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FACULDADE DIOCESANA SÃO JOSÉ – FADISI

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FILOSOFIA DOS DIREITOS HUMANOS


PAULO HENRIQUE DA SILVA SANTIAGO

A COMUNICAÇÃO COMUNITÁRIA EM VISTA DA DEFESA DOS DIREITOS


HUMANOS: uma análise da Rádio Gameleira FM 87,9

Rio Branco – Acre

2017
PAULO HENRIQUE DA SILVA SANTIAGO

A COMUNICAÇÃO COMUNITÁRIA EM VISTA DA


DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS: uma análise
da Rádio Gameleira FM 87,9

Projeto de pesquisa apresentado à Faculdade Diocesana


São José – Fadisi.

Rio Branco – Acre


2017
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Tema

Comunicação comunitária

Delimitação

A comunicação comunitária em vista da defesa dos direitos humanos: uma análise da Rádio
Gameleira FM 87,9

Problema

A comunicação comunitária prevê o fortalecimento da democratização da comunicação, por


meio de ferramentas de pequeno porte, como rádios de curto alcance e boletins de bairro. Ela
é um mecanismo contra hegemônico de mídia que possibilita a participação da parcela da
sociedade, em geral marginalizada, que não é ouvida pela grande mídia. A partir desse
conceito é possível problematizar o assunto com uma questão central: qual tem sido o papel
da rádio comunitária Gameleira FM para o empoderamento sociopolítico das comunidades
periféricas em Rio Branco?

Hipótese

Esse modelo de comunicação ganhou grande adesão na América Latina a partir da década de
60, em oposição aos regimes totalitários que imperavam em alguns países. A organização
popular para se fazer ouvir por meio de instrumentos comunicacionais feitos, de certa forma,
de maneira artesanal, ganhou espaço especialmente no Brasil e resiste até hoje. Essa
plataforma da comunicação ativa e popular tem permito que ciclos de informações errôneas
sobre comunidades periféricas e outros espaços de organização social sejam o único lado visto
e ouvido pela sociedade. Apesar do menor alcance, a comunicação comunitária é fundamental
para o protagonismo do povo que é deixado de lado pelo interesse econômico da grande mídia.

Justificativa

A pesquisa em questão é necessária para fortalecer e fomentar mecanismos de comunicação


contra hegemônicos nas comunidades eclesiais, bairros, escolas, organizações não
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governamentais e outros espaços, para levar à sociedade as pautas que não são de interesse da
mídia comercial. Assim, este trabalho pretende apresentar um veículo de comunicação
localizado na periferia de Rio Branco que resiste ao tempo e as dificuldades, e que vai de
encontro à defesa da vida do povo mais humilde da região central de Rio Branco.

Objetivos

Geral

Analisar a Rádio Gameleira FM, a partir de sua história contemporânea, tendo em vista sua
contribuição para o fortalecimento da identidade e melhorias estruturais no bairro 06 de agosto
e adjacências. Para isso será usada a teoria referente à comunicação comunitária e alternativa
como elementos em destaque na comunicação contra hegemônica no Brasil.

Específicos

- Apresentar o desenvolvimento histórico da comunicação comunitária e alternativa como


ferramentas de empoderamento da sociedade periférica;

- Mostrar mecanismos de comunicação contra hegemônica;

- Analisar a relevância histórica da Rádio Gameleira FM para o fortalecimento da luta de


classes populares;

- Colaborar com o amplo debate sobre a comunicação não comercial, voltada ao interesse do
cidadão e não do capital.

Referencial teórico

A ação e a expansão das rádios comunitárias cresceram na proporção dos estudos sobre essa
ferramenta comunicacional. Pesquisadores de referência nessa área, como a professora Cicilia
M. Krohling Peruzzo, da Universidade Metodista de São Paulo (Umesp), serão usados neste
trabalho, o pesquisador Marcelo Volpato, mestre em comunicação pela Umesp, e o escritor
Pedro Gilberto Gomes também serão usados no artigo.

O trabalho contextualizará a diferença entre rádio comunitária, alternativa e popular, a partir


de recortes históricos. Diferenciar estes seguimentos de comunicação é importante para o
leitor entender o que é e qual o papel da rádio comunitária hoje. Segundo Gomes, “o conceito
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alternativo parece apontar para uma contraposição à comunicação massiva, enquanto que o
conceito popular diz respeito à inserção num contexto alternativo de luta que visa estabelecer
uma nova sociedade a partir da ótica das classes populares” (GOMES, 1990, p. 47).

Volpato completa esta linha de raciocínio expondo características da comunicação


comunitária. Enquanto espaço de democracia, mobilização e transformação social, o
pesquisador destaca o rompimento da estrutura comercial de comunicação quando as
ferramentas de comunicação comunitária, rádios, jornais, etc. possibilitam que o cidadão
deixe apenas de receber informação da grande mídia e passe a produzi-la e comunica-la.

Considera-se que a comunicação comunitária, neste início de século, baseia-se em


princípios público-democráticos, de pluralidade, originados de motivações
diferentes em relação às da mídia comercial – que tem suas motivações instituídas
no lucro, promoção de interesses particulares, promoções políticas, etc. – pois possui
proposta social, de mobilizar para mudar, está antenada à realidade local,
preocupada em fomentar a cidadania, a educação e o desenvolvimento local,
cultural, social e humano. Pode romper com o sistema clássico de comunicação
(emissor → receptor) porque viabiliza canais de participação, propiciando ao
receptor a atuação como emissor e vice-versa, tornando possível o acesso e a livre
expressão dos cidadãos por meio de veículos de comunicação (VOLPATO, 2014,
p.226).

Essa análise de Volpato compreende a defesa da democratização da comunicação, pauta


fortemente debatida pós-regimes de exceção na América Latina e que tem ganhado cada vez
mais espaço no Brasil. Disponibilizar veículos de comunicação para participação mais ativa
da comunidade está entre os temas em destaque nos direitos humanos e culturais.

Em Rio Branco a rádio comunitária Gameleira FM 87,9 é um exemplo de veículo voltado à


causa social. Pertencente ao Centro de Defesa dos Direitos Humanos e Educação Popular do
Acre (CEDDEP), localizada na Rua Cabanelas, bairro 06 de agosto - no mesmo terreno do
Centro -, a rádio é mantida por apoios culturais da própria comunidade, e seus programas são
produzidos e apresentados por moradores da região.

Segundo Peruzzo, essa dinâmica é própria desse tipo de comunicação. A pesquisadora


também compreende que veículos deste porte não têm a finalidade de competirem com rádios
comerciais, mas de oferecerem uma programação diferenciada e inclusiva.

As rádios comunitárias não pretendem competir com as emissoras convencionais.


Querem mesmo é oferecer às comunidades conteúdos de cunho cultural e educativo
que as outras não tem se interessado em privilegiar. Em sua dinâmica vem servindo
de espaço para o aprendizado da cidadania, ao proporcionar mecanismos para
participação da população nas várias etapas do processo de comunicação, tais como
na gestão dos veículos e no planejamento e produção de programas (PERUZZO,
1998, p.13).
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Ações nesse sentido vão de encontro aos apontamentos previstos nos documentos mundiais e
nacionais referentes a cultura e direitos humanos. A fusão das teorias dos autores acima,
somadas a esse compêndio de documentos que ressaltam a garantia dos direitos através da
comunicação igualitária, servirão de base para o estudo do objeto pesquisado.

Metodologia
O artigo em questão será formulado através de pesquisa de caráter qualitativo, com consulta
bibliográfica e realização de entrevistas. Essa abordagem pretende ampliar o debate através
da criticidade, usando da práxis – teoria dos autores e ação dos entrevistados - como mola
propulsora para compreender a efetivação dos direitos humanos por meio de ferramentas que
adotam o modelo da comunicação comunitária.

Cronograma
Atividades Nov.17 Dez.17 Jan.18 Fev.18 Mar.18 Abr. Mai. Jun. Jul.
18 18 18 18
Elaboração do
projeto de X
pesquisa
Levantamento
Inicial do
X X
Material
Bibliográfico
Leitura e
Análise das
Fontes
X X
Bibliográficas
e/ou
Documentais
Coleta de
Dados
(Realizações X X
de
Entrevistas)
Análise dos
X
Dados
Entrega do
X
artigo
Defesa do
X
artigo

Obs.: Este cronograma está condicionado a apresentação do calendário acadêmico da Fadisi


de 2018.
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Referências bibliográficas

GOMES, Pedro Gilberto. O jornalismo alternativo no projeto popular. São Paulo:


Paulinas, 1990.

PERUZZO, Cicilia M.K. Participação nas Rádios Comunitárias no Brasil. XXI Congresso
Brasileiro de Ciências da Comunicação, set. 1998. Disponível em: <
http://www.bocc.ubi.pt/pag/peruzzo-cicilia-radio-comunitaria-br.pdf >. Acesso em: 13 de jul.
de 2017.

VOLPATO, Marcelo de Oliveira. Comunicação Comunitária: Trajetórias e Inovações.


Revista UNINTER de Comunicação, vol. 2, n.3, p. 217-232 | jul - dez 2014. Disponível em:
<https://www.uninter.com/revistacomunicacao/index.php/revistacomunicacao/article/view/5
55/316 >. Acessado em: 13 de jul. de 2017.

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