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POLÍTICA EXTERNA NO GOVERNO MICHEL TEMER: ANÁLISE DA

PUBLICAÇÃO “RESENHA DE POLÍTICA EXTERIOR DO BRASIL”,


2016 - 2017
Bárbara Bruna de Oliveira Simões1

Resumo: A pesquisa tem como tema a política externa brasileira no governo de Michel
Temer e será realizada por meio de análise das publicações constantes do documento
“Resenhas de Política Exterior do Brasil”, do Ministério das Relações Exteriores. Questiona-
se como foi formulada a política externa no primeiro ano (2016-2017) de Michel Temer como
presidente do Brasil. Justifica-se essa proposta de estudo pela necessidade de discussões
acadêmicas acerca do momento histórico em que Temer chega ao poder, após o processo de
Impeachment de Dilma Rousseff, e de aprofundamento, em documentos oficiais do Ministério
das Relações Exteriores, da condução da política externa brasileira. Para isso, utiliza-se a
pesquisa qualitativa, documental e bibliográfica. Para realizar o levantamento dos dados,
objetiva-se averiguar as edições dos anos de 2016 (1º e 2º semestres, nº 118 e nº119) e 2017
(1º e 2º semestres, nº120 e nº121) da publicação “Resenhas de Política Exterior do Brasil” e
verificar as abordagens e a formulação da política externa nos atos oficiais. A “Resenha de
Política Exterior do Brasil” é uma publicação do Ministério das Relações Exteriores,
disponível na página eletrônica do Itamaraty, editada inicialmente com periodicidade
trimestral (a partir da década de 1990, passou a ser semestral) e de caráter documental,
reunindo discursos, pronunciamentos, notícias e textos de atos oficiais relacionados com a
temática da política externa. Na presente pesquisa, de forma introdutória, pretende-se realizar
um levantamento histórico da política externa brasileira e do governo de Temer para, na
sequência, e de forma mais aprofundada, apresentar a análise empírica da política externa no
primeiro ano de Michel Temer na presidência do Brasil.

Palavras-chave: Michel Temer. Política externa brasileira. Ministério das Relações


Exteriores. Brasil. Atos oficiais.

1 INTRODUÇÃO
O presente artigo analisa a condução da política externa brasileira no mandato de
Michel Temer. Questiona-se como foi formulada a política externa no primeiro ano (2016-
2017) de Temer como presidente do Brasil. Justifica-se a proposta de estudo pela necessidade
de discussões acadêmicas acerca do momento histórico de sua chegada à presidência (após o
processo de impeachment de Dilma Rousseff) e de aprofundamento, em documentos oficiais
do Ministério das Relações Exteriores, da condução da política externa brasileira. Utiliza-se a
pesquisa qualitativa, documental e bibliográfica.
A pesquisa documental será desenvolvida por meio da análise da publicação “Resenha
de Política Exterior do Brasil”, do Ministério das Relações Exteriores. Utilizam-se as edições

1
Doutoranda em Ciências Sociais na PUCRS. Mestre em Direitos Humanos pelo UniRitter. Advogada. Bolsista
Capes. E-mail de contato: barbarabsimoes@gmail.
37
dos anos de 2016 (1º e 2º semestres, nº 118 e nº119) e 2017 (1º e 2º semestres, nº120 e nº121).
O estudo não pretende ser exaustivo, pois é um levantamento inicial acerca da política externa
brasileira. Na sequência, objetiva-se continuar a pesquisa na edição do ano de 2018, para
realizar um panorama geral acerca da política externa de Michel Temer para futuras
publicações acadêmicas. Ainda, para complementar a pesquisa documental, serão utilizadas
bibliografias de política externa, em especial, de Henrique Altemani Oliveira, Celso Lafer,
Amado Luiz Cervo, Antônio Carlos Lessa, e das relações internacionais, como Cristina
Soreanu Pecequilo.
O artigo está dividido em quatro tópicos. No primeiro, realiza-se uma breve introdução
das características principais da política externa brasileira. No segundo, rememora-se a
chegada de Michel Temer ao poder e os dados de sua política externa. No terceiro tópico,
apresenta-se a publicação “Resenha de Política Exterior do Brasil”, fonte documental da
pesquisa. Por fim, o quarto tópico expõe os resultados e a análise da publicação “Resenha de
Política Exterior do Brasil”.

2 A POLÍTICA EXTERNA E O ESPAÇO BRASILEIRO


Nesta seção, realiza-se um breve panorama sobre a política externa e o espaço
brasileiro para que, nos próximos tópicos, possam ser abordadas as questões referentes,
especificamente, ao governo de Michel Temer e à análise da publicação “Resenha de Política
Exterior do Brasil”.2 Inicialmente, observa-se que a política externa, segundo Oliveira (2005,
p.3) “[...] é a área que representa os interesses e objetivos do Estado no plano internacional e
que, por conseguinte, sua definição e implementação é prerrogativa do Estado.”
A política externa brasileira é conduzida por dois pilares. De acordo com a
Constituição Federal de 1988, no artigo 84, VII e VIII,3 a responsabilidade pela definição da
política externa brasileira cabe ao Poder Executivo. Já a sua implementação cabe à
diplomacia. Lafer (2004, p.16-17) dispõe que a política externa se caracteriza como política
pública e sua tarefa é traduzir as necessidades internas em possibilidades externas para
ampliar o controle da sociedade sobre o seu destino. Como bem observa Pecequilo (2004,

2
O objetivo desse tópico não é apresentar um panorama profundo da política externa brasileira, diante da
delimitação do estudo ao governo de Michel Temer, mas se pretende abordar alguns tópicos tidos como centrais
na bibliografia sobre a temática, razão pela qual não será feita uma divisão por governos.
3
Art.84. Compete privativamente ao Presidente da República: [...] VII - manter relações com Estados
estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos; VIII - celebrar tratados, convenções e atos
internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
38
p.231), o projeto externo brasileiro está condicionado à política e à economia domésticas. O
questionamento que se pode levantar é se a política externa é uma política de Estado ou se ela
é uma política de governo. Filia-se à posição apresentada por Oliveira (2005, p.12), de que:

Em princípio, considera-se que a política externa represente os interesses nacionais


(ou os interesses permanentes), constituindo-se, portanto, em uma política de
Estado. Daí, então, apresentar-se como tendo relativa continuidade. No que se refere
aos governos, ressalva-se o surgimento de algumas mudanças de estilo ligadas à
personalidade e ao perfil individual dos atores, bem como de adequação aos
constrangimentos conjunturais.

Barreto (2010, p.324) entende que o eixo fundamental da ação externa brasileira,
desde a primeira metade do século passado, foi a busca pelo desenvolvimento nacional.
Assim, o Brasil possui um padrão no comportamento internacional, que é ser pautado pela
superação de limitações ao desenvolvimento, adequando-se às condições e conjunturas
apresentadas pelo sistema internacional em cada momento específico da história.
Pode-se entender que “[...] o desenvolvimento continua sendo, à luz da identidade do
Brasil como ‘outro ocidente’, o objetivo por excelência da nossa política externa, como uma
política pública voltada para traduzir necessidades internas em possibilidades externas.”
(LAFER, 2004, p.108). Ainda, pode-se citar o universalismo como o parâmetro de ação
externa brasileira desde os anos 1950 e a insistência nas relações Sul-Sul, no século 21, é a
tradução desse universalismo, conforme observam Cervo e Lessa (2014, p.139). Levando em
consideração as relações Sul-Sul, no tocante à América Latina, Lafer (2004, p.62) entende que
o componente sul-americano da identidade brasileira é uma força profunda e positiva para a
política externa.
Para Pecequilo (2004, p.224-226), o Brasil já passou por diversas fases na sua política
externa. Quanto ao século XX, especificamente, pode-se dividir as relações internacionais
brasileiras em dois momentos: de 1902 a 1961, início da gestão de Rio Branco no Ministério
das Relações Exteriores até Juscelino Kubitschek (eixo bilateral hemisférico), e de 1961 até a
atualidade (processo de multilateralização e globalização). O processo de globalização das
relações internacionais visa minimizar a condição tradicional do Brasil, de periferia, na
diplomacia. Essa ideia de posicionamento periférico, baseia-se em uma subordinação do país
à potência hegemônica de cada época.
Lafer (2004, p.20) aponta como traços importantes da identidade internacional do
Brasil: o dado geográfico da América Latina; a escala continental; o relacionamento com os
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muitos países vizinhos; a unidade linguística; a menor proximidade, desde a Independência
em 1822, dos focos de tensão presentes no centro do cenário internacional; o tema da
estratificação mundial e o desafio do desenvolvimento. Já Pecequilo (2004, p.227) aponta
quatro itens tradicionais do país:

O caráter não confrontacionista da diplomacia brasileira (vocação pacífica e


multilateral), o juridicismo (a preferência por soluções negociadas e sustentadas na
lei e no direito internacional), o pragmatismo na busca do interesse nacional e a
correlação entre desenvolvimento e relações internacionais, no qual o setor externo é
percebido como uma importante alavanca de progresso e sustentabilidade nacional.

Pela análise de Cervo e Lessa (2014, p.134), até o ano de 2010, o Brasil possuía a
autopercepção e exibia a imagem de país emergente e dinâmico. Tal imagem fundamentava-
se na estabilidade econômica e política, na inclusão de pobres à sociedade de bem-estar
mínimo e em uma política exterior assertiva e dinâmica internacionalização de empresas
brasileiras. Todavia, após essa fase de ascensão como uma potência emergente, Cervo e Lessa
(2014, p.149) entendem que a inserção internacional do Brasil entra em declínio entre 2011 e
2014, por diversas causas, dentre elas, o enfraquecimento do diálogo entre Estado e
segmentos dinâmicos da sociedade e a quebra da confiança de investidores e empresários
nacionais e estrangeiros no governo.
Embora o Brasil tenha apresentado, ao longo dos últimos anos, uma atuação periférica
na política exterior, sua imagem é de uma nação que ainda pode crescer no cenário
internacional, se bem direcionada interna e externamente. Por meio do multilateralismo, da
presença e da iniciativa brasileira em grupos como, por exemplo, o G20, e do posicionamento
em demandas externas, o Brasil mostra a sua importância, cabendo a tarefa de manter-se no
caminho de suas prioridades par que possa ganhar o seu espaço.

3 MICHEL TEMER E A POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA


Para dar continuidade à pesquisa, cabe realizar uma breve análise sobre a chegada de
Michel Temer à presidência do Brasil. Até maio de 2016, Temer era o vice-presidente
brasileiro, tendo Dilma Rousseff como presidente da república. Michel Temer assumiu a
presidência do Brasil, de forma interina, em 12 de maio de 2016, diante do afastamento de
Dilma Rousseff pelo Senado Federal, por 180 dias, por conta da abertura do processo de

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impeachment.4 Em 31 de agosto de 2016, finalizado o processo, com a determinação de
afastamento definitivo de Dilma Rousseff da presidência, Temer tornou-se presidente do
Brasil, permanecendo no cargo até 31 de dezembro de 2018.
O documento intitulado “Uma ponte para o futuro”, lançado em outubro de 2015 pelo
PMDB, ficou conhecido como a diretriz econômica do governo de Temer. Nele, apresenta-se
uma leitura dos problemas econômicos vivenciados pelo Brasil e propostas de resolução,
adotando um viés ortodoxo para a economia brasileira. Ao substituir Dilma Rousseff na
presidência, Temer adotou algumas reformas que, anteriormente, não estavam na agenda do
governo, como, por exemplo, a reforma trabalhista. Ainda, foi aprovada a Proposta de
Emenda Constitucional (PEC) nº 241/2016, instituindo o chamado “Novo Regime Fiscal”,
para uma limitação nos gastos do Estado por um período de 20 anos. Silva (2019, p.32)
ressalta dois pontos que chamam a atenção no governo de Michel Temer:

Primeiramente, na maioria de seus discursos há um realce de seu governo como


“presidencialista com ar semiparlamentarista”, realçando um bom diálogo do
governo com o Congresso – o que seria uma diferença em relação ao governo
Rousseff. Soa como uma maneira de buscar maior legitimidade “política” ao seu
governo frente ao sistema internacional, passando a imagem de um governo que está
mais aberto ao diálogo com o poder Legislativo. Isso serviria de contraponto às
críticas internas e externas sobre a legalidade e a motivação do rito do impeachment.
De outro lado, a legitimidade “econômica”: a questão das reformas “modernizantes”
foi frequentemente defendida, sendo a “PEC do Teto” dos gastos públicos alçada na
maioria dos discursos de Temer no exterior como exemplo de responsabilidade.

Durante o período à frente da presidência do Brasil, Temer foi denunciado duas vezes
pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por envolvimento nos desvios de recursos da
Petrobras e obstrução de justiça.5 Segundo dados do Ibope (2018), Temer encerrou seu
mandato com baixo nível de aprovação. O percentual das pessoas que avaliam o governo
como ótimo ou bom ficou praticamente inalterado desde julho de 2017. Entre setembro e
dezembro de 2018, o percentual oscila de 4% para 5%, dentro da margem de erro da pesquisa
de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. O percentual dos que avaliam o governo
como ruim ou péssimo, reverteu a tendência de crescimento e caiu de 82%, em setembro, para
74%, em dezembro.

4
O processo de impeachment de Dilma Rousseff é ainda questionado por vários setores da sociedade, contudo,
embora de extrema importância para a compreensão do andamento da política brasileira, não é o foco desta
pesquisa, razão pela qual não será aprofundado neste estudo.
5
A Câmara dos Deputados não autorizou a investigação pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
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A análise da política externa no governo de Michel Temer será feita por meio de
pesquisa bibliográfica e documental, em específico, na publicação “Resenha de Política
Exterior do Brasil”. Todavia, de forma introdutória, cabe realizar uma breve apresentação
nesta seção. Para Silva (2019, p.28), no momento da chegada de Temer ao poder, o cenário
internacional tornava-se mais instável, com, por exemplo, a eleição de Donald Trump para a
presidência dos Estados Unidos da América e o Brexit, no Reino Unido. Na América Latina,
começam a surgir governos de centro-direita, como o de Mauricio Macri, na Argentina.
Diante de tais acontecimentos, a política externa brasileira também viria a sofrer mudanças.
Internamente, o país passava por uma crise institucional e econômica. Casarões (2016,
p.81) aponta que “Mais do que qualquer tentativa de construção de unidade, contudo, o que se
observou foi uma súbita ruptura com as linhas do governo anterior, uma mudança de rumos
que conduziu praticamente todos os partidos de oposição a ministérios-chave.” Enquanto a
política externa de Dilma Rousseff foi caracterizada como multilateralista, seguindo, também
uma crença na importância das relações com a América do Sul, a ideia da ruptura viria, então
com Temer, ainda que não tão bem sucedida, segundo observa Silva (2019, p.30).
Neste ponto acerca da ruptura de política externa, cabe destacar o discurso de posse de
José Serra como Ministro das Relações Exteriores, que será melhor analisados nos próximos
tópicos, em que se evidencia uma crítica às políticas dos governos anteriores. Apesar das
promessas de mudanças, elas não foram implementadas profundamente, sendo a política
externa relegada a segundo plano. (SILVA, 2019, p.30). Como mencionado acima, este artigo
objetiva realizar uma análise da política externa do governo de Michel Temer por meio da
publicação “Resenha de Política Exterior do Brasil”. Assim, na próxima seção, será feita a
apresentação da publicação para que, no último tópico, possam ser apresentados os resultados
da pesquisa documental.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DA PUBLICAÇÃO “RESENHA DE POLÍTICA


EXTERIOR DO BRASIL”
A “Resenha de Política Exterior do Brasil” é uma publicação do Ministério das
Relações Exteriores, disponível na página eletrônica do Itamaraty, editada inicialmente com
periodicidade trimestral. A partir da década de 1990, passou a ser semestral. Possui caráter
documental, pois reúne os discursos, pronunciamentos, notícias e textos de atos oficiais
relacionados com a temática da política externa brasileira. No endereço eletrônico da
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publicação, tem-se acesso a partir do nº 77, referente ao segundo semestre de 1995. Já na
página do Centro de História e Documentação Diplomática (CHDD) da Fundação Alexandre
de Gusmão (Funag), pode-se acessar a publicação desde o segundo trimestre do ano de 1974
até o primeiro semestre de 1995.6 Para realizar o levantamento de dados proposto, averiguou-
se as edições dos anos de 2016 (1º e 2º semestres, nº118 nº119) e 2017 (1º e 2º semestres,
nº120 e nº121).
A escolha desses anos deu-se pela necessidade de delimitação do período de pesquisa
para a presente publicação. O objetivo é dar continuidade ao estudo da política externa
brasileira no ano de 2018 e, posteriormente, realizar uma análise comparada de governos, com
base nos dados dispostos na publicação. Cada edição da “Resenha de Política Exterior do
Brasil” é composta pelos seguintes tópicos: Discursos; Atos Internacionais assinados no
período; Comunicados Notas, Mensagens e Informações; Artigos; Entrevistas. Esses capítulos
apresentam documentos oficiais do governo, como, por exemplo, no caso dos atos
internacionais assinados naquele período compreendido pela publicação, mas, também, há
partes com documentos não oficiais, como é o caso do tópico de artigos e de entrevistas, em
que são compiladas algumas matérias jornalísticas realizadas com o ministro das relações
exteriores ou com o presidente da república, todas versando sobre política externa.
Por meio da leitura das quatro edições selecionadas para a realização deste artigo, foi
possível verificar temáticas essenciais para a política externa brasileira, reiteradas ao longo
dos documentos, e que também apareceram na bibliografia selecionada. Separaram-se trechos
dos documentos em que essas temáticas foram abordadas para serem apresentados como
resultados, diante do fato de que não é possível compilar neste artigo a íntegra dos
documentos constantes em cada um dos quatro números da resenha. Os trechos dos
documentos selecionados serão analisados no próximo tópico.

5 RESULTADOS DA PESQUISA NA PUBLICAÇÃO “RESENHA DE POLÍTICA


EXTERIOR DO BRASIL”
Como observado nos tópicos anteriores, Michel Temer finalizou seu mandato, em
2018, de forma impopular. A chegada ao poder, após o processo de impeachment da então
presidente Dilma Rousseff, ocorreu acompanhada de discursos de mudanças profundas na

6
Essas edições mais antigas foram digitalizadas e disponibilizadas online no endereço eletrônico do CHDD pela
Revista Mundorama.
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política interna e externa do Brasil. No Ministério das Relações Exteriores não foi diferente.
Três ministros passaram pelo MRE durante o mandato de Temer. O primeiro deles foi José
Serra.7 Já no seu discurso de posse no MRE (18/05/2016), observa-se a ruptura buscada pelo
novo governo:

A diplomacia voltará a refletir de modo transparente e intransigente os legítimos


valores da sociedade brasileira e os interesses de sua economia, a serviço do Brasil
como um todo e não mais das conveniências e preferências ideológicas de um
partido político e de seus aliados no exterior. A nossa política externa será regida
pelos valores do Estado e da nação, não do governo e jamais de um partido.
(MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, 2016a, p.62).

Casarões (2016, p.83) analisa que o tom crítico empregado no discurso de posse de
Serra possui uma forte carga política e destoa das manifestações de chanceleres anteriores,
mesmo daqueles que eram políticos, como Fernando Henrique Cardoso, ficando, assim
evidente a chamada desideologização. “Ao apregoar o fim das ideologias, portanto, Serra não
faz nada mais que suas próprias escolhas ideológicas [...]”. O discurso de posse ainda cita o
aumento de negociações comerciais, aproximação com a Argentina e trocas entre Mercosul e
União Europeia. (MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, 2016a, p.62-63). No
mesmo sentido, quando do discurso de posse de Aloysio Nunes, em substituição a José Serra,
reafirmou-se que “[...] a política externa tem que estar a serviço do País e não dos objetivos de
um partido, qualquer que seja ele.” (MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, 2017a,
p.30).
Ainda, no discurso referente à sessão "Todos a bordo para 2030" da reunião do
Conselho Ministerial da OCDE, ocorrida em Paris (02/06/2016), importante observar a
atuação brasileira na OCDE, pois, conforme Silva (2019, p.34), a política externa no governo
Temer buscou investimentos e apoiou-se na construção de uma imagem do Brasil como
defensor da ordem internacional vigente. A ideia era apresentar-se como um país responsável
política e economicamente, com a intenção de entrar como país-membro da OCDE.

A sociedade brasileira tem um histórico muito positivo no caminho rumo à


sustentabilidade. Nossa matriz energética limpa, nosso programa de
biocombustíveis, nosso compromisso com a conservação e o uso sustentável das

7
José Serra permaneceu como Ministro das Relações Exteriores de 12 de maio de 2016 a 22 de fevereiro de
2017. Deixou o cargo sob a alegação de problemas de saúde. De 22 de fevereiro de 2017 a 07 de março de 2017,
Marcos Bezerra Abbott Galvão assumiu o MRE interinamente. Em 07 de março de 2017, Aloysio Nunes
Ferreira assume como Ministro das Relações Exteriores, ficando no cargo até o final do governo de Michel
Temer, em 31 de dezembro de 2018.
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florestas, nossos compromissos em reduzir as emissões de gases de efeito estufa,
bem como as várias ações visando à erradicação da pobreza e à criação de
oportunidades para todos, são metas nacionais permanentes, iniciativas em que o
Governo do Presidente em exercício Michel Temer tem-se empenhado, melhorando
o que pode ser melhorado e corrigindo o que precisa ser corrigido.
[...]
A OCDE está bem posicionada para ajudar os países - ricos e pobres - na
implementação da Agenda 2030, respeitando o contexto democrático em que a
Agenda foi construída, ao mesmo tempo em que assegura abordagem integrada para
as três dimensões do desenvolvimento sustentável: ambiental, econômica e social.
Tanto em suas atividades técnicas de coleta e análise de dados, quanto por meio de
seu papel como foro de aprendizagem entre pares, a OCDE pode, e deve, contribuir
decisivamente para a implementação da Agenda por seus membros, além de prestar
assistência aos não-membros. O Brasil está pronto para intensificar a cooperação
com a OCDE e os seus membros nessas áreas. (MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES
EXTERIORES, 2016a, p.66-67).

Casarões (2016, p.82) frisa o tom de José Serra ao tratar com os países latino-
americanos que se manifestaram acerca do processo de impeachment de Dilma Rousseff. “A
primeira decisão de José Serra à frente do MRE foi atacar países que, por razões variadas,
pronunciaram-se a favor da presidente Dilma Rousseff no contexto do impeachment.”. Vê-se
a manifestação sobre a situação interna do Brasil de 13/05/2016:

O Ministério das Relações Exteriores rejeita enfaticamente as manifestações dos


governos da Venezuela, Cuba, Bolívia, Equador e Nicarágua, assim como da
Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América/Tratado de Comércio dos
Povos (ALBA/TCP), que se permitem opinar e propagar falsidades sobre o processo
político interno no Brasil. Esse processo se desenvolve em quadro de absoluto
respeito às instituições democráticas e à Constituição Federal.
Como qualquer observador isento pode constatar, o processo de impedimento é
previsão constitucional; o rito estabelecido na Constituição e na Lei foi seguido
rigorosamente, com aval e determinação do STF; e o Vice-Presidente assumiu a
presidência por determinação da Constituição Federal, nos termos por ela fixados. 8
(MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, 2016a, p.135).

Silva (2019, p.31) expõe que “Inicialmente, uma linguagem mais ríspida foi verificada
em notas de resposta do MRE aos países de governos mais à esquerda, quando estes
levantaram suspeitas sobre o rito do impeachment contra Rousseff.”. Ou seja, em relação aos
demais países, o Brasil buscou novas alianças, cita-se o Programa Executivo Cultural entre a
República Federativa do Brasil e a República Argentina para o Período 2016- 2018, no âmbito
do Convênio de Integração Cultural entre o Governo da República Federativa do Brasil e o
8
Observa-se a resposta de Serra ao Secretário Geral da UNASUL, em 13/05/2016 (MINISTÉRIO DAS
RELAÇÕES EXTERIORES, 2016a, p.135-136), a resposta à declaração do governo de El Salvador sobre a
situação interna do Brasil, em 16/05/2016 (MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, 2016a, p.136), a
resposta ao comunicado do governo da Venezuela, em 31/08/2016 (MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES
EXTERIORES, 2016b, p.74) e a resposta aos governos de Bolívia, Equador e Cuba, em 31/08/2016.
(MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, 2016b, p.74).
45
Governo da República Argentina, assinado em 10 de novembro de 1997.9 (MINISTÉRIO
DAS RELAÇÕES EXTERIORES, 2016b, p.114).
O Brasil também realizou alguns acordos com países latino-americanos fronteiriços,
justamente pela temática das fronteiras. Lafer (2004, p.54-55), expõe que, diante da
simultânea regionalização e globalização, convém realizar uma linha de ação voltada para
transformar as fronteiras brasileiras de clássicas fronteiras-separação em modernas fronteiras-
cooperação. Assinala-se, nesse sentido, a Declaração de Brasília, na Reunião Ministerial do
CONE SUL sobre a segurança nas fronteiras, em 16/11/2016:

1. Nós, os Ministros e Altas Autoridades das Relações Exteriores, do Interior, da


Defesa, da Justiça, de Segurança e de Controle de Drogas de Argentina, Bolívia,
Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, reunimo-nos em 16 de novembro de 2016, na
cidade de Brasília, para tratar a temática da segurança nas fronteiras e acordar
objetivos prioritários e diretrizes para o desenvolvimento de ações coordenadas. 10
(MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, 2016b, p.237).

Em relação à Venezuela, a primeira manifestação, presente nas publicações analisadas,


dá-se em 06/06/2016 e assegura a contribuição do Brasil para com as carências que afetam a
população venezuelana.11 (MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, 2016a, p.144-
145). Contudo, na sequência dos acontecimentos no país vizinho, para Silva (2019, p.34):

Um marco máximo de diferenciação em relação à Rousseff foi no trato com a


Venezuela. A diferença é clara na retórica, mais efusiva no governo Temer, para a
satisfação dos setores sociais diversos (especialmente os populares) que foram
contrários aos governos do PT e associaram o governo de Nicolás Maduro às
políticas petistas, à corrupção e, obviamente, ao “bolivarianismo”. Também é
notável o declínio do intercâmbio econômico bilateral. Apesar disso, além da
suspensão do país do Mercosul, medidas mais extremas não foram adotadas – o
embaixador brasileiro no país, inclusive, foi mantido.

9
Nesse sentido: Visita de estado do presidente da República Argentina, Mauricio Macri, ao Brasil – Brasília, 7
de fevereiro de 2017. (MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, 2017a, p.56).
10
Nesse sentido: Ajuste complementar ao acordo entre a República Federativa do Brasil e a República Argentina
sobre localidades fronteiriças vinculadas, para a prestação de serviços de assistência de emergência e cooperação
em defesa civil, de 7/02/2017 (MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, 2017a, p.67). Comitê de
fronteira Brasil – Guiana, Lethem, 5 e 6 de junho de 2017. (MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES,
2017a, p.156).
11
Com o agravamento da situação venezuelana, o governo brasileiro manifesta-se, em 09/07/2016, condenando
os ataques a sedes da polícia (MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, 2016b, p.59). Em um
comunicado conjunto sobre os acontecimentos na Venezuela, em 11/08/2016, os estados-membros da OEA
fazem um chamado às autoridades venezuelanas a garantir o exercício dos direitos constitucionais do povo
venezuelano. (MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, 2016b, p.68). Venezuela: o Mercosul rejeita o
uso da força para restabelecer a ordem democrática 12/08/2017. (MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES
EXTERIORES, 2017b, p.130).
46
A questão dos fluxos migratórios da Venezuela para o Brasil não recebe muito foco
nas publicações desses dois anos analisados, talvez pelo fato de que, somente em 2018, teve
início a interiorização de migrantes, chamada de Operação Acolhida, com uma maior atenção
do governo federal. Contudo, há algumas passagens acerca do tema:

REFORÇO DO DIÁLOGO COM A COLÔMBIA SOBRE A MIGRAÇÃO


VENEZUELANA 15/09/2017. Comitiva interministerial realizou visita à Colômbia
no período de 11 a 13 de setembro para intercâmbio de experiências com as
autoridades colombianas sobre o controle, o monitoramento e a assistência aos
migrantes venezuelanos. Sob a coordenação do Itamaraty, a missão contou com a
participação de representantes da Casa Civil e dos Ministérios da Justiça, Saúde e
Desenvolvimento Social, além de diplomata da Embaixada em Bogotá e dos adidos
do Ministério da Defesa, da Polícia Federal e da Agência Brasileira de Inteligência.
(MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, 2017b, 176).

Em relação aos demais fluxos migratórios, o governo brasileiro manifesta-se no


sentido de apoio aos migrantes que cruzam o Mar Mediterrâneo em direção à Europa. Em
21/09/2016, o governo manifesta-se sobre um naufrágio na costa do Egito:

O governo brasileiro tomou conhecimento, com pesar, do naufrágio de uma


embarcação com aproximadamente 600 pessoas a bordo nas costas do Egito.
Segundo as informações disponíveis, os passageiros seriam refugiados do Oriente
Médio e da África, que buscavam chegar à Europa. O governo brasileiro transmite
às famílias das vítimas suas condolências e deseja uma rápida recuperação aos
feridos. O Brasil, país enriquecido através de sua história por sucessivas ondas de
imigrantes, conclama todos os governos e organizações internacionais a trabalharem
juntos para evitar a repetição dessa inadmissível tragédia humanitária e buscar
soluções duradoras para o drama dos refugiados em todas as suas dimensões.
(MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, 2016b, p.109-110).

Ao longo das quatro publicações, observa-se que o governo brasileiro se manifesta


acerca dos conflitos armados, dos naufrágios e demais situações que possam causar fluxos de
migrantes e coloca-se à disposição para continuar auxiliando. Nesse sentido, Lafer (2004,
p.39) entende que a matriz cultural e demográfica brasileira, formada por lusitanos, índios,
africanos, italianos, espanhóis, alemães, eslavos, árabes, japoneses, dentre outros, faz com que
o Brasil permaneça um país pluralista, apesar de todos os dilemas de exclusão social, sendo
propenso à integração cultural e aberto, mesmo que de forma razoável, ao sincretismo da
diversidade. Ainda, mostra-se frequente a preocupação do governo para com os emigrantes
brasileiros, principalmente o auxílio consular em situações emergenciais:

O governo brasileiro tomou conhecimento, com pesar, dos fortes abalos sísmicos
ocorridos no último dia 18 de janeiro, na região central da Itália, que provocaram,

47
além de danos materiais, avalanche que atingiu hotel próximo a Farindola, região de
Abbruzzo, causando dezenas de vítimas.
A Embaixada e o Consulado-Geral do Brasil em Roma estão acompanhando a
situação. Não há registro, neste momento, de cidadãos brasileiros entre as vítimas.
O governo brasileiro manifesta sua solidariedade aos familiares das vítimas, ao povo
e ao governo da Itália.12 (MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, 2017a,
p.53).

A análise das quadro publicações, dos anos de 2016 e 2017, como já mencionado nos
tópicos anteriores, não foi exaustiva, já que a proposta do presente artigo não comportaria
uma análise completa. Contudo, observam-se algumas temáticas comuns durante esses dois
primeiros anos de Michel Temer como presidente do Brasil. Malamud (2019, p.19) aponta
algumas faltas sentidas no governo de Temer, citando duas ocasiões em que o presidente
deveria fazer-se presente: o Brasil não foi visto na Colômbia para testemunhar a assinatura do
acordo de paz entre o governo e as FARC. Ainda, alguns meses depois, Temer declarou que
não participaria da cúpula do G20, na Alemanha, em 2017, devido a questões domésticas.
Resta a dúvida se o Brasil realmente conseguiu marcar o seu espaço na esfera internacional.

6 CONCLUSÃO
O presente artigo abordou a política externa brasileira durante os dois primeiros anos
de Michel Temer como presidente do Brasil (2016 e 2017). Para isso, realizou-se uma
pesquisa bibliográfica e documental, em especial, na publicação intitulada “Resenhas de
Política Exterior do Brasil”, editada pelo Ministério das Relações Exteriores. Foram
analisados os números 118, 119, 120 e 121 da publicação, referentes aos 4 semestres de 2016
e 2017. Como já mencionado, o levantamento aqui realizado é inicial, apresentando os
primeiros resultados de uma pesquisa que ainda será desenvolvida nos próximos anos. Não se
pretendeu realizar uma análise exaustiva acerca da política externa brasileira, até porque não
haveria possibilidades para a publicação deste artigo. Objetiva-se, com essa primeira
compilação, continuar as pesquisas sobre política externa brasileira em meios documentais,
especialmente, em materiais do Ministério das Relações Exteriores.

12
Nesse sentido: Memorando de entendimento sobre cooperação consular e políticas para comunidades
emigradas entre a República Federativa do Brasil e a República Argentina (MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES
EXTERIORES, 2014a, p.71). Lançamento do "Título Net" no exterior e renovação de grupo de trabalho para
aperfeiçoamento das eleições brasileiras no exterior 22/02/2017. (MINISTÉRIO DAS RELAÇOES
EXTERIORES, 2017a, p.92). Furacão Irma – Assistência consular a nacionais brasileiros 10/09/2017.
(MINISTÉRIO DAS RELAÇOES EXTERIORES, 2017b, p.174). I Conferência sobre o micro e pequeno
empreendedorismo brasileiro no exterior 12/09/2017. (MINISTÉRIO DAS RELAÇOES EXTERIORES, 2017b,
p.175).
48
Em que pese o caráter inicial deste estudo, alguns resultados puderam ser levantados.
Observa-se, a busca por um redirecionamento da política externa do Brasil, um tom mais
ríspido quanto às críticas internacionais ao processo de impeachment e a promessa de colocar
o Brasil no centro das discussões internacionais, retirando a sua imagem de país emergente.
Eram esperadas muitas mudanças na condução da política externa brasileira, mas, como se
pode observar ao longo dos resultados apresentados no último tópico, permaneceram-se as
mesmas regras e ações dos governos anteriores. Tanto os documentos oficiais, quanto os
estudos bibliográficos já realizados sobre o período, revelam que a política externa foi
deixada em segundo plano e o Brasil permaneceu com as mesmas políticas de país emergente
no cenário internacional.

REFERÊNCIAS

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