

se tom crítico fácil e arrazador que, muito ainda no espíri


de 70, estava sempre pronto a erguer
to da vencida geração
a cumes ingénuos o estrangeiro e a denegrir, pela redução a
57

um pretenso denominador comum de mediocridade, tudo o que de

menos mau na cidade se ia fazendo.

Todavia, havia razões mais sérias para que essas obras

de grande qualidade -
e às que citamos, podíamos juntar algu
mas outras -

passassem despercebidas ou fossem elogiadas se

gundo formulários que serviam para todas, mesmo ãs que fran

camente não passavam de caprichos de desenho. Tanto o Palácio

das Cortes como o Banco da Rua do Ouro de Ventura Terra par

ticipavam, pelo rigor e precisão da sua depurada gramática


decorativa, evidentemente ainda de uma arquitectura histori-
cista, filha directa da academia parisiense, mais ou menos

penetrada de discretos ecletismos. Quanto âs casas de Raul Li

no -
e pensamos sobretudo, neste período do início do século,

na que realizou para Alexandre Rey Colaço no Monte Estoril ou

para o Conde Armand na Quinta da Comenda -


também elas se in

tegram, pelas citações decorativas, num estilo eclético, em

que a referência à "estilização portuguesa" podia, embora com

grande imprecisão, ser evocada. Quer dizer, algumas das melho

res obras da arquitectura portuguesa de novecentos filiavam-

-se,sem rupturas visíveis, nas tradições arquitectónicas do

século XIX. 0 que têm de inovador está coberto por maneiras

estilísticas correntes. Daí uma certa desculpa dos críticos

que, não sabendo apreciar um edifício senão pela fachada e

pelas suas referências eruditas ou rústicas, não podiam evi

dentemente valorizá-las. E, no entanto, o magnífico espaço do

vestíbulo de entrada do Banco Totta e Açores aberto a toda

a altura do edifício, o notável trabalho de apropriação do

espaço do velho convento beneditino que o moderniza respei-


tando-lhe as referências de gosto fundamental ou, de outra

maneira, a sensibilidade e requinte da organização interna das

casas de Raul Lino que referimos, todas voltadas para a va

lorização da relação interior exterior e para as especificida


des dos respectivos habitadores, sem dúvida das mais modernas

e inovadoras de quantas se realizaram ainda durante muitos

anos em Lisboa, são obras que, de algum modo, devem ser inte

correntes europeias da época de modos diversos


gradas nas

preocupadas com uma redefinição da responsabilidade arquitec


tónica, entendida sobretudo como criação intencional de espe-

ços de vida.

Citamos intencionalmente Raul Lino e Ventura Terra, unin-

do-os através da grande qualidade de algumas das obras que rea-


58

E se o primeiro nunca se tornara um ar


lizaram nestes anos.

da cidade não esqueçamos, contudo, o seu projecto de


quitecto
um prédio a construir sobre os terraços do palácio Foz de 1903

moradia da Fontes Pereira de Melo que em tudo


ou a requintada
devem ombrear com. o gosto cosmopolita, filtrado por uma cria

tiva reapropriação da volumetria de palacete lisboeta, que

da Viscondessa de Valmor.
Ventura Terra patenteia na casa

A estas obras e a estes arquitectos há que juntar também


o nome de Álvaro Machado que, no colégio da Mme Roussel na

projecto do Bairro das Roseiras


Avenida da República ou no pa

ra o Alto Estoril, revela através de diversas maneiras esti

lísticas, um gosto pela modulação dos volumes discretamente

ritmados por valores decorativos submetidos a uma funcionali

dade claramente assumida em que, de algum modo ecoam preocupa

ções comuns ã arquitectura alemã da época.


Não era efectivamente por reflexões deste tipo que pas
sava a crítica arquitectónica de 1900. Aliás, como sugerimos,
as obras citámos foram ilhas isoladas que não tiveram
que

descendência. 0 melhor do tom da época é dado pelo Bigaglia

do palacete Lambertini, pelo Norte Júnior da casa Malhoa, pe

lo Adães Bermudes do prédio da Avenida Dona Amélia obras que,

ao contrário das anteriores, se integram num gosto entendí-


vel e que conhecerá múltiplas réplicas e apropriações em que

uma intervenção menos erudita -

que Norte Júnior perfilhava

na casa Malhoa -
conduzirá à realização de espécimes muito cu

riosos, em termos de imaginário da época: por exemplo o pala


cete Barros de Cesare Ianz no Estoril, o de Francisco Vilaça
•t
em Cascais, o do Visconde de Sacavém na Lapa.

Esta forte corrente de gosto de época, submetendo os va

lores arquitectónicos ao discurso matafórico das fachadas aca

bou aliás de algum modo por submergir os melhores arquitectos


sem nunca cederem a modas retóricas, tendem a abandonar
que,
a via inovadora de se exprimirem sobretudo pelo gosto inten
do dos pensados simultaneamente em
so agenciamento espaços,
termos de funcionalidade e de expressão simbólica.
A de então o encontraremos nas Avenidas Novas
partir que

é suficiente para entendermos a arquitectura portuguesa dos

primeiros 25 anos do século. Domina o "ecletismo" a que se

referia Adães Bermudes, mas praticado â lisboeta, sobre o

fundo do prédio de rendimento se deixará


vasto pano de que

também colorir essa maneira do tempo. Todavia, embora


por
59

das obras iniciais do século que referimos,


sem a qualidade,
algumas notáveis fachadas se construíram ainda. Outras, menos

são contudo generosos livros abertos a deixarem-se


notáveis,
imagens fieis dos sonhos recentes de burguesia que
uma
ler,
ingenuamente queria dotar-se de história.

Por detrás desses livros de imagens, alguns arquitectos


encontramos que não havia muitos Portugal, J^malho falava
em

de 15 para 1902 (79) enquanto o Anuário^cosÃrchitectos Portu-


de 1906 referia 30. Todavia, nas Avenidas Novas, não
gueses
a contar nestes anos mais que uma dezena. A lista
chegaremos
vasta e imparável é a dos construtores civis. Que se apropri
am do "ecletismo", por vezes com surpreendente capacidade
criativa. A construção, essa abandona alguns daqueles hones
tos instrumentos do século passado que Adães Bermudes enun

não substituíra ainda por nenhuns outros.


ciava e os

E se encontramos nas Avenidas, uma ou outra obra notá

vel da arquitectura lisboeta de 1900, quando finalmente, a

meio da década de vinte, os arquitectos de Lisboa conquistam


"a forma artística correspondente ao emprego deste processo

de construção (o betão)", é fora das Avenidas que a nova ar

quitectura se anuncia, articulada com recentes equipamentos


não cabiam no seu espaço, já quase totalmente edificado.
que

2 . Sobre a critica arquitectónica da Lisboa

das Avenidas Novas.

análise da ao longo de
Ao abordarmos a arquitectura que
"faixas de 50m pa
três décadas foi lentamente preenchendo as

ra lá do leito das Avenidas" e cuja legitimidade de expropria


tão veementemente contestada, convém recordar um pas
ção/foi
Hintze Ribeiro Câmara dos
importante da intervenção de
na
so

Pares durante a discussão da Lei de expropriações por zonas

em 1888, em que contesta firmemente o argumento da oposição


ao tentar defender que a expropriação das faixas marginando
novas edificações obede
as avenidas visaria garantir "que as

a determinadas condições de aformoseamento e de higiene".


çam
o "argumento nem sério
Dissera o chefe dos Regeneradores que

é" e provara que quem aí viesse a adquirir terrenos será guia


de especulação", acrescentando profeti
do "de um pensamento
da Avenida da Liberdade : "Con
camente, inspirado pelo exemplo
alçar fechar umas enormes cómodas fi
tinuaremos a ver(...) e

muitos
xas (...) com muitas gavetas, muitas repartições e es-
60

caninhos em que se acomoda muita gente e de que se recebem

muitos alugueis".
Curiosamente, 18 anos depois, Fialho de Almeida na sua

"Lisboa Monumental" voltará a utilizar esta expressão de

não sendo natural conhecesse o dis


"prédios-cómoda" e, que

curso de Hintze Ribeiro, serã de admitir que a expressão foi

corrente durante os largos anos do fim do século XIX português


para designar o abominado prédio de rendimento que preenche,
artérias da in
indiscriminadamente, as novas cidade^com grande
relação â estratificação social de facto
dependência
-

em sua

Bairro Ca
de Campo de Ourique à Avenida da Liberdade ou ao

mões, da Rua dos Açores à Estefãnea, na Avenida Ressano Garcia

como na Dona Amélia, ele é o sinal visível, ao longo de mais

de 60 anos, desde 1860 quando a cidade liberal começa a cres

cer até plenos anos 20 em que atinge o seu máximo refinamen

to, da mediania financeira e cultural da burguesia lisboeta.


Que seria com essas "cómodas fixas" que as novas
avenidas,
grandiosamente programadas, haviam necessariamente de ser pre

enchidas não tinha dúvida Hintze Ribeiro ao votar de vencido

de extensão. E, implicitamente, afirma que a opo


o projecto
sição, que promovia o empreendimento, não tinha também qual

quer dúvida sobre o caso. Defender o contrário "nem sério é" .

Para que tudo fosse diferente teria sido necessário esti

sistematicamente virá a ser pedido, sobretudo a


pular, como

partir de 1906, normas rígidas sobre a "estética das edifica


à semelhança do que fi
ções". Porque não foram desde logo,
zera Pombal no século XVIII ou, mais proximamente Haussmann

em Paris, tomadas medidas que garantissem a grandiosidade

pretendida para as novas artérias?

A a esta questão obriga-nos a considerar que,


resposta
claramente proclamaram em 1888, foram
como os Regeneradores
de facto as necessidades de refazer as críticas finanças muni

cipais que presidiram à aprovação do projecto, ou pelo menos

Câmara de dinheiro. Contava o-


â sua dinamização. A precisava
bt-lo rapidamente com a venda dos terrenos e os impostos so

bre as novas construções. As próprias dificuldades de reali

zação do projecto, o não aparecimento de empresas privadas


elevado do o
que o tomassem em mãos, o preço muito mais que

inicialmente previsto que atingiram a maioria das expropria


ções, mais premente tornaram essa necessidade Desse modo, .
co-»o

ainda exigências aos compradores dos lotes que alias,


impor
61

modestos investidores? Se as
na sua maioria, eram apenas
ainda havia
vereações monárquicas não o puderam fazer, menos

tentarem di
a esperar das republicanas que precisamente para
namizar as vendas, instauraram o regime de prestações...
Aliás, curiosamente, embora a Sociedade dos Architectos

Portugueses tenha sido fundada em 1902, só em 1906, quando


áreas da cidadefatingia jã um ritmo quan
a construção das novas

uma
titativo notável, é que surge a sua primeira proposta para
"comissão artística junto da Câmara Municipal" com poderes

para aprovar ou rejeitar os projectos sob o ponto de vista


interessante brochura do auto-
estético" (80). Ora, segundo a

intitulado Filius Populi (81) "o grande desenvolvimento ur

banístico de Lisboa nasceu em 1906 dum sonho acalentado por

três tomarenses, simples operários carpinteiros (que) (...)

idealizaram constituir-se em sociedade para construir uma

venda tal qual se vendiam móveis ou outros


propriedade para

objectos de primeira necessidade". Apesar de não se poder acei


esta pretensa certidão de idade do "de
tar com grande rigor
senvolvimento urbanístico de Lisboa" até porque a intensifi

construção vinha jã de alguns anos anteriores -


Cos
cação da

ta Campos afirma, com maior correção, em 1907 na Construção


Moderna (82) que "por motivos de ordem, económica (... ) o capi
tal a ser colocado na construção de casas e neste úl
passou
timos 20 anos construiram-se bairros inteiros em tão curto

de mágica"- é evidente
espaço de tempo que mais parece cenas

da
que a reacção, quer dos profissionais envolvidos, quer

crítica mais ou menos literária surge à posteriori, perante


da cidade
manchas significativas construídas nas zonas novas ,

provando desse modo que, como anteriormente jã afirmámos, o

extensão nos primeiros anos da


projecto de ultrapassa;ainda
de absorção da cidade que vive no
sua execução, a capacidade
início do século ainda ao ritmo oitocentista de um século XIX

mal conhece a aceleração do processo industrializante .

que

A Câmara não dispunha de "disposição alguma legal" (83)


em que pudesse fundamentar a exigência de um padrão estético,
1908 de providências da Socie
assim se reponde em ao pedido
dos a elite cultural da cidade não tinha
dade Arquitectos ,e
concre
força nem coerência para propor e defender projectos
Aliás, outras dificuldades devem
tos de fundamentação legal.
ser consideradas: além da lentidão com que as novas artérias

vão em termos de arquitectura, dificultaria


surgindo o que,
i
62

áiadopção de padrões estéticos precisos numa época dominada

por sucessivas variantes de gosto, há sobretudo a considerar

que, enquanto Pombal ou Haussmann refaziam centros de cidade

com necessários e indiscutíveis critérios de utencia urbana

estrita, a extensão de Lisboa abria-se sobre áreas do termo

com função fundamentalmente residencial, em que -, quer a diver

sidade dos lotes quer a possibilidade de opção por moradia

ou prédio tinha^todo o cabimento. A cidade alargava-se mas

a sua dimensão urbana continuava, e continuará largos anos

ainda, bem contida na densa e bem ritmada malha anterior e,

nos bairros recentes de ruas excessivamente largas e longas,


só as silhuetas rápidas dos elécticos imprimiam de leve o eco

de Lisboa.

É certo antes da tentativa da Sociedade dos Arqui


que,

tectos em 1906, jã A Construção Moderna , desde os seus primei


ros números, abordava a questão da "estética das ruas":

"Impunha-se da máxima conveniência e absoluta neces

sidade que âs posturas municipais existentes (...)

se juntasse qualquer coisa que obstasse ã falta d ar

"
te de que a maioria dos edifícios é tão fértil (...)

"É inadmissível ( . . .
) que a municipalidade ( . . . ) só in

tervenha (...) na parte que diz respeito propriamente


â higiena da habi tacão ( . . .
) a parte estética das facha

não pode dela depende indis


das ser desprezada porque

cutivelmente a boa harmonia e sumptuosidade das ruas

e praças (...).

"Desejamos boas proporções (...) ponto essencial de uma

boa composição; compreensão exacta do que é esta par

te do edifício; emprego simples e sincero das formas

de arquitectura ; sua colocação artística; composições


modestas mas atraentes enfim tudo o que denote bom

gosto e engenho que aformoseando a cidade ateste a nos

"
sa capacidade artística (...)
Este importante texto, assinado por Portal e publicado
em Dezembro de 1900, dá o tom do que será a crítica arquitec
tónica imprecisa empírica ao soli
nos vinte anos seguintes: e

citar "qualquer coisa que obstasse à falta d'arte", apegando-


-se a conceitos tão genéricos e indiscutíveis como "bom gos

só austera ao apelar para o "em


to" £. "engenho", aparentemente

prego simples e sincero dos materiais" e para a "construção


modesta atraente" como largamente veremos, é ã
mas porque,
63

"colocação artística" das formas que renderá os maiores incõ-

mios , entendendo por isso um prazer duvidoso pelo decorativis-

mo mais ou menos sobrecarregado das fachadas.

Nos anos seguintes, a questão da estética das ruas conti

nuará nas páginas da revista a merecer apelos que à partida


se sabem sem reposta: em 1902, a propósito do elogio ao "home"

inglês, dir-se-à: "Quem percorrer essas ruas que vão curtando

em rectas intermináveis as frescas hortas arrabaldinas ( . . . )

sente-se dominado por um frio desconsolo, pela falta dessa


espécie de sorriso acolhedor, quase humano que deve ter uma

fachada". Mais concretamente, em 1903, aventava-se que"talvez


a Sociedade dos Arquitectos ou outra qualquer associação téc
nica pudesse elaborar um programa suficientemente minucioso

das bases de um estudo das edificações da Praça Marquês de

Pombal e dVilgumas das ruas dos novos bairros ricos", questão


1906 quando real di
naturalmente sem resposta repetida em um

namismo arquitectura de Lisboa: "Que se criasse uma


percorria a

corporação especial em grande parte técnica que velasse pela


distribuição de ruas e praças no interior da cidade (...) ten

do sempre em atenção o aproveitamento paisagista dos seus a-

cidentes e a estética das suas edificações". (84)

Em 1907, constatando que "a Avenida Fontes Pereira de Me

lo orlada em grande parte pelos barracões do Matadouro produz


"
uma desagradável sensação" e que a rotunda da Avenida da Li

berdade defrontando com vastas terras lavradas e com umas co

cheiras e gradeados de jardins a par de casas de moderno es -

tilo não provoca sentimento algum", pergunta-se se "na Expo

sição Anual das Belas Artes não haveria vantagem em orientar

esforços dos sentido de apresentarem vistas


os arquitectos no

perspectivas das novas ruas em que ainda não existem constru

ções?", propondo-se mesmo "prémios de municipalidade".


O conjunto destas citações poderia fazer crer que uma o-

pinião crítica, ainda que sem força junto â Câmara e ao gover

no, fora surgindo à medida que a nova cidade se ia lentamen

te edificando. Não nos iludamos contudo. Na mesma revista,

correspondendo aliás a uma opinião generalizada ,defendia-se


em 1908 (85) a urgência de um"rasgão através do Bairro Alto"

e, no mesmo ano, fala-se com entusiasmo da transformação do

Castelo de em luxuoso hotel, segundo uma proposta do


S.Jorge
Conde do Paço do Lumiar e do arquitecto Rosendo Carvalheira,
servido "ascensores entre o planalto de S. Jorge e a ci-
por
64

aade baixa".

Precisamente o mesmo articulista Melo Matos, debruçando-

se em 1908 sobre os "Melhoramentos de Lisboa", propõe que se

estabelecessem "prémios para que os proprietários do Largo

do Carmo dessem âs casas um aspecto medieval, em correspondên


cia com as ruínas do convento, que os do Loreto dispusessem
as fachadas em estilização que se harmonizasse com os Lusíadas

e onde lado a lado se visse o gótico medieval eb clássico da

Renascença sem que o conjunto deixasse de ser artístico, se

não consentissem nas proximidades dos Jerónimos senão edifi

cações em estilo manuelino (...) ".

Para as classes populares jã o mesmo activo engenheiro


a solução em 1903, quando foram publicados os resul
propusera
tados alarmantes do inquérito realizado aos "Pátios de Lisboa"

: bastaria embaratecer os transportes "de maneira que alugar


casa no campo ficasse mais barato que viver nas espeluncas des
critas". E, à semelhança do "rasgão" urgente no Bairro Alto,

em 1909, criticando o projecto de abertura da Avenida Álvares

Cabral então em discussão na Câmara Municipal, de que o ar

quitecto Ventura Terra foi um dos mais entusiastas defensores,

"engenho" se aplique no citado Bairro, na Mou


propunha que o

raria e Alfama.

é de A Construção Moderna mais cedo


Se nas paginas que

encontramos uma tentativa de reflexão sobre a nova extensão

da cidade e as suas edificações, realizadas com empirismo e

gosto duvidoso, noutras revis


por vezes grande ignorância e

tas da época encontramos idênticas propostas e considerações.


Nas páginas do Ocidente (86) onde em 1902 excepcionalmen
te se apoia o empréstimo contraído pela Câmara Municipal para

Avenida Ressano Garcia e adjacentes "a aber


realização da
-

tura da nova Avenida Ressano Garcia e a construção do bairro

de aue ela hã-de ser principal artéria serão dos mais notáveis

melhoramentos da cidade" -

jã em 1901 se dizia das novas arté

do chie, desfaçatez com cada qual


rias que "a pretensão a que

frontaria da casa impertinente fa


embeleza a seu mau gosto a

rão daqui a os olhos não tenham um cantinho de ci


pouco que

dade simpática em que possam descansar" e, por isso, chaga-


-se a ter saudade do modesto pombalino" .

Em 1909, a propósito da inauguração da estátua do Duque

de. Caetano Alberto considerando que a Praça "é uma


Saldanha,
65

das mais da nossa cidade", afirma contudo que "a gran


amplas
deza nâo é suficiente para lhe dar beleza porquanto a irregu

laridade e vezes o fantástico das construções que a cir


por

cundam mau cenário fazem a qualquer monumento com que se de

corassem" e a concluir: "A liberdade ampla de cada qual cons

truir a sua barraquinha como a tola fantasia lhe sugere alia

acomodatícia dos mestres de obras produz por to


da à prática
da a cidade, ainda que seja nas avenidas e praças monumentais,

esses abortos arquitectónicos que a cada passo encontramos".


é ainda Abel Botelho citado
Mais radical no
artigo^ já>
da curva". de duramente criticar "a tola ob
"Apologia Depois
sessão edílica" "tão arbitrária como pueril" assentando "uma

coleamentos de
esquadria implacável sobre estes voluptuosos
colinas", considera que "essas infindáveis linhas, hirtas e

uniformes, são invariavelmente orladas de bisarmais e monótonos

hirtos tú
caixotes, inexpressivos, banais, maciços e como

mulos. Por forma que a Lisboa nova saiu esta coisa árida e

geométrica que vemos, desabrida, inclemente, sem suavidade,

sem frescura, sem imprevisto, sem claros de/repouso -


uma gran

de sensaboria de pedra".
Mais rara mas igualmente destrutiva è a crítica â própria cons

trução. Num importante texto que já citámos também, João Pru-

dêncio, nas páginas do Ocidente, em 1908, depois de, ao con

trário de Abel Botelho, rasgadamente elogiar a"série das gran

des avenidas da Praça dos Restauradores ao Campo GRande", a-

firma: "A maior das construções lisboetas deixam muito


parte
vista da elegância, da hi
a desejar quer sob o ponto de quer

giene, do conforto e da solidez. A obra de fancaria predomina.


Asfcortas soalhos
e as janelas não ajustam perfeitamente; os

estão cheios de gretas; os estuques ameaçam desabar. Mas que

admira se não há escolha nos materiais nem perfeição no tra

balho, atendendo-se unicamente à ilusão e à barateza!"

Como veremos, na análise concreta dos diversos períodos


estava ainda vir
de construção das Avenidas Novas, o pior por

porque a"ilusão" e a "barateza" cada vez mais se tornarão,


1910 1920 qualidades exclusivas do
ao longo das décadas de e

de rendimento mesmo de muitas moradias lisboetas. E


prédio e

não é de estranhar que assim seja. Se o próprio proprietário,


quando encomenda a sua casa, exige economia, a utilização de

de maior qualidade e nao he


materiais vulgares simulando os

muitas em transformar uma moradia em dois fogos


sita vezes
66

autónomos, como pedir qualidade aos construtores?

A solução do problema não poderia por isso advir de qual


quer comissão de estética. E até porque esta chegou efectiva
mente a ser criada. De facto ,
fracassada a proposta da Socie

dade dos Arquitectos em 1906, três anos depois, durante a vi

gência da primeira vereação republicana, Ventura Terra apre

sentaria um novo projecto (87):

"Sendo indispensável melhorar quanto possível os ser

viços relativos â estética da cidade de Lisboa e ao

seu conforto sob o ponto dejvista artístico, princi


palmente no que diz respeito à construção e conclusão

das avenidas, praças, ruas, jardins , etc. e ao aprovei


tamento das suas magníficas perspectivas (...) propo

nho que esta Câmara Municipal nomeie uma comissão de

nominada "comissão de Estética Municipal" que proporá


todos os melhoramentos que neste sentido julgar conve

nientes c será consultada todas as vezes que a Câma

ra o julgar necessário a bem do embelezamento e con

forto artístico da capital".

Esta Comissão viria a funcionar, solenemente dirigida pe

lo próprio Presidente da Câmara mas os seus pareceres nunca

tiveram naturalmente qualquer carácter vinculativo e quando,


no ano seguinte, Terra apresenta uma nova proposta que visava
dotá-la de uma capacidade mais circunscrita mas mais concreta:

"Proponho que de futuro todos os terrenos municipais


que tenham de vender-se ou aqueles em que o Município
ter qulquer intervenção ou direito e sobretuao
possa

quando se trate das principais ruas, avenidas, praças,

etc., imponha no contrato de venda ou cedência ou na

respectiva licença, a obrigação dos interessados se

sujeitarem a determinadas condições de estética (...)

(que) a não ser em. casos verdadeiramente excepcionais


não construções mais dispendiosas do
obrigarão a que

as que correntemente se fazem em Lisboa, tendo por

tanto mais em vista a disposição artística e boas pro

porções das fachadas do que a riqueza dos materiais

que deverão contudo ser de boa qualidade."


Apesar do cuidado e equilíbrio da sua formulação, a pro

nem vira a ser discutida. Mais ainda do cue as


posta sequer

vereações monárquicas, as republicanas serão pulverizadas por


lutas de influência e, até cerca de 1920, a liberdade e a im-
67

punidade dos construtores serão maiores que nunca. E apesar

do empirismo e ingenuidade com que se entende a cidade, soube-

-se na própria época encontrar as razões desta desoladora si

tuação: "0 que nos falta é cultura artística e não só as clas

ses populares enfermam desta doença mas também as superiores


que em geral se considerai ilustradas" (88) . Mais agudamente,
dissera-se já em, 1 89 1 : "Primeiro que tudo faltam-ncs as tradi

ções, falta-nos o gosto, falta-nos a popularidade das obras de

arte (...) mas o escolho mais terrível do problema, o elemen

to mais hostil deste meio estéril e infecundo para a germina


ção da arte -
é a nossa pobreza (...) A obra de arte é regatea
da, como as compras no mercado (...) 0 artista é pobre e o con

sumidor pobre é"(89).


Poder-se-ia argumentar que esta situação não era nova

nem no país nem na cidade. E esta fora-se fazendo e,como dirá

Norberto Araújo em 1936, "Lisboa tem um sentimento" (90). Po

derá esse "sentimento" ser ainda pressentido nos novos bair-

ros ou como duramente se afirmar nenhuma alma existia ia nes-

sa"grande sensaboria de pedra"? Sabendo-se quanto os juízos


dos nossos meios de cultura no final do século são geralmen-

percorridos por dicotomias radicalizantes. que ou promovem um

nacionalismo bafioso e excessivo ou se afundam na destruição


da própria possibilidade de existência da nação, convém antes

de mais entender o próprio crescimento desses bairros.

Vimos jã como o leito das ruas foi afinal rapidamente


escavado... Vejamos agora como vão sendc povoadas as "faxas

laterais" auda ciosaíTiente apropriadas para subvencionar, com

a venda do seu tecido loteado, a continuação do empreendimen


to.

3. As Avenidas Novas : 1 901 -1 91 0

3.1. A Avenida Ressano Garcia

Apesar da "Planta da Cidade de 191 1",v cujo levantamento jLVJSiMçyví


se refere sobretudo ao ano de 1908, nos apresentar as Aveni- (f
verdade é que a Avenida da
das Novas praticamente desertas, a

mais de 50%. Dos cerca de


Republica está em 1910 edificada em

60 edifícios até então construídos, com a excepção de uma ca

valariça com o nQ66, no quarteirão acima do Campjo Pequeno,


68

e de um colégio no n9l3 que aliás funcionava também como ha

bitação, os restantes eram prédios e moradias: dos primeiros


identificamos 36, alguns porém com uma volumetria muito próxi
ma das moradias que somavam pelo menos 19 números (92) .

A edificação foi surgindo quase ao mesmo tempo em todos

os quarteirões, se não considerarmos a faixa acima da Avenida

Barbosa du Bocage até ao Campo Pequeno que só no final dos

anos 1920 foi desanexada da Quinta das Galveias e a que fica

compreendida entre a actual Visconde de Seabra e a José Car

los dos Santos, edificada no final da década de 1910. Também


o último quarteirão da Avenida, do lado esquerdo, entre a

António Serpa e o viaduto, é tardio com excepção do n°95. No-

te-se contudo que, acima da José Carlos dos Santos, na faixa

que logo em 1902 fora expropriada â Companhia Geral de Gados,


existe um núcleo de uma moradia e três prédios, os n2s98 a 104,
edificados entre 1903 e 1905. Todavia, no conjunto, hã uma

certa progressão e, dentro do primeiro período que estamos

a analisar, as frentes de quarteirão até à Visconde de Val

mor estão quase totalmente edificadas enquanto para norte as

manchas construídas ficam isoladas.

Mais arbitrária é a distribuição relativa de prédios e

moradias embora se possa verificar uma tendência, nem sempre

cumprida, para ocupar os gavetos com as segundas que ficam


então ladeadas de vastos espaços de jardim com acesso directo

pelas avenidas laterais. O caso mais extremo surge na faixa

direita entre a Hintze Ribeiro e a Visconde Valmor organiza


da apenas em quatro lotes, todos ocupados por moradias, dos
quais se constroem os dois mais vastos neste período. Estas

situações correspondem evidentemente a algumas das mais qua


lificadas intervenções arquitectónicas e são sinal imediato

de poder económico. As outras moradias, com áreas menos di

mensionadas, situam-se com muito poucas excepções, nos lotes

imediatamente anteriores ou seguintes a estas figuras tóni


cas, criando assim, ao longo da /Avenida, núcleos de intensi

ficação simbólica do significado social que lhe era atribuí

do e nelas se fixava o olhar do transeunte e irradiava â vol

ta a carga de sumptuosidade recebida, iluminando, com uma

luz reflectida, tudo o que à volta era contudo o claro outro

lado da imagem. . .

De facto às moradias feitas nesta fase quase sempre por

encomenda directa -
o que nem sempre significará todavia que
69

mcmk para habitação dos proprietários: veja-se, por exemplo,


o caso do nç?38 que a Viscondessa de Valmor sempre destinou
t«.e-'ci.'os
a aluguer -

contrapoem-se a maioria dosl construídos por ini

ciativa de construtores civis em lotes por eles adquiridos e

destinados â venda imediata.

Curiosamente, quando mais tarde, a partir de finais dos

anos 20, se começa a reflectir sobre a funesta obra dos gaio-


leiros, considerar-se-à que até à 1â Guerra Mundial, os pré
dios "eram feitos por encomenda directa" e que a "indústria

de construção de prédios para venda" só então surge e com ela

a degradação profunda da qualidade da construção (93) .A verda

de é que a existência de tal "indústria" é bem anterior e não

é necessariamente sinónimo de"má construção". É aliás mesmo

anterior à iniciativa proclamada como acto inicial da nova

prática no já citado opyiúsculo de Filius Populi: antes de os

"três simples operários carpinteiros tomarenses" se terem cons

tituído em sociedade para "construir uma propriedade para ven

da tal como se vendiam móveis ou outros objectos de primeira


necessidade"
}
em 1906, já havia quem fizesse o mesmo como pro

va a intensa actividade do construtor Manuel Avelino da Ro

cha precisamente nas Avenidas Novas. Só na Av. Ressano Garcia

constrói ele, sendo sempre responsável pelas obras o constru

tor António Gaspar, 7 prédios, entre 1901 e 1905: os nQs4 e 6

(1901), 9, 11 e 27 (1904), 29 e 31 (1904-05), estes ligados


depois de terem sido projectados como separados. Como veremos,
encontrá-lo-emos na mesma época, igualmente activo em algu
mas das avenidas laterias.

Outros construtores civis encontramos com a mesma práti


ca na Av. Ressano Garcia até 1910: António Luís Guerra proprie
tário do n220 (1903-05) de que foi construtor responsável
também António Gaspar, Manuel d'01iveira, proprietário e cons

trutor do ne12 (1904), José Joaquim Luís Guerra, proprietário


com António Rodrigues da Silva do nQ67 (1907) e construtor

também do nQ61 (1908) para Manuel da Costa Vasques, José Maria

Francisco Miranda, proprietário do nX4 (1903) e do nQ43.

No conjunto da Avenida, no período considerado, a activi

dade destes construtores civis não nos parece ainda predomi


nante mas é extremamente significativa porque prova muito cla

ramente que, ao contrário do que futuramente se hã-de dizer,

desde o início esta nova área da cidade abre-se com grande


70

facilidade ao investimento de pequenos capitais. Porque se

Como - . .

etm* qualquer analise


tratava de facto de pequenos capitais
de custos de produção provaria. Num artigo de A Construção Mo-

motivos
derna já citado (94), Costa Campos recordav5Vque por

a ser colocado na
de ordem económica (... ) o capital passou
construção de casas(...)"o que M.Villaverde Cabral (95) confir

ma:"© sector pela baixa tecnologia estava ao alcance de qual


de um capital circulante mí
quer empreiteiro que dispusesse
nimo". Que assim era prova-o também os próprios prédios que

do prédio de
se edificavam segundo um modelo simplificado
rendimento herdado, quer nos processos tecnológicos quer na

organização volumétrica, do prédio pombalino que José-Augus-


modelos setecentistas anteriores. O que
to*França filiou em

são suas menores dimensões, uma mi-


sobretudo o diferencia as

niaturização global cue sendo aparentemente contraditória com

e extensão das novas avenidas, traduz assim


a imensa largura
valores instáveis de uma classe recente ainda sem
melhor os

Avenida tornar-se-à em si
padrões de ref
erênciajpróprios: a

as suas árvores, a sua clarida


mesma, com os seus passeios e

de civilizada, o ritmo recente dos elécticos e as primeiras


emblema fundamental de quem aí
vertigens automobilísticas, o

a dentro afeiçoam os pe
mora, burgueses modernos que portas
"cómodas de muitas gavetas" onde o a-
quenos espços, as tais
dos bibelots substitui cám vantagem
conchego das almofadas e

imensas salas hirtas pareciam povoar mal


a solenidade das que

de rendimento das gerações anteriores.


os prédios
Nas tipologias deste início do século predominam nas

são quase todos os prédios de


realizações mais modestas, como

civis citámos, as fachadas que se haviam


construtores que
cidade: geralmente com três andares,
vulgarizadofaor toda a

a cave e o sótão, este sobretudo rapidamen_


a que se juntavam
te transformado em mais um andar, eram apenas dinamizadas

alternados ca distribuição dos vãos e das varan


pelos ritmos
ou a cobriam totalmente
das de ferro forjado. Os azulejos que (

estreitas faixas, sublinhando a separação


ou se dispunham em

elemento decorativo
espaço dos vãos, eram o
dos andares e o

pobre arquitectura lisboeta que,


no en
mais específico desta

modulações da luz
tanto valorizava com acerto empírico as

variantes introduzidas permitiam esta


e em que as pequenas
de qualidade: recorria-se então ãs
belecer uma hierarquia
maior ou menor requinte, os dife-
cantarias, emoldurando com
/l

rentes vãos que podiam também ser valorizados por um jogo


mais apurado na sua distribuição. Neste caso as janelas gemi
nadas indicam uma maior preocupação qualitativa. Os
sempre

fechos centralizando as vergas das janelas, as mísulas de a-

poio às varandas, o ritmo das cimalhas quase sempre coroadas

com varandins cerâmicos, as pilastras adossadas debruando ver

ticalmente os bordos, as molduras de marcação dos andares,

das grelhagens das varandas ou do desenho da


a originalidade
porta eram outros tantos elementos distintivos.

sobre IiusT. 1
Deste modo, entre o despojado gaveto a
DuquepÁvila ,

com o nell de 1904 em que praticamente não ex^istem quaisquer


Barbo-
desses emblemas valorativos e o nQ67, tornejando para a
zy+yXJS
du 1907 de ângulo um fron
sa Bocage de que apresenta no corpo

tão recortado e cerrar a fachada com um ritmo mais


procura

elaborado de distribuição de vãos, com molduras de aresta vi

va separando os anda^res, as diferenças são evidentemente mí


nimas mas entende- se, de um para o outro, uma maior preocupa

ção em dignificar a mancha do edifício em termos de inserção


no espaço urbano da rua.

Nos lotes intermédios dos quarteirões, este modelo de

prédio tradicional, enriquecido quase só pelas cantarias dos

vãos, tende praticamente a repetir-se procurando por vezes

criar conjuntos: é o que acontece com os n°s12 e 14 de 1904 í t-djT. -


• -

e 1903 e comi os nos 4 e 6 de 1901, estes nobilitados com a u- Jt-^T. ÀA

tilização de vãos geminados, inseridos em elaboradas molduras.

No extremo da Avenida, os nQs 100 a 104, de 1903 a 1905, ue- ^A


la repetição do mesmo módulo, criam uma ampla fachada toda
aberta â intensidade da luz, levemente modulada pelas sombras
das varandas e pelo ritmo equilibrado dos vãos.

A estas frentes, correspondia um corpo paralelipipédico,


o saguão permitia e, sobre os
organizado em profundidade que

faltam nestes lotes alongados, erguia-


logradouros que nunca

-se o ritmo fácil das marquises e escadas de ferro garantin


do âs traseiras a animação desarrumada e doméstica de qual

quer bairro lisboeta, numa organização volumétrica elementar,


invólucro adequado ao espaço interno da habitação, centrali

zado no saguão e irradiando daí, através do largo e escuro

corredor, ã frente em direcção às duas salas e eventualmente

trás, à cozinha e casa de jantar entre as


um quarto e, para

quais se situa por vezes mais um quarto. No espaço intermédio,

os restantes quartos e a casa de banho. Nenhuma inovação nes-


sem modulações nem surpresas, ao longo das
ta espacialidade
referimos, mesmo nas mais elaboradas,
diversas variantes que
dos estuques, soalhos,
a não ser a melhor ou pior qualidade
ou elementos decorativos secundários.
madeiramentos
de rendimento edificados e vendidos por
Além dos prédios
início de carrei
construtores civis, alguns deles err/promissor
as ca
encontramos outro conjunto mais heterogéneo, com
ra,
de rendimento",
racterísticas fundamentais da tipologia "prédio
quase sempre
mais elevada e com implícita
mas de qualidade
vontade de diferenciação. De
um modo geral, são encomendados
menos a construtores
directamente, se não a arquitectos pelo
deparem situações
em.
civis de reconhecido mérito, embora se

se distinguem dos produzi


que os produtos finais nem sempre
conta própria, traduzin
dos pelos promotores trabalhando por
e outros
programa económico que
uns
desse modo, o rigor do
do,
se impunham.
imediatamente significativo deste 2q grupo seria o pré-

dio nfil, tornejando para a Praça do Saldanha, projectado em

Carreira e
José Luís Monteiro para José António
que
1902 por
Construção Moderna desse ano(96).
foi publicado num número de A

a pe
Embora o prédio não tenha chegado a ser
construíd0jvale
na determo-nos nele: tratava-se de um vasto gaveto, organiza
valorizando uma fachada
do em três corpos e três andares,
alternância das varandas e
tradicional, ritmada apenas pela
de gosto
dos vãos, com discretíssimos elementos decorativos
as finas molduras debruando
as vergas superio
academizante:
uma articu
das as mísulas das varandas sugerindo
res portas,
coroadas
lação dos andares, as estreitas pilastras adossadas,
o corpo central e os topos do edifí
de pináculos enquadrando
sóbrio, satis
cio", o pequeno frontão
central. O conjunto era

certamente foi
fatório dentro de um programa económico que

mas também excessivamente humilde para uma grande


imposto
nova da cidade.
praça
1907-08, H
Do outro lado, o ne21-27, construído apenas em
i_Utr.
Jo
obedece evidente proximidade ,ao desenho proposto por
)Com de
sé Luís 'Monteiro que surge por isso como valor exemplar:
dos vãos de sacada, arti
novo encontramos o ritmo despojado
de ferro forjado e meramen
estreitas varandas
culados pelas
do desenho das molduras superiores
te sublinhados pelo rigor
enriqueci
das janelas *« , no 1Q andar,-*» particularmente
todavia, se anula na
num lavor de artesania segura que,
das,
73

volumetria global predominantemente pobre, desadequada em re

lação ao imenso espaço em que se


perde, com o qual mantém uma

relação ambígua, tecida de ausência. Como se existisse uma

secreta vingança da cidade tradicional e oitocentista, ames-

quinhando a grande rotunda e dando o tom de passado sobrevi


vente á artéria nobre que se anunciava: entra-se na nova Pra

ça, como na nova Avenida, sem nenhum programa de monumentali

dade, sem rasgo de pessoalização , ao sabor da encomenda que

toda poderosa se institui norma e deixa no rasto os sinais

visíveis da sua mediania económica e menoridade cultural.

Apesar de não realizado, o prédio projectado por José

Luís Monteiro, fielmente encarnado no edifício fronteiro, de

senhado também por ele ou por um dos fieis e dedicados dese

nhadores de que ele foi mestre, permite-nos caracterizar logo


à partida o 2e grupo de prédios de rendimento da Avenida Res

sano Garcia: nenhum outro possuirá muito maior dignidade do

que o do velho arquitecto que, submissamente, lhes indicava

o caminho, nenhum também conseguirá ter a originalidade pes-


soalizada que a este faltava.

0 ng10, tornejando para a Avenida Duqua d'Ávila, projec- ;fmsT. g

tado por Artur Júlio Machado para Moreira Rato em 1905 é, em

termos de fachada, fiais elaborado: o r/c forrado de cantaria

e dinamizado pelas lojas, o ritmo mais cerrado da distribui

ção dos vãos, a marcação dos corpos por estreitas pilastras


adossadas apresentando pequenos capiteis jónicos que pontuam
o 3eandar, traduzem um sóbrio gosto académico que se expressa

ainda nas marcações morfológicas das janelas, molduras, pai


néis e cimalha ornada de varandim e pináculos enquadrando a

janela central das águas furtadas com tímpano e fecho central.

Trata-se indiscutivelmente de um exemplo da qualidade que os

projectos de desenhadores camarários, como era Artur Júlio Ma

chado, podiam atingir, sendo possível ver nele ainda o rasto

da actividade de José Luís Monteiro que, na Escola de Belas

Artes como na Câmara, era o mestre incontestado dessa discre

valores de utência.
ta arquitectura assumindo com dignidade os

Ainda projecto do mesmo desenhador são os nQs24 e 26, j.loí>TXH

construídos em 1907 para A. A. César dos Santos que edificara

jã em 1905 uma moradia no lote imediato: trata-se de prédios


sem o desenho cuidado do anterior, su jeitandc-se decerto a

um programa mais económico mas que tem em comum com ele,e

também com o de José Luís Monteiro, os mesmos valores de uma


74

dignifica pela discrição e rigor de um sa


arquitectura que se

ber técnico apenas enobrecido por reduzidos e padronizados


elementos decorativos. Como querendo dar razão â afirmação in

génua de José de Figueiredo defendendo que "a arquitectura po


de dizer-se está hoje inteiramente feita" e por isso "reduzi

da quase sempre a uma arte de catálogo" (97) .

Menos elaborado em termos de fachada, mas com qualidade


de construção igualmente elevada, era o imenso prédio de ga-
r ,
310617 AS ,
'
veto sobre a Jose Luciano, com o ne46, construído no ano se-

'
guinte para Joaquim Santos Lima e de que foi construtor res- — —

simplicidade assumida mais tradi


ponsãvel Joaquim Tojal. A e

cional na arquitectura lisboeta de uma distribuição pouco


densa dos vãos, deixando valorizar as superfícias lisas em

que as faixas de azulejos, já influenciadas pela modulação


arte nova, e o varandim sobre a cimalha acentuam a planimetria,
enriquece-se pelas entradas monumentalizadas inseridas em

molduras de grande arco, pelos conjuntos discretos dos peque


coroando último andar janela central das
nos tímpanos o e a

ornamentados de esti
águas furtadas e pelas mísulas e fechos

lizados motivos florais. Muito curioso e significativo é a

existência dos jardins de inverno, totalmente em ferro e vi

dro, sobre a entrada principal que, mal se diferenciando das

termos de
marquises construídas nas traseiras, introduzem, em

inesperada tónica de empobrecimento da no


gosto de época, uma

breza da fachada onde a utilização do ferro deveria ser mais

comedida, mas constituem também sintoma evidente de que esse

gosto não triunfara ainda completamente nestes anos, o que

é confirmado pelas belíssimas grelhagens das entradas princi

pais que utilizam o mesmo material com objectivos claramente


nobilitantes, aliás plenamente conseguidos.

Deste modo, se o ne11 que anteriormente analisámos reve

la uma prática arquitectónica de desenho de escola, em que

os valores académicos são correctamente utilizados, este nQ4 6

é os valores mais positivos da construção civil lisboeta cor

rente que assume com grande qualidade mas menor coerência

formal, fazendo-nos penetrar nesse mundo dinâmico da apropria


ção não erudita e criativa dos modelos gerando réplicas autó
noma s .

Outro prédio de gaveto, o nQ25, construído também nestes rcusT- AC,


muito diversas. Trata-se deliberada- «A,]«B,
anos, revela preocupações
ACC, AfO
75

mente de um prédio de luxo evidenciado pela abundância das

cantarias forrando totalmen^te o r/c e ainda os primeiros an

dares do corpo central e dos laterais, pela discrição cuidada

das molduras dos vãos apresentando fechos delicadamente escul

pela significativa utilização da cantaria também nas


pidos e

varandas substituindo o ferro que, como sugerimos, vinha sen

do considerado material pobre e por isso indigno da fachada


onde introduzia sempre um sabor popular que aqui é evidente

mente recusado.

Todavia não é apenas pela utilização dos materiais que

o prédio procura diferenciar-se. Os valores decorativos a

recorre são também muito diversos, afastando-se tanto do


que

modelo académico como da maneira corrente entre os construto

res civis. As pilastras adossadas coroadas por máscaras femi

ninas, enquadradas entre pequenas volutas e corolas, os deli

cados motivos florais que decoram as janelas do corpo de ân

nos laterais, o desenho recortado dos


gulo e que se repetem
frontões amparados por fechos de remate circular, as breves

in
molduras que dinamizam superiormente os corpos em que se

serem as janelas nobres do 1Q andar, são elementos ornamentais

ecléticos, curiosamente hesitantes entre o enquadramento aca

démico e a tentação arte nova, deixando sugerir ou uma inten

ção que foi apenas vagamente realizada por incapacidade de or-

aanizar coerentemente tão diversas sugestões ou, mais natural

mente, um gosto capaz de aceitar citações alheias mas ainda

disciplinadamente submetido ã lição da academia. 0 conjunto


todavia invulgar qualidade decorativa oue, se não
possui uma

consegue dinamizar e envolver toda a pesada massa do edifí

cio, cria pontualmente uma espantosa integração eclética da

linguagem aberta dos motivos escultóricos em volumetrias com-

pactas íjrçw? suger&m/o despojamento de alguma arquitectura a-

1913, mostrou tam


lemã contemporânea que Miguel Nogueira, em

bém entender quando projectou o nQ23 da mesma Avenida que

aliás o confronta do outro lado do gaveto. .-Propomos eviden


temente uma possível atribuição que contudo deverá ser con

firmada.

Também o prédio nQ95, construído em 1909 participa, com $iyy- X\

maior coerência mas menor rasgo, nessa vontade de acentuar os V>AX6,

valores de luxo do prédio de rendimento, através de uma maior Wt.^b

da fachada diversificação da gramática decora-


dinamização e
76

tiva aue aqui permanece mais fiel à norma erudita, interpreta


da todavia com grande ecletismo. A variedade de molduras dos

vãos, enriquecidas com colunas, fechos e frisos, as pilastras


simuladas, acentuando ao nível dos primeiros andares, os va

lores horizontais e abrindo-se, nos últimos, também em simu

ladas colunas geminadas, os capiteis engrinaldados que prolon


gam a sua exuberância nas molduras que ladeiam o pequeno tím

pano central sugerindo um motivo de concheado, a entrada prin


cipal nobilitada por destacado arco profusamente ornamentado,
todos estes elementos se submetem ainda â planimetria não re

cusada da fachada mas tendem jã à sua valorização volumétrica

que, anos mais tarde, se tornará moda em prédios de semelhan

te ostentação.
A quem atribuir estes prédios que, logo no primeiro pe
ríodo de edificação da Avenida, revelam já quase todo o seu

percurso arquitectónico?
Em relação ao n225, qualquer conjectura mais fundamenta

da é impossível por o respectivo processo de obra se encontrar

incompleto, não nos informando sequer do seu construtor res

ponsável. Do nQ95, sabemos ter sido construído por Joaquim

dos Santos que, associado a Manuel Pires foi também constru

tor da moradia n°77, projectada por Norte Júnior e que, anos

mais tarde, foi também construtor responsável e coproprietá-


rio inicial com Manuel dos Santos do nQ26 da Avenida Duque
d 'Ávila de 1920, prèédio que faz parte de um notável conjun
to de 4, três dos quais têm autor confirmado: Norte Júnior

dos nQs 22 e 28, Edmundo Tavares do 24.

Nesta época, Edmundo Tavares estava ainda longe de ter

concluído o curso e, por isso, nâo é plausível atribuir-lhe

este ou outros prédios de período tão recuado. Serã admssível

admiti-lo como obra nao assinada de Norte Júnior, ja que a

moradia que ref er imos , aliás da mesma época, também não é

ainda assinada pelo arquitecto?Qualquer tentativa de respos

ta é conjunctural e exigiria confirmação. Mas indiscutível

é que, orientada ou não por mão de arquitecto ,


no modelo de

prédio de rendimento surge nestes anos de meados da década,


uma variante nova de gosto.
Os outros prédios então edificados por encomenda directa

são muito mais modestos, em nada se distinguindo das volume-

obras dos
trias simples que encontrámos nas promotores. Logo

início da Avenida, nss3 construídos 1902, res- JW


no os e 5, em
77

pectivamente para Guilhermina Augusta Salazar Wagner e Augus

to Freire d"Andrade Salazar d'Eça, pelo conceituado constru

tor civil João Rodrigues Sebolla, revelam-nos muito claramen

da maioria das encomendas, mesmo


te a pobreza deliberada quan

do os proprietários dos lotes pertenciam a um grupo social

destacado, neste caso familiares da Condessa de Camaride,que


recebeu lotes edificação parte do montante a que ti
em para

nha direito pelas expropriações realizadas .Trata-se de prédios


de construção aceitável mas em que o único
com uma qualidade
delicadas dos vãos que não conseguem
requinte são as molduras

todavia dignificar minimamente o conjunto que é demasiado hu

milde .

0 mesmo construtor é também responsável, em 1906, pelo


maior dos JiQST. l°>
n°63 para Maria Luísa Salazar Carreira, com riqueza
emolduramentos mas com a mesma modéstia global .Também os nQs

17 e 33, de 1910 e 1902, participam nessa «temes medíocre me- ÍLosl-^o^j


diania como acontece neste último, se acentuava ainda
que,

quando a construção se destacava isolada. De qualquer forma,


trta-se ainda de variantes, escassamente diferenciadas, do

modelo que considerámos, desenhado por José Luís Monteiro e

nunca construído. Aliás, curiosamente, João Rodrigues Sebolla


era também o construtor responsável desse prédio.
De dimensões mais reduzidas, construiram-se ainda, tanto

iniciativa dos promotores como de encomendadores directos,


por
de prédios, apenas com um ou dois anda
um conjunto pequenos
volumetria da moradia do que do
res, que pela sua se aproximam
curiosa
prédio de rendimento, traduzindo uma
hesitação^que
entre duas ti
tendera a desaparecer nos períodos seguintes,
valores sociológicos muito diversos.
pologias que implicavam
Sintomático desta hesitação foi o que sucedeu com os nQs29 SUbl J*

do lote Manuel Avelino da Rocha,


e 31. Em 1904, o proprietário
solicita a construção de dois prédios contínuos com r/c e três

modesta que encontramos nos outros


andares, segundo^ tipologia
então também edifica. No ano seguinte, todavia, pede a al
que

teração do projecto. Os três andares são reduzidos para um

uma disposição pouco habitual dos vãos e a


e enriquecidos com

introdução de inesperados elementos decorativos: dois conjun


tos de elefantes, colocados sobre as ombreiras das
pequenos
mísulas dos jardins de inver
portas principais suportando as

no, também de desenho raro. O todo adquiriu assim o tom algo

i
78

precioso de dois pequenos palacetes urbanos geminados com um

toque de exotismo extremamente raro que é impossível não arti

cular a uma solicitação privada. É muito provável de facto

que a mudança de programa tenha sido exigida pelo aparecimen


to de um comprador para os prédios —
o promotor continuou a

assegurar a construção e a ser seu proprietário até à conclu

são da obra mas a figura do senhorio, procurando uma mercado

ria mais diferenciada, interveio naturalmente pelo meio.

Do mesmo conjunto fazia parte ainda o pequeno n927, per- juuM". m

tencente ao mesmo proprietário Manuel Avelino da Rocha, com

uma organização de fachada e uma volumetria global francamen


te mais modestas, decalcadas sobre o mais simples e tradicio

nal prédio de estreita rua da cidade a -que se acrescentaram a

varanda corrida, o pequeno jardim de inverno e o corpo das

águas furtadas especialmente nobilitado.


Menos exóticos são os nes59 e 61 mas com idênticos valo- XUHV-HÒ

res, visando promover um tipo de habitação capaz de proporcio


nar ao mesmo tempo o rendimento ao senhorio e uma vivência

mais privatizada ao inquilino. 0 primeiro apenas com r/c e um

andar foi construído por G.F.Baracho, nome que pertence ao

conjunto dos construtores civis com prestígio adquirido no i-

nício do século. A organização da fachada muito simples é

enriquecida com as cantarias que do soco se estendem aos corpos

laterais, com as modulações nobilitantes das molduras arquea

das, os pequenos capiteis sob a cimalha e sobretudo o grande


frontão ornamentado com um tradicional motivo floral em estu

que. Ao lado, o n°61 , construído no ano seguinte por J.Joaquim


Luís Guerra, parece procurar um certo acerto de vizinhança,
recorrendo à mesma articulação da fachada em três corpos, mas

alternando o jogo dos frntões que são agora dois e triangula


res, coroando os corpos laterais, enquanto os movimentos em

arco de círculo são transferidos para as molduras dos vãos

que animam o corpo central. Trata-se de pequenos jogos formais


que, embora nao iludam a modéstia dos programas, são capazes

de criar uma certa diferenciação em que facilmente se intuem

muitos dos seus pressupostos sociológicos .A arquitectura, in

capaz de significar por si mesma, é instrumento privilegiado


dos desejos e das fragilidades de quem constrói e de quem ha

bita.

Mais modestos ainda, próximos de muitas das edificações

i
79

das Avenidas 39 41 de 1904, X^tf.zk


perpendiculares, eram os n°s e que

submetem drasticamente o programas decorativo à funcionalidade

trivial .

Pertencem também a esta tipologia híbrida entre o prédio ituir. js.íé


e a moradia, os n°s19 e 21, edificados respectivamente em

1909-10 e 1907, tendo sido de ambos construtor responsável


A. Pedrosa. Tanto como em alguns dos exemplos anteriores que

citámos, é sobretudo a diversidade de soluções de fachada a

partir de volumetrias muito simples que torna significativos


estes edifícios. Como se houvesse um gosto espontâneo em criar

nos rostos das habitações a diferenciação securizante de que

o quotidiano urbano constituía quase sempre a clara negação.


Recorria-se para isso a modelos diversos, empiricamente apro
priados: o palacete tradicional no caso do n°21, jogando os

valores de uma sobriedade discreta através da utilização minu

ciosa das cantarias emolduradas e decoradas com um saber ar

tesanal seguro e, ao lado, a residência eclética, com certo

sabor italianizante na organização das varandas, desenhando-

-se entre arcos geminados bem lançados, central e lateralmente

apoiados em colunas, enquanto o remate da cimalha, com um grá-


cil movimento ondulado e ritmado por pináculos, acolhe uma

sugestão do gosto efémero característico do chalet. A articu

lação empírica entre a horizontalidade do corpo central e a

verticalidade dos laterais, a alternância das varandas em can

taria no isandar e em floridos ferros forjados no 22, numa

correpondência simples de contrários, contribuem ainda para

tornar este pequeno prédio imagem súbita de uma urbanidade ci

vilizada e mesmo requintada, capaz de participar nos jogos de

salão, fáceis e cheios de subentendidos.

A passagem destes pequenos prédios de rendimento comedi

do, a deixar supor o à vontade dos senhorios, para as moradias,


faz-se quase imperceptivelmente . De facto entre o n"21 que
■■

^tlLAl
acabámos de citar e o ns2, a diferença é apenas a eliminação J\A,2l§
de um andar , deixando esta tipologia híbrida adivinhar quanto «iíC.^íp
estes prédios, algo fragilizados na sua função de utência,e
as moradias apropriando a genealogia no palacete oitocentista,
visavam servir afinal o mesmo grupo social, numa existência

paralela e de certo modo antagónica ãs finalidades do verda

deiro prédio de rendimento .Aliás , como noutros casos aconte

ceu, houve neste ne2 uma hesitação real entre a tipologia a


8 Ci

escolher: assim o primeiro projecto propunha um efectivo pré


dio de rendimento com r/c e 4 andares e, só posteriormente, o

mesmo proprietário, Pedro Afonso Pequito, reduz o programa a

um andar, mantendo todos os caracteres volumétricos e decora

tivos do primeiro projecto.


Todavia tanto o prédio com o ns21 como esta moradia, e-

legendo o mesmo gosto pelas volumetrias e valores decorativos

mais tradicionais ,
são apenas uma pálida imagem de grandeza pe
-

rante um exemplar mais verdadeiro, como o espectacular nQi8,


tornejando para a Av. João Crisóstomo, construído em 1906 pa

ra Augusto Fernando Berniand e de que foi construtor respon

sável João Rodrigues Sebolla, que anteriormente já encontrá

mos. Trata-se de um luxuoso palacete, dentro de um gosto de


referência académica, de que desconhecemos se é ou não projec

to de arquitecto, em que ecoa, com exuberância mal contida, o

amor da ostentação que todavia e .signif icativamente ^elhor


assumida nesta residência de citação oitocentista do que será

na maioria das que procuram padrões de gosto relativamente


mais modernos. A abundância das cantarias, sob a forma de co

lunas, molduras ou frisos, ritmando os vãos que não precisam

<)o brilho fácil dos jogos de alternância, antes assumem o ri

gor e a discrição da repetição, sugerem uma riqueza e um con

forto estáveis, capazes de aceitar a civilização sem propria


mente se submeter aos seus excessos. Nc entanto, a notável qua

lidade do trabalho artesanal, pela sua minúcia e sobreposição,


também uma sensação de preciocismo decorativista al
provoca

go contraditória com o rigor que a composição pretende sugerir.


Trata-se evidentemente de uma réplica, de compleição artifi

cial, e não um modelo alimentado pelas raízes vivas do presen

te. Erguida no solo recente da monumental Av. Ressano Garcia,

de certo modo se assemelhava a uma planta de estufa. Mais do

da crítica e da cidade em geral foram outras moradias


agrado
onde mais se sentia as contradições e sonhos dos anos 1900.

Uma das primeiras a ser construídas foi o n264, no quar

teirão seguinte à Praça do Campo Pequeno, projectada por Raul


Lino para Joaquim de Jesus Ferreira. Nela é evidente a quali
dade de todas as obras do então jovem, arquitecto, menos en

volvente e articulada, contudo, do que , por exemplo a "Mon

salvat" do Monte Estoril que projectara logo em. 1901. Recc-r-

rendo a elementos de rusticidade deliberada, como os cunhais


81

dos beirados, as pedras rústicas ritmando as janelas, o pesa

do alpendre, ela é fundamentalmente uma presença de subúrbio

que.se acertava bem com o sítio distante e ermo em que surge,

não contém qualquer reflexão ou sequer consciência activa do

espaço urbano que se estava criando e que ela marginava.


Também de Raul Lino é o projecto inicial do nS3 da Pra- ju)bT. lo

ça do Saldanha, edificado em 1902 para Guilherme Charters H.

de Azevedo. Todavia, ainda durante a aprovação do projecto,


houve alterações significativas, sobretudo no movimento dos

vãos o que, de imediato, contribuiu para um grande desiquili-


brio global que, na magnífica localização de que disfrutava,

fazia ressaltar a modéstia excessiva e empírica da praça ©_

deixar-se abrir para espaços vastos de jardins, espreitados


por modestas traseiras.

Pelo contrário, a moradia que Ventura Terra projectou em ;u\Jif M


central da Avenida, nQ38 a Viscon
1905 num quarteirão no para

dessa de Valmor , responde como nenhuma outra construção da épo


ca -arriscaríamos mesmo as seguintes -
de um modo original e

criativo às solicitações urbanas da nova artéria.

Alias, como realçou recentemente Eduardo Martins Bairra

da (98) é significativo que disso se tenha apercebido o júri


lhe atribuiu o Prémio Valmor desse ano: "A disposição da
que
fora dos moldes comuns, nâo só contribui para a bele
planta,
za do edifício em si, como também para a perspectiva agradá
vel do cruzamento de duas artérias, revelando quanto seria

conveniente para a estética dos novos bairros, que este pro

blema fosse semelhantemente resolvido em todos os principais


correndo assim para a quebra da monotonia das
cruzamentos,
avenidas muito extensas e criando desta forma aspectos de ou

tras tantas praças ou rotundas que muito concorrem ã beleza

da cidade" .

O arquitecto que três anos depois, enquanto vereador da


Câmara Municipal, sonhará sobretudo em abrir a cidade ao rio,

devolvendo-lhe as suas margens aperfeiçoadas pela arquitectu


grandeza da Avenida e
ra, mostra aqui quanto entendia a nova

como sabia que os edifÍE-ios deveriam enriquecê-la, quebrando-


-Ihe com o seu corpo o risco das perspectivas únicas.
"Palacete" lhe chamava com rigor A Arquitectura Portugue-
sa(99), com uma ostentação sincera e sóbria de riqueza que
tanto elementos
só urbana pode ser e para que concorrem
deyum
82

vocabulário classizante como os concheados das bow-windows

e do friso sob a cimalha e as colunas jónicas engrinaldadas,


como outros mais ecléticos e algo rústicos, as persianas das

janelas, a ornamentação em losangos do telhado, a integração


central cima da porta prin
dos azulejos. 0 grande janelão por

dimensões estreitas das janelas introduzem ainda


cipal e as

muito livremente tratada


uma notação vagamente neoromânica,
e submetida ao equilíbrio notável e elegante de toda a compo

tonalidade doirada da pedra com que rimam


sição. Finalmente , a

das tons dos azulejos, constituem


os verdes persianas e os

componentes de refinamento e distanciação que não nos permite


uma familiaridade excessiva com o edificio que se afir
nunca

ma pleno, como realidade em si mesmo e não mero objecto de u-

tências mais ou menos distraídas.

Contudo também a organização funcional interna é notável,

destruindo, por exemplo, o hábito enraizado de separar a ca

de da sala e dividir esta numa multiplicidade de


sa jantar
saletas— r/c tem além da cozinha e dispensa, de um
o apenas,

lado um vasto escritório e, do outro, em^equência e comunicação

directa, a copa, casa de jantar e salão de grandes dimensões.

E embora R. d 'Almeida, no artigo de A Arquitectura Portuguesa

afirme "a sua disposição interior obedece logicamente ao


que

exterior", é evidente que houve uma raríssima capacidade de

dialéctica entre as exigências de uma habitação de luxo, con

fortável, moderna e assumidamente grandiosa e as solicitações

pressentidas das imensas avenidas vazias.

Ainda o mesmo articulista, lamentando que a Senhora Vis

condessa "não fizesse dela habitação própria", reflecte que

"não é vulgar fazer-se (construir para h^fá^ttít») com a bizar

ria com que esta foi. feita". "Bizarria" é certamente a quali

ficação que menos convém a esta belíssima habitação mas temos

de aceitã-la para qualificar a atitude, evidentemente rara e

da senhora. Particularmente nas "Avenidas No


original grande
vas" . . .

desta moradia, devemos colocar o


De algum modo, a par
do Saldanha, edificada em 1906
nQl, tornejando para a Praça
lote que, quatro anos antes,
para Engrãcio Supardo, no para
referimos. Des
José Luís Monteiro desenhara o prédio que jã
conhecemos se houve aqui, como parece provável, intervenção
habitualmente, o processo de obra
de arquitecto ■&j!xp**., : como
83

apenas cita o nome do construtor João Rodrigues Sebolla que

assumira também a responsabilidade pelo prédio que não che

todavia a nova
garia a passar dos caboucos, aproveitados para
próprio Jo
edificação. Tratar-se-â de uma recomposição que o

sé Luís Monteiro terá naturalmente realizado?

Na diversidade de maneiras estilísticas que as moradias

então construídas na Av. Ressano Garcia percorrem, é evidente


mais
que esta se encontra, pelas referências decorativas,
próxima do palacete academizante com o nQi8 do que dos projec- íLOi^£6
tos mais ecléticos e libertos de Ventura Terra ou mesmo Norte

Júnior. Por outro lado, as janelas do r/c, com os peitoris


cantaria, são abslutamente i-
simulando pequenas varandas de
das moradias de Bigaglia na Av.
guais âs que encontramos numa

utilização de colunas marmoreadas


Duque d "Ávila, enquanto a

foi corrente em alguns prédios de Ventura Terra,

for seu autor, esta moradia constituía, até


Seja qual o

Norte Júnior constrói, com maior modéstia, do ou


1910, quando
da a Praia da Vitória, o único
tro lado Praça, o gaveto para
símbolo assumido da riqueza e exotismo que todos desejavam pa

ra as Avenidas. Que tenha sido no corpo breve de uma moradia

de prédios esses valores se


e não num conjunto grandioso que

eis o era o que não poderia deixar de ser...


incarnassem, que

Álvaro Machado constrói também neste período na Av.Res- jujsT- 33

sano Garcia, além do notável colégio com o n°13, em que a se

deteremos, uma moradia, o n°45, para Olympia de Mace


guir nos

1905. arquitecto que, como é


do Branco, em Invulgarmente o

habitual não assina nem o projecto nem a Memória Descritiva,

afirma nesta, em desabafo: "Atendendo porém â economia deseja

da pela proprietária, todas as vergas das janelas serão cons

revestido de cimento e fingindo a tinta


truídas em tijolo,
deixando claramente transparecer o pesado condicio
de óleo",
nalismo financeiro da encomenda. Talvez por isso, a moradia

é de grande despojamento mas o arquitecto sabe aceitá-lo da


melhor forma, valorizando-o numa articulação de volumes em

três corpos, sobriamente ritmados pelo movimento das janelas


e das molduras, ligadas ao nível das bandeiras nos conjuntos
janelão sobre a en
mais significativos e enriquecê-lo com o

com a sua moldura em pesado arco, da a


trada principal que,
Álvaro Machado, embora a secura da
nota neoromânica cara a

decoração das originais molduras do r/c do corpo de ângulo,


84

detendo-se num geometrismo deliberado, anunciem com grande


antecedência em relação à divulgação lisboeta, um gosto artes

decorativasque aliás as grelhagens confirmam.


Nem rústica como o n°64 de Lino, nem grandiosamente urba

na como a de Terra, a casa de Álvaro Machado, construída exac

tamente nos mesmos anos, era excessivamente discreta para po

der constituir-se em modelo. Quando, como a tantas outras su

cederá, chegar para ela a hora da demolição, em 1954, o arqui


tecto da Câmara A. Couto Martins, contra os seus hábitos ou

simplesmente respeitando os seus gostos, ainda lembrará: "Tra

ta-se de uma boa moradia, obra do falecido arquitecto Álvaro


Machado". Mas a resposta foi clara : "Tratando-se de uma arté

ria importantíssima em que a existência da moradia representa


ridículo aproveitamento das possibilidades que oferece (...)

a Câmara não deverá dificultar à sua desaparição". E Couto

Martins acabou evidentemente por prestar a informação "nos


termos normais" : "Não apresenta valor arquitectónico excepcio
nal (...) embora se trate de uma boa moradia (...) pode-se auto

rizar a demolição" ( 1 00) .

Um outro modelo que também nunca terã réplicas condignas,


extremamente simples e adaptado aos baixos orçamentos que nor

Ni
malmente eram requeridos, é, nos mesmos anos, proposto por
cola entre 1905 1907, edifica pelo menos cinco juoít. <8
Bigaglia que, e

-LOSr 3J
moradias, duas na Ressano Garcia e três na Duque d'Âvila. A-

fastando-se da riqueza a que pudera recorrer em anteriores o-

de 1900 Mayer de 1902, ambos


bras — o palacete Lambertini e o

'
na Avenida da Liberdade em que diversamente desenvolvera pro

soube
postas ecléticas de referência renascentista, Bigaglia
cliente das
adaptar-se, sem grandes cedências de gosto, ao

Avenidas Novas.

Com um número de andares variável, mas sempre de reduzi

das dimensões, as suas moradias são inconfundíveis pela ele


moderado pelo decorati-
gância geral das proporções, o gosto

vismo, mais usado como introdutor de ritmo nas fachadas do

como elemento autónomo, as varandas de cantaria, as pe


que

janelas de molduras sempre diferentes em pormenores


quenas
sobretudo remates se afastam da
quase artesanais e pelos que

pobreza repetida dos frontões, para adoptar uma certa geometri-


artes decorativas, vinte anos
zação de recortes que a voga

mais tarde levará à exaustão.


85

Bigaglia, que além de arquitecto, dirige nestes anos um

activo atelier de marcenaria e decoração, é um dos importantes


criadores do gosto da Lisboa do início do século, sobretudo

em termos de interiores que ele fraccionava em numerosas sa

las de pequenas dimensões, recolhidas sobre si mesmas, num

sentido de aconchego que era contudo muito superficial e al

go falso na cidade que tinha na Avenida da Liberdade a sua

verdadeira sala de visitas. Em termos de fachadas, o seu to

que pessoalizado não teve sucessores directos mas é um elemen

to activo do gosto pelo ecletismo através da diversidade de

maneiras que vimos manifestarem-se com exuberância em alguns


dos prédios-moradias que abordámos. Aliás, parece-nos eviden

te uma influência directa sobre os nQs29 e 31 do nel6 que edi- suoiT. 9


ostensivo Xtofr.3
ficou no lote vizinho ao palacete tornejando para
a Av. João Crisóstomo. No conjunto das moradias que então pro

jectou esta é sem dúvida a mais elaborada, com notável requin


te na distribuição das aberturas, discretamente veladas para

o exteriorlnessa sugestão de interioridade que a sociedade lis

boeta dificilmente sabia entender e muito menos usar.

A outro arquitecto coube, mais do que a Bigaglia faleci

do em 1908, encontrar , com pouco dinheiro, o modelo certo de mo

radia para as Avenidas Novas. Se Lino, Terra e Álvaro Machado,

dos mais importantes arquitectos de Lisboa nestes anos, aqui


realizaram um reduzido número de obras e Bigaglia fez obras de

modo Norte Júnior inaugura em 1905 uma in


um geral menores,

tensa actividade que se prolonga pelo início dos anos 40. Ê

ele por excelência e sem qualquer dúvida o arquitecto das A-

venidas Novas, não só pelo número dc obras que realizou mas

construtores civis
pelo estilo que implantou, que todos os

seguiram e, como mais tarde veremos, pela notável capacidade


de se moldar às mudanças de modas arquitectónicas que se su

cedem ao longo de três décadas.


Logo em 1903, antes da crítica dele se ocupar através das

obras, já Fialho de Almeida se refere ao ainda Joaquim Norte,


ter alcançado o 1e prémio no "Concurso ãs
precisamente por

Valmor" (101) "projecto de circo equestre" que


pensões com um

classifica de "espécie de pantheon romano cilíndrico e maciço

entrada adaptou o grande arco da porta da última Expo


a cuja
sição de Paris (:::)" .Não ficou em Paris muito tempo o arquite-c-
86

to "por não se querer sujeitar aos moldes convencionais, en

tendendo em sua consciência que nada iria aprender de novo(102).

Logo em 1905, Norte Júnior ganha o Prémio Valmor com a

casa Malhoa e, em 1906, projecta as duas primeiras moradias


jtosr, 5C
nQ36 Branco Rodrigues e o 77B para
na Ressano Garcia, o para __

António da Costa Correia Leite, dito Mário Artagão. Em 1908, IUOjT ^g


realiza o 77A para Amélia Augusta Pereira Leite.

Estava encontrado o tipo ideal de moradia para as Aveni

das Novas, entre uma variante mais simples e airosa com um o-

dor de casa portuguesa


-
de que foi protótipo notável a casa

Malhoa rica de cantarias, capaz de


de -
e outra, compacta e

fazer parar qualquer transeunte. Entre uma e outra, a hipóte


se do exotismo de sabor suiço, com torreão ou mirante sobre o

telhado de bico.

Curiosamente, os artigos de A Arquitectura Portuguesa


analisam duas destas vivendas (103), são assinados por
que
detendo-se ne36, afirma
arquitectos. Álvaro Machado, no que

"predominando na sua composição reminiscências do estilo ro

entrada
mânico, lembra pela sua imponente loggia que encima a

varanda que lhe serve de coroamento uma das


principal e pela
modernas vilas italianas (...)" .Salientando assim o partido
eclético do arquitecto, Álvaro Machado discretamente critica:
da casa", sobre a Av. Res
prefere ao "aspecto mais importante
sano Garcia, a fachada da Visconde Valmor onde "a composição
não de
é mais sóbria" e interroga-se se "poderá acusar-se pou

fachada não se lhe


co lógico o grande arco da principal porque

acha encontro bastante forte no cunhal que lhe dá origem" e,

embora acabe por concluir que "o que parece ilógico, torna-

-se aceitável", um breve veneno não deixou de ser lançado.

Rozendo Carvalheira, a propósito do nQ77$ enumera : "aqui


trecho de entablamento clássico (... ) além um arco floren
um

mais além arcatura claustral da


tino de amplo traçado (...) a

dc brincados motivos de
renascença (... )enfim uma quase orgia
todas as correntes artísticas do passado e do presente" e

isso considera o arquitecto "essencialmente um eclético"


por
co
recordando contudo, com reticências expressas, "que se no

muitos líricos de génio eferves


meço da sua carreira poética,
mui time
perpretaram girãndolas mirabolantes de
versos -

cente

sóbrios fixaram cm duas


tricôs (...) outros mais e prudentes se

das 11 arte ensina e derani-se muito


ou três variedades, oue a
87

bem com isso com grande brilho para o seu nome e honra para

a poesia (...)".
Além destas obras, Norte Júnior pro jecta t
ainda em 1909, y^y. 39

o nS42 para José Luís Vinagre com essa volumetria híbrida

entre o prédio e a moradia. A articulação da fachada num con

junto de estreitos corpos verticais de movimentação elegante


e algo brincada pelo jogo de não correspondência que entre

eles se estabelece mais acentua a individualização do edifício


como se se quisesse ocultar a função de rendimento que o move.

Mais uma vez Norte Júnior mostrava saber naturalmente in

terpretar os desejos de uma burguesia apenas mediamente abas

tada que deixando-se conquistar pelo negócio imobiliário, pre

tendia contudo distanciar-se da actuação dos construtores ci

vis, defendendo um certo princípio moral de lucro justo ou,

ainda menos conscientemente, o rendimento em pequena escala

pelo mérito estético.


Deste modo, sobretudo por uma insinuante e espontânea ca

pacidade de fazer seu o imaginário do cliente , Norte Júnior

agradava e se os colegas, não lhe poupando encómios, lançam

algumas dúvidas sobre a sua "imaginação fácil e brilhante",

a maioria dos críticos, até plenos anos 20, considerarão que

as casas de Norte Júnior são quase só o que vale a pena ver

na Av. Ressano Garcia e a moda deste estilo "gracioso e ele

gante" instalar-se-à triunfalmente com variantes ligadas qua


se só ao orçamento disponível.
Todavia, há ainda quem pretenda como moradia composições
mais exóticas em que os valores de ostentação se submetem a

um gosto ingénuo pelo inédito. É o que acontece por exemplo


na moradia com o ne32 de 1905, com uma composição extrema

mente desarticulada e cuja fachada posterior, em 1909, por

iniciativa da proprietária Ana Albino Salgado d*Araujo,é


estranhas loggias
espantosamente enriquecida de arcarias com

mirante telhado organizado em sobreposição de


laterais, e um

aliás já construção inicial de uma


corpos. Trata-se ,
como a
(

rudeza de um
obra marcadamente ingénua, apropriando-se com

exotismo se pretenderia cosmopolita mas que fica simpló


que

rio a ornamentar-se de vasos de flores sobre a balaustrada

do varandim.
n°60 acima do Campo
Idêntica evolução se passou com o yioi.x L^
em 1909 se compunha de dois pequenos chalets
Pequeno que,
68

Soa
deliberadamente rústicos e que, no ano seguinte, Fernando
construtor civil foi discípulo dedicado de Norte Jú
res, que

nior, enriqueceu com uma decoração compósita em que predominam


os elementos de concheado que, nos corpos laterais, coroam

a cimalha numa rude sugestão de tímpano. As estranhas molduras

das rebuscadamente constroem a diferença, o moti


janelas que
vo de escada em duas linhas divergentes, a multiplicação dos

telhados de bico, são os simples instrumentos da composição


se desfaz em soma. Posteriormente, a escada nobilitante vi
que
sugestão de ingenui
ria a ser retirada empobrecendo um pouco a

dos chalets
dade da composição, mesmo
assimpuriosa evocação
do Monte Estoril que tanto haviam provocado as iras de Ramalho

Ortigão. Aliás, que outra coisa era


senãojsuburbio aquele per

do a Entrecampos através da barreira da


curso Campo Pequeno
linha férrea?

Houve contudo um construtor civil que, ainda neste perío


da arquitectura que, entre
do, melhor entendeu as exigências
ao livre arbítrio dos encomendadores ,
deveria todavia ser
gue
efectiva utência urbana da nova
esteiro fundamental para uma

Avenida. Olhando mais para Ventura Terra do que para Norte

Júnior, José Rogrigues Prieto constrói para Abel José da Cruz,

mesmo em frente â Praça de Touros, uma moradia e um prédio, jeosT-^z.


com os nQs87 e 89, a primeira em 1906 e o segundo em 1909,

num sociologicamente muito curioso de que encontramos


esquema

outro exmepldnos n°s 24 e 28, também prédio e moradia, cons

truídos para o mesmo proprietário, António Augusto César dos

Santos.

da moradia o crítico de A Constru


A propósito n°â>7(dizia
ção Moderna (104) que apresentava "cunho inconfundível a que

chamam arte nova" facto .embora a volumetria da construção


e
jde
seja em tudo conforme aos esquemas habituais de construção em

das
profundidade, não existindo qualquer articulação original
massas -

o que a própria disposição sobre a Avenida, ocupan

lote colando prédio imediato aliás


do toda a largura do e ao

impediria- em termos de fachada, no lançamento dos grandes


molduras delicadamente traba
arcos das janelas centrais, nas

lhadas das janelas com um vocabulário vegetalista interpreta


do com requinte, na riqueza dos ferros forjados, há claramen

te um gosto novo, libertando-se da superfície que dominava

neoromânicas em arabescos de
as composições , para procurar,
89

curvas
rápidas, um ritmo tridimensional.

Além destes dois edifícios, conhecemos outros projectos


deste curioso construtor civil. Um deles, "prédio de rendimen- xuvr. k3

to a ser construído na Av. Ressano Garcia", foi publicado na

Construção Moderna (105) embora nunca construído. Mais do que

os projectos anteriores, deixa claramente transparecer que


foi Bigaglia o mestre em que se inspirou: os pequenos frontões

que decoram a cimalha com os característicos fechos laterais,

o recorte amaneirado das janelas, as finas pilastras adossa

das ritmando verticalmente a fachada, sugerem imediatamente

o exemplo do nQl6 da mesma Avenida, edificado em 1907. Signi


ficativo é que se trata de uma apropriação positiva ^que no

prédio e moradia que citámos se autonomiza através de um olhar

também para a moda arte nova que se ia divulgando e que aliás

italiano foi dos primeiros a apontar na moradia que


o professor
realizou na Av. António M. Avellar. De recortes e colagens se

fazendo assim da arquitectura das fachadas da Aveni


ia alguma
da. Como quem folheia uma revista e lhe decalca as ilustra

ções .

Falta-nos finalmente referir um dos mais notáveis edifí

cios da Ressano Garcia: o n2i3, tornejando para a Av. Duque

d'Ávila, projectado por Álvaro Machado para colégio de Anna

Roussel. Trata-se de uma das obras fundamentais deste arquitec


to, em que o gosto necrom.ânico adquire uma correcta formula

ção pelas proporções globais das massas, embora o ecletismo

acabe por ser dominante: de facto, a desproporção entre as

colunas e os arcos aparentemente pesados que as suportam, se

valorizar função fundamental das paredes que as


pretendem a

sobretudo corpo central, demasiado


suportam são contudo, no

frágeis para que essa desproporção não seja apenas um artifí.-

cio deliberado. Nos corpos laterais, as pequenas colunas as

sumem ainda mais claramente esse papel apenas decorativo não

sendo apoio de arcos nenhuns. Por outro lado, algumas grelha-

gens das pequenas janelas e particularmente os magníficos


frisos de azulejos, de padrão geométrico e rico co
e painéis
lorido, introduzem uma sugestão artes decorativas que aliás

é mais clara nas moradias que Álvaro Machado projectou alguns

termos de urbano, trata-se de uma


anos depois ( 106) . Em. espaço
de criar ritmo malha ortogonal das
proposta muito original na

Avenidas, que deve ser comparada ã que Ventura Terra realiza

o nQ38 ritmos contudo não chegam a


no ano seguinte com , que
90

instalar-se devido à ocupação dos gavetos fronteiros por pré


dios mais elevados e volumetria compacta.

Também os monumentos para a nova Avenida são pensados

antes de 1910. Em primeiro lugar a Praça de Touros que como

monumento deve ser considerada, dando finalmente a uma práti


merecido templo. Pro
ca com tantos e ferverosos praticantes, o

jectada por A. J. Dias da Silva e construída em 1891-92 antes

da abertura das Avenidas se ter iniciado, foi contudo já pen

sada em função do novo espaço. Na sessão de 16 de Fevereiro de

1889 da C.M.L. é lido um ofício da Real Casa da Misericórdia

em que se afirma : "Tendo sido condenada a antiga Praça de Tou

ros no Campo de Sant'Ana e destinada para estabelecimento da

Escola Médico-Ciruúrgica o local (...) entendeu a administra

ção (...) que devia escolher outro(...)0 sítio que lhe pareceu

af ormoseamento da cidade e comodidade do


mais próprio para o

público é o baldio denominado geralmente "Campo Pequeno"no


centro do qual se pode construir com todos os aperfeiçoamen
tos modernos um formoso edifício que dando novo aspecto à-
vai avenidas a-
quele largo (... ) tanto concorrer cem as para

li o af ormoseamento daquele ponto da cidade":


projectadas para
De acordo com esta proposta a Câmara cedeu o terreno e

a edificação faz-se de imediato, reatando afinal uma velha

prática que as touradas no Campo de Sant'Ana haviam feito es

Francisco Cãncio (107)as primeiras touradas


quecer: segundo.
1740, levadas cabo pela
no Campo Pequeno realizaram-se cm a

irmandade de Santo António Pobre de Sacavém e repetiram-se pe


lo menos até 1748, Construída a nova Praça, recorda ainda o

mesmo autor, nos primeiros tempos o movimento fazia-se todo

pela Estrada do Arco do Cego mas, depois da construção das

Avenidas, "o aspecto do Campo Pequeno da Avenida Ressano Gar

muito da Av. da Liberdade, em tardes de


cia c principalmente
touros, era dum colorido e duma animação de que nos dias de

hoje se não pode fazer a menor ideia". Também neste reatar

com a memória de um local famoso dos arrabaldes de Lisboa,

a nova área da cidade se cozia intimamente com a velha. Como

não havia de ter as suas mesmas insuficiências e fragilidades?


Quanto ao gosto neo-árabe em que o edifício é construído,

de a Praça de Madrid e que tivera antecedentes


seguindo perto
românticos de qualidade, fora reactivado na Avenida da Liber

dade na casa Conceição e Silva de Lusseau, exactamente com


91

a mesma data que a Praça do Campo Pequeno mas, nas Avenidas

será necessário esperar pelo fim dos anos 20 para o


Novas,
encontrarmos .

a Praça de Touros se projectou e construiu rapi


Enquanto
das Picoas que teve concurso em 1904 e deve- Jw^. kf
damente, a Igreja
ria ser construída segundo o gosto neoromãnico em terrenos

"devotamente oferecidos pela Condessa de Camaride" ( 1 08) nunca

8 de Dezembro desse ano.


passou da primeira pedra lançada em

/aqui, como noutros casos, será preciso esperar pelo dinamismo

do Estado Novo dos anos 30 para se passar ã realidade.

Também em relação ao viaduto para passagem da linha fér

sendo adiado. 0 de Álvaro Machado de


rea, tudo foi projecto
Construção Moderna (109) e no Sl<o,1. h~\
1906, divulgado e elogiado na

Ocidente, defendido também em sessão da Comissão Administra

tiva da C.M.L.- "será um padrão atestando o interesse e boa

vontade da actual vereação no engrandecimento da cidade"- on

de foi afirmado que "estão as indústrias facultando o pagamen

to dos seus trabalhos em prestações" nunca passou de projec

to, no imediato por falta de meios financeiros e posteriormen


te pelas alternativas que se foram pondo ao viaduto e que já
referimos. A Avenida foi continuando interrompida, verdadeira- _ji.ojr.it 8
mente cortada uma barreira que, sobretudo na Avenida Cin
por

co de Outubro, originava uma série de ruelas que faziam perdu


as hortas do Mercado de Gados, a memória
rar, juntamente com

do recente passado. Dos túneis que , sob o viaduto, garantiam


a passagem para Entrecampos dizia-se em 1914 (110) que eram

microscópicos (...) não só insuf ucientes mas até


"pequeninos e

mais lamentáveis desastres", facto que era agra


propícios aos

vado por "o movimento de peões entre a Avenida da República


e a Praça do Campo Grande estar a atingir proporções que exce

dem toda a expectativa".


Na verdade o único monumento construído foi, entre 1904-09
Jlosr ^

a estátua ao Marechal Saldanha, na sequência do concurso em

1890 Thomás Costa. Erguido sobre pedest.ral de Ventu


ganho por
é obra modesta e convencional baseado "num orçamen
ra Terra,
disse nas páginas da Ilustração
to exíguo" como justamente se

Portuguesa ( 1 1 1 ) onde era considerada também "desproporcionada


do recinto, fechado uma cintura de altos
com a amplidão por

prédios" . ■
íj c ^
Co-
Nesse mesmo ano,' era aberto concurso para o Monumento
. Xu^r. So
memorativo da Guerra Peninsular", polemicamente ganho pelos
92

irmãos Oliveira Ferreira, embora o projecto de arco de triun

A
fo de Ventura Terra fosse incomparavelmente superior. cons

longo das décadas em que as Avenidas


trução vai arrastar-se ao

vão sendo edificadas e, em 1926, o vereador A. Guisado, criti

cando o envolviam, afirmava que "melhor seria


os tapumes que
(...) deixá-lo a descoberto pois sempre ficaria mais decente"

(112). Tal como acontece com a estátua ao Marquês de Pombal,

serã feita pelo Estado Novo em 1933 e de


a inauguração apenas

la José Augusto-França fez a justa apreciação: "De todos os

do de novecentos, sendo o mais vistoso


monumentos principio
é dos
e o mais ingénuo, o que melhor acerta com o gosto pro

dos palacetes farfalhudos das Avenidas Novas -


ao
prietários
cimo das como propositado resumo estético" ( 1 1 3 )

quais se ergue
E esse "resumo estético" desfraldado cerca de 30 anos depois

da construção dos primeiros"palacetes farfalhudos", num con

texto político e cultural tão diverso, podia afinal enfilei


do "João Gonçalves Zarco" de 1927 e do breve sur
rar, apesar

to de modernismo escultórico, dentro da próxima "idade de ou

ro da estatuária nacional". Se o gosto arquitectónico parecia


ter mudado radicalmente, o imaginário lisboeta esse continua

mais discretamente, comover-se com o "vistoso"


va, ainda que a

"
e o ingénuo" .

3.2. As Avenidas paralelas e incidentes

Em relação à Av. Ressano Garcia, duas diferenças fundamen

tais são imediatamente detectáveis nas restantes Avenidas até

1910. Primeiro, o ritmo muito mais lento da construção, sobre

tudo nas Avenidas mais a norte, nomeadamente José Luciano e

Barbosa du Bocage em que não se constroem mais de seis edifí

cios. Mesmo na António M. Avellar, a edificação avança muito

lentamente, irregularmente distribuída nos primeiros quartei


rões, enquanto, acima do cruzamento com a Hintze Ribeiro, ne

nhuma edificação parece existir. Quanto à Pinto Coelho, ela

está nas circunstâncias da José Luciano e Barbosa du Bocage,

praticamente semi edifícios e aliás por abrir nos troços supe

riores .

muito
Em segundo lugar, a qualidade arquitectónica, com.

poucas excepções localizada quase só na António M. Avellar

e, já secundariamente, na Duque d 'Ávila, ê evidentemente me-


93

nor e a intervenção de arquitectos quase inexistente para lã


das duas Avenidas citadas. Também a variedade diminui, a favor

de uma maior repetição de certos modelos simplificados.


clara hierarquização das Avenidas em
Aparece assim uma

de de construção, vai da Ressano Garcia


termos qualidade que

â António M. Avellar e desta à Duque d"Ávila. Nos períodos se

guintes veremos que a ordem espacial não será respeitada e,

obras mais significativas do


nas Avenidas a norte, surgirão
que nas centrais -
João Crisóstomo, Miguel Bombarda, Visconde
mais
Valmor -

que, com uma ou outra excepção, serão sempre as

pobres em termos de arquitectura.


Também um certo sentido na distribuição relativa de pré
observámos Ressano Qarcia, com uma ten
dios e moradias que na

dência evidente para estas se concentrarem em núcleos à volta

dos gavetos, deixa agora de ser detectável. Curiosamente, es

tas Avenidas que terão no conjunto muito maior percentagem de


Ressano
prédios do que de moradias, quando comparadas com a

são sobretudo moradias que se constroem


Garcia, neste período
na António M. Avellar onde havia, até 1910,
particularmente
apenas 4 prédios e, pelo menos, 12 moradias, o que nos parece

efectivamente a função urbana destas novas áreas


apontar que
da cidade só muito lentamente vai sendo adquirida e que, em

relação à cidade, elas são de imediato uma oferta excessiva.

Encontramos à partida, na António M. Avellar, projectando


dos encomendadores os mesmos nomes de
habitações próprias ,

Ventura Terra constrói, em 1905, o nQl para Sil


arquitectos:
Norte Júnior a casa de Malhoa com o ne6 também, em
va Graça, ,

1905, Nicola Bigaglia, logo em 1904, o n248 em gaveto sobre


jã mais tarde, 1909, o 56
a J .Crisóstomo, Álvaro Machado, em

para Avelino Lopes Cardoso.


A casa de Ventura Terra é, neste caso, sobretudo a casa

de J.J. Silva Graça. José de Figueiredo que a analisa na Arqui

tectura Portuguesa (1 14) afirma que "proprietário e arquitecto

estudaram-na nas suas menores minúcias e aquele (... ) tornou-

-se num verdadeiro e valioso colaborador de Ventura Terra".

não utiliza os tijolos senão "nos fundamen


Deste modo, a casa

tos" por o proprietário ter chegado "à conclusão de que o em

material era nocivo a saúde", como também nao


prego desse para

entre os vários andares "um


existe nem entre as paredes nem
9 4

único vazio tornando-se portanto impossível a existência de

de confinado" "todo aproveitamento do edifí


depósitos ar e o

cio (foi) feito em harmonia com a necessidade da pessoa a que

era destinado".

Mas V* nesta imensa habitação de luxo -que virá a tornar-

-se em 1930 o hotel tão desejado nos anos 20 e nunca construí

do -
a marca do arquitecto é evidente e José de Figueiredo,
que tanto o criticara cinco anos antes pelo seu pavilhão pa

ra a Exposição Internacional de Paris, caracteriza-o aqui com

rigor: "O volume é de resto para Ventura Terra tudo. Quando

constrói não procura nunca desenhar, modelando à superfície


das paredes combinações mais ou menos consagradas". E jã antes

dissera "Ventura Terra detesta os placages e abomina a


que
daí pouquíssimos capiteis e nenhumas
mentira", "poucos ouros,

alegorias simbólicas".
De modo muito diverso do que fazia na Ressano Garcia, mas

Ventura Terra valoriza sobretudo a fun


com garra semelhante,
ção "casa", na sua utência sem dúvida, mas não menos na sua

então deve servir


componente simbólica. E a "casa", se as pes

soas, serve também a rua e alidade.


i
Hoje dificilmente podere-
mos visionar este corpo compacto mas acolhedor pela multipli
cidade de varandas e jardins de inverno, pelo ritmo das esca

das e pelo imenso jardim, sinalizando à distância, acostado

ao torreão, a entrada de uma nova cidade.

Pouco acima respondia-lhe, num jogo alço sibilino de opos


Norte -1
tos e subentendidos, a recente casa de Malhoa com que

Júnior iniciara a sua carreira. Tudo era de facto diferente.

pelo fausto contra o ridente pequeni


A opção pela grandeza e

no. Os jardins solenes contra os canteiros e os vasos nos a-

O da fala sombrio das grandes superfícies rit


legretes. gosto
repetidas das jane
madas apenas pelas esquadrias precisas e

las das molduras contra os coloridos frescos de azu


e cegas

lejos, invadindo com risos irregulares todas as superfícias


disponíveis, já fraccionadas pelos diferentes desenhos das

aberturas. A entrada majestosa e delicadamente distanciadora

convidando-nos a todos
contra essa porta quase entreaberta,
a estar como em nossa casa. A construção que se adivinha ri

arrancada da terra com saber e trabalho contra o ges


gorosa,
to despreocupado de uma mão hábil que vai compondo ã superfí
do chão desenho ali. E todavia, raramente duas
cie o aqui e
95

habitações devem ter sido tão certas. J.J. Silva Graça e J.B.

Malhoa tiveram com certeza a casa dos seus sonhos. Amavam-na ,

ajudaram-na a construir e viam-se nela. A arquitectura foi aqui


um espantoso instrumento de explicitação de gostos e imaginá
rios cruzando-se num mesmo momento. Confronto nunca chegou a

existir porque o burguês lisboeta era citadino como Malhoa,


im
não como Ventura Terra e os gestos de cosmopolitismo se o

redimiram. Será, naturalmente, a casa de


pressionaram nunca o

Norte Júnior que se prolongará pelas Avenidas em réplicas su

cessivas de si própria.
Na imensa Avenida que assim estimulantemente se abria,

nada mais de verdadeiramente interessante existia nesta época.


de nQ48 afirmava ecletismo amável do au- *'-*-
A casa Bigaglia no o

tor que aqui abandona as referências estritas ao seu italia-

nismo por um gosto mais desenhado ã superfície, detendo-se na

moldura da janela principal numa sinuosidade algo arte nova

na sua feição mais imediatamente cativante. Este traço fácil

viria a fazer escola também e, como jã sugerimos, não será

difícil fonte exemplo de um construtor como Jo


ver aqui a por

sé Rodrigues Prieto que encontrámos como autor dos ns>s87 e

89 da Ressano Garcia e mesmo de algumas moradias que Miguel


Nogueira mais tarde construirá.
De maior qualidade era a casa de Álvaro Machado. Reali

zada em 1909, quando o modismo neoromânico cedia já ã apropri- V

ação eclética e superficial de Norte Júnior, é sobretudo no

tável pela articulação de volumes num lote estreito e profun


do que gera uma discreta fachada sobre a rua em que o toque

de originalidade se centra nas mísulas que sustentam a peque

na varanda descentrada do leandar. Reunindo no mesmo edifício,


aliás como sucedia jã com o colégio da Ressano Garcia, um

consultório e uma casa de habitação, a disposição é feita

com um sentido de utência claramente assumido onde a colagem


decorativista em voga não tem cabimento e o resultado expri
valores de uma residência urbana de qualida
me com rigor os

de, o na época quase só Ventura Terra e Raul Lino, quando


que

nisso se empenhavam, souberam fazer.

Além destas três moradias, edif icaram-se nestes anos, na

António M. Avellar, um núcleo significativo de outras, sobre

tudo nas frentes de quarteirão entre a Duque dX.vila e a Hin

tze Ribeiro que aliás será completado, com a mesma vinculação


96

nos anos iniciais do 2° período cronológico que de


de gosto,
marcámos .

Muito semelhantes entre si, apontam para a predominância


de uma volumetria cúbica muito tradicional em que a articula

ção das massas se submete a uma composição elementar. 0 gosto


na decoração dos vãos, quase sempre finamente emoldurados,
os frisos em estuque, a utilização de fechos e mísulas, o re

corte das cimalhas tendem, com maior ou menor eficácia, a a-

proximã-las de um modelo ideal de palacete urbano que tinha,


como vimos, no n2l8 da Ressano Garcia o seu exemplo mais gran

dioso.

Tanto o n252, torne jifando para a Av. J .Crisóstomo, cons

truído em 1906 pra L. Bernardo da Silveira Estrela, promotor

que nos anos seguintes edificará mais algumas moradias na mes

ma Avenida, como o n277 em gaveto com a Hintze Ribeiro, de 1908,

são protótipos deste tipo de gosto, adoptando soluções diver


sas na organização de um lote de gaveto que o 12 ilude, ocupan-

do-o com o jardim -

solução que no período seguinte voltará

a ser adoptada na mesma área -

e que o 22 assume com uma nobi

litação do corpo central. Todavia, num e noutro, é a mesma

opção por um tipo de fachada que valoriza especialmente um i-

maginãrio de estabilidade a que curiosamente se opunha a diver

sidade de soluções que encontrámos na Ressano Garcia.

Em versões mais modestas e menos coerentes, integram-sc


também no mesmo tipo de gosto os n2s51 e 53 de 1905 e o 79 "■ -

já de 1910.

Como autor de n2 77 encontramos pela primeira vez o

arquitecto Jorge Pereira Leite que é algumas vezes citado na

Construção Moderna realizando sempre, no caso de moradias, pro

jectos idênticos. O ns 52 que inicialmente apresentava um de

senho muito modesto, apenas grosseiramente esquissado nas pe

ças gráficas que acompanhavam o pedido de construção em 1906,


sofre em 1910 obras nobilitantes, consistindo na ampliação
de mais um andar amansardado e na criação de dois jardins de

inverno nas traseiras, abertos por graciosas janelas de suges


tão palladiana. O autor destas alterações feitas para o novo

Comendador Evaristo Lopes Guimarães, foi certa


proprietário
mente também Jorge Pereira Leite, de acordo com a reportagem

que , em 1913, aí reaLXza O Ocidente (115) que lhe atribui aliás

toda a construção.
No no280 da Construção Moderna em que se publica o pro-
97

de
jecto para o n2 77, o articulista esclarece que sejtrata uma

de Crédito Edificadora Portuguesa "con


construção da Companhia
há trinta anos tem feito em
ceituada empresa construtora cue

arredores centenas de construções em que tem firmado


Lisboa e

dos seus contra


os seus créditos de seriedade no cumprimento
tos (...)" .Não é todavia a "Companhia" a responsável pelo gos

to das habitações já que, nos mesmos anos, realiza também os

projectos de Norte Júnior na Ressano Garcia: os proprietários


ela têm recorrido, têm sempre encontrado uma inexcedí-
"que a

do
vel boa vontade e rectidão, auxiliada pela competência seu

hábil construtor, sr. Pires" Parece assim evidente


antigo e .

nestes constroem na António M.


que os proprietários que anos

Avellar, ao contrário dos da Ressano Garcia, escolhem um tipo


nu
de moradia em que Jorge Pereira Leite se especializa que,

ma resistência evidente aos ecletismos, arte nova , rústico, neo-

partido do classicismo, nas


romãnico ou português, adopta o

versões académicas que o século anterior divulgara .Como se

social existir da Aveni


a uma certa estratificação que parece

da as outras, correspondesse uma estratifica


principal para

de de imaginário: as classes médias assumem os va


ção gosto e

da discrição em oposição à vontade de


lores da permanência e

luxo ostensivo e exótico de alguma burguesia mais abastada.


melhor se recordarmos que Norte Júnior pro
Explicar-nos-emos
António M. Avellar Malhoa a sua moradia mais dis
jecta na para
transeun
creta, jogando num gosto grácil, simpático a qualquer
na Ressano Garcia, nos anos imediatos, realiza
te, enquanto

espectaculares e rebuscados palacetes. E mesmo quando, à medi


anos 10, a encomenda tende cada vez
da que se progride nos

mais nivelar-se este último modelo, mesmo nas Avenidas


a por
traduzindo assim generalização dos valores
secundárias, uma

de ostentação mias óbvios que atingem a máxima expressão nos

o número de realizações mais


anos do pós guerra, veremos que

extremamente reduzido, e mesmo esse pene


ostensivas é afinal

imposições de pou
trado, mais ou menos subrepticiamente , por

lhe atenuam as pretensas marcas de diferença. É a-


pança que
convém à burguesia lis
final o modo de estar mdio-burguês que

boeta e isso, muito mais que os escassos modelos exóticos


por
Ressano Garcia, são os da An
que se construíram sobretudo na

tónio M. Avellar, securizantes pelo tradicionalismo das volu-


metrias e pelo simbolismo recatado da decoração, que irão po
esses dois grandes eixos.
voando as Avenidas perpendiculares a
98

É o caso precisamente do n2 73-75 da Avenida Duque d'Avi- :Kyv-T 7

la construído em 1905 para Paiva & Irmãos, promotores de al


guns prédios da mesma Avenida. O construtor responsável foi

Joaquim Francisco Tojal e ignoramos se há nome de arquitecto


a quem atribuir o desenho cesta moradia de vocação palaciana,
organizada em r/c e 12 andar. O corpo nobre, enquadrado por
pilastras adossadas que se repetem nos bordos ,engrandece-se

pela varanda em cantaria do 12 andar, pelas janelas de saca

da geminadas envolvidas em molduras e pelo recorte da cimalha

que de certo modo unifica o mesmo motivo que se anunciava já


na porta principal, dentro de um esquema morfológico que o

século XVIII pusera em moda. As cuidadas cantarias das janelas,


o requinte minucioso da decoração das mísulas, fechos, moldu

ras, pequenos frisos ou grinaldas, que afirmam na pedra a mes

ma capacidade de artesania que a porta de madeira ou o portão


de ferro igualmente manifestam, são instrumentos fundamentais

da imagem, de luxo discreto e urbano que não precisa de recor

rer aos riscos incertos dos novos modelos de fachada para a-

firmar a riqueza e o bom gosto. A arquitectura surge assim

como ténue interventor de uma realização que quase tudo deve

ã qualidade de uma magnífica construção tradicional , unifican

do um conjunto de práticas artesanais em que o labor da pedra,


>y-"
da madeira, do ferro ou do gesso se revestiam de importância
e de um tempo de intervenção concreto idênticojao do pedrei
ro. E são esses tempos e saberes empíricos, largamente conso

lidados por gerações de artesãos ou de operários, que dão o

tom de grandeza e distinção a habitações como esta. A burgue


organização social
sia era aqui herdeira plena dos esquemas de

que haviam beneficiado a nobreza


,
em que a qualidade era uma

discreta voz que canalizava para si os labores dedicados c

de uma sociedade tradicional que não punha em causa.


antigos
dinheiro ainda cidade dificilmente se
O tempo não era na que

industrializava. Por isso as casas burguesas como esta cons

truída para uns Irmãos Paiva se pareciam tanto com os palace


tes da nobreza. A ausência de valores próprios que poderiam
testemunhar não são aliás muito conclusivos. No lote confinan

te, no n2 71 por exemplo, outra opção se adoptara.


Trata-se de um dos edifícios que Bigaglia projectou para yi.ry í ',

a Av. Duque d 'Ávila nestes anos, precisamente em 1906 para

António Pereira de Matos. Segundo o projecto apenso ao pedi


do de construção, l\sa^cà^*^z-&rr&$a moradia também de r/c e
99

uma referência de gosto que, mais eclé


12 andar, apresentava
contudo no mesmo univer
tica do que a anterior, participava
filtrada pelas práticas e aditamen
so de citação academizante,
utilização dos modelos.
tos empíricos defnuitos anos de mesmos

0 construtor responsável era João Rogrigues Sebolla que encon

o n2l8 da
trámos com a mesma função no sumptuoso palacete com

Ressano Garcia ou no n2l da mesma Avenida .Embora o processo

de obra nenhum outro projecto apresente, sabemos pela Constru-


houve uma significativa alteração. Deci
ção Moderna(116) cue

dindo construir mais um andar, constituindo um fogo indepen


confiou realização a Nicola Bi
dente, o proprietário a nova

organização morfológica do
gaglia que, conservando a r/c_,em
que se salienta um arco abatido falsamente apoiado lateralmen
submete toda a fachada
te em dois pares de pequenas colunas,

a um gosto mais liberto da citação de escola, imprimindo-lhe


a sua inconfundível maneira: na distribuição dos vãos que se

miniaturizando de certo modo toda a composição, de


encurtam,
corada na cimalha com os habituais motivos de fechos verticais

ecleticamente interligados em pequenos frontões. 0 resul


aqui
tado era mais um produto dessa ambígua tipologia de prédio-mo-
radia de encontrámos diversas manifestações na Avenida Res
que
traduzindo de outro modo as hesitações de uma
sano Garcia,
imobiliário
burguesia endinheirada, tentada pelo investimento
e medíocre ma
mas incapaz de o transformar ainda numa simples
dos constru
quina de rentabilização como faziam jã a
ájmioria
tores civis.
também nes 4 2 e 4 6 da
A mesma situação é manifesta nos

1905
mesma Avenida, ainda de N. Bigaglia. Construídos em 1904 e

para Marcelino Augusto Branco, eram dois pequenos prédios-mo-


on
radia, de r/c e I2andar, constituindo fogos independentes,
de o arquitecto misturava, num ecletismo fácil e de agrado
recorte dos vidros, nos
pobres referências arte nova no
-

certo,
florais que ornamentavam as molduras inferiores das
motivos
recorte dessas molduras -
com
janelas do isandar, no próprio
os frisos de azulejo de gosto tradicional, o conjunto mergu

lhando aliás numa certa ingenuidade espontânea de composição


não chegava para equilibrar a pobreza manifesta
que todavia

de todo o programa.
Finalmente, na Avenida Praia da Vitória, tornejando para
do Saldanha, Norte Júnior projecta já em 1910, para
a Praça
considerado um mode-
Nuno Pereira de Oliveira o que pode ser
1 oo

lo de gosto intermédio entre a sugestão do palacete e as mo

destas vivendas de Bigaglia que citámos, todavia penetradas


de citações de moda, que, mais do que qualquer delas, será o

veículo fundamental da expressão mais sociológica que arqui


tectónica das hesitações da burguesia lisboeta entre o luxo

e o recato modesto que, de modo idêntico, se manifestavam

também tanto na ordem económica como na cultural. Com o tem

esse modelo involuirã para réplicas cada vez mais pobres


po
e modestas, mas aqui trata-se ainda de uma curiosa fusão, mui

do volúvel certeiro do arquitecto, entre


to própria génio e

a ostentação deliberada das moradias que edificara na Ressano

Garcia e a sua proposta inicial, algo juvenil e sensivelmente

termos do proprietário, fora a casa Malhoa. Das


pensada em que

primeiras possuía o luxo das cantarias monumentalizadas em

dois frontões coroando os corpos laterais e a entrada abrindo-

-se entre uma curta coluna profusamente decorada de grinaldas


e máscaras, citações ecléticas de escola que o homem prático
Júnior ia tornando tende a olhar com crescente
que Norte se

sobranceria. Mas as proporções gerais, a organização das mas

sas em volumetrias de simplicidade elegante, o átrio de entra

da abrindo-se por um portão de ferro forjado, material também


utilizado nas varandas e no coroamento da cima-
profusamente
lha, os frisos de azulejos, um certo amaneiramento grãcil na

distribuição dos vãos e na diversidade das suas molduras, da

vam à moradia um evidente ar de família com a casa Malhoa de

deve ser considerada uma variante, mais urbana e impessoa-


que

lizada.

Melo Matos que a analisa na Arquitectura Portuguesa ( 1 1 7)

sabor da fantasia, traçando arcos de


evoca "o lápis (...) ao

volta abatida que soube combinar com rígidas padieiras e arca

rias de volta inteira , geminadas todas. Os balcões de sacada

assentando em encachorramentos e a variedade das ornamentações


nos extremos do edifício mostram a pujança imaginativa do ar

tista". A arquitectura era isto. Esse toque fácil e rápido,


as colunas, os fechos, os estuques lavrados ,
misturados sempre

brincada trazia "assim a-


numa composição original, algo que

quela praça tão deserta, quanto vasta a obra inconfundível

de não quer subordinar-se à burocracia" Ao contrario


quem .

dopalacete n273 ãa Duque d'Avila ou dos que começavam a pon

tradicionalismo dava
tuar a Cinco de Outubro, a opção pelo
do escola legara, numa exi-
lugar à citação displicente que a
101

bicão de luxo mais imediato, acessível aos sonhos de todos

os novos ricos recém chegados, projecto de nivelamento que Nor

te Júnior soube incomparavelmente organizar.


Jã antes, em 1908, o mesmo arquitecto realizara .^o n220 -j

da Visconde Valmor, ao lado do palacete que Terra três anos

antes moradia Constantino Quadrio de Car


projectara, uma para
mais afei
valho que era uma variante pobre dos seus projectos
isso mesmo, a obra de
çoados e que, por procurava provar que
todos orçamentos. Trata-se
arquitecto era compatível com os

de um vasto edifício que curiosamente funde a volumetria tra

lisboeta pesada compacta, arti


dicional do pequeno prédio e

culada ritmo das aberturas, pelas estreitas varan


apenas pelo
eventualmente, as faixas de azulejos
das de ferro forjado e, ,

com um lateral onde a atenção do arquitecto se concen


corpo

tra, dominado pelo arco redondo da varanda do 12 andar, pre

facto meramente decora


tensamente de peso neoromãnico mas de

tivo, impressão que a moldura em estuque claramente reforça.

O coroamento deste um frontão em linha quebrada cen


corpo, por
tralizado pela mal inserida decoração floral de gosto academi
zante é ainda outro acrescento que nada tem a ver com o res

to, provocando uma desagradável articulação com a pobreza ex

furtadas. Obra evidentemente menor, no cata


cessiva das águas
ela
logo já vasto de variantes que Norte Júnior ia compondo,
mereceu contudo, tanto como as anteriores, os elogios rasga
1 1 8
dos de A Contrução Moderna e de A Arquitectura Portuguesa ( , .

prédio modesto, dei


8 palacete cedia aqui ainda à citação do

xando perceber quanto era afinal a sólida construção civil

tradicional estética empírica o verdadeiro ali


de prática e

desta lhe colava depois a marca de um


cerce arquitectura que
atitude abusiva
luxo de época, aqui modesto e
disconforme_, na

de toda a cidade que ia entendendo e vivendo a civilização co

mo um toque superficial de adereço sobre os corpos rígidos


não sabiam introduzir a flexibilidade.
e antigos em que

Assim Norte Júnior ia impondo a moda. E os discípulos


foi Fernando Soares que realiza
começam a surgir. O principal
n2l4 da Av. Praia da Vitória, pequena moradia arti
em 1910, o

culada, como se vai tornando hábito em dois corpos, o menos

dos destacando grandes janelas, mais


extenso quias avança,

coroada de frontão. Este des


vasta e ornamentada a do igandar,
locamento do corpo nobre para um dos topos da construção, re-

tirar.do-lhe a porta de entrada, é afinal a única inovação


102

destas fachadas, gesto superficial de quem pretende introdu

zir certa liberdade em estruturas


a displicência e uma que

incontestadas. A utilização das molduras, das gre-


permanecem

lhagens e dos frisos de azulejos de pobre sugestão arte nova

comungam nessa mesma maneira de vulgarizar o que poderia con-

siderar-sejo vocabulário decorativo moderno. Todavia, a perma

nência do gosto pelas citações académicas, a insinuação de

uma certa rusticidade, sobretudo a composição global, herdei

ra directa das práticas tradicionais de edificação lisboeta,


dotam de evidente modéstia estas moradias, onde o gosto Nor

te júnior se cristaliza. Ser moderno é apenas um vago requebro


do corpo que depressa se recompõe na disciplina geométrica do
frontão e se espraia apenas no espaço breve e marginado das

varandas e dos frisos de azulejos, eventualmente na riqueza


emblemática de um vitral.

referências participa n220 da Hintze Ri-


Destas mesmas o
;u:;t çy

beiro de 1905, mandado edificar pela "Construtora Portuguesa


J.
de Amado & Santos", com plantas assinadas pelo arquitecto
Santos não voltaremos a encontrar: no 12 projecto, apenas
que

com r/c e I2andar,era talvez a sugestão de Bigaglia que pre

dominava, no desenho em linhas oblíquas das sacadas do Man

dar que se insinuava também no recorte inferior do corpo cen

tral do r/c, numa apropriação bastante desajeitada do que era

gosto de moda pela diversidade das linhas de composição.


um Con

tudo esta tosca vontade de fazer moderno se era contrariada

toda a articulação volumétrica, mais evidentemente o foi


por
ainda 22 projecto, se acrescentou um andar amansar-
quando, no

dado onde a opção por uma maneira mais académica, introduzia

um remate pesado e eclético num conjunto que quisera apostar


na fragilidade sugestiva dos tempos modernos.
Ainda em 1910, Fernando Soares constrói na Av. Júlio Dinis
-ji.-v>r t t

uma moradia para Guilherme Nicolau dos Santos que representa


um outro modelo que pela primeira vez encontramos jã que a

casa de Lino de 1904 da Avenida Ressano Garcia era sobretudo

a opção pela rusticidade que assumia. Por evidente exigência


gosto ornamen
do encomendador ,
o construtor ultrapassa aqui o

tal ingenuamente captara em divulgações muito secundárias


que

do formulário arte nova, resituando-se na moda neoromânica

é todavia só o desenho de alguns arcos inteiros


-

que quase

envolvendo os janelões , lateralmente apoiados em colunas -


es

manifesta no movimento
batida numa apropriação "portuguesa",
103

dos telhados duplos e sobretudo nos beirais que se estendem

à porta principal. Determinados pormenores, como as janelas


geminadas do r/c ou a que lhe corresponde no l2andar, com uma

marcação de colunas verticais ou ainda as molduras salientes

em, segmento de círculo de outras janelas, são fragmentos de

um certo entendimento do renascimento português que se torna

rá, sobretudo no resultado nobilitado do solar . seiscentista

ou setecentista, outra componente de importância crescente

nesta procura arqueológica do estilo nacional. E embora já


desde os começos do século a questão viesse a ser ventilada

e quase todosbs arquitectos que temos encontrado -com a ex

cepção clara de Ventura Terra -


tivessem jã apresentado pro

jectos mais ou menos fantasiosos de "casas portuguesas" que

bebiam todos nos desenhos iniciais de Raul Lino, só a partir


de 1910 o formulário se generalizará, em concretizações mais

ou menos conseguidas. Encontraremos algumas delas precisamen


te no período seguinte, bem aclimatadas na ambiência de um

certo retorno às origens que a República quis ser, em termos

sociais e ideológicos.
A destas moradias mais elaboradas, outras mais modes
par

tas se continuavam a edificar, que eram ainda apropriações


simplificadas do palacete urbano oitocentista -e o caso, por

exemplo do n235 da Hintze Ribeiro, de que foi construtor res

ponsável Zacharias Gomes de Lima em1909. A modéstia assumida

do programa dispensa o emblema nobilitante habitual, consti

tuído pela porta central formando conjunto com a janela de

sacada do I2andar e o frontão para adoptar a entrada lateral

efc> ritmo simples dos vãos que apenas a varanda recortada do

l2andar dinamiza. Assim se provava, neste final da 1 ãdêcada

de construção nas Avenidas Novas, quanto, apesar de todas as

divulgações engenhosas de Bigaglia e depois Norte Júnior e

mesmo Fernando Soares, apoiadas e incentivadas pela crítica


das da especialidade, muitos continuavam
empírica revistas

tradicional de habi
a preferir ^imagem modesta, securizante e

tação de qualidade que o século anterior legara à cidade.


Definitivamente abandonada como modelo hipotético para

as Avenidas Novas estava a tipologia Chalet de que existe to

davia um bom exemplo no nõ21 da Duque d~Ávila construído pelo


conceituado Frederico Augusto Ribeiro para Librada Garcia,

num local próximo da ligação da velha estrada de Arroios com

a do Arco do Cego, fora evidentemente da malha ortogonal das


104

Avenidas Novas. A sugestão de subúrbio do seu corpo lateral

erguido em imagem ingénua de torreão que o telhado de quatro

aguas coroava se estava ali certo, não convinha evidentemente

à cidade nova que os elécticos haviam, permitido nascer.

Se na edificação de moradias se assiste nestas Avenidas

a uma tal diversidade de propostas, sob o denominador comum

de empobrecimento dos modelos que encontrámos na Ressano Gar

va
cia, os prédios de rendimento são^mais claramente, apenas

mais do gosto tradicional que o n246 da Av. Res


riantes pobres
sano Garcia particularmente ilustrava. Aliás é o construtor

desse edifício, Joaquim Jfrancisco Tojal, que encontramos,


responsável pela maio
nestes anos, na Av. Duque d 'Ávila como

ria dos prédios edificados, em que se salienta os n2s63-69,

Pinto Coelho, o 79 e o 131, respectivamente St


tornejando para a

de 1910, 1905 e 1908. De uns para os outros, a diversidade

dos recursos decorativos é quase inexistente: de facto, a

molduras fechos de algumas janelas do 79


maior riquezajdas e

andares do
pequenos círculos centrais que pontuam
ou os os

significativa/nestas facha
131, nâo criam nenhuma diferenciação
das ritmadas sobriamente pelas varandas de ferro forjado, a

habitual distribuição dos vãos, o recorte das cimalhas em de-

dificilmente
sornamentados frontões, as\faixas de azulejos que

dinamizam esses vastos corpos, onde um certo predomínio do

anonimato tende a instalar-se. Todavia, ao contrário do que

construção obedece
irá acontecer no período seguinte, a sua

ainda a padrões tradicionais de qualidade que, sem recorrer

dos internos nem a modernos


a uma racional organização espaços

materiais, garante uma dignidade de utência e mesmo de organi

zação das fachadas que asgerações de "gaioleiros" que estão

na forja dificilmente manterão.


do menos rígidos das mora
Aqui, mais que nos programas

dias, se revela quanto este início de século deve em arquitec


tura tudo aos anteriores, situação que foi, alias, imprimin
do às Avenidas o cunho lisboeta, mediano quando não franca

manifesto exemplo no vasto gaveto da António


mente pobre, por
d 'Ávila, construído em 1906, onde o o-
M. Avellar com a Duque
rendimento se multiplica em iXdulos, deixando pres
bjectivo
viver a proximidade de algumas
sentir um estrr^eto que apenas

moradias gratificava .As traseiras, por outro lado, garantiam


a vida activa, monotonamente quotidiana que o espaço acumula

ferro das marquises e das escadas de


do dos lociradouros, o
105

serviço enquadravam. Contudo, a cidade não se transplantava


facilidade promotores pretendiam de
com a oprotunista que os

modo que estes prédios modestos ,de três andares, perdendo as

ruas estreitas e acidentadas que pela Lisboa velha lhe cons

tituíam o chão, emudeciam sem expressão, nesses imensos cru

zamentos onde nenhuma animação urbana existia ainda.

Mas o movimento anunciava-se imparável e a actividade

dos construtores a alastrar :J .F. Tojal alem


principais começa ,

referimos, constrói 1910, outro vasto ga


dos prédios que em

JC
veto entre a Pinto Coelho e a Praia da Vitória, com uma orga-

tem
nização morfológica praticamente igual às anteriores, o que

certamente que ver com o facto de serem os mesmos proprietá


rios, dois irmãos Lopes Paiva, que lhe encomendam tanto os

n2s18 como o 28 da Pinto Coelho e aliás também a moradia com,

o n279 da Duque d'Ãvila.


De construção e organização de fachadas ainda muito sc—

n2s 20 23 da Av. J. Cri- X -

lhantes a estes eram


4 por exemplo ,os e
^
sóstomo de 1905 e 1908, o 16 da Av. Hintze Ribeiro de 1904, oi ,u,..; ,,

18 e 25 da Visconde Valmor de1908 e 1910, estes construídos j^m n

X
ambos para Dominoos Serzedello, o 37 da Av. Pinto Coelho com
jn-iT. <?c
molduras nos vãos geminados dos corpos laterais
requintadas
António M. Avellar de 1905-06, a- 5wn- t-1
e ainda o notável 61 da que

como elemento diferenciador um refinado conjunto de


presenta
entrada principal, com a porta ladeada por duas pequenas jane
las de arcos redondos . Encomendas directas ou não, a finalida

de rendimento é o denominador comum de todos estes edifícios

em uma afirmada planimetria da fachada, acentuada pelas


que
molduras das cimalhas, pelas estreitas volumetrias das varan

referencia um padrão de
das e pelos frisos de azulejos, se a

moda meados do século anterior.


gosto normalizado, posto em em

entre desenho cuidado e firme do «&rge«heir© das 0-


Todavia, o

bras Públicas Rafael da Silva Castro que é autor do 25 da Vis

conde Valmor e possivelmente também do 18 do mesmo proprietá


rio, ou do n261 da António (t\. Avellar de que é responsável o

conceituado construtor civil G.F. Baracho e o n220 da J.Cri-

ssotomo, empobrecido nos emolduramentos , uma diferença se pres

sente a construção verifica: efectivamente, este último


que

prédicjde que foi construtor J.Joaquim Luís Guerra, activo pc-

motor actua nestes anos a par de António Luís Guerra, cer


que
mais antigo prédio das Aveni
tamente seu irmão, parece ser o

das Novas a apresentar sintomas precoces de rúina. Logo em


lUb

prédio está ainda em construção, são pedidas


1906, quando o

alterações, acompanhadas por um sumaríssimo e confuso desenho

sobre a planta, que deixam transparecer, com muita evidência

má qualidade e desonestidade: "cobrir parte dum pátio, trans

formar uma porta em fresta, substituir duas dispensas por ar

mários e suprimir umàretrete" . Por isso, a vistoria em 1926

pôde confirmar "insuficiência das fundações na empena que o

separa do n222 ( . . .
) esta empena af undou-se (...) provocando a

quebra das vergas das janelas mais próximas, desníveis nos pa

vimentos, deepreendimento de alguns azulejos que revestem a

frontaria (...)" , conjunto de observações que se vão tornar

um formulário, abrangendo quarteirões inteiros. O mes


quase
dos n2s 76
mo construtor, ainda neste período, constroifalém
e 86 da Av. Barbosa du Bocage, o n238 da Visconde Valmor que,

1923, também consolidação dos alicerces. Contu


logo em exige
do o n222 da Av. Praia da Vitória de que foi também o respon

sável em 1910, amplo prédio tornejando para a Pinto Coelho,


muito superior e mesmo uma volumetria
apresenta uma qualidade
valorizada ritmo do emolduramento das cimalhas eo
bem pelo
das de sacada geminadas do gaveto.
recorte janelas
A destes prédios, onde a função de rendimento era
par

claramente assumida, edif icaram-se também, nestas Avenidas,

alguns que cabem na tipologia híbrida de prédio-moradia.Re-


entre a moradia com o n235 da Hint
pare-se, por exemplo, que

Ribeiro o prédio da mesma Avenida com o n224-34


ze e pequeno
também de 1909 ou o 31 da Visconde Valmor de 1904, não existe

volumetria de organi
qualquer diferença significativa de nem

duas vez de
zação morfológica. Apenas as portas laterais, em

uma asseguram as entradas autónomas para os diferentes foges.


^
i

Todavia, mais do que nos normalizados prédios de rendimen


^

três assiste-se nestes a uma delibe


to com ou quatro andares,
rada vontade de diferenciação que traduz indo-sdfi um apuramento

iw^na utilização
mais cuidado das molduras dos vãos de peque

decorativas original recorte da cima-


nas pontuações ou num

quem habita senti


lha, visam sempre criar, a e a quem olha^m
mento de distanciação em relação ã cidade repetida e anónima

que a toda a volta irã crescendo.


10/

4. As Avenidas Novas : 1 91 1 -1 920

4.1. A Avenida da República

Como anteriormente referimos, ao contrário do que aconteça

nas restantes Avenidas, a edificação na Avenida fila República


decorre sobretudo no primeiro período, o que talvez seja a ra

zão fundamental para que, neste segundo, encontremos maior nú

mero de obras que são encomendas directas e por isso mesmo mais

cuidadas. j Como veremos, a contrapartida desta situação é a

intensa actividade dos construtires civis em todas as outras

Avenidas. Em. suma, mais ainda do que até 1910, ou pelo menos

como
de modo mais deliberado, a Av . da República distingue-se
de que todos quarteirões envolventes são
a grande fachada os

quase só as traseiras.

Contudo, alguns prédios de rendimento sem,!. reocupa


ainda: logo 1911, o n.28,em yy zS
ções de ostentação se constroem em

vasto a Duque d"Ávila, cuja volumetria se articu


gaveto para
la bem com o n27 9 desta Avenida que anteriormente analisámos, (íUii-
do activo construtor Do- -,usv fcá
os nes 53 e 55 de 1912, propriedade
laterais
mingos Serzedello que encontrámos já nas Avenidas

construindo prédios praticamente iguais e, nos quarteirões


acima do Campo já no final do período, os n2s 76 de
Pequeno,
finalmente 106 de 1919-20. Trata-
1920, 92,94,96 de 1919, o

-se evidentemente de um conjunto heterogenio mas que se arti

cula com as variantes que jã encontrámos, desde a mais sóbria ,

herdeira da vulgarização feita por desenhadores da Câmara do

vocabulário academizante e executada com rigor artesanal como

acontece com o n28 e o 53, àquela que vimos surgir das mãos

escondendo uma real quebra de quali


dos primeiros gaioleiros,
dade de construção sob uma colagem decorati va ,cu jo percurso
do n29 4 ao 76, passando pelo 106, numa linha
podemos seguir
sobre estrutura lhes
ascendente de procura de efeito uma que

é comum.

Protótipo exemplar deste gosto ostentatório é o n2l5,e- r, .. .,

dif içado tardiamente em 1919, quando toda essa faixa da Ave

celebraria dez mais


nida estava jã construída e que se anos

de luxo "Versailles" se instalou


tarde quando a pastelaria
no r/c. O proprietário inicial foi João Antunes Lopes, cens-
108

trutor civil tomarense , segundo o opúsculo de Filius Populi,e


o construtor responsável foi José Thomás de Sousa que, nas
^

restantes Avenidas, muitas vezes encontraremos, quase sempre


de
em prédios de semelhante pendor decorativo, vulgarizações
a Norte Júnior e que têm o
modelos que nos parecem pertencer

seu centro irradiador no n2206-218 da Avenida da Liberdade de

1915 e o melhor conjunto na Duque d'Ávila. O objectivo é defe-

truir a planimetria da fachada, introduzindo-lhe com vigor


a modulação volumétrica, numa articulação mais ou menos con

das bow-windows com a linha recortada das varandas,


seguida
sendo ainda adensado pelo uso abundante de grinal
o conjunto
das, capiteis, colunas, fechos e molduragens pesadas forros ,

de cantaria que, neste edifício, como em tantos outros, são

quase só imitações em estuque.


é ad
Que a mão de arquitecto não tenha passado por aqui
desacerto evidente na articulação de
missível, atendendo ao

numerosos elementos, de que particularmente característico


é

o mirrado torreão, quase escondido por detrás da grande jane

chega a'possuir o efei


la de águas furtadas, e que nem sequer
este
to nobilitante que evidentemente se pretendia. Todavia,
embora não evidenciem senão os nomes do
e outros prédios,
construtor e do proprietário, são certamente desenhos |do pró

Norte Júnior ou de Edmundo Tavares, quer de desenhadores


prio
correntes
que utilizam modelos
e pu
ou condutores de obras

blicados para criar, a partir deles, algumas variantes que,

de alteradas no decurso das obras,


por sua vez, poderão ser novo

deixando transparecer um dinamismo curioso que, sem grande


rico
qualidade, vai criando um tipo de prédio de rendimento

que tardará a morrer, anos 20 a dentro, quando a mutação ra

dical dos meios tecnológicos e outras modas vierem impor um

novo gosto.
de prédios como este não está todavia
0 centro imagético
nas mãos do arquitecto ou do construtor. São o estucador e o

canteiro os verdadeiros autores destas fachadas, onde delibe

radamente parece instalar-se o horror ao vazio e se multipli


com
cam os emblemas ingénuos de ostentação, numa progressão

da intervenção artesanal, criando efeitos


plexa onde a marca

novos a partir deuma gramática relativamente esteriotipada ,

é o elemento valorativo fundamental. Existe aliás em algumas


certa energia de
inesperadas volumetrias de pfjomenor uma

massas que, se não chegam para transfigurar toda a composição,


109

incutem momentaneamente a sensação de que a decoração poderia


nos seus cruzados percursos, o próprio eclodir do
provocar,

dinamismo arquitectónico.
Sintoma evidente de que neste período, na Av. da Repúbli
mais cuidada, embora
ca, se tende a impor uma arquitectura
continuem a não existir directrizes globais, é o que acontece

inicial de 1917 é de um edifício mo- joíst: lo


com o n237. 0 projecto
desto de r/c para padaria, com composição elementar e sem qual

quer valorização decorativa que José Alexandre Soares, arqui-r


tecto da Câmara, não aprova "visto a sua execução numa Aveni

da de tal importância, não ser permitida" ( 1 1 9) . Um segundo


é seguinte, mantendo o vasto edi
projecto apresentado no ano

fício de r/c mas nobilitando-o pelo forro em cantaria e pela


abrindo-se num vasto arco* coroadcyt de iécs« retórica ja
porta,
nela de águas furtadas integrada num frontão. A padaria deve

ter existido com esta fachada mas, em 1919, é pedida a amplia


ção. Neste 32 projecto, a especialização comercial desapareceu
mantendo-se embora o r/c de lojas, e o edifício apresenta dois

Em. 1920, nova ampliação é feita: trata-se então


pavimentos.
de vasto prédio quatro andares, cúpula lateral e
jã um com

um corpo torne jante nobilitado por uma composição ritmada

pelas molduras das janelas. Quando ainda decorrem obras, em

1922, nova alteração é proposta que corresponde ao projecto


definitivo só concluído em 1924: vasto prédio com 5 andares,

de de construção e uma discreta fachada ,em


grande qualidade
que a elegante porta principal e o conjunto de portas de lo
do r/c são úncio vestígio do 22 projecto de 1918, na
jas o

da tendo restado 12.


dopodesto
fora de moda não recorrer aos brilhos fá
Um pouco jã por

ceis e quase sempre falsos da ornamentação e articulação vo

lumétrica em voga, trata-se contudo de um dos mais notáveis

de rendimento da AV. da República que, menos feliz no


prédios
valorizar fa
frontão que coroa o corpo de ângulo, consegue a

chada herdada do prédio de rendimento lisboeta que o


plana,
pombalino promovera, através do ritmo despojado da alternân

das das varandas de diversa extensão, das pi-


cia janelas e

lastras adossadas isolando os corpos de topo e o central e

das molduras horizontais que criam leves áreas de sombra, ar-

ticulando-se com a cobertura de ardósia do último andar. O

requinte discreto da porta principal, cujo desenho existia


110

jã no n246 da mesma Avenida de 1906, é um eco do que acaba- (


va por ficar de uma superficial moda arte nova e as marquises
traseiras, totalmente em ferro e vidro, casando-se bem com

o ferro do caramanchão e do terraço sobre os anexos, são pro

va rigorosa da mestria que a utilização deste material conhe

ceu na época, relegado embora para utilizações menos nobres

e aliás poucas vezes revestindo a qualidade que aqui exibe,


felizmente bem conservada. O mesmo se deve di
excepcional e

zer da magnífica porta de acesso à área residencial, com cer

teza das mais belas realizações do ferro neste período jã a-

vançado e que, ao contrário do que é usual acontecer, é ain

da valorizada pela despojada moldura de cantaria que a envol

ve.

O prprietãrio do prédio na sua última versão é Alberto

Graça e o construtor, que substituiu José da Silva responsá


Martinho que
vel pelos primeiros projectos, é José Rodrigues
encontraremos construindo prédios de qualidade sempre menor.

É altura do último projecto, tenha existido


possível que, na

a intervenção de um arquitecto que o processo de obra não in

dica mas a verdade é que, mais uma vez, a qualidade é devida

sobretudo à existência ainda de um escol notável de operários ,

muito próximos da prática artesanal que, desde que dirigidos


essa finalidade -
e por isso o elemento decisivo é evi
para
dentemente a encomenda -

eram capazes de realizar um edifício

que garantia a riqueza não tanto pela inovação arquitectóni


ca mas precisamente por essa discreta e securizante qualida
de de construção que, em sentido contrário à voga do tempo,
vinha sobretudo de dentro para fora.

Contudo, ê a presença de arquitectos que é determinante

trata de criar modelos. Na genealogia do prédio de


quando se

rendimento vemos multiplicar-se a partir dos anos de guer


que
centro irradiador ne206 da Av. da Li
ra, apontámos, como o

berdade de Norte Júnior. Propositadamente calámos o n223 da 2

Av. da República, construído entre 1911-13 por Miguel Noguei


ra que, pela sua excepcionalidade, não vai conhecer réplicas
directas mas constituiu certamente padrão de referência pa

ra os desenhadores e construtores civis, sempre à procura de

novos adornos para cobrirem as fachadas.

e A Construção Moderna então


Como a Arquitectura Portuguesa

repetiram (1 20 ) , trata-se de "uma construção em que as grandes


talvez sobriedade das
massas predominam, (...) lembrando pela
111

suas linhas, a moderna arquitectura alemã". De facto este no

tável é talvez única obra em Lisboa que olha a arte


prédio a

novação pelas divulgações francesas, sobretudo de revistas,

mas através de exemplos mais depurados que tanto na Alemanha

como na Áustria então se produziam e em que a inovação passa


tanto pela clarificação e valorização dos volumes como por um

arquitectónico, sublinhando vez de


gosto decorativo mais em

esconder ou amaneirar a originalidade da composição. Particu

larmente significativas e inovadoras são então as breves li

nhas verticais gravadas que articulam as janelas do 32 piso

composições vegetais, sublinhando interiormente


enquanto as

os grandes arcos que ligam o 12 e o 22 andar são, pela sua pe

sada volumetria, quase elementos arquitectónicos mais do que

acentuando forte modulação de luz. E se as bow-


decorativos, a

Liberdade hão-
-windows|ao prédio de Norte Júnior da Av. da se

-de fragilizar pelas janelas laterais e pelo rendilhado dos


de valorizam tornean-
suportes, as Miguel Nogueira as massas,

do-as em aresta viva. Quanto ãs águas furtadas, revestidas

em ardósia num toque de exotismo que, mais uma vez, aponta as

utilizadas pelo representam, com os


referências arquitecto,
coroamentos destacados do corpo central e de ângulo, uma ul

trapassagem extremamente original do quase vício em que se

havia transformado a utilização do frontão. Também o» desenhos

dos ferros forjados dos peitoris, varandas e portões muito de

geometrizante já em sugestão artes decorativas, é


purado e ,

uma das primeiras manifestações do novo gosto que só nos fi

nais dos anos 20 de havia de implantar, embora as grelhagens


da cave e, nas varandas, a introdução do ornato vegetalidta ,

maneira arte o arquitecto, activamente eclé


sugira^a nova que

abandonará como as suas realizações mais modestas


tico, nunca j

testemunham. Assim, em termos de fachada, o prédio de Miguel


sobretudo
Nogueira apresenta não só grande originalidade
mas

um vincado tom cosmopolita que ultrapassa sem complexos e com

vontade de diferenciação, os padrões lisboetas habi


legítima
entretecidos entre as inflências de dois ou três arqui
tuais,
tectos e as suas inúmeras réplicas, deixando transparecer uma

maneira de estar muito rara na cultura portuguesa em que a

aculturação dos modelos exógenos sempre predominou!. 1 21 ) .


Con^

tudo, quer no processo construtivo assegurado por Francisco


112

interna do espaço, prédio é mui


Tojal, quer na organização o

to menos inovador, utilizando os materiais e técnicas *«tt*i*

oitocentistas ainda vigentes e organizando o espaço dos anda

res numa multiplicidade de compartimentos que subdividem pro


vincianamente entre si as amplas aberturas sobre as fachadas .

como noutras áreas, a apreensão da modernidade ia-se


Nesta,
vontade de se
fazendo mais como uma legítima alguns(que por

rem portugueses não queriam deixar de


ser europeus do que dum

sentido desejo de inventar novos espaços de vida.

estamos analisando, constroem-se


No final do período que
Av. da República que diver
ainda dois importantes prédios na

linhas mais inovadoras do desenvolvimen


samente apontam já as

da em Lisboa. 0 primeiro é o n293, construído -jytfXz


to arquitectura
em 1919, segundo projecto de Edmundo Tavares ( 1 22 ) ,
num amplo
António Serpa, de foi proprietário inicial
gaveto sobre a que

o construtor João Manuel dos Santos Faria, incluído, no o-

vasto grupo dos tomarenses e que


púsculo de Filius Populi, no

a partir destes anos, será figura de destaque em algumas das


interessantes edificações das Avenidas Novas. 0 nome de
mais

Edmundo Tavares surpreende-nos mais por, nos anos seguintes,

encontrarmos totalmente dedicado à divulgação da mo


o quase

radia â portuguesa, aliás em coerência com os trabalhos que,

em fim de curso, apresentara em 1915 na S.N.B. A. ( 1 23) mas

devemos admiti-lo em fase passageira da sua carreira, exempli

ficada também no conjunto de esboços que sob o adequado títu


n25 de A Arquitectura Portu
lo de "Arquitectura esquissada" o

de Maio de 1919, precisamente lhe dedica.


guesa
Trata-se de um projecto eminentemente eclético, filiando-

-se em modelos internacionais, abundantemente divulgados nas

Lisboa. de
revistas estrangeiras que chegavam a
Osjelementos
ostentação a que recorre -
as pequenas varandas em redondel,

composição da fachada numa


sustentadas por bases de gomos, a

de retícula organizada sobre a altura em que as jane


espécie
inserem, a organização do corpo
las de sacada sem vergas se

dinamizado por pilastras ados


de ângulo, coroado de cúpula e

sadas com uma decoração que vimos anunciar-se em 1913 no pré


mas aqui aparece mais claramente
dio de Miguel Nogueira que

artes decorativas, a moldura em segmentos de


em tipificação
são outros tantos elementos ino
círculo que ritma o 32 andar,
oriundos de um vocabulário formal muito distanciado
vadores,
mesmos anos
já do vitalismo de referência arte nova que nos
113

se manifesta no conjunto de prédios da Av. Duque d 'Ávila ^ue

a seguir analisaremos mas longe igualmente do gosto algo ex

pressionista, pelo realce das grandes massas, que o prédio


de Miguel Nogueira represétava. Aqui, apesar da superabundân
cia decorativa, tudo aponta para a simplificação formal e pa

ra uma nova valorização da parede que o uso do betão irá evi

dentemente determinar. De facto, no corpo principal do prédio,


32 andar, fachada é
delimitado pela moldura que pontua o a

é janela inserida malha da retícu-


gerada pelo módulo que a na

la e os ritmos obtidos resultam da repetição e não da alter

nância ou do desnivelamento. Sobre esta composição extremamen

te simplificada, os elementos de ostentação são numerosos: era

ainda- e nos países que produzem os modelos não é diferente -

a crença ingénua de que o novo mundo aceitaria aliar-se com

o antigo. Nos anos 20, tempo de transição e de cruel medição


de ainda é assim que acontece. EimLisboa, nestes anos
forças,
da
particularmente favoráveis à ascensão dos novos ricos guer

sobre marcas vi
ra que exigem sobre si, como as suas casas,

síveis do seu triunfo, é a eles que convém estes prédios de

uma época de transição mas que se erguiam ainda com a aparen

te garantia de que nada ia mudar.

0 último prédio deste período edificado na Av. da Repúbli


ca, o n24 9 construído entre 1920-22 por Pardal Monteiro para

Luís Rau, clarifica melhor, pelo seu menor ecletismo, as vir

tualidades do prédio anterior.

É um notável edifício tão novo em Lisboa como fora, sete

anos antes, o de Nogueira , que utiliza com hábil contenção

todo o formulário artes decorativas para melhor valorizar a

adopção do ritmo de repetição que gera a fachada. Com a estra

nha liberdade então ainda possível a quem abre os olhos para

os novos materiais com as mãos formadas pela escola tradicio

nal, os elementos simbólicos a que recorre misturam, no novo

vocabulário geometrizante ,
numerosas citações clássicas e, da

recente euforia arte nova, resta ainda um horror ao vazio e

natural uma certa ocultação que moldam nesta ía-


um gosto por

contém já os da normalização internaciona


chada, que germens

lista, ainda urn enquadramento de viver intimista e pessoali-


zado. É contudo evidente os valores decorativos que dina
que
submetem uma disciplina que os res
mizam a composição se a

tringe a determinadas marcações de superfície, enquanto os

elementos mais especificamente arquitectónicos, como seja o


114

desenho dos vãos ou os corpos das pilastras, são ritmados so

bretudo pela força contida das arestas vivas, torneadas em

profundidade, numa exibição volumétrica que, embora diluída

num conjunto predominantemente amável, indica já o caminho de

futuros despo jamentoq.

Todavia, numa área onde o número de moradias era bastan

te elevado, é evidente que eram estas que continuavam ideal

mente a corresponder a um modo de viver privilegiado e, nesta

tipologia, os modelos de Norte Júnior permanecem ainda nestes

anos sem contestação.


Logo em 1911, Fernando Soares, que já anteriormente encon

trámos, constrói ao lado do prédio n242, projectado em 1909

por Norte Júnior, uma moradia para o mesmo proprietário J.L.


-rL\7T a,t-

Vinagre, contigua também ã da Viscondessa de Valmor de Ventu

ra Terra. Em termos de gosto, é muito semelhante â que o mes

mo construtor no ano anterior edificara na Júlio Dinis: de no

vo aqui encontramos, fundidos num ecletismo fácil, citações


de várias modas decorativas do início do século subordinadas
à"maneira portuguesa" que, do aparelho rústico do cunhal, à

utilização dos beirais, do recorte do frontão aos frisos de

azulejos ou à entrada nobre por um, portão, se reduz a um for-

mulãri-ddecorativo. Ao lado do empenhado sentido urbano da ca

sa de Terra, as insuficiências de Fernando Soares são mais e-

videntes: falta-lhe dignidade e dimensão e o portuguesismo


de referência sai diminuído quando comparado com a sóbria u-

tilização dos azulejos ou com a notável distribuição das va

randas em que Ventura Terra recria, com discreto carinho, mo

tivos de arquitectura tradicional. Sobretudo, a casa de F. Soa

res é quase só uma fachada, tudo o que tem a mostrar é exibi

do sobre a rua sem mistério, enquanto a de Terra se esconde

com grande sentido de privaticidade , deixando-nos contudo per

ceber a vida que lhe corre dentro.

É também esse sentimento, simultaneamente convidativo

distanciador segunda de Raul Lino,


e que nos sugere a casa
-fii-A nS
edificada na Av. da República. Ao contrário do que acontecia

com a de Joaquim Ferreira, esta, projectada para Elisa Vaz

em 1913, possui elevado teor urbano e, quando comparada com

as versões de casa portuguesa que vão conhecendo grande voga,


Raul Lino
permite perceber quanto é equívoco atribuir a a sua

Nas casas realizou em Lisboa, nenhuma


paternidade. poucas que
115

se limita a trnspôr a organização de volumes e a articulação


de valores decorativos qua apresentam, aliás com grande diver

sidade, os seus projectos pensados em termos de subúrbio ou

plenamente inseridos na natureza. Se o n264 da Av. da Repúbli


rusticidade, inseria-a contudo numa volu
ca possuía uma certa

metria de amesquinhamento o confronto com


capaz suportar sem

a rua e recusava essa fachada excessivamente amável, em ter

de ritmando as aberturas e as varandas com


mos gosto comum,

um sentido de espacialidade interior que falava completamente


âs variantes de Fernando Soares ou outros. Aliás, essa era

uma das casas menos significativas que Lino então projectou


mas se recorrermos à que realiza logo em 1902 para Ribeiro Fer

reira na Fontes Pereira de Melo, encontramos precisamente


uma notável prposta de palacete urbano, sóbrio e requintado,

que só com o de Terra da Av. da República, poder ser comparado.


A casa que agora analisamos, sem recorrer a soluções deco

rativas, desenvolve a relação com o gaveto em que se insere,,

em termos de utência urbana, simultaneamente funcional e pro

tectora: sem bordar ou ilustrar as margens das Aveni


querer
alarde de
das, sem querer também espantar o transeunte com po

der ou de imaginação, a casa afirma o direito à apropriação


humana da cidade, respeitando-lhe contudo a essencialidade

das grandes redes viárias. Lino não pretende adoçar essa dupla
função da cidade, nemkliãs esconder os desencantos que o ho

mi
mem urbano lã hã-de encontrar, ou seja não se rende nem ao

do â vertigem das perspectivas. Cautelo


to cosmopolitismo nem

samente prefere propor um reduto, em que a funcionalidade e

a clareza dos acessos e das aberturas não oculta as manchas

de sombra só interiormente podem ser iluminadas. E, em to


que
Lino fa
do este diálogo com a grande artéria da cidade nova,

la arquitectonicamente: a volumetria que as fachadas assumem

com vigor é ritmada apenas pelas estreitas pilastras adossa


das unificando o espaço gerador das janelas que se repetem
sem outra variante que não seja a alternância do módulo isola

do com o geminado. As molduras, que superiormente sublinham


articulam-se num ritmo sincopado que dimaniza
as pilastras,
da
toda a composição e é enriquecido pela introdução pontuada
linha dos e das esquadrias interrompidas das jane
alegretes
las, impondo um sentido dominante de horizontalidade que re

a rua aqui funcio


mete para a vegetação, para o muro e para

nando como chão. E, se a verticalidade das pilastras, o pró-


1 1 6

colunas
priofdesenho alongado das janelas e as que apoiam os

alpendres, contrariam essa deliberada opção, o conjunto assu

me as linhas divergentes que o geram e lhe enriquecem o con

fronto com a rua.

Avenidas du
Todavia, nesta época , nas Novas, os tempos
ros que se viviam eram favoráveis a outro tipo de opções ar

quitectónicas. Se exceptuarmos a discreta moradia que, em 1917,

Victor Bastos paSjl^^»*» ijsóíçfser imám B&afesfc projec- lt-uir. <3(T


o arquitecto
ta para Luís Rau, que virá a ser em 1920 também proprietário
do prédio n249 projectado por Pardal Monteiro, caracterizada

impõe qualidade e a deli


por um gosto classizante em que se a

cadeza do trabalho das cantarias , recuperando com outra discri

ção, as referências do palacete n2l8 de 1906, características


t' -

deste peíodo, em termos de habitação de luxo, sao as pomposas

residências com o selo Norte Júnior.

A o|i281 de 1914 é contudo uma das mais modestas


primeira,
que realizou mas logo em 1 91 6_ projecta para Maria Guadalupe \t

Fernandes Mera o n285 em gaveto com a Júlio Dinis, utilizando

como modelo fundamental o n277gde 1908 que engrandece com mais (.luisr 3(

ostentação das alargam e centra


um andarfe maior janelas que se

lizam em si focos decorativos de grinaldas, colunas, vergas e

molduras recortadas, embora a moradia na esquina para a Av.

modulação de volumes mais rica e uma


de Berna possuísse uma

variedade mais empenhada de soluções decoraf tivas . Entre uma

e outra destas moradias, Norte Júnior, além. do prédio da Av.

da Liberdade em se observa já essa evolução para o acentuar


que

da carga decorativa, realizara também outra, em 1914 na Fon

tes Pereira de Melo, em que o enriquecimento dos seus primei


ros modelos está já adquirido, conduzindo a uma diluição vi

sual das massas e da articulação volumétrica, em favor de um

acumulando-
gosto excessivo pela multiplicação dos ornatos,
-se em composições pincturais.
No entanto este n285 se tem em comum comfcssa a sobrepo

sição dos ornatos constitui um programa muito mais pobre on

de a decoraçõí". tem um efeito de colagem. Mas aos olhos do lis

coroada de agulhas, multiplicação de jane


boeta, a cúpula a

las nobres, o corpo florido de ângulo eram símbolos bastantes


breve se tor
de poder e de diferença. A arquitectura que em

naria, com a revolução dos materiais, instrumento fundamental

de nivelamento social, era por enquanto ainda fala ingénua


discursaBdo vontade de exotismos.
117

'
erguia a casa de Lino de 1913,
No quarteirão em que se

a Av. Barbo
surae em 1917, no extremo oposto, tornejando para

sa du Bocage, uma réplica da nova moradia de Norte Júnior,


realizada construtor Artur
projectada por J. Paiva Diniz, pelo
José Nobre de foi proprietário inicial o mesmo JoãoM.
e que

dos Santos Faria dois anos depois, aparece também como en-
que,
comendador do prédio n293.

com r/c e I2andar, portanto de menores dimensões


Apenas
fer
que a de Norte Júnior, distingue-se dela também pelo menor

vor decorativo que traduz não qualquer outro entendimento da

pobre. Falta-lhe o bri


composição, mas apenas um programa mais

lho concentrado das cantarias, a diversidade do recorte das

as mísulas e os fechos de grandes dimensões, mas há


vergas,
como uma frustração implícita por tudo isso lã não estar.
que
do
Como símbolos de grandeza existem contudo o coroamento cor

duas volutas ladeando um grande fecho central,


po de ângulo com

ornamentado com motivos de estuque, e, sobre ele, uma bojuda


cúpula com pináculo e ainda os telhados de quatro águas com

cobertura em ardósia que engrandecem os corpos laterais, jã


destacados da fachada por uma marcação vertical em aparelho
rústico. 0 conjunto alarga-se no gaveto numa desmultiplicação
de motivos, excessivamente simétricos para o partido ecléti
de unificação cue Norte Júnior
co adoptado, sem a capacidade
deixando assim perceber a distan
imprimiaâs suas realizações,
ia dos modelos às réplicas.
cia qualitativa que
únicos afinal
Em termos sociológicos, porém, os em que

a moradia de Santos
vale a pena analisar esta arquitectura,
insuficiências fragilidades da
Faria é tão reveladora das e

sociedade lisboeta que se deleita com estas edificações como

Júnior que lhe atribuir um estatuto de


a de Norte procura
Há modesta
cosmopolitismo, dificilmente convincente.' repe
na

janelas, na estreiteza das varandas, nas


tição das vergasjdas
molduras com marcação em cantaria, no humilde
desajeitadas
a
trabalho de ferro do portão -

quando comparado com o que

casa de N. Júnior apresenta


-
um retraimento quase espontâneo
encomendador e projectista soubessem estar
à grandeza, como se

fato nenhum deles se ia sentir bem.O no


a talhar um em que

vo grupo dos ricos da guerra que habitará casas como


estasj
depressa desejara voltar ao
se teve coragem para enriquecer,
da moralidade e contenção. Outros modelos ar
caminho íntegro
quitectónicos procurará então.
118

Encontramos ainda outra réplica do mesmo modelo: o n984 , nou

tro gaveto, neste caso sobre a Rua José Carlos dos Santos,

construída em 1918 para Alberto Pedroso Lima e de que foi

construtor responsável José Francisco Pires. Trata-se de um

modelo muito sóbrio, assumindo com maior dignidade do que a

moradia anterior a modéstia do programa. 0 desenho das jane


las mais tradicional ilude a pobreza dos emolduramentos , suge

rindo uma assumida discrição que o corpo de ângulo &tr&#gfoiu&-

ijj&Q/tsJfc desmente, colado a uma volumetria global que dele não


precisava. Cede-se então aos elementos ostentatórios com uma

ingenuidade maior do que na casa de Santos Faria: o corpo no

bilitado de cantarias do r/c se colam às do


pelo aparato que

12 andar, procurando criar assim essa mancha de brilho deco

rativo que só Norte Júnior, servindo talvez encomendadores

de maiores meios, sabia resolver, coroado por cúpula com a-

gulha, que funcionava nos exemplos anteriores apenas como zo

na privilegiada e luxuosa de grandes janelões com varandas,

adquire aqui outra funcionalidade ao abrir-se em porta princi

pal. Ou seja, o luxo que os grupos sociais em ascensão procu

ram servir à maneira aristocrata, sem o transformar em utência,


é aqui gostosamente apropriado: de facto, se a moradia tinha

acrescento burguês, pôr aí a porta não era a melhor


aquele
maneira de o valorizar, e afinal de o gozar? Juízo semelhante
pode ser feito a propósito da garagem, anexo que se começa

então a divulgar, habitualmente recuado no interior do jardim,


mas que aparece aqui colado à fachada, numa exibição ingénua
de grandeza.
0 modelo de casa à Norte Júnior conhece ainda variações
encontraremos mais outras
mais pobres, que ,aliás numerosas nas

Avenidas. Ê o caso do n282, pequena moradia^, extremamente mo

desta, edificada em 1920 pelo construtor Costa Pinto do Amaral,

em que o tom da moda se limita apenas a um colado frontão que

mais acentua a elementar iedade do programa. Contudo, a facha

da lateral aproveita o próprio vão do telhado para simular

com ele um outro frontão com estilizado motivo decorativo em

que um certo sabor artes decorativas é jã perceptível.


Todavia, como inicialmente referimos, situações destas

tornam-se raras na Av . da República, então mais claramente vo

cacionada de outra grandeza. Vimos também que


para programas
em nestes anos
a grandeza lisboeta, quando expressa casas,

finais da República, elabora-se de contraditórios e frágeis


fios.
119

4.2. As Avenidas paralelas e incidentes

Ao contrário do que acontece na Avenida da República em

que, no 22 período cronológico que delimitámos, não se altera

significativamente em relação ao primeiro, a proporção entre

o número de prédios e de moradias, nas restantes Avenidas es

desnivela-se claramente subida em flecha


sa proporção com a

da construção de prédios. Assim, na Cinco de Outubro, se até

1910, se construíram apenas 4 prédios, no período que agora

analisamos constroem-se pelo menos 25 enquanto o número de mo

radias decresce de 12 para 8, estimativa que é também propor


cionalmente válida para a Duque d 'Ávila. Nas restantes Aveni

das, consequência da divisão do primitivo loteamento, o núme

ro de prédios sobe muito mais, tornando quase insignificante


o de moradias: cerca de 35 para 9 na João Crisóstomo, enquan

to na Visconde Valmor, depois da moradia de 1908 de Norte Jú

nior, que nenhuma outra se construiu. Nas Avenidas on


parece
Elias Gar
de praticamente não há edificação antes de 1910, na

onde activamente constrói


cia e
naJBarbosa du Bocage e agora se

sucedendo Defensores de Cha


a relação é idêntica, o mesmo na

ves onde é sobretudo no período seguinte que a construção to

ma verdadeiro incremento.

É portanto na evolução da tipologia dè prédio de rendi


mento que podemos captar os valores estéticos desta nova área,

agora claramente integrada no mercado da especulação imobiliá

ria da cidade. O reduzido número de moradias construídas ates

tava o triunfo irreversível deste sentido de desenvolvimento.

linha inflexível que ia já determinan


Contudo, na época, essa

do o futuro, não era ainda perceptível para todos e entaladas

em quarteirões quase totalmente preenchidos por prédios ou es-

praiando-se nos gavetos que restavam disponíveis algumas ,


mora

dias continuavam a surgir.

Na Av. Cinco de Outubro logo em 1911, vemos surgir no

característico esquema da construção quase simultânea


n°24, o
o

e em lotes sucessivos de prédio e moradia para o mesmo prprie-

tãrio. Como ref cXiio-;-. jã, este esquema corresponde a um rendi

mento muito relativo dadas as pequenas dimensões dos prédios


assumida
e veicula uma certa preocupação estética, aqui por

José
projectos de Miguel Nogueira, executados para o mesmo
120

Malheiros Nogueira para quem realizou, também nesse ano, o no

tável n223 da Av. da República.


A moradia, como afirma o articulista de A Arquitectura

Portuguesa que a analisa (124) é um bom exemplar dessa "arqui


tectura ligeira, alegre" que, na sua opinião, é feita para

agradar a todos ao contrário da "arquitectura severa, rígida


que só agradava aos mestres". Mais adiante, utilizará o verbo

"brincar" para qualificar o trabalho do arquitecto sobre o

fachada principal, voltada para a Avenida Cinco de


corpo da
Outubro. Estamos de facto longe do gosto pela modelação de
volumes que encontramos no prédio da Av. da República e^ia o-

pção estética aí feita pela simplificação decorativa e sua

dentro
submissão à predominância^xpressiva das massas .Todavia,

dessa arquitectura "ligeira, alegre" que de Bigaglia passara


para Norte Júnior, esta casa de Miguel Nogueira possui inegá
vel tanto pelo elegante desenho global como, sobre
qualidade
desenho dos vi
tudo, pelo gosto requintado dos pormenores: o

dros, a decoração floral dos estuques, a sobriedade das colu

recorte do janelão sobre a por


nas que dividem as janelas, o

ta principal, o belíssimo trabalho dos ferros forjados, con

sagram uma maneira de tratar a fachada como se de um arranjo


decorativo de interiores se tratasse.

ã moradia, jã Rua das Picoas, de no


No prédio contíguo na

distancia de qualquer empenho pela modela


vo o arquitecto se

valori
ção das massas, parecendo pelo contrário apostado na

zação da planimetria da fachada, como que jogando aqui num

empenhamento tradicionalista através da utilização activa

de azulejo do ferro forjado que das varan


das composições e

grelhagem coroa a cimalha plana.


das se corresponde com a que

Trata-se de facto de um típico prédio lisboeta, dentro eviden

de das praticas correntes en


temente de um padrão qualidade:
tre os construtores civis de escola, recolheu Miguel Noguei
ra a volumetria global, jogando sobretudo na horizontalidade

de fachada, plenamente aberta à luz, rit


a força plástica uma

mada aberturas e o corpo das varandas e decorada a fer


pelas
ro forjado e a azulejo. Da sua mão eclética introduziu-lhe

da do andar principal onde ha


as originais molduras porta e

um sabor artes decorativas evidente também nas dimensões alon

dos fechos. Enquanto o esvoaçar das linhas da decoração


gadas
floral em azulejo é ainda uma citação arte nova.

Nestes anos fundamentalmente ecléticos, em que a perma

nência dos construtivos e o carácter quase invaria-


processos
121

vel da organização da espacialidade interna, incentivam os

das fachadas continua todavia a desenvolver-se sobre


jogos , ,

tudo na Cinco de Outubro, um tipo de palacete urbano que vi

mos surgir em 1906 no n252. Dentro do mesmo gosto, constroem- L1L0S

69 data indeterminada T*-vi


-se agora o 36, 42 e o 66 em 1913, o vem

mas certamente na mesma época e, na João Crisóstomo, o n229

também em 1913. Deste conjunto extremamente homogénio e em cu

jos pressupostos jã nos detivemos, rigorosamente só conhecemos

o autor da última que foi publicada na construção Moderna (125)

Ê o mesmo arquitecto Jorge Pereira Leite, muito naturalmente

autor também das restantes.

estas
No entanto, o gosto por modelos classizantes que
moradias veiculam não cria evidentemente nenhuma norma: o n27 0 A-

cujo processo de obra incompleto não nos permite data-lo

com rigor -

opta por uma fachada em que os vocabulários deco

rativos correntes sebruzam numa procura deliberada de dife

nas e raras varandas abauladas em fer


rença patente pequenas

ro forjado, no torneado das molduras dos vãos e no bem ritma

do friso que separa os andares. Apesar do gosto decorativo

pormenorizado há uma contenção em sentido contrário â prática


ilusionista e pinctural de Norte Júnior, deixando transpare
cer a via um certo Miguel Nogueira e, mais claramente, Par
que

dal Monteiro apontavam.


Quase em frente desta moradia, dofoutro lado da Avenida ,
ji^r. /
o n283, edificado em 1912, era o gosto português que defendia

através do jogo dos beirais que se prolongavam em citação mais

da pequena do r/c. 0 registo de


rústica no alpendre janela
de entrada, caixilhos dos vidros
azulejos sobre a porta os

desenhados em retícula ,
o nicho no ângulo do I2andar com a

veiculam maneira jã estava catalo


imagem de um santo uma que

onde grande janelão do r/c de referência pobre ao pas


gada, o

sado neoromãnico era um gesto eclético que a decoração de gos


to mais tradicional absorvia sem grandes discrepâncias. Pro

jecto de João José de Azevedo que não voltaremos a encontras,

sem dúvida nem na produção de Fernando


integrava-se rasgo,
Soares vimos manifestar-se na Av. da República ou na Jú
que
lio Dinis.

Finalmente, jã quase no topo da Avenida, na esquina para


5 ri.7 i,'o
a Júlio Dinis, voltamos a encontrar a maneira de Norte Júnior

executada construtor Augusto Alves Mineiro


nestes anos, pelo
Barata é também proprietário de ai-
para Manuel Henrique que
122

guns prédios neste quarteirão e no seguinte. 0 primeiro pro


1 91 desenho global remete para
jecto de 8apresenta, num que

citações morfológicas habituais -


os frontões recortados, a

diversidade das molduras dos vãos, os grandes janelões sob

arco redondo -
uma série espantosa de incongruências a par

de uma assustadora procura de efeito que nos permite, pela


1ã vez antever a que resultados desastrosos podia conduzir
nos anos
uma moda nas mãos de desenhadores improvisados, que

finais da década actuam com completa impunidade. No ano se

guinte é apresentado um novo projecto que^se corrige um ou ou

tro exemplo o desenho incompreensível dos vãos


pormenor -por

das varandas do 12 andar -


mantém o caracter rebuscado do con

junto. Sintomática é a análise crítica do arquitecto do 3§

Bairro que se limita a mandar retirar o frontão central que

fora acrescentado no 22 projecto (126) o que, aliás, como era

habitual não foi feito. A liberdade de actuação dos promotores


imobiliários conduzia à aliança com construtores civis que pou

co tinham que ver com os dignos homens de escola e ofício que

haviam garantido a uma arquitectura sempre apenas mediana ou

mesmo francamente pobre o chão firme de uma construção de qua

da sua pretensão, toda


lidade. Esta moradia, pelo espavento
banhada em oportunismo e ignorância, é já uma introdução ao

reinado dos gaioleiros.

Nas restantes Avenidas, em faixas progressivamente domi

nadas por fiadas compactas de prédios, surgem algumas moradias,

muito modestas. Assim acontece com os n2s65, 67


quase sempre
>uít.
e 71 da João Crisóstomo de 1913-14, o 42 e o 163 da Miguel y.
de 1913 e 1912, o 34 da Visconde Val
Bombarda, respectivamente
mor de 1914, o 83 ãa Elias Garcia de 1913, obedecendo a progra

tradicional, mais
mas elementares dentro de um saber empírico
termos de decoração das fachadas, de
ou menos penetrado, em

certos elementos de moda.


V--'1' í11'
Entre os n2s 74 e 83 da Av. Elias Garcia, respectivamente . i <
- *'"*

et.
em irente
de 1912 e 1913, situados no mesmo quarteirão, quase

um do outro, não existe de facto qualquer diferença significa


interna
tiva em termos de construção, de organização espacial
Contudo, termos de rua e sobre
e de volumetria exterior. em

é considerável a diferença entre


tudo de gosto dos moradores,
de fachada anónima, empobrecedora de quem vive e de
uma opção
olha outra em se manifesta ingénua vontade de par-
quem e que
123

ticipação numa corrente epocal, selando-a com as iniciais pró


prias .

orienta
Significativamente é
o
a segunda proposta que

da maioria dos promotores ou das encomendas directas.


gosto
0 formulário eclético que vimos generalizar-se entre arquitec
tos e construtores civis, é então apropriado segundo varian

de chalet pela utilização de


tes mínimas: uma certa sugestão
í^T Jií
um telhado de quatro aguas, no n25 da Miguel Bombarda de 1917

rigor outro
que, curiosamente, existe também, com outro e pe

Praia da Vitória de 1915 que é pos- í^A. U


so urbano, no n221 da Av.

desenho do Ernesto Korrodi; uma cita


sivelmente arquitecto
de ferradura inserindo-se em modesta
ção mudejar pelos arcos
sT- jÁ
volumetria no n240 da João Crisóstomo de 1913; mais frequen
dos modelos mais
temente uma apropriação geral esteriotipada
A-
simples que o atelier de Norte Júnior abundantemente divulga- -yA

va, como no 42 da mesma 7ivenida de 1917. Menos vulgar, mas

elementar é o n2l57 da Av. Miguel Bombarda de 1912


igualmente -,vy ^
habituais da fachada, substituindo-
que abdica das qualidades
-a por uma série discreta de elegantes vãos que mal deixam
adivinhar o movimento do interior.

0 conjunto mais significativo porém encontra-se na Duque


Avenida Marquês de Tomar.
d'Ávila, no último quarteirão após a

Trata-se de três moradias, os n2s 60, 65 e Gé, construídos

em 1919 Alfredo de Carvalho que, nestes finais de anos


por
encontramos também como construtor responsável de curio
10,
Avenida Cinco de Outubro que foram
sos prédios nesta e na
,e
inicial de construtores civis, destinadas portan
propriedade
to à venda. A mais importante é o n°60 que torneja para a
íu..,r >.a<\

de verdadeira réplica do n285 da Avenida da


Marquês Tomar,

República que Norte Júnior projectara três anos antes, na

articulação dos corpos, distribuição dos vãos, coroamento em

frisos de azulejos mas acentua a


cúpula, utilização de que

ostentatória recorrendo à cobertura em cantaria simula


carca

fri
da, às também falsas pilastras, a um segundo frontão, aos

substituindo as molduras na marcação dos andares, da ci-


sos

uso abundante de co
malha e das bases ce algumas janelas, ao

óculo amansardado aberto na cúpula, aos coroamentos


lunas, ao

telhado e se em va
em ferro forjado que percorrem o erguem

Tal acontecia no n284 da Avenida (^uvibr^oo


randim sobre a cimalha. como

entrada principal abre-se também no corpo no


da República, a

bre e não lateralmente como no modelo de Norte Júnior.


124

grandiosas mas uti- -X


Os n2s seguintes são variantes menos

elementos decorativos visando, por efeito de


lizam os mesmos

acumulação, provocar a mesma imagem de grandiosidade, arqui

tectura e diferença e são indiscutivelmente manifestações


hábeis de uma moda que pretendia dotar a cidade de uma retó

rica de luxo.

Quem será o autor dos desenhes destas f achadas?Sendo pou

co verosímil que se trate de Norte Júnior que nestes anos co

meça sistematicamente a assinar os seus projectos, a hipóte


arquitecto Edmundo Tavares
se mais provável parece-nos ser o

que no já citado artigo da Arquitectura Portuguesa de 1919 faz


'1Í.V'
construção Av. Mar
publicar um esboceto de "um prédio em na

quês de Tomar" que, não coincidindo propriamente com o n260,

dele muito se aproxima sobretudo na organização do corpo de

construtor responsável ser Alfre


ângulo. Aliás o facto de o

do de Carvalho que encontramos com a mesma função no prédio


n226 também da Duque d 'Ávila e que é da autoria deste arqui

tecto, reforça ainda essa hipótese de atribuição que permite


nestes anos, o mais activo discí
considerar este arquitecto,
pulo de Norte Júnior embora trabalhando quase só com constru

talvez a falta de nomeada que en


tores civis o que justifique
volveu o seu nome, enquanto Norte Júnior, mais ligado ã enco

continuou a ser considerado o arquitecto da


menda particular,
moda .

"fei
No início dos anos 20 esta "arquitectura esqui ssatía" ,

imediata, acentua
ta rapidamente, obedecendo a uma inspiração
Avenidas Novas, um momento crepuscu
da e forte" vivia, nas

lar de triunfo que os arquitectos da nova geração, que era

também a de Edmundo Tavares, se preparavam para definitivamen

te pôr em causa. Quem preferia, à opção pela modernidade, o

confronto com a"velha guarda', vivia então uma glória rápida.


isso suas fachadas fossem publicadas "as caba-
Talvez por as

zadas" . ! .

Na Avenida Elias Garcia, Norte Júnior projecta o n254 yix.

António de profissão e, bem den


em 1918 para Mira, pedreiro
destes ela é a realização mais ecléti
tro do espírito anos,

Avenidas Novas assinadas por


ca de quantas encontrámos nas

motivo dc
este arquitecto, fundindo num tom apoteótico um

torreão que, pelo lanternim, as grelhagens em ferro forjado


uma citação rurali-
e as estreitas janelas geminadas, sugere

."•: .-j,i>- 'cr 7« .%,«, f>*.)


125

zante com um estreito corpo que se ergue à altura do primei


ro, formando um frontão recortado que se abre em duas longas
frestas efeminadas e é coroado também cem um lanternim. Entre

estes dois corpos um terceiro, comja fachada integralmente pre


enchida de dois grandes janelões, coroados su
pelo conjunto
periormente por um pássaro esvoaçante e, inferiormente, por

uma mascar^ masculina. Ainda pináculos e uma guarita, erguida


como vigília.
Norte Júnior que até agora recorrera ou a um fácil e ele

gante desenho ou à sugestão ao mesmo tempo pesada e fluida de

um grande luxo cosmopolita, rende-se aqui ã teatralidade. Nu

ma cena naturalista que traz tudo para o palco. Todavia, nos

encontros inesperados de tantas peças desnecessárias, atinge-


-se uma tonalidade perversa de surreal que se pressente ser

sintoma do esgotamento de uma composição de artifício que

limite, embora a força inerte do


aqui atinge praticamente o

da moda continue ainda durante quase dez anos a exigir


gosto
torreões, aberturas triunfais e janelas em arcaria que Norte

Júnior, até ao limite da procura, nunca deixará de produzir.

Mas se a fase final de um ecletismo de referência neo-

românica, arte nova, ruralizante ou exótica, no pano de fundo

de sintaxe era aprendida na Escola de Belas Artes de


uma que

Paris, se exprime aqui em apoteose, noutras moradias deste pe

ríodo encontramo-la sob forma detransição para os novos pa

drões de moda.

0 n2l23 da Elias Garcia , projectado em 1918 para Simões

Silva se apresenta a volumetria característica das vivendas

articulada malha densa e ostensiva das abun


anteriores, pela
dantes molduras dos vãos e da cimalha, organizando a fachada

nos três corpos habituais e coroando-a ainda de cúpula, ten

das linhas aban


de para um endurecimento e geometrização que

donam os meneios de elementar referência arte nova por um gos

to novo de valorização da clareza dos contornos. Esta evolução

para uma moda penetrada de citações artes decorativas, que

do final desta década na Av. da


encontramos jã nos prédios
República, estende-se também aos ferros forjados das varan

substituem os desenhos gra-


das e dos portões que rapidamente
vitalistas nas suas sugestões florais ou animalis
ceis, algo
elementos básicos de
tas, por grelhagens simplificadas com

uma gramática geométrica. Significativo ainda desta mutação

de padrões de moda é a alteração realizada logo em 1920, con-


126

de vontade
sistindo eliminação da cúpula, símbolo ingénuo
na

de ostentação que em breve vai parecer excessivo.


moradia 3t.oyr -421
A mesma evolução de gosto é visível na seguinte,
a Av. Marquês de Tomar de 1919 com
o n2l29, tornejando para
maior modéstia de corresponde a um modelo tipi
programa que
ficado de fazer moradia a partir de uma estrutura volumétrica

absolutamente tradicional: a utilização de molduras articulan


do um certo ritmo dos vãos, a decoração da cimalha, os frisos

de bastante permitir a estas vivendas


azulejos eram o para

consideradas parentes, embora pobres, dos mode


poderem ser

los que se alargavam noutra capacidade de exprimir a riqueza


com o igualmente modesto n28 3 (.Jl-X "'
e o luxo. Todavia, comparando-a
da penetração da nova
que já citámos, podemos aperceber-nos
decorativa corresponde afinal a um outro concei
gramática que
do
to de elegância que, ao ondulante , prefere sugestão crua

rectilíneo e que ao mundo natural, impõe a modulação geometri-

zante .

>
.17 7 i Li
Também, na Avenida Duque dX.vila, no n2l71-175 de 1919,

de fachada eclética onde à volumetria mais


com uma composição ,

tradicional, centralizando-se num espaço rectangular, se acres

centava, sobre a linha maciçamente emoldurada da cimalha, um

coroamento em três frontões .envolvendo as águas furtadas tam

encontramos o mesmo sentido de evo


bém em pesadas molduras,
contrariado contudo pe
lução para o despojamento ornamental,
la desajeitada rigidez do conjunto que os abundantes regis
tradicional mais ajudavam a dis
tos de azulejos de composição
persar .

de Chaves, n251 observa-se idênti- _-:,...-■? .ri


Na Avenida Defensores ,

co percurso. Embora a primeira construção seja de 1908, quando


de r/c, foi a ampliação realiza
a moradia se compunha apenas
da am 1916 que lhe deu a expressão global em que predomina,
sobretudo no movimento quebrado dos frontões, certo gosto pe

das linhas que exibem .sem disfarces curvilí


la geometrização
articulações. Também o conjunto das mol
neos, as fundamentais

de círculo das janelas de sacada manifestam es


duras em arco

sa mesma secura que antecede o seu desaparecimento, quando o

de facto se instala.
gosto artes decorativas
anuncia tende
Todavia, se esta mutação de gosto que se

modelo exclusivo ao longo dos anos 20,


a sobrepÔr-se como

neste final de década o seu predomínio ainda não está assegu


da di-
rado e uma certa liberdade eclética estimula a pratica
127

ferença, nas margens curtas que a moda à Norte Júnior deixa

va ainda livres. Estamos então no domínio restrito da encomen

da privada e da intervenção dos arquitectos que, ao contrário

de Edmundo Tavares, não conseguiram ou não quiseram disputar

ao
arquitecto da moda a supremacia nos meios da construção
civil. temos verificado, trta-se de uma fá
Como repetidamente
cil liberdade decoração da fachada, mais raramente
jogando na

na articulação dos volumes, a diferença que a irreponsabilida-


de em relação à construção, realizada em moldes tradicionais,

lhes permitia. Contudo, por este gosto quase moribundo de dar


cara ãs casas, sobrevivia um conceito de individualidade que,

se não podia construir a cidade, evocava um tempo definitiva


mente ultrapassado, que afinal nunca existiu senão no imagi
nário perigosamente solitário de alguns românticos, onde cada

um podia edificar a casa dos seus sonhos.

Citemos em primeiro lugar o n26 da Júlio Dinis que faz

conjunto com o n2l0. 0 construtor é o mesmo Fernando Soares


|
são irmãos. 0 primeiro projecto, ainda de
e os proprietários
1910, propunha-se uma fachada dentro do padrão dominante de

moda em a sugestão cosmopolita das janelas, arcarias e co


que

lunas se atenuava pela articulação de volumes que, contradito

riamente, pareciam apontar um modelo de chalet com torreão

central. Eram habituais, mesmo em Norte Júnior estas hesita

ções ou jogos de dois sentidos, que afinal bem expressam as

próprias contradições dos moradores e do sítio: cidadãos e

cidade recente, penetrados de memória de campo.

O mais curioso é a alteração para o segundo projecto de

1912, feito em colaboração estrita com o proprietário Fran

cisco Nicolau dos Santos. Do modelo híbrido em que as cita

ções decorativas se filiam contudo numa divulgação de escola,

transita-se para outro que, mais coerentemente, é capaz de

exprimir as suas contradições. De facto, a "casa portuguesa"


substitui o modelo eclético, transforma em estilo a hesi
que
urbano rural, fundindo-os numa estranha uni
tação entre o e o

indiscutivelmente urbana pelo gosto arqueológico de


dade,
-

citação como, sobretudo, pela visão idílica e amável do cam

po que veicula e que só citadina podia ser -


mas que elege,
moral dos vícios e perigos que a ci
como norma protectora
dade comporta, os valores rurais.

janelas de
As citações múltiplas: o gótico popular nas

das janelas do
ângulo e na decoração das vergas supreriores
128

I2andar, o classicismo no pequeno frontão triangular sob o re

corte da cimalha e nas janelas sob arcaria no r/c, o barroco

na moldura da janela vizinha, o pombalino no recorte duplo


dos telhados, o ruralismo nos beirais e ainda o ecletismo que

conserva os arcos da entrada principal do 12 projecto, inte-

num todo harmonioso que, se provocava a unanimidade


gram-se

de apreço de quase todos, nunca conseguiu todavia impôr-se


como alternativa ao gosto estrangeirado, via Paris, do mode

lo dominante. Ligado sempre â encomenda particular nesta co


-

mo na casa vizinha, no n24 0 da Av. da República como no 83 da (_ÍWT -3h)


Cineo de Outubro -
não o vemos implantar-se nos meios da cons- [í"*iV ,Uc)
trução civil e daí a raridade das suas manif estações . Pelo que

se provava que, apesar de todas as cruzadas dos críticos, a

rede ortogonal das Avenidas, a presença securizante e emblemá

tica dos elécticos, as grandes perspectivas abertas veicula

vam um tipo de ocupação do solo eminentemente especulativo


se casava mal com as exigências miúdas e artesanais do de-
que

corativismo da casa portuguesa. Do estilo eclético dos anos

10, a citações academizantes e penetrado de moda arte


preso
nova transitar-se-à para o novo gosto dos anos 20, afinal em

consonância com as correntes europeias. Entre um e outro, o

"estilo português" nunca passará de um ideal de poucos, que

a vulgarização de Edmundo Tavares, de Fernando Soares ou mes

mo de Lino nunca, nestes anos, conseguiram generalizar.


No entanto, em duas outras moradias deste período, uma

na Defensores de Chaves, outra na Barbosa du Bocage, ainda vol


vi.
uma formulação muito eclética, refeen-
tamos a encontrar, com

cias a esse gosto português. A primeira foi construída em 1911 jn»r f 3 1

para residência própria do arquitecto António do Couto que

elaborou fachada sobre a Av .Defensores de Chaves


o projecto: a

apresenta uma volumetria muito simples, curiosamente próxi


nas suas articulações fundamentais, das moradias mais sim
ma,

temos encontrado: porta principal central, ladea


ples que

da por uma janela de cada lado, inseridas no espaço rectangu

lar tradicional, individualizando-se contudo pela nobilita

ção espantosa da entrada que, além da grande bandeira, é ain

arco interrompe a cima


da coroada por um desproporcionado que

constituindo acentuação excessiva de em


lha, o conjunto uma

blemas a volumetria da fachada de modo nenhum comporta.


que

Trata-se evidentemente de um desenho ingénuo que evoca algu


construtores civis mas tam-
mas desajeitadas intervenções de
129

.<
bém, por exemplo, a casa de Norte Júnior da B©ri3<2rsa â«*- ô«a*- (.J UX. »nX

9^ que analisámos, obrigando-nos a concluir que esta arquitec


tura de fachadas, mais do que remeter para saberes específicos
e mais ou menos eruditos, se caldeia num gosto comum que é o

recente sequer muito endinheirada que fo


de uma burguesia nem

lheava as revistas francesas da época e se procurava rodear,

no mobiliário como no vestuário, na ambiência dos cafés como

nos cerimoniais de salão e, evidentemente no rosto da sua ca

de acumulados e díspares sinais concretos do


sa, numerosos,

luxo e da diferença, como se adivinhasse já que o grande de


senvolvimento das cidades, que mal se vislumbrava, a viria a

atirar o espaço indiferenciado de uma cidadania menor.


para
No entanto a casa de António do Couto não se limitava

fachada inverosímil, característico do te


a esta ^movimento
lhado de águas furtadas apontavam outro desenvolvi
e a janela
mento que se esclarece na fachada posterior que manifesta es

se sabor português em ritmos de simplicidade risonha, jogando


valores do despretencioso, casa de brincar qua
os pequenino e

se com uma guarita ao fundo do jardim, um telhado de quatro

águas grácil sobre o jardim de inverno e uma grande chaminé


de onde *te &&£& sairá sempre o tranquilo fumo do lar. De mo

do muito mais primário do que na moradia da Júlio Dinis, a

composição contraditória desse gosto, soldando mal o apelo


do rústico com a vivência citadina, exibe aqui a sua estrutu

ra binária nunca resolvida: a fachada é urbana, as traseiras

apego à modéstia banham o


são rústicas, a pouca ambição e o

mundo onde viver é


todo: universo descentrado, margem de ape

nas estar.

Mais tarde, em 1927, António do Couto altera profundamen


te a sua casa.Descentra-lhe a entrada que deixa de ser tão

sobe-lhe um andar onde desenrola


tónica na composição geral,
uma elegante colunata e substitui a cimalha por um inespera
Incurável arquitecto decorou
do remate em ameias. ingénuo, o

do 12 andar com minuciosos


ainda os tímpanos das janelas
mosaicos orientalizantes. Assim, quando a arquitectura lisboe
ta atravessa um período decisivo de mutações, António do Cou

to continuava firmemente preso a uma maneira eclética onde os

valores lúdicos eram sem receio assumidos, mesmo quando cor

e é o caso, apenas a um imaginário mediano e eram


respondiam ,

arquitectonicamente expressos com saber e capacidade apenas

também. Contudo a mediocridade global desta obra não


medianos ,
130

impede que ela seja extremamente sintomática :mesrno quando re

velam maior qualidade, raramente os arquitectos portugueses


foram capazes de se apaixonar pelos valores próprios do ima

ginário da cidade moderna, prontos quase sempre a refugiarem-


-se na Lisboa das colinas, a única que foi verdadeiramente

amada.

Ao lado dessa moradia que António do Couto construiu pa- ruiiiv (í.-i

ra si próprio, foi edificado um ostensivo palacete eclético


em 1917, muito próximo do gosto e das referências do núcleo

que analisamos na Duque d "Ávila. Desconhecemos então o seu

autor, sendo contudo de admitir que por detrás do encomenda-

dor Soeiro&Santos e do construtor Costa Pinto do Amaral, pou

co mais existisse do que um desenho global já que o primeiro


desenhos dos
projecto apresentado não apresentava qua*isquer
pormenores decorativos. Requeridos estes, o que é apresentado

merece a Edmundo Tavares, que os aprecia enquanto "arquitec


to do 22bairro", o seguinte comentário: "Os detalhes apresenta
dos tornam mais evidente as flagrantes desproporções do arran

jo arquitectónico da fachada principal. Devem pois ser conve

nientemente estudados com um pouco de atenção pelas noções


gerais de proporção e modenatura" ( ( 1 27) . Como quase sempre

acontece, nenhumas alterações foram feitas então, mas em 1923,

quando a casa pertence a Manuel de Rocha Mello, são feitas

obras sobretudo em termos de enriquecimento dos


importantes,
interiores, dirigidas pelo vizinho arquitecto António do Couto.

é também deste arquitecto a moradia cem o ns96 da Avenida '...irçtyy-.

Barbosa du Bocage, construída em 1919, que na Memória Descri

tiva afirmava dever servir "de habitação a dois inquilinos,


cada jardim independente", esclarecendo
possuindo um o seu

ainda que "é feita em, estilo renascença portuguesa" ( 1 28 ) .De

novo se manifesta aqui, embora com outro impacto, o gosto do

arquitecto pela ornamentação miniaturizada que encontramos

nas traseiras da sua casa que representa uma das tendências

mais pobres e menos imaginativas na prática do estilo portu

guês. A ausência de um pensamento em termos de utência real

do objecto desenhado, criava evidentes óbices â sua utiliza

ção concreta. Daí que , logo em 1919, a fachada posterior te

nha sido alterada, racionalizando-a por uma maior clarifica

1949 é apresentado "um projecto de alte


ção dos espaços e em

ração da fachada Principal", afirmando-se na Memória Descri

"Retiram-se motivos decorativos em massa se encon-


tiva : os que
131

tram quase totalmente deteriorados, os cunhais e pilastras em

rústico substituem-se por cantarias de líós(...)e o vão duplo

existente de vergas curvas é substituído por dois vãos guarne

cidos a lios, o beirado ficará recto".

Evidentemente, este exemplo é paradigmático: muitas outras

vivendas, cobertas de "trabalho de massa"


,viram^logo a partir
dos anos 40 o seu corpo invadido pela exigência do conforto

e da comodidade que haviam entretanto substituído, nos altares

sociais, os decadentes deuses da teatralidade eclética.

Como salientámos é só a partir de 1910 que nas Avenidas

se estabelece sem qualquer duvida o predomínio do prédio de

rendimento sobre as moradias, organizado em fiadas quase con

tínuas. Este grande surto de edificação pode ser exemplarmen


te seguido na Avenida Cinco de Outubro onde, nesta década,
se edificam ou começam a edificar mais de 30 prédios que, aliás,
se repartem muito irregularmente ao longo desse período, ten

dendo claramente a concentrarem-se em. dois subperíodos, 1913-14

e 1918-20. Anos particularmente difíceis estes, do início e

do fim da Guerra, eles foram também naturalmente, especialmen


te propícios a essa liberdade escandalosa de que gozaram os

construtores civis que, se já encontrámos como proprietários


iniciais da maioria das moradias então construídas, no "negó
cio dos prédios" dominam totalmente, constituídos em pequenas

e instáveis sociedades que a partir de 1920, quando se inicia

uma mais séria actuação das vistorias camarárias, começam a

conhecer falências sucessivas que conduzirão ao seu desapare


cimento ou a reconversões mais cautelosas.
É aparentemente paradoxal que as Avenidas NOvas, projec
tadas serem os novos bairros de luxo de Lisboa, se tenham
para

tornado durante a República quase um feudo dos gaioleiros que


leis onde esbarravam os mecanismos de fisca
aí ditavam as e

lização municipal facilmenre corrompíveis . Não só fracassara

o sonho de alguns em relação ao estabelecimento de padrões es

téticos imagem de luxo civilizado que as gran


garantindo essa

des artérias, amplas arborizadas ,


e higiénicas, pareciam mere

cami
cer, como a construção perdia alarmantemente qualidade,
nhando triunfalmente para a série de ruínas que lançaram o pa

nico na cidade nos anos iniciais de 20. Sabemos contudo que

Avenidas Novas foram ao mes


o paradoxo é quase só aparente. As

mo tempo a realização de um projecto de grande qualidade ur-


132

bana, que se inseria numa imagem mais que secular de extensão


da cidade e um sonho de negócio que possibilitaria ao Municí

pio enriquecer. Para pagar as Avenidas, a Câmara de Lisboa

contou com o dinheiro da venda dos terrenos. E porque


sempre
as indemnizações foram muito mais caras do que o previsto, os

lucros de exploração do Parque Eduardo VII nunca chegaram a

de bairros
existir nem grandes "sindicatos" promotores novos

Camões se constituíram, a Câmara teve de se apoiar nos cons

trutores civis que, desde o início do século, começaram a

evi-r
descer de Tomar à capital .Apoiou-se neles, apoiando-os,
dentemente. do Cinco de Outubro, a sua capacidade de
Depois
ainda, contexto ideológico e social fa
actuação aumentou num

vorável, a decisão de venda de lotes a prestações mais


que

favoreceu. Nos anos de Guerra, a grande instabilidade políti


ca, a necessidade de garantir trabalho à construção civil,
a carência de materiais de construção e, finalmente, o pulu
lar de novos ricos, continuaram a garantir-lhes um triunfan

te reinado.

Finalmente, reduzira-se muito, nestes anos, o estímulo

o notável surto de actividade dos arquitectos no início


que
do século constituíra. Morto Bigaglia logo em 1908 e Ventura

Terra em 1919, reduzindo a sua actividade Álvaro Machado e

enquistando-se Lino na convicção de que a moradia unifamiliar

habitação humana, resta


era a única solução positiva para a

va quase só Norte Júnior, o principal criador do gosto mais

pretencioso dos novos bairros.

Precisamente, a redução da arquitectira ao trabalho final

de foi os construtores civis bem apren


maquilhagem truque que
deram. Não raro, as fachadas mais pomposas, com maior varieda

frontões ornamentadas, foram das


de de cantarias, e vergas

primeiras a ameaçar ruína. A voga dos gostos revivalistas de


final do século XIX conduzira, numa divulgação fácil que o

ritmo inteiramente novo de crescimento das cidades facilita

va, à separação progressiva da arquitectura e da construção.

ESta continuava só a utilizar os recursos de um saber


quase
rosto a más
artesanal e a arquitectura colava-lhe no corpo sem

da arte via Beaux-Arts, se ia sucessivamente enri


cara que,

quecendo, em múltiplas apropriações empíricas. Será preciso


aguardar por mutações decisivas e generalizadas nos processos

reencontrar arquitectura em Lisboa. Entre


de construção para

tanto as Avenidas Novas tinham-se praticamente concluído.


133

Não foi porém totalmente passiva a atitude da Câmara em

relação ao agravamento evidente da qualidade da construção


e â impunidade de actuação dos mestres de obras. Mas foi tam

bém muitas vezes de conc-uio como, logo em 1907, se depreende


da polémica que opôs a Comissão Administrativa a Ressano Gar

ter
cia, enquanto chefe da 3§Repartição, por este se recusa

do a inscrever um conjunto de mestres de obras -


um dos quais
Manuel Avelino da Rocha encontrámos extremamente activo na Res

sano Garcia e Duque d'Ávila durante os primeiros anos de cons

trução -e defender "terem diversos engenheiros afirmado que

de 1885 a 1895 tinham exercido as funções de mestres de obras

com competência indivíduos que de facto a não tinham exercido

naquele período" ( 1 29) . Nesse momento Ressano Garcia perdeu


e os mestres de obras em causa, claramente protegidos pela
Comissão Administrativa, foram inscritos, embora ele continuas

se a defender que "os interessados não podiam ser registados


por lhes faltarem os requisitos técnicos que a lei expressa

mente exige". São evidentes os pressupostos políticos deste

conflito e quanto o engenheiro chefe da 3âRepartição deixara

de ser, nestes anos finais do Regime definitivamente desacre


ditado pela ditadura franquista, a figura respeitada e a auto

ridade incontestada em tudo quanto ao desenvolvimento da cida

de se referisse. Apesar de alegar no seu Relatório "os múlti

plos serviços que constam das actas, registos e arquivos mu

nicipais e que se traduzem na radical transformação que a ci

dade sofreu durante os 33 anos de exercício do meu cargo",


a Comissão Administrativa aprovou o relatório de Mário Pinhei

ro Chagas em que se afirmava "não tem tido nem tem o mesmo che

fe no seu lugar na Câmara a assiduidade que é de exigir num

tal cargo isso certamente por muitos outros lugares que exer

ce e que exigem igual assiduidade" e se enumerava depois a

vasta lista de todos eles. Ressano Garcia foi, em votação se

creta da Comissão Administrativa, oficialmente demitido do

seu cargo por o seu relatório não ser considerado satisfató

rio ( 1 30) .

Só em 1913, a questão dos mestres de obras viria novamen

de desmoronamento Alto do Pina


te a pôr-se, a propósito um no

causara a morte a alguns operários ( 1 31 ) Por proposta do


que
.

vereador arquitecto Francisco Carlos Parente foi aprovada en

tão uma proposta de posturapobre a apresentação técnica dos

pedidos de construção mas, na prática, e a análise dos proces-


134

sos de obra assim o confirma, as Memórias Desctivivas conti

nuaram até plenos anos 20 a ser um formulário esteriotipado

de normas que se escreviam de cor e que poucos cumpriam, tal

como as plantas e os desenhos dos alçados eram maioritaria

mente de má qualidade e meramente esquemáticos, f altando-lhes

toda a fundamentação técnica ou arquitectónica.


O mesmo vereador proos ainda que se nomeasse uma comis-

são"para rever o livro de inscrições de mestres de obras" e

que "com a máxima urgência sejam vistoriadas todas as constru

ções existentes nesta cidade afim de observar se os responsá


veis cumprem integralmente as disposições do Regulamento de

segurança dos operários em vigor", dando deste modo priorida


de ao factor humano o que era natural no rescaldo do desastre,
mas que deixa também transparecer quanto a questão da quali
dade da construção continuava a ser de facto iludida.

Aliás, não só por dificuldades concretas ou pela pressão


que os meios da construção civil exerciam nas decisões cama

rárias, se actuava tão pouco. Continuava a ser opinião de qua

se todos, na Câmara como na Escola de Belas Artes, que funda

mentalmente o que interessava â cidade eram as fachadas que

se viam do exterior. Não se encontra nestes anos qualquer refle

xão sobre os processos construtivos nem sobre a forma concre

ta de obstar ao sistemático não cumprimento das normas em vi

sobre a distribuição interna dos espaços, a espessura das


gor

qualidade dos materiais mas em Fevereiro de 1915,


paredes e a ,

das de Ventura Terra de 1908,


na sequência propostas aprova-

proprietários dos terrenos "co


-se a necessidade de impor aos

mo principal condição o grau arquitectónico das edificações


a realizar" esclarecendo-se em seguida que ela se referia, e-

videntemente, ã estética das fachadas". Os nulos resultados

desta pretensão são em 1919 prosaicamente esclarecidos por


Adães Bermudes a propósito da atribuição do Prémio Valmor de

1 91 7 ( 1 32) : "Prestou a Comissão de Estética bons serviços ao

princípio mas depois só era ouvida quando se pretendia que


ela sancionasse coisas que o não podiam ser", e mais adiante:

"Quanto à 4âRepartição (Arquitectura) ela não pode opõr-se a

estética alguma não hã


que sejam construídas casas sem porque

leis que â Câmara dêem atribuições para isso. Em os prédios


obedecerem, ao que determinam os regulamentos legais, a repar

rejeitar projectos a não ser


tição não tem autoridade para os

que exorbite. Mas se possuindo as construções condições de


135

e outras disposições da lei, se a Câma


estabilidade, esgotos
ra se opuser à sua edificação o proprietário podia recorrer

Câmara
Supremo Tribunal Administrativo ficando
a em
para o

cheque" .

0 cerne da questão é que as dcnstruções não possuíam nem

"as condições de estabilidade" nem "outras disposições" e o

sistema de "esgotos" tal como as canalizações em geral eram

de péssima qualidade. Inúmeras vezes se encontra nos proces

sos de obra destes anos, apreciações do arquitecto José Ale


xandre Soares da 4âRepartição sobre a composição das fachadas,

formuladas com grande empirismo e reduzindo-as â existência

desenho das
ou não de frontão, ãs dimensões das janelas, ao

muitas vezes
vergas, aos pormenores decorativos enjprédios que

se encontravam em vias de desmoronamento.

Em 1919(133), são os próprios construtores civis, através

da sua Associação de Classe, que pedem à Câmara "que não sejam


assinarem termos de
autorizados os construtores diplomados a

de obras não dirijam", diligência que é


responsabilidade que
da Silva.
aprovada por proposta do vereador Ribeiro
Todavia, é só em plenos anos 20 que a questão é debelada:

em 1925 chegam a ser criadas "Comissões de fiscalização" por

proposta do engenheiro Raul Caldeira de que fazem parte jã


Cristino da Silva e Paulino
arquitectos da nova geração como

Montês. Contudo, esses órgãos de excepção pouco actuaram já


que em 1926 "todos os- membros (das comissões de fiscalização
e vistorias) tinham abandonado os seus\serviços" ( 1 34 ) o que pres

não entendimento previsível com os fiscais da Câmara.


supõe o

Haviam já também passado os anos de pânico e a construção ci

vil entrava no processo de modernização imposto pelo betão.


A época dos gaioleiros acabava assim por morte natural, depois

durante década, ter imposto à cidade o sou modelo de


de, uma

prédio de rendimento, caracterizado globalmente com grande


1973 ((135
rigor pelo engenheiro Fernardo Rodrigues Ferreira
em

"Paredes exteriores de alvenaria de pedra mole com uma

de cal e areia de traço bastante pobre e ainda nou


argamassa

tros aspectos alvenaria de tijolos.


"As divisórias interiores deixaram, de ser feitas dentro

das técnicas antigas criadas após o terramoto de 1755, para

serem feitas com um esqueleto de prumos de madeira preenchidos


fas
com tábuas de costanciro de madeira de pinho revestida com

quiado, reboco e estuque.


1 íb

eram construídos com vigamento de madei


"Os pavimentos
de atender às suas qualidades e com secção de
ra pinho sem

meia quadra a maior parte das vezes (...). Sobre este vigamento
soalho de madeira e pinho. Para sanitários e co
aplicava-se
zinhas aplicava-se directamente sobre o próprio soalho, o mo

saico assente em cimento.

(... ) deixou de haver a preparação de peças


"Nesta época
de madeira da estrutura que assentavam nas paredes e a neces

sária desinfecção para evitar o apodrecimento" .

Era sobre estes corpos arcaicos, erguendo-se em quatro


cinco andares, assentavam as fachadas, em sucessivas va
e qua

riantes de gosto que não impedem, todavia, a sensação de mono

tonia e pobreza de quarteirões quase inteiros.


Nos anos iniciais, até cerca de 1915, predominam ainda

aberturas
os ritmos simples das superfícies percorridas pelas
dos vãos, com vergas quase sempre rectas, ligeiramente arquea
das e sublinhadas de molduras em alguns conjuntos de janelas
varandas rectangulares de fer
de sacada nobilitantes, pelas
motivos florais, pelas molduras simples sepa
ro forjado com

rando es andares e pelo movimento das cornijas erguendo-se em

frontões, segundo os padrões de organização tradicio


pequenos
nal os frisos de azulejos sublinham e que se encontra nas
que
Avenidas Novas como em todas as zonas áa cidade então construí

das .

Se a sensação geral é de falta de imaginação, por vezes

o ritmo mais elaborado na distribuição das aberturas, a simples


alternância de vergas rectas e arqueadas, articulando-se com

mais das\.''arandas abauladas, a delicadeza


os corpos elegantes
cuidada das cantarias^ introduzem, nestes conjuntos anónimos,

uma nota de qualidade tradicional, cimentada empiricamente pe

la eficácia de práticas tradicionais, que dá a estas novas

certo sentimento de pertença lisboeta, o que mais


Avenidas um

se acentua nas traseiras movimentadas pelos ritmos de ferro

das escadas de serviço e pela vida activa das co


marquises e

exemplo, n274 de
zinhas e logradouros. Está neste caso, por o

1914 construído por Artur José Nobre para Felipe Felisberto.

Por vezes os lotes de gaveto eram também objecto de tra

tamento mais cuidado, que o ns1l2 de 1913, construído para Joa

Flor indo, exemplifica de forma mais simples: uma


quim Francisco
1 3 7

concentração dos vãos geminados articulados, nas vergas supe

riores, por molduras de cantaria com fecho e coroados por um

frontão, valorizando o motivo de decoração em azulejo que se

encontra jã em faixas nas marcações dos andares, possuindo o

conjunto um ritmo elegante e uma eficácia dos pormenores de

corativos que dinamizam a composição geral sem lhe esbater

a simplicidade fundamental.
nos
Todavia estas massas perdiam-se e amesquinhavam-se
vastos em se situavam, tanto mais que
e planos espaços que

a subida do número de andares tende a desiquilibrar a propor

cionalidade global, sendo raras as soluções como a que encon-

tramos no n2l1, construído por Manuel Feliciano em 1914, em

que o espaço de gaveto, mais estreito do que é habitual pela

angulação com a Rua Pinheiro Chagas, é originalmente aprovei


tado com um corpo de marquise em ferro e vidro o que, se não

é solução muito dignificante, possui contudo um dinamismo al

privilegiado um elemen
go transgressor ao implantar num espaço

to de traseiras.

Assim, de um modo geral, os prédios deste início do se

gundo período, são medianos, com soluções sempre económicas

mas possuem, pelo menos os melhores deles, uma certa dignida


de utilizarem ainda um vocabulário filtrado por uma exis
por

tência mais que secular que se casa bem com a cidade. Aliás ,

noutras ruas onde então se constrói, por exemplo na Rua dos

de urbanidade
Açores, o prédio de rendimento
admire uma marca

Avenidas sempre lhe falta, jogando com maior pro


que nas quase

ximidade com a luz e a vida que mais activa lhe cresce dentro

e se anima na rua. Será essa talvez a grande insuficiência:


das lisboetas as novas Ave
transplantou-se o prédio ruas para

nidas silenciosas, áridas apesar das árvores, distantes das

massas envolventes e securizantes da velha cidade, e eles,

alimentados apenas por um chão que os olivais tão recentemen

não podiam senão adquirir uma imagem triste e mu


te cobriam,
de alguma moradia mais a-
da de subúrbio, que o luxe próximo
gravava .

reconhecia-se este estatuto de me


Na época e deplorou-se
de rendimento das Avenidas Novas. Ainda
noridade do prédio
se construiram alguns exemplares dessa tipologia híbrida do

prédio-moradia -
o n2l00 de 1914, construído por José Tomás fW

de Sousa, onde uma simplificação geometrizante das molduras

e do frontão anunciam com avanço a moda artes decorativas, ou


138

o n2l58desenhado por Miguel Nogueira em 1915 que é uma vari- ^j-OòT- 'M

ante mais pobre do n2l2 da Rua das Picoas -


mas os interesses \iL.y. Ui)
dos construtores civis iam muito mais no sentido do aumento

do n2 de andares doque na sua redução. Tal facto, a moda eclé

tica destes anos sem inovação arquitectónica favorecendo a ma

neira decorativista e, sobretudo, a necessidade de procurar i-

ludir a mã qualidade crescente da construção, explicam que triun

fe, na Cinco de Outubro e nas Avenidas incidentes, o gosto pe


lo pormenor ornamental que, numa escala ascendente culminando

por volta de 1920, vai quase completamente arredar a variante

mais modesta mas também mais sóbria e equilibrada de que citá

mos alguns exemplos.


referimos n2l3
i jusr. Kia,\
Assim, se entre o ns11 de 1914 que já e o

de 1919 que lhe é contíguo, construídos um e outro para cons

trutores civis, as diferenças se estabelecem apenas em porme

nores -
a introdução dos arcos abatidos, das pequenas e precio
sas molduras sob o peitoril das janelas, a maior ornamentação
dos frontões, a multiplicação de fechos e pináculos, o recor

te fraccionado dos caixilhos dos vidros -que não alteram uma

composição geral muito idêntica, jogando com algum resultado


os valores da planimetria que os padrões de azulejo valorizam,
-
-i ■
i-i-i-i ii íz-uif. í^-3
23,2/ 31
ja no quarteirão seguinte surgem três prédios, o e ,

iniciados 1920 permite entender o novo gosto -

todos em que

adoptado pelos construtores civis.

Fundamentalmente, a tendência é para substituir os valo

res de superfície pelos da volumetria, visando acentuar os jo

gos de sombra criadores de uma ambiência considerada mais cos

mopolita que a plena luz nas fachadas abertas, e o expediente


é a acentuação da verticalidade pelo maior destaque dado às
molduras verticais em relação às horizontais. A superfície da

fachada, assim reduzida pela modulação de corpos, é mais facil

não se utilizem outros elementos


mente preenchida, mesmo que

decorativos .

O primeiro prédio deste conjunto, construído por Alfre

do de Carvalho, que encontrámos nestes anos também como cons

trutor responsável do núcleo de moradias da Av. Duque d Ávila ,

evoca com êxito a volumetria pretendida que os remates das pi


lastras adossadas, em correspondência com as pesadas molduras

do frontão, mais acentuam.

O prédio seguinte de que foi construtor responsável o

individua-
seu primeiro proprietário João dos Santos Pereira,
139

liza-se sobretudo pelos frisos decorativos verticais, utilizan

do um motivo ovular que nestes anos de transição para o gos

to artes decorativas, está em moda. Ao mesmo tempo, o recorte

ondulado das varandas, a organização das janelas de sacada

em três os capiteis que rematam as pilastras, o dese


corpos,
molduras das janelas sobretudo, belíssimo
nho
eruditcjdas e, o

óvulo sobre tornam este prédio um dos mais


a porta principal,
originais e conseguidos do período na Av. Cinco de Outubro.

Finalmente o terceiro, mais modesto mas procurando apro-


ximar-se da articulação de volumes do n223, pertence ao vasto

conjunto dos prédios reconstruídos (1 36) . Quando a edificação


se inicia em 1920, pertencia a José Cartaxo e o construtor res

ponsável era Miguel Veiga. Em 1923 não está ainda concluído

mas muda de proprietário: pertence então a José Joaquim Serra,

construtor faz alterações internas e o conclui em 1924.


que
Em 1925 foi arrematado judicialmente por António da Rocha Ro-

mariz Jr.e vistoriado em 1927. o parecer foi o seguinte: "0 pré


dio foi construído com péssimo material donde resultou o esma

noroeste parcial das restan


gamento total da empena do lado e

assentamentos
tes paredes exteriores, além de esmagamentos e

adopção de
em algumas divisórias interÃores" .Deste modo, a um

novo figurino de gosto não era em si grandemente significante.


A má qualidade da construção actuava por dentro e por detrás

dos bordos da fachada. Sobre o exterior, contudo, a dignidade


afirmava-se e conseguia-se mesmo introduzir um toque de origi

nalidade: neste caso, a pesada moldura de gosto já geometri-


zante, simulando um frontão sobre as janelas do andar amansar-

dado.

Mais concluente é ainda a história do n°124, após o gave- ju>>r. lA.

de 1918, da
to com a Elias Garcia. 0 primeiro projecto respon

sabilidade do construtor José Seabra de Barros, cuja organi


fachada hoje existe, foi repro
zação da era praticamente a que

vado por José Alexandre Soares (137). Sucedem-se dois outros

projectos, o primeiro ainda de 1918, o segundo já de 1921,

termos decorativos. Em 1927, a vis


com pequenas variantes em

não concluído está habitado", fal-


toria confirma que "o prédio
tando-lhe nomeadamente "por completo as canalizações", exigin-
do-se "a imediata evacuação e limpeza". 0 prédio está então
Tribunal do Comércio, adjudicado em hasta
entregue ao porque

pública por Manuel Henrique Barata e José Vicente Antunes, es

falira. Só são projectos, sendo


te em 1929 apresentados novos
140

Manuel C. Gomes, encontraremos


responsável o engenheiro que

muito activo a prtir derreados dos anos 20.

Trata-se de um^pomposa fachada, inteiramente coberta de

cantaria simulada, com a entrada nobilitada mas em que, até

evidentemente ultrapas
pela tardia realização de um projecto
sado em 1929, tudo tem um espantoso ar de cenário de cartão.

E, a um olhar mais atento, ultrapassando a pretensão dos mate

riais e o mediano luxo das colunas e dos remates, o ritmo da

distribuição dos vãos é rebuscado e desproporcionado, revelan

do o conjunto uma falsa vontade de diferenciação, como que

assim comprando a infracção a todos os regulamentos.


De maior qualidade são os dois prédios seguintes, os n2s íX

128 e 140, ambos de 1919 que utilizam como elemento valorati

vo fundamental as pilastras adossadas nos últimos andares,

acentuando assim, mais ainda, a altura global, em que se pres

sente uma sugestão algo maneirista que encontra eco na fragi


lidade deliberada das molduras, no preciocismo das grelhagens
das varandas e, no n2l28, no recorte minucioso dos caixilhos

dos vidros, num tom de elegância que, se não corresponder à in

desenho de arquitecto, da parte do


tervenção de um sugere,

construtor, uma linha de gosto sem grande continuidade, que

parecia querer retomar a moda grãcil que Miguel Nogueira pra


ticara nos seus pequenos prédios.
Do mesmo construtor responsável pelo n2l24, José Seabra

edificado 1919. R/c forra- -XS


de Barros, é o 174, igualmente em

do a cantaria que, superiormente, se organiza num conjunto


de molduras articulando a porta principal com as mísulas de

do 12 andar. 7a volumetria pesada


apoio das varandas laterais
deste corpo é ao mesmo tempo contrariada pelo ritmo das jane
las de sacada e das janelas laterais -

que pelas dimensões


alongadas e ausência de molduras|anunciam já uma viragem de

reforçada verticalmentepelos apoios da varanda cen


gosto -
e

tral do 32 andar e pelo frontão que apresenta na chave uma

volumosa cabeça de leão. Composição eclética portanto, mistu

rando os sentidos de leitura, amacia-se nas grelhagens ondulan


tes das varandas, no recorte dos vidros das bandeiras laterais

e no magnífico trabalho de ferro da porta principal. Numa épo


ca em como veremos na Duque d'Ávila, os prédios mais os
que,

tensivos copiavam o modelo que Norte Júnior em 1915 projecta


Liberdade da moda que Pardal
ra na Av. da ou se aproximavam
Monteiro propunha em 1920 na Av. da República, este prédio
141

do corpo central dos primei


sobretudo na organização singular
a simplicidade comunica
ros andares, parece querer recuperar

das fachadas lisboetas mais abertas â luz, refundindo-a


tiva

em dimensões modernizadas.
afinal os mesmos
Como era natural na Lisboa destes anos,

habitados antes de
construtores apareciam ligados a prédios
de evidente qualidade e de
terem canalizações e a projectos
■iiA> _^
autores «•»-
composição mais elaborada. E não se pode negar aos

das modas e um cu
««s gswikjjefâíwss umajcerta capacidade de^nanejo
afastam da tra
de originalidade em algumas soluções que
se
nho

modesto, trilhando os difíceis caminhos do


dição do prédio
diver
cosmopolitismo, que então todos ainda imaginavam ricog,
nas cidades agigantadas a di
sificado, continuando a garantir
ferença de cada uni.

dos construtores deste pe


Augusto Alves Mineiro é^outro
AA)
jã encontrámos responsável pela moradia tornejando ( JX'
ríodo, que

a Av. Júlio Dinis de Manuel Henrique Barata e do prédio 7UlTyl


para
edificado em 1920. Também o n2l68, fazendo gave
com o n2l92,
ao mesmo proprietário e foi
to para a Av . de Berna pertencia
edificado pelo mesmo construtor.

Analisando o projecto do n2l92, José Alexandre Soares,

como quase sempre, afirmara que não podia ser aprovado "por
insuficiência arquitectónica da fachada principal (... ) pela
de outros órgãos de cons
deficiência da espessura das paredes e

como todos os emitidos por


trução", juízo apreciativo vago,

tanto mais não era acompanhado de quais


este arquitecto, que

quer justificações.
andares mas, em
0 projecto previra inicialmente quatro
financeiros" foi reduzido a três. O rebus
1922, "por motivos
um diferente acabamento
car da diferença leva aqui a adoptar
da fachada e nos corpos laterais. É nestes
na parte central
elementos nobilitantes: as janelas do r/C
que se concentram os

com, pequenas colunas que se percebe não terem qualquer função


do I2andar, envolvidos em am
de apoio e os grandes janelões
das inserem os corpos das
plas molduras, no interior quais se

existe desenho diferente das


varandas. Em todos os andares um

vontade manifesta de evitar a repe


molduras e dos vãos, numa

tição e o conjunto, insuficientemente unificado pela linha re

de
cortada em três frontões da cimalha, exibe a puerilidade
acumulações não che-
uma maneira em que a soma de tão diversas

qa a realizar-se .
142

últimos da Cinco de Outubro,


É contudo nos quarteirões
acima do viaduto, loteados tardiamente, visto que só a partir
de 1913 se discute a abertura do último troço da Avenida (1381

a actividade dos gaioleiros claramente se implanta. 7\inda


que
em 1928, no Boletim da Câmara Municipal de Lisboa, a propósi
de há sobretudo, se vi
to do "abuso que anos, após a Guerra,

nha cometendo na construção civil em Lisboa" se afirmava: "Um

bem frisante nos mostra uma das mais recentes Avenidas


exemplo
de Lisboa, onde o número de prédios condenados a demolir par

cial ou totalmente sobe a 10. É a Avenida Cinco de Outubro" ( 1 39) .

totalidade situava-se precisamente acima


Desses 10, a quase
do viaduto. Cite-se, apenas a título de exemplo, o n2273, mo- -

desto prédio, de gosto mais preso à tipificação tradicional,

construído entre 1920-22 por Artur José Nobre para Sempiterno


& Calado. Logo no ano da apresentação do projecto, José Ale

xandre Soares alerta para "a má qualidade do material que es

tá sendo empregue". Em 1922, a mesma firma proprietária requer

"No r/c em vez de 2, 3 casas e não


alterações nestes termos:

avendo na ocasião no mercado vigas de ferro com as sequeções


que indicava o progecto, substituir por 7 vigas transverçaes" . . .

Ainda em 1925 a construção está parada "por motivos imprevis


tos" e só em 1926 é apresentado o projecto de consolidação.
Vale a referir também o n2279-28l. O 12 projecto, y„-.
pena

apresentado em 1920, propunha um prédio dentro do gosto mais

modesto dekendim.ento com alguma pretensão mas, em 1922, a mu

conduz 22 projecto, muito mais gran


dança de proprietário a um

dioso contra as normas vigentes, apresentando seis andares


e,

não conduz 32 projecto, ain


acima do r/c. A sua aprovação ao

da desse ano, onde os dois últimos andares eram iludidos num

amansardado com cúpula central. Em 1926 a cons


grandioso corpo

trução ainda se arrasta, o prédio fora entretanto adquirido


finalmente o ter
em hasta pública por um novo proprietário que

32 reduzido todavia a 4 andares sob


mina, segundo o projecto,
a cimalha recta.

com maior clareza


Estes exemplos permitem-nos penetrar
dos os
nesse mundo sem lei pequenos promotores que compram

baratos recorde-se em 1916, por sugestão do pre


lotes -

que

Câmara "um lote de terreno na Av. Cinco


sidente da Municipal
de Outubro e António Serpa", depois de\ter ido a praça pelo pre

ço base de 18$00 o rn2 "sem ter obtido lanço", viu esse preço

m2 Aliás, início do ano era dito


baixar para 15$00 o .
logo no
143

Presidente que "a venda de terrenos tem diminuído


pelo mesmo

pois que as construções estão muito caras "( 1 40 ). E embora a

construção fosse igualmente barata, ao contrário do que era

capitais afoitamente arranjados muitas vezes


dito, os magros

não chegavam. São inúmeras as falências, as vendas em hasta

pública, a rápida mudança, durante a edificação, por dois ou

três Penoso calvário num país atrasado, onde


proprietários.
excessivamente fácil
ser capitalista é assim, ao mesmo tempo,
e excessivamente difícil. Filius Populi, na brochura que te

mos citado, explica "a descida brusca e imprevista ocorrida


1922 1926" "elevadas taxas de juro" que os constru
de a pelas
"acertado
tores tinham que suportar, considerando que só o

decreto n2l5289" concedendo "dez anos de isenção da construção


de
predial e reduzindo de 1 % a sisa nas compras de terrenos e

construtores
propriedades para habitação" possibilitou aos

lançarem-se "com denodo em novos empreendimentos, rnultiplican-


do-se as construções de prédios". Por detrás das "vistas lar

gas
"
do"sãbio legislador" estava evidentemente a mudança

de regime que regularizará a qualidade média da construção e

finalmente, iria impondo uma maneira nova à


ao mesmo tempo,
das fachadas que, dez anos depois, se tornará
dignificação
estilo. Essa normalização todavia, sonhada por gerações suces

sivas de vereadores, não tornará as novíssimas avenidas, mais

belas do eram as novas. E retirou-lhes ainda o toque quen


que

te da mão humana que estas apesar de tudo conservavam.

Nas Avenidas incidentes, pelo menos nas centrais, são

mais modesta encontra


sobretudo os prédios de composição que

muitas vezes suddivididos lotes que permitem uma


mos, ocupando
densificação relativa superior. Tal como detectámos na Av. Cin

co de Outubro, também aqui existem dois períodos em que espe

cialmente se concentra a edificação: o 12 entre 1913-14 e o

22 de 1917 a 1920. Entre ume outro, com poucas excepções, as

de circunscrevem-se apenas ao maior enrique


variantes gosto
cimento decorativo das fachadas através da diversificação das

molduras, fechos e remates, da distribuição variada dos vãos,


da maior utilização das cantarias, dentro da necessidade de
mui
valorizar em termos de moda um produto de qualidade quanto
to mediana e nenhuma inovação real continha.
que
outro, tende-se também a abando
De um subperíodo para

determinados elementos decorativos mais tradicionais.


O
nar
144

aulejo por exemplo que enriquecia as volumetrias mais pobres


com estreitas faixas de marcação dos andares ou da linha da

cimalhajou que, mais raramente se concentravam em composições


mais vastas, tende praticamente a desaparecer, substituído

maior dinamismo das moldu


pelas decorações em estuque e pelo
ras de cantaria. Todavia, nos anos iniciais, dentro do gosto

que Miguel Nogueira recuperara no seu prédio da Rua das Picoas, [i^X;- 3 \
deve salientar-se dois prédios da Av. Praia da Vitória de
12,
<L.i7r. t^
elemento enriquecedor de composições
1912 que apresentam, como

volumétricas muito tradicionais, amplas faixas intensamente

coloridas de azulejos organizando composições florais, parti


cularmente dinamizadas na superfície do frontão do n243 que
de penetra
se abre numa magnífica cauda de pavão .Trata-se uma

de gosto de referência arte


ção , ingenuamente realizada, um

de rendimento lisboeta em vontade de


nova no modesto prédio
modernização que se exprime também nos ferros das varandas

que, sobretudo ainda no 43, apresentam uma composição original.


liberta de marcações geometrizantes , num ondulado vitalista.

resultado dois casos, muito curioso e evocador das ca


0 é^os
de
pacidades criativas das réplicas: fundem-se aqui citações

escola, o frontão,© varandim da cimalha e o requinte sóbrio


das cantarias do n233, com referências ecléticas, o aparelho
de cantaria que forra o r/c ou os pilares de apoio das varan

artesanal de
das do 43, com um saber fazer empírico e capaz

de elementos de gesto novo, redimensionando-os :


se apropriar
coloridos o ritmo frágil das composições flo
os vidrinhos e

desf azendo-se mancha de cor sem re


rais^ cauda do pavão em

correr às linhas, são influências evidentes de moda, mas já in

teriorizadas e popularizadas, sem qualquer carga erudita.

Foi sobretudo nas moradias que este gosto superficial e

mais
facilmente elegante de difusão de padrões arte nova se

sua extensão a prédios como estes, remete**-


manifestou, mas a

-nos para um certo dinamismo cultural da pequena burguesia ur

bana nos anos iniciais da República que, nesta área como nou

tras -
as universidades e as edições populares ou a construção

de casa de praia
-

utopicamente pensava que certa participação


independentemente da sua
no poder político corresponderia,
bens culturais democratizados,
força económica, ao acesso aos

o que, ímtmWVÓl^&fiV*^ de todos os equívocos e ingénuos no

momento de excepção na socie


vos riquismos, correponde a um

f atalistamente ã espera de todos os


dade portuguesa, sempre
145

lhe mantenham a segura e pequena


enquadramentos rígidos que
í

liberdade mais preciosa que a vontade transgressora de pentrar

o território incerto da liberdade.

Embora de modo muito mais modesto, também a utilização

linha da cimalha
de grelhagens em ferro forjado, decorando a

furtadas que encontramos


e de certo modo alpendrando as águas
1 91 4 nessa 5L^T- KSo
na Av. J. Crisóstomo, nos n2s 81 a 87, de , participa
de vocabulário decorativo de linhas
apropriação popular um

veja-se também as notáveis varan-


ondulantes e vegetalistas -

-u,sr liÁ

das do n277-81 da Av. Miguel Bombarda


-

largamente vulgarizado
de A Construção Moderna e as Artes do Metal que,
nas páginas
em 1914, se fundem numa única revista, deixando
precisamente
transparecer quanto o gosto decorativo da arquitectura destes
notável de modernização de
anos se alimentou da capacidade
mas-
mesteres artesanais, sem que, todavia, isso implicasse uma

sificação da produção. 0 que, apesar da grande divulgação, ga

raridade do ornamento e a marca de diferença que só


rantia a

fachada igual às outras.


ele era capa-i de criar numa

mar
Que o ferro, sistematicamente usado, nestes anos, nas

no
quises e escadas de serviço das traseiras, penetre espaço

situação apenas aceite nos corpos


nobre da fachada, era uma

das varandas, dos portões e, nota sempre facil


circunscritos
Encontra-
mente grácil, nos alpendres das portas principais.
-lo a rendilhar a linha da cimalha ou as águas furtadas que

forrados em ardósia
deveriam, en situação de qualidade, ser

revela mais uma vez a ca


e emoldurados em cantarias pesadas ,

pacidade criativa das réplicas de produção popular, capazes

de actos transgressores, vedados a quem pretendia veicular


saberes normativos.

Não foi contudo esta via mais dinâmica que seguiu a pro

mais modestos da Avenidas


dução de prédios nos quarteirões
Nos anos de Guerra, a tendência foi, como verificámos
Novas,
dos modelos dos
na Cinco de Outubro, para o enriquecimento
mantendo-se fieis às volumetrias tradicionais
anos de 1913-15,
n2s57 da J.Cri- í"-Jm -'■ l
mais simples -que podemos e>ftnplif içar com os

da Visconde Valmor ou o 89 da Elias Garcia, todos tmA. iSi


sóstomo, 39
de elementos nobilitan
de 1913 -

pela introdução progressiva


tes: os frontões ou um recorte deliberadamente origi
pequenos
79 da Elias Garcia,
nal das vergas no n243 da V. Valmor, no
/La
ambos de 1913 ou no 64 da J. Crisóstomo de 1917; a multiplica- ,^r

sistemático de varandas de sacada 5l-jt yy


ção das cantarias pelo uso

geminadas, de colunas ou pilastras simuladas, de molduras,


-'-' ' **&
frisos e fechos nos n2s 44 da J .Cri sóstomo, 52 da Miguel Bom-
146

. -ji.v-.st. X-
48-50 da Avenida de
bardafde 1918, no mesma
1919, no 57 daV •

Val-^rir. /f.

mor de 1917, com maior ou menor intensidade nos n°s 74 a 110 zi.y "A

da Duque d'Ávila, construídos entre 1917 e 1920; a reorgani


zação mais complexa de todos os elementos morfológicos que

tendem a submeter-se a uma linha tónica de significação que

diversidade das molduras, no n228 da V. Valmor de õ-^ioA^ò


pode ser a

1915, as varandas de cantaria no 75 da Barbosa du Bocage de '<-H

1917, as varandas recuadas em relação â linha da fachada, abrin-

do-se em arco abatido, no 56 da V. Valmor de 1917, as janelas

geminadas centrais nobilitadas pelo recorte oblíquo dos cor

laterais ou pela profusão dos emolduramentos no 84 da 3wSf KG


pos ,

Elias Garcia, o conjunto de janela e janela de sacada articu

112 da Elias -juo^rj-.*


lados por uma citação do motivo bow-window, no

Garcia de 1920.

Mais rara é a solução do 69 da J. Crisóstomo de 1914 que it-A-A AA

mantém da fachada
a planimetria simples ^enriquecida apenas por

um frontão pouco habitual, onde surge já uma empírica suges

tão artes decorativas, que encontráramos, com idêntica formu

lação, no 100 da Cinco de Outubro do mesmo ano. (-7 — ■

faz)
desta
Os gavetos são naturalmente locais privilegiados i^->\ »*-.-j .

frágil evolução da carga decorativa das fachadas que podemos


sintetizar do n2l22 da Duque d'Ãviia, tornejando para a Av.

Marquês de Sá da Bandeira, de 1913, construído para a Viscon

dessa de Sá da Bandeira com sólida qualidade que a modéstia


' 1 '

Jf l
-■- 7T
da fachada ilude, ao ostensivo 136-142 da Elias Garcia na es-

quina com a Marquês de Tomar de 1920, com entrada nobilitada,

duplas pilastras adossadas de pesados suportes que se repetem


nos corpos laterais. Entre um e outro, diversas manifestações -,-.- y iri

intermédias de medíocre qualidade: o 45 e 46 da J. Crisóstomo

tornejando respectivamente para a Conde Valbom de 1919, para

de Tomar de 1917 de novo a C.Valbom, no ns48


a Marquês e para

de 1918-19.

De uma maneira geral\este vasto conjunto de edifícios é

inferior aos melhores que distinguimos na Cinco


quase sempre
de Outubro e, como muitos destes , procuram também com o ecle

tismo da decoração disfarçar a qualidade construtiva que se

Sistematicamente, as vistorias revelam as insufici


degrada.
paredes divisórias mã qualidade
ências das fundações e^ias e a

das argamassas que se traduzem em esmagamentos das fachadas,

desnivelamentos dos pavimentos e das cantarias, embora alguns

projectos fossem pretensamente grandiosos.


Avenidas centrais predominam estas realiza
Enquanto nas
Av. Duque d'Ávila que, depois dos gran
ções mais modestas, na

des eixos da República e Cinco de Outubro, fora desde sempre

constroem-se após um dos cru


a mais importante do conjunto, ,

que constituem o me- A"A- J'f 4


zamentos com a República, quatro prédios
lhor exemplo do gosto de finais dos anos 10 e, ao mesmo tempo,

revelam, com particular clareza a através de agentes privile

giados, o processo de difusão dos modelos e das apropriações


mais ou menos fieis a que davam lugar.
O modelo neste caso, como em tantos outros é Norte Júnior 3u.X \V\ A

que projectou o 12 prédio da série, o n228 em 1919 para Antó

nio Gonçalves Negrão, comerciante, com uma fachada que é uma

antes Av. da Liberda


que desenhara quatro
da anos na
variante

de: o mesmo tom eclético, de refeér.cia Beaux-Arts, criando

uma sugestão de cosmopolitismo civilizado, através do jogo de


das marcações de cantaria, de sobreposição de corpos
volumes,

decorados, exibição virtuosa de citações múltiplas que nas ca-

riátides suportando as varandas do 12 andar obtém o seu emble

ma fundamental. Trata-se contudo, como outras produções do

mesmo arquitecto deste período, de uma composição menos coe

rente do que o prédio da Viscondessa de Salreu que citámos:

neste eram os corpos verticalizantes das bow-windows


enquanto
que constituiam o tema fundamental a que se submetiam, em con

traponto bem articulado, os elementos decorativos, no prédio


embora sucessão das varandas centrais
que estamos a analisar, a

variedade de refe
procure desempenhar esse papel nuclear, a

rências patenteadas que nos corpos superiores recolhem uma

certa citação de italianismo e no janelão do I2andar se ten-

tarrtoela arte nova, fragiliza o conjunto, insidiosamente pene

trado de um exibicionismo no vo rico, tónica fundamental da

arquitectura lisboeta do final da década.

Escachada tinha por isso mesmo todas as componentes ne

cessárias para agradar. Não admira pois a sucessão dos três

não encomenda directa


prédios seguintes, construídos já como

um comerciante um rendimento seguro e nobili-


para garantir a

dentro do circuito normal


tantej mas para promoção imobiliária,
de actividade febril dos construtores lisboetas neste período.
Ji0
iniciais constru-
Efectivamente, do n226 foram proprietários e

dos Santos e Manuel dos Santos o


tores responsáveis Joaquim
12 dos quais encontrámos logo em 1909 como responsável do ne95
{ 51.7 U'

22 foi dos construtores da luxuosa


da Av. da República, e o um

a de Ber-
moradia com o n277 da mesma Avenida, tornejando para
1 4 8

na, que é projecto de Norte Júnior de 1908. Claramente se es

clarece portanto que se trata de gente muito ligada, embora


deste 22prédio seja também
não seja verosímil que o projecto
do arquitecto: precisamentehestes anos ,
Norte Júnior começa

sistematicamente assinar as peças gráficas e as Memórias Des

critivas, situação que se verifica nestes prédios da Duque

d'Ávila que são da sua autoria. Será desenho de Edmundo Tava

foi propriedade inicial de


res que é autor do seguinte que
Bernardino Serra & Irmão, construtores civis como os anterio

res? Em composição de fachada mais sim


comum apresentam uma

ples que a anterior, vivendo ainda do dinamismo que esse pré


dio lhes fornece como um mote de grandeza, embora no n224,
do loandar, prolongam inferior
o conjunto das varandas que se

mente em molduras da entrada principal, possua uma volumetria

conjunto, constituindo como que uma tónica


que enriquece o

secundária que, a não existir, quebraria a articulação com os

números anteriores. Saliente-se ainda, neste terceiro prédio,


a inscrição no frontão da palavra "LABOR", elogio óbvio e gos

toso da actividade incansável dos construtores civis que iam

edificando a cidade, no quadro ideologicamente adequado da I

República.
n°24 de articular-
A impressão que nos provoca o procurar

último, n222, de
-se com os anteriores, é ainda acentuada no o

1921, projectado de novo por Norte Júnior, que, possuindo uma

composição mais simples, se enriquece sobretudo por adquirir


aos anteriores, um intenso movimento. Efectiva
em contraponto
mente, enquanto o 26 e 24 apresentam fachadas predominantemen
te planas, que apenas as varandas dinamizam, o último prédio
destaca o corpo central, criando desse modo o remate necessá

rio à volumetria do 12. Também o último andar se organiza em

12 prédio, embora com outra modéstia


correspondência com o

de recorrendo ao pequeno telhado destacado que não


programa,
maior pobre
se mostra nos prédios intermédios. Deste modo, a

za decorativa, que apenas se exibe no r/c, numa acumulação bem

de fechos, molduras e frisos, não prejudica o luxo


organizada
do conjunto, antes o enriquece tal como jã acontecia como ne
^ (yjf^h-.'jj^o\
anterior, com a capacidade de dinamizar/ através dos ritmos

alternados dos vãos e das varandas, recorrendo a uma morfolo

gia predominantemente tradicional .

é extremamente curioso que o desejo tantas vezes


Assim,
em páginas de revista ou em reuniões de sucessivas
expresso,
149

di
vereações, de criar nas Avenidas um padrão arquitectónico
gnificante e cosmopolita, tenha aqui um esboço de realização

sem que quaisquer normas tenham existido, apenas pela capaci


dade atenta dos construtores civis, aliados a Norte Júnior,

prédio encomendado
não deixando escapar a oportunidade que o

comerciante Gonçalves Negrão lhes proporcionou de ensaia


pelo
rem uma promoção imobiliária mais ambiciosabem de acordo, nes

te período final da República, com uma certa revalorização


de modos diversos, tanto o sidonismo
da diferença social que,
como o orfismo veiculavam. 0 atraso com que isso acontecia,

em relação ao programa das Avenidas Novas, era afinal natural,



se considerarmos que o projecto urbanístico nascera quase

Garcia, conjugada com as necessidades


da energia de Ressano

1900 excessivo
financeiras prementes do Município. Fora em pa

cidade começava então a crescer e que iria ver,


ra uma que
as suas
durante os primeiros anos do regime republicano, pre-r

tensões de cosmopolitismo europeu pouco acarintfáas pelos valo

res das classes médias que chegavam ao poder. Apesar de apa


rentemente distante, a Grande Guerra, provocando uma acelera

ção económica e social, possibilitou o dinamismo da construção


tar
civil que as Avenidas então patenteiam. Chegava, todavia,
de esse dinamismo, no momento em que todo o processo material

finalmente viragem. Parece-nos contu


da edificação entrava em

do que ele é o arranque decisivo e que o modernismo arquitectó


nico do final dos anos 20 , realizadas algumas clarificações
dominados empirismos e obtidos os novos mode
necessárias, os

é aqui
los que a jovem geração de arquitectos irá fornecer,
que nasce.

Outro prédio deste período testemunha essa capacidade


da actividade dos gaioleiros e dos seus
de inovação que, a par

é a característica fundamental dos fins dos


desmoronamentos,

anos 10. Trata-se do n269 da Av. Elias Garcia, próximo do ga- lorAAd-C

veto sobre a Av. da República, edificado em 1918 para João Ma

nuel dos Santos Faria, construtor a que já nos referimos a pro

pósito da moradia e do prédio que edificou na Av. da República, ;:-.,:yj


1917 e o segundo em 191 9. Como então se disse, oy.
a primeira em

trata-se de um construtor civil do que poderíamos considerar

referenciarmos a primeira com homens


uma terceira geração, se

como João Rodrigues Sebolla ou Joaquim Francisco Tojal e a

investida dos construtores não diploma


segunda com a primeira
dos ou diplomados sem que isso corresponda a uma formação
artesanal, tradicionalmente adquirida.
termos de reflexão sobre as vias que, neste final de
Em

colocam ã evolução da arquitectura lisboeta, seria


década, se

importante sabermos quem compôs a curiosa fachada deste prédio,


onde artes decorativas claramente se afirma, embora
o gosto
com citações ecléticas, que aliás encontramos , com formula

prédio projectado dois anos mais tar-


ção muito semelhante, no ,

de por Pardal Monteiro. Existem evidentemente modelos europeus

que, neste momento, se divulgam e que surgem apropriados qua

se imediatamente com grande rigor, como se houvesse uma cer

consciência dos construção de prédios de um


ta impasses que a

certo luxo havia atingido em Lisboa. Muito curioso é também

toda inova
observar que, enquanto nos períodos anteriores, a

ção arquitectónica foi devida a arquitectos trabalhando por


encomenda directa para clientes particulares, encontramos ago

ra um construtor civil como responsável por algumas das obras

prática antecede a que,


que veiculam o novo gosto, numa que

dez anos mais tarde, se verificará em relação à arquitectura


modernista. Algo estava a mudar nos meios da construção civil

lisboeta que influenciará decisivamente a evolução que se anun

cia: sem atingir o rigor formal da retícula com que Pardal Mon

teiro organiza a fachado do n249 da Av. da República, a solução


de simuladas de aresta viva
aqui utilizada grandes pilastras
fraccionando, em ritmos verticalizantes, a superfície plana,
laterais estão completamen
o rigor das molduras que nos corpos

te ausentes, a decoração com pequenos óvulos das janelas cen

a vo
trais, as pequenas varandas de grelhagem geometrizante ,

lumetria seca e enérgica das cantarias que envolvem o r/c e

emolduram um sabor de novidade em 1918. E-


as portas, possuem

videntemente a utilização dos frisos formados de corolas,


que

em simulação de capiteis nas falsas pilastras


que se repetem
cunhais
centrais, os registos de azulejos de gosto ambíguo, os

revirados das cúpulas de ardósia dos corpos laterais


pequenas

com um recorte vitalista, são citações contraditórias por on

certa recordação arte nova de que parece haver al


de passava

guma nostalgia, sem no entanto perturbar a composição geral


se naòsalienta ainda a planimetria predominante do corpo
que,

central, a deixa positivamente sobreviver num conjunto que


é essencialmente inovador. Como se a maneira da moda pudesse
fundir-se com algumas das raízes mais estáveis da arquitectu

ra de Lisboa.
151

Ainda na mesma Avenida, já em 1920, Augusto Alves Minei

ro, que encontrámos ligado ao promotoriManuel Henrique Barata,


últimos da Av. Cinco de Outubro, construindo k
nos quarteirões p
prédios e uma moradia de gosto equívoco, pode representar a

107-121 120- X
outra face da edificação destes anos. Os n2s e

-124, em dois conjuntos que se confrontam, que constrói para

Baltasar da Silva e António m. Marmelo da Silva, exibem nas

fachadas um esplendor decorativo em estuque que recupera, em

planimetria cuidadosa, um vocabulário academiaznte que, nes

tes anos, a divulgação arte nova havia corroído. Trata-se de

de desenho trhaspostas para fachada, caprichos de


páginas em

citação laboriosamente organizada e que esconde o que as vis

torias, jã nos finais dos anos 30, revelam a propósito do

n2l15: "Medíocre construçãojpois as suas alvenarias são de in

ferior qualidade e as fundações assentam sobre arcos em que

um se encontra a descoberto, deixa ver que é constituído por

tijolos furados", parecer que se repete em 1950 quando o es

tado de ruína se acentua "devido â insuficiência das fundações,


fraca dosagem das argamassas que se desfazem ã menor pressão
e divisórias de tijolo furado de péssima qualidade".
fundamentalmente constru
Nestes equívocos se expressava a

ção da época e as Avenidas Novas, edificadas sobretudo ao lon

go dos anos 10, são repositório fiel das linhas contraditórias

que percorrem esta década que, fundamentalmente, assiste ao

triunfo da especulação imobiliária sobre a encomenda directa.

CHegavam, todavia, ao fim os anos heróicos da actuação

dos O número de promotores vai restringir-se si


gaioleiros.
oportunidade de montar um negócio de ven
gnificativamente e a

da de prédios deixa de ser uma aventura fácil que qualquer


afoito acometer. Ao longo dos anos 20 surgirão
tomarense pode
promoção imobiliãria, oferecendo qualidade
grandes patrões na

construtiva e estética aos seus produtos. E a cidade ir-se-à

edificar com outro ritmo e outras ref erências As Avenidas . tor-

nar-se-ão em poucos anos quase um modelo do que nao se devia

fazer. A centralização do gosto -

por enquanto nas mãos de

alguns engenheiros mais ou menos ligados a certos arquitectos


e, dez anos depois, na paternal autoridade do Estado -
terna

fácil deixar de gostar-se de tanta exibição primária de pobre


za disfarçada ou de riqueza ostensiva. As alterações das facha

das e as primeiras demolições anunciar-se-ão quando ainda se

edificam os últimos lotes.


I 0/

5. As Avenidas Novas : 1 920-1 934

5.1. 7^ Avenida da República

Apesar do intenso ritmo de construção que a Av. da Repúbli


ca conheceu logo nos anos do seu traçado, ainda na década de 20

se edificam seis moradias e sete prédios, numa repertição e-

ao contrário do que desde 1910 acontecia nas


quilibrada que,
restantes Avenidas, aqui se mantém.

cinco constroem-se no novo quarteirão aber


Das moradias,
to no lado direito do Campo Pequeno, na sequência da urbaniza

da das Galveias como jã referimos, se reali


ção Quinta que,
encontrado
za em 1925 no meio de grande polémica. Não tendo nas

actas da Câmara Municipal qualquer referência a directrizes

globais, impondo ou sugerindo a construção de moradias, prefe


rencialmente à de prédios, dever-se-à concluir que a opção
moradia vontade dos promotores ou dos encomendado-
exprime a

res directos que, curiosamente, assumem com coerência o que

até então fora apenas o desejo de alguns, sempre contrariado

mais activos construtores civis. No último pe


pettf, «Htfágto» <&»**
ríodo de edificação da Avenida ,
havia finalmente uma frente

só moradias, todas projectadas por


de quarteirão com. quase

parecia assim que


arquitectos. À distância de quarenta anos,

rer provar-se que a profecia de Hintze Ribeiro em 1888, preven

do a corrida à especulação imobiliária e a construção de me

díocres e inestéticas "cómodas de muitas gavetas" não tinha

razão de ser, ou melhor, que as gerações mais civilizadas dos

erros na Avenida tinham


anos 20 se propunham corrigir os que

sido cometidos.

De certo modo assim era. Como veremos, depois de viver


20 anos sem animação, sempre dependente do centro que era a

Avenidas Novas entraram finalmente na moda. Nesses


Baixa, as

novos
anos de vida social pretensamente civilizada, em que os

os descendentes da aris
ricos procuram criar uma genealogia e

tocracia liberal se convertem aos encantos da vida moderna,

bem viver nas Avenidas Novas. A Av. da Republica , da


torna-se

raridade dos terrenos edificação e o carácter de


da jã a para

eixo nobilitante que sempre teve, saía assim dos circuitos


do
mais elementares da especulação imobiliária. O alto preço

metro quadrado justificava a opção de qualidade que só a mora

Tanto mais que a proximidade do Camp


dia podia ainda preencher.
Pequeno lhe criava uma valorização suplementar. Alias já nas

construídas, as
faixas próximas, anteriormente predominavam
IbJ

evidenciando antes dos cafés, dos


moradias de qualidade, que,

clubs e das/reuniões íntimas, foram as touradas a principal


atracção da grande artéria da cidade nova.

50 52, de 1929 e
As duas primeiras moradias, os n2s e

1928 respectivamente, são, neste final de anos 20, quando gran


des obras iniciais do modernismo estavam a ser construídas, o

da Norte Júnior fixara vin-


prolongamento possível imagem que
ta anos atrás nas moradias de 1906 e 1908 que ficavam, próximas.
Assim, a Av. da República que recebera algumas das obras
Ventura Ter
notáveis do gosto eclético de 1900, penetrado em

ra e Álvaro Machado de diversas sugestões revivalistas , que

de de 1913 possuía uma das mais


com o prédio Miguel Nogueira
notáveis arte nova se deixava invadir pelas
produções em que a

primeiras referências artes decorativas reinterpretadas em

1920 Pardal Monteiro com outra valorização da retícula


por
de da
da fachada, oferecia agora, em plena época viragem ar

do passado que, dentro de pou-r


quitectura lisboeta, um produto
cos anos deixaria de ter procura.

Todavia, se eram os elementos tradicionalmente nobilitan

tes, haviam feito a nomeada de Norte Júnior, que, no n250,


que

caracterizam a composição do corpo lateral em torreão, coroa

do de lanternim e organizando a cimalha em decorados frontões,

a entrada em modesto arco triunfal, um motivo de fresta alon

gada inesperadamente prolongado sobre a varanda lateral, a

articulação dos vãos das janelas num geometrismo seco, dispen


habitual exibição de cantarias, a simplicidade media
sando a

às lineares, rit
na das varandas, submetendo-se imposições o

mo das linhas dos telhados que reduzem o papel anteriormente

sempre destacado das cimalhas, permitem entender que, apesar


Se arquitecto e o cliente
de tudo, o tempo havia passado. o

nao foram capazes ou não quiseram renovar os símbolos de osten

moldes marcados pelo gosto sim


tação, vertem-nos, contudo, em

destes anos, o que em termos socio


plificador e geometrizante
lógicos não significava evidentemente nenhuma mudança signi

ficativa .

continuava como todas as de Norte Jú


A casa a ser, quase

nior, sobretudo uma fachada, exorcismo pueril contra o provin-


horizontes estreitos da cidade que, nas vastas
cianismo e os

cos
perspectivas da grande Avenida, apenas podia espelhar um

fora de tempo que, por isso, se transmudava no e-


mopolitismo
romântico de quem sabe tudo acontece noutro lado.
xistir que

ainda, tão distante do tempo euro-


E a arquitectura podia ser
154

internacionalismo das maquinas de habitar, instrumen


peu do e

mediano de sonhos ostensivos exibicionis-


to ingénuo e vagos e

mos, pressupondo uma imagem de cidade que morria e ninguém

dava por isso. A moradia seguinte, o n252, é uma variante po


da
bre deste mesmo gosto, vulgarização muito em voga nas ruas

área nesta fase, do atelier que Nor


das Picoas, produto final,
te Júnior há mais de vinte anos dirigia com. prof iciência .Tudo

frontão, o pequeno remate, os friso-


em pequenino, o pequeno
tom airoso podia escolher
zinhos, o modesto portão, num que
do eclético que os resultados seriam
o gosto português em vez

os mesmos.

No entanto, atentando-se no desenho das janelas apenas


emolduradas adivinha-se, também aqui, a vira
superiormente,
de maneira estava em uma expressão mais de
gem que curso, para
geometrismo e uma certa secura dos ornatos
purada em que o

E facto desse novo modis


seriam componentes normalizadas. o

composição de fachada que remete


mo se pressentir aqui, numa

tradicionais, antever
para as volumetrias mais permite-nos
ele será, na rápida vulgarização, apenas uma actuali
quanto
zação superficial que não envolvia qualquer responsabilidade
maior na reflexão sobre a casa.

Dentro do mesmo gosto eclético construíra-sc em 1924, o iu> MV / * r

n230, tornejando para a Miguel Bombarda cem projecto assinado

pelo arquitecto V . H . de Sampaio Porto que não voltaremos a en

contrar. 0 corpo de ângulo é nobilitado na maneira tradicional

encontrámos sobretudo nos prédios de rendimento, ilustran


que
do assim quanto as soluções decorativas saltavam de uma tipo
mesma procura de fazer luxo. Trata-se
logia para outra, na

in
aliás de uma composição feita de colagens, adicionando as

fluências de Norte Júnior -

expressas nos frontões recortados,

no conjunto de janelas sob colunata, nas molduras rebuscadas ,

no forro de cantaria do r/c -


com uma certa pretensão de pala
cete da entrada nobre e da janela de sacada que lhe correspon

de no I2andar que utilizam um vocabulário decorativo demasia

0 resultado aproxima-se por isso mais do con


do heterogé-nio.
junto de moradias da Duque d'Ávila do início da década do que
discretos da Cinco de Outubro dos anos 10, embo
dos palacetes
ra a organização da espacialidade interna, sobretudo no r/c,

com uma ligação ampla da sala de jantar com as outras salas,

deixe um conceito de funcionalidade cue só muito


transparecer
raramente se começa a manifestar.

Assim esta^casas dos anos vinte permitem-nos verificar ^ „-..•., r0 _


155

ao fim de^uase três décadas de edificação de moradias( Ba Av.

da República, permanecia fná. teia da encomenda individual, entre

a executores de gosto duvidoso ou já estandardizado. Toda


gue

via, como anteriormente acontecera, também neste período e-

xistiram marcas de qualidade, permitindo que a sua função de

quase mostruário de 30 anos de arquitectura lisboeta se pudes


se agora completar.
Retomando os fios perdidos que tinham sido, desde 1904,

as casas de A. Machado, V. Terra e Lino, quase as únicas que

aliavam um vocabulário decorativo significante a valores fun

cionais e a uma imaginativa implantação, Pardal Monteiro, que

já em 1920 projectara o prédio n249, nas duas moradias que rea- 7

lizou para o novo quarteirão, em 1927, volta a pôr a tónica

da utência, sublinhada pelo novo gosto artes de


na qualidade
corativas.

Ao contrário da moradia vizinha de Norte Júnior que con

de emblemas visavam ocul


centrava na fachada uma profusão que

tar a estandardização do programa, estas duas casas de Pardal

Monteiro deixam pressentir uma especialidade funcionalmente


Um acontecia com o n257 de R.Lino e, com
pensada. pouco como

outra n235 de V. Terra, a fachada sobre a Avenida


grandeza, no

é uma barreira e um desejo: adivinhamos que por detrás dela

existe um espaço de vida que não é nosso, que subtilmente nos

distancia pelos detalhes que a individualizam.

O ritmo simplificado das vãos que a clareza das linhas

da cimalha mais salienta, a redução do espaço de varandas acen

tuando o seu valor de utência, a modulação volumétrica apenas

em dois corpos em que se pressentem funcionalidades específi


cas constituem uma inovadora e modernista proposta para pen
sar a moradia da burguesia abastada, em moldes de racionali

dade que o aparato decorativo e a exibição de grandeza quase

sempre lhe retiravam. Uma casa pode ter linhas simples, não
disfarçar os corpos geométricos que fundamentalmente a organi

zam, não se desmultiplicar em ramificações e, contudo, ser

diferente, luxuosa e muito confortável. Porque se destina a

ser habitada, mais do que a ser vista e habitar pressupõe a

clareza dos circuitos e a sua razão de ser, exige a abertura

â luz e não a sua ocultação, que para o exterior pouco tem

do
que dizer, a não ser discretamente sugerir-lheja qualidade
se dentro. Aí a decoração intervém que, em. vez de
que passa
toda a superfície, se concentra, acentuando
se espanejar por

os elementos arquitectónicos: nucieariza-se no coroamento das


156

das janelas e das portas, daí irradia, num ritmo algo musical,
de ferro forjado que adquirem um minucio
para as grelhagens
artístico. E concessões ao
so timbre de trabalho se algumas
recente passado dejostentação de uma burguesia frágil são fei
como na
tas -
e porque não ao gosto do próprio arquitecto? -

de entrada do n256, coroada com uma varanda facetada


porta
existe nas linhas cespo-
e uma pequena cúpula, o contraponto
tudo sacrifica à função. í
ladas do alpendre sobre a garagem, que

Rapidamente, na arquitectura doméstica lisboeta, o gos

to dos valores decorativos que Pardal Monteiro patenteia nes

declara
tas duas casas será ultrapassadcípela valorização mais

tornará o instrumento fundamental


da dos volumes, cujo jogo se

da dinamização das fachadas. Todavia, a viragem fundamental


já aqui, quando se clarifica a moradia urbana,
parece existir
desmistif icando-a e reconduzindo-a à função essencial de ca

sa deve ser construída a partir do espaço de utência. Que


que
valo
depois enriquecido recorrendo apenas
a
esse espaço seja
não das artes orna
especificamente arquitectónicos e aos
res

são vias diversas de entender a arquitectura e difí


mentais,
cil é, sabêmo-lo hoje, decidir se uma é mais legítima que

a outra.

da Avenida construiu
Assim, o\pltimo quarteirão que se

continuava a diversidade cue a encomenda privada


a patentear
ela era uma colorida manta de reta
aqui conseguia garantir e

lhos com algumas notas de qualidade que não tiveram grandes

Era também última manifestação de um mundo


consequências. a ,

de manei
que estava a morrer . »^«j5rw /f&y 3&- * -prenúncio novas

ras de fazer a cidade onde nenhuma outra Avenida da República


teria possibilidade de existir.

construiram nestes anos detecta-se


Nos prédios que se

das
gosto que encontrámos
de no conjunto mo
a mesma fractura

aliás final do período anterior se anuncia


radias e que já no

va. Continuam a construir-se alguns dentro dos padrões norma

de rendimento de fachada mais ou menos de


lizados do prédio
realizam-se outros dentro do
corativamente enriquecida mas

de Pardal Monteiro de 1920 ou o de Edmun


gosto que o prédio
do Tavares de 1919 jã patenteavam.
à primeira variante, que significa o peso da inércia das

limite, o con
maneiras de fazer que chegavam, ao seu pertence
faixa compreendida entre
junto edificado acima do viaduto, na

a Rua Visconde de Seabra e a J.C. dos Santos: o r7-74, construí- .


157

do em 1921 A. Marmelo da Silva, também proprietário ini


para
cial dos n2s 107 e 120 da Elias Garcia que analisámos, é o [ -'■■

fachada mais profusamente decorada, dentro


que apresenta a

gosto que os anos finais da Guerra puseram em moda, revelando

todavia na marcação vertical das três pilastras adossadas

interligam os andares, essa mutação do vocabulário ornamen


que
aos valores da planimetria, que
tal para um geometrismo preso
artes decorativas. Além
é referência fundamental da gramática
floridos que as rematam, os conchea
das pilastras, oslcapiteis
dos das bases das varandas -

que pela 1â vez encontrámos no

n269 da Elias Garcia -


o corpo festivo das águas furtadas, o

conjunto das molduras que interligam a porta principal e as

das oficinas laterais, eram elementos criadores da


portadas
bem articulados num conjunto coerente que reafir
diferença,
ma mais uma vez certa mestria na elaboração de réplicas que

civis, ou os arquitectos com eles


os melhores construtores

neste período. O que não nos permite to


trabalhando, atingem
ela se manifesta apenas na composição da
davia esquecer que
acerca do projecto deste prédio, vale
fachada. Precisamente,
de A. A. Machado, da Repartição de
a pena atentarna apreciação
Câmara "0 requerente deve modificar
Arquitectura da Municipal:
dispõe art. 13 do Re
as plantas deWodo que satisfaçam o que o

gulamento de Salubridade das Edificações Urbanas, isto é de


directa, tenham em
que não recebam luz
a
modo que as casas

22 grau, mas dos dois lados" ( 1 41 > .Sistematicamente, aliás .es

fachadas continuam a ocultar quer


ta situação se repete: as

irregular organização do
uma deficiente construção quer uma

era apenas essa habilidade mais


espaço do fogo. A arquitectura
desenho sobre a folha de papel
ou menos empírica em manejar o

-
a mascara que se havia de colocar ao prédio.
78 80, construídos entre 1920 e
Os seguintes n2s 76, e

1922, são variantes mais pobres do n274 que, nos frontões, no

faixas verticais simu


desenho dos vãos ou das molduras, nas

lando sinais de individualização cue nao


pilastras, procuram
modéstia e a baixa qualidade dos programas, situação
iludem a

com os seus
que o n280 patenteia mais claramente ainda, apenas
inicial previa cinco. Como
três andares, quando o projecto
aconteceu, a falta de meios determinou essa re
outras vezes

dução.
Aliás, este conjunto de prédios, edificados num período
em que a Av. da República se tornara jã uma zona def initivamen-
158

com marca social de classe alta, não deixa


te privilegiada e

de ser paradoxal, inserção que é das Avenidas incidentes no cor

po do eixo principal. Todavia, nem todos os promotores podiam

exemplo dos que edificaram o conjunto luxuoso da Du


seguir o

que d 'Ávila. Os tempos de estrangulamento dos pequenos rendi


mentos que estavam para vir não tinham totalmente triunfado

e, apesar de se estar na Av. da República, este quarteirão co

do edificado pouco antes não (jVvmX*)


mo grande parte seguinte que,
ficavam fora da sua área nobre
apresentava melhor qualidade, ,

necessário que era ultrapassar a barreira da linha do caminho

de ferro para lá chegar. 0 tom destes prédios marginalizados


fora dado logo entre 1903 e 1905, quando se construiu o pri- (l-^-T/i
SS \
meiro núcleo, constituído pelos n2s98 a 104. Vinte anos depois
nada se alterara. A única fachada com algum
percebia-se que

do n274, não tinha, como vimos, nalgumas "casas" nem


luxo, a

sequer "luz em segundo grau".


Muito diversa era a fachada do n272, que iniciava o quar- ,iiX'f- ÁHk

teirão que analisámos. Construído mais tarde, em 1926, o res

encontramos muito
ponsável foi o engenheiro Manuel Gomes que

activo nestes anos e que aqui defende um prédio em gosto por

tuguês, praticamente o único que encontramos no conjunto de


coroam as va
todas as Avenidas. Os beirais, os alpendres que

entrada os vasos de flores que pontuam


randas e a principal,
de um lado e outro as janelas, as pequenas varandas de tabui

nhas são as marcas do rústico, enquanto as molduras das jane


las isoladas e a varanda principal em cantaria, pretendem uma

de século XVII XVIII em pobre, tentativa pueril


sugestão ou

casinha o prédio de rendimen


de transportar a portuguesa para
to de oito fogos.
Pretensão oposta era o do n297, construído em. 1922 por ?u.or ty

João Manuel dos Santos Faria, para uma sociedade composta por

ele próprio e pelo irmão, apresentando um raro aproveitamento


de um lote estreito: iludindo essas dimensões, salienta-se um

corpo lateral com um conjunto de bow-windows coroado de cúpula,


dinamiza restante fachaca
espaço descentrado que
a
criando um

organizada por um módulo repetido de janela de sacada com va

randa de cantaria. Nos dois últimos andares surge uma compo

mais eclética: no 4q a varanda é dividida em duas jane


sição
mainel centralinuma sugestão hesitante entre o italia-
las com

nismo eb neoãrabe, enquanto as mansardas adoptam o gosto clás

sico com frontões triangulares e pesados pináculos nos angu

los da cimalha. O tipo de arcostía varanda do 42andar, que se


159

repete sem mainel ao longo do corpo das bow-windows, constitui,

pela sua raridade, um dos elementos de originalidade desta

rebuscada composição que teve, aliás, um processo de constru

ção agitado. De facto, a sociedade que o construtor constituí

ra com o seu irmão faliu em 1925(142). 0 prédio ainda por a-

cabar foi adquirido em hasta pública. Só em 1927 são apresen

tados novos projectos, então assinados pelo construtor Artur

José Nobre que, em relação ao primitivo, apresenta^apenas pe

quenas alterações: retiram-se os frisos de azulejos que inicial


mente existiam, as varandas de cantaria substituem as anterio

res de ferro e a cúpula apresenta um revestimento de ardósia.

Em relação a este projecto, José Alexandre Soares, aqui enquan

to membro do Conselho de Arte e Arqueologia, entendeu mandar

"corrigir convenientemente a composição das janelas correspon

dentes ã mansarda e também a estereotomia da fachada principal


que como está apresentada (... ) não tem condições que permitam
a sua aprovação" parecer que é contudo, como habitualmente,

contrariado pela 4§Repartição que afirma: "Não vê inconvenien-r

te (...) Embora o Conselho de 7-irte e Arqueologia seja desfavo

rável (... ) Creio que a licença não lhe poderá ser negada por
isso que a construção tem sido feita com a autorização escri

ta do engenheiro Pimentel, ex-chefe da Fiscalização".


Poucas vezes José Alexandre Soares, mesmo quando arquitec
to da 4ã Repartição e não apenas do Conselho de Arte e Arqueo

logia, conseguiu fazer passar à prática as suas recomendações

que aliás se caracterizaram sempre por excessiva generalida


de e insuficiente fundamentação como aqui acontece. Ob poucos

projectos que dele conhecemos, publicados pela Contrução Moder-

na, caracterizados por pesado gosto academizante e os parece

res muitas vezes contraditórios ( que se encontram nos proces

sos de obra não permitem ver nele senão um surdo opositor dos
construtores civis que se atreviam a entrar na templo sagrado
da 7u-quitectura que ele entendia como uma prática artística

de desenho de fachadas. É evidente que no caso presente se tra

ta de uma composição com uma mal resolvida articulação dos

dois corpos que constituem a fachada, com referências dc gos

to excessivamente díspares mas que, por isso mesmo, constitui

um referente curioso das contradições que percorrem a prati


ca dos construtores civis, mesmo quando se trata de um dos

seus mais significativos nomes. As dificuldades de se constituí

rem como promotores autónomos, a necessidade de adaptação aos


160

novos processos tecnológicos da construção civil e à viragem

de gosto da arquitectura, a maior exigência dos fiscais cama

rários, tornam nestes anos particularmente árdua a prática


deste como de outros construtores civis/ J.M. Santos Faria

que fora promotor do n293 do mesmo quarteirão e do 69 da Av. (-


Elias Garcia, estava num começo prometedor de carreira e adap-
ta-se ao gosto novo rico do início dos anos 20 mas, como vi

mos nos prédios citados, com uma abertura curiosa à simplifi

cação artes decorativas e, ao contrário dos pressupostos do

prédio em gosto português que anteriormente analisámos, defen


de a ostentação cosmopolita para as fachadas da cidade que,

escondendo embora tipologias de habitações tradicionais, visa

definitivamente modernizá-la, introduzir-lhe um ritmo de gran

de metrópole, pelo que participava num vasto movimento algo

ingénuo e afinal muito provinciano que se exprimia pelos ca

fés e nas páginas das revistas.

De tal modo é decisiva a viragem de gosto que se desenha

e se anuncia desde logo triunfante que provoca a mais especta


cular conversão: Norte Júnior, criador da moradia e do prédio
Avenidas Novas, tanto no gosto de referências academizantes,

via parisiense, como no da pequena moradia grãcil e bem compos

ta que logo em 1904 criara pela primeira vez para Malhoa, que

vimos construir em 1929, ao lado dastecentes moradias de Par

dal Monteiro, uma versão esteriotipada , repetida e mais pobre


do das residências de luxo propusera, em sucessi
projecto que

1906 1908, o
vas variantes, em e projecta nesse mesmo ano,

n255B, tornejando para a Elias Garcia, onde se cola ao 69, que

hã pouco citámos a propósito de J.M. Santos Faria.

Trata-se ainda de um prédio de gosto eclético com uma

articulação de vãos e ritmos muito tradicional nos corpos la

terais contêm as varandas de ferro forjadofmas que, sobre


que

tudo no corpo de ângulo, ganha uma evidente referência artes

ritmo fortemente inscrito na superfície das


decorativas, pelo
pilastras adossadas, decoradas apenas com sóbrias molduras

retícula das molduras, bor


e pela distribuição em janelas sem

mosaicos de
dadas no espaço central que as separa t de/paineis
padrão geometrizante , que serão de uso corrente no início da

década seguinte. As janelas do r/c inserem-se numa superfície


forrada deblocos de cantaria simulada e são articuladas num

frontões de molduras densas e acen


ritmo pesado por pequenos

tuação geométrica, decorados apenas centralmente com uma pe-


161

quena corola , que curiosamente encontráramos em friso no pré-


Uu.7 Í.4-S'
dio ao lado.

0 exibindo um virtuosismo notável, abandona


arquitecto,
dissolvendo-se numa exibição de
as volumetrias caprichosas,
durante vinte anos e resolve jogar o
ornatos, que praticara
gosto modernista, nesta faseiem que são visíveis filiações

e citações anteriores. Mas a sua marca pessoal não podia e-

videntemente faltar: as grandes pilastras que ladeiam o corpo

central, aparecem coroadas por pináculos piramidais que sur

conduzem o olhar, desconfor-


gem totalmente desacertados
e nos

tavelmente, para o remate do corpo sobre a Av. da República,


organizado em duas volutas, ornadas de beiral português, que

centralizam e exibem uma esfera armilar, motivo que nunca en

contrámos, anteriormente, nas suas mais caprichosas composi


ções ornamentais. 0 mais espantoso é que o conjunto dos piná
culos e da esfera, com toda pesada decoração envolvente, nos
a

remetem para dez anos depois, num prenúncio emblemático dos


decorativos o Estado Novo promoverá e que Norte
motivos que

Júnior há-de praticar.


Deste modo, este homem chave da históriajda arquitectura
lisboeta dos vinte anos anteriores, divulgador máximo de mo

consumidos de tal forma cor


delos prontos a serw» e copiados
valores implícitos, aos anseios de
respondiam, pelos seus

momento em outro
várias camadas da burguesia urbana, no que

do gosto, dos modos de


vocabulário formal anuncia uma viragem

construir e da arquitectura, aceita mudar de estilo, ao mes

mo tempo que pratica ainda o antigo, mas, como que pressentin


do com admirável agilidade, que essas mudanças poderiam impli

car uma internacionalização que ele entendia nociva ou, apenas,

na ânsia de não abandonar totalmente os seus valores pessoais,


dentro da maneira de fatí
coroa a sua primeira fachada nova

dicos símbolos de glórias passadas que sempre pressupõem, pe

lo menos ao nível do desejo, a ideia de restauração.

anunciam os liceus
Nestes finais de anos 20, quando se

Éden Teatro, a Casa da Moeda, o Pavilhão Rádio,


modernistas, o

mun
Norte Júnior lança do seu passado eclético, superficial e

futuro contra essas manifestações desna


dano, um grito para o

do lado do Pavi
cionalizadas, como que sugerindo que pôr-se
Exposição de Sevilha que também é destes
lhão Português na

anos e da questão da casa portuguesa que então é institucio


nalizada ( 1 4 3) ,
era mais seguramente jogar para ganhar,
162

Embora fora dos limites cronológicos que inicialmente de

limitámos, vale a pena citar ainda dois prédios. 0 n271 , pro- S-yAy.?yr

jectado em 1933 por Norte Júnior; que nele manifesta o progres

so entretanto feito na absorção do novo gosto e espantoso é


se trata do mesmo arquitecto que realizara, cinco
pensar que
anos antes, a moradia com o n250 e todas as outras que para

trás ficavam. 0 seu ecletismo conforma-se aqui a um ritmo re

organiza com sobriedade a fachada em módulos ver


petitivo que

ticais, pontuados por discretas molduras recortadas e envolven

daavarandas de ferro de padrão flo


do os corpos com grelhagens
ral Os painéis decorativos .que alternam com
geometrizado .

horizontalmente os seus motivos, criando


as janelas repetem
um jogo algo precioso que, todavia, não destrói as articulações
fundamentais, reforçadas pelo coroamento pesado da platibanda.
moldura volumetria ex
E se a porta principal possui uma com

cessiva e é coroada por uma janela que apresenta um motivo

de concheado falsamente geometrizado, deixando assim espaço

ao gosto da linha ondulante que o arquitecto não podia ter

abandonado, o conjunto pauta-se com sinceridade pelos valores

do gosto da moda que, por toda a cidade, começava já a este-

riotipar-se .

Dentro do mesmo modismo, embora sem igual rigor nem qua

lidade luxuosa, constroi-se o n291, em 1931, para a firma "Lis-

boa Limitada". Trata-se de um edifício profundamente eclético

utiliza a modulação característica das fachadas artes de


que
corativas com uma forte base de tradicionalismo que se escla

rece nos frontões que coroam os corpos extremos e o central

António Serpa. E, se quisermos, uma versão


tornejando para a

de rendimento lisboeta, vivendo da mo


modernizada do prédio
desta articulação dos vãos e das varandas que adúire outro rit

mo pela inserção na retícula dinamizada pelas pilastras ados

sadas. Todavia, a sugestão de que os novos valores


permanece
são apenas falsamente entendidos, o que se escla
de composição
revelando a permanência dos
rece no 12 projecto apresentado, I7j,7:.t .77
ornamentais do prédio de rendimento do início do sécu
padrões
da re
lo, ingenuamente submetidos ã exigência geometrizante ,

petição de um módulo e da marcação dos corpos pelas pilastras


das molduras das
verticalizantes. Contudo, no gosto do desenho
das varandas e das portas e sobretudo
janelas, nas grelhagens
de azulejos com motivos florais abrindo-se em cur-
nos painéis
vas que se tinham torndo proibidas, QstÃt&r&&?-/&9: quanto a nova
163

decorativa estava por assimilar. Por outro lado, a


gramática
de 1919, fazia in- UL
presença no gaveto oposto do luxuoso n293,
troduzir alguns enriquecimentos díspares na composição, como

funcionalidade centralizando as janelas de sa


as colunas sem

de concheado da varanda do 1 2andar


cada do corpo ângulo, o

sobretudo o acrescento cúpula. 0 projecto foi


do mesmo corpo e

infelizmente chumbado pelo arquitecto João Antunes (144):"Nao

vista arquitectónico (...) É de acentuar


satisfaz sob o ponto de
a falta de
lógica^rquitectónica na colocação da cúpula no ga
seria mis
veto da construção que a planta não justifica como

deve substituir o referido projec


ter. Por isso o requerente
to por outro elaborado em condições aceitáveis"
Nem sempre os rigorismos da análise arquitectónica se con

prédio, tivesse sido cons


jugam com o gosto da história. 0 se

seria uma curiosa ré


truído conforme o seu primeiro projecto,
carregada das maneiras
plica do edifício fronteiro, ingénua e

de fazer em ecoava a memória dos velhos prédios da cidade.


que

Nada menos seguro aliás, que o 22 projecto desajeitadamente


disfarçando essa dificuldade de entender o novo gosto, que jã

só era moda nas repetições fáceis e medíocres dos novos promo

tores, fosse de maior qualidade que o primeiro.


fim do percurso do gosto artes deco
Chegava-se assim ao

ecleticamente anunciado
rativas na Av. da República. Longínqua e

no prédio de Miguel Nogueira de 1913, onde as citações arte ;.?..

modelo no de
nova tinham ainda grande peso, apresentado como
p
Monteiro de 1920 o 69 da Elias Garcia e o 91 tam
Pardal -

que
anteriores propunham embo
bém da Av. da República jã nos anos

ra com maior empirismo -

divulgar-se-ia sobretudo nas outras

é objecto ainda de curiosas apropriações: de Nor


Avenidas e

de algum luxo, o ten


te Júnior por um lado que, nas produções
recordam o seu
de a sobrecarregar de citações alheias que pas

futuro; do prédio de ren


sado ou, estranhamente, prevêm o seu

dimento tradicional, por outro ,que subverte o jogo geométrico


motivos vegetalistas das fai
que o novo gosto pressupõe com os

das varandas e o defor


xas de azulejos e dos ferros forjados
de frontões cantarias que e-
ma com o enriquecimento ingénuo e

a maneira da década anterior fazer luxo. Prova-se assim.


vocam

contrário do que acontecerá com as produções de um


que, ao

divulgação efémera não


modernismo mai^radical , apenas de que

imaginário da arquitectura da cidade,


chegará a penetrar no

tinha ainda uma suficiente de ligações fortes


este gosto carga
164

e significativas com o passado que lhe permitiam ser entendi

deformado enriquecido, penetrar no univer


do, apropriado, ou

das formas familiares que, cidade, devem evi


so múltiplo numa

dentemente, com a segurança reconfortante da sua capacidade


imediata de comunicação, suportar toda a inovação que intriga
todos e que só alguns podem amar.

5.2. As Avenidas paralelas e incidentes

No conjunto das Avenidas Novas, a Cinco de Outubro cons

mais coerente ter


titui, como já anteriormente sugerimos, a em

mos do que poderemos considerar o gosto médio desta área da

cidade. Nela não encontramos nem as manifestações iniciais

mais marcantes do gosto do início do século -


se exceptuarmos

o palacete de Silva Graça no n2l, que, mesmo assim, era uma

apropriação filtrada pelo gosto ostensivo mas também raciona-

lizante do proprietário -
nem produções significativas do fi

nal dos anos 20 dentro já do gosto artes decorativas -


se ex

ceptuarmos a moradia de Pardal Monteiro no n2207 que, apesar

da filiação evidente, é também uma produção complexa que ultra

simples citação de
passa, pela sua concepção globalizante, a

moda que a maioria das outras foram.

E se não citámos nestas excepções prédios é porque nestes

essa mediania de gosto -

que resvalou como vimos já, nos anos

à volta de 20, para a produção de escandalosa falta de quali


dade e segurança dosgaioleiros -
não conheceu sequer excepções
significativas, visto que algumas das fachadas que distingui
mos no período anterior, se representam notável ponto de che

gada das variantes morfológicas do prédio de rendimento, nun

ca, todavia, chegaram a ser obras inovadoras.

constrói ainda activamente -


mais de
Nos anos 20, em que se

vinte prédios e pelo menos nove moradias -


a tendência na Cin

co de Outubro uma certa cristalização de modelos manifes-


para

ta-se plenamente, sobretudo no espaço mais aberto à pessoali-

zação que é a casa individual. Se o palacete de gosto sóbrio


e tradicional cede finalmente a composições menos puristas,
as volumetrias globais permanecem no entanto presas à forma

cúbica mais elementar, bem ilustrada por exemplo nos n2s 87 1

e 107, respectivamente de 1929 e 1925..'. primeira, projectada


:.

da Silva, apresenta uma facha-


pelo arquitecto Adolfo Marques
165

da eclética, misturando ainda a sugestão neoromânica dos pesa

maior interven
dos arcos das janelas do r/c, que se repetem, com

ção de emolduramentos no último andar, com o desenho tradici

onal das ornadas de fechos centrais. A moldura recorta


vergas
da que rodeia a janela de sacada central do 12 andar, que pro

cura rimar com as linhas quebradas dos bordos da fachada, pre

tenderia ser um elemento original numa apropriação de certo

modismo artes decorativas, mas não passa de um amaneiramento

se de algum modo, fragiliza a composição global, não che


que,

contudo a dinamizar. As pequenas colunas que lateral


ga para
mente apoiam os arcos das janelas do r/c, sugerem o longínquo
colégio de Álvaro Machado da Av. da República e os frontões

simplificados que recortam a cimalha são uma vontade pobre


de imitar as pequenas cúpulas piramidais que já Miguel Noguei
ra utilizara em 1913. Trata-se assim de uma obra rebuscada,

deliberadamente à procura do efeito, colando sem verve os ele

mentos díspares que quase 30 anos de arquitectura eclética


abundantemente podiam fornecer.

0 n2l07, que é anterior, apresentava já um gosto semelhan- JUX í^u


te propôr-se, na sua rigidez maciça aliada a uma
que parece
volumetria tradicional, como alternativa modernizada ao pala
dos treze do século. Aqui, todavia, a in
cete primeiros anos

fluência do moda é mais evidente nas molduras simpli


gosto em

ficadas egeometrização das janelas, embora o grande peso do

reforçado pelos arcos redondos das janelas, em


corpo central,
recorte do tímpano, aponte a mesma cita
correspondência com o

reapropriação tardia desse ecle


ção neoromânica, sugerindo a

tismo, em que muitos quiseram ver um alternativa mais urbana

a casa portuguesa. Nos anos finais de 20, esta atitude


para

aponta, mais uma vez, alguns dos fios múltiplos com que, em

todo o vasto período que analisamos, o gosto arquitectónico


}âa\ Avenidas Novas procura resistir aos padrões de uma moderni

dade mais internacionalizada, apropriando-os num chão denso

de tradicionalismo e empirismo.
Semelhantes referências ecléticas arcaizantes apresenta
totalmente --i-'[
o n235 de 1929, única moradia de um quarteirão jã
edificado com prédios. Construída por João Manuel dos Santos

Faria, que já largamente encontrámos, ao contrário dos prédios


em o vimos envolvido, mas de modo idêntico â moradia n267 y-y-
que
ini
{ia Avenida da República, de 1917, de que foi proprietário
recolhe sem talento
cial, é uma realização esteriotipada que
166

as articulações fundamentais das moradias de vinte anos antes

de Norte Júnior, acrecentando-lhe uma pequena cúpula de moda ,

centralizando o frontão e coroada de um pináculo esférico. Tra


ta-se de uma obra menor , inferior em qualidade e em referências
simbólicas às anteriores. Curiosamente, mesmo a imagem privi
legiada de moradia é apenas uma aparência jã que se trata ain

da de um exemplar da tipologia híbrida de prédio moradia, cons

tituído por dois fogos e lojas na cave. Perante este projecto


cristalizado, José Alexandre Soares, arquitecto da Câmara,
aprova-o "sob condição de na sua execução (... ) limitar o coroa

mento em sua parte central (...) eliminando também dentro dele


até às cimalhas as suas decoraçes" ( 1 45) Em consequência, a cúpu
la central e os coruchéus laterais foram eliminados, sinal

de que o gosto e o imaginário da cidade iam mudando no sentido

de deixarem de se espelhar nesses ingénuos emblemas de osten

tação e diferença.
Também a moradia n2l01, edificada em 1925, e de que foi v»n

autor o arquitecto A.R. Silva Júnior, que nestes anos a Arqui


tectura Portuguesa, em fase de grande decadência, activamente

promove, com maior modéstia de volumetria, participa neste

gosto detido e sem imaginação que caracteriza todos os projec


tos que temos referido. Ao contrário dos anteriores, que jo
gavam em valores de ostentação e de rebuscada diferença, o

arquitecto prefere aqui proteger-se na clareza e simplicidade


do sentido comum: é uma modesta casa, apenas com r/c, organi
zada da forma mais tradicional e elementar _
com uma porta late
ral e três janelas de vãos iguais. Todavia há um certo alin-

damento:o friso que articula os vãos abaixo da linha da cima

lha, a moldura recortada da porta principal, as duas colunas

adossadas sem qualquer função de um e outro lado do conjunto


das janelas e, na fachada lateral, a escada organizada em dois

corpos opostos que inferiormente se abrem em arco, deixando

antever uma simulação de estufa. Elemento decorativo é ainda

a alta chaminé que se ergue sobre a fachada principal com mo

vimento ondulante de fumo, numa sugestão airosa e medíocre de

um viver auto-suf icientee feliz pela pequenez e modéstia, evo

cação óbvia do catalogado imaginário português que, como se

vê, nem sempre precisava propriamente d.a casa ã portuguesa pa

ra se exprimir.
No mesmo ano, e ao lado do 101, é edificado também 0 n297, y l.

com a mesma sugestão de modéstia que a volumetria breve de um


167

.<*•■
sem quaisquererticulações imediatamente veiculsa.A marca
r/c
decorativa é todavia mais sóbria, organizada num conjunto de

colunas adossadas com ecléticos capiteis, enquadrando a porta


r

os bordos da fachada e separando os vãos simples das janelas

a que, ao longo de toda allinha da cimalha, correponde um fron

tão recortado, que aliás inicialmente não existia.

Foram ainda construídas moradias nos n2s 95 e 123, dentro de

mais ambiciosos, situando-se, em termos de gosto,


projectos
entre a sugestão do palacete do período anterior e as moradias

mais ecléticas, mais ou menos neoromânicas que foram construí

das jã nos anos 20, mas a única em que vale a pena determo-nos

é 1929 Pardal Monteiro Félix Ii-Oi


o n2207, projectada em por para

Ribeiro Lopes, comerciante espanhol. Realizadgino ano seguinte


às da Av. da República que já analisámos , este edifício -

que X-X
32andar
pertence ainda à tipologia de prédio moradia visto o

constituir um fogo independente


-

representa o seu aperfeiçoa


mento, não tanto em termos arquitectónicos, no que os projectos
anteriores atingiam jã a mesma despojada sugestão de utência

que aqui existe, mas sobretudo no vocabulário decorativo que

bases concheadas das


adquire notável grau de refinamento: as

varandas ladeadas de um motivo de voluta que se re


pequenas
das janelas do r/c, os frisos de mosaico
pete sob o parapeito
animam a linha da cimalha e se constituem em minuciosos
que
do I2andar,
painéis acima das janelas de sacada as pequenas

mísulas em forma de máscara que apoiam a última varanda, o va

so de flores, coroando a pilastra de ângulo, a diversidade dos

recortes dos caixilhos dos vidros que, nas fachadas laterais,

se combinam com o ferro, os motivos decorativos de ferro for

jado das varandas, todos estes elementos participam num gosto


mais maneirista que artes decorativas, embora tenham nela a

sua principal referência. Pressente-se que há nesta moradia,

aliás como jã nas anteriores, sobretudo um gosto juvenil pela

criação de um espaço e de uma imagem de casa que, inspirando-


-se evidentemente em modelos, se constrói a partir de uma ab

sorção empírica de motivos e sugestões, recriados pela mão


dedicada do Deste modo ela possui uma intensa im
arquitecto.
plantação no que temos considerado uma arquitectura tradicio
mais modestas
nal lisboeta, que se qualifica pelas proporções,
que grandiosas, pelas volumetrias compactas respeitando os

sólidos Geométricos fundamentais, por uma distribuição elegan


te dos vãos abrindo-se sem subterfúgios na planimetria das
168

fachadas e por um gosto decorativo/utilizando motivos tradicio

nais de lavor ainda predominantemente artesanal. Evidentemente

que há uma malha arquitectónica precisa que se impõe a todos

estes|elementos mas o sentimento global tem raízes fundas no

que poderia ser para Pardal Monteiro nestes anos uma moradia

urbana e lisboeta.

Muito curiosa é a garagem que pertence à moradia, construí

da jã em 1932, com plantas assinadas pelo engenheiro José Ma

chado Costa Rodrigues e que, muito mais do que ela, participa


no gosto artes decorativas, na sua tendência mais claramente

modernista, trasparecendo, de uma para a outra, a evolução

que se estava a processar na arquitectura de Lisboa.

Mais diversificado e significativo é o conjunto heterogé-


nio das numerosas moradias construídas nestes anos nas restan

tes Avenidas, em que se assiste ã evolução do gosto do ecletis

mo mais ou menos diversificado ao esteriótipo artes decorati

vas em que cristaliza a abundante produção dos primeiros anos

de 1930.

Nos primeiros anos predominam aindahs maneiras caracterís


ticas do período anterior que tinham em Norte Júnior a princi
construtor
pal referência. Ele mesmo projecta em 1922, para um
-j
civil, uma extensa moradia na Av. Duque d'Ávilaj tornejando
para as Ruas António Enes e Luís Bívar, em que estão presentes

todas as citações habituais da gramática deoorativa academi

embora de certa simplificação geométrica de


zante, penetrada
época e recorrências tradicionais, como o varandim cerâmico

sobre a cimalha da entrada principal. Como anteriormente acon

tecia jã numa moradia da Cinco de Outubro, também aqui o andar

inferior é ocupado por lojas, o que traduz uma corrupção curio

sa do conceito específico de moradia que , paradoxalmente , apro

funda a sua função urbana sem contudo ceder à imagética de

excepção que lhe era própria.


Do mesmo ano é o n24 3-4 7 da Av. Elias Garcia, construído jL

também para um construtor civil e cujas plantas e Memória Des

critiva são apenas assinadas pelo construtor responsável Joa

Carvalho Bandeira. Mais discreta do que a anterior, que


quim
se exibia sobretudo com a função dinamizadora que as lojas
lhe atribuíam, participa todavia no mesmo tipo de gosto eclé
concentrando emblematicamente no corpo nobre que as pi-
tico,
169

lastras e colunas ornadas de capiteis e sobretudo o frontão

recortado e retoricamente coroado, asseguram. Mais interessan

te é o corpo lateral recuado que contém a entrada principal,


sob o ritmo elegante de uma varanda de ângulo, apoiada em três

colunas descentradas, numa sugestão pouco frequente de recato

despojado de símbolos imediatos, construindo-se apenas com os

ritmos dos diversos corpos, dinamizados pelas aberturas com

o exterior que, de modo diferente, propõem o vestíbulo do r/c,

que as colunas abrem, e as varandas do 12 andar que a balaus

trada de cantaria envolve, num jogo de cumplicidades sugeridas,


que o corpo nobre sobre a rua evidentemente contraria .Todavia,
não podemos menosprezar estas breves sugestões de qualidade
espacial que, embora raras, não estão, nas melhores realiza

ções, ausentes da própria capacidade de elaboração dos meios

da construção civil tradicional que, por enquanto, tudo deviam

ainda à escola empírica, minuciosa e artesanal do início do

século.

Próximos destes modelos, mas com maior pobreza de progra

ma, construiram-se ainda o n250 da Av. Barbosa du Bocage, em

1928, com projecto assinado por Norte Júnior que aqui realiza

uma das suas mais modestas moradias das Avenidas Novas em que

a simplificação geometrizante dos volumes é amesquinhada pela


organização tradicional em dois corpos, o lateral mais estrei

to e coroado de frontão, pela decoração do painel de estuque


e de azulejos que desenvolvem medíocres valores naturalistas
e ainda pela desproporção da bandeira da porta principal que
desagradavelmente acentua a desarmonia do conjunto.
Também é Norte júnior o autor do n24 6 da mesma 7wenida

onde uma idêntica pobreza de programa permite contudo a or

ganização mais grãcil da fachada, dentro da maneira amável de

a casa Malhoa continuava a ser o marco fundamental.


que

Fracassos idênticos, e igualmente pouco significativos,


por toda a mediania que pressupõem, são o ne11 da Avenida

Praia da Vitória, jã de 1930, com projecto assinado pelo en

genheiro Manuel Gomes, exibindo uma medíocre citação neoromâ

nica no arco da varanda do 12 andar que em nada contraria a

banalidade do conjunto e o n2l1-13 da Av. Barbosa du Bocage, ;

de 1931, do mesmo arquitecto Marques da Silva que projectou o

n287 da Av. Cinco de Outubro. Neste caso, as alterações signi- (


ficativas do remate, que se organizava em frontão recortado,

realizadas em 1948, impedem um entendimento mais cuidado da


170

peça, que todavia se revela suficientemente na alternância de

mostruário das molduras dos vãos, rectílineos no r/c, num su

gestão deliberada de classicismo, neoromânicos no janelão do

l2andar, neogóticos nas duas pequenas janelas pressupostamen-


te ogivais sobre a porta principal.
Também n28 da 7iV.de de este íw^ ^^
o Berna, 1924, pertence a

conjunto heterogénio e medíocre, embora aqui mais submetido

ao gosto português que anima os beirais no tradicional ondu

lado. Todavia essa marca não chega para unificar a fachada

desproporcionada que os emolduramentos rígidos e intencional

mente diversificados em cada grupo de vãos mais acentuam. *-,,,«-■.„


3 ÍAÍ >l - ti*-

Mais discreto é o n222 da mesma Avenida de 1927, cuja plan


ta é assinada pelo arquitecto Frederico S. Carvalho. Curiosa

mente, procura-se aqui restaurar a dignidade discreta dos pa


lacetes urbanos do período anterior, organizados em volumetrias

muito simples, mas o menor número de vãos que se tendem a alar

gar corrompe a sensação de intimidade aflorada que eles pro

porcionavam. Por outro lado, a pobreza manifesta das cantarias

,
das molduras e dos ornatos de estuque mais evedenciam quan
to essa restauração era vã, alterado que estava a ser todo

o processo de organização e produção da construção civil e os

valores urbanos e imagéticos que constroem a cidade.

Essas alterações processavam-se contudo muito lentamente

e o gosto português, organizado em fórmulas a que o início

do século dera corpo conhece nestes anos, significativamente,


certa voga nas Avenidas Novas. Além do n28 da Av.de Berna que
H-rí : ': <«
referimos, também o n252 da Elias Garcia de 1927 e o 4 3 da

1924 o mo- jh--.- .."». 5


Av. Barbosa Du Bocage de participam nesse gosto que
vimento característico dos telhados, os registos de azulejos ,

as janelas com a caixilharia dos vidros em retícula, os nume

rosos alpendres imediatamente ref erenciam, numa identificação


fãcil e sempre gratificante.
Todavia quando se tratou pela primeira vez de construir

um núcleo de moradias, não foi este estilo que se elegeu mas

sim a maneira eclética com que Norte Júnior procurara, com o

sucesso relativo que as próprias propostas pressupunham, moder

nizar o rosto da cidade. Referimo-nos ao projecto que Henti- _t l. .- r -.y

que Monteiro Torres submete em 1928 à aprovação da Câmara "pre


tendendo mandar construir uma série de 11 moradias constituin

do assim uma útil tentativa de solução em, parte da enorme cri

se de habitação dando ao local considerado zona de construção


171

local é
luxuosa uma unidade de conjunto arquitectónico". 0 o

Duque d'Ávila, Pinheiro Chagas


Rua e
talhão n255"entre a Av.

Travessa das Picoas quelsurge do "prolongamento da Rua Pinheiro

rectificação da Travessa das Picoas e


Chagas, alargamento e

Parque da Liber
"
do
Duque d"Ávila ( . . .
) previstos "pelo Plano
Eduardo VII) ruas adjacentes, paralelas e in
dade (hoje Parque
cidentes aprovado em 4 de Outubro de 1889" (146).

Com poucas variantes, as moradias propostas obedeciam y

todas â mesma organização volumétrica, tipificada, por exemplo,


no n2l85, assumidamente paralelipipédica (que, aliás, pelos pro-r

cúbica, tendo-se depois acrescenta


jectos, deveria antes ser

módulo vertical) centralizada num corpo nobre cons


do mais um ,

cada andar, articu


tituído por duas janelas de sacada, uma em

de colu
ladas pela varanda de cantaria através de dois pares

nas cilíndricas. 0 conjunto das janelas, desenhando-se em ar

das molduras à superfície, ritmavam as


cos redondos, e que,

fachadas, articuladas com a cimalha organizada num pequeno

frontão também em. segmento de círculo, acentuavam-lhe a suges

situada entre reminiscências


predominantemente eclética,
as
tão

das maneiras académicas do início do século e uma evidente

simplificação de cunho vagamente artes decorativas (por exemplo

nas pequenas molduras que inferiormente sublinham os conjun


tos das janelas geminadas do r/c) mas sobretudo provocada por

adivi
processos construtivos
se
uma estandardização dos que

nha e um abandono deliberado dos elementos decorativos secun

a modas morfológicas do passado,


dários. Sobre um corpo preso

é a construção modernista^ que se adivinha que, sem o suporte

empobrece em media
de uma imagem arquitectónica inovadora, se

no anonimato.

Os tipos "^" e "B" previstos obedeciam a maior simplifi- ?■-

onde referências ecléticas se dissolviam num


cação formal, as

sentido ue funcionalidade empírica, despido de quaisquer ree-

rências imagéticas ao passado como ao presente. São claramente


de engenheiro, concretamente r.anuel Gonçalves Madei
projectos
ra aqui de certo modo prevê um tipo de construção que os
que
emblemas muito co
anos 40 retardados, ultrapassados alguns
do estado Novo, sistemat iacmente
notados com a simbologia
sem sentido
usarão, sem rasgo nem imaginação, praticamente
decorativo.
arquitectónico nem sequer
sétima das moradias construídas sobre a Av.Du- Iu
Curiosamente a

de 1935, afastou-se dos modelos pre-


que d'Ávila, o n2205, jã
172

outra força o espírito da época através


vistos, adoptando com

de uma fachada modernista, movimentada por dois corpos descen-

trados de bow-windows e pela varanda em betão que articula

todo o I2andar. Não é evidentemente uma obra notável, este pro

jecto assinado pelo engenheiro Pinto d'01iveira, mas permite


ver quanto o modelo inicial eclético, mediocremente preso a

citações passadas, sem energia nem gosto, embora apontando


um extenso futuro cinzento da construção estandardizada dos

anos 40 e 50, afinal não era sequer resposta adequada às soli


citações imagéticas das Avenidas Novas dos anos 30.

Se na Avenida Duque d "Ávila esta foi a única fachada de

moradia manifestando que os longos anos de 1900, que viram as

Avenidas estavam arquitectónica e sociologicamente ul


surgir
trapassados, noutras Avenidas, sobretudo nas que , para Norte,

mais tarde foram edificadas, este percurso final é mais níti

do. Assim na Defensores de Chaves e na Barbosa du Bocage são

construídas numerosas moradias, nos finais dos anos 20, que

tendem a ultrapassar o cristalizado gosto à maneira de Norte

Júnior do início do século: por exemplo, os n2s 42-44 da Bar

bosa du Bocage de 1929 ou o n248-50 da Elias Garcia, do mesmo 577.- ?7

ano, com projecto de Jacinto Robalo e José Machado da Costa Ac

(dupla extremamente activa nestes anos iniciais da


Rodrigues
construção de betão armado) que se filiam na maneira artes

decorativas que Pardal Monteiro pusera em moda com as suas mo

radias da Av. da República e Cinco de Outubro, submetendo-as

contudo a um fabrico quase em série que lhes retira qualquer

espécie de individualidade.

Também Norte Júnior participa neste movimento de moderni

saudade
zação: a par dos projectos medíocres que esgotam sem

o seu anterior formulário, realiza, por exemplo, os nes 35

e 37 da Barbosa du Bocage, jã em 1931, onde o seu gosto eclé


tico se filtra pela gramática ornamental da moda, num exercí

cio de colagem muito superficial gudpern sequer põe em causa

a habitual articulação da fachada em dois corpos, um dos quais,


contendo a porta principal, continua coroado de frontão. Ape

sar de se tratar de realizações evidentemente menores e pouco

conjunto da obra do arquitecto, elas permi-


significativas no

tem-nos mais uma vez salientar a sua notável versatilidade e

sobretudo capacidade de sobrevivência mas apontam também quan


insta
to os novos processos construtivos, que finalmente se

lavam aliados a um gosto novo em termos de volumetria e orna-


173

mentação, podiam ser e eram sistematicamente tratados como

cobria o conceito
um novo figurino com que superficialmente se

alterado de casa, ainda sobretudo uma fachada que o en-


pouco
comendador podia escolher ou, cada vez mais, o promotor impu
nha com vantagens evidentes pela estandardização da produção
que lhes facultava.

Todavia os anos volvidos de gosto pela ostentação e pe

sobreviviam ainda na década de 30 em duas moradias


la diferença

que vestem o figurino neo-ãrabe, numa atitude algo inesperada

apesar da existênciada Praça de Touros,


nun
tanto mais que,

ca ele se havia constituído em moda nos anos anteriores. Re

ferimo-nos ao n2l8 da Av. Elias Garcia de 1934, projecto de Avi-Jwjf.J^

dos mais dinâmicos realizadores de bairros in


la Amaral ( um

teiros da Lisboa deste anos, entre os quais o Bairro Azul) pa


com
ra Virgínia Júlia da Conceição Reis Carmona que evoca,

do Palácio de Sintra, bem como


rigor de citação, as janelas
as suas ameias escalonadas e um pórtico ogival sem que, toda

via, um fio secreto de prazer ou de loucura prepasse por es

sa evocação afinal fria. Hã uma conformidade excessiva e su

relação ao modelo que não podendo evidentemente


perficial em

transpor a diversidade e riqueza dos materiais, o gosto acu

mulado das pequenas diferenças decorativas nem as


alienarias
espessas e sobrepostas de reconstruções sucessivas, é apenas
estranho envolvência, a deixar per
um corpo cenogrãfico, na

ceber também que nem sequer pertence já a uma época em que

de actos idênticos acabaram por criar uma


a multiplicidade
ambiência significativa. Quer dizer, esta moradia nem sequer

é um revivalismo. Em 1934 apenas pôde ser um gesto individual


intimidade deslocada, foi con
que, sem grandes explicações e

fiado a um engenheiro civil.

mais interessante é o n224 da Av.de Berna, yy .-■/(,


Aparentemente
Travessa de Sá da Bandeira, mandado edificar
tornejando para a

1931-32 João Castanheira de Moura, com projecto do ar


em por

Vitor Manuel Piloto, onde o revivalismo neoãrabe é


quitecto
assumido em versão mais rigorosamente granadina, que se alar

ga da fachada aos arranjos interiores, culminando na cúpula,


recriar espacialidade de Alhambra.
a pretender ingenuamente
Ainda durante a construção o piso térreo é inesperadamente
adaptado a padaria, deixando transparecer os equívocos e os

limites dos sonhos da burguesia lisboeta. O tempo breve também

já que, menos de trinta anos passados, em 1960, estava ja a-

provada a sua demolição.


174

Em termos de edificação de prédios, os anos 20 pertencem


ainda na Av. Cinco de Outubro, pelo menos até 1927, ã época de

actuação dos gaioleiros e consequentemente â das reconstruções.


últimos 1^
Sobretudo nos quarteirões, os n2s 271,289,301,337 jun-
tam-se à vasta lista dos que exigiram graves intervenções,
tendo mesmo o n2301 de 1924 sido totalmente demolido em 1928 ,

o que aliás foi também imposto ao n233 7, na esquina para a jU»r

Av. das Forças Armadas, ainda durante a sua construção -


"to

da a parte construída deve ser totalmente demolida até às fun

dações (147)- sem que, como muitas vezes aconteceu, essa deci

são tenha sido cumprida.


Esta crise grave como que determina, sobretudo precisa
mente na Cinco de Outubro, um retrocesso qualitativo em rela

ção» ao que fora feito no período anterior. Há um evidente can

saço dos excessos decorativos abusivamente colados ás facha

das pretendendo esconjurar os vícios básicos de uma construção

explicará, por exemplo, ao lado dos n2s


degradada, o que que

23 e 27, edificados em 1920, dentro do gosto algo precioso e

incontestavelmente imaginativo dos anos de Guer-


superficial mas
(j w
ra, surja, em 1928, o n221, extenso e monótono gaveto que, sem

exibe falta de empenho do programa que, to


pejo, a pobreza e

construtiva visto
davia garante à partida maior qualidade a

Memória Descritiva conter, ao contrário do que sucedia com

os anteriores, os cálculos do vigamento metálico. Também os

n2s 17 e 19, edificados no mesmo ano, e os 149 e 151 de 1930,

obedeciam a esta tipologia simplificada que, algo anacronica-

mente, aos modelos iniciais do prédio de rendimen


regressava
n2l45 em gaveto para a Barbosa
to, enquanto noutros, como o

du Bocage, edificado entre 1922 e 1930, com reconstrução pe


lo meio, se assiste â mudança de projecto, para uma actuali

zação dentro do gosto artes decorativas.

É todavia nas restantes Avenidas que o triunfo conquista


dor deste novo gosto mais claramente se implanta. Assim, se

lotes
na João Crisóstomo e Miguel Bombarda se
constroem^nos
ainda vagos, prédios que veiculam os modelos anteriores, co

18 uma notável fachada que funde o I,.-7i'


mo o n2 na primeira, com

sentido decorativo eclético com a normalização da inserção dos

vãos, ou os nQS 124 a 150 da segunda, construídos entre 1922 t/.„>"

e 1926 que constituem quase um. mostruário das pequenas varian

tes com o prédio de rendimento das Avenidas preencheu


que
volumetria mais norte e na Defensores de Chaves
uma comum, para
175

é o prédio de gosto artes decorativas, igualmente com pequenas

variantes ornamentais que vai cobrindo com monotonia e volu

metria idênticas, as vastas frentes de quarteirão ainda por

edificar .Cite-se, exemplo, o n2l da Av. Defensores de Cha- 5a>A »\.m


por

ves, construído entre 1929 e 1931 por Ávila Amaral que já en

contrámos e que é, indiscutivelmente,© mais poderoso dos cons

trutores civis dos anos 30: trata-se de um vasto prédio de

sobre Av. Casal Ribeiro, com pequenas molduras em li


gaveto a

nha quebrada dinamizando alguns vãos, em correspondência com

os fechos geométricos da cimalha, numa alternância simples do

módulo de janela de sacada com janelas laterais e varanda em

ritmo horizontal, com a janela isolada verticalizante .Pequenos

painéis, molduras em aresta viva e a cúpula com cobertura em

ardósia nobilitando o corpo de ângulo, modelo que com poucas

variantes foi construído também na Av.de Berna, numa das es

Cinco de Outubro com complexidade maior, ain


quinas com a e,

da no n277 da Defensores de Chaves, tornejando para a Elias jiy.t ,:-.n

Garcia, onde uma elaborada articulação volumétrica é contraria

da pelos ferros forjados das portas principais que exibem, com

grande ingenuidade, a sobrevivência de motivos naturalistas,

toscamente estilizados.

Mais tradicionalista, valorizando a planimetria intensa


^uj;rra,
da fachada é o n228-40 da Barbosa du Bocage, construído em

1929 por João Manuel dos Santos Faria que assina a planta. As
bases das varandas ornamentadas com motivos vegetalistas, a

introdução de painéis de azulejos, a existência do frontão em

arco de círculo e os pequenos frisos ovalados que decoram as

molduras dos vãos, apontam ainda tanto para o prédio de Pardal

Monteiro da Av. da República de 1920, como para o 69 òa Elias

Garcia, embora o despojamento ornamental e a quase ausência

de volumetria das cantarias confirme a evolução cumprida den

tro dos c-arãmetros do gosto artes decorativas.

A mesma sobrevivência da organização fundamental do pré- ~i.<i-Ar*J3

dio de rendimento anterior se observa no ns15 da mesma Aveni

da edificado jã em 1931, por Ávila Amaral e Jacinto Robalo,

em que o jogo simples da distribuição dos vãos ,


modestamen

te enriquecido cem a introdução de falsas pilastras adossadas,


entre janelas e dc um remate denta
painéis rectangulares as

do sob a cimalha que ocupa o lugar tradicional da faixa de

azulejos, em quase nada altera quer a relação com a rua quer

os pressupostos sociológicos de uma mediania conformada, cons-


176

tatação que o n2l45 da Miguel Bombarda dé 1932 eloquentemente jlvut.,uii

comprova.

Jã em 1934, encontramos ainda na Barbosa du Bocage, Nor

te Júnior, que vimos realizar os seus primeiros prédios den

tro da nova maneira em


19JU} e 1931 na Av. da República, agora JLl)ir iJL 5
sintomaticamente associado a Ávila Amaral, como autor dos n2s yt.

107 e 109 e dos n2s 4 e 6 da Av.de Berna, também desse ano,

em são usadas grandes máscaras femininas coroando as falsas


que

pilastras verticalizantes, de um lado e outro do corpo central,


co
elemento 2.decorativo que vai rapidamente generalizar-se,
há três décadas acontecia todos este ar
mo já a quase os que

Deste modo, Norte Jú


quitecto fora sucessivamente utilizando.
nior nos continua a aparecer como figura central desta arqui
tectura, fornecendo aos construtores civis do betão armado mo

delos de fachada, num gesto em tudo idêntico ao que praticara


de trinta anos com os apenas utilizavam "a pedra
ao longo que

de lancil e perpeanho, a tábua a três fios, o tijolo "burro"


e a barrinha de meia polegada" ( 1 48) .

Como anteriormente também acontecera, existem paralelamen


te outras manifestações de gosto que contam aliás, nestes iní

cios dos anos 30, com possibilidades maiores de implantação,


veiculando uma opção mais arquitectónica do que decorativa

conduzirá ao reino efémero do modernismo. E embora as Ave


que

nidas Novas estejam então quase totalmente edificadas, ainda


encontramos algumas das suas primeiras manifestações: é o ca
'
•'
-1L
so do ns58 da Defensores de Chaves, construído em 1929-30, com

de Silvestre da Motta que dinamiza uma fachada alon


projecte
gada e apenas com dois andares ^com um conjunto de corpos des
tacados, apresentando os centrais uma modulação curvilínea. A

redução das molduragens ,


com que as artes decorativas mais

tipificadas escondiam a ausência de gosto arquitectónico, con

duz aqui a uma valorização enérgicabas massas que, com alguma


sublinham. Trata-
ingenuidade, es pesados frontões recortados

-se de uma obra ainda muito eclética, em que o gosto decora


tivo se transfere da ornamentação para a arquitectura, numa

refrência algo expressionista, assumida com grande empirismo.


significado tem o n250 da mesma
Outra responsabilidade e -,,.v ; -i.i.

do arquitecto Cassiano Bran


Avenida, jã de 1935-36, projecto
de grande impor
co e do engenheiro Ávila Amaral, outra dupla
tância na Lisboa destes anos, que prova a disponibilidade do

último para se associar quer com o passado que^orte Júnior

á
177

representava, quer com o presente que Cassiano aqui brevemen


te pontua. Em relação ao prédio anterior, verifica-se a elimi-r

nação de todas as citações artes decorativas, numa depuração


iconoclasta que, na alteração daaproporções das janelas, apon
ta jã toda uma nova relação interior extrerior, que todavia
não passa a acto jã que a fachada se entrepõe ainda com a sua

forte especificidade como o centro irradiador de sentido de

toda a construção. Por aí, este novo gosto que se propunha


renovar a cidade era ainda, nas volumetrias tradicionais que

os quatro andares continuavam a organizar, um elo dos múltiplos


percursos com que a arquitectura fora pontuando o espaço da

nova Lisboa, sem transgredir as normas que um projecto urba

nístico com meio século de existência lhe havia estipulado.

6. Conclusão: as Avenidas Novas dos anos 40

Nos anos iniciais de 30, não estavam ainda edificados to

dos os lotes das Avenidas Novas e a breve incursão do modernis

mo, que simbolicamente representamos no n250 da Defensores de

Chaves de Cassiano Branco pontuou, ocasionalmente, algumas ex

tremidades de quarteirão com o seu gosto que, como acontecera

a todos os anteriores, nascera ainda das múltiplas convergên


cias da inovação erudita, que as sucessivas gerações de arqui
in
tectos vão representando, com maior ou menor rigor, com os

teresses e capacidades dosbonstrutores civis e a solicitação


da encomenda privada.
Nunca a Câmara Municipal, nem qualquer outra instância

de poder conseguiu, ao longo de trinta anos, impor normas re

gulamentadoras da qualidade estética ou tão somente das volu

metrias, embora não tivessem faltado numerosas propostas nes

se sentido. Nomeadamente, nos anos à volta de 1930, quando


as novas frentes de quarteirão da Barbosa du Bocage e da Elias

Garcia estavam a ser edificadas, o arquitecto José Alexandre

Soares procurou intervir no sentido de regulamentar as cêrceas.

Assim, a propósito do projecto de construção do n27 em 1930,

relativo a um pequeno prédio com dois andares, ele pretende


efeito
saber: "Se contíguos ao prédio que se pretende levar a
no local existem jã aprovados projectos para quaisquer constru

ções e, no caso afirmativo, quais as alturas dessas constru

ções" ( 1 49 ) .Já no ano anterior dera, sem consequências parecer

desfavorável n228 que, além de r/c tinha três


ao prédio e cave,
178

andares, justificando que, "embora não exista qualquer dispo

"no local totalidade existem


sição regulamentar", na quase

moradias com dois pavimentos (... ) (de modo que a construção


condições estéticas do local, afectando gran
prejudicaria) as

demente a unidade do conjunto" ( 1 50) .Contudo, ainda em 1929,

o mesmo arquitecto, a propósito de um projecto de moradia pa


"a deveria ter prédios de maior altu
ra o n242, opina que rua

ra"! (151)

Estes contraditórios, muito próprios deste ar


pareceres
termos de apreciação arquitectónica dos pro
quitecto que, em

revelava semelhantes atitudes, esclarece-se melhor


jectos,
de moradia n238 da Elias
quando, acerca da aprovação uma para o

Garcia de 1929, afirma: "Toda a rua (...) pela sua importância


devia comportar edifícios de maior altura; uma vez porém que

no local em que se pretende construir e em outras ruas próxi


habitações de r/c 1 2andar seria
mas, se encontram jã muitas e

estético que nesse local fos


conveniente sob o ponto de vista

se limitada uma zona destinada apenas a moradias de alturas

aproximadas daquela a que se refere este processo afim de se

obter assim uma agradável harmonia de con junto" ( 1 52),


trinta este esta
Nunca se ultrapassou, ao longo de anos,

do de empirismo na reflexão sobre o tipo de arquitectura que


mais convinhdâs Avenidas Novas, e a diversidade de tipologias
e gostos que encontrámosfeão disso prova concluente.

Todavia, se completasse a sua cadeia de signifi


para que
faltava-lhes ainda integrar as mutações cue o Estado
cações,
lecítimo herdeiro nacional das incapacidades da socie
Novo,
dade liberal lisboeta ia provocar em todo o tecido da cidade.

A ocasião surgiu logo nos seus anos de esplendor, a propósito


da de N.Sra. de Fátima que em, 1938 ofere
da construção Igreja
cia finalmente aos moradores da zona uma alternativa moderni

velho de S.Sebastião da Pedreira onde. as primei


zada ao templo
ras gerações de moradores das Avenidas Novas foram, baptizadas
e casadas. Na Sessão da Comissão administrativa realizada em

20 de Agosto de 1936 (153) é proposto o seguinte:


"Estando a construir-se no talhão de terreno limitado

de Tomar Poeta
pelas Avenidas Elias Garcia, Berna, Marquês e

edifício destinado a substituir a antiga igreja de


Mistral o

S .Julião,
"
construções a fazer no futuro
(...) considerando que as

no terreno sobrante do ocupado por esse templo, não devem con-


179

tender com a grandiosidade da


sua|traça arquitectural,
•'(...) proponho que esse referido terreno seja dividido em

sete lotes (... ) que as propriedades a construir nesses lotes

( . . . ) se destinem a habitações em comum (... )

''(...) que esses edifícios apresentem a altura uniforme

de 1 5m exactos, o mesmo aspecto arquitectural nas suas frentes,

os pisos à mesma altura, o mesmo número de andares, as corni

jas no mesmo seguimento, etc (...) e isto afim de se constituir

no conjunto um mole de construção harmonioso.

"(...) que as fachadas de todos os edifícios fiquem liga


das entre si fechando inteiramente o perímetro qo quarteirão.
"(...) que as coberturas (... ) sejam feitas por meio de ter
"
raços .

Deste modo, os últimos quarteirões das Avenidas Novas, e-

dificados num contexto político estabilizado, conhecem final

mente a regulamentação que desde o início do século alguns re

clamaram, sabendo aliás ã partida que nada se faria. Os prédios


que até então se diferenciavam quase um a um, tornam-se sobre

tudo módulos de um conjunto onde a qualidade relativa da cons

trução não compensa o carácter anónimo e sem rasgo da realiza

ção arquitectónica onde deixa de ter sentido proceder à análi


se unitária que anteriormente se justificava. A cidade instau-

rava-se fundamentalmente como expressão do poder do Estado,


onde os cidadãos e
asjsuas casas deveriam ser células sem auto

nomia. A moradia individual que fora um dos principais veícu


los de expressão de uma época desapareciaj e os prédios perfi
lados previam um viver normalizado, sem que todavia a sua in

tensidade urbana desse modo se enriquecesse. Pelo contrário,


a rigidez das novas manchas construídas acentuava_"a malha or

togonal que o projecto urbanístico criara, enquanto o desapa


recimento das até então abundantes áreas de jardim e da alter

nância prédios-moradias ,
o nivelamento das traseiras a uma

discrição que o betão, ao contr-ario do ferro, permite e mes

mo determina, limitavam as hipóteses de vida social de toda

a ãrea, circunscrita quase só às lojas que se continuavam a

abrir nos andares térreos. Uma futura vocação terciária, ain

da então imprevisível, imprimia de algum modo já aqui a sua lon

gínqua possibilidade.
É neste contexto cujos valores ninguém, contestava, que

do in
se constroem alguns lotes ainda desocupados espaço cernis
tenso das Avenidas onde a normalização dos quarteirões termi-
180

não é título de exemplo, moradia n262


nais imposta. Citemos a a ju0liT- ^y\
da Barbosa du Bocage, edificada em 1939, com projecto de Cris-

tino da Silva, ao lado de uma das últimas de Norte Júnior de

dez anos antes, que é uma curiosa fusão de um certo modernis

mo funcionalista que a magnífica varanda de ângulo do 12 andar

dinamiza com a rigidez que o estilo nacional começava triunfan

temente a impor e
quejtem no pequeno nicho por cima das portas

principais emblema adequado; ou o n24 8 da Avenida da Repúbli- ,.,

Raul Tojal
ca de 1942, prédio de cinco andares , projectado por
no único gaveto ainda vago da artéria principal que, todavia,
só em 1946 vê construído o último lote com o n299, prédio com
l3ti)ir. .(ts)
seis andares, projecto de Cttinelli Telmo,
rara
É no anteprojecto desse prédio que encontramos uma

reflexão de arquitecto sobre as Avenidas Novas, que se afirma

ao mesmo tempo naturalmente como remediação (154) .Assim Cotti-

nelli Telmo constata e propõeVA altura das construções da Av.

varia entre dois sete andares e o "estilo" des


da República e

diversidade das fosse


sas construções -
como se a
alturaspão
jã um elemento de desarmonia do conjunto -
ê tão heterogénio
que julgámos necessário criar, além do elemento novo principal
-
o viaduto -
outros elementos valorizadores deste que com

ele fizessem corpo e criassem um acidente forteína perspectiva

mole da referida grande artéria.


"São eles 4 blocos de 13 a 14 andares que enquadrariam o

viaduto «definindo os ângulos formados pelo cruzamento da Av.

da República com as futuras vias paralelas à linha do caminho

de ferro" .

E mais adiante considerará que "o presente estudo ( do pré


dio n299) seria pela sua contiguidade com um dos blocos previs
um traço de união entre a parte existente e a nova tanto
tos,

no carácter da sua fachada, como em altura(...) na fachada pe

lo tom neutro do seu estilo de transição para os futuros blocos


"

de carácter moderno (...)

"Fachada neutra" ê designação que convinha efectivamente

ao prédio construído articulando-se bem com o contiguo n297


de 1922 e mais interessante seria conhecer os "futuros blocos

de caracter moderno" que p«iíâe*»<íe»e3T-fee nunca foram edificados

no que naturalmente a morte inesperada do arquitecto não foi

factor negativo decisivo.


Seria afinal com essas "fachadas neutras", rnonumentali-

zadas em estilo, que o Estado Novo completofi^as Avenidas Novas


181

particularmente a sua Praça que, nestes precisos anos, parcial


mente se renova com a demolição do velho palãcio da Condessa

abertura do troço da Av. Praia da Vi- X'7T. y?.A


de Camaride para a novo

tória. E essa velha rotunda das Picoas, que esteve para ser

de Mouzinho de Albuquerque e dos heróis coloniais antes de se

via conf rontarem-se os prédios de


tornar o Saldanha, que agora

Carlos Ramos e João Simões dentro do estilo triunfante dos anos

40 com as modestas realizações dos primeiros anos do século,


onde duas pequenas moradias eram a nota de maior distinção,
tão evidente da his
simbolizava no seu espaço circular a linha

tória recente da cidade, onde a República aparecia como neces

sário hiato entre a grandeza confusa do liberalismo oitocentis

ta e a realidade intensa do estado Corporativo. Um regime po


lítico corroído pela doença que eram os partidos, a alternân

do poder pudera contudo utilizar homens


cia e a pulverização
futuro uma di
como Ressano Garcia que projectara para o praça

de de império. Mas só a nova nação, submetida à


gna capital
autoridade esclarecida e paternal do chefe único, podia digni-
ficã-la arquitectonicamente .

Felizmente, todavia, o Estado Novo, ao mesmo tempo lon

ge da grandeza que apregoava e demasiado empenhado na criação


de símbolos urbanos exclusivamente seus, não pôde e .não quis

mudar totalmente o Saldanha onde, de um para outro lado da

continuava claramente a entender como a Lisboa de


Praça, se

de
Salazar é o resultado certo de uma sociedade
que^por falta
meios económicos e culturais, povoara esse palco de entrada
engenheiro português com for
da cidade nova ^projectado por um

mação parisiense no tecido velho de uma quinte do subúrbio

fora o chão concreto da triunfante entrada liberal em 1834 -

que
com tão mesquinha arquitectura que, pelos jogos casuais dos
interesses dos promotores, é mesmo um resumo excessivamente

infiel do Avenidas acima se edificaria onde diversas mani


que
existiam.
festações de qualidade objectivamente
os últimos lotes das diver
Entretanto, ao mesmo tempo que
sendo prédios dentro do gos
sas Avenidas iam preenchidos com

to estado novo mais ou menos monumentalizado -


e além dos ja

citados, valerá a pena destacar pelo seu pesado significado


1944 Norte Ju- yw>\. d 'y.
o n22 da Av. Praia da Vitória, projectado em por

nior aí retoma, com outra coerência, alguns dos símbolos


que
n271 da Av. da
que, por iniciativa própria, propusera jã no

A
182

República em 1929 -
outra fase da história das Avenidas Novas

se iniciava, em perfeita consonância com essas últimas edifi

cações: falamos das demolições.


Uma das primeirasr. ocorreu logo no início dos anos 40, no

modesta eclética { dí-Ai A7)


n232, onde fora construída, em 1905, uma e

moradia que em 1909 conheceu alterações algo romanescas que

analisámos. ela dá lugar, ao fim de uma


Significativamente,
existência de trinta a um notável prédio de Pardal Mon- ■
3WiT u*
anos,
ca-
teiro que apropria, com a independência que quase sempre

solenidade fria e
racterizou a sua prática, ^afrnaceando-lhe a

tão bem qualificou, com um último an


"neutra" que Cttinelli
dar de janelas de sacada com vãos em arco de círculo, enqua
drados por discretos painéis cerâmicos e articulados por uma

varanda corrida de ferro forjado que rima com inesperada fres

cura com o tratamento do terraço superior. Vinte anos separa

do n249 de 1920. Pelo meio ficara enterrado


vam este projecto
Silva insinuaria, mais
o modernismo sobre o qual Cristino da
da sua geração talvez nunca nele ti
tarde, que os arquitectos
vessem acreditado para renovação da arquitectura nacional ( 1 55) .

Também não acreditarão totalmente nas virtualidades do estilo

"português suave" que tem aqui ainda uma realização sincera

mas que depressa se tornará rígido esteriotipo obrigatório e

indiscutível .Mas o que mais nos importa salientar é que, a

dos anos 30, o triunfo dos conceitos funcionalistas,


partir
e depois difusos na imagética nacionalista,
primeiro expressos

representa nas Avenidas Novas uma generalizada condenação da

vasta produção de fachadas que iludiam nos jogos decorativos


de ostentação a mediania ou mesmo mediocridade dos programas.

A par das demolições, começam então as alterações visando quer


a substituição de materiais considerados pouco nobres como os

madeiras e os estuques, ou de conservação e fun


azulejos, as

ferro sistematicamente subs


cionalidade problemáticas como o

tituído nas escadas de serviço pelo betão e nas marquises pe


lo alumínio, quer, mais significativamente, a alteração do

padrão de gosto. Citemos apenas alguns exemplos:


No n297-99 da Av. Cinco de Outubro, a que nos referimos, yutf, ià\)

Francisco Sá Carneiro propõe primeiro modifi-


o proprietário
melhorara o aspecto, aisrarçan-
cações interiores : "apenas se

as colunas existentes com pequenas golas em cujos intervalos


1949, propõe "novo arranjo da
serão colocadas vitrines"e, em

demolição das pilastras e cimalhas exis-


fachada principal com
183

tentes que fica toda coberta a lios branco" ( 1 56) .

No n277 da mesma Avenida, tornejando para a Miguel Bombar

da, em 1943, são feitas obras projectadas pelo arquitecto Ro

drigues de Lima "com o objectivo de obter do lado sul ( . . . ) ,

visível da Av. Cinco de Outubro, uma fachada de maior interes

se levantar-se-ão pilares revestidos de mármore (... ) prevê-


-se a substituição de azulejos decorativos que com um mau gos
to acentuado prejudicam o exterior do edif ício" ( 1 57) .

Mais radical é a evolução do n279 da Av. da República ( 1 58) , S^

moradia de 1908, dentro da prática eclética de moda que, em

1951, é completamente alterada, desaparecendo os frontões,


adquirindo as janelas vergas rectas, simplif icando-se linear

mente as grelhagens de ferro forjado e substituindo os peque


nos fechos da cimalha por pesadas agulhas cónicas, dentro do

gosto estado novo mais descaracterizado; ou do n233 da Defen- -j"l<7T

sores de Chaves de certo modo em sentido contrário: trata-se

próxima dos valores do


agora de uma pequena moradia de 1907,

pequeno prédio de rendimento, com os elementos decorativos

reduzidos ã faixa de azulejos sob a cimalha e a um modesto fron

tão praticamente inscrito. Em 1953, propõem-se alterações "con

sequência não só das modificações interiores (... ) mas também o

desejo de enriquecer o aspecto do prédio", dentro de uma manei

ra eclética, entre a citação da casa portuguesa e a nostalgia


arquitecto da Câmara Couto Martins acusa de
palaciana que o

"deficiências notórias de composição arquitectónica" { 1 59) .

Sociologicamente curiosa é a justificação dada pelo enge

nheiro Rebelo Cabral que assina, já em 1960, o projecto de

substituição da escada de serviço de ferro por outra em betão


-,i
_

armado no n221 da Av. da República de 1 907 ( 1 60) : por de parte as

cortinas de ferro por outras em tijolo que pusessem fim ao

espectáculo a que quase todos os dias se assiste para gaúdio


do rapazio que sabedor da existência no local de inúmeras ser

viçais (...) se aglomerava ali constantemente para ver as pernas

ãs mocinhas (...)".
desamor das Avenidas Novas, ime-
Este pela arquitectura
•A

diatamente justificado pela profunda mudança de gosto que os

anos da segunda guerra definitivamente consagram, fundamenta-

-se todavia em razões mais gerais queftêmi que ver com a rápida
alteração do modo de as situar em termos do desenvolvimento

da c idade. As sim, se em 1929, a propósito da pretensão do pro

do n260 da Defensores de Chaves de alterar o proiec-


prietário
184

r/c e 4 andares, no sentido


to de um prédio previsto com cave,

de retirar o 42andar e elevar a cave, José Alexandre Soares

dá parecer favorável à supressão do 12 mas não à elevação da

"aumenta a altura do edifício com mais


2§, justificando que

um andar inferior" e que "nunca lhe seria consentido tantos an

dares a sua altura não desmanchasse o conjunto harmo


para que

nioso que se está obtendo" ( 1 61 ) , parecer, aliás, que não teve

habitualmente, 8$ anos mais tar


quaisquer consequências como

A. Couto Martins, a propósito do pe


de, em 1949, o arquitecto
dido de ampliação da moradia com o n295 da Av. Cinco de Outubro,

afirma: "Esta Repartição confirma mais uma vez que o princípio


hâ muito vem defendendo de que as avenidas importantes
que

salvo casos excepcionais deverão ser ladeadas de grandes pré


dios de rendimento, circunstância esta que, além de contribuir

em grande parte para debelar a crise de habitação, dá âs referi

das artérias um aspecto monumental condigno (...)" , acrescen

tando autorizar-se a ampliação requerida afasta-se pa


que"a
ra muito longe a possibilidade de vir a conseguir-se emjprazo
mais ou menos curto o "desideratum" acima mencionado" ( 1 62) .

Os dados estavam lançados. Depois de demorar mais de trin

os vastos quarteirões que Ressano Garcia


ta anos a preencher
no final do século abrira à cidade incrédula perante tão ambi
edifícios das Avenidas Novas estavam aos olhos
cioso plano, os

de todos ultrapassados. As Avenidas novíssimas que se iam er

de Ressano Gar
guendo, algumas ainda dentro do projecto global
ãreas, apontavam o caminho que
cia, outras rasgadas em novas

deveria ter sido seguido. A inexistência de norma credível aos

acre
olhos de uma sociedade que finalmente se disciplinara e

ditava no tornava-as uma mancha que deve


cegamente progresso,

ria ser eliminada.

III -
As AvenidasNovas na crónica lisboeta

moradias surjam na Av. da


Embora os primeiros prédios e

vimos, mais de metade das


República em 1902 e em 1910, como

suas vastas margens estivessem edificadas, bem como alguns dos


laterais, imaginário da cidade
mais centrais quarteirões o

dificilmente absorve nesses primeiros anos a cidade nova que


antes
assim tão inesperadamente se erguia onde "poucos meses

eram terras de trigo"(163).


185

João Chagas, em 1905, (164) traduz bem essa dificuldade:

"Porque para mim e para os homens do meu tempo o que é

afinal Lisboa?

"E ainda aquela cidade triste e suja que há vinte anos co

nhecíamos quando éramos adolescentes, com os seus saguões imun

das va
dos, os pregões estridentes suas peixeiras, a sopa, a

ca e o arroz do seu jantar das 4, o Passeio Público aos domin

gos com a sua turba de mulheres magras e feias, as touradas

no Campo Pequeno com o Peixinho Pai -


a Judia em D.Maria e o

Por mais que no-la renovem ela fica sendo sem


Fontes no poder.
pre para nõs essa velha Lisboa (...)

"Em vão reconhecemos que ela se transforma e se torna be

la (...) apenas experimentamos uma vaga surpresa a que não é

estranho um igualmente vago despeito (...)" .

legítima atitude de quem teme o fu


Esse"vago despeito",
turo e doira o passado não impede todavia que vã conquistando

páginas de O
adeptos o elogio do progresso assim evocado nas

Ocidente, em 1906:

"A bela Avenida foi com meia dúzia de jardins muito bem

tratados e os americanos elécticos o que de melhor nos trouxe

quantos, eram mui


a civilização" (165X resposta optimista a e

Ramalho Ortigão os perigos do boulevardis-


tos, partilhavam com

mo(166) .

Nesse texto fundamental, Ramalho afirmava sem peias que

"o projecto do boulevard do passeio do Rossio ao Campo Grande


é de uma concepção bem tristemente pretenciosa"e ,
dando razão

estrita aos Regeneradores que nas Cortes se haviam oposto ao

bramava "esse boulevard, segundo o critério mu


projecto, que

ê luxo"e, mais gravemente, com um moralismo estrei


nicipal, um

to se fora tornando um dos agentes mais activos das suas


que

opiniões: "o boulevard não serve senão para espalhar os maus

hábitos do café e do trottoir, o amor da ostentação, a ocio

boulevardismo, a cocotice, o luxo pelintra da toilet-


sidade, o

te". Aliás, para Lisboa que não tem "a invenção da moda", o

boulevard era, antes de mais, um acto contra natura: "Não tor

ças a tua vocação, amiga Lisboa, não queiras ser aquilo para

que não te fez Deus, se te não queres tornar aleijada e mons

truosa". de lhe recomendar "recolhe-te na tua casa,


E, depois
vive em família", aconselha-a ainda que em vez do "presente
funesto do boulevard" exija da Câmara "estas duas coisas tão
186

indispensáveis como o ar, o sol e a luz: o alimento e o ensino!"

de Ramalho, correspondia uma cer


Todavia a pregação que a

ta opinião pública mais ou menos esclarecida, não impediu que


da Avenida até â queda da Monarquia "a
desde a inauguração
grande moda em Lisboa é fazer!Faz-se a Avenida a partir das
6h como se faz a Rua do Ouro âs 4 da tarde, como se faz o Chia

do às 5" (167) .

Assim, nesta geografia sociológica de Lisboa, que se pro

século, Avenidas Novas


longa pela primeira década do novo as

não existem ainda. Numa das suas magníficas "Cartas de Lisboa",


da tradição feminina das vi
Malheiro Dias (168), a propósito
sitas ãs Igrejas na Quarema, evoca esses lugares privilegia
"Ferrari, Marques, Ren-
dos da cidade opulenta: as pastelarias,
des Rua ex^celência era a "do 0u_
dez-vous gourmets", a por que

ro, até à rua dos Capelistas", as Igrejas, "Mártires ,S .Roque"

e, evidentemente, S.Carlos e a Avenida.

Também Alfredo Gãllis ( 1 69) nos fornece essa mesma visão

concentrada do quotidiano urbano:

"A vida da cidade é na baixa que circula com mais inten

sidade, nesse acanhado perímetro que vai da Ruajdas Pretas ao

Terreiro do Paço, da Rua dos Fanqueiros à Praça de Camões. É

nele que existem os teatros, os clubs, as lojas de modas, os

restaurantes, os cafés, as tabacarias de luxo, as


hotéis, os

secretarias de Estado, os tribunais, o correio, os telégrafos,


os templos elegantes, os ateliers de modistas, os consultórios

médicos de maior fama, as ourivesarias opulentas, as pastela


rias da moda, os grandes "magazins" Grandella e Chiado (...)" .

Nesta cidade que adoptou a avenida como a modernização

confortável do Passeio Público e que nela satisfazia as suas

ambições de cosmopolitismo, as Avenidas Novas são um evidente

são feitas são por


excesso. As primeiras referências que lhes

e esteriotipadas, embora jã em 1906


isso muito superficiais
se admitisse que "A Avenida Ressano Garcia será daqui a anos

o verdadeiro centro da cidade" ( 1 70) .


Sobretudo, elas são des

uma via muito mais confortável e rá


de logo, profeticamente,
se atingir o Campo Grande "ponto de reunião dos lis-
pida para
do estio do outono o le
bonenses pelas tardes aprazíveis e que

automóveis, cavaleiros
va ali grande movimento de carruagens,
e ciclistas ( 1 71 ) . Evoca-se em O Ocidente ( 1 72) a propósito da

instalação aí de um atractivo suplementar, a célebre feira de

Agosto:
187

"(...) com a rapidez dos elécticos é natural que os fei

rantes continuem com a mesma sorte. Um passeio até lã nestas

tardes de calor é um verdadeiro prazer pelas novas avenidas

muito frescas".

Contudo, apesar da distância e da sua desinserção urbana,


é nestes primeiros anos do século que a velha cidade, depois
de percorrer superficialmente a Av.
Ressano Garcia, elabora,
indiscutível das Aveni
por volta de 1906, a imagem estável e

das Novas que se imporá no imaginário lisboeta. Elas são sinal

concreto de novo riquismo, de burguesia recente, de mau gosto


e de má arquitectura. Vejamos os textos:

Fialho de Almeida ( 1 73 ) :

das transformações fundamentais da


"Foi essa a quadra
capital (...) das ruas de grande margem e árvores no asfalto,

a febre do monumental repentino, sem plano (...) que contudo não

deixou na sua restauração nem um só laivo arquitectural digno

de aplauso*
de reconstruir fera restrita, ta
"(...) aquela aspiração
canha porque ninguém pensara em reedificar Lisboa por
quase,

simplesmente em abrir entre o Rossio e o arrabal


completo, mas

de lados viesse colar-se o furor de cons


de um cano ar, a cujos
brasileiros ricos a mostrar em tene
truções que os começavam

brosos prédios de seis andares e ãguas-f urtadas" .

Malheiro Dias (174) :

"êe a casa histórica decaiu, abandonada pela nobreza em

pobrecida , outras e muitas casas se construíram com os dinhei

ros do Brasil e da África, dilatando a área de Lisboa por are

onde está instalando â uma classe ri


jados bairros, se pressa

ca, mas ainda obscura, sem preponderância na sociedade actual

e que jã nos leilões arremata sem escarcéu os móveis de Arte.

"Os velhos palácios caem em ruínas (...) Os abundantes di

nheiros da África e do Brasil consomem-se na construção de hor

de beleza das novas


rendos prédios aluguer, que comprometem, a

avenidas de Lisboa. Não se encontra vestígio de um critério

artístico que intente dirigir, aconselhar, guiar ou punir es

ta invasão de vulgaridades que ameaça submergir a capital".


magnífica Av. Ressano Garcia que liga com um arrojo
"Na

e uma amplidão magníficas a praça do Duque de Saldanha ao Cam


po Grande, principiaram já a empoleirar-se as armações frágeis
de madeira. A casa de aluguer vai banalizando todas as grandes
188

artérias e fazendo dessa grandiosa cidade, digna de ocupar os


talentos dos grandes arquitectos, uma feira de especulação,
onde a ganância assentou arraiais e arvorou a sua bandeira.

"(...) Os arquitectos, as Companhias construtoras, os mes

tres de obras têm os mais engenhosos projectos e os mais elás

ticos orçamentos para oferecer ao mais ávido capital'.'

Alfredo Gallis(175) :

"Do Monte-Pio Geral entra e sai sem cessar uma multidão

exótica (...) Proprietários que vão levantar dinheiro ã ordem

para pagamento das férias aos operários que lhe estão fazendo

o 122 prédio na Avenida Ressano Garcia (...)" .

0 outro lado desta imagem negativa é totalmente inexisten-


C'Çl'í'«r.«ri»>»vi ^

te: uma das poucas d'sr<íB4renças que poderiam sugerir o contrario

-
"uma nova cidade surge esplêndida, lavada de ar, de largas
avenidas e de edfícios dessemelhantes" ( 1 76) -

esclarece-se obvia

mente quando percebemos tratar-se de publicidade ã "Empresa


de Construção Predial" que "está envidando todos os seus lou

váveis esforços", "concorrendo para esta quase trnasformação


de Lisboa" .

Implícita a todas estas repetidas e concertadas críticas^


está afinal uma ideologia saudosista e algo tacanha que aca

bava por dar razão a Ramalho Ortigão e João Chagas, ao quere

rem defender uma imagem mental e simbólica da cidade que os

poderia justificar. Por detrás da mediania com que o prédio


de rendimento povoara as Avenidas, está a
mediania^social e cul

tural que estes homens, que se pretendiam uma verdadeira elite,


temem e, deste modo, a dureza com que a nova arquitectura e

os novos ricos são encarados é apenas o primeiro patamar de

uma crítica mais funda. Afirmava-se em» 1906(177):

"A democracia trouxe consigo a desnacionalização.


Trocaram-se os sermões pelos tivolis da rua de S. Bento, os Te-

-Deum por S.Carlos e pelas bailarinas, as berlindas doiradas

e bamboleantes do antigo regime pelo omnibus democrático e

comunista. Ao escapulário sucedeu a manga de alpaca, ao mostei

ro a secretaria, ao frade o amaduense.

"Os qrandes extravagantes, as figuras patuscas que de


vez em quando faziam desopilar Lisboa jã não surgem na unifor

midade monótona, baça passiva , , obscura do nosso povo. Todos

se assemelham, todos se confundem, todos se parecem (... ) que

monotonia, que falta de carácter, que falta de inventiva -

que falta de sentimento de raça!".


189

Não esqueçamos contudo as contradições que envolviam to

da esta nostalgia do passado. Ao mesmo tempo que se lamenta

va a "uniformidade monótona, baça, passiva", mil vozes, por

vezes as mesmas, se erguiam exigindo a destruição de Alfama,

Mouraria e Bairro Alto...

Nas páginas da mesma revista em que se lamentava "a fal

ta de inventiva", defende-se, três anos depois ( 1 78) , numa cu

riosa nota entitulada "Como Lisboa resiste ao progresso", "o

projecto do arquitecto francês M.Maurice le Curieux de um pa

lácio de festas e exposições de S.Pedro de Alcântara (em) es

tilo Luís XVI ( . . . )destinado a teatro, grande restaurante, bel

vedere sobre o panorama da cidade, salas de bailes e festas,

galerias para exposições, salões para leituras e conferências,


etc", projecto a que Ventura Terra, ao tempo vereador muni

cipal, categoricamente se opôs, defendendo com outra coerên

cia e sentido cosmopolita, a mancha verde e o perfil ondula

do que o jardim deveria conservar.

Alias, jã anteriormente, quando analisámos algumas pare-

ciações da época sobre a arquitectura das Avenidas Novas, su

gerimos quanto é frágil, contraditória e inconsequente em pro

esta crítica que profundamente justifica a acutilante


postas
reflexão de Fernando Pessoa sobre "o provincianismo português"
(179): "Se quisermos resumir num síndroma o mal superior por

tuguês diremos que esse mal é o provincianismo (...) . 0 provin


cianismo consiste em pertencer a uma civilização sempomar par

te no desenvolvimento superior dela".


E, como se sabe, maldosamente, dizia a seguir que "o exem

mais flagrante de provincianismo é Eça de Queirós".


plo
Todavia, como quase sempre aconteceu, a maldade de Fernan

do Pessoa era a afirmação objectiva da verdade. Foi provincia


na a apreciação da Avenida da Liberdade de Eça de Queirós, que
já referimos porque ignorava que ela obedecia a um. projecto
à partida recusava reconhecer simplesmente
global e porque
traduzia, das suas insuficiências, um movimento real
que apesar
de desenvolvimento da cidade que não era, como nunca f ora , um

movimento triunfante , imparável e decidido, mas antes o resul

tado instável das contradições do momento. Eram provincianas


as críticas, as de as de Fialho,
Ramalho como mesmo as de Ma-
ís-5"
salvavam
que deliberadamente flagelavam e
ao mes
lheiro Dias,
atirando o país para as margens da nulidade.
mo tempo,
190 /

Provinciana e superficial no entanto, esta imagem acabada das


Avenidas Novas que a crítica rapidamente construiu é parte

integrante do que elas foram sendo, ajudaram-nas evidentemen


te a construir-se .
São, por exemplo, em grande parte os cronis

tas os responsáveis pela criação do tipo do brasileiro, ou

já africanista, habitante sintomático por excelência dos novos

quarteirões, particularmente da Ressano çarcia"bairro novo

e af astado ( . . . ) as propriedades que o constituiram eram luxuo

sas e nelas moravam pessoas abastadas" ( 1 80) .

Alfredo Gallis.no romance publicado em 1910 que temos

vindo a citar (pasmoso documento que esconjura com mal disfar

çado gozo e excessivo empenhamento do autor os pretensos/ou


desejados perigos do boulevardismo que o velho Ramalho tão

bem previralcria a personagem do Narciso, preto roceiro de

S.Tomé, riquíssimo, que foi instrumento da desejada promoção


de Berenice, menina pobre, vivendo num andar demasiado modes

to na Rua do Salitre. Decidido o casamento, Narciso "alugou ca

sa na Av. Ressano çarcia, um lindo chalet que tencionava com

prar se se desse bem ebratou de o mobilar principescamente ( . . .


)

nada menos que cinco salas(...)a de receber toda em escarla

te e oiro estilo Luís XV ( . . . ) a de jantar toda em pau santo

entalhado (... ) a de Berenice em carvalho, estilo italiano".

Assim viveu no imaginário empírico da cidade essa figura


invejada e ridicularizada que, se não era necessariamente pre

to, constituíssem dúvida objecto de especial interesse das


meninas casadoiras, que não eram todas também modestas filhas

de funcionários administrativos, vivendo na rua do Salitre,


e a ele tenazmente se ligou a figura igualmente invejada e

ridicularizada do chalet das Avenidas Novas.

Outra curiosa evocação romanesca desta situação é feita

já tardiamente, em 1945, por Maria 7vrcher, no seu romance Os

Aristocratas. Não se trata exactamente de um brasileiro, mas

de um espécime que a Grande Guerra promoveu "gente possidónia


(...) (que) veio da Graça, depois (passou) à Estrela, (finalmen

te adquiriu) (...) uma grande moradia nas Avenidas Novas apa

laçada que ampliaram e realçaram com. grandeza"e que é assim

evocada :

"A sua casa era de um mau gosto arrepiante. Tinha filas rj.t SoV^o
e salões em estilo oriental, incómodos, opressivos, cheios

de fancarias caras, de charões falsos (...) tudo com ares de

bazar chinês. Parte da moradia fora decorada em velho estilo


191

azulejos paredes mármores claros nas es


português com nas e

cadarias. Mas Álvaro Anes descobrira facilmente que havia tam

bém estuques a fingir de mármores e papeis a fingir de azule


jos. A escada nobre estava atapetada de ponta a ponta com so

berbas peles de leopardo mas Álvaro Anes jurava que algumas


delas eram apenas bocados de peluche com cabeças de fera. Ao

fundo da escada em dias de recepçãobstava especado um cria

do preto, solene, hierático, fardado de príncipe hindu. 0 Ál

varo Anes jurava que o preto também era falso (...)"

Esta crítica corrosiva jã, aliás, Fialho nos propunha


num célebre texto sobre o leilão do chalet Sassetti em Sintra

(181) onde evoca também "essa decoração cancerosa de bazar de

comissões, bric-ã-brac de casa sem governo" própria do salão,


e aconselha ao mesmo tempo uma visita ao "pavimento de cima"

onde se encontrará "uma completa ausência de luxo e de confor

to, uma despida geral da maquillage cénica com que se deslum

bra na sala de recepção", insinuando que é aí, "à vista des

tes aposentos reservados que o observador deve historiar o

lisboeta" para concluir que "a família como o Estado vive de

calotes" .

0 acinte de quase toda a crítica, do romance e da cróni

ca, denegrindo anonimamente a cidade nova, os seus valores e

os seus símbolos, tinha contudo o outro lado, que era o elogio

bajulador a autogratif icante . Um dos poucos brasileiros autên

ticos com que a crónica da época nos permite contactar é o co

mendador Evaristo Lopes Guimarães que, em 1910, adquirira um (;

Av. João Crisóstomo onde realizou obras nobilitan


palacete na

tes que, de modo nenhum, correspondem a essa arquitectura re-

lhe devia ser apanágio, sendo antes uma saudosa


polhuda que
evocação, evidentemente eclética, do que o século XIX mais neo

clássico pusera em moda. E o homem que se nos depara no arti

go de O Ocidente (182) não é nenhum espampanante brasileiro in

chado de riqueza falsa e ignorante mas um honrado cidadão "saí

do de Coimbra no alvorecer da vida, onde cheio de saudades

deixava amigos e parentes", que, uma vez no Pará, "devido ã

seriedade do seu carácter, às faculdades da inteligência, ao

cuidado dos deveres" pôde tornar-se, "ao


no cumprimento seus

cabo de trinta anos1,' "o mais importante e considerado empreen

dedor desse florescente estado, enriquecido pela propagação


da cultura da borracha". Mandou depois aí edificar não um qual
"conforme o risco do serviu
quer palacete improvisado mas que

a construção na Patriarcal daquele que ali mandou edifi


para
car o finado negociante J. Ribeiro da Cunha".
192

aos "encantos do
Mas as saudades fizeram-no regressar
Mondeao" onde "o seu primeiro cuidado foi reedificar a casa
r\
dar Estado "três
onde se finou seu estremecido pai"e depois ao

contos de reis para a construção da estrada de que estava pri


onde"vai de visita" com a esposa "incansá
vado esse lugar",
vel solicitude de derramar benefícios por todas as famí
(na)
lias pobres" .

interior de artísticas
No seu palacete, "embelezado no

"desvelada cultura
ornamentações", dedica-se sobretudo a uma

lindas raras flores de estufa e duma encantadora va


dé rosas,

tendo encarregado o jardineiro "de


riedade de crisântemos",
os e--põr aos amadores que quisessem admirá-los na sua vasta

além da jardinagem, "o opulento proprietário


garagem". Mas,
â semelhança de el-rei D.Fernando e el-rei D.
daquele éden,
admiravelmente em obras de torno", "com
Luís que trabalhavam

pequenos e burilados fragmentos de madeira conseguiu construir


da torre Eiffel, destinada a recolher
uma famosa reprodução
uma variedade de aves multicolores de remotas regiões".
0 articulista evoca ainda o café servido na marquise"que
tendo ao fundo uma vistosa cascata onde
deita para o jardim,
bando murmúrio desliza num pequeno aquário onde se
a água em

movem lentamente peixes de diferentes cores e tamanhos", es

"ornamentam o recinto, avencas, fetos e vasos


clarecendo que

de plantas e flores odoríferas".

E tudo obtém confirmação na fotografia "da feliz e exce

dos três filhos e o neto


lente família", o casal acompanhado
"brincando num velocípede", protegidos por dois enormes can

deeiros duas estatuas figurando soldados em pose académi


que

sugestão das cortinas finas, as flores,


ca seguram, Â volta a

a presença do jardim.
honrado laborioso brasileiro dedi
Seria excepção este e

â marcenaria?Seria excepção esse discreto


cado à jardinagem e

nos valores do luxo sóbrio que o arquitecto


palacete, jogando
lhe desenhara? Seria excepção a vida que
Jorge Pereira Leite
cri
se adivinha aberta sobre o jardim onde cresciam rosas e

sântemos raros?

Então, seriam também excepção os numerosos palacetes,


moradias que a Construção Moderna e A Arqui
prédios e pequenas
Eram excepção
tectura Portuguesa elogiosamente publicavam?

ou seriam brasileiros a Viscondessa de Valmor, Mário ártagão,


193

Ana Roussel, Silva Graça, José Malhoa, Luís Rau que, entre

tantos outros, mandaram edificar moradias próprias ou p^a alu

gar nas Avenidas Novas?

Pretendemos insinuar que desconfiamos da imagem esterio-


crónica e o romance nos propõem do bra
tipada e repetida que a

sileiro ou de africanista rico edificando palacetes nas Ave

nidas, como desconfiamos, com fundamento, daquela cidade entre

ao vício em que Alfredo Gallis nos faz penetrar.


gue
As Avenidas Novas eram, como não podia deixar de ser, muito

mais Lisboa do que pretenderiam os críticos e os analistas, fa

de cidade monótona onde nada acontecia e onde a


tigados uma

mediania do presente fazia esquecer e dourar a mediania do

brutalizar o certamente seria a mediania do fu


passado e que

turo. Que os brasileiros enriquecidos no negócio da borracha

construíssem ingénuas gaiolas de pássaros, segundo o desenho

da torre Eiffel em vez de se manifestarem como ricos mecenas

cultos, amantes das artes e das letras mais do que da marce

da eis podia desiludir qualquer Fia


naria ou jardinagem, o que

não isso lógica das coisas numa cidade onde a


lho, mas era a

cultura sempre fora um caldeamento de actos individuais, quase

sempre solitários e empíricos, e nunca uma atitude deliberada?

Os vícios do boulevardismo que Ramalho bramira sobre o

civilizar-se foram afinal?En-


corpo da cidade que queria o que

brandamente nestes termos (183):


quanto Gervásio Lobato os evocava

"Graças a este inverno que parece verão, Lisboa passa

os dias na Avenida. E ali que se vive, que se conversa, que

se discute, que se namora, que se faz política, que se encon

de de
tra gente, que se vê passear a pé, a cavalo, carruagem,
lisboeta representada to
americano ( . . . ) toda a população em

das as suas várias classes sociais -

nobreza, clero e povo",


Caetano Gonçalves evoca-os de outro modo (184):

""A Avenida (...) como centro de luxo, de distinção, de

coquetismo é duma pobreza que faz dó.


"A multidão que se arrasta a pé desde a rua do Príncipe
até para além de Vale de Pereiro conserva o ar modesto da bur

amaduen-
guesia remediada: merceeiros ventrudos esbarram com

espionam olha
ses esgrouviados, mamãs de cabelinho na venta os

res ternos das filhas cloróticas; e mundanas passam sorrindo

os alferes que lhes dizem baixinho graçolas...


para
"A pseudo aristocracia transporta-se em trens (d'aluguer
desfilando vagarosamente por uma rua larga, sis-
na mor parte)
194

tema Macadam no tom lúgubre de um enterro de 3§classe (...)" .

Entre a visão romântica e a realista, entre Júlio Dinis

e Eça de Queirós (que Camilo pouca paciência tinha para estas

análises de salão) , a sociedade lisboeta só desiludia os de

siludidos e amenizava os jã de si amenos. Mas algo ia apesar

de tudo acontecendo: da crise de 90 ao assassinato do rei, as

Avenidas Novas haviam passado dos projectos camarários de Res

sano garcia para o~ chão concreto dos subúrbios. E, contra to

assim que os pri


das as expectativas, povoavam-se rapidamente
meiros prédios se erguiam. Já Alfredo Mesquita em 1903 se es

pantava (185) :

"ESte desenvolvimento vertiginoso não se explica satis

fatoriamente e custa a crer que a população de Lisboa tenha

aumentado de tal maneira que exija tantas avenidas e tantos

dando-se além disto a circunstância de não se


prédios novos,

terem derrubado ou reconstruído alguns dos antigos bairros.


senão todas as edificações actuais são formadas
Quase todas,
sobre terrenos de cultura, quintas ou campos. Seja porém como

não haja causa, que explique naturalmente o fe


for, haja ou

nómeno, o que é inegável é que o facto dá-se , visível aos olhos

de todos (...) As quase inesperadamente do solo


casas erguem-se

e aparecem logo os moradores para as encher".

Este notável dinamismo demográfico da cidade é explicado

por Malheiro Dias(186):

"Mas Lisboa, a foliona, quer ver, das janelas de casa,

os trens o Campo Grande, Lisboa quer viver na A-


passar para
da iluminação eléctrica, com americano
venida, no perímetro
à porta e os teatros à mão.

"E ei-la desce da Estrela e da Graça, avança da Jun


que
bairros onde nasceu, para
queira e ãa Ajuda, despovoando os

terceiros andares dos bairros novos".


disputar os

Havia, além destas, outras razões que a crónica pouco

atenta e volúvel despreza e que podem, ainda difusamente, ser

testemunhos vivos .Conversando com Maria da Graça


captados em

neta dos condes de Valenças, a propósito da Lisboa


Athayde,
que evoca nas suas memórias ( 1 87) , perguntei-lhe como se expli
cava que tendo a família o palacete na Lapa, na Rua do Prior,

tivesse morado na Alexandre Herculano e seu tio na


o seu pai
óbvia: tratava-se de gente no
Av. da República. A resposta era

va que precisava de casa, era aí que havia alugueres disponí


veis e, além disso, mais baratos.
195

brasileiros
Nem território exótico e quase exclusivo de

ou africanistas, nem apenas espaço possível da promoção bur

guesa, como pretendiam os cronistas. As Avenidas serviam tam

bém aos filhos da aristocracia em crise de capital, que era

afinal a crise de um regime. NO romance de Maria Archer que

jã citámos, a orgulhosa e despótica condessa, quefteimava em

recuperar o palacete que o marido havia definitivamente empe

nhado, interrogava-se receosa: "Se ela começasse a casar as

filhas, as cinco filhas, com pelintras onde iria parar o nome

da família? Aos terceiros andares das Avenidas Novas".

Sem dúvida, Malheiro Dias tinha razão quando, na mesma

"Carta" que há pouco citámos, afirmava:

"Metodicamente, Lisboa separou a ventura da desventura,


a opulência da míngua, o riso da lágrima, a seda do farrapo, a

indigestão da fome. Lisboa tem as suas Pedras Negras, osçeus

exílios, os seus degredos, como tem os seus Campos Elísios e

os seus paraísos. Cada dia é preciso ser mais rico para livrar

os filhos da tuberculose, da escarlatina, da varíola e da fe

bre tifóide. 0 pobre foi escorraçado de todos os lugares sau

dáveis e arejados, tangido para Xabregas, para Alcântara, pa

ra a Mouraria, para Alfama. E a Lisboa dos ricos desenvolve-

-se, prospera, aformoseia-se" .

Todavia se as imagens não exageravam a dramática situa

ção dos bairros populares, simplif icava^xcessivamente a "Lis

boa dos ricos". Não estavam a ser, logo desde 1905-1906 as

Avenidas J .Crisóstomo, Hintze Ribeiro ou Visconde Valmor, pre

enchidas com prédios que já em 1891, Alfredo Mesquita tão ob

jectivamente evocara? ( 1 88)

"Sacrificada abala a melhor divisão da casa. É tema nati

tal fim o comparti


vo da burguesia lisbonense preferir para
mento mais vasto, mais iluminado, mais arejado, mais benéfico,
sobre aquele onde o sol mais entra,
o que tem janelas a rua,

o único que tem algumas condições higiénicas, o melhor. Para

que seja aqui a sala, têm. de ocupar a parte média da casa e

as traseiras, o quarto de dormir".

Se o traçado amplo das ruas e a profundidade dos quartei


rões garantiam às Avenidas Novas a luz traseira que faltava

nos velhos bairros, a realidade mediana do quotidiano que pres

supunham não se afastava dessa espacialidade tradicional que

situava no centro da casa, quase sempre sem, ilumi


os quartos
nação directa. Com uma tónica mais sociológica, João Prudêncio,
196

em1909(189) desmistifica com notável rigor esse viver estrei

to, que foi sem dúvida o da maioria dos habitantes dos prédios
das Avenidas secundárias, se não mesmo de muitos das principais:
"Ê preciso ir, é preciso estar onde vá e esteja o que es

ta sociedade de Lisboa tem, no dizer insistente dos jornais,


de mais distinto, elegante e ilustre; é preciso conhecer os

princípios desta gente, a educação que recebeu e transmitiu

aos filhos, o que se lhes ensinou nas escolas, nos liceus e

nos cursos superiores; é preciso ter investigado as suas con

dições de penúria doméstica, onde não raro sucede faltar o

bastante para pagar à criada, e onde a mãe ficará a descascar

ervilhas e a acender o lume enquanto as filhas vão encontrar-

-se com os namoros no Rendez-vous dos Gourmets; é preciso ter

visto os móveis com que esta gente enche a casa, os quadros


que pendura nas paredes, as bugigangas que põe nas étagères;
e saber que literatura ela prefere; que teatro mais a emocio

na e os motivos de conversa que mais a interessam; é preciso


finalmente saber como ela se alimenta, como ela se lava, co

mo ela se veste e como ela raciocina para bem compreender to

da a pungente ironia de que estão saturadas as crónicas espi


rituosas de Fialho (Lisboa Galante) e de Beldemónio (Viagens

no Chiado) "r

Parece-nos assim aproximarmo-nos mais desse lisboeta das

Avenidas Novas que desde os anos de 1900 vai preenchendo os

prédios que rapidamente se edificam e cuja "qualidade" era

feita de elementos tão frágeis, que a rigorosa descrição, de


André Brun em 1 91 6 ( 1 90 \á& de um 32 andar na Rua de S.João dos

Bem Casados, a Campo de Ourique, portanto, corresponde intei

ramente ao que era o interior da grande maioria desses prédios,


incluindo os que, com artifícios quase sempre falsos, iam or

namentando a fachada:

"Á frente duas casas :a saleta que também goza da fama

de ser escritório e a sala. Interiores:a alcova de Praxêdes

que dá para a sala por umaV>orta envidraçada, o quarto da fi

lha com luz para a casa de jantar, o dos filhos com frente

para o saguão. Ã retaguarda: a cozinha e a casa de jantar que


serve de casa de costura e de engomados. Em cima: o sótão on

de dorme a criada. No corredor: um armário cheirando a ratos

e a chouriço que passa por ser a dispensa".


Este "protótipo da casa alfacinha", como Brun o designa,
foi o lar possível na Estefânea como em Campo de Ourique, na
197

Almirante Reis como nas Avenidas Novas. Nestas, todavia, a

minoria dos senhorios residentes e de algum inquilinato privi


prédios de luxo ou as moradias de gaveto
legiado ocupando os

que não eram tão grandiosas e exóticas quanto a crónica fez crer,

eram o suficiente, no horizonte modesto da cidade, para jus


tificar a mitologia empírica que â volta delas se desenvolveu,

integrando-as numa geografia discriminada de lugares que da


va estabilidade ao cidadão e que João dos Santos, nascido à

Almirante Reis, tão poeticamente evoca (191):


11

Nasci num lugarzinho simpático com um ajardinamento e

uma pequena igreja no meio -

a Igreja dos Anjos(...)SÓ mais

tarde, como escolar, me foi permitido ir até â Avenida, limite

do meu bairro ( . . . ) impunha-se pelo seu tráfego, movimento de

peões desconhecidos e comércio variado (...) A baixa era o cen

tro de tudo, talvez mesmo do mundo(...)A cidade era para mim

o meu bairro ligado ao centro e longinquamente a uns bairros

tenebrosos e ao fabuloso bairro das Avenidas Novas


pobres e

com ruas prédios monumentais e grandes Avenidas


espaçosas,
limite do universo".
que constituiam o meu

Assim, apesar do grande denominador comum que era a me

diania e dessa falta de rasgo que tão duramente marcou a ex

tolhida pela ausência de classes médias


periência republicana,
urbanas autónomas, a cidade era ainda um mundo coerente e le-
"

velho centro rotineiro, romântico em


gíveli/preservando o

bairros discretos e acidentados da


paisagem pombalina e os

aristocracia oitocentista, fora capaz de se dotar de uma ima

gem de modernidade que tinha nos ousados traçados ortogonais

de Ressano Garcia, coloridos pelas copas das árvores, o seu

símbolo gratificante. E, como quase sempre acontecia, ao lis

boeta falsamente cosmopolita bastava-lhe aquela grande arté


ria era a Av. da República, nascida ali na Praça do Salda
que

nha, onde a perspectiva sobre a cidade baixa ainda ecoava e a

que o velho palácio Camaride emprestava um elo tangível com o

Campo Grande, marginando entretanto


passado, que desaguava no

de Touros e a Quinta das Galveias, articuladas com


a PP.aCã
antigos percursos que, do Arco do Cego desciam a Sant'7i.na,
do tivesse em incarnar.
para que a grandeza presente corpo que

Transversais a dentro, as sombras monótonas e estreitas dos

de rendimento se começavam a adensar, não chegavam


prédios que

para perturbar essa imagem positiva que se perdia à distância


198

no murete do viaduto e aos pés se desmultiplicava num espaço

transbordante de si próprio, afirmação magnífica do poder no

vo com aue a civilização dotara a rua.

Todavia, como também acontece com o lisboeta, esse sinal

concreto de progresso continuará a


ser,ao mesmo tempo elogia
do e denegrido, num movimento característico do "provinciano"
que Pessoa caracterizou intuindo que a «erdadeira civilização
e a verdadeira vida ocorrem sempre noutro lado. Os anos de

guerra que, como vimos, correspondem nas Avenidas ao segundo


fundamental da edificação, mais denso do que o
período sua

primeiro e devido muito mais do que este â actuação intensa

dos construtores civis que a cidade baptizou de gaioleiros,


são o momento privilegiado em que a imagem das Avenidas Novas,
até então moldada pelas figuras ridicularizáveis do brasilei
ro ou do africanista e pelas suas moradias mais ou menos exó

ticas, se enriquece com a do "possidoneiro" , novo rico, mais

bronco e menos legítimo que os anteriores para quem a


riqueza;
adquirida à distância, se tornava justo prémio que uma certa

áurea de aventura podia mesmo enobrecer. Pelo contrário, o

traficou internamente
"possidoneiro" é o rico da guerra, que

aos olhos de todos. André Brun evoca-os assim ( 1 92) : "Em conse_

da guerra (... ) muitos sujeitos vendiam castanhas


quência que

assadas, burriés ou não vendiam mesmo coisa nenhuma, passaram

a vender pinhais, camiões, transportes marítimos do Estado

e a ter automóvel e espanholas nas Avenidas Novas", enquanto


Armando Ferreira acentua mais ainda os gordos traços da cari

catura na figura de Artur Bastinho a quem um irreal negócio


de aeçucar fez passar de anónimo logista a banqueiro podero-
so(193). £ ainda André Brun que encarna essa figura privile
giada do escárnio lisboeta do início dos anos 20 na pessoa

do "Farinha alfaiate" que, da loja de Campo de Ourique, passa


ra para a Rua Augusta. Então"mudara-se para as Avenidas Novas

e (Madame Farinha) mobilara-se toda â moderna, enchera-se de

almofadas, de candeeiros de pé alto e de bufetes "last-style"

(194). 0 nome todavia, talvez corrente na época, foi-nos ca

sualmente comunicado quando interrogávamos uma senhora de as

cendência aristocrática, sobre nos anos 20 vivia nas Ave


quem

nidas Novas. A resposta disparou rápida: "Os possidoneiros" .Por

das crises,
que a gente verdadeiramente bem continuava, apesar

a viver preferencialmente na Lapa, em Sant'Ana e mesmo ainda

em S.Francisco, embora esta geografia de lugares pudesse so-


199

frer alguns entorses significativos :recorde-se, por exemplo, que


Armando Ferreira põe o seu Bastinho enriquecido no tráfego de

açúcar que nunca teve a viver num palacete â Patriarcal.


Nos primórdios de uma carreira promissora na construção

civil, o futuro "possidoneiro" pode ser assim evocado:

"0 Sr. Sousa (... ) mora em Lisboa no 42 andar da Av. Defen

sores de Chaves (... ) um aproveitador vindo de Tomar há dez anos

( . . . ) que se dedicou em colaboração com a fiscalização oficial


ã honrada indústria de construção de prédios desabáveis" ( 1 95) :

0 que conduz, num jogo cheio de subentendidos sociológi

cos, a este tipo de apreciação e catalogação dos indivíduos:

"Há pessoas que nós supomos tão firmes, tão sólidas, tão

tão de boa fonte como os prédios seculares de S.Vicen


graves,
te. E afinal aproximamo-nos e vemos que são tudo quanto hã

de mais Avenidas Novas :caliça e estuque (...)"( 1 96X

Todavia, nos nascentes anos 20, esta Avenidas Novas jã


do dos africanistas, todos "ca
mais dos "possidoneiros" que
breve triunfo
liça e estuque", vão finalmente conquistar um

mundano antes que a mundanidade se torne, ao longo de 1930,


valor menor e cada vez mais suspeito. E é sobretudo nas revis

tas, que são o chão privilegiado da modernidade de então, que

se desatam os coros elogiosos que, curiosamente, são ainda qua


se sempre pautados, mais do que pela arquitectura ou pela vi
da quotidiana que nelas exista, pelo espanto que continuava

a ser a malha ortogonal das artérias. Repetindo afirmações


do início do século, Câmara Lima afirmava em 1923(197):

"Subi a Avenida da Liberdade, atravessei a Rotunda e per-

di-me na emaranhada meada das chamadas avenidas novas e ruas

(...) nunca julguei que houvesse tantas avenidas (...) Lisboa

dá hoje àqueles que a conheceram hã quarenta anos -

e eu sou um

deles -
a impressão de que não acaba.

"Quem como eu se recordar da Lisboa que acabava na Tra

vessa das Vacas e palmilha toda a ãrea consignada â capital


fica como se costuma dizer de cara à banda (...)" .

A par desta forma tradicional de ver as Avenidas, encon

tram-se também ainda resíduos das críticas globais à sua ar

vinte anos passados, repetem Ramalho e Fialho:


quitectura que,
"É um facto: os bairros novos de Lisboa oferecem reduzi

do interesse. Mesmo as avenidas mais nobres são nuas e descon

fortáveis. A altura dos edifícios frequentemente de gosto du

vidoso, não corresponde ã largura das artérias. De construção


200

para construção há desproporções confrangedoras. As perspec

tivas são medíocres. F/a abundância de caixotes com buracos,

produto de mestres de obras sem qualquer espécie de cultura

artística, é de cortar o coração" ( 1 98) .

Ou, ainda mais próximo dos modelos de crónica do início

do século:

"O critério tão seguido, tão absurdo do que "se faz lã

por fora"tem desnacionalizado a cidade, principalmente na sua

parte moderna em que abundam os telhados suíssõs, as fronta-

rias italianas, as mansardas francesas, os jardinêtes à ingle


sa e onde nem uma nota peninsular de construção assinala a

evocação das airosas edificações tradicionais" ( 1 99) .

Do mesmo modo e, retomando o fio nunca interrompido dos

sonhos de Ventura Terra, Aquilino Ribeiro em 1926 desabafa (200) :

"Em país algum se terá cometido barbárie igual â perpetrada


pelo indígena lisboeta, voltar costas ao Tejo, tapar para lã
todas as vistas, cegar para lã todas as perspectivas", criti

cando também, numa alusão evidente, as árvores dispostas "co

mo processionários" ao longo das ruas, tentativa vã de subs

tituir os inexistentes parques, numa atitude de reflexão so

bre a cidade que é também a de Nogueira de Brito que, a propó


sito da "vetusta Alfama", lhe contrapõe"os corredores preten-
ciosos de casario que são os arruamentos que pomposamente dão
pelo nome de Avenidas Novas" (201).

Coincidindo com esta continuidade crítica, João Ameal no

seu romance Noctívagos de 1924 evoca, em passeio nocturno, umas

Avenidas Novas de viver ainda oitocentista:

"A noite era agora absoluta. Pelas Avenidas Novas, havia

quase uma atmosfera provinciana, nas pequenas praças quase

desertas onde as arvores esguias formavam uma cenografia pobre.


Das casas, que o frio obrigava a cerrar as janelas vinha de

vez em quando o som dum piano burguês. Num postigo de r/c uma

figurinha banal de rapariga (...) a uma porta mais longe (... ) uma

criadita loura, inglesa (... ) conversava (... ) talvez (com) um em

pregado de correio (... ) um automóvel correu baloiçado e rápi


do quase profanador, naquela decoração pacífica de aldeia (... fr .

Todavia, este sentimento nostálgico de cidade tradicional

parece modificar-se nestes anos. Nas páginas da h . B . C .


surgem.

curiosos reflectem preocupações novas: "Os efeitos


artigos que
onde de de
da luz nas grandes cidades" (202) , a par imagens
Nova York e Berlim, se mostra uma fotografia do "Rossio à noite",
201

acrescentando-se que o novo pavimento em asfalto da "realce

à vida citadina". No mesmo ano anuncia-se "o maior edifício

da Europa", construído na Alemanha, afirmando-se a propósito


tem talvez "o valor de uma profecia" a afirmação de um hu
que

morista alemão de que "as cidades do futuro serão substituí

das por um só edifício, sendo as ruas e avenidas substituídas

Este movimento, certamente super


por largas galerias" (203) .

ficial de simpatia pela modernidade arquitectónica utópica


é mais claro ainda no texto "47 andares de ferro" em que se

afirma: "o morador dum desses maravilhosos edifícios pode jul-


fantasia mal toca a entrada da sua casa" (2041
gar-se em plena
fundamentação do
atitude que procura mais cuidada em
"Ajcidade
futuro" (205) :

"O elemento arquitectónico primordial é ainda o arranha-

cêus gigantesco, assombroso, montanha de células atingindo


400 andares (...)

"Se é/certo que na maioria dos casos a modificação arqui


tectónica não é grande, que espantosa transformação no resto:

o carro eléctrico e o automóvel (...) os arcos voltaicos derra

mando ondas de luz nas ruas, outrora mergulhadas em trevas, o

metropolitano furando o subsolo (...) . Nas casas a maravilha

da luz eléctrica, do gaz, do telefone, da telefonia sem fios,

do cinema (...)".

Sintomático desta onda de época a favor da modernidade,


os sonhos dos futuristas europeus
recuperando empiricamente
dos anos de Guerra, é o artigo de Bourbon e Menezes, publica
do na Ilustração (206) "O cartaz e o anúncio luminoso na esté

tica das cidades", em que, nomeadamente, cita L'esthétique


de la rue de Gustav Khan, no que nos parece ser a abordagem
mais interessante e actualizada das novas vias que surgiam à

reflexão urbanística e devemos pôr a par do de Brito Ara


que

"0 da arquitectura", escrito a propósito de


nha, principado
Madrid, e que parcialmente já citámos ( 1 98) :

"Não há o direito de esquecer os princípios da Exposição


das Artes Decorativas -
o principado da arquitectura, a procu

ra do útil e o desdém do ornato, do estilo de imitação (...) .

A disposição inventiva dos cheios e dos vazios que seja como

exterior da utilidade interior eis o que ori


tradução
-

que a

enta a estética da arquitectura modrna" .

Como havia de participar Lisboa neste movimento que as

futuro?Os da geração iam


sim se voltava ao arquitectos nova
zuz

indicando algumas possíveis vias, fora quase totalmente das

Avenidas Novas. Mas asWzes da crónica pretendem mais, algo


de bombástico. Enquanto a vereação municipal discute então

a proposta de D.José Manteca Roger e D.Juan Luque Argenti pa

ra a instalação de um metropolitano em Lisboa, "afirmando que

a população de Lisboa na ânsia de rivalizar com as capitais


acelerar o seu tráfego e a sua activi
estrangeiras, pretende
de convidar "um arquitecto estran
dade (207) e admite a hipótese
geiro de reconhecido mérito no traçado de planos citadinos",
plano de melhoramentos a executar
"para estudar e propor o

falando-se Forestier que "tem conseguido trans


em Lisboa", em

formar cidades de diversos países em verdadeiras maravilhas"

(208), na Ilustração Portuguesa, logo em 1919, se afirmava, num

Colonial Português e do Banco Lisboa


artigo elogioso do Banco

lado "o chamado estilo pombalino


e Açores que haviam posto de
atravessamos":
pesado, arcaico, não já consentâneo da época que

"construam-se muitos edifícios belos, deite-se abaixo o que

houver arrazar e Lisboa surgirá formosa com uma estética


que
se deter em reflectir
moderna" (209) sem, significativamente,
consentânea com essa "es
se aquela "nova arquitectura" era

tética moderna".
Lisboa todavia, aos olhos da crónica de muito
precisava,
de ter o seu arranha céus. Na
mais. Precisava em primeiro lugar
mesma revista, ainda em 1919, noticiava-se triunfalmente: "Cor

re com insistência que Lisboa se vai americanizar e até ja

se apontam prédios que vão ser demolidos para construções à


de New York: o Avenida Palace vai ter nada
maneira parece que

menos de 14 andares" (21 0) .Aliás jã em 1910 existira um projec


to de alteração do edifício de José Luís Monteiro, contra o

Ventura Terra se manifestara em Sessão da Comissão Admi


qual
nistrativa da Câmara Municipal, considerando que, juntamente
com a Estação Central, ele era a mais bela produção arquitec
tónica de Lisboa dos últimos 100 anos e exprimindo o receio

ali introduzida lhe causasse graves


que qualquer modificação
artísticos (21 1 )
prejuízos .

todavia o sentir dos novos paladinos da civi


Outro era

do século XX. Fracassado esse projecto, onze anos de


lização
em 1930, considcrava-se que "a maioria dos defeitos e
pois,
dos atrasos lisboetas desaparecerá quando Lisboa tiver a esco

citando-se o exemplo de Madrid "que


la de um grande Palace,
203

em 1910 era uma cidadezinha de vida mais provinciana que Lis

boa e que deve a metamorfose ao Palace e ao Ritz", para se con

cluir : "Lisboa para ser capital,para ser Europa necessita de


um Palace" (212) .

Em 1931, a mesma revista Repórter X anunciava finalmente

"o primeiro arranha céus de Lisboa" a ser construído pela "Com

panhia Lusa 7unericana de Arranha Céus (...) sonho de um lis

boeta que gastou os melhores anos da sua mocidade com a pomba-


lização moderna da sua terra e que não terá repouso enquanto

não vir Lisboa e Porto, pelo menos, inçados de prédios gigan


tes -
como num postal ilustrado de New York, Chicago ou S.Fran

cisco" .

Mais adiante afirmava-se que "em Lisboa (...) o primeiro


estará construído â americana antes de 1933", esclarecendo

que "a Companhia negoceia a compra de vários terrenos e edi

fícios que deitará abaixo para refazer segundo os modelos que

escolheu. O plano marca o Largo do Rato, Largo do Intendente,


Cais do sodré, Restauradores, S.Pedro de Alcântara e... Chiado—

onde deve surgir imponente como um Rodes do século XX, o pri


meiro arranha-céus lisboeta e o maior de todos os que se fize

até hoje De facto o projecto era 15 anda


ram na Europa". para

res -
"com lojas, escritórios, appartements particulares e

três elevadores" -

enquanto o de Berlim tinha 12. ..(213).

Esta imagem de modernidade arquitectónica veiculada pelas


revistas e o Noticias Ilustrado assume com maior
-

que apenas

coerência fetichista, desligada de qualquer


-

superficial e

reflexão mais atenta ao passado e ao presente da cidade, cor

modernidade de moda
responde significativamente à que as Ave

final dos anos 20, toda ela feita com


nidas Novas adquirem no

Lisboa imagens de Chicago, de um


projectos de transpor para

verniz súbito e fácil, a estalar mesmo antes de ser aplicado.

Surgem em primeiro lugar referências mais concretas ao

viver quotidiano nas Avenidas, que se afastam das afirmações


aeneralizantes e não vividas dos primeiros anos do século.

Jã não os brasileiros de grandes anéis, nem os pretos milioná


da realidade, Alves Martins, num curioso ar
rios. Mais próximo
tigo sobre "as paragens dos carros e a sua psicologia"evoca
assim a dos Restauradores (2 1 4 ) :

"mamãs" levam para muitos


"(...) £ a paragem das que casa

embrulhos das Petit-Bijou do Chiado e do Grandela; é a para-

funcionários dos ricos, das virgens


"«ni dos públicos, novos
204

de todos os formatos, das "miss" muito loiras e das"mesdemoi-

selles" muito faladoras, dos papo secos e das cocottes que

enchameiam as Avenidas Novas e têm o seu viveiro no bairro Ca

mões (...)

"A paragem da Alexandre Herculano (... ) solene, para gente


escolhida, gente de elite -

antigos assinantes de S .Carlos (... )

É a paragem das cocottes que souberam arranjar-se, passaram

a ter uma posição social (...)"

A partir de agora a imagem das "cocottes" tende quase


sempre a ligar-se ãs Avenidas Novas, numa nova versão dos "pe
rigos do boulevardismo" que Ramalho profetizara, qual velho
do Restelo, e que Alfredo Gállis tão gulosamente evocara. Mas

então, em 1910, era na Rua do Ouro que os "petits-af f aires" se

.Veremos ainda, jã em 1930, quanto as Avenidas


organizavam. .

Novas puderam ainda inspirar crónicas espantosas onde a dis

solução moral lhes surge fatalmente ligada.


Ao mesmo tempo, promove-se também uma moda de decoração
de interiores "â Avenidas Novas":

"O gabinete em que conversamos era um desses aposentos

burgueses, com assomos dourados de requinte moderno de que


são férteis as Avenidas Novas. Tanto no mobiliário como nas

tendências da decoração, surpreendia-se sem esforço uma cópia


desconexa das revistas elegantes de Paris à mistura com dispo

sições atribilárias de estante de mercearia de Bairro" (21 5) .

Se existe evidentemente nestas referências uma não disfar

çada crítica social e moral ,que se situa em continuidade com

atitudes anteriores , nos mesmos anos, vai surgindo quem defen

da a especificidade da Lisboa moderna das Avenidas Novas. Pa

ra Augusto Pinto "os bairros novos do Norte rasgados e sonoros

como versos de Cabo Verde têm a sua genuína expressão pelas


manhãs altas quando a luz do sol canta nas vidraças limpas,
nas fachadas frescas, matinas cor de laranja", enquanto Arman

do Ferreira se refere aos "desertos ardentes das Avenidas No

"à província do Areeiro", "pântanos da


vas" em oposição aos

Baixa" e ao "país neutro" que é a Estef ãnea" (2 1 6) , numa curio

de lugares capacidade de jogo ima-


sa e sibilina geografia e

gético de palavras que deixa concretamente perceber como um

certo modernismo, ao mesmo tempo expressionista e conceptual,

conquistara finalmente uma prática interessada. Curiosamente,

numa e noutra recriação da nova cidade é ainda a sua ausência

de vida e transbordamento de espaço que continua a ser veicu-


205

lada. Todavia, havia apostadamente uma outra crónica a querer

fazer-nos crer a melhor e a mais moderna sociedade lisboe


que
ta ali vivia. Em 1926, a Ilustração Portuguesa anunciava "chás

dançantes no Avenidas Club, salientando que "o primeiro (rea-


"
lizara-se)há dias ( . . .
) (217). No verão seguinte, Ferreira

de Castro, nas páginas da mesma revista, sob o título "Como

veraneia em Lisboa" evocava: "A Av. da República desde a Pra


se

ça do Saldanha até ao Campo Pequeno é nestes dias foragidos


dos trópicos um autêntico trecho de praia ou termas elegantes.
Tem os seus bares, o seu picadeiro, o seu club (...)" (2 1 8) .

Mas é sobretudo no Notícias Ilustrado que a nova imagem


social das avenidas se instala, note-se só a partir de 1929. A

da pastelaria Versailles, af irma-se (21 9) :


propósito da inauguração
gente conhece sob desi
parte de Lisboa que toda a a
"A

gnação de Avenidas Novas é um dos bairros chies, elegantes,


vastos ter
que representa o milagre de transplantar para os

se estendiam de cima da Avenida da Liberdade ao Cam


renos que
um pedaço de Paris arrancado aos boulevards que
po Pequeno,

Houssmann (sic) delineou.

"Mas não é só sob o aspecto de estética dos arruamentos


e edifícios que o milagre se cumpriu. Alguns comerciantes en

tenderam dotar essa parte da cidade com estabelecimentos ao

nível de uma grande capital europeia.


"A Versailles (... (ponto de reunião elegante. Decoração
de dos melhores estabelecimentos da
luxuossíssima, digna um

Rue de la Paix(...) sendo a sua habitual frequência a de pes

soas de bom gosto de Lisboa" .

Ainda no mesmo ano, a propósito das "tardes elegantes de


referia de manequins "da grande casa
Palhavã", se a presença

lisboeta Ribeiro da Costa na 7i,v.da República" (220) .

noticia-se mais uma "festa elegante no Aveni


Jã em 1930,

das Club: (...) nas Avenidas Novas que são um bairro essencial

baile decorreu como costume com toda a


mente elegante, que

pimpa e requinte" (22 1 ) e, a propósito ainda da inauguração


estabelecimento "A Paulistana" af irma-se de novo: "A vi
do novo

da dos "quartiers" principia a ser notável. Em muitas partes

de Lisboa já não é necessário ir "à baixa" para fazer compras

ou umas horas no café. Sobretudo é nas 7wenidas Novas


passar
de Lisboa este fenóme
prolongamento cosmopolita que
-
-
esse

no mais se nota (...)" (222) .

Ao fim de quase trinta anos de efectiva ocupação residen-


ZUb

ciai, as Avenidas Novas adquiriam finalmente um certo espíri


to de bairro, a partida privilegiado pelo traçado ortigonal e

amplo das artérias. 0 café de luxo, feito à imagem dos que ,

nos anos anteriores, Norte Júnior decorara na Baixa, a casa

de modas ou de venda qualificada de cafés, são acompanhados


de longe, também em 1930, com a inauguração do Trianon na Ave

nida Duque d 'Ávila, com programa de modéstia significativa

quando recordamos a dignidade elaborada do Tivoli, que abri

seis antes e se tornara de imediato o cinema


ra portas anos

de moda dos moradores da nova Lisboa. Apesar do tom mundano

com que a crónica procura cobrir a desejada animação das Ave

nidas Novas, elas são ainda, no início dos anos 30, um espaço

excessivamente descentrado em relação ao coração activo da

cidade, imensidão dos as avenidas cavavam


em que a
vazios, que

entre os edifícios continuava a convidar sobretudo a um inves

timento imaginário que tingia o morno viver que João Ameal

adivinhava naquela "atmosfera quase provinciana", num jogo


apaixonado de lances de desgraça. Assim, recuperando sem gran

de imaginação, o discurso catastrófico de Ramalho sobre os

do Boulevardismo" e as historietas canalhas de Alfre


"perigos
do Gãllis, em 1930, o célebre Repórter X, na revista com o mes

mo nome, publica uma série de folhetins subordinados ao títu

lo "Uma reportagem às Avenidas" que ilustram, em situações

diversas e pretensamente realistas, o grande mal que são as

Avenidas "essas amantes de luxo das Cidades" corrompendo todos

pela ânsia incontida que provocam de promoção social.


É, casal de "burguesinhos modestos
em primeiro lugar o

filhos da Estefânea e de Campolide" que"mal provaram os praze

res da abastança -
foram logo feridos por uma tenta
pequena

ção (... ) A Avenida! Viver nas "Avenidas" num primeiro andar

caro e debruçado sobre a joelharia dos arcos voltaicos, na vi

zinhança dos ricaços e dos mui nobres (...) não repousaram en

avenidas, pagando dois contos


quanto não se mudaram para as

de renda" (223) . Com o novo lar, surgem as tentações, a sombra

do adultério, o fantasma da desonra, a realidade da chantagem ,

vícios que cresciam ali, naquelas alamedas amplas, tão natural


mente como as arvores ou as flores nos jardins particulares
e que a todos envolviam e moldavam.

Outro episódio passa-se à volta de uma decadente figura


feminina que se senta a uma mesa da "confeitaria Versailles (... )

luxuosa à velha maneira das confeitarias da Baixa, discreta (... )


20/

de dia é o "rendez-vous" das"smarts" das "avenidas"que não

podem afastar-se do lar e das frauleins e dos babys louros,


casais misteriosos, elegantes sim mas
chegando à noite reúne

de luz (...)" (224) Trata-se então de uma mulher


pouco gulosos .

que fora feliz e fiel ao marido até vir viver para as Avenidas,

onde a mesma onda de vício que quase corrompera a esposa pe-

envolve também, a leva ao adultério e depois


queno-burguesa a

ã droga.
de de Madame Zurca" roubado no Hotel Pa
"0 casaco peles
lácio do luxuoso guarda -roupa de uma artista estrangeirar por

um homem honrado, manipulado pela ambição cega da amante (225) ,

"de das 35 avenidas" onde se narra a espan


o "32 I2esq." uma

tosa história de amor fraternal em que a irmã pura imola a

sua virgindade para salvar o casamento da irmã desonrada pela

sede de um marido brasileiro, riquíssimo, são


selvagem segurar

grande inventividade, se conti


outros episódios em que, sem

do bairro de moda lisboeta.


nua a tecer essa inesperada imagem
verosimi
Mais curioso, mas igualmente destituído de qualquer
lhança, é o que evoca um hipotético n2XXX da Av. da República,
"magestoso, revestido de pedra polida que se tinge de violeta
sobre os reflexos dos arcos voltaicos" onde viveu o primeiro
amor do cronista. Esse 52 andar de "prédio ultra civilizado,

ultra new yorquino como se me afigurava então" provocava-lhe


o júbilo de poder "exibir uma namorada na Av. da República com

maravilhas pouco comuns na Lisboa de


telefone e ascensor -

1918". Afinal todo aquele luxo assentava numa tenebro


1917 ou

sa realidade: a mãe da sedutora menina que se exibia com ela

nas matinés do Condes, transformava-se ao anoitecer, precisa

mente durante a descida do ascensor, numa asquerosa velha pe

dinte, comovendo toda a cidade rica que, com, as suas esmolas,


lar em a sombra dissoluta da "Aveni
ia sustentando aquele que

da" mais uma vez triunfara.

Curiosamente, no entanto, a atitude de Reinaldo Ferreira,

na elaboração destas medíocres historietas, é muito diversa

da do velho Ramalho fazendo a apologia da Lisboa provinciana


fadada modas. Para o Re
primitiva que não nascera paras as
e

tal como para Alfredo Gãllis, o vício que natural


pórter X,
instala novos da cidade possui o encanto
mente se nos espaços

dúbio da civilização, é o preço dela, que não se pode deixar

da revista, defende-se nesse ano,


de pagar. Nas páginas mesma

o projecto que citámos de construção dos primeiros arranha-


208

-céus para Lisboa e proclama-se a exigência de um grande "Pa

lace" que, evidentemente, havia de trazer mais corrupção, mas

também o intenso movimento da vida moderna, do luxo ostensivo,


as noites bêbedas da luz dos automóveis e dos candeeiros eléc

tricos a apontar o futuro como uma esfusiante e tentadora es

trada de perdição.
Entende-se quanto, intrincado a estes gestos ingénuos
e superficiais de modernidade, domina aquele provincianismo
que Fernando Pessoa tão duramente entendia, como componente
decisiva amediocratizante da elite cultural da cidade. Os as

censores, a luz eléctrica, o telefone, as ruas amplas e are

jadas não eram tanto instrumentos necessários e dbjectivos


de bem estar, mas, quase só, símbolos excedentários e luxuo

sos não participam no quytotidiano,mas se exibem como mar


que
cas privilegiadas de diferença e de poder. E quem é rico e po

deroso é naturalmente, vivendo nas Avenidas Novas, corrompido


ou agente de corrupção que a riqueza nunca é pura e o luxo

paga-se sempre em virtude.

ondas, poderíamos dizer "voltaicas" da


Ultrapassadas as

juventude, este tipo de discurso iria necessariamente conver-

ter-se no elogio da cidade recatada, pouco cosmopolita e enrai

verdadeiro que fora grande


zada no país sem
"boulevards"^ que

Lisboa, capital de Império nos anos 40, se tornará no coração


filialmente submetido do lisboeta.

Antes todavia que a Avenida de Roma e a Praça do Areeiro


a honestidade e o recato familiares triunfem
permitam que
dos males das avenidas do passado. que se deixaram crescer sem

norma fiscalizadora, outras áreas da cidade conhecerão o pres

tígio superficial e vertiginoso que/a Av. da República teve

no final dos anos 20:

andar num prédio novo como tu de


"(...)- Arranjo-te um

destes com marquise, duas casas de banho, chauf-


sejaste tanto,
fage, ascensor (... )
-
Destes que fazem frente ã Casa da Moeda?
-
Desses ou dos da Rua Castilho...
"
-
ó querido esses ainda são melhores! (226)

Entretanto nesses tempos que viviam as consequências da

revolução que foram "a saia pelo meio da perna, c automóvel e

o cinema" (227) havia quem, de modo muito diverso, começasse

a defender outra frente na reflexão sobre a cidade:


209

"Criei lentamente, quase sem dar por isso a minha Lisboa-;,


uma cidade única no mundo (... ) onde os bairros antigos eram

os únicos bairros desvairadamente modernos (...)"( 228) .

Como talvez sempre tenha que acontecer, a utopia da mo

dernidade desembocava assim no chão moído e securizante da

velha Lisboa tortuosa, erguida sem regra urbanística. De um

modo ou de outro, suplantadas por outros bairros de sucessiva

moda ou por um novo olhar para a cidade velha, as Avenidas No

vas depressa se tornam sobretudo aquilo para que inconsciente

mente o notável engenheiro Ressano Garcia as havia vocaciona

do: imensos corredores de passagem para outro(s) lado(s).


Z I u

Posf ãcio

"Enfermée dans le getto de la


ville ancienne, la mémoire est
devenue inoperante, se transf or-
mant en un facteur de séparation
et de privilège"
Paolo Portoghesi , "La fin des
interdits" .

No final do nosso trabalho pouco valerá a pena insistir

sobre as Avenidas Novas. Procurámos, ainda que de modo não tão

exaustivo como gostaríamos de ter feito, entendê-las por di

versas vias mas, como inicialmente sugerimos, não é já possí


vel ressuscitá-las. Quase nada resta dos "jacarandás" que co

briam a Avenida Cinco de Outubro que "no Verão se cobrem de

lindas flores azul violáceas", dos plátanos que orlavam a Ave

nida da República, dos "choupos, acácias do Japão, faias, acá

cias brancas, ailantos, amoreiras da China" que se distribuíam

pelas diversas Avenidas incidentes (229) e que introduziam, na

secura do desenho urbanístico um certo desfazer de rectas ao

mesmo tempo que envolviam as manchas edificadas numa tonalida

de luxuosa, encobrindo as diferenças óbvias da qualidade ar

quitectónica.
Esses renques contínuos de árvores magestosas ou simples
mente grãceis que se prolongavam pelos espaços abundantes e

cuidados dos jardins das moradias eram muito mais que mera de

coração cenográfica com que se iludia a mediana mediocridade

da cidade nova. Constituíam um chão estável que humanizava

por essa vida contida e firme do mundo vegetal aquele espaço


que não podia recorrer â história para ser significante. Fora

dos limites intensos da cidade que se continuava a alimentar

dos seus próprios acumulados sedimentos, as Avenidas Novas só

presente podiam ser mas os corpos frondosos da vegetação como

que lhes constituíam um elo securizante com o mundo onde a mo

dernidade não era ainda o gesto despido do homem técnico tri

unfante sobre a vida amordaçada. Havia nelas um eco distante

das "garden cities" das utopias do nascente novecentos, embo

ra o empirismo em tudo tenha predominado e, como verificámos,


nenhuma imagem forte tenha sido capaz de dotar de sentido glo
engenheiro Ressano Garcia delinea
bal o corpo esboçado que o

ra num entusiasmado amor pela outra utopi.i/ruc então se tornava

A
X 14

a imagem do Paris restaurado. Essas contraditórias referências

traduziam naturalmente a ausência de um projecto nacional pa

ra a construção da contemporaneidade e, também por isso, as

Avenidas Novas puderam ser imagem sintomática da cidadC- que,

progressivamente empurrada para fora das margens orgânicas


do seu espaço nuclearizante, se revela incapaz de dotar os no

vos territórios anexados de reconhecido sentido de urbanidade.


0 grande boulevard que lhe articulava o corpo conduzia a um

distante e decadente "Passeio" plantado no século XVIII e só

se animava no Campo Pequeno cujas touradas tinham também raiz


setecentista. Que marca de civilização podia imprimir-se nes

se chão apenas vivificado com a lembrança dos trajectos sub-

urbanos?Tangentes à verdadeira cidade, cujo único espaço de

modernidade fora definitivamente criado pelos arquitectos pom


balinos, as Avenidas Novas, essencialmente burguesas, nesse

misto de carência e pretensão que era a burguesia lisboeta,


foram todavia viveiro dos valores e dos hãbitos que, em plenos
anos 20, ainda nos primeiros de 30, pretenderam conquistar
a capital. Como sugerimos já, essa pretensão algo leviana ha

via, submissamente, de soçobrar no projecto nacional do século

XX à portuguesa que, a partir de Coimbra, finalmente concilia

va o país com os seusjnais tenazes fantasmas. Em termos de vida

urbana, não seríamos contemporâneos nem como Paris, perdida


mente cosmopolita, nem como Londres, excessivamente descentra-

do. Havíamos de ser imperiais e o corpo da cidade construir-

se-ia longínquo e íntimo como imagem ampliada de cada um de

nós. Só a Praça do Areeiro e as novíssimas Avenidas foram afi

nal os corpos concretos do presente em relação aos quais as

Avenidas de Ressano Garcia não passavam de fracassado esquele


to. E à medida que a intensidade do trânsito foi exigindo o

sacrifício das árvores e dos jardins que o bordavam de um mun

do em extinção, onde a natureza participava dos fulgores hu

manos, esse esqueleto descon juntar-se-à nos fragmentos pobres


ou apodrecidos que hoje podemos contemplar. Salvar-lhe um ou

outro prémio Valmor entretanto tercializado ê um gesto feti-

chista, dessacralizado porque quase jã não acreditamos em re

líquias. Que todavia nos interpelam do seu instável passado

sobre a ingenuidade (irremediável?) com que acreditámos no fu

turo. Como tosca mediania no espavento da facha


se aquela ,que
da procurava dotar-se de sentido ■ contivesse um fio dc inten

sidade que nós perdemos, depois que nos negámos a cidade impe-
do cosmopolis-
rial e nos convertemos apressadamente ao sonho
mo imeprialista. Mas essa interpelação nem sequer nos causa
remorsos. Se hoje jã não acreditamos Tias cidades que o segundo
pós-guerra ergueu rapidamente por todo o lado, sobre os esbo

ços mal interpretados das utopias que o primeiro gerara, do

mesmo modo sabemos que as breves imagens que restam das Ave

nidas do início do século nenhuma prospectiva contêm. São mo

mentos apenas, como o nosso presente, como a frágil cidade im

E entre diversos momentos sincopados e entre si


perial. esses

hostis, nenhuma continuidade passa, nenhum horizonte se abre.

E, sem sabermos bem porquê, encontramo-nos a lamentar as raí

zes destruídas dos plátanos, dos jacarandás ou das acácias

brancas. Se esse chão estável e aparentemente indiferente se

tivesse mantido, talvez que um pouco de sombra ou de história

nascesse finalmente nos rostos inertes das casas das Avenidas

Novas.

Não são contudo apenas reflexões nostálgicas que o maior

conhecimento das Avenidas Novas nos proporcionou. Gostaríamos

por isso de debruçar este posfácio de novo sobretudo sobre

questões metodológicas. Sobre o vasto e dinâmico espaço res

tante da cidade que aqui só algumas vezes pressentimos. Seria

necessário termos estudado outras áreas de urbanização que en

tão se executam: nomeadamente os tão falados bairros de Campo

de Ourique e da Estefânea que parecem ter sido para Ressano

Garcia o modelo das Avenidas Novas que projectou em seguida.


Seria também o caso do de Camões, o único promovido por um

"sindicato" privado. De modos diversos, o Bairro da Calçada


dos Barbadinhos, cuja qualidade entusiasmou Ventura Terra, o

Andrade ou Açores, o Casal do Monte Rolão, agentes dinâmicos


do crescimento da cidade no início de novecentos, terão cres

cido pelo processo empírico e liberal que detectámos nas Ave

nidas Novas? E como neles se cozeu a arquitectura? Encontrar-

-se-ão nessas diversas áreas os mesmos diligentes e instáveis

promotores, os mesmos activos e corruptos construtores civis,


medianos senhorios? embora decerto
os mesmos empíricos e E,

fora da área privilegiada que estudámos, a presença de arqui


tectos seja quase insignificante, não será detectável a acção
de alguns, pelo menos dentro do tipo de aliança relativamente

anónima que ligava por exemplo Jorge Pereira Leite ou Edmundo

Tavares a Empresas Construtoras mais ou menos estáveis?

Se tratássemos sistematicamente estas extensões da cidade


213

nova, de que modo iríamos enriquecer ou empobrecer a dinâmica

contraditória e emperrada que a Lisboa das Avenidas Novas nos

sugeriu? Mais curioso e próximo de algumas questões socioló


seria bordagem de bairros i-
gicas que apenas pressentimos, a

mediatamente adjacentes: o das Picoas que cresce quase ao mesmo

tempo mas a que a falta de um eixo central atira para o espaço

de influências marginais, do Arco do Cego


ambíguo numerosas o

que arranca decisivamente apenas nos anos 20 mas utilizando,


na arquitectura, padrões de fachada normalizados nos anos de

Guerra e cujos pffrpfmfm mofelos são dos primeiros anos de no

vecentos. Em contrapartida qualitativa, seria ainda de estudar

a ãrea da Barata Salgueiro e da Bâjrncaamp onde aliás nos parece

que a intervenção de arquitectos é mais densa do que propria


mente nas Avenidas Novas.

Este penetrar lento e metodologá-oamente pouco gratifican


te nos sedimentos da Lisboa contemporânea teria que ser depois

completado com as utopias não realizadas -


e falaríamos então

dos sucessivos projectos para o Parque Eduardo VII e dos sonhos

da Avenida Marginal que em Ventura Terra se estenderam a um no

tável estudo para a RUa do Arsenal -


e com a qualidade do pas

sado próximo ou do futuro imediato: assim, entre os bairros

periféricos de Sant'Ana e da Lapa e as Avenidas Novas ou as

Picoas ou a Barata Salgueiro, o que se alterou decisivamente?

Os padrões urbanísticos, as características da encomenda, os va

lores arquitectónicos? E entre essas mesmas Avenidas e a Rua

Castilho, a Álvares Cabral ou o bairro ladeando o I.N.E.?

Serã talvez pouco adequado terminar um trabalho com tanta

nostalgia dos que entretanto não realizámos. Mas de que serve

conhecer senão para nos interrogarmos a seguir com maior pre

mência? No caso de Lisboa, como havemos de nos capacitar que


a Lisboa "desvairadamente moderna" não é de facto apenas a Lis

boa antiga como queria José Gomes Ferreira, se não aprendermos

a amar as tantas Lisboas que entretanto foram surgindo? Tunar ou

seja a conhcer. Mesmo que a mão privilegiada e rara na cidade

empírica do arquitecto ou do urbanista por lã não tenha passa

do. Mesmo que aparentemente não "se tope pedra que tenha que
dizer ou cunhal que tenha dado sombra" , como Norberto Araújo
afirmava das 7vvenidas Novas. Talvez, utilizan
displicentemente
do as palavras de Paolo Portoghesi que citámos em epigrafe,
se tornarmos "operante" a "memória" dessa cidade recente, des-

cobramos afinal a história passara por ali e que, por de


que
circula estranho
baixo das aparentes uniformidades ,
^intenso o

fio orgânico que lhe entretece a(s) imagem(s).


-i*^

Notas

1. Em relação â primeira data recuámos, sem todavia reali-

mos um tratamento sistemático, até 1856, utilizando en

tão anualmente, publicava as Actas


o Arquivo Municipal que,
da Câmara Municipal.

2. Ver Actas da Comissão Administrativa, C.M.L., sessão de

8/5/1913, pag. 313-314.

3. N2 5, Ano XII, Maio de 1919.

4. concreto dessas lacunas foi-nos confirmado a pro


Exemplo
pósito do nã15 da Avenida Defensores de Chaves, tornejando
para a Avenida Praia da Vitória. Do processo de obra recolhe

mos o nome do construtor António Dias Monteiro mas a


apenas
Lucília Verdelho que se encontra a preparar uma mo
doutora

nografia do arquitecto Ernesto Korrodi e estudou o seu espó


lio, garantiu-nos que o projecto é daquele arquitecto.
i'-i
UXory H.A-X.^ Ge- .>"--'■ 'X
5. In AUw<i ,-^A, -
(^r,*X., , .

O V1<*.

6. ver Maria João Madeira Rodrigues, sobretudo pag. 65 e segúin- j^, eVf-

oi ioo*2ViiT«i
tes .

de Santa
7. Aprovado por proposta do "Sindicato dos terrenos

Henrique Burnay, em sessão camará


Marta", representado por

ria de 24/5/1880. Ver Arquivo Municipal, ano de 188O, pag. 228.

8. Iniciado em 1877, ver M. João Madeira Rodrigues, op. cit.,

pag. 66 .

23/9/1903, ver Actas das Ses


9. Nomes da ruas aprovados em

Comissão Administrativa, C.M.L., 1903. No n2287 de


sões da

1/3/1909 de A Construção Moderna é atribuído à acção do

edificação efectiva do bairro.


construtor Domingos Serzedelo a

10. Ver Actas das Sessões da C.M.L., 11/9/1890.

11. Na Sessão da Comissão Administrativa de 1/10/1903 sáo a-

nomes das ruas do Bairro Açores. Em 21/1/1904 é


provados os

4â Repartição da C.M.L., a aprovação do "orça


pedido, pela
mento para as obras de pavimento e esgoto a cargo do Municí

Bairro Brandão". Ver Actas das Sessões da Comissão


pio para o

Administrativa , C . M . L .
,
19 04.

12. Ver A. Fuschini ,


A construção de casas económicas e salu

bres para habitação das classes pobres.


"***-
13. In Melhoramentos de Lisboa e seu Porto, lQ
voJum^Uoa^^^H
31/8/1889.
14. ver Actas da Comissão Administrativa, C.M.L., 8/5 e

15. Publicado in Ilustração Portuguesa, 29/10 e 19/11/1906.

16. N2247, 20/1/1908.


17. Maio de 1913, assinado N.C.
N25,
«MS

18. NS 440, 27/7/1914.


19. ver Actas aa Comissão Administrativa, C.M.L., 18/6/1903.
" "
20.
" "
", 26/7/1906.
" " "

21.
" »
, 7/2/1907.
" " "

22.
" "
, 23/7/1904.

23. in Peregrinações em Lisboa, Livro XIV, vol. 3, pag. 40-95

24. A afirmação transcreve, não a citando todavia, uma no

tícia publicada em O Ocidente, n299, 21/9/1881, %g.213.


25. in Coisas e Loisas da Lisboa Antiga, 1951.

26. In RecordacçÕes de Jacome Ratton, pag. 125.

27. in Annaes do Município de Lisboa nos anos de 1856 a 1859,

pag. 322, referente à sessão de 3/7/1859.


28. João Prudêncio, em 20/3/1908.
Lisboa Pombalina Ilumi
29, Segundo José Augusto-França in e o

nismo, pag. 142.

30. ver Luís Pastor de Macedo, Lisboa de lés a lés, vol. IV.

51 e 104 Norberto Araújo, op. cit., pag. 40-85 e Planta


pag. ,

de Lisboa, 1891.

31. in Colecção Official de Legislação Portuguesa, ano de 1864.

32. in Archivo Municipal, 1876, sessão de 8/5/1876.

33. Proposta de Lourenço da Fonseca in Archivo Municipal, ano

de 1876, sessão de 24/1, pàg . 4 1 3 .

34. Proposta do mesmo vereador em 4/1/77, Archivo Muncipal,


ano de 1877, pag. 3

35. Prposta de Rodrigo Afonso Pequito, Sessão de 23 de Agosto


de 1877 in Archivo Municipal, ano de 1877.

36. In Arquivo Municipal, Sessão de 12/10/1877, pag. 458.


" "
pag. 407.
" •"
37. 21/7/1879,

38. In Duas Palavras acerca da Avenida da Liberdade.

39. in Os Maias, Ed. Círculo de Leitores, 1 976 ,pag . 457 .

40. Capítulo I, artigo 163.

4 1 . Actas das Sessões da Comissão Administrativa ,


C . M . L .
, 26/

11/1877, pag. 193-194.

42. As suas posições foram defendidas em 3 opúsculos, publi


cados entre 1885 e 1887, sob o titulo Melhoramentos de Lisboa,

Enqrandecimento da Avenida da Liberdade. , .^yt,


-
.

^.,. de
43. ver Diário da Câmara dos Senhores Deputados Acessões

2311-3387, e Diário da Câmara dos Dignos Pa


26/8 a 5/7, pag.

sessões de 9/7 11/7, 1 239-1 277


res do Reino, ano 1888, a pag . .

"A da Curva", publicado in Arquitectura Portu


44. In apologia
guesa , n25, Maio de 1908.
«IO

45. Ver Actas das Sessões da Comissão Administrativa , CM. L. ,

3/12/1908.
46. "Lisboa do Futuro", entrevista com Ventura Terra in O Jor

nal, 3/5/1915.
de Lisboa impõe-se
47. Ver "Em prol da urbanização condigna
o prolongamento da Avenida da Liberdade", in Diário de Lisboa,

15/7/1933.
48. In A estética de Lisboa, pag. 31, 34 e 77.

49. Actas das S. da Comissão Administrativa, C. M. L. , 12/2 e 17/6/1891.

50. Actas das Sessões da C.M.L., 6/5/1891, pag. 194.

51. Citado in M. Villaverde Cabral, Portugal na alvorada do

século XX , pag. 39 6.

52. Actas das Sessões da Comissão Administrativa, C.M.L., 16/3/93.


"
»
53.
" » "
, 16/8/94.

As bases do contrato foram apresentadas em 23/8/94 e aprova

das em 30/8/94.
54. Actas das Sessões da Comissão 7idministrativa ,C.M.L. ,

17/6 e 20/6/1893.
55 . Actas das Sessões da Comissão Administrativa , C . M . L .
,

15/5/1901 , pag. 22.

56. Proposta do vereador João Carlos de Oliveira, apresentada


na sessão da CM. 22/4/1897, pag. 145.

57 . Actas das Sessões da Comissão Administrativa , C . M . L .


,

12/8/1897 e 26/8/1897.
58. Actas das Sessões da Comissão Administrativa, C.M.L. , 21 /8/1 901 .

59. Actas das Sessões da C.M.L. , 4/5/1899.


das Sessões da Comissão Administrativa ,C M. L. 23/5/ 1 900
60. Actas ,
.

" "

61í
■• ■• ••
, 4/10/1900
e 27/12/1900.

bz , 3/471901.
"

63 , 14/8/1901.
"

64 , 27/11 e

4/12/1902.
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, 26/2/1903.
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, 31/12/1903.

67 , 14/7/1904.

68 ,4/7/1904.

69 ,21/4/1904.
" "

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, 20/8/1903.
"

71_
.. - •• •'

, 18/3/1909.

72. Palavras do vereador Raul Caldeira in Actas da Câmara Mu

sessão de 13/4/1923, 1 7
nicipal de Lisboa, pag . .
73 . Actas das Sessões da Comissão Administrativa , C.M.L. ,22/9/1910.
" " " "
,31/12/1909.
•'
74.
" " " "
75. , 6/10,

13/10/1910 e

y, 19/10/1912.

76. Actas Tfla Câmara Municipal de Lisboa, sessão de 30/7/1924,

pag. 428 e seg.s


y.AX>*A
11. Actas '-da Câmara Municipal de Lisboa, 12/5/1925, pag. 283

e seg.s.

78. in Anuário da Sociedade dos Architectos Portugueses, anol ,

1905.

79. in "A obra de Ventura Terra" apud A arte e a natureza em

Portugal, volume III, Porto, 1903 e recolhido in A arte

II
portuguesa, .

80. in Anuário da Sociedade dos Architectos Portugueses, ano II,

1906.

81 . in Os construtores civis tomarenses e o desenvolvimento da

construção urbana em Lisboa, pag. 9 e seg.s.

82. n2235, 20/9/1907.


83 . Actas das Sessões da Comissão 7idministrativa , C.M.L., 23/4/1908.

84. in A Construção Moderna, n259, 10/5/1902, artigo assina

do por J.B. ; n299, 20/6/1903 e n2l 91 ,


1 0/6/ 1 906 .

85. in A Construção Moderna, n2247 , 20/1 /1 908 ; n2263, 1/7/1908;


n227 3, 10/10/1908; n288 ,
1 /3/1 90 3 .

86. em 10/5/1901, 10/1/1902 e 10/3/1909.


87. Actas das Sessões da Comissão Administrativa, C.M.L. ,
1 2/8/1 909

e 7/1/1910.
88. in "As novas edificações em Lisboa" apud Anuário da Socie

dade dos Architectos Portugueses, ano II, 1906, pag. 21.

89. Luís de Magalhães in "As Belas Artes em Portugal" apud


A Ilustração, n2l 80 , Novembro, 1891.

90. título de uma conferência proferida na C.M.L., recolhida

in Problemas de Urbanização, C.M.L. , 1 934-1 93 5 .

91. Levantada e desenhada sob a direcção de J.A.V. da Silva

Pinto e A. de Sá Correia, desenhada em Maio de 1909 por

F. Santos e aprovada em 14/12/1910. Encontra-se arquivada no

Arquivo Histórico da C.M.L.

92. Dos 102 edifícios construídos na Avenida da República até

aos anos 40, não identificámos pelo menos os n2s 35, 47 e

83 que foram demolidos e cujos processos de obra não pude

mos localizar. Desconhecemos por isso se se tratava de pré

dios ou de moradias e o período em que foram edificados.


,7b

93. Ciou-se o parecer do engenheiro Fernando Rodrigues Ferrei


ra de 1973 in Processo de Obra n236923, referente ao n230 da

Avenida Visconde de Valmor.

94. in A Construção Moderna, n2235, 20/V1907.


95. In Portugal na alvorada do século XX, pag. 356.

96. N267, 1/8/1903,.


97. in Portugal na Exposição de Paris, pag. 10.
98. in "Antecedentes da Academia- Nacional de belas Artes no

Prémio Valmor de Arquitectura da cidade de Lisboa. Acadé

micos arquitectos no seu júri", pag. 115.

99. N26, ano II, 1909.

100. O parecer citado, opondo-se ao do arquitecto Couto Martins,

é assinado por A.. Cavalheiro pela Repartição da


Rodrigues
Acção Cultural e Turismo, in Processo de Obran23629 , Demo

lido.

101. publicado no Intransigente, 1903, recolhido in Vida er

rante , pag. 75 e seg.s.

102. Segundo Heitor de Macedo in Arquitectura Portuguesa, n°2 ,

Fevereiro, 1909.

103. N210, Outubro de 1908 sobre o n236 e n22, Fevereiro de

1908 sobre o n277B.

104. N2330, 10/6/1910.


105. N2276, 10/11/1908.
106. Referimo-nos às moradias para José de Lacerda, projecta
das em 1910 e só parcialmente realizadas no Alto Estoril.

107. Op.Cit. ,pag. 15.


108. in O Ocidente, 30/8/1904.

109. in A Construção Moderna, n2l95, 10/8/1906;O Ocidente,

30/8/1906 e /ictas das Sessões da Comissão Administrativa,

C.M.L. ,21 /1 0/1 906 , pelo Conselheiro Matheus dos Santos.

110. Actas das Sessões da C.M.L., 19/3/1913, vereador Lourenço

Loureiro.

111. N2163, 5/4/1909.


112. Acta- das Sessões da C.M.L., 25/3/1926.

113. in A arte portuguesa do século XIX, pag. 210-211.

114. N212, anol, Dezembro de 1908.

115. in O Ocidente, 30/11/1913.

116. N2175, 20/8/1905.


117. N21 , Janeiro de 1913.

118. In A Construção Moderna, n2346, 20/5/1911 e Arquitectura

Portuguesa , n22, Fevereiro de 1911.


119. in Processo de Obra n225717.

120. in Arquitectura Portuguesa, n2 , Fevereiro, 1914 e A Cons

trução Moderna,n2415, 10/4/1914.


121. A moradia que projecta para o n221 da Rua dos Navegantes,
em 1921, traduz essa mesma rara capacidade de entender e

interpretar um gosto internacional de tendência afim.

122. Informação recolhida no opúsculo de Filius populi, jã


citado. No Processo de Obra respectivo, n23789, aparece

apenas o nome do construtor civil José Seabra de Barros.

123. ver A Construção Moderna ,n2454 , 21 /1 1 /1 91 5 .

124. N23, Março, 1914.


125. in A Construção Moderna, n2398 25/7/ , 1 9 1 3 .

126. Ver Processo de Obra n23568 , Demolido.

127. Ver Processo de Obra n22012.


" " "
128. n239036.

129. Actas das Sessões da Comissão administrativa , C.M.L. ,5/12


e 19/12/1907.
130. Todavia em 22/10/1908, em véspera da vitória da lista

republicana nas eleições municipais, Ressano Garcia está

ainda ao serviço, parecendo poder concluir-se que a demis

são compulsiva nunca passou à pratica.


131. Actas das Sessões da Comissão administrativa , C . M . L .
, 8/5/ 1 91 3 ,

pag. 313-314.
13 2. Acras das Sessões ca Comissão Administrativa , C . M . L .
%15/ 1 9 1 9 .

133. Actas das Sessões da C.M.L. , 27/1 1 /1 91 9 .

" " " " "

134. , 18/3/1926.
135. in Processo de Obra n236923, referente ao n230 da Avenida

Visconde de Valmor.

136. Ver Processo de Obra n22710.


" " " "
137. n22323.

138. Actas das Sessões da Comissão Administrativa CM. , L. , 20/2/1 91 3 .

139. in Relatório do vogal do pelouro ca 4ãRepatição (Obras par


ticulares) , Aníbal Sousa Dias, pag 23-33 . .

140. O Presidente era Lévy Marques da Costa. Ver Actas das

Sessões da C.M.L. , 5/1 e 28/8/1916.

141. Ver Processo de Obra n2l0644.


" " " "
142. n25767.

143. Referimo-nos a lâedição ãa obra de Raul Lino Casas portu

guesas , alguns apontamentos sobre a arquitectura das casas

simples que é de 1933.


cJJ-ò

144. Ver Processo de Obra n244882.


" " " "
145. n24776, Demolido.
" " " "
146. n243465, referente ao n2l85 da Av.

Duq ie d. 'Ávila .

147. Parecer da vistoria em 1926, ver Processo de Obra n2l9586.

148. Ver nota 78.

149. Ver Processo de Obra n22471 , Demolido.


" " " "
150. n239912.
" " " "
151. n22620.
" " " "
152. n23 2 18, Demolido.

153. in Boletim da C.M.L., ano X, n2505.

154. Ver Processo de Obra n2l157.

155. in Arquitectura, n2l 1 9 , Janeiro-Fevereiro 1 971 , pag. 2-8 .

156. Ver Processo de Obra n23474.


" " " "
157. n2l 74 1 ,
Demolido.
" " " "
158. n24801 , Demolido.
" " " "
159. n22224 ,
Demolido
" " " "
160. n24556.
" " " "
161. n22384, Demolido.
163. in "As novas construções de Lisboa I- O Palácio Sotto Mayor"

apud Ilistração Portuguesa, 12/3/1906.


164. in Homens e Factos , pag . 227 .

165. in O Ocidente, 20/6/1906.


166. in As Farpas, volume VII -
A Capital, pag. 2 3 e seg.s.

167. in Mariano Pina, "Notas de Lisboa" apud A Ilustração, 20/9/1 886 .

168. in "Lisboa na Quaresma" apud Cartas de Lisboa, pag. 67

e seg. s .

169. in A baixa, Lisboa no século XX, pag. 5 e seg.s

170. in A Construção Moderna, n2l 95 ,


1 0/8/1 906 .

171. in "Lisboa Moderna" apud O Ocidente, 20/9/ 1 9 1 2 .

172. in O Ocidente, 30/7/1904 .

173. in Os Gatos, volume VI, pag. 258 e seg.s.

174. Op. Cit. , pag. 103,244,276.

1 75 .
Op.Cit .
,pag. 27 .

176. in "Lisboa que surge" apud Diário Ilustrado, 1 1 /3/1 908 .

177. in "Tipos das ruas de Lisboa em 1840" apud Ilustração Por

tuguesa, 30/7/1906.
178. in Ilustração Portuguesa , n2l 53 ,
1 909.

179. in Notícias Ilustrado, II Série ,n29 ,


1 2/8/ 1 928 ,pag . 1 5 .

180. Alfredo Gallis, op.Cit., pag. 270.


181. Publicado in Os Gatos, volume VI, pag. 278 e seg.s

182. Novembro de 1913, Issinado Francisco Serra.

183. in 0 Ocidente, 1/9/1892.


184 .inA Ilustração, n226, 30/4/1891 .

185. In Portugal Pitoresco e ilustrado, pag. 508.

186. Op.Cit., capítulo XXIV, pag. 279.

187. in Uma vida qualquer, s/d (1980?).


7 1 1 5/6/1 89 1
188. in "Lisboa horrível" apud A Ilustração ,n2l , ,

pag. 1 62 .

189. in O Ocidente, 10/6/1909.


190. in Praxédes mulher e filhos, cadastro de uma família lis

boeta, 1916.

saúde mental"
191. in "Algumas considerações sobre urbanismo e

apud O Tempo e o Modo, 1966, pag. 34-35.

192. in Os meus domingos, 1925, pag. 199.

Armando, O baile dos Bastinhos, Lisboa, Gui


193. Ver FERREIRA,

marães e Cã, 1 935.


194. in "O mardi de Mme Farinha" apud O Condado do Redondo, 1 929 .

195. in Chagas Roquete, "Estética dos maxilares" apud Notícias


Ilustrado, n24 , 1/7/1928, pag. 11.

196. Alfredo Pimenta, "Pretextos e reflexões para Melisandre"

in A.B.C, n24, 5/8/1920.


197. in "Currente cálamo cartas â prima" apud A.B.C. , 25/10/1923.

198. Brito Aranha in A Ilustração, n268, 16/10/1927.

199. in "O culto da cidade" in A Ilustração, n223, 1/12/1926.

200. in "Crónica da quinzena" apud A Ilustração, n2l 9 ,


1 /1 0/ 1 926 .

201. in "A vetusta Alfama" apud A Ilustração, n236, 10/6/1927.

202. in A . B . C .
, 25/2/1926.
" "
203. , 25/11/1926.
" "

204. , 23/12/1926.
"
205.
"
; 2/8/1926 (ass. A.C.) .

206. N256, 16/4/1927.


207. Actas das Sesses da C.M.L., 16/1/1925, pag. 159-167.

208. Actas das Sessões da C.M.L. e Comissão 7^dmin i strativa ,

1926, sessões de 14/10 e 23/12.

209. in Ilustração Portuguesa, n2711, 6/10/1919.


"
210.
" "
i n2702, 4/8/1919.

211. Actas das Sessões da Comissão Administrativa , C.M.L. ,27/4/1910.

212. in "Lisboa vai ter um Palace?" apud Repórter X, n2l 2 , 25/ 1 0/ 1 930 .

213. in Repórter X, Natal, 1931.

214. in Maqazine Bertrand, n24 ,7\bril ,


1 927 .
27
215. in Magazine Bertrand, n2l4, Fevereiro, 1 928, pag. .

216. in "A descoberta de Lisboa no ano 1921" apud Ilustração


Portuguesa, n2s 818,820,833, 20/1 e 5/11/1921 e 4/2/1922.

217. in A Ilustração, n28, 16/4/1926.


" "
218. ,n242, 16/9/1927.
219. in Noticias ILustrado,n24 1 , II Série, 24/3/1 929 , pag. 16.
" " "

220. ,ns51, pag. 12-13.


"
"|
"
221. ,n290, 2/3/1930.
" " "
222. ,n296, 13/4/1930.
223. in Repórter X,n241 , 30/8/1930.
" "
224. ",n251 ,6/9/1930.
" "
225. ",n29, 4/10/1930.

226. in Maria Archer, Eu e elas, 1 945 ,pag. 1 67 .

227. in Luís de Oliveira Guimarães "A cidade de ontem" apud


Lisboa, oito séculos de história, pag. 639.

228. In José Gomes Ferreira ,


"Lisboa" apud A Ilustração, n3 ,
Ou

tubro, 1931.

229. in "lisboa-Avenidas Novas"apud Guia de Portugal , I-Generali-

dades, Lisboa e Arredores, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian,

1982, Pag. 446.


2 £3

Anexo I

das primeiras- edificações realizadas, entre 1901


Listagem
e 1930,* na:

Praça Duque de Saldanha


Avenida da República
"
Cinco de Outubro
"
Defensores de Chaves
"
Praia da Vitória
"

Duque d'Ávila
"
João Crisóstomo
"
Miguel Bombarda
"
Visconde Valmor
"
Elias Garcia
"
Barbosa du Bocage
"
de Berna
"
Júlio Dinis

*0 inventário que a seguir se apresenta constituiu o material

de base para a elaboração do II capítulo -


"A edificação das
Avenidas Novas-as questões arquitectónicas" -
sintetizando

as fichas que elaborámos a partir dos Processos de Obra que,

extensão, não se afigurou possível integrar no traba


pela sua

lho.

Os limites cronológicos que apontamos foram, como jã largamen


te clarificámos, algumas vezes ultrapassados, mas só na medida

em que prolongam as tendências anteriores e não quando veicu

lam valores novos em termos de norma urbanística.

Apesar de pretendermos que este inventário fosse exaustivo, as

lacunas existem, tratando-se então de Processos de Obra a que,

ao longo de cerca de ano e meio de investigação, não consegui


mos ter acesso por se encontrarem dispersos por diversas Repar
tições da Câmara Municipal ou, mais raramente, não serem defi

nitivamente localizáveis. Por isso, quando procuramos, no fi

das edificações realizadas, de-


nal, realizar um cômputo global
valores como
ver-se-à sempre considerar os apresentados apenas

tanto mais é de admitir que algumas, embora


aproximados, que

raras, edificações demolidas não tenham sido identificadas por

carência dos ficheiros do Arquivo de Obras.


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^f113. A -1

^135
Anexo II

de Obras
Arquitectos, Engenheiros, Condutores
Públicas e Construtores Civis intervenientes

nas Avenidas Novas.

I -

Arquitectos
Bastos, Vitor
-
Av. da República, ne75 (1917)

Bigaglia, Nicola
-
Av. da República, nQ7 (1904)
_
,nQl6 (1907)
"
-
Cinco de Outubro, no48 (1904)
-
"
Defensores de Chaves, nQ29 (1906)
"
-

Duque d"Âvila, n°42 (1906)


" "
_
"
,
nQ46 (1905)

Branco, Cassiano

-
Av. Defensores de Chaves, n°50 (1935-36)

Blanco, J. Sobral

-
Av. de Berna, nQ3 9 (1935)

Buvilaque, Luís
-
Av. Cinco de Outubro, nQ91 (s/d)

Carvalho, Frederico S.

-
Av. de Berna, nQ52 (1927)

Castro, Rafael da Silva

-
Av. Visconde Valmor, n925 (1910)

Couto, António do
-
Av. Cinco de Outubro, nQi64 (1924, reconstrução)
"
Defensores de Chaves, ne24 (1911)
" " "
_
"
, nQ26 (1925, obras, ane

xos, decorações in

teriores)
-
"
Barbosa du Bocage, n296 (1919)

júnior, António Rodrigues Silva

-
Av. Cinco de Outubro,nQl 01 (1925)
Júnior, Joaquim Norte

-
Praça Duque de Saldanha, nen (19101
-
Aven ida da República, ns36 (1906)

,
ne42 (1909)
, nQ50 (1929)

,
nQ52 (1928)

, nQ55B(1929)

,
nQ71 (1933)

, ns77 (1908)

, ne77B(1906)

,
ne81 (1914)

, ns85 (1916)

Cinco de Outubro, nQ6 (1905)

, nsl0(193 8)

Defensores de Chaves, nQ85 1929;


"
, nQ89 1928!

Duque d'Ãvila, nQ20 (1921)


"

,
r.o28 (1919)
"
, nol83(1922)

Praia da Vitória, nQ2 (1944)

Visconde Valmor, nQ20 (1908)

Elias Garcia, nQ54-58 (1928)


Barbosa du Bocage, nSl2-20 (1931)
"
, nQ35 (1931)
"
, r.Q37 (1931)
"

,
107-109 (1934)

de Berna, nQ4-6 (1934)

Korrodi, Ernesto

-
Av. Defensores de Chaves, ns15 (1915)

Leite, Jorge Pereira


-
Av. Cinco de Outubro, nQ77 (1908)
"
João Crisóstomo, n229 (1913)

Lino, Raul
-
Praça Duque de Saldanha, nQ3 (1902
-
Av. da República, ne57 (1913)
" " "
-
, ne64 (1904)

Machado, Álvaro

Av. da República, nQl3 (1904)

,
nQ45 (1905)
"
Cinco de Outubro, n256 (1909)
3o A

Marques, Tertuliano Lacerda


-
Av. Praia da Vitória, nQi3-19 (1934]

Monteiro, Porfírio Pardal


-
Av. da República, nQ49 (1920)
" " "
-
,
ns54 (1928)
" " "
-

, ne56 (1927)
"
-
Cinco de Outubro, nQ207 (1929)
"
-
João Crisóstomo, ns68 (1948)

Nogueira, Miguel
-
Av. da República, ne23 (1911)
"
-
Cinco de Outubro, nQ24 (1911)

,
158 (1915)

Rua das Picoas, nQi2 (1911)

Piloto, Vitor M.
-
Av. da República, nQllO
"
-
de Berna nQ24 (1931 )

Porto, V.H.de Sampaio


-
Av. da República, ne30 (1924)

Ramos, Carlos

-
Av. Cinco de Outubro, nQl2 (1940-43

Santos, José
-
Av. Miguel Bombarda, nQ20 (1905)

Silva, António Marques


-

Av. Cinco de Outubro, nQ87 (1929)


"
-
Barbosa du Bocage, nsl 1 (1931)
ii u
, nQ39 (1932)

Silva, Luís Cristino


-
Av. Barbosa du Bocage, nQ62 (1939)

Tavares, Edmundo
-
Av. da República, nQ93 (1919)
"
-

Duque d'Âvila, ne24 (1919)

Telmo, Cottinelli
-

Av. da República, nQ99 (1946)

Terra, Miguel Ventura

-
Av. da Repúbliva, nQ38 (1905)
"
-
Cinco de Outubro, nQi (1904)

Tojal, Raul

Av. da República, n°48 (1942)


de Obras Públicas e
II- Engenheiros, Condutores
Construtores Civis*

Amaral, Ãvila
-
Av. Defensores de Chaves, nfil (1929)
,
nQ46(1929)

,
nQ61 (1931)

, nQ62(1930)

,
nQ97(1930)

, nQ99(1934)

_
"
Elias Garcia, nQl8 (1934)

_
"
Barbosa du Bocage, nQl5 (1931)

, nõ19 (1931-32)
~

» '• " "


,
nQ27 (1933)

Ataíde, Henrique Augusto


-
Av. Duque d'Âvila,
nQ45 (1927)

Bettencourt, Jacinto
-
Av. da República, nQ56 (1941)
"
Cinco de Outubro, ns16 (1938)

Defensores de Chaves, nQ43 (1940)


" "
,
n©61 (1942)

Barbosa du Bocage, nQ9 (1931)

_
"
de Berna ne33 (1930)

Dinis, J.Paiva
-
Av. da República, nQ65 (1917)

Freitas, Paulo de Almeida


-
Av. João Crisóstomo, nQ25 (1943)

Gomes, Manuel
-
Av. da República, a72 (1926)
"
Defensores de Chaves, nQ59 (1941)

_
"
praia da Vitória, n2l1 (1930)
(1928)
Miguel Bombarda, nQ60
"

,
ne113(1929)

,
147 (1926)
"
Barbosa du Bocage, n27 (1930)

_
«
de Berna, nQ21 (1942)

,
n254 (1924)
"
,
nQl58(1927)

sem
* os construtores civis que assinam os projectos
apenas
concreta das obras.
assumirem a responsabilidade
Machado, Artur Júlio
-
Av. da República, nQlO (1905)
" " "
_
, nQ24 (1907)

Madeira, Manuel Gonçalves


-
Av. Duque d'Avila, nQl85-203 (1928)

Martinho, Pedro Carvalheiro


-

Av. Praia da Vitória, nQ7-9 (1930)

Motta, Silvestre

-
Av. Defensores de Chaves, nQ58 (1929)

Nogueira, Augusto Melo


-
Av. Defensores de Chaves, nQ4 (1929)

Oliveira, Fernando Iglésias de

Av. Cinco de Outubro, n295 (1925)


"
Defensores de Chaves, ne8l (1930)
" " " "
-
, ns83 (1930)

Oliveira, Pinto de

-
Av. Duque d'Avila, n2205 (1935)

Prieto, José Rodrigues


-
Av. da República, ns87 (1906)
" " "
-
, nQ89(1909)

Reynaldo, Luís Ernesto

-
Av. Cinco de Outubro, nQ94 (1928)
"
-
, ne1 23 (1924-28)

Robalo, Jacinto Marques


-
Av. Cinco de Outubro, nQl53 (1930)
"
-
, nel80 (1937)

Defensores de Chaves, nQl4 (1934)

, n944 (1929)

, n254 (1933)

, nQ61 (1931)

,
nQ62 (1930)

, no75 (1930)

, nc-87 (1932)

, nQ93 (1930)

Joau Crissotomo, ns89 (1922)

Miguel Bombarda, nQ80 (1923)


Barbosa du Bocage, nQ3 3 (1931)
ti il
, n2i 1 1 (1934)
Touzet, Rene

-
Av. Elias Garcia, nQ44 (1930]

*
III- Construtores

Almeida, António Travassos


-
Av. Cinco de Outubro, nei28 (1919)
" " "
-
, ns200 (1920-22)
"
Defendores de Chaves, ne97 (1930) (com eng. A.Amaral )
"
-

Miguel Bombarda, ne88-98 (1920)


nQlOO (1922)
ns106 (1921)

nsl13-117 (1929)
nsi45 (1932) (com eng. Manuel Gomes)
"
de Berna, nQ54 (1924) (com eng. Manuel Gomes)
" " "
-

, nQ62 (1928)

Amaral, Manuel da Costa Pinto do

-
Av. da República, n23 4 (1916)
"
-

Duque d'Avila, nQ82 (1920)


" " "
-

,
ns86 (1918)
"
Defensores de Chaves, n°26 (1917)
"
Miguel Bombarda, ne4 6 (1919)
"
Visconde Valmor, nQ21 (1913)
" " "
_
, nQ55 (1918)
"
-
Elias Garcia, n>289 (1913)
" " "
-
, ne93 (1913)
" " "
_
, noi43-45 (1920-22)
"
-
de Berna, nQi3 (1916)

Amaro, Abel

-
Av da República, ns78 (1922)
"
-

Duque d'Avila, nQ92 (1917)


"
João Crisóstomo, n°75 (1914)
" " "
_

,nQ81 (1914)
"
de Berna, nQ48 (1927) (com A.L.Belém, assinam projecto

Saracho, G.F.

Av. da República, nQ59 (1907)


"
Cinco de Outubro, nc>61 (1905)

*Indicam-se apenas os construtores civis de que se identifica

ram pelo menos duas obras.


l°S

Barros, José Seabra de

-
Av. da República, n293 (1919) (arq. Edmundo Tavares)
" "
-
, n£>106(1919)
"
-
Cinco de Outubro, n2l24 (1918)
" " " "
-
,
nQl62 (1929)
" " " "
-
, nQ 174 (1919)
" •
-

, nei86 (1919)
-

, nQ323 (1929)
"
-

Miguel Bombarda, nQl34 (1922-24)


" " "
-

, n2l65 (1920)

Barruncho, G.F.

Av. da República, n945 (1905) (arq. Álvaro Machado)


" "
-
, nç57 (1913) (arq. Raul Lino)

Belém, António Luís


-
Av. Defensores de Chaves, n291 { 1 929) (assina projecto]
"
-
de Berna, n27 (1914)
" "
-

,
n28 (1924)

Campos, Abílio Pereira


-
Av. Cinco de Outubro, n2279-283 (1921-26)
"
_
" "
,
n2295-99 1925) (assina projecto)

Cancela, João António


-
Av. da República, n228 (1905)
"
-
Praiada Vitória, n28 (1910)

Carvalho, Alfredo de

n°22 (1919: 1 rq. Ed. Tavares]


-
Av. Duque d"Avila,
, n960 (1919)

ne64 (1919)

n266 (1919)

n272 (1917)

ns102(1918)
n2l04 (1917)

Cinco de O utubro, nQ23 (1920)

, n2248(1920)

João Crisóstomo, n247 (1919) (imposta consolidação]


" "
Visconde Valmor, nQ57 (1917) ( ]

Carvalho, Hermano de

-
Av. da República, nQ62(1906)
"
Cinco de Outubro, nQ2 (1904)
r>ve>

Castro, João A. de
-
Av. Cinco de Outubro, n2l3 (1919)

João Crisóstomo, n246 (1917)


-
"
Defensores de Chaves, nQ58 (1929) (projecto deS.Motta)

Catarino, Manuel

Praça Duque de Saldanha, nQll (1915)


-
Av. Praia da Vitória, n237-41 (1912)
-
"
Cinco de Outubro, n2l23 (1924-28) (projecto de L.E.Reinaldc
"
-
Defensores de Chaves, n220 e 22 (1912)
"
-

Duque d"Avila, n9l25 (1912)

Correia, Júlio Álvaro


-
Av. da República, n292-94 e 96 (1919)
"
-
Cinco de Outubro, n2l27 (1922)
"
-

Miguel Bombarda, nQl41 (1920)


"
-
Barbosa du BOcage, no103 (1921-25)
"
-
de Berna n24 1 (1920)

Cruz, João Maria da


-
Av. da República, n2l08 (1919)
"
João Crisóstomo, n274 (1918)

Cruz , Liberato da

-Av. Cinco de Outubro, n2285 (1920)


" " "
_
,
n2289 (1921-27)

Cunha, Augusto Carlos


-

Praça Duque de Saldanha, n29-10 (1902)


-

Av. da República, n92 (1907)


" "
_
n939(1904)
" "
_ n251 (1905)
"
Defensores de Chaves, n26-8 ( 1 91 3) (assina Mem. Descritiva)

Domingos, Bruno

-
Av. Defensores de Chaves, n9l (1929)
"
-
Miguel Bombarda, n9l24 (1922)

_
" " "
, n9l30 (1925) (é proprietário)

Duarte, Carlos Silva

-
Av. Duque d"Avila, n994 (1917)
" "
_
"
, neH4(1916)
João Crisóstomo, ní>4 2 (1917)
Duque, Manuel Pinheiro

-
Av. Cinco de Outubro, n9317 (1920)
"
-
Praia da Vitória, n933 (1912)
"
-

João Crisóstomo, n991 (1922)


"
-
Barbosa du Bocage, n9l02-106 (1922)

Faria, João Manuel dos Santos

-
Av. da República, ne97(1922) (é proprietário)

Duque d'Avila, n920 (1921) (arq. Norte Júnior)


"
, n947 (1931)

Cinco de Outubro, n935 (1929)


, n937 (1923)

, n9l47(1930) (com J. Robalo)

Frgzãi§i~Sebastião Ignácio
-
Av. da República, n981 (1914) (arq. Norte Júnior)
"

Miguel Bomabrda, n942-46 (1913)

Gaspar, António
-
Av. da República, ns9-1 1 (1904)

, n920 (1903-05)

, n222 (1903-04)

,
n927 (1904)

, n929 e 31 (1904-05)
, n933 (1902)

Miguel Bombarda, n923 (1905)


Barbosa du Bocage, n276-84 (1906)

de Berna, n234 (1903)


"
, n236 (1903)
Júlio Dinis, n95 (1906)

Gomes, António
-
Av. Elias Garcia, n9l36-144 (1920-23) (é coproprietário)
"
-
Barbosa du Bocage, n9l08-118 (1927)

Guerra, José Joaquim


-
Av. da República, n961 (1908)
" "
-
, n967 (1907) (é coproprietário)
"

Praia da Vitória, n922 (1910)


"
-

Duque d'Avila, n9l67 (1913)


"
-
João Crisóstomo. n220 (1905)

, n°29(1913) (arq. Jorge P. Leite)


"
Visconde Valmor, n238 (1908)
"
Barbosa cu Bocace, n986(1908) (ó coproprietário)
So6

José, Zeferino

-
Av. Cinco de Outubro, n°158 (1915) (arq. M. Nogueira]
" " "
-

, n2l75-189 (1913 e 1926)


"
-

Duque d"Avila, ne110 (1917)


" " "
-

,
ng112 (1917)
"
João Crisóstomo, n951-53 (1913)
" " "
-

, n955 (1913)
"
-
Barbosa du Bocage, n983 e 85 (1914)

Júnior, José Maria Simões


-
Av. Miguel Bombarda, n9l61 (1912)
" " "
-

, n2l63 (1912)

Lima, Zacharias Gomes de

-
Av. Duque d'Avila, n258 (1914)
"
Miguel Bombarda, n935 (1909)

Macieira, Joaquim Luís


-
Av. da República, n974 (1921)
"
-

Miguel Bombarda, n9l50 (1922)

Martinho, João Vicente

-
Av. Cinco de Outubro, n284 (1912) (c proprietário)
" " "
-

, n2l08(1915)
"
-

Duque d'Avila, n9l 22 (1913)


"
-
Visconde de Valmor, n933-35 (1913)
" " "
-

,
n934 (1914)
" "
, n941 (1913) (é proprietário)

Mendes, João Baptista


-
Av. Cinco de Outubro, n°97 (1925) (assina projecto)
" "
-
Elias Garcia, n978 (1926) ( )

Militão, José Gomes


-

Av. da República, n9l00 (1905)


"
-
Cinco de Outubro, n951 (1905)

Mineiro, Augusto Alves


-
Av. Cinco de Outubro, n9l68(1916)
" " "
-

, n9l84(1918)
" " "
-

, n9l92(1920-22)
" " "
-

, ns198(1919)
"
Visconde Valmor, n954 (1918)
" " "
-
, n96 0 (1919)
"
-
Elias Garcia, n9l07-121 (1920)
"
-
Barbosa du Bocage, n258-60 (1929)
3o^

Miranda, José Maria Francisco

-
Av. da República, n9l4 (1903) (é proprietário)
" " "
-
, n943 (s/d) (" )
" "
-
Defensores de Chaves, n939 (1910) ( )
"
-
João Crisóstomo, ne21 (1907)
" "
-

Miguel Bomabrda, n°24-34 (1909) ( )

Nobre, Artur José


-
Av. da República, n965 (projecto deJ. Paiva Dinis)
" "
-
, n980 (1921)
"
-
Cinco de Outubro, nel7-19 (1928)
" " "
-
, n974-82 (1914)
" " "
-
, n2273 (1920-26)
"

Duque d'Avila, n9l16 (1917)


"
João Crisóstomo, n945 (1919)
"
-
Visconde Valmor, n928 (1915)
"
-
Elias Garcia, n969-75 (1818)

Nunes, Manuel Paulo

-
Av. Cinco de Outubro, n996 (1928)
" " "
-
, n2l86(1928)
" " "
-
, n2269(1928)
" " "
-

, n9291 (1920)
"
-

Miguel Bomabarda, nsl43(19l8)


"
-
Visconde Valmor, n940 (1928) (Issina projecto)
"
-
Barbosa du Bocage, n952-56 (1928)

Oliveira, Manuel d'


-
Av. da República, n9l2 (1901) (é proprietário)
"
-

Duque d' Ávila, n94 9 (1910)


"
Defensores de Chaves, n953 (1911)

Pedrosa, António
-

Praça Duque de Saldanha, n9l2, 1 91 0 (arq .N .Júnior )


-
Av. da República, n9l9 (1909)
"
Cinco de Outubro, n224 ( 1 9 1 1 ) (arq .M. Nogueira)

Defensores de Chaves, n237 (1908)


"
-
Praia da Vitória, n930-40 (1909)

Peixoto, António Nunes

-
Av. Defensores de Chaves, n271 (1926)
" " "
_

, n979 (1927) (assina projecto)

( 1 923 :consolidação)
"
-
João Crisóstomo, n256 (1917)
" "
_
"
,
ri961 (1913) (c coproprietário)
*<i

Pereira, Henrique Lucas

-
Av. da República, n977(1906) (arq. Norte Júnior)
" "
-
n979(1908)
"
Defensores de Chaves, n951 (1908) (com F.ConcelçãoR. )

Pires, José Francisco


-

Av. da República, n984 (1918)


"
-
João Crisóstomo, n944 (1918)
" " "
-
, n970-72 (1918)
"
-

Miguel Bombarda, n254 (1917)


"
-
Visconde Valmor, n259 (1920)
"
-
Elias Garcia, n282-84 (1917)
"
Barbosa du Bocage, n965-67 (1917)

Reis, João Baptista dos


-
Av. Duque d'Avila, n9l39-141 (1906)
"
-
de Berna, n938 (1904)

Rocha, Manuel Avelino da

-
Av. da República, n9s4 ,
6 , 9 ,
1 1 ,
27 ( 1 904) (é proprietário)
" "
-
,
r.229-31 (1904-05)
"
Duque d'Avila, n2l13 (1904) (é proprietário)
"
"
-
João Crisóstomo, n926(1904) (" )

-
"
Miguel Bombarda, n925-27 (1907) ( )

Rodrigues, Fernando da Conceição


-

Av. Visconde Valmor, n920 (1908) (arq. Norte júnior)


"
-
Elias Garcia, n9l06 (1920)

ROdrigues, Francisco de Sousa


-
Av. Cinco de Outubro, n26 3 (1910)
"
João Crisóstomo, n235 (1913)

Rodrigues, José Machado


-
Av. da República, n291 (1931) (assina projecto)
"
Cinco de Outubro, n2l93(1930) (com J. Robalo)

Santos, António Pedro dos

-
Av. João Crisóstomo, n9l3 (1908) (assina projecto)
"
Elias Garcia, n957 (1909)

Santos, António Pio


-
Av. da República, n9l 0 ( 1 905) (pro jecto deArtur j. Machado]
" "
_

, ne87(1906)( de J.R.Prieto)
"
Cinco de Outubro, n953 (1905)
Praia da Vitória, n942 (1906)
Si-

Santos, António Pio

-
Av. Miguel Bombarda, n9l6-18 (1904)
" " "
-

, n247 (1906)
"
-
de Berna, n930 (1905)

Santos, António dos

Av. João Crisóstomo, n941-43 (1913)


" " "
-

, n2l43 (1914)
"
de Berna, n954 (1924) (eng. Manuel Gomes)
" "
-

, n962 (1928)

Santos, Joaquim dos


-
Av. da República, n977 (1908) (projecto de N. Júnior)
" "
-

, n995 (1909)
"

Duque d"Avila, n926 ( 1 920) (coproprietário)

Sebolla, João Rodrigues


-

Praça Duque de Saldanha, n928 (1902-1906)


-
Av. da República, n92 (1902)
" "
-

n9l8(1906)
" "
-

,
n963 (1906)
"
-
Visconde Valmor, n2l8 (1908)

Sequeira, João Maria

-
Av. da República, n232 (1905)
"
Cinco de Outubro, n928 (1906)

Serzedello, Domingos
-
Av. da República, n955 (1912) (é proprietário)
"
Cinco de Outubro, n265-69 (1919-25) (com R.Touzé)

Silva, Eduardo

-
Av. João Crisóstomo, n96 9 (1914)
"
-
Visconde Valmor, n223 (1913)

Silva, Joaquim da

Praça Duque de Saldanha, n94-8 (1906)


-
Av. da República, n921 (1907)
"
-

, n°4 3
" "
-
no60 (1909)
Cinco de Outubro, n252 (1906)
"
-
de Berna, n9l0 (1910)
"
Cinco de Outubro, n9295-299 ( 1 91 5) (assina projecto]
Silva, José da
-
Av. da República, n237 (1917) (19 projecto)
" "
-
n944 (1904)
"
-

Duque d'Avila, n984 (1920)


" " "
-
, nsi71 (1919)

Visconde Valmor, n940 ( 1 928) (projecto Manual P. Nunes)


" " "
-
, n949-51 (1913)
"
Elias Garcia, n978(1926) (com J. Baptista Mendes)
"
Barbosa du Bocage, ns101 (1926)

Soares, Fernando

-
Av. da República, n94 0 (1911)
" "
-
n960 (1910) (29projecto)
"
Praia da Vitória, n9l4 (1910) (assina projecto)
"
-
Júlio Dinis, n96-8 (1910-12)
» " "
-
,
n2l0-20 (1910)

Soares, Guilherme d~Anunciação


-
Av. Cinco de Outubro, n936 (1913)
" " "
-

,
n971 (1909)
"
-

Duque d*Âvila, n9l 85-203 (1928)


"
João Crisóstomo, n967 (1914)

Soares, João Amaro

-
Av. Defensores de Chaves, n931 (1906)
"
Duque d"Avila, nQl4-l8 (1906)

Sousa, José Tomás


-
Av. da República, n2l5 (1919)
"
-
Cinco de Outubro, nel 00 (1914)
" " "
-
, n9309(1920)
" "
"
_

, n2319(1920)
" " "
-
, n9321 (1921 )
"
-
João Crisóstomo, n257 (1913)
" " "
-

,
n959 (1913)
"
Miguel Bombarda, n252 (1918)
"
-
Elias Garcia, n2l12-1l8 (1920)

Tojal, Diamantino
-
Av. da República, nc54 (1928) (arq. Pardal Monteiro)

Cinco dc- Outubro, nQl07 (1925)


Tojal, Joaquim Francisco
-
Av. da República, n923 (1911) (arq. Miguel Nogueira)
" "
_
, n246 (1906)
_
"
,
n985 (1916) (arq. Norte Júnior)
"
Defensores de Chaves, n22 (1908)
" " "
_
,
n928 (1909)
" " "
_
,
n941 (1908)
"
-
Praia da Vitória, n2l6-20 (1910)
"
-
Duque d"Avila, n263 (1910)
" " "
-
, n273 (1905)

, n279 (1905) (é proprietário)


" " "
_
, U2129 e 135 (1908)
" " "
-
,
no143 (1907)

Torres, António Pedro


-

Av. João Crisóstomo, n265-87 (1914)

Cinco de Outubro, n255-59 (1906)


5<m

Anexo III

Nota sobre Frederico Ressano Garcia

Sem que tenhamos realizado uma investigação específica


exaustiva, as três notas biográficas sobre o engenheiro Fre- Doc.^o
** *
derico Ressano Garcia que aqui reunimos documentam suficien-
Aí 2-
t emente a visão queb criador da Lisboa das Avenidas Novas

deixou nos homens do seu tempo. Minuciosamente descritiva a

de Dicionário Histórico (...) brilhantemente breve


Portugal, ,

evocativa da
a de Portugal ã l"Exposition, respeitosamente a

Ilustração Portuguesa, publicada aquando da sua morte, todas

convergem em salientar o que certamente foram as qualidades


maiores do homem: o gosto do trabalho, o entusiasmo pela sua

profissão nova e civilizadora, o rigor de uma carreira con

documentais a que se submeteu.


quistada nas numerosas provas

Ainda uma certa auréola de heroicidade algo romântica pela


defesa de Paris 1870. E, fi
sua juvenil participação na em

nalmente, os trunfos merecidos, traduzidos nos cargos desem

aquisição do Parilato e, muito


penhados na vida política, na

particularmente, na divulgação do seu nome que baptizou a

grande Avenida da cidade nova.

Todavia, sabemos que no desenrolar da história nem sem

pre Ressano Garcia colheu louvores. Recordaremos, por exemplo,


opôs ã Comissão Administrativa da Doe. ^3
a jã citada polémica que o

Câmara Municipal em 1907 e que, por iniciativa do vereador

Mário Pinheiro Chagas, conduziu mesmo ã sua der.issão compul

siva que, na prática, parece no entanto não se ter verifica

do. Então o seu opositor apresentou, com evidente intenção,


a grandiosa lista de cargos desempenhados pelo Engenheiro-Che-
fe da Câmara Municipal que justificaria a sua não "assiduida

de que é de exigir num tal cargo". Acu&ão que deveremos con

tal ele própria a conside


siderar grandemente injusta, como

empregado "(...) se sacrificou pelo


rou, dirigida a um que
exerciam cumulativamente Re
Município c cujas funções se nas

internas da Câmara nas variadas obras a cargo da


partições e

3§ Repartição (1)W? e que então, a quatro anos ca morte, pade

cia "de crises dolorosas e perturbações dispécticas que me o-

brigavam a dieta láctea absoluta" ( 13. Çi. .

De modo mais ligeiro e sem preocupações de justificação,


também Rafael Bordalo Pinheiro parece não ter sido grande ad-
J ".O

mirador de Ressano Garcia, homem político: nos anos de 1897 e

1898 em que é Ministro da Fazenda de José Luciano de Castro, .

é diversas vezes glosado com a evidente intenção de o mostrar

bem envolvido e comprometido no meio corrupto e sem horizon- Ilust.24 6

tes da política nacional em que Burnay continuava a imperar.


Tendo jã destacado a sua obra urbanística no decurso do

nosso trabalho, parece-nos que também acerca da sua persona

lidade política valerá a pena recordar um dos seus últimos,


senão o último discurso proferido em 1908,*- na Câmara dos Pa

res. A propósito do Franquismo a que sempre se opusera afirma

que "ã revolta do poder tem o povo o sagrado direito de res

ponder com a revolta na rua". Interrogar-se-â depois sobre a

"concentração monárquica" que governava após o assassinato

do rei: "sem rumo nem norte qual navio sem governo no mar agi
tado pelo temporal onde é que nos levará?". O velho engenhei
ro que recusara quase quarenta anos antes participar na Comu

na por considerar que os estrangeiros não podiam envolver-se

numa guerra civil, vê-se, no fim da vida, de novo espectador


da história que pressentia passar,
-Ytí
mas agora no seu próprio
cidade onde ia que, entretan
país, na sua nascera e morrer e

to, quisera promover ã civilização. Viverá ainda o suficiente

para assistir ã mudança de nome da sua Avenida, o que talvez

intimamente apoiasse, homem pragmático que sabia quanto a era

da técnica destronava os homens. Os reis como os conselheiros.

Afinal o que ficava era a obra concreta, os corpos audazes

das novas Avenidas de pele macadamizada.

1. Ver Actas das Sessões da Comissão Administrativa, C.M.L.,

5/12/1907, pag. 446 a 451 e 19/12/1907.


2 . Ver A Lista Civil ,
discursos do Par do Reino Frederico Res

sano Garcia, nas sessões de 29/7 e de 3 e 22/8/1908, Câ

mara dos Dignos Pares do Reino, Lisboa, Impresa Nacional,


'. 90 9 .
3-U

BIBLIOGRAFIA

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Urbanismo y participación el caso de la Universidad

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BENÉVOLO, Leonardo

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& Kegan Paul, 1 971 .

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Barcelona, ed. Gustavo Gili,1977.


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