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DE SUJEITOS ANÔNIMOS A SUJEITOS VIVOS: AS MEMÓRIAS DAS
PROFESSORAS E PROFESSORES NO EX-TERRITÓRIO FEDERAL DO
ACRE

Adriana Alves de Lima


Orientador (a): Prof. Dr. Gerson Rodrigues de Albuquerque
Linha de Pesquisa: Formação Docente

RESUMO: A formação de professores no Ex-território do Acre foi escolhida como objeto de


estudo para esse projeto, por ampliar os estudos realizados sobre a educação no Acre que
abordaram tanto a importância do ideário modernizante de Guiomard dos Santos, como o papel
de Maria Angélica de Castro, mas que ainda não aprofundaram os estudos sobre a formação
de professores e professoras que atuaram na época do ex-território. Desse modo, pretendemos
realizar um estudo sobre como se deu a prática e a formação de professores em um período em
que a maioria dos professores eram considerados leigos, justamente porque atuavam em sala
de aula tendo apenas o ensino primário. Nessa perspectiva, a partir das leituras teóricas de
Derrida (2001), Foucault (2001) e Certeau (1982) analisaremos as memórias desses sujeitos
por meio das narrativas orais, com a finalidade de trazer aquilo que ficou esquecido no discurso
oficial do governo e trazer o recalque à tona para acertar as contas com o passado. Não no
sentido de aceitar as narrativas dos professores como verdade, como origem, mas na tentativa
de narrar outro olhar, uma outra história a partir dos profissionais que estavam na ponta
fazendo educação e que foram silenciados na construção da história oficial. No que tange ao
método de pesquisa, adotaremos o método indutivo. Quanto à natureza, será uma pesquisa
aplicada, com vistas a gerar o conhecimento necessário quanto à prática da formação docente.
Quanto aos objetivos da pesquisa, propõe-se a pesquisa exploratória, por meio de levantamento
bibliográfico e documental. Já no método do procedimento, utilizaremos as fontes para a coleta
de dados, realizaremos uma pesquisa de campo, para encontrar as professoras e professores
que se encontram vivos para gravarmos entrevistas. Como resultados parciais já localizamos
7 professoras que atuaram na sala de aula no período do ex-território, às quais realizamos a
gravação das entrevistas e, posteriormente, as transcrições, que nos permitem constatar
inicialmente que essa formação de professores, caracterizava-se como uma formação inicial
e não como continuada.

PALAVRAS-CHAVE: Ex- território. Formação de professores. Professor Leigo.

ARRADORES DO EXTREMO NORTE: NARRADOR E FOCO NARRATIVO EM


ROMANCES DO CICLO EXTREMO NORTE DE DALCÍDIO JURANDIR

Alex Santos Moreira


Orientadora: Profa. Dra. Marlí Tereza Furtado
Linha de Pesquisa: Literatura, Interpretação, Circulação e Recepção

RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo o estudo do narrador e do foco narrativo
nos romances Chove nos Campos de Cachoeira (1941), Marajó (1947), Passagem dos
inocentes (1963), Primeira manhã (1967) e Ribanceira (1978). Essas obras integram a saga
ficcional do Ciclo Extremo Norte criada pelo romancista paraense Dalcídio Jurandir (1909-
1979). O ciclo, integralmente, composto por dez livros, narra a vida de mulheres, homens,
crianças e idosos no interior da Amazônia brasileira no início do século XX, apresentando
como personagem principal o jovem Alfredo (exceto em Marajó), cuja trajetória de vida se
conecta aos dramas sociais e pessoais dos demais personagens. Quanto à sua tessitura
narrativa, a saga de Jurandir apresenta uma recorrente oscilação na focalização dos
acontecimentos narrados manifestando, desse modo, níveis distintos do foco narrativo e da
narração. No intuito de analisar a constituição dessa categoria nas obras acima mencionadas,
recorreu-se as principais teorias pertinentes ao ponto de vista na ficção. Diante disso, optou-
se pelo uso da tipologia narrativa proposta por Norman Friedman (1967 [2002])
correlacionando-a aos estudos de Pedro Maligo (1992), Marlí Tereza Furtado (2002 [2010]),
Benedito Nunes (2004) e de outros pesquisadores da ficção de Dalcídio Jurandir. Além disso,
para melhor compreender a(s) perspectiva(s) dotada(s) no processo narrativo de Jurandir, os
romances que compõem o corpus desse estudo foram separados em três núcleos narrativos: o
marajoara, os acontecimentos narrados ocorrem na ilha de Marajó; o belenense, a ação
predominantemente se concentra na cidade de Belém e o amazônico-paraense, composto
unicamente por Ribanceira, último livro do ciclo que mostra uma terceira fase da vida de
Alfredo. A saga dalcidiana é urdida por um narrador global onisciente em terceira pessoa, que
alterna sua postura entre a neutralidade, a intrusão e o uso de múltiplos ponto de vista,
provocando o esfacelamento da narrativa. Quando esse recurso é exacerbadamente explorado,
o narrador global distancia-se significativamente da matéria narrada, atribuindo a outros
personagens o status de narrador, criando assim as categorias de personagens-narradoras.
Essa categoria divide-se em dois tipos: o primeiro, tipo I, assume a condição de narrador dando
progressão à matéria narrada, o segundo, tipo II, conta histórias encaixadas ao enredo
principal, apresentado, ainda, uma subdivisão de narradores populares que contam, oralmente,
narrativas permeadas por elementos do imaginário amazônico. Sendo assim, elimina-se a
mediação entre o leitor e história narrada, pois, não apenas a focalização como a própria
enunciação da narrativa torna-se responsabilidade dessas personagens-narradoras. Considera-
se que ao dar voz a mulheres, pescadores, vaqueiros, lavradores e demais personagens, a ficção
dalcidiana denúncia as trágicas formas de violência (social, política, econômica e mítico-
regiliosa) perpetradas no extremo norte do Brasil.

PALAVRAS-CHAVE: Dalcídio Jurandir. Ciclo Extremo Norte. Narrador. Foco narrativo.

GUY DE MAUPASSANT E A PROVÍNCIA DO PARÁ: PROSA DE FICÇÃO


FRANCESA NO PERIÓDICO PARAENSE

Amanda Gabriela de Castro Resque


Orientadora: Profa. Dra. Germana Sales
Linha de Pesquisa: Literatura, Interpretação, Circulação e Recepção

RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo apresentar a circulação do autor francês
Guy de Maupassant (1850-1893) durante a última década do século XIX, no periódico A
Província do Pará, jornal que circulou a partir de 1876. O jornal supracitado denominava-se
como órgão oficial do Partido Liberal, todavia, sua força não foi restrita apenas ao campo
político, pois possuiu enorme destaque cultural por dedicar-se às publicações voltadas ao
entretenimento de seu público leitor, como a prosa de ficção. Dentre os textos em prosa de
ficção que circularam na folha paraense frisamos, para este estudo, as de autoria de Guy de
Maupassant, autor francês considerado o inaugurador do terror psicológico. A pesquisa
encontra-se em fase inicial, por isso, ela ocorre concomitantemente de forma documental, com
a verificação desses dados nos rolos de microfilmes d’A Província, disponíveis no CENTUR,
e bibliográfica com leituras de obras pertinentes como História de A Província do Pará, de
Carlos Rocque (1976) e de Angela das Neves em Contistas à Maupassant: a recepção crítica de
Guy de Maupassant no Brasil (2012).

PALAVRAS-CHAVE: Fontes primárias. Guy de Maupassan. A Província do Pará. Prosa de


ficção.

OS DISPOSITIVOS NA CONTÍSTICA DE MARIA LÚCIA MEDEIROS

Ana Júlia Chaves de Lacerda


Orientador: Prof. Dr. Carlos Augusto Sarmento-Pantoja
Linha de Pesquisa: Literatura, Memória e Identidades

RESUMO: Como autora alvo de nossas investigações temos Maria Lúcia Fernandes Medeiros
(1942-2005). Contista paraense dona de uma escrita que toca a carne. Em suas obras a autora
suscita diversasreflexão sobre o mundo e as relações que nele se estabelecem. Percebemos no
projeto estético de Medeiros um forte teor de crítica social e nele encontramos expressos
situações de vigilância e controle, violências e punições e logicamente resistência. Pretende-se
então neste trabalho aferir e mapear como se estabelecem as relações de poder e quais os
dispositivos e tecnologias são encontradas nos contos de Medeiros. Além disso, levantar se há
e como se dão os contradispositivos em sua escrita e investigaremos o processo de resistência
presente na obra. Para tal elegemos três contos, dentre eles contamos com Quarto de Hora
(1994) , Velas. Por quem? (1990) e Chuvas e Trovoadas (2003). Como base teórica utilizaremos
os trabalhos teóricos de autores como Michel Foucault (1985, 1988, 2005, 2010) e Giorgio
Agamben (2007) que investigam o poder, os dispositivos, as resistências etc. Entendemos os
conceitos principais pela ótica de tais autores que entendem que o poder funciona em rede e
está em todos os âmbitos da vida. Assim como, os dispositivos que são tecnologias do poder
que visam atender a uma urgência, logo têm finalidade estratégica. Sua função é controlar e
assegurar os gestos, as condutas, as opiniões e os discursos dos seres viventes. O poder funciona
como uma teia que prende à todos(a), porém a partir do momento em que há uma relação de
poder, há uma possibilidade de resistência. Dito isto, investigaremos como estes processos estão
presentes nas obras.

PALAVRAS-CHAVE: Dispositivo. Poder. Contradispositivo. Resistência. Maria Lúcia


Medeiros.

CORDEL: AS MULTIVOZES E PERFORMANCES DOS CORDELISTAS DO


ESTADO DO PARÁ

Ana Maria de Carvalho


Orientadora: Profa. Dra. Maria do Perpetuo Socorro Galvão Simões
Linha de Pesquisa: Literatura, Memória e Identidades

RESUMO: Ao falar dos limites entre oral e escrita nas produções populares, Santos (1995) nos
diz que esses limites, se situam entre “as fronteiras da escrita e da voz, do literário e do não
literário, do individual e do coletivo, da tradição e da criação” (SANTOS, 1995, p.34). Estas
fronteiras não devem ser entendidas como separação, mas como continuidade e
complementação. Em relação aos cordéis a ponte de ligação entre memória e identidade é a
linguagem, é o modo como o poeta popular conta suas narrativas e ao mesmo tempo consegue
ser porta-voz de uma crítica social. Assim, o cordel é a chave de entendimento de uma cultura
imbricada de valores sociais, religiosos, políticos e morais. No que tange a produção paraense,
para organizar, apoiar e difundir o trabalho dos cordelistas paraenses no estado foi criada em
09 de janeiro de 2018 a Academia Paraense de Literatura de Cordel (APLC), fundada por
Cláudio Cardoso, poeta, escritor e compositor. Mediante ao exposto, o presente projeto tem por
objeto a produção do cordel no Pará, levando em consideração os cordelistas que compõem
APLC e se possível os demais que não estão inseridos nessa academia. Responderá a seguinte
situação problema: como os cordelistas paraenses produzem seus textos e suas performances
em meio a era digital? Este projeto de tese objetiva mapear e analisar como anda a produção de
cordel no estado do Pará, levando em consideração as condições históricas e sociais de sua
produção. Para elaboração da pesquisa será feito um levantamento bibliográfico acerca do
assunto, de forma que as fontes mais específicas a respeito sejam levantadas. Faremos um
mapeamento dos locais onde esses cordelistas estão produzindo, através de uma pesquisa de
campo; conforme os critérios a ser definidos no decorrer da pesquisa.

PALAVRAS-CHAVE: Cordel. Produção. Performance.

ENTRE COISAS E ANJOS: AS TRADUÇÕES DE POEMAS DE RILKE POR


AUGUSTO DE CAMPOS

Ana Maria Ferreira Torres


Orientadora: profa. Dra. Mayara Ribeiro Guimarães
Linha de Pesquisa: Literatura, Interpretação, Circulação e Recepção

RESUMO: A pesquisa consiste em estudar as traduções de poemas do autor Rainer Maria


Rilke feitas pelo poeta e tradutor Augusto de Campos. Com base na proposta da Literatura
Comparada, segundo a qual o profissional da tradução é um importante intérprete e difusor da
obra estrangeira, buscou-se compreender de que maneira Campos apresenta Rilke ao leitor
brasileiro. Para realizar a avaliação e a crítica das traduções de Augusto, buscou-se, além do
estudo comparativo das traduções, compreender seu projeto tradutório como um todo, bem
como avaliar as traduções brasileiras de poemas rilkeanos anteriores às suas. Identificou-se
que o projeto do tradutor opera um questionamento, em primeiro lugar, da tradição da
tradução no ocidente, atividade que sofreu por muitos anos uma desvalorização decorrente,
entre outros motivos, da tradição platônica, que se funda na separação entre forma e conteúdo.
Esse posicionamento crítico também se revela em sua escolha da parte da obra rilkeana, assim
como no modo em que ela é traduzida. Campos propõe um Rilke diferente do que era lido e
interpretado até o surgimento da primeira antologia. Segundo o tradutor, visou-se
historicamente mais o conteúdo do que os aspectos formais na maior parte das traduções
anteriores, bem como os textos em que havia maior destaque às reflexões filosóficas e
sentimentais eram os preferidos, como dos livros Elegias de Duíno [Duineser Elegien] e
Sonetos a Orfeu [Die Sonette an Orpheus]. Com isso, ofuscou-se uma outra parte da produção
rilkeana, na qual se destaca uma forma inovadora de se trabalhar com a linguagem, a exemplo
do livro Novos Poemas [Neue Gedichte], que foram traduzidos em grande quantidade por
Campos. A atual fase da pesquisa é a da reflexão sobre como os aspectos destacados pelo
tradutor, bem como seu método tradutório, proporcionam essa nova leitura da obra rilkeana,
de um “novo Rilke novo”.

PALAVRAS-CHAVE: Tradução. Rainer Maria Rilke. Augusto de Campos.


O CANGAÇO: MEMÓRIA E RESISTÊNCIA EM NARRATIVA FÍLMICA

Anairan Jeronimo da Silva


Orientador: Prof. Dr. Carlos Augusto Sarmento-Pantoja
Linha de Pesquisa: Literatura, Memória e Identidades

RESUMO: O sertão nordestino é um território de memórias, construído histórica e


discursivamente como cenário de traumas e subjetividades em disputa de sujeitos oprimidos e
seus opressores, ou, dependendo de como se narra o passado, de forças de poder que silenciaram
indivíduos e grupos pela tentativa de anulação de suas subjetividades. Nessa disputa de
narrativas, o cangaço ocupa um lugar controverso na memória coletiva nacional. Denunciando
bandoleiros ou reivindicando heróis, as narrativas refletem uma perspectiva dual sobre esse
passado que desvelam o poder higienizador do Estado diante de levantes subversivos,
principalmente em cenários de pobreza. Assim sendo, esse trabalho, parte dos estudos da tese
em andamento, objetiva analisar os mecanismos retóricos que perpetuaram historicamente esse
duelo de narrativas sobre o passado, especialmente em um ambiente de linguagem que permite,
por seu potencial metafórico, imagético e simbólico, acessar essas subjetividades, ainda que
performadas na ficção, segundo uma perspectiva testemunhal: o cinema. O intuito é o de
investigar como a narrativa fílmica contemporânea ressiginifca, ou requalifica, a memória do
cangaço no âmbito das artes, sobrelevando um discurso de resistência. Para tanto, a investigação
se dá a partir da análise do longa-metragem “Entre irmãs” (2017), de Breno Silveira, e tem
como foco o enfrentamento entre cangaceiros e Estado, no início do século XX. Os estudos
como o de Albuquerque Júnior (2011), Benjamin (1987), Bosi (1996), Hawbuacks (2003),
Candau (2011), Foucalt (1985), Bourdieu (1989) nos servem de referência.

PALAVRAS-CHAVE: Cangaço. Memória. Resistência. Narrativa fílmica.

SEXUALIDADES SUBVERSIVAS E TRANSGRESSORAS NA LITERATURA


BRASILEIRA MODERNISTA E CONTEMPORÂNEA: CORPO, DESEJO,
GÊNERO E PRECARIEDADE DA IDENTIDADE NO SUJEITO

André Luiz Moraes Simões


Orientador: Prof. Dr. Silvio Augusto De Oliveira Holanda
Linha de Pesquisa: Literatura, Interpretação, Circulação e Recepção

RESUMO: O presente projeto de tese intenciona provocar o leitor a uma análise crítica da
construção das sexualidades subversivas e transgressoras em obras modernistas e
contemporâneas. Na tentativa de compreender o cerne das identidades dos personagens e a
forma como as obras foram recebidas pela crítica partiremos da teoria queer, que por sua vez é
fundamenta em Butler (1992) Lauretis (2007) e Preciado (2017), para assim compreender a
relação entre a obra e o posicionamento político social de cada autor para comparar as obras
para demarcar as alterações no protagonismo político social dos personagens subversivos e
transgressores, de acordo com Foucault (2019) e Georges Bataille (2014,2015 e 2017). Uma
vez realizado tal objetivo, iremos abalizar a recepção das obras no contexto de cada publicação
para compará-las com o momento atual. Por essa razão, iremos cursar um caminho por obras
que demarcam a fuga da normalidade denotando para o leitor a subversão, a transgressão do
corpo e do desejo, assim como a precariedade da identidade em seu contexto histórico. Nossa
análise se inicia na geração de 22 com Mário de Andrade (1893-1945), com o conto “Frederico
Paciência”, perpassando a geração de 30 com José Lins do Rego (1901-1957), com o romance
Menino de engenho (1932) e a geração de 45, tendo como amostra literária Guimarães Rosa
(1908-1967), com o romance Grande sertão: veredas (1956), para terminar com Caio Fernando
Abreu (1948-1996), com a obra Morangos Mofados (1982) e Silviano Santiago, com o romance
Stella Manhattan (1985). Para tanto, a pesquisa bibliográfica tem como referencial teórico
textos da Estética da Recepção de Jauss (1979, 1994), assim como uma parte da fortuna crítica
de cada autor, para compreender como se deu a interpretação e recepção de cada época a
exemplo de: Mello e Souza (1979), Campos (1973), Proença (1955) Nunes (1999, 2002),
Holanda (1995), Lousada (1969), Bueno (2006) e Candido (1964, 1992, 2000).

PALAVRAS-CHAVE: Corpo e desejo na Modernidade. Teoria queer. Sexualidade


transgressora. Narrativa queer.

A NOVA VELHICE FEMININA EM NARRATIVAS ORAIS DA


MATINTAPERERA

Andressa de Jesus Araújo Ramos


Orientadora: Profa. Dra. Maria do Perpétuo Socorro Galvão Simões
Linha de Pesquisa: Literatura, Memória e Identidades

RESUMO: A velhice é um assunto que, nos últimos anos, tem ganhado espaço nos debates
internacionais em diversas áreas do conhecimento, especialmente no âmbito da saúde. Em
nossas investigações nos Repositórios Institucionais on-line das renomadas Universidades
encontramos pouquíssimos trabalhos na área de Ciências Humanas, sobretudo, nos Cursos de
Doutorado em Letras (Literatura) que abordam essa etapa da vida humana e isso se torna algo,
extremamente, preocupante, pois nos impede de desenvolvermos nossa função social,
enquanto literários que é a de humanizar os sujeitos através dos textos literários, como propõe
Candido (1989). Desse modo, levando em conta o número reduzido de Teses na área de Letras
e o nosso interesse pelo tema decidimos estudar a velhice, mais especificamente a feminina,
pois as mulheres, na velhice, experimentam, de acordo com Debert (1994), uma situação de
dupla discriminação: o de ser mulher e o de ser velha. Contudo, os resultados de nossas
pesquisas no acervo do “O Imaginário nas Formas Narrativas Orais Populares da Amazônia”
(IFNOPAP) revelaram um novo perfil da mulher velha , que não vem carregado de
preconceitos e nem de estereótipos, mas de novidade, liberdade e curiosidade. Sendo assim,
este trabalho tem como objetivo geral refletir sobre a nova velhice feminina em narrativas orais
da Matintaperera. O referencial teórico ampara-se em: Beauvoir (2017), Goldenberg (2017),
Debert (1997) e Menezes (2017).

PALAVRAS-CHAVE: Velhice. Feminino. Oralidade. IFNOPAP. Matintaperera.

ANTROPOFAGIA E PLAGIOTROPIA NA POESIA VAMPÍRICA DE


TORQUATO NETO

Ângela Maria Vasconcelos Sampaio Góes


Orientadora: profa. Dra. Izabela Guimarães Guerra Leal
Linha de Pesquisa: Literatura, Interpretação, Circulação e Recepção
RESUMO: O trabalho, em questão, consiste em uma socialização de dois resultados de
pesquisa em andamento. O mesmo, estabelece relações entre antropofagia e plagiotropia nos
poemas “Geleia Geral” e “Marginalia II” de Torquato Neto. O objetivo do trabalho é mostrar
uma ideia de novidade, sem originalidade, como escrita vampírica que se apresentou como
alteridade estética da diferença entre os anos 60 e 70 do século XX na poesia brasileira. Para
tanto, são estabelecidas algumas aproximações entre os estudos antropofágicos da poesia pós-
moderna tropicalista de João César Rocha, Vera Follain de Figueiredo, Haroldo de Campos,
Silviano Santiago e Celso Favaretto e as concepções de plagiotropia de Haroldo de Campos e
de ambivalência da nação de Homi Bhabha. Tais aproximações conseguem mostrar como os
signos do nacionalismo do século XIX, foram repensados em “Geleia Geral” e “Marginália II",
por Torquato Neto, e reinterpretados dentro de uma perspectiva contra-hegemônica.

PALAVRAS-CHAVE: Poesia. Antropofagia. Plagiotropia. Ambivalência da Nação.

SIGNO URBANO E LITERÁRIO: VER-O-PESO COMO PERSONAGEM

Ariadna Ferreira Galvão


Orientadora: Pra. Dra. Marlí Tereza Furtado
Linha de Pesquisa: Literatura, Memória e Identidades

RESUMO: Busca-se, nessa pesquisa, estabelecer a conceituação da personagem para o


romance, bem como sua caracterização psicológica (AGUIAR e SILVA, 1968; REIS e
LOPES 2011). Cada personagem carrega suas próprias significações e mantém um caráter
humano para se constituir, mesmo de maneira antropomórfica (FORSTER, 1974). Dessa
forma, pode ser um objeto, um animal, um grupo familiar, etc., e lido como um signo
(ROSENFELD, 2014). Discorre-se, também, sobre a percepção de um sujeito na poesia lírica
(COMBE, 2010). A poesia não descreve seres ou elementos de acordo com sua percepção
real, mas de uma forma simbólica (SILVA, 1968). Não há uma personagem bem definida,
mas ela pode ser indicada pelo Eu lírico, a repassar caracteres humanos, porém mesmo que
seja descrito um ser, ele irá representar estados de espírito, e não propriamente pessoas
(ROSENFELD, 2014). Outrossim, procura-se estabelecer a importância do Espaço, tanto no
romance, quanto na poesia, bem como sua conceituação e possibilidades de significações
(BENJAMIM, 2000), a se constituir de atmosferas sociais e psicológicas (REIS e LOPES,
2011). Nesse sentido, o espaço pode ser lido como um elemento sígnico, e assim se inscrever
como uma personagem na literatura (SILVA, 1968). Ademais, investiga-se o mercado Ver-o-
Peso, sua construção, transformações históricas e pluralismo de significações (SARGES,
2002; DAOU, 2000). Dessa forma, este espaço pode ser considerado um signo material, de
acordo com Deleuze (2003), e um signo imaterial em suas representações na literatura. Verifica-
se como este espaço figura algumas obras literárias. O intuito desta pesquisa, ainda em
andamento, é analisar como se apresenta o espaço Ver-o-Peso no romance Belém do Grão
Pará, e no poema Ver-o- Peso, de Max Martins. O Ver-o-Peso estabelece um envolvimento
com os textos e é fundamental para seus desenvolvimentos. Assim, averígua-se como ele
inscreve-se como um signo, para poder ser considerado uma personagem nas obras em questão.

PALAVRAS-CHAVE: Ver-o-Peso. Personagem. Espaço.

AS PALAVRAS, AS LINHAS E A PELE: (RE)INVENTADO FRONTEIRAS


NA DIÁSPORA HAITIANA, BRASIL/PERU/BOLÍVIA
Armstrong da Silva Santos
Orientadora: Maria de Jesus Morais
Linha de pesquisa: Culturas, Narrativas e Identidades Amazônicas

Resumo: Esta comunicação tem por finalidade relatar e discutir o atual estado da pesquisa
intitulada As palavras, as linhas e a pele: (re)inventando fronteiras na diáspora haitiana,
Brasil/Peru/Bolívia. O objeto de estudo da pesquisa em andamento são os discursos
hierarquizantes elaborados sobre territórios e gestes e suas repercussões nos modos de vida,
sociabilidades e reorganização do espaço praticado por homens e mulheres provenientes do
Haiti e que fixaram residência na tríplice fronteira acreana (Brasil/Peru/Bolívia). Dialogamos
com fontes escritas e não escritas dispostas em plataformas digitais, jornais, e narrativas
gravadas com haitianos, brasileiros, peruanos, bolivianos e outros sujeitos que fazem parte de
seus núcleos de convivência. Os objetivos da pesquisa são: identificar práticas sociais
elaboradas no contexto da diáspora haitiana na tríplice fronteira Brasil/Peru/Bolívia a partir de
2010; discutir a racialização de terras e gentes e suas influência nas perspectivas de acolhimento
ou o rechaço de haitianos no Acre; analisar discursos que tomam como aporte a questão
sanitária e suas implicações no contexto migratório haitiano; discutir o essencialismo presente
nos discursos nacionais à luz das trocas culturais elaborada na zona de contato
Brasil/Peru/Bolívia em meio à diáspora haitiana acelerada em 2010. A pesquisa ocorre nos
municípios de Assis Brasil, Brasileia e Rio Branco no Acre, bem como Cobija, no
Departamento de Pando na Bolívia e Iñapari situada na província de Tahuamanu, Madre de
Dios no Peru. A perspectiva teórico-crítica transita por autores como Walter Benjamin (1987),
Michel de Certeau (2014; 2017), Michel Foucault (2004; 2013), Alessandro Portelli (1997),
Edouard Glissant (2005; 2011) e Mary Pratt (1999). As conclusões parciais apontam para uma
diversidade de modos de fazer e refazer espaços de sociabilidade, resistência, e conflitos
elaborados por sujeitos sociais que lutam para sobreviver.

Palavras-chave: Haitianos. Fronteira. Racialização.

OS GRITOS DOS CÁRCERES: O PARADIGMA DO OPRESSOR NA CONSTRUÇÃO DA


MULHER PERPETRADORA E MULHERES TORTURADAS

Benedito Ubiratan de Sousa Pinheiro Júnior


Orientadora: Tânia Maria Pereira Sarmento-Pantoja
Linha de Pesquisa: Literatura, Memória e Identidades

RESUMO: O presente texto tem como objetivo discutir sobre a mulher nas relações de poder
patriarcais existente em nossa sociedade e que em períodos de guerra ou conflitos por razões
de Estado se exarcerbam por conta do estado de exceção e da brutal forma de ação do poder
estatal contra seus opositores. Para fins de estudo de caso elegemos a ditadura argentina, em
particular o corpus de narrativas (testemunhos, entrevistas e depoimentos colhidos em âmbito
judiciário) envolvendo a relação entre as prisioneiras do regime militar e a torturadora Mirta
Graciela Anton, conhecida como "La Cuca". A problematização parte do pressuposto de que
a carga conceitual que leva a palavra “mulher”, neste âmbito, as faz ter tratamentos
diferenciados e, por conseguinte uma construção narrativa diferenciada, discurso que se
constitui questionador desde o interior da militância, na qual várias mulheres reclamavam do
tratamento que recebiam por parte dos companheiros de luta, e, principalmente, a relação entre
a torturadora e as mulheres torturadas, no âmbito do cárcere no estado de exceção. Judith
Butler concebe a diferença tácita entre o discurso e a materialidade do feminismo,
desassociando do palpável o valor do gênero e definindo a mulher como ser constituído
segundo o conjunto de interferências que a cerca. No âmbito da vida no cárcere por razões de
Estado a mulher, enquanto construção social aos olhos dos agentes responsáveis e envolvidos
na reclusão, é violável. Nesse processo, os mecanismos de identificação que esses agentes
direcionam a essas prisioneiras estão relacionados aos códigos de ser-mulher, do ser-militante
e do ser-oposição. Torturá-las, portanto, significa fazê-las menores enquanto ser humano e
enquanto gênero; significa igualmente puni-las por se rebelarem contra a ordem instituída,
por isso, grande parte das torturas visam atingi-las naquilo que é mais icônico no rol das
apresentações relacionadas a esses mecanismos de identificação: a feminilidade. Para isso,
não importa se o perpetrador das torturas é um homem ou uma mulher. Quando mulher o
perpetrador espelha ou performatiza as mesmas constituintes falocêntricas dos homens ao
torturarem mulheres. Considerando esse enquadramento e o corpus supracitado, defendemos
a tese de que as aproximações quanto às práticas desenvolvidas entre o torturador e a
torturadora estão relacionadas a mecanismos de identificação e menos de identidade, em
relação à cultura falocêntrica e autoritária de onde emergem. Nesses termos, toda a pesquisa
apresentada nesta tese se desenvolveu a luz dos conceitos de testemunho, estado de exceção
e principalmente do feminino, e desta forma contará com cabedal teórico de Sarmneto-
Pantoja, Judith Butler, Giogio Aganbem, Michel Foucault, entre outros.

PALAVRAS-CHAVE: Gênero. Cárcere. Dispositivo de Controle. Ditadura militar. Argentina.

ENTIDADES & IDENTIDADES: O MONSTRO COMO RESISTÊNCIA

Breno Pauxis Muinhos


Orientadora: Maria do Perpétuo Socorro Galvão Simões
Linha de Pesquisa: Literatura, Memória e Identidades

RESUMO: As narrativas orais tradicionais atravessam o tempo, inspiram textos escritos, se


renovam a partir de outros gêneros, perpetuam heranças culturais. Recentemente, um gênero,
lúdico e literário, tem contribuído para com esta manifestação; o RPG. O presente trabalho
pretende discutir, a partir do diálogo entre narrativas orais populares e textos de impressos de
jogos de interpretação de papéis, a categoria estética da resistência a partir da prática do RPG.
Estudiosos como Jerome Cohen, Walter Benjamin, Maria do Perpétuo Socorro e outros, fazem
parte das referências utilizadas para a afirmação do diálogo proposto. Além do foco principal,
também será levantada a possibilidade de discussão literária dos livros RPG, por meio da
exposição de sua origem e inspirações de seus sub-gêneros; assim como, também serão
expostos estudos acerca da narrativa oral popular como um gênero literário e objeto de
manifestação cultural.

PALAVRAS-CHAVE: Cultura. Resistência. RPG.

HISTÓRIA E FICÇÃO NOS ROMANCES DE ANA MIRANDA

Carla Patrícia da Silva Guedes Costa


Orientador: Prof. Dr. Carlos Henrique Lopes de Almeida
Linha de Pesquisa: Literatura, Memória e Identidades
RESUMO: O romance de Ana Miranda segue uma tendência da pós-modernidade ao roubar
do tecido histórico matéria para a construção ficcional. Assim sendo, pretende-se analisar a
transitoriedade estabelecida entre a literatura e a história, ressaltando a memória como um
elemento norteador das construções sociais, sejam elas históricas ou literárias. Por fim, também
serão levantadas questões sobre o processo de consolidação de identidade cultural, uma vez que
esta se liga diretamente ao desenvolvimento histórico e literário de uma sociedade.
O projeto busca colocar em questão a metaficção nos romances de Ana Miranda a partir das
obras: Boca do Inferno (1989), Desmundo (1996), Clarice Lispector (1996), Dias e Dias
(2002), A última quimera (1995), Semíramis (2014), O Retrato do Rei (1991), Amrik (2014)
e Yuxi (2009). Estas obras foram escolhidas como objetos de pesquisa em virtude de
englobarem em seus enredos a metaficção e por apresentarem entrelace entre história e ficção.

PALAVRAS-CHAVE: História. Ficção. Ana Miranda.

IRMÃO JOSÉ DA CRUZ: NARRATIVAS ORAIS ACERCA DE SEUS


TRÂNSITOS PELO VALE DO JURUÁ – AC

Edivan Vasconcelos da Silva


Orientador: Prof. Dr. Mário Luis Villarruel da Silva
Linha de Pesquisa: Culturas, Narativas e Identidades Amazônicas

RESUMO: O presente trabalho, com o título Irmão José da Cruz: narrativas orais acerca de
seus trânsitos pelo Vale do Juruá – Ac, está sendo desenvolvido no Programa de Pós-
graduação em Letras: Linguagem e Identidade, da Universidade Federal do Acre, sob
orientação do prof. Dr. Mário Luis Villaruel da Silva. A pesquisa consiste em colher e analisar
narrativas orais e populares de sujeitos do Vale do Juruá, uma das regiões do Estado do Acre,
especificamente dos municípios de Cruzeiro do Sul e Mâncio Lima sobre Irmão José da
Cruz, um religioso que, saindo de Minas Gerais, realizou missões religiosas por vários países
da América do Sul. No Acre, sobretudo no Vale do Juruá, deixou inúmeros seguidores de
seus ensinamentos, chegando a ser retratado por muitos como um santo popular. Dentro da
linha de pesquisa Culturas, Narrativas e Identidades Amazônicas, o corpus da pesquisa apoia-
se em narrativas orais de homens e mulheres amazônidas que foram testemunhas das
atividades do religioso. Para tanto, o método de pesquisa utilizado é a Pesquisa narrativa,
como descrito por Paiva (2019) e Clandinin e Connelly (1997); a geração dos dados foi feita
através de entrevistas semiestruturadas, como apontam Trivinõs (1987) e Manzini
(1990/1991). Também são feitas reflexões sobre a narrativa, oferecidas por autoras como
Bentes (2000) e Bosi (1994); os dados coletados via entrevistas serão analisados usando
como base ideias de autores como Said (1990), Hall (2016) e Canclini (2008), teóricos
filiados aos Estudos Culturais.

PALAVRAS-CHAVE: Irmão José da Cruz. Vale do Juruá. Narrativas. Estudos Culturais.

LAVOURA ARCAICA: ALEGORIA, ORIGEM E TRANSGRESSÃO

Elijames Moraes dos Santos


Orientador: Profa. Dra. Mayara Ribeiro Guimarães
Linha de Pesquisa: Literatura, Interpretação, Circulação e Recepção
RESUMO: Este artigo se propõe a discutir as formas como a linguagem alegoriza questões
ligadas ao sagrado da família, à origem (norma/padrão) e à transgressão a partir da narrativa de
o Lavoura arcaica (1975). O romance de Raduan Nassar, nos apresenta – através de narrativa
lírica e subversiva –, algumas dualidades que se passam na relação entre o pai, Iohána, e o filho,
André. Assim, o texto de Nassar move um confronto entre a razão patriarcal e a subversão, o
descontínuo. Nesse sentido, o filho incorpora uma linguagem ambígua, excessiva, que fere a
clareza pregada nas lições do pai. Com efeito, a narrativa, traz à cena um conflito entre os dois
polos da linguagem, representados de um lado pelo princípio da racionalidade e de outro, pelo
desejo insubmisso do corpo (BATAILLE, 2017). Questão essa que empreende uma tensão
dialética que reverbera a narrativa e faz jus às vozes dos sujeitos que protagonizam a mesma.
Desse modo, vai formando alegorias, apontando rastros, como diz Benjamin (1984), movendo
os anseios do corpo destes que ficam presos ao sistema patriarcal. Outrossim, há em toda essa
tensão dialética uma insurgência que de ordem poética e transgressora, a qual se revela no
discurso do filho que após partir de casa retorna questionando os valores que sedimentam a
família patriarcal. Para desenvolver as questões propostas, nos valemos dos conceitos de
continuidade e descontinuidade, assim como do entendimento de transgressão e interdito,
consoante Bataille (2016 e 2017); além disso, voltamos ao conceito de alegoria e ruína,
discutido por Benjamin (1984) e comentadores como Gagnebin (2013).

PALAVRAS-CHAVE: Lavoura arcaica. Alegoria da origem. Transgressão.

A AMAZÔNIA URBANA EM RIO DE RAIVAS, DE HAROLDO


MARANHÃO

Elisangela Ribeiro de Oliveira


Profa. Dra. Maria de Fatima do Nascimento
Linha de Pesquisa: Literatura, Interpretação, Circulação e Recepção

RESUMO: O espaço amazônico se constituiu, desde o século XIX, como uma fonte profícua
para romancistas do mundo inteiro. Com Haroldo Maranhão (1927-2004), escritor paraense,
não foi diferente, publicou dois romances que tratam sobre a Amazônia, Os anões (1983) e
Rio de Raivas (1987). A publicação do último deu-se logo após o fim da Ditadura Militar
(1964-1985). Segundo Bosi (2015), é da percepção de estágios saturados da vida urbana que
nasce um satírico. Assim, em Rio de raivas, vemos a Amazônia urbana como espaço
romanesco privilegiado, a Cidade de Santa Maria de Belém, lugar corrompido onde circula
uma infinidade de tipos, a exemplo de duas personagens rivais: Palma Cavalão, dono do jornal
da cidade, e o governador, Coronel Cagarraios Palácio. Com base nos estudos sobre a teoria
da sátira (CARRATORE,1952; D’ONÓFRIO, 1969; LUKÀCS, 2011, DEBAILLY, 2018),
observa-se que a disputa entre as duas personagens é reelaborada pela linguagem haroldiana de
figuração satírica, tanto na forma como no conteúdo. A primeira fica evidente no tom
moralizador em “Jogo Bruto”, primeira parte da narrativa. Já o conteúdo satírico se evidencia
no tom humanizador da segunda parte, a saber, “As duas mortes do governador”, que desnuda
uma sociedade de classes doente.

PALAVRAS-CHAVE: Haroldo Maranhão. Rio de raivas. Romance do Século XX. Espaço


romanesco.

A TRADUÇÃO FRANCESA DE PRIMEIRAS ESTÓRIAS


Elvis Borges Machado
Orientador: Prof. Dr. Sílvio Augusto de Oliveira Holanda
Linha de Pesquisa: Literatura, Interpretação, Circulação e Recepção

RESUMO: Este trabalho propõe-se examinar a versão francesa do livro Primeiras estórias, de
João Guimarães Rosa, com o objetivo de verificar como a versão de Inês Oseki-Dépré,
Premières histoires, traduzida em 1982 e publicada pela editora Métailié, procurou recuperar,
na língua francesa, a poética da obra rosiana. Guimarães Rosa denuncia as aparentes
impossibilidades da língua e do pensamento, ao revolucionar a sintaxe e semântica, realçando
expressões populares, potencializando vocábulos e desracionalizando a língua portuguesa com
particularidades sintáticas. Em razão desses empreendimentos, sobram expressões que
ultrapassam a comparação filológica e criam “problemas poéticos” (MESCHONNIC, 1973,
1999, 2007). Neste sentido, por exemplo, registra-se a tradução de “o que ao menos se condizia
mais correto, ou se arrependia, por uma vez, para casa” por “ou il se rentait, pour une fois, et
rentrait à la maison” (ROSA, 1982, p. 36). Vê-se que essa frase, que “infringe” a língua
portuguesa e desafia os hábitos do pensamento, foi traduzida tão só do ângulo filológico,
levando em consideração o primado do sentido, da concordância, da explicação e da segurança
da língua (MESCHONNIC, 1999). Entretanto, a partir do momento em que reconhecemos,
nesta intrigante explicação de Guimarães Rosa, a invenção de uma nova percepção da vida e da
realidade, de uma nova maneira de ver, de sentir, passa-se da filologia à poética do texto, passa-
se da língua ao discurso (MESCHONNIC, 2001). Assim, se a obra rosiana inventou um
“problema poético”, ao transformar a língua portuguesa, a tradução também deve inventar um
problema novo, substituindo, as soluções e explicações da língua pelos problemas do discurso.
Neste contexto de comparação, a obra de Guimarães Rosa permanece estratégica para os
estudos da tradução, pois, ao fugir de um racionalismo da palavra, instiga o tradutor a abandonar
a segurança de uma tendência cartesiana da língua para correr o risco do discurso
(MESCHONNIC, 1999).

PALAVRAS-CHAVE: Tradução francesa. Primeiras estórias. Guimarães Rosa. Henri


Meschonnic.

A LIBERDADE NA POESIA DE MANUEL BANDEIRA

Elzio Quaresma Ferreira Filho


Orientador: Prof. Dr. Antonio Maximo Von Sohsten Gomes Ferraz
Linha de Pesquisa: Literatura, Interpretação, Circulação e Recepção

RESUMO: Há, ao longo da vasta poesia de Manuel Bandeira, a presença de uma profunda
meditação acerca da questão da liberdade como condição ontológica do homem, isto é, a
liberdade como o que funda e firma o ser do humano. Isto se dá sem compromisso de fidelidade
a qualquer tipo de movimento, teoria ou ideologia. A única fidelidade de Bandeira, a propósito,
era para com a sua poesia e com o pensar poético que nela prospera. Assim sendo, nossa
intenção será vislumbrar como a reflexão sobre a Liberdade, nos versos do poeta, resgatam essa
questão do falatório cotidiano (o qual costuma percebê-la como produto da vontade do
humano), propiciando um amplo espaço à sua manifestação livre e inaugural. Nosso percurso
interpretativo será realizado sempre em diálogo com a fortuna crítica de Bandeira e, também,
com pensadores que abordaram a Liberdade, como Martin Heidegguer e Giovanni Pico della
Mirandola.
PALAVRAS-CHAVE: Manuel Bandeira. Liberdade. Poesia.

DERCY TELES: MEMÓRIAS SOBRE A LUTA PELA TERRA EM XAPURI


– AMAZÔNIA ACREANA

Estefany France Cunha da Silva


Orientador: Prof. Dr. Gerson Rodrigues de Albuquerque
Linha de Pesquisa: Culturas, Narrativas e Identidades Amazônicas

RESUMO: O foco do presente estudo é a trajetória de Dercy Teles, primeira mulher a assumir
a presidência do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Xapuri, na Amazônia acreana do início
da década de 1980. Dentre os objetivos da pesquisa destaca-se a análise dos itinerários de Dercy
Teles a partir de diferentes narrativas escritas e orais, priorizando-se as questões identitárias
relacionadas às lutas dos seringueiros do Alto Acre nos anos 1970-90. Os procedimentos para
o levantamento de dados ou as fontes da pesquisa estão pautados na coleta de depoimentos orais
e na pesquisa em acervos documentais pertencentes ao Museu Universitário da Ufac e em
acervos do próprio movimento de trabalhadores rurais. Além desse material, também está sendo
coletado um amplo conjunto de entrevistas publicadas em jornais ou sites de notícias e palestras
de Dercy Teles em eventos acadêmicos e sindicais A abordagem está pautada na perspectiva de
produzir uma análise dos discursos em torno da presença feminina em uma entidade
historicamente vinculada ao universo masculino, inclusive com a mitificação de determinadas
lideranças, a exemplo de Wilson Pinheiro e Chico Mendes, invisibilizando a presença e a
atuação das mulheres na construção do sindicato e nos processos de lutas e enfrentamentos em
defesa do direito de permanência, posse e uso da terra e contra a devastação da floresta. Os
referenciais teóricos dos estudos culturais (WILLIAMS, 1979; HALL, 2003; SARLO, 2007,
CERTEAU, 2000), especialmente, no tocante a pensar o papel da linguagem como meio de
apreender o mundo, imaginar e/ou representar diferentes experiências sociais se constituem
como importantes ferramentas teóricas para as análises propostas. Para as questões relacionadas
ao trabalho com a produção do documento oral e os embates em torno da memória, as
referências são Portelli (2010), Benjamin (2013) e Didi-Huberman (2015).

PALAVRAS-CHAVE: Trajetórias. Seringueiros. Amazônia acreana. Dercy Teles.


Linguagem.

TRAJETÓRIAS DE MULHERES NEGRAS NA AMAZÔNIA ACREANA:


NARRATIVAS E LEITURAS DE SI

Evandro Luzia Teixeira


Orientador: Prof. Dr. Gerson Rodrigues de Albuquerque
Linha de Pesquisa: Culturas, Narrativas e Identidades Amazônicas

RESUMO: A proposta apresentada é um recorte de uma pesquisa em andamento, vinculada


ao curso de Doutorado - Letras: linguagem e Identidade da Universidade Federal do Acre.
Busco reinterpretar a natureza social e poética contida nas narrativas de quatro mulheres
negras do estado do Acre. Sujeitas que, desde crianças/jovens, aturaram de forma direta e
indireta nos movimentos sociais. Elas são de famílias pobres e, quando adolescentes,
trabalharam com serviços domésticos e outras atividades. Aprenderam nas relações cotidianas
as diferenças de (des)classes sociais. As necessidades impostas pelas condições
socioeconômicas e políticas levaram-nas a desenvolver estratégias de lutas pelo poder de ser,
de ter e de estar no mundo. As leituras que faço são fundamentadas em Certeau (1982/2014),
Foucault(2006/2010), Glissant(1996), Mbemb(2019), além de outros estudiosos e pensadores,
com os quais interpreto as narrativas que elas fazem de si. Busco investigar até que ponto são
corresponsáveis pela ressignificação dos movimentos sociais e se colaboraram nas alterações
de políticas públicas no Estado. Indago sobre o possível reconhecimento, esquecimento e
silenciamento das mesmas, enquanto outros se destacaram. Elas continuam, às suas maneiras,
abastecendo pessoas com sonhos de mudanças. A proposta tem o objetivo de compreender o
mundo político e social que essas mulheres desenvolveram a partir das suas necessidades,
criando um “eu-revolucionário” com capacidade de alterar a realidade dos seus entornos pela
artes de ser e fazer. Assim espreito enxergar pelas frestas abertas por elas, nesta parte da
Amazônia, para desconfiar um pouco mais do que acontece do lado de fora e refletir sobre o
que é ser mulher, negra, pobre e de movimentos sociais e como manifestam os seus poderes
por meio das suas narrativas.

PALAVRAS-CHAVE: Mulheres Negras. Classes. Movimentos. Narrativas. Descobertas

REVELAR A CULTURA OU REAFIRMAR O CÂNONE: DUAS


TRADUÇÕES PARA O INGLÊS DE “MEU TIO O IAUARETÊ”, DE
GUIMARÃES ROSA

Fábio Matos Carneiro


Silvio Augusto de Oliveira Holanda
Linha de Pesquisa: Literatura, Interpretação, Circulação e Recepção

RESUMO: A presente comunicação tem por objetivo correlacionar duas traduções de “Meu
tio o iauaretê” para o inglês britânico, empreendidas por Giovanni Pontiero e por David Treece.
A pesquisa realizada centrou-se no processo criativo de cada tradutor, cujo intuito foi o de
revelar a cultura indígena presente na obra ou de reafirmar o lugar deste autor no cânone
literário. Giovanni Pontiero (1932-1996) foi um grande investigador no campo dos Estudos
Literários portugueses e brasileiros, sendo autor de numerosos artigos, ensaios, conferências,
entradas em enciclopédias e traduções. David Treece (1959) é doutor em Literatura Brasileira
pela Universidade de Liverpool, que, no final de seu curso de doutorado, começou a estudar o
indianismo literário e teve a ideia de tentar abranger toda a história da produção literária
relacionada aos indígenas brasileiros; acabou concentrando-se nos séculos XVIII e XIX.
Embora morto em 19 de novembro de 1967, o escritor mineiro João Guimarães Rosa continua
a fascinar o imaginário mundialmente. Nesta comunicação, falaremos, especificamente, sobre
um de seus contos mais singulares “Meu tio o iauaretê” e de duas de suas traduções para a
língua inglesa. Uma feita ainda no século XX pelo tradutor Giovanni Pontiero (ROSA, João
Guimarães. “The jaguar”. In: JACKSON, K. David (ed.). Oxford anthology of the Brazilian
short story. Oxford: Oxford University Press, 1996.) e outra no século XXI feita pelo professor
doutor David Treece (ROSA, João Guimarães. The Jaguar and Other Stories [Meu Tio o
Iauaretê]. Trad. David Treece. Oxford: Boulevard, 2001). Até a presente data, não há nenhum
estudo, especificamente, acerca das traduções de “Meu tio o iauaretê”. Dada a singularidade da
obra, levaremos a investigação mais adiante para saber se os tradutores notaram a utilização do
tupi-guarani e os resíduos presentes no conto para determinarmos como e de que maneira a
decodificação foi realizada por Pontiero e Treece.
PALAVRAS-CHAVE: Tradução. “Meu tio o iauaretê”. David Treece. Giovanni Pontiero.

O SILÊNCIO DA MODERNIDADE EM A MAÇÃ NO ESCURO E EM


GRANDE SERTÃO: VEREDAS

Fabrício Lemos Da Costa


Orientador: Prof. Dr. Silvio Augusto de Oliveira Holanda
Linha de Pesquisa: Literatura, Interpretação, Circulação e Recepção

RESUMO: Este trabalho pretende refletir sobre o silêncio como particularidade da


modernidade. Em nossa abordagem, utilizaremos os romances A maçã no escuro (1985), de
Clarice Lispector (1920-1977), e Grande sertão: veredas (1956), de Guimarães Rosa (1908-
1967). Para isso, aproximaremos as narrativas numa perspectiva que se dá, sobretudo, pela
leitura da existência da imanência do silêncio nos romances — Mallarmé (1945), Blanchot
(1987), Barthes (1971), Steiner (1988), Wittgenstein (1961). Assim, como temática da
modernidade, — Jauss (1996), Berman (1995), Moraes (2017), Benjamin (1975), Baudelaire
(2010) — o silêncio se coloca em ambos os textos como amálgama do projeto ficcional dos
autores. Nesse sentido, nossa proposta é interpretar como o silêncio, ou ainda, o indizível,
projeta-se como forma na narrativa. Da questão inominável para uma forma, portanto, o
silêncio se coaduna como marca da crise da linguagem na modernidade, em que os romances
de Rosa e Lispector são representativos. Nossa discussão, em suma, tem como objetivo
mostrar como a temática em questão torna-se parte da estruturação dos romances, perfazendo-
se em tópica moderna, ao evidenciar o indizível em matéria de expressão artística. Por fim,
este trabalho pretende demonstrar que o silêncio não se manifesta como ausência, mas como
presença de questões que se projetam em diversos outros temas, como o informe, o selvagem
e o indizível, os quais são “ordenadas” como matéria narrativa — Bataille (2008), Derrida
(2012; 2002) e Nascimento (2014). Estamos, pois, no terreno do limite da palavra.

PALAVRAS-CHAVE: Silêncio. Modernidade. A maçã no escuro. Clarice Lispector. Grande


sertão: veredas. Guimarães Rosa.

A BARBÁRIE NÃO É MUSA: O HORROR NOS POEMAS DE WISLAWA


SZYMBORSKA E RICARDO ALEIXO

Felipe Bruno Silva da Cruz


Orientadora: Profa. Dra. Mayara Ribeiro Guimarães
Linha de Pesquisa: Literatura, Interpretação, Circulação e Recepção

RESUMO: Esta dissertação objetiva discutir modos de representação da barbárie pela


linguagem literária, concentrando-se em poemas da autora polonesa Wislawa Szymborska e do
autor brasileiro Ricardo Aleixo, ambos poetas que produziram uma obra marcada pelo interesse
em escrever a partir de eventos considerados "bárbaros" e "indescritíveis", como o holocausto
e a diáspora africana. Propõe-se a reflexão sobre como age a literatura diante de uma matéria
que nos leva ao silêncio, ao espanto, ao choque, à consternação, e a recusa da barbárie como
uma "inspiração" (em sua acepção clássica) para a literatura.

PALAVRAS-CHAVE: Barbárie. Wislawa Szymborska. Ricardo Aleixo.


O PROJETO LITERÁRIO DA CONSTÍSTICA HAROLDIANA:
ALTERIDADE, IDEOLOGIA E POLIFONIA

Flávio Jorge de Sousa Leal


Linha de Pesquisa: Maria de Fátima do Nascimento
Linha de Pesquisa: Literatura, Interpretação, Circulação e Recepção

RESUMO: O paraense Haroldo Maranhão (1927-2004) foi um importante ficcionista no Pará


e no Brasil, de modo que essa pesquisa é fundamental no sentido de contribuir para a formação
de referencial teórico acerca de sua contística, pois com relação aos contos, após investigar sua
fortuna crítica, percebeu-se a lacuna de trabalhos enquanto projeto de escrita literária. Assim, a
presente pesquisa realiza um agrupamento temático e uma leitura dos contos de Haroldo em
três temas, a saber: desencontros e perplexidades, equívocos do mundo, ridículos humanos e
discurso e ideologia a partir de narrativas presentes em sete obras que compõem a sua
constística: A estranha xícara (1968), Chapéu de três bicos (1975), Voo de galinha (1978),
Flauta de bambu (1982), As peles frias (1983), Jogos infantis (1986) e O Nariz Curvo (2001).
Faz-se, aqui, uma abordagem Bakhtiniana das referidas obras com base nos conceitos de
alteridade, ideologia e polifonia e assim evidenciar que a constística haroldiana é permeada por
esses três conceitos postulados por Bakhtin (2003) e (2004) enquanto concepção sócio-histórica
da linguagem. No que tange ao plano metodológico, este projeto insere-se em um campo de
investigação bibliográfica, cujo corpus é composto pelas sete obras retromencionadas de
Haroldo, além de textos de alguns teóricos do campo da narratologia, dentre os quais Genette
(2017), textos teóricos sobre o conto e livros de Bakhtin (2003) e (2004). Nessa perspectiva, de
forma preliminar, é possível afirmar que a contística de Maranhão atesta o seu valor estético,
bem como aponta para um projeto literário a configurar a linguagem como espaço de presenças
do outro.

PALAVRAS-CHAVE: Bakhtin. Contística. Haroldo Maranhão. Narratologia.

A IDENTIDADE CULTURAL AMAZÔNICA EM DALCÍDIO JURANDIR

Fernando do Nascimento Moller


Orientadora: Profa. Dra. Maria do Perpétuo Socorro Galvão Simões
Linha de Pesquisa: Literatura, Memória e Identidades

RESUMO: A Literatura procura relacionar as mais diversas experiências entre o homem e seu
ambiente, demonstrando uma relação de mútua dependência entre ambos, onde uma forma o
outro. Assim, este estudo pretende apresentar observações acerca da identidade cultural
amazônica presente nas obras: Três Casas e um rio (1958) e Belém do Grão-Pará (1960) do
escritor marajoara Dalcídio Jurandir (1909- 1979) tendo como objetivo evidenciar a
representação da identidade amazônica na formação do homem da região, aqui caracterizado
na figura da personagem Alfredo. Nesse sentido, a proposta metodológica do artigo se utilizou
do caráter bibliográfico e teve como aporte teórico a concepção de identidade cultural
observada em HALL (2001; 2003), na ideia de cultura e identidade amazônica defendida por
PAES LOUREIRO (2005), além de contar com as perspectivas teóricas de FURTADO (2002),
NUNES (2010), PRESSLER (2016) bem como outros autores pertinentes para analisar as
obras dalcidianas. Assim, observa-se como o homem da região amazônica, que transita entre
o espaço rural- ribeirinho e o espaço urbano, lida com a ideia de coexistência identitária
amazônica.

PALAVRAS-CHAVE: Identidade cultural. Cultura amazônica. Dalcídio Jurandir.

QUESTÕES SOBRE CRÍTICA LITERÁRIA E RELATO DE UM CERTO


ORIENTE, DE MILTON HATOUM

Flávia Roberta Menezes de Souza


Orientador: prof. Dr. Gunter Karl Pressler
Linha de Pesquisa: Literatura, Interpretação, Circulação e Recepção

RESUMO: O primeiro romance de Milton Hatoum, Relato de um certo Oriente (1989), recebeu
críticas bastante positivas desde o seu lançamento. Flora Süssekind escreveu uma crítica sobre
a obra, no mesmo ano de seu lançamento, elogiando-a, mas chamando a atenção para aspectos
ligados à construção da narrativa: à forma como são encadeados os relatos dos personagens em
cada capítulo, sem a mudança de estilo. Tal questão algumas vezes é percebida, mas nunca foi
de fato retomada ou explorada pelos estudos posteriores. A crítica em torno do romance
identificou-o como memorialista e constantemente aponta uma relação com a obra As mil e uma
Noites, o que se tornou consenso até mesmo nos trabalhos acadêmicos sobre o romance. Isso
infelizmente não resolve nem ajuda a compreender a estrutura narrativa. Nesse sentido, a
presente pesquisa revisa a crítica e principalmente o que vem sendo repetido nos trabalhos sobre
o romance, a fim de propor respostas, ao menos temporariamente satisfatórias, para questões
que continuam em aberto, todas ligadas à estrutura narrativa.
PALAVRAS-CHAVE: Crítica Literária. Relato de um certo Oriente. Milton Hatoum.
Narrativa

RESISTÊNCIA EM EL PAÍS DE LA CANELA DE WILLIAM OSPINA

Francelina Barreto de Abreu


Orientador: Prof. Dr. Carlos Henrique Lopes de Almeida
Linha de Pesquisa: Literatura, Memória e Identidades

RESUMO: Este trabalho tem como objetivo analisar a resistência no romance El país de la
canela (2008) de William Ospina. A obra é uma narrativa da descoberta do Rio Amazonas. O
recorte sobre o tema supracitado será observado na narrativa por meio da perspectiva do
narrador mestiço e da descrição que ele faz dos personagens. Diante da apresentação de sua
trajetória pessoal e da dos demais personagens é que nos propomos a demonstrar que El pais de
la canela é um romance de resistência, em oposição aos romances históricos tradicionais. A
recuperação da história de um conquistador derrotado, de um narrador mestiço, de uma indígena
desaldeada, do assassinato de milhares de indígenas apresentados no romance conduzem a uma
representação distinta das histórias do passado. A história é sempre um recorte que enfatiza a
narrativa dos vencedores, não dos derrotados. A estes últimos restou o esquecimento, a
representação de subalternos, de marginalizados. A destruição da cultura dos povos originários
e o genocídio indígena dificilmente foram apresentados como temas principais nos romances
históricos, a eles não foi oferecido o papel de heróis, ao contrário, quando aparecem nos
romances são personagens secundários, descritos quanto a sua animalização, com “modos”
distintos da cultura do invasor e, por isso, menosprezados. Assim, nos propomos a demonstrar
que os personagens de El país de la canela são personagens que resistem ao silenciamento e ao
apagamento histórico. Ainda na temática de resistência, a própria obra também será analisada
como um romance de resistência, por seus traços particulares que destoam do “padrão” dos
romances históricos. Essa pesquisa é de cunho bibliográfico e como aporte teórico utilizamos
os estudos de Benjamin (1985) e Gagnebin (2006) sobre a história e a literatura, de Spivak
(2010) sobre subalternidade, de Quijano (2009) sobre decolonialidade e de Bosi (1996) sobre
resistência.

PALAVRAS-CHAVE: Resistência. Apagamento. Silenciamento. Subalternidade.


Decolonialidade.

A RECEPÇÃO CRÍTICA DE RIACHO DOCE, DE JOSE LINS DO REGO

Ingred de Lourdes Pereira


Orientador: Prof. Dr. Sílvio Augusto de Oliveira Holanda
Linha de Pesquisa: Literatura, Interpretação, Circulação e Recepção

RESUMO: Riacho Doce (1939) é o oitavo romance de José Lins do Rego, que trata de
Edna/Eduarda, uma mulher com intensos conflitos de deslocamento e não pertencimento que
decide trocar a paisagem escandinava pelo litoral brasileiro. Nesse romance, o autor procura
diversificar os espaços e formas de contar ao situar a narrativa parte na Suécia, parte em
Alagoas, e ao centrar os acontecimentos em torno de uma personagem feminina. Por estar fora
daquilo que Castello (1961) chamou de ciclos “da cana-de-açúcar” e “do cangaço, misticismo
e seca”, a obra em questão tem recebido pouca atenção de crítica, visto que os referidos ciclos
concentram a maior parte dos estudos sobre Lins do Rego. Dessa forma, o presente trabalho
visa a analisar as interpretações recebidas tanto por parte da recepção imediata à sua publicação
quanto por estudos mais recentes, com o intuito de apontar os pontos de convergência e de
tensão nessas leituras e de identificar seus desdobramentos na história recepcional da obra no
que tange às temáticas e abordagens críticas. Como orientação teórico-metodológica,
adotaremos a Estética da Recepção, estabelecida por Jauss (1979; 1994), cujo princípio
hermenêutico considera o aspecto diacrônico na relação entre o texto literário e seu público
leitor. No corpus crítico, para este trabalho, elencamos os textos de Mário de Andrade (1939),
Aurélio Buarque de Hollanda (1939) e Wilson Lousada (1939), que representam a recepção
clássica de Riacho Doce, bem como os estudos de Mangueira (2012; 2016), sob a perspectiva
da crítica feminista, e Moraes e Vieira (2017) e Coelho (2019), que versam, entre outros, sobre
as relações entre tradição e ruptura.

PALAVRAS-CHAVE: Literatura brasileira. Riacho Doce. Recepção crítica. Interpretação.

UMA HISTÓRIA EDITORIAL DA PRODUÇÃO LITERÁRIA DE


CASSANDRA RIOS

Ingrid da Silva Marinho


Orientador (a): Valéria Augusti
Orientadora: Literatura, Interpretação, Circulação e Recepção
RESUMO: O projeto de tese propõe investigar a história editorial da produção literária de
Cassandra Rios (1932- 2002), considerando a produção, circulação e recepção dos seus livros.
Notoriamente, muitas pesquisas analisam a escritora Cassandra Rios como uma das autoras
mais censuradas e, também, como uma das autoras com maior vendagem. Entretanto, nenhuma
das pesquisas encontradas responde as seguintes questões: Como esses romances chegavam até
os livreiros? Como o público leitor tinha acesso e comprava seus livros se a censura os tirava
de circulação? Quais editoras e editores participaram desse processo? Esses questionamentos
surgem diante das afirmações que apontam uma equação inexata, pois se havia censura e
proibição como esses livros chegavam nas bancas e, consequentemente, nas mãos do leitor,
tornando-se sucesso de vendas? Diante de tais indagações, a presente pesquisa, também
motivada pelo ineditismo, torna-se relevante à medida que propõe investigar essa história
editorial, ainda não contada, da produção literária de Cassandra Rios, por trás desse best-seller.
A pesquisa proposta circunscreve-se a partir de um mapeamento e investigação das editoras
responsáveis pela publicação dos livros de Cassandra Rios. Para isso, os arquivos de algumas
editoras, entre elas a Record e a Global serão importantes para concretizarmos o objetivo geral;
visita aos sebos de São Paulo e do Rio de Janeiro contribuirá para o levantamento do número
de edições por título; além disso, as bibliotecas públicas paulistas e online também serão fontes
para o trabalho de coleta de dados, uma vez que possuem os jornais e revistas de circulação
referentes à época, onde é possível encontrar matérias de opinião e anúncios publicitários dos
livros da escritora. Incluiremos um estudo bibliográfico para análise dos dados coletados,
utilizando pressupostos teóricos e para fundamentar essa pesquisa, teremos como autores
basilares Roger Chartier, Pierre Bourdieu, Robert Darnton e Alessandra El Far.

PALAVRAS-CHAVE: Cassandra Rios. História editorial. Circulação.

TEXTUALIDADES INDÍGENAS EM PERSPECTIVA COMPARADA E


TRADUÇÃO: O CASO DE “WATUNNA” - COSMOLOGIA YE'KWANA

Isabel Maria Fonseca Gondinho


Orientadora: Porfa. Dra. Izabela Guimarães Guerra Leal
Linha de Pesquisa: Literatura, Memória e Identidades

RESUMO: O avanço das pesquisas no campo das ciências humanas, sobretudo pelos estudos
da Antropologia e o campo dos estudos literários já deram provas de que os modos dos povos
indígenas pensarem e expressarem os seus sentimentos e pensamentos são um tanto distintos
dos nossos, ocidentais. Essas diferenças se manifestam em todas as esferas de atividades,
inclusive nos modos de criar e de contar histórias. A presente proposta de pesquisa corrobora
essa afirmação e serve de ponto de partida e de expansão da proposta de investigação que
pretendemos analisar, em perspectiva comparada e mediante aspectos da ética e poética da
tradução, duas versões de Watunna, o grande conjunto mítico-lendário-histórico do povo
Ye'kwana: uma publicada em espanhol nos anos 70, pelo geólogo de formação e etnógrafo
francês Marc de Civrieux, que viveu com o povo Ye'kwana por mais de vinte anos; e a outra
em língua Ye'kwana e traduzido para o português, coligida e organizada pelo índio Ye'kwana,
Marcos Rodrigues em 2019, com a intenção de pesquisar e aprender sobre os processos de
recriação das artes verbais indígenas.

PALAVRAS-CHAVE: Watunna. Povo Ye'kwan. Poética.Tadução. Literatura Indígena


DO SERINGAL À TERRA CAÍDA: REPRESENTAÇÕES SOBRE A
AMAZÔNIA A PARTIR DOS PROCESSOS DE ADAPTAÇÃO DO TEXTO
LITERÁRIO AO DISCURSO TELEVISIVO

João Pereira Loureiro Junior


Orientador: Prof. Dr. Carlos Augusto Nascimento Sarmento-Pantoja
Linha de Pesquisa: Literatura, Memória e Identidades

RESUMO: A Amazônia é um espaço que não se limita a demarcações territoriais. Construído


múltiplas identidades, culturas e expressões que vão além de qualquer tentativa em enquadrá-
la a um estereótipo, o espaço amazônico é difícil de ser mensurado em poucas palavras.
Entretanto, sempre quando a vemos sendo retratada na TV, é comum perceber este espaço como
homogêneo, como se ele fosse unicamente um espaço verde e uma imensidão misteriosa de
selvas inabitadas. Neste sentido, a proposta deste trabalho é discutir as representações sobre a
Amazônia a partir das adaptações literárias feitas para a TV, tendo em vista os processos de
adaptação que reconstroem não apenas os signos de representação entre texto literário e suas
adaptações, mas sim, discursos em torno deste espaço muitas vezes visto sob a ótica dos lugares
comuns e estereótipos que marcam essas representações sobre a região, seja no discurso
literário, aqui analisados a partir dos textos de partida: Terra Caída de José Potyguara e Seringal
de Miguel Ferrante, seja no discurso televisivo representado pela minissérie Amazônia: de
Galvez a Chico Mendes, de autoria de Glória Perez. Nossa intenção aqui é fazer um
levantamento a respeito do processo de adaptação dos textos literários para o produto televisivo,
tendo como foco de reflexão os olhares construídos em torno do espaço Amazônia em toda sua
diversidade, assim como pretende-se tecer um painel reflexivo a respeito de como muitas vezes
essa Amazônia representada em textos diversos como o literário e o televisivo alimenta noções
equivocadas sobre a região e essas marcas são visíveis na constituição de um texto de chegada
que ignora muitas vezes as particularidades de nossa região.

PALAVRAS-CHAVE: Amazônia. Adaptação. Terra caída. Seringal.

COLONIZAÇÃO DO TERRITÓRIO AMAZÔNICO: OS DISCURSOS DE


GASPAR DE CARVAJAL E HENRY BATES E A FORMAÇÃO DO
CONCEITO DE AMAZÔNIA

Jocenilda Pires de Sousa do Rosário


Orientador: Prof. Dr. Carlos Henrique Lopes de Almeida
Linha de Pesquisa: Literatura, Memória e Identidades

RESUMO: A presente pesquisa surgiu da necessidade de compreensão do processo de


colonização da Amazônia e a formação do conceito do lugar. Tem como objeto de pesquisa o
estudo das obras de Gaspar de Carvajal e Henry Bates, considerando o recorte de dois períodos
históricos distintos, séculos XVI e XIX, propondo uma análise minuciosa dos aspectos ligados
à literatura e à historiografia, tomando como referência tanto a Amazônia brasileira quanto à
internacional que são identificadas nas obras dos referidos autores. Sendo assim, a problemática
que se pretende elucidar com esta pesquisa é a seguinte: Como o conceito de Amazônia foi
sendo formado ao longo dos séculos e de que forma os discursos de Carvajal e Henry Bates
contribuíram para a formação do conceito do lugar? No que compete ao plano metodológico, a
pesquisa se insere em um campo de investigação bibliográfica, descritiva e documental, cujo
corpus se formará a partir das obras produzidas por Carvajal e Bates. A fonte utilizada para a
pesquisa consistirá em consulta à bibliografia teórica e crítica básica, referindo-se a itens
necessários aos estudos e reflexões sobre o imaginário amazônico, bem como das narrativas de
viagem, da visão do homem naturalista sobre a região amazônica e aos outros itens que abarcam
os estudos da cronística de viagem de Carvajal e do relato de Bates. Busca-se fundamentar a
pesquisa nos estudos de Gondim (1994), Pizarro (2005/2009), Almeida (2016), Souza (2013),
entre outros. O interesse ao escolher um tema que abordará a Amazônia merece sua importância
no âmbito da historiografia e da literatura, pautando nosso olhar para o contexto histórico e
cultural do processo de colonização da Amazônia que servirá para compreender elementos
necessários ao nosso entendimento sobre o lugar e que contribuirá com pesquisas que tenham
como foco a Amazônia.

PALAVRAS-CHAVE: Colonização. Amazônia. Discurso.

O POBRE EM DALCÍDIO JURANDIR: A EVOLUÇÃO DO OLHAR DO


MENINO ALFREDO, AGORA ADOLESCENTE EM “PONTE DO GALO”

José Elias Pereira Hage


Orientadora: Profa. Dra.Marli Tereza Furtado
Linha de Pesquisa: Literatura, Interpretação, Circulação e Recepção

RESUMO: Em dez romances, publicados entre 1941 e 1978, o escritor paraense Dalcídio
Jurandir (1909 – 1979) construiu o ciclo Extremo Norte, no qual intentou revelar o viver
Amazônico do ponto de vista de personagens fortes e de heroica humanidade, como o
personagem ALFREDO, protagonista de nove desses romances nos quais se envolve com
alguns traços característicos da pobreza amazônica. Dalcídio Jurandir expõe uma realidade de
carestia em seu ciclo romanesco, no qual a falta de bens, serviços essenciais e a carência de
recursos econômicos são vistas como uma forma de exclusão social, que ganham evidência por
conta de uma postura preconceituosa de alguns personagens em relação ao caboclo do interior
do estado, sentida pelo personagem em vários momentos do ciclo. Pelo olhar de Alfredo há
também uma evolução da percepção da realidade desvalida que o rodeia. No Romance Ponte
do Galo, sétimo do Ciclo, o agora adolescente Alfredo se depara com as personagens que
fizeram parte da sua infância e reflete sobre essa realidade. A carência financeira reverbera na
obra de Dalcídio explicitando em todos os personagens a consequência da pobreza. Em Ponte
do Galo em diversos trechos, a pobreza circula Alfredo e invade a sua intimidade em suas
elucubrações internas e descortina o jogo de aparências em que vive exposto. Esse trabalho
pretende estudar essas relações.

PALAVRAS-CHAVE: Pobre. Alfredo. Ponte do Galo

MEMÓRIAS DA CONSTRUÇÃO DA RODOVIA TRANSAMAZÔNICA (BR


230) NA LITERATURA

José Valtemir Ferreira da Silva


Tânia Maria Pereira Sarmento-Pantoja
Linha de Pesquisa: Literatura, Memória e Identidades
RESUMO: A construção da rodovia Transamazônica (BR 230) foi e é referida por sua
grandiosidade, repercussão e importância para o cenário nacional, especificamente, para a
Amazônia brasileira. Desde o seu advento, o empreendimento produziu uma multiplicidade de
sentidos e memórias que se constituíram em fonte de pesquisa das mais variadas áreas do
conhecimento. Nesse contexto, esta Tese apresenta a literatura como uma forma pertinente de
abordar e pôr em evidência as demandas da construção e colonização da Transamazônica. A
partir da ideia de que a literatura apresenta em menor ou maior proporções vínculos com os
aspectos sociais e históricos fundantes e que oferece uma mensagem, um ponto de vista acerca
de uma realidade complexa, procura-se demonstrar como as produções literárias se organizaram
enquanto um “lugar de memória” plausível sobre o empreendimento, diante de cenários
diversos, contrários e específicos. Para tanto, nove produções literárias ambientadas e que
tematizam a construção e colonização da rodovia Transamazônica foram coletadas na pesquisa,
dentre as quais, quatro são destacadas na discussão, sendo: Tempo de estrada - 20 poemas da
Transamazônica, coordenado por Walter Duarte, Dois Meninos na Transamazônica de
Margarida Ottoni, Missão Secreta na Transamazônica de Francisco de Assis Brasil, A Ponte
Sobre O Tuerê: Drama na Abertura da Transamazônica de John Coningham Netto. Desta forma,
com a análise destas produções literárias, associadas ao suporte teórico de estudos da crítica
literária, como Antonio Candido, da memória, como Pierre Nora, de pesquisadores da rodovia,
como Martins de Souza, além de fontes bibliográficas e documentais que tematizam as
demandas de construção da rodovia, evidencia-se a constituição de “faces de memória da
literatura” sobre a Transamazônica.

PALAVRAS-CHAVE: Transamazônica. Literatura. Faces de Memória.

NARRATIVAS DO POVO DO DAIME DA COLÔNIA CINCO MIL: UMA


CARTOGRAFIA DOS AFETOS

Júlia Lobato Pinto de Moura


Orientadora: Profa. Dra. Maria de Jesus Morais
Linha de Pesquisa: Literatura, Memória e Identidades

RESUMO: Esta pesquisa tem como foco as narrativas sobre Colônia Cinco Mil, que é uma das
primeiras comunidades da doutrina do Daime, fundada na década de 1970 pelo amazonense
Sebastião Mota, seguidor de Irineu Serra fundador da irmandade. Narrativas orais e escritas
vem ao longo das décadas construindo imagens e propostas de significação sobre o que é a
Cinco Mil como espaço do vivido, seus trânsitos, experiências, tensões, saberes e fazeres. O
objetivo é produzir uma cartografia da Colônia Cinco Mil como multiterritorialidades da
doutrina do Daime do seguimento do padrinho Sebastião em Rio Branco. Conhecida por ter
sido o lugar de encontro do Daime com ideais da contracultura, e epicentro de sua expansão
para o interior da floresta e para outras regiões do país, entende-se que não é um dado na
paisagem ou um capítulo do passado na história evolutiva da religião - e sim um conjunto de
micropolíticas, memórias, várias camadas de histórias, geografias, subjetividades viventes no
tempo hoje. O fluxo de visitantes na comunidade é intenso desde os primeiros anos. Ali chegam
pessoas de diversos estados e países para visitar, frequentar, morar e vivenciar experiências
com a bebida psicoativa de vários nomes e origens indígenas, denominada no contexto de Santo
Daime. São experiências com realidades não-ordinárias e aprendizado com a inteligência das
plantas professoras sob uma ética e estética cristã esotérica amazônica. As fontes de pesquisa
são diversificadas. Encontramos no campo das teorias do discurso e decolonialidade bons
conceitos, que são metáforas que utilizamos como ferramentas de análise. É através das
palavras que os corpos, como condição primordial da existência humana, se relacionam,
produzem e traduzem os lugares e suas percepções. No diálogo com os hinos da irmandade, os
narradores participam como co-autores no exercício de uma escuta e escrita poético-científica
do território político-afetivo Colônia Cinco Mil.

PALAVRAS-CHAVE: Narrativas. Cinco Mil. Santo Daime. Cartografia.

DO ABISMO À VERTIGEM DO ENLACE: POR UMA POÉTICA DA


CONTINUIDADE EM MAX MARTINS

Juliana de Fátima Reis Vieira


Orientadora: Profa. Dra. Mayara Ribeiro Guimarães
Linha de Pesquisa: Literatura, Interpretação, Circulação e Recepção

RESUMO: Este trabalho propõe com um estudo crítico pensar a poesia de Max Martins a partir
de sua dimensão erótica. O poeta paraense no transcurso de sua poética, sobretudo, nos enlaces
de Caminho de Marahu (1983), Marahu Poemas (1992) e Colmando a lacuna (2001) faz
reverberar em cada obra um elemento chave e que, respectivamente, são: o gozo, os sentidos
sensoriais e a nudez. Elementos estes que fundam uma intimidade e, uma vez que propomos
denominá-los de itinerários eróticos, compreendemos que eles constituem juntos corpos
sensuais. Para tanto, partimos da assertiva de que o corpo poético é, sobremaneira, o corpo
erótico, e esse duplo compõe uma poética da continuidade, que à revelia do tempo parece
conceber o poema como um instante de fusão erótica. Para acompanhar essa leitura, buscamos
compreender as propostas formuladas por Georges Bataille, em O erotismo e A experiência
Interior, que pensa o fenômeno erótico como o extremo da consciência humana, ainda mais,
como aquilo ao qual concilia em si os estados dissonantes que compõem a existência humana:
interdito, transgressão, descontinuidade e continuidade. Contribuem também as formulações de
Octavio Paz, Michel Leiris, Michel Foucault no que tange às concepções que abordam o
momento de fusão erótica. Paralelo a essas formulações, há também as considerações de
Benedito Nunes e Eliane Robert Moraes, quanto a indomável conexão entre erotismo e poesia,
ambos fenômenos fundados pela imaginação. É possível ousarmos dizer que com a inter-
relação dessas obras de Max Martins, sob a iluminação erótica, temos um corpo descoberto
pelas palavras e por elas penetrado. Nesta busca íntima o poeta intima os poemas a deslizarem
no branco da página como se estivessem a evocar um outro ser, articulando assim, sob a forma
da nudez e o apelo aos sentidos, o gozo como efeito pulsante de sua poética.

PALAVRAS-CHAVE: Max Martin. Itinerários eróticos. Poética da continuidade. Fusão


erótica.

CORPO (DES)MASCARADO EM CLARICE LISPECTOR

Julie Christie Damasceno Leal


Orientador: Prof. Dr. Antonio Maximo Von Sohsten Gomes Ferraz
Linha de Pesquisa: Literatura, Interpretação, Circulação e Recepção

RESUMO: Em A Via Crucis do Corpo, a escritora Clarice Lispector transita e reverbera, com
sua escrita, por meandros literários/estéticos pouco explorados no percurso de sua obra, a saber:
sexualidade, crime, traição. E atravessando tais temáticas o corpo ora surge como questão e fio
condutor das narrativas, ora ressurge (des)mascarado por nuances que põem em evidência o
feminino, suas metáforas e transfigurações. No que se refere ao feminino e as possíveis
interpretações sobre o belo, o conto “Ele me bebeu” é bastante significativo, pois apresenta
Aurélia do Nascimento, um mulher que entra em conflito com a sua própria imagem. A
descrição de Aurélia evidencia sua necessidade de mascarar-se, de tentar apresentar para si e
para as demais pessoas outra representação de sua pessoa: peruca, cílios postiços, maquiagem,
tal qual uma atriz encenando uma personagem. Aurélia, através da tais artifícios, parece criar
uma persona, ou seja, uma nova Aurélia que satisfazia os ditames sociais, aqueles nos quais ser
mulher encontra-se relacionado a padrões que devem ser seguidos, muitos deles estereotipados
e engessados em interpretações do feminino que não perpassam por escolhas, afirmação de si e
identificação, mas por imposições historicamente alicerçadas. Assim, objetiva-se demonstrar e
desnudar possibilidades interpretativas do corpo feminino em Clarice Lispector que
ultrapassam as visões arraigadas e socialmente esperadas da mulher, para efetuar uma noção de
feminino vigorosa e afirmativa de si.

PALAVRAS-CHAVE: Corpo. Máscaras. Clarice Lispector.


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PAISAGEM: A REPRESENTAÇÃO DO NOVO MUNDO EM FUENTES E


CARVAJAL

Keury Naiane Silva de Almeida


Orientador: Carlos Henrique Lopes de Almeida
Linha de Pesquisa: Literatura, Memória e Identidades

RESUMO: Os cronistas do descobrimento discursaram e representaram o Novo Mundo sob as


bases da própria cultura, isto é, sob as bases da cultura europeia, desconsiderando, por exemplo,
os saberes e credos dos povos originários. A nova novela histórica é um dos desdobramentos
do romance histórico e um dos principais temas é o Novo Mundo que toma como base
recorrentemente as crônicas, ligado a identidade e as origens, justamente por se aproximar dos
500 anos do descobrimento. Nesse sentido, este é um estudo comparado que objetiva principal
observar se as estruturas de imposição e supremacia representadas pelos cronistas são
combatidas ou reforçadas pelos novelistas históricos, desde a perspectiva da paisagem como
aspecto delimitador na obra literária. Os procedimentos metodológicos se pautam na pesquisa
qualitativa de cunho bibliográfico, por isso, para tal estudo utilizamos preliminarmente o
seguinte referencial teórico: Representação: palavras, instituições e idéias (1967) de Pitkin; O
realismo maravilhoso (1980) de Irlemar Chiampi; Cartas, crónicas y relaciones del
descubrimiento y la conquista (1982) de Mignolo; Paisaje y Literatura, o los fantasmas de la
otredad (1989) de Claudio Guillén; A invenção da América (1992) de O’gorman; Terra nostra:
Crónica universal del orbe (apuntes sobre intertextualidad) (1992) de Gutierrez; La nueva
novela histórica de América Latina (1993) de Menton. O corpus do trabalho é composto pela
crônica Descubrimiento del Río de las Amazonas, Relación de Gaspar de Carvajal de (1542)
de Carvajal e pela Nova novela histórica Terra Nostra (1975) de Carlos Fuentes.

PALAVRAS-CHAVE: Paisagem, Representação, Crônica, Nova novela histórica.

SOBREVIVER NO EXÍLIO: EXPERIÊNCIAS DA INFÂNCIA EM


NARRATIVAS TESTEMUNHAIS E FICCIONAIS
Ladyana dos Santos Lobato
Orientadora: Profa. Dra. Tânia Maria Pereira Sarmento-Pantoja
Linha de Pesquisa: Literatura, Memória e Identidades

RESUMO: Nesta pesquisa, analisamos o testemunho de filhos de perseguidos, desaparecidos


e mortos políticos da Ditadura Militar de 1964, que reporta à experiência da infância no exílio
e a forma com que essa experiência fora representada na produção literária e cinematográfica.
Para isso, selecionamos dois corpora de pesquisa. O primeiro é constituído de 03 (três)
narrativas testemunhais publicadas, em 2014, na obra Infância Roubada: “O exílio do meu pai
foi a nossa despedida”, de Suely Coqueiro; “Por que você é tão tristinha?”, de Marta Nehring;
e “Adotados pela Revolução Cubana”, de Virgílio Gomes da Silva Filho. O segundo é
constituído de 02 (duas) literaturas de testemunho: Meninos sem Pátria, de Luiz Puntel,
publicada em 1988 e A Resistência, de Julián Fuks, publicada em 2015; assim como, o filme-
testemunho Diário de uma busca, lançado em 2010, por Flávia Castro. O objetivo é propor um
instrumento de análise comum para narrativas testemunhais e ficcionais que reportam
experiências da infância no exílio. Neste processo, consideramos 04 (quatro) categorias de
análise: 1) A Motivação; 2) A Viagem; 3) A Estada; 4) O Retorno. A tese dialoga com conceitos
do campo dos estudos migratórios (CAVALCANTI, 2017); exílio (SAID, 2003; VIÑAR e
VIÑAR, 1992; ROLLEMBERG, 2007); estado de exceção (AGAMBEN, 2004); testemunho
(SELIGMANN-SILVA, 2008; VILELA, 2000; SALGUEIRO, 2012); literatura de testemunho
(MARCO, 2004; LUQUE, 2003); memória (BASILE, 2019; FANDIÑO, 2016; SARLO, 2007);
sobrevivência (PELBART, 2008, 2013) e utopia (SZACHI, 1972). Neste estudo, verificamos
que os corpora de pesquisa são narrativas da história de sobrevivência da experiência do exílio.
Além disso, apresentam um discurso utópico, que surge por meio da crença de que o exílio fora
um espaço de liberdade. O discurso utópico pode ser considerado como uma tipologia de
resistência que permanece no testemunho da segunda geração como vivência pessoal e
histórica, até os dias de hoje.

PALAVRAS-CHAVE: Testemunho. Memória. Exílio. Sobrevivência. Utopia.

AS FACES DA RESISTÊNCIA NA LITERATURA DE MULHERES


POTIGUARA E MAPUCHE

Larissa Fontinele de Alencar


Orientadora: Profa. Dra.Tania Maria Pereira Sarmento Pantoja
Linha de Pesquisa: Literatura, Memória e Identidades

RESUMO: Este trabalho tem por objetivo apresentar um panorama da pesquisa em andamento
que propõe analisar as faces da resistência a partir dos poemas publicados por mulheres
indígenas das etnias Potiguara (Brasil) e Mapuche (Chile). De modo geral, a literatura de
resistência é um campo da teoria literária que estuda as literaturas que emergem em contextos
de autoritarismo, estados de exceção, situações de barbárie, traumas ou ainda que tematizam
tais condições sócio-históricas e psicológicas. As literaturas indígenas da América Sul, de
maneira ampla e resumida, trazem em seu bojo formas de resistências aos domínios das práticas
hegemônicas discriminatórias advindas de uma percepção colonizadora que ainda persiste
mesmo na contemporaneidade. Diante disso, as literaturas feitas por mulheres indígenas das
etnias Potiguara e Mapuche, que são o recorte selecionado para esta pesquisa em andamento,
são textos que através da palavra transcendem a resistência sob a ótica tanto de gênero quanto
de identidade étnica. Como pressupostos teóricos, utilizamos Bosi (2000; 2002), Graúna
(2013), Lugones (2008; 2014), entre outros. Através deles, observaremos também a resistência
literária através da ótica da interseccionalidade prevista no feminismo de perspectiva
decolonial, além de tracejarmos uma nova forma de observação e análise desses textos literários
sob o viés da teoria da literatura de resistência. Portanto, uma das contribuições mais
significativas desta pesquisa é a junção da literatura de resistência às literaturas indígenas,
agregando-se a esse campo uma narrativa outra, de fonte decolonial que atravessa corpos e
textos que foram, durante muito tempo, excluídos dos estudos literários.

PALAVRAS-CHAVE: Literatura. Resistência. Indígena. Mulheres.

EXÍLIO, FRONTEIRA E RASURA EM MAX MARTINS

Leila Melo Coroa


Orientadora: Prof. Dra. Mayara Ribeiro Guimarães
Linha de Pesquisa: Literatura, Interpretação, Circulação e Recepção

RESUMO: A presente pesquisa tem como objetivo investigar a experiência de exílio que
representa o poema, e de que forma esse exílio se apresenta enquanto condição fundante de
uma poética; fazendo de seu poeta o errante, sempre fora de si mesmo, à margem. E assim
também pensar como, a partir do deslocamento que significa também este exílio, o poeta situa
sua escrita em uma região transfronteiriça que é, sobretudo, ausência de lugar, entre-lugar.
Para neste movimento, desfazer-se de si, assumindo-se estrangeiro dentro da própria escrita,
pois somente a língua fraturada do exílio abrigará o ideal dessa escritura.

PALAVRAS-CHAVE: Exílio. Fronteira. Rasura. Max Martins.

IDENTIDADES, TRÂNSITOS E DISSOLUÇÕES FRONTEIRIÇAS NA MÚSICA


“LATINO”-AMERICANA: UMA ANÁLISE HISTÓRICA E ESTÉTICA

Letícia Porto Ribeiro


Orientador: Prof. Dr. Marcello Messina
Linha de Pesquisa: Culturas, Narrativas e Identidades Amazônicas

RESUMO: Nesta apresentação mostraremos a linha geral do projeto da pesquisa iniciada neste
ano junto à Universidade Federal do Acre, no curso de doutorado. O projeto parte da hipótese
de que a música foi um meio pelo qual comunidades de alguns países latino-americanos por
um lado se uniram ou, por outro lado, ligaram-se a temáticas mais "ufanistas". Como
metodologia se adotará a teoria decolonial, os estudos culturais e a semiologia tripartite como
apresentada por Nattiez. Com o apoio dessas teorias, o projeto propõe investigar como a
imagem de povo e suas manifestações culturais foram apropriadas/reapropriadas por grupos e
compositores em favor de uma união “latino”-americana socialista, e o seu contrário, ou seja, a
busca da diferenciação em relação a um povo ou região. Propomos investigar como essa
utilização se deu de forma a validar determinadas visões de povo e de direção política, bem
como buscaremos realizar uma leitura crítica de como puderam ser orientalizadas de forma a
se tornarem “exóticas” para serem mais “atraentes” a um público específico – local ou não.
Também intentamos analisar como as temáticas se alteram de acordo com o período histórico
vivido, e como esses períodos se deram nos países analisados, buscando compreender como
os grupos musicais e as representações de povo/sociedade que foram veiculadas mudaram de
acordo com a mudança de orientações de governos. Para isso, serão analisadas composições
dos períodos, reportagens e entrevistas de jornais/revistas, presenças e grupos e cantores em
festivais e em eventos nacionais/internacionais, presença (ou ausência) em programas
midiáticos.

PALAVRAS-CHAVE: Música. Decolonialidade. América Latina. Canção de


Protesto.

DES/RETERRITORIALIZAÇÃO E NARRATIVAS TESTEMUNHAIS


LATINOAMERICANA: CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

Liana Márcia Gonçalves Mafra


Orientadora: Porfa. Dra. Tânia Maria Pereira Sarmento-Pantoja
Linha de Pesquisa: Literatura, Memória e Identidades

RESUMO: A presente proposta de comunicação é parte da pesquisa inicial e em andamento,


desenvolvida no doutoramento em Letras, e objetiva apresentar discussões preliminares dos
conceitos de desterritorialização e reterritorialização desenvolvidos por Deleuze e Guattari,
relacionando-os à presença acentuada da Literatura de Testemunho no contexto das ditaduras
de Segurança Nacional no Cone Sul da América Latina, que provocou desterritorialização
dentro do espaço latino-americano e concomitantemente reterritorializado em exílios, insílios,
desexílios, em processo de fuga e ruptura geográfica e do pensamento. Nesta elaboração
des/reterritorializada tem-se uma narrativa literária atingida pelo social, histórico, estético de
um determinado espaço-tempo. Desse modo, partindo da concepção de movimentos de
desterritorialização e reterritorialização, postulados por Deleuze e Guattari, exploraremos os
conceitos como vetores de abandono e construção de um novo território, como processos
indissociáveis, que podem se dar no próprio socius ou no pensamento, em diálogo com as
narrativas testemunhais latino-americanas, como uma estética nova, que subverte fronteiras, e
marginal em relação ao estabelecido como cânone literário.

PALAVRAS-CHAVE: Desterritorialização. Reterritorialização. Literatura Testemunhal.

RITUAL DE VIOLÊNCIA E SACRIFÍCIO EM “A PAIXÃO SEGUNDO


G.H.”, DE CLARICE LISPECTOR

Luã Leal Gouveia


Orientadora: Profa. Dra. Maria de Fátima do Nascimento
Linha de Pesquisa: Literatura, Interpretação, Circulação e Recepção

RESUMO: A presente pesquisa tem por objetivo analisar a obra “A paixão segundo G.H.”
(1964), de Clarice Lispector, sobre a óptica do sagrado, partindo de discussões acerca de uma
leitura filosófica, sobre o legado clariceano, e recepcionar os questionamentos que são
reverberados do romance. Na obra em análise a protagonista, identificada pelas suas iniciais
G.H., narra sua experiência de querer limpar o quarto da empregada e se depara com o inseto
do qual tinha um medo enorme, uma barata. O contato com este inseto provocou uma violência
assustadora, da qual G.H. desconhecia, e viu sua vida em extrema desestabilidade, isto é,
alucinada e envolvida pelo êxtase, ela se vê sendo vista, esvaziada de sua vida pessoal.
(NUNES, 1995, p. 58). Assim, a chave desta pesquisa é analisar essa zona de atrito, violenta,
que ocorreu entre a protagonista e o inseto, como parte de uma estrutura muito arcaica: a
violência, e, como diria René Girard (1990), aproximá-la do sacrifício, ou seja, analisar esta
constituição do sacrifício que é atravessado pela violência. Deste modo, G.H. foi cruzada pelo
ato de brutalidade contra a barata, acarretando na perda de sua organização, e levada a querer
conhecer o estado núcleo da vida, que só conseguirá alcançar quando deixar sua organização
humana. Para tanto, partindo destas premissas, a discussão orienta-se na construção de uma
leitura acerca do sagrado, observando a questão da violência e sacrifício como parte de um
ritual no qual a protagonista necessita passar, a partir do romance, propondo um diálogo com
os estudos dos autores: Amaral (2005); Eliade (2018); Girard (1990); Gotlib(2013); Nunes
(1988, 1995, 2009); Rosenbaum (2006); Waldman (1992).
PALAVRAS-CHAVE: Violência e sacrifício. Sacrifício de G.H. A paixão segundo G.H.

O DISCURSO DO NARRADOR E A FALA DAS PERSONAGENS DO


ROMANCE CHOVE NOS CAMPOS DE CACHEIRA, DE DALCÍDIO
JURANDIR

Lucilia Lúbia de Sousa Pinheiro


Orientador: Prof. Dr. Gunter Karl Pressler
Linha de Pesquisa: Literatura, Interpretação, Circulação e Recepção

RESUMO: O presente trabalho apresenta uma abordagem acerca de dois elementos


constitutivos de textos narrativos ficcionais: narrador e personagem. A partir de uma análise
narratológica aponta-se de que modo essas duas instâncias narrativas aparecem no primeiro
romance do escritor Dalcídio Jurandir (1909-1979), Chove nos campos de Cachoeira (1941).
Além dessas instâncias, um dos elementos de grande relevância é a perspectiva. É importante
observar como esse mecanismo é articulado em Chove, visto que esse recurso, muito utilizado
na escrita de Jurandir, faz com que o leitor tenha que estar ativo e atento ao desenvolvimento
da narrativa, é o estar atento às questões de “quem fala”, “quem percebe”. O teórico alemão
Wolf Schmid, em seu livro Elemente der Narratologie (2014) [Elementos da Narratologia]
constitui base, uma vez que o teórico apresenta um estudo vasto da vertente teórica da
Narratologia desde a época do Estruturalismo Francês, trazendo para o debate discussões
recentes sobre a Narratologia, contrastando com a Narratologia tradicional (Genette, 1995;
Todorov, 1982; Barthes, 2008) e a teoria do romance (Lukács, 2009; Bakhtin, 1992).

PALAVRAS-CHAVE: Narrador. Personagem. Dalcídio Jurandir.

MÍMESIS E (ANTI)REALISMO EM ESTÓRIAS DE GUIMARÃES ROSA

Luziane de Sousa Feitosa


Orientador: Prof. Dr. Silvio Augusto de Oliveira Holanda
Linha de Pesquisa: Literatura, Interpretação, Circulação e Recepção

RESUMO: Nossa pesquisa está voltada para as particularidades da poética de determinadas


estórias escritas por Guimarães Rosa — reunidas nas coletâneas Primeiras estórias (1962);
Tutaméia (1967); Estas estórias (1967) — e os limites do realismo neste universo textual. Nesse
sentido, cumpre refletir acerca do trabalho do artista frente à realidade que lhe é apresentada,
“material” passível de ser moldado, em meio a diferentes possibilidades, posto que a atividade
literária se constitui, seja por meio da experimentação ou da contestação, evidenciadas no ato
criador, em seu produto final, a obra, em interação com o seu leitor de diferentes épocas. Nesse
sentido, a noção de imitação tem sido um importante parâmetro da arte literária, ora refutada,
ora defendida, quando não abandonada. Nossa atenção também recai sobre a história da
representação poética da realidade, particularmente na literatura ocidental. Assim sendo, o que
discutiremos, neste breve recorte de nossa pesquisa que pretendemos apresentar nesse evento,
é a própria relação do texto literário com o mundo, seja como forma de representá-lo de forma
realista, o que culminou na origem do Realismo, seja no sentido de romper com essa tradição,
o que nos remete, de início, ao Modernismo. Desse modo, propomo-nos a fazer uma reflexão
sobre a literatura, a percepção da realidade e o imaginário na ficção contemporânea, com foco
na obra de Guimarães Rosa, e no que a princípio denominamos “(anti)realismo” presente em
alguns de suas estórias, evidenciado em diferentes elementos e procedimentos que pretendemos
identificar e examinar, considerando, também, a relevante recepção crítica de seus contos.
Nosso trabalho está fundamentado teoricamente em considerações de Erich Auerbach (1976),
Jauss (1982), Barthes (1968). Em relação às pesquisas sobre a temática em contexto nacional,
partimos das considerações de Candido (1993), Lima (1969), Pellegrini (2007), Simões (s/d),
Galvão (2008), Brasil (1932), entre outros.

PALAVRAS-CHAVE: Guimarães Rosa; Realismo; Mímesis; Estórias.

A PRIMEIRA TERRA & AS PRIMEIRAS PALAVRAS INSPIRADAS

Márcio Danilo de Carvalho Carneiro


Orientadora: Profa. Dra. Izabela Guimaraes Guerra Leal
Linha de Pesquisa: Literatura, Memória e Identidades

RESUMO: A presente comunicação oferece uma leitura inicial da tradução poética de Josely
Vianna Baptista para os cantos sagrados dos mbyá-guarani do Cuairá, os quais apresentam a
cosmologia guarani, assim como a tradução feita por Haroldo de Campos da cena da origem
segundo a memória hebraica. De forma breve, a comunicação pretende apontar aproximações
fortuitas e eventuais distanciamentos entre as mitopoéticas e identificar o projeto de tradução
proposto por esses dois poetas tradutores. Sobretudo, apontaremos o diálogo entre as duas
produções através da palavra fundante que, em sua vigência dialética, cria mundos e estabelece
a terra, o humos, o homem. A comunicação apresenta os primeiros questionamentos de uma
pesquisa de mestrado iniciada este ano. Uma questão norteadora a ser discutida é: o que é falar
para os índios? O que é falar para um hebreu? Nos propomos a refletir acerca do valor da
linguagem e da oralidade para os mbyá e para os hebreus, a fim de escutar o construto de sua
natureza. As traduções são, de fato, transcriações poéticas a partir da arte oral desses povos. Por
isso a pesquisa também contempla os estudos da tradução, em especial a existência de um
intracódigo que permite ao tradutor/poeta operar no limiar entre as línguas. São textos em uma
língua média que comporta a informação poética do texto de partida em um segundo idioma.
Esse processo não se dá por uma suposta existência de determinado parentesco entre línguas,
ou seja, não pressupõe uma raiz linguística comum, mas aponta um modo de intencionar em
qualquer idioma, uma informação poética a ser ouvida cuidadosamente. Josely Vianna Baptista
e Haroldo de Campos são leitores atentos à poética desses relatos da criação e dessas línguas
que exprimiram as primeiras palavras inspiradas.
PALAVRAS-CHAVE: Cantos sagrados. Cosmologia guarani. Poéticas indígenas. Poética
hebraica. Estudos da tradução.

METAFÍSICA DE CROCODILO: TRAVESSIA POÉTICA EM GUIMARÃES


ROSA

Marcos Roberto Pinho Palheta


Orientador: Prof. Dr. Antonio Maximo Von Sohsten Gomes Ferraz
Linha de Pesquisa: Literatura, Interpretação, Circulação e Recepção

RESUMO: A pesquisa que apresentamos propõe uma leitura questionante da obra poética de
Guimarães Rosa, ou seja, no interior da hermenêutica ontológica das questões, na qual,
queremos investigar a vigência metafísica pelo trânsito desconcertante e finito da palavra.
Defendemos, nessa investigação, que a “metafísica da língua” dá-se como travessia poética no
núcleo tensional da palavra, que recua para o silêncio em sua tendência nadificante, e que, tal
tendência se expõe no esforço do poeta-pensador em se deixar trair pela experiência da graça
da palavra em seu gracejo cômico. Diante disso, nos perguntamos se há, na obra poética de
Guimaraes Rosa, um percurso da palavra que realize o rumor originário do logos? É esse
percurso mesmo um programa metafísico pelo fio condutor da linguagem? Como, nesse
percurso, a palavra cria e recria o mundo em seu agir poético? Essas perguntas emergem quando
o mundo se faz obra de arte, e ressoam em dissonante consonância no homem aberto para
disposição poética. Emergem no tempo da origem do dizer, quando a palavra é geratriz do
mundo; quando a palavra é re-volução na re-volta do mundo; quando e onde a palavra
(parabállein) enlaça o mundo e o homem na tarefa de obrar-se e de fazer-se humano-travessia.

PALAVRAS-CHAVE: Hermenêutica. Metafísica. Palavra. Poética. Língua.

A METAFICÇÃO HISTORIOGRÁFICA EM UANHENGA XITU, MÁRCIO


SOUZA E JOSÉ CARDOSO PIRES: UMA ANÁLISE COMPARATIVA
ENTRE LITERATURAS DE LÍNGUA PORTUGUESA

Maria Aparecida Mineiro


Orientador: Prof. Dr. Carlos Henrique Lopes De Almeida
Linha de Pesquisa: Literatura, Memória e Identidades

RESUMO: Este estudo propõe modos de pensar sobre as diferentes dimensões que o fato
histórico adquire no âmbito da ficção na literatura angolana, portuguesa e brasileira, e o corpus
de análise se pauta em Mestre Tamoda, de Uanhenga Xitu, Balada da praia dos cães, de José
Cardoso Pires e Galvez, o imperador do Acre, de Márcio Souza. Isso porque nessas narrativas
verossímeis, percebe-se um acontecimento histórico constitutivo do fazer literário. Ademais,
demonstrar-se-á como essas construções literárias de diferentes sociedades, neste caso,
africana, portuguesa e brasileira realizam por intermédio da literatura textos originais
representantes de posicionamentos. Nesse sentido, o objetivo deste estudo será o de refletir
sobre as relações paradoxais entre literatura e história, nas obras citadas, de forma a identificar
como esses itens são inseridos na narrativa dos escritores, a ponto de se libertarem da imposição
da história. Assim, na possibilidade de estudos comparados com outras áreas do conhecimento,
o que ora se propõe é uma análise comparativa de textos da literatura portuguesa em cuja
latência nota-se o conspecto da história seja ela oficial ou não. Trata-se, portanto, de uma
investigação de caráter bibliográfico, com ênfase na discussão sobre as relações entre literatura
e realidade. Por este caminho, analisaremos os romances de Márcio Souza, José Cardoso Pires
e Uanhenga Xitu, que refletem sobre o próprio processo de elaboração artística e, ao mesmo
tempo, utilizam a história para contestar sua veracidade. Para a realização da pesquisa, a
metodologia consiste na análise comparativa de obras literárias e historiográficas, artigos,
revistas e outros materiais que dialogam sobre a temática. Observa-se, portanto, a metaficção
historiográfica à luz dos estudos de Linda Hutcheon (1991) e estudiosos como Zênia de Faria
(2012), Maria Tereza de Freitas (1986). Além disso, tratamos da Literatura Comparada por
meio de Coutinho (2006).

PALAVRAS-CHAVE: Márcio Souza. Uanhenga Xitu. José Cardoso Pires. Metaficção


historiográfica. Literatura Comparada.

OS DESVÃOS DO INCONSCIENTE CONTRA AS TOLICES DA


RACIONALIDADE: A REPRESENTAÇÃO DA LOUCURA NA OBRA DE
VICENTE CECIM

Maria Domingas Ferreira de Sales


Orientador: Prof. Dr. Sílvio Augusto de Oliveira Holanda
Linha de Pesquisa: Literatura, Interpretação, Circulação e Recepção

RESUMO: Esta pesquisa busca apresentar uma leitura da obra Viagem a Andara, o livro
invisível (edição da Iluminuras - São Paulo, 1988), localizando – a partir dos estudos
foucaultianos e psicanalíticos – a presença da “loucura” nos sete livros que a compõem. Para
sermos mais específicos, trata-se de elencar os personagens “loucos” que habitam o universo
de Andara, conferindo-lhes participação significativa na tessitura das narrativas, o que pode
tornar possível nova ressignificação da obra de Vicente Cecim. Nesse viés, longe da pretensão
de demarcar a obra do escritor paraense, os recortes aqui estabelecidos pretendem,
particularmente, compreender de que forma se efetiva o traçado vertical que sustenta a temática
da loucura presente na poética de Andara. Em vista disso, serão prioritárias as pesquisas
bibliográficas e documentais, acrescidas, ocasionalmente, dos resultados de entrevistas com o
próprio autor e pessoas de seu convívio. Desse modo, urge ressaltar a contribuição que esse
foco de análise pode oferecer aos estudos constitutivos da fortuna crítica de Vicente Cecim, na
medida em que a transposição de sua obra para o contexto das investigações acadêmicas
reforça, de certa maneira, a sua enorme relevância para o contexto literário amazônico,
histórica, geográfica e socialmente localizado. Ademais, por estar inserida no campo da Crítica
Literária, especialmente quanto ao tratamento de conceitos relacionados à obra como unidade
que se completa com a recepção, esta investigação se lança ao desafio permanente, imposto aos
leitores e críticos da literatura contemporânea: desnudar a obra literária, possibilitando-lhe
revelar-se, em busca de atingir outros possíveis horizontes.

PALAVRAS-CHAVE: Crítica Literária. Literatura Amazônica. Loucura. Psicanálise. Vicente


Cecim.

INVISIBILIDADE E VISUALIDADES AMAZÔNICAS: MEMÓRIA,


REPRESENTATIVIDADE E A DINÂMICA DAS ARTES VISUAIS
ACREANAS NO CONTEXTO SOCIOCULTURAL DA
CONTEMPORANEIDADE

Maria Nazaré Rodrigues Oliveira Dornellas


Orientador: Prof. Dr. Francisco Bento da Silva
Linha de Pesquisa: Culturas, Narrativas e Identidades Amazônicas

RESUMO: O objeto desta tese é desenvolver um estudo com as Artes Visuais (pinturas) de
artistas plásticos locais, como forma de analisar e compreender os elementos contidos nas obras
de arte enquanto expressão de linguagem, seu lugar e suas representatividades da cultura local
e da Amazônia acreana. Analisar as obras de arte como um produto de criação e de trabalho de
sujeitos inseridos no tempo e no espaço, sujeitos que criam/recriam e reproduzem elementos
ligados aos discursos e as representações cotidianas, políticas, ideológicas, sociais etc. O
aspecto teórico-metodológico se dará a partir da seleção das obras de arte, onde será criado um
banco de imagens que serão submetidas ao trabalho de estudo e análise. As obras serão
escolhidas em acervos pessoais de artistas locais. Será criado um formulário com passos pré-
determinados e invariáveis, a fim de garantir que todas as obras de arte sejam analisadas sobre
o mesmo ângulo e com a mesma precisão. Para a coleta de dados será utilizado o mesmo
formulário, uma adaptação da grelha Gerveriou (2007) que considera para análise iconográfica
três etapas: A descrição, a evocação do contexto, a interpretação e a adaptação, respeitando
todos os passos do formulário afim de garantir a análise fiel das obras, evitando o uso da
subjetividade ou a intervenção pessoal. Dentre os principais referenciais teóricos no estudo da
compreensão da história da arte e da diversidade de elementos que contém as imagens e toda a
sua representatividade, será lançado mão do pensamento e das reflexões de Georges Didi-
Huberman e Alberto Manguel.

PALAVRAS-CHAVE: Artes Visuais. Visualidades Amazônicas. Representatividade. Cultura


local

A NADIFICAÇÃO DO HOMEM EM GRACILIANO RAMOS

Mauro Lopes Leal


Orientador: Prof. Dr. Antonio Maximo Von Sohsten Gomes Ferraz
Linha de Pesquisa: Literatura, Interpretação, Circulação e Recepção

RESUMO: No contato com a vigência do mundo, o ser humano desespera-se por não saber
qual direção tomar, quais atitudes apresentar diante das adversidades existenciais. Este é o
cenário no qual muitos personagens de Graciliano Ramos estão inseridos, como Luís da Silva,
figura central do romance Angústia, cuja vida vazia e destituída de maiores ambições, situa-o,
por isso mesmo, em um contexto de complexidade que revelam o apequenamento do homem
moderno e de sua desconfiguração. Graciliano Ramos expõe a fragilidade do homem que se
mostra incapaz de transformar essa angústia em um sentimento de reconhecimento e aceitação
de si e do mundo que o rodeia. A consciência da morte futura, a sua brevidade enquanto ser
posto no mundo, deveria suscitar no homem da modernidade um olhar mais reflexivo, o que,
efetivamente, não ocorre. Desse modo, tal homem imerge no vazio niilista, acreditando-se
deslocado da efetiva realidade, preferindo o subsolo da existência do que a responsabilidade
pela vigência da sua existência e liberdade vigorante no mundo. A nadificação de tal tipo e sua
imersão em um estado niilista são fenômenos modernos, dadas as causas de tais consequências:
o homem incapaz de ser ele próprio, em uma sociedade marcada por ditames e regras que se
inclinam significativamente para a superficialidade e banalidade. O homem moderno, dentro
desse contexto, torna-se nada, pois nem ele mesmo sabe que é, pois deixou de interrogar-se
sobre si mesmo e sobre a sua totalidade enquanto “ser”. Este estudo, portanto, aborda a presença
do niilismo em Graciliano Ramos a partir de dois fenômenos centrais, a saber, a morte e o tempo
como elementos centrais fomentadores de um estado niilista no sujeito moderno.

PALAVRAS-CHAVE: Niilismo. Vazio. Homem. Mundo.

O Ó DESNUTRIR A PEDRA: ENTRE O INVISÍVEL E O CONCRETO DA


IMAGÉTICA PÉTREA NA LITERATURA DE VICENTE FRANZ CECIM

Mayra Adriana da Costa Cavalcante


Orientador: Prof. Dr. Luis Heleno Montoril Del Castilo
Linha de Pesquisa: Literatura, Memória e Identidades

RESUMO: O escopo da presente pesquisa pauta-se pela investigação das relações entre o
invisível e o concreto na imagética pétrea da iconescritura oÓ Desnutrir a Pedra (2008) do
escritor paraense Vicente Franz Cecim. Analisaremos, além do tema da viagem, a história de
uma pedra que por ter feições e forma humana, decide transformar-se em um ser humano,
caminhando em direção a condição humana. As relações metafóricas da dureza combinadas à
textos densos e a um trabalho iconográfico inovador parecem criar uma dimensão concreta da
realidade e um espaço propiciador à reflexões místicas e filosóficas quanto a condição humana,
pois a pedra deixando de nutrir-se de sua mineralidade, evidencia o anseio por sair de si mesma.
À guisa de uma reflexão acerca das metáforas da dureza e das possibilidades de desnutrir uma
pedra em seu transcurso de transformação, aludimos a Metamorfoses (2007) de Ovídio,
especificamente o episódio do Oráculo de Têmis. Também recorreremos a Gaston Bachelard
em A terra e os devaneios da vontade (1991) , ao ensaio filosófico O mito de Sísifo do escritor
Albert Camus, além das referências ao pensamento do filósofo Plotino (204 – 270 d.C).
Destacamos a relevância literária da imagética pétrea como dimensão da realidade e do
despojamento do humano na literatura de Vicente Franz Cecim, pois os livros invisíveis de
Andara constituem um projeto literário tecido ao longo de quatro décadas pelo escritor paraense
e fazem parte do ciclo andariano, viagem delimitada apenas por um início. Em suas obras
literárias é marcadamente notório uma linguagem muito específica, com liberdade e
experimentalismo, o visível e o invisível engendrados e a Amazônia transfigurada em uma
região toda imaginária, povoada de seres neblinas, onde a literatura se reinventa pela não
palavra.

PALAVRAS-CHAVE: Andara. Literatura. Pedra. Invisível. Vicente Franz Cecim.

ALTERIDADE, METAMORFOSE E IDENTIDADE: A CONSTRUÇÃO DA


POÉTICA INDÍGENA DO MONTE RORAIMA

Mêrivania Rocha Barreto


Orientadora: Profa. Dra. Izabela Guimarães Guerra Leal
Linha de Pesquisa: Literatura, Memória e Identidades
RESUMO: A região do Monte Roraima (Circum-Roraima) - território dos indígenas Pemon
(habitantes da região fronteiriça entre Brasil, Venezuela e Guiana Inglesa) - apresenta um vasto
campo de narrativas as quais foram coletadas por viajantes, missionários e estudiosos, dentre
estes estão Richard Schomburgk, Cesáreo Armellada, Audrey Butt-Colson, Lino Figueroa e
Theodor Koch-Grünberg. Atualmente, a mais nova coletânea de narrativas indígenas do
Circum-Roraima foi organizada pelo projeto “Panton Pia’: Narrativa oral indígena, registro e
análise”. É a partir das narrativas que apresentam temáticas relacionadas à metamorfose
(coletadas pelo referido projeto), que desenvolvo a minha pesquisa de doutoramento, cujo
objetivo geral é discutir como a identidade e alteridade contribuem para a construção da poética
indígena do Monte Roraima, tendo como base as narrativas relacionadas a Makunaima,
Canaimé, surgimento do timbó, cobra d’água, bem como os cantos e ritos. Para tanto, a pesquisa
é de cunho bibliográfico investigativo e tem como referencial teórico os livros de Octávio Paz
(1984), Heidegger (1988), Viveiros de Castro (2011), Lúcia Sá (2012), Charles Bicalho (2013),
Devair Fiorotti (2019), entre outros. Um dos resultados alcançados é a confirmação de que
existe uma poética cultural do imaginário indígena no Monte Roraima, constituída pelos cantos,
ritos e narrativas que possuem metamorfoses; bem como constata-se, ainda, que nessas
narrativas há deslocamentos, seja de espaço, de um ambiente para outro (como é o caso do
menino que é raptado pela anta e passa a viver com ela na mata), seja de identidade (no caso da
árvore da vida, que ao ser cortada por Makunaima é transformada no Monte Roraima),
acontecimentos estes comuns na literatura indígena e que apresentam a alteridade e a identidade
como elementos construtores dessa poética.

PALAVRAS-CHAVE: Monte Roraima. Poética indígena. Alteridade. Metamorfose.


Identidade.

O NARRADOR POÉTICO EM INGLÊS DE SOUSA

Messias Lisboa Gonçalves


Orientador: Antônio Máximo Ferraz
Linha de Pesquisa: Literatura, Interpretação, Circulação e Recepção

RESUMO: A série Cenas da vida do Amazonas, sob a qual Inglês de Sousa (1853-1918)
escreveu declaradamente seus três primeiros romances – História de um Pescador (1876), O
Cacaulista (1876) e O Coronel Sangrado (1877 – de acordo com Marcela Ferreira (2017), o
romance foi publicado de forma integral somente em 1882), – apresenta um narrador que nos
leva ao encontro dos personagens que povoam os romances dessa coleção. Sendo assim,
acompanhar a voz do narrador inglesiano é construir uma ponte para entender os personagens
da série, e focalizamos o protagonista Miguel Faria que migra do O Cacaulista para O Coronel
Sangrado, que semelhante a outros personagens da trilogia, se encontra à deriva e se ver diante
do tempo enquanto questão e da necessidade de se defrontar com ele. Nesse sentido,
objetivamos pensar criticamente o narrador que nos descortina os personagens inglesianos. Para
tanto, centralizamos o pensamento entorno do narrador, mas não daquele enquadrado em
definições encerradas pela crítica, e sim de um narrador sensível e disposto à escuta e, por isso,
um narrador poético. Isto posto, a tese de doutorado em andamento aponta que o horizonte do
narrar se vela e desvela em processo ininterrupto, de modo que sempre existe algo além do visto
nesse horizonte.

PALAVRAS-CHAVE: Narrador. Escuta. Romance. Inglês de Sousa.


ENTRE O CONTO E O CANTO: OS DIÁLOGOS ENTRE TEMA E
MEMÓRIA EM NARRATIVAS ORAIS E NARRATIVAS CANTADAS DOS
MESTRES URBANOS DE CARIMBÓ DA AMAZÔNIA

Natasha de Queiroz Almeida


Orientadora: Profa. Dra. Maria do Socorro Simões
Linha de Pesquisa: Literatura, Memória e Identidades.

RESUMO: A presente pesquisa analisa as inter-relações entre o tema e as memórias que tecem
as narrativas orais cantadas pelos mestres urbanos de Carimbó e narrativas contadas
repercutidas no município de Belém do Pará e catalogadas no acervo IFNOPAP- O imaginário
das formas narrativas orais populares da Amazônia paraense. Compreendendo-se o tema da
narrativa como o conjunto de motivos que se relacionam na teia narrativa para a construção e
transmissão de um conteúdo, a memória permeia e alinhava a tessitura da narrativa,
ressignificando valores, fortalecendo ideologias e transmitindo conhecimentos plurais. Afinal,
quais memórias ainda persistem no imaginário do caboclo amazônico urbano em sua relação
com os contos que referem a Belém urbana e ao seu cotidiano? Quais os olhares lançados hoje
sobre sua própria experiência, compartilhada tanto nas narrativas orais, quanto nas letras de
Carimbó? Quais memórias subjazem às narrativas contadas hoje pelo indivíduo urbano e/ou em
ambiente urbano? Como as memórias social e individual se manifestam nas narrativas cantadas
e contadas? As narrativas orais contadas selecionadas para a presente pesquisa foram pré-
selecionadas do banco de dados do acervo IFNOPAP e as narrativas cantadas foram catalogadas
em pesquisa de campo no município de Belém do Pará e Marapanim até o presente momento,
a partir de entrevistas realizadas com os mestres urbanos de Carimbó, a fim de perceber o tanto
quanto possível da intensa relação de suas experiências com o ritmo do Carimbó. A partir desta
investigação, foram estabelecidos diálogos com as narrativas contadas, cujos temas e memórias
ora persistem, ora se interseccionam pelas recriações nas narrativas.

PALAVRAS-CHAVE: Tema. Memória. Narrativas orais.

MAURICE BLANCHOT: LITERATURA E FILOSOFIA: UMA RELAÇÃO-


LIMITE

Nathanrildo Francisco da Cruz Costa


Orientador: Antonio Maximo von Sohsten Gomes Ferraz
Linha de Pesquisa: Literatura, Interpretação, Circulação e Recepção

RESUMO: Esta pesquisa busca investigar de que forma a obra de Maurice Blanchot promove
uma reflexão para o tratamento da relação-limite entre literatura e filosofia. Com base na obra
crítica-filosófica de Blanchot, cujos títulos incluem: La part du feu (1949) [A parte do fogo],
L’Espace littéraire (1955) [O espaço literário], Le livre à venir (1959) [O livro por vir],
L’Entretien infini (1969) [A conversa infinita], L’Ecriture du désastre (1980) [A escritura do
desastre], La Communauté inavouable (1983) [A comunidade inconfessável], Une voix venue
d’ailleurs (1992) [Uma voz vinda de outro lugar], e com aporte/diálogo teórico-filosófico de
Heidegger, Nietzsche, Sartre, Klossowski, Bataille, Foucault, Deleuze, Derrida, Levinas,
buscar-se-á responder tal questão com base na reflexão de termos com os quais Blanchot
possibilita fazer tal relação-limite, como: o fora, a morte, o imaginário, o neutro, a escrita, o
fragmentário, o desastre, entre outros termos. Todavia, buscar-se-á pensar neste estudo a
respeito das questões que se cruzam constantemente com a escritura de Blanchot, como:
linguagem, rejeição da ontologia e primazia da ética, além dos termos já mencionados
anteriormente. Não se trata apenas de analisar a maneira pela qual Blanchot interpreta esse ou
aquele filósofo ou sistema filosófico para compor sua obra (literária, crítica, filosófica), mas
expor e refletir, além disso, sobre as divergências afirmadas e assumidas por ele com o objetivo
de revelar a singularidade da sua reflexão para tais questões e a elaboração dos seus textos.

PALAVRAS-CHAVE: Blanchot. Literatura. Filosofia. Relação-limite.

CORPORALIDADE E CORES NO SERTÃO: RELEITURAS E


ENCENAÇÕES DA MULHER NEGRA EM “A ESTÓRIA DE LÉLIO E
LINA”

Pablo Rossini Pinho Ramos


Orientador: Prof. Dr. Sílvio Augusto de Oliveira Holanda
Linha de Pesquisa: Literatura, Interpretação, Circulação e Recepção

RESUMO: Corpo de baile é o livro no qual João Guimarães Rosa (1908-1967) reúne sete
narrativas originalmente dispostas nesta sequência: “Campo geral”; “Uma estória de amor”; “A
estória de Lélio e Lina”, “O recado do morro”, “Dão-lalalão”, “Cara-de-Bronze” e “Buriti”.
Não obstante cada um dos textos possua uma certa emancipação temático-narrativa, é possível
lê-los universalmente, em suas nuances, sob o âmbito da corporalidade, complexo que diz
respeito a todos os tipos de intercursos envolvendo corpos, sentimentos, sexualidades, dado a
natureza inerente ao homem em desejar. Argumento este que procuraremos vislumbrar
especificamente na terceira novela supracitada, objeto de análise do presente trabalho.
Ficcionalizada no Pinhém, uma das Fazendas dos Gerais mineiros, a trama centra-se nas glórias
e infortúnios amorosos de Lélio, jovem integrado ao espaço sertanejo, onde vivencia as suas
relações libidinosas marcadas por tensões e ambiguidades com mulheres que contestam e, ao
mesmo tempo, ressignificam leis e pragmáticas do patriarcado pelo uso que fazem do corpo, a
exemplo de Conceição e Jiní, afrodescendentes inseridas em camadas sociais antagônicas:
enquanto à primeira é dada a outorga do “prazer de arte” (ROSA, 1956, v. 1, p. 297), a segunda,
em virtude de ser proibida sexualmente, já que é “casada”, eleva os prazeres da carne às últimas
consequências e alterna com Lélio a posição de domínio sexual que, tradicionalmente, é
conferida ao masculino. Fundamentado no método da Estética da recepção, proposto por Hans
Robert Jauß (1921-1997), sobretudo a noção de experiência estética, tomada com um fenômeno
particular de atividade comunicativa entre a obra de arte e o leitor, nas discussões de Gilberto
Freyre (2006) sobre o papel da negra na formação patriarcal brasileira e no conceito de
canibalismo erótico (SANT’ANNA, 1984), buscar-se-ão novas interpretações que evidenciem
a sexualidade feminina como um problema narrativo na prosa poética rosiana.
PALAVRAS-CHAVE: Guimarães Rosa. “A estória de Lélio e Lina”. Corporalidade. Negra.
Canibalismo erótico.

DAS VOZES INSURGENTES NO MOVIMENTO POETRY SLAM À


REEXISTÊNCIA DO SLAM DAS MINAS: A ESTÉTICA DA POESIA DA
QUEBRADA PELAS MANAS, MONAS E MONSTRAS

Patrícia Pereira da Silva (UNIR)


Orientador: Prof. Dr. Paulo Eduardo Benites de Moraes (UNIR)
Linha de pesquisa: Estudos de Literatura, Cultura e Letramento

RESUMO: Este resumo é um recorte da dissertação de mestrado em andamento do Programa


de Pós-Graduação em Estudos Literários da Universidade Federal de Rondônia. Que tem por
objetivo geral analisar o movimento Poetry Slam, em sua relação com a poesia marginal das
manas, monas e monstras enquanto estética da quebrada, considerando para isso os poemas
do livro Querem nos calar: poemas para serem lidos em voz alta (2019) de organização de Mel
Duarte. Partimos da problemática de, como legitimar uma estética da poesia da quebrada a
partir dos estudos literários da poesia brasileira contemporânea, promovendo assim abertura
para outros códigos estéticos, sendo mulheres negras da periferia precursoras da sua
escrevivência a partir movimento Poerty Slam/Slam das minas? A justificativa se dá que, para
legitimar uma estética da poesia da quebrada das vozes insurgentes à reexistência das minas,
é preciso considerar o movimento poético-marginal poetry slam enquanto espaço de
democratização do acesso ao lugar de fala na literatura oral/escrita produzida por mulheres
negras escritoras. Pesquisa qualitativa com fins exploratórios. Quanto ao procedimento, o mais
adequando é a pesquisa bibliográfica. Tendo como corpus de pesquisa o movimento Poetry
Slam, mesmo que partindo da análise de poemas do livro Querem nos calar: poemas para
serem lidos em voz alta (2019) de organização de Mel Duarte. A base teórica está alinhada a
Teoria da Poesia desdobrada nos estudos do Poema-Performance, Oralidade/Vocalidade,
Literatura e Periferias e Literatura brasileira contemporânea. Além da pesquisa bibliográfica,
os teóricos e estudiosos que constituem a nossa base analítica perpassam por: Zular (2019)
com o núcleo pivotante da voz; Paul Zumthor (2000) com performance, recepção, leitura; Ana
Lúcia Souza (2011) reconceituando o conceito de reexistência; Lúcia Tennina com o conceito
de literatura marginal-periférica; bell hooks (2019) com o conceito de raça e representação;
Leda Maria Martins com o conceito de oralitura, etc. Os resultados indicam que, as vozes
insurgentes das minas apontam para uma reexistência social tanto do poeta quanto da própria
poesia, as quais integram o movimento de ressignifcação da poesia brasileira contemporânea
em contexto urbano, de rua, periférico por meio da conjuntura do poetry slam.

NARRATIVAS DE TRABALHADORES DO CEMITÉRIO SÃO JOÃO


BATISTA: TECENDO EXPERIÊNCIAS ENTRE TEXTOS E TÚMULOS

Poliana de Melo Nogueira


Prof. Dr. Gerson Rodrigues de Albuquerque
Linha de pesquisa: Culturas, Narrativas e Identidades Amazônicas

RESUMO: Esta comunicação tem por objetivo apresentar o estado atual da pesquisa intitulada
“Narrativas de trabalhadores do cemitério São João Batista: tecendo experiências entre textos e
túmulos”. O objeto do estudo são as narrativas de mulheres e homens imersos nas tramas
cotidianas da sobrevivência em espaços cemiteriais constantemente reinventados por seus
fazeres; espaços de corpos temidos, acolhidos e banidos na luta em torno da palavra pelo direito
à existência e à memória. Como parte da abordagem, procura-se dialogar com documentos
escritos e orais produzidos no âmbito de interações coprodutoras de sentidos entre sujeitos e
sujeitas que refletem e agem no mundo sob a mediação da linguagem. Os objetivos da pesquisa
são: analisar as narrativas elaboradas por trabalhadores do cemitério São João Batista
dialogando com suas experiências e sociabilidades; problematizar os processos de elaboração
simbólica dos corpos e do espaço cemiterial presentes nas narrativas dos trabalhadores; discutir
os impactos da COVID-19 sobre os modos de agir e se relacionar naquele cemitério. O local
de pesquisa é o cemitério São João Batista, em Rio Branco, Acre e a perspectiva teórico-crítica
está amparada em Michel de Certeau (2014 e 2017), Michel Foucault (2013), Wlater Benjamin
(1987), Alessandro Portelli (1997) e Phillipe Ariès (1989). As conclusões parciais apontam
para múltiplas representações elaboradas sobre o cemitério, que figura como local de
sociabilidades, trânsitos e diálogos entre vivos e mortos como parte da cotidiana produção de
discursos, acontecimentos e lugares narrados como parte dos modos de perceber e imaginar a
cidade.

PALAVRAS-CHAVE: Cemitério. Rio Branco. Cultura e cidade. Narrativas. Linguagem.

NARRATIVAS DE BRAGANÇA NAS VOZES DO RÁDIO

Rafaella Contente Pereira da Costa


Orientadora: Profa. Dra. Socorro Simões
Linha de pesquisa: Literatura, Memória e Identidades

RESUMO: A pesquisa versa sobre a fundação da Rádio Educadora, quando toda a zona
bragantina passava por transformações políticas e sociais com a chegada de uma mídia local.
A existência de uma rádio em Bragança tem ligação direta com a identidade dos moradores da
região, considerando que, até os dias atuais, a rádio carrega simbolismos que caracterizam a
cultura, assim a mesma traz compreensões a respeito de representações, imaginários e
memórias. A abordagem é feita partir do pensamento decolonial e busca abordar experiências
outras, por meio da oralidade, com a Rádio Educadora nas vozes dos moradores da cidade e de
vilas e comunidades do município, assim, valorizando os saberes deixados à margem da
sociedade letrada, atribuindo atenção ao narrador, as narrativas orais e ao discurso não-
científico. Nesse sentido, o objetivo da pesquisa é realizar um estudo de narrativas orais, por
meio de depoimentos e mitos dos bragantinos que trazem discursos sobre a rádio. Foram
exploradas as vozes referentes à Igreja, já que a emissora a qual vamos tratar foi fundada por
uma congregação católica, os Barnabitas; analisadas as narrativas dos moradores locais,
buscando compreender como simbolizam a Rádio Educadora e investigado o lugar do
imaginário social nas aulas radiofônicas. As palavras, nas formas verbais e nas construções
imagéticas e imaginárias, são formas de traduzir as representações dos sujeitos, assim, é
necessário considerar a diversidade de discursos que constroem esses imaginários a respeito
da emissora e trazer a reflexão dessas vozes, fazendo visíveis outras lógicas e maneiras de
pensar e abrindo espaço para a expressão de outras perspectivas de conhecimento e saberes.

PALAVRAS-CHAVE: Narrativas orais. Rádio Educadora. Memória. Imaginário. Decolonial.

NARRATIVAS (EN)CANTADAS: UMA ANÁLISE DO DISCURSO VERBO-


MUSICAL DE UM SENÁRIO DE CANÇÕES DO FESTIVAL ACREANO DE
MÚSICA POPULAR – FAMP

Raildo Brito Barbosa (UFAC)


Orientador: Prof. Dr. Francisco Bento da Silva (UFAC)
Linha de pesquisa: Culturas, Narrativas e Identidades Amazônicas

RESUMO: Esta pesquisa tem como objetivo analisar, do ponto de vista da análise do discurso
crítica e da análise musical, as narrativas de seis canções (senário), que fizeram parte do Festival
Acreano de Música Popular - FAMP. Essas canções são tomadas como documentos
histórico-musicais, como fontes de memórias plurais e multifacetadas da “Amazônia acreana”.
O referencial teórico mantém um diálogo com o campo dos Estudos Culturais, a partir das
contribuições de Stuart Hall (1997, 2003); Raymond Williams (1979, 1958); Michel de Certeau
(1982, 1998, 2005) e Homi Bhabha (1998); com os estudos de Linguagem, apoiando-se em
Mikhail Bakhtin/Valentin Volóchinov (2006); Mikhail Bakhtin (2011); Fairclough (2001);
Orlandi (2007); com a História e História Cultural, nas proposições de Albuquerque Junior
(2007, 2011); Napolitano (1998, 2000, 2002, 2010a, 2010b); e com teóricos da área de
musicologia, como, Luiz Tatit (1994, 2016); Hans-Joachim Koellreutter (1986, 1989); Arnold
Schoenberg (1996); Paul Hindemith (1949); Bohumil Med (1996), entre outros. Os
procedimentos metodológicos constituem-se de duas etapas: a primeira compreende as
audições das canções e o processo de transcrição do formato de áudio para o escrito (partitura).
A segunda etapa corresponde à parte analítica, que compreende a análise das letras das canções,
ou seja, o discurso verbal e a análise do discurso musical (melodia, ritmo, harmonia, gênero) e
sua relação com a letra. Procura-se captar nas análises o que as canções falam ou podem falar
nas estruturas verbais e musicais.

PALAVRAS-CHAVE: Canção. Narrativa. Discurso. Música

ESCRITURAS DO TRAUMA: A VIOLÊNCIA NOS ROMANCES CINZAS


DO NORTE E A NOITE DA ESPERA

Rayniere Felipe Alvarenga de Sousa


Orientador: Prof. Dr. Carlos Augusto Nascimento Sarmento-Pantoja
Linha de pesquisa: Literatura, Memória e Identidades

RESUMO: A violência é um dos temas recorrentes na escrita de Milton Hatoum. Sendo


representada em alguns romances pelas atitudes dos personagens e pela ficcionalização de
marcos históricos que demarcam atos autoritários, por exemplo. A crueldade tão comum nas
relações humanas, a disputa pelo controle do poder e a tentativa de compreensão das atitudes
violentas impulsionam o exame desse conteúdo. Assim, a violência e o trauma são categorias
fundamentais para a construção da argumentação aqui proposta. Ressalta-se que essa discussão
apresenta as impressões iniciais da pesquisa de dissertação de mestrado, sobre "Cinzas do
Norte" e "A noite da espera". Então, objetiva-se analisar as principais representações da
violência ficcionalizadas nos dois romances de Milton Hatoum. Pretende-se também investigar
as marcas do trauma ocasionado por meio do período de exceção encenado nessas publicações.
Com isso, em tempos de ode aos torturadores do período ditatorial brasileiro, retoma-se os
apontamentos acerca das "feridas" abertas do Brasil. Nesse sentido, oportuniza-se, portanto,
uma reflexão desses pontos.

PALAVRAS-CHAVE: Trauma. Violência. Milton Hatoum.

A TRADIÇÃO CIRCUM-RORAIMA: CANAIMA E A VENEZUELA

Riane de Deus Lima


Orientador: Prof. Dr. Fabio Almeida de Carvalho
Linha de pesquisa: Literatura, artes e cultura regional
RESUMO: Rómulo Gallegos é figura venezuelana proeminente, partícipe de episódios da
literatura e história, que conciliou o momento em que escreveu com elementos que tipificam a
realidade do povo e representou o mundo natural venezuelano, sendo internacionalmente
reconhecido. Canaima é seu texto que discute o ethos venezuelano, com intenção literária,
poética realista, ponto de vista etnológico, nomes e características de lugares, logrando conjugar
ficção, efeito estético e ilusão realista. Iniciamos nas possíveis convergências espaço e literatura,
dimensionamos espaço enquanto categoria fundamental da percepção e do ato de compreensão
humanos; elemento fundamentador da narrativa, capaz de influir na constituição e destinação.
Discutimos a condição da conformação cultural na região circum-Roraima, marcada pela
“poética do imaginário” de seres fantásticos como o Canaimé, o Rabudo, a Cobra Grande; um
lugar com força para imprimir sua marca em relações sociais e ambientais. Logramos construir
panorama literário, de primeiros relatos influídos pelo movimento romântico francês de
Rousseau, Chateaubriand, e Victor Hugo, onde inspiração europeia origina personagens
moralizantes, princesas e lugares distantes da realidade venezuelana. Mas passado o ideário
romântico, um Realismo literário se sobrepõe, com verdade, vida, e império da natureza. Segue
o Modernismo venezuelano, de espíritos audazes, livres e jovens, e o século XX acresce
preocupação estética e rigor literário. É a instrumentalização de processo que constituirá as
manifestações do naturalismo e reforço expressivo do criolismo venezuelano no campo da
narração. Finalizamos com a crítica de Gallegos, sua denúncia da ambição do ouro, do
extrativismo vegetal, da exploração do homem pelo homem, derramamento de sangue e
assassinatos recorrentes, atraso e corrupção, ineficácia das autoridades civis, e indígenas
abandonados. No fim, entendemos o circum-Roraima como espaço-conceito capaz de
preencher a imaginação além da pertença identitária, nacional, étnica, linguística, cultural ou
religiosa; que reverbera além do imaginário, não de uma comunidade particular, mas apropriado
por artistas e escritores de três países.

PALAVRAS-CHAVE: Região circum-Roraim. Literaturas nacionais. Identidade.

DA VOZ À LETRA: SEMOVÊNCIA DA POESIA DA AMAZÔNIA

Roberta Isabelle Bonfim Pantoja


Orientador: Prof. Dr. Luis Heleno Montoril Del Castilo
Linha de pesquisa: Literatura, Memória e Identidades

RESUMO: Nossa tendência comum é buscar linhas fixas e firmes para pensar a ontologia
manifesta em signos no papel. Tendemos a olhar o movimento das artes em um único sentido,
evitando os caminhos ambíguos. A poesia não se fixa, atravessa e é atravessada pelos
movimentos dos textos e das culturas, desliza pela e com as Artes Plásticas, Literatura, Música
e Cinema. Pensar esse movimento é observar como a poesia figura socialmente na história de
um espaço-tempo, as diferentes maneiras em que se manifesta. Traço elementar humano, sua
trajetória data os primeiros caracteres poéticos, envolve a história da linguagem; das formas,
das cores, dos sons e dos gestos. Transforma o natural em obra, matéria-prima tocada pela
subjetividade que transcende o comum. Nesse trajeto não é possível traçar corpo fixo da palavra
semovente, tampouco se pode discernir onde termina seu movimento. Contínuo. Em cada um
de seus suportes a poesia se expressa de modo completo. E em cada um está presente todos os
outros. Na letra enformada na página há a voz que se repete, circula e desdobra. A relação voz-
letra tende a e se distende em letra-voz, e fortifica-se segundo um movimento sustentado em si
mesmo. Isso justifica aos nossos olhos a tese de uma Semovência como forma de persistência
de uma poesia, que divide nessas formas sua matéria em voz de um lado e letra de outro, como
pares e não opostos. Para pensar essa tese, ainda em gestação, ouvimos as vozes que ressoam
dos estudos de Paul Zumthor (1993), (2010), (2014), Octavio Paz (2012) e Bachelard (2018)
tomando para a realização deste estudo, primeiramente, o sentido voz-letra da poesia da
Amazônia.

PALAVRAS-CHAVE: Amazônia. Poesia. Semovência.

PERSPECTIVA E ANÁLISE “AMAZÔNICA” DE TRADUÇÃO CRÍTICA DA


OBRA “AMONG THE INDIANS OF THE PARAGUAYAN CHACO”, DE W.
BARBROOKE GRUBB

Rogério Mendonça Correia


Orientador: Prof. Dr. Hélio Rocha
Linha de pesquisa: Culturas, Narrativas e Identidades Amazônicas

RESUMO: A proposta deste projeto é produzir uma tradução crítica com perspectiva
amazônica e fazer uma análise decolonialista dos termos e da visão do escritor com base na
Análise do Discurso. A obra selecionada para esta pesquisa é “Among the Indians of the
Paraguayan Chaco”, sobre a Amazônia paraguaia e seus habitantes quando da vinda do autor,
W. Barbrooke Grubb, Missionário anglicano atuante no Chaco Paraguaio pela Sociedade
Missionária Sul-americana (SAMS), no início dos anos 1900, para desenvolver trabalho
religioso. Há, em princípio, duas tarefas a serem desempenhadas nesta pesquisa: a primeira,
um trabalho de tradução realizado em várias “camadas”, compreendendo a tradução “literal” e
os ajustes posteriores na tentativa de fazer a tradução “cultural", substituindo os termos
“apagados" ou “invisibilizados" pelo autor ao descrever a realidade outra com os olhos
europeus com que via e lia a realidade local; e a segunda, que é a análise do discurso que está
presente em toda a obra, mas que passa “despercebido" pelo leitor ocidentalizado, aceitando
a leitura sem fazer a crítica linguística e sociocultural que a Análise do Discurso nos permite
fazer. O trabalho está centrado na linha de pesquisa Culturas, Narrativas e Identidades
Amazônicas, do programa de Pós-Graduação em Letras, Linguagem e Identidade da
Universidade Federal do Acre. Sua relevância consiste em pelo menos dois campos: o
primeiro, uma contribuição social e literária oportunizando aos falantes de língua portuguesa
uma tradução de uma obra relevante ao cenário dos estudos amazônicos, escrita e publicada
inicialmente em língua inglesa; e o segundo, uma análise crítica com resultados diretos sobre
o processo tradutório e a discussão teórica sobre o processo tradutório, resultando em uma
tradução analisada, não apenas a tradução pela tradução, mas quanto à inserção da visão do
nativo da Amazônia brasileira sobre a narrativa do outro.

PALAVRAS-CHAVE: Tradução. Análise do discurso. Amazônia.

FAMÍLIA AGULHA (1870): OBRA, FICÇÃO E CRÍTICA

Rogerio Pereira Borcem


Orientador (a): Juliana Maia de Queiroz
Linha de pesquisa: Literatura, Interpretação, Circulação e Recepção

Nesta pesquisa, objetivamos abordar alguns aspectos referentes ao romance A família agulha
(1870), do autor Luís Guimarães Júnior. Trata-se, pois, da apresentação do material já elaborado
até o devido momento, o qual levantará pontos reflexivos ligados à realidade histórica do século
XIX, à biografia do escritor, às recepções críticas envoltas das obras em geral, e as suas relações
com o mercado editorial da época. Tal estudo, está sendo efetivado a partir de revisões
bibliográficas e por meio da visitação, sempre que possível, em fontes primárias digitalizadas,
a fim de conhecer os registros anteriores acerca do autor e da obra. Assim, devido à escassez
de uma fortuna crítica relacionada não só à obra de Guimarães Júnior, mas também, de modo
geral, as suas contribuições como um importante escritor da literatura brasileira, consideramos
de suma importância nosso estudo, pois pretendemos contribuir diretamente para os estudos
literários que buscam resgatar obras e autores importantes para o cenário literário nacional, mas
que sofrem um processo de apagamento no decorrer da história.

Palavras-chave: Luís Guimarães Júnior. A família agulha. Século XIX.

VELHICE E MORTE: DOIS EXTREMOS EM CORPO DE BAILE E


GRANDE SERTÃO: VEREDAS

Rosalina Albuquerque Henrique


Orientador: Prof. Dr. Sílvio Augusto de Oliveira Holanda
Linha de pesquisa: Literatura, Interpretação, Circulação e Recepção

RESUMO: Com o intuito de versar sobre as discussões e as reflexões entrelaçadas à abordagem


da velhice perante acontecimentos vividos pelos personagens rosianos em duas obras (Corpo
de baile e Grande sertão veredas), do escritor João Guimarães Rosa, esta pesquisa apresenta
como a velhice pode influenciar nas atitudes e nas descobertas quanto à própria sexualidade, as
formas de relacionamento afetivo, familiar, amoroso e entre as pessoas ao redor e com sua
própria condição física e biológica. Confrontando os modos como alguns doutos do Brasil
enxergavam e avaliavam a formação e a participação político-social e histórica do velho em
nossa sociedade, Guimarães Rosa anteviu a presença do velho como personagem essencial e
basilar, sem os antigos estereótipos criados por determinados intérpretes brasileiros. Tínhamos
em vista assistir na sociedade patriarcal e tradicional, de moldes estáticos, o papel empregado
e definido ao velho como aquele sujeito responsável de ser o repositório e transmissor de
experiências; atualmente, essa concepção se tornou obsoleta, exigindo um novo paradigma da
sociedade. Para este XVII Seminário de Pesquisa em Andamento do Programa de Pós-
Graduação em Letras da Universidade Federal do Pará, baseamo-nos em textos críticos de:
Antonio Candido (1964), Carmen Secco (1994, 2003), Regina Zilberman (2007), Benedito
Nunes (2009), Elizabeth Mendonça (2013), Paulo Rónai (2016), Maria Leonel e Edna
Nascimento (2018), ao lado de estudiosos como: Kübler-Ross (1981), Ecléa Bosi (1994),
Norbert Elias (2001) e Philippe Ariès (2014), que discutem a respeito da velhice e da morte.
Nossa pesquisa em tela possui como suporte teórico-metodológico a Estética da recepção sob
a ótica de Hans Robert Jauss (1979, 1994, 2002).

PALAVRAS-CHAVE: Guimarães Rosa. Grande sertão: veredas. Corpo de baile. Velhice.


Estética da recepção.

NECRONARRATIVAS: RELAÇÕES ENTRE PODER, VIDA E MORTE EM


TRÊS ROMANCES BRASILEIROS CONTEMPOR NEOS

Sheila Lopes Maués Autiello


Orientador: Prof. Dr. Luis Heleno Montoril Del Castilo
Linha de pesquisa: Literatura, Memória e Identidades

RESUMO: A tese analisa a ocorrência de necronarrativas na Literatura Brasileira


Contemporânea a partir dos romances Pssica (2015), Enterre seus mortos (2018) e A morte e o
meteoro (2019). O objetivo é investigar narrativas que ficcionalizam a vida contemporânea a
partir da política de morte denominada, por Achille Mbembe (2018), de necropolítica. A
pesquisa propõe análise dos romances a partir das categorias dos corpos dispensáveis, que terá
como base o conceito de vida nua, de Giorgio Agamben (2002), da presença predatória dos
negócios ‘gore’, que se fundamenta nos estudos sobre o Capitalismo Gore, de Sayak Valencia
Triana (2010) e na recorrência da imagem do morto-vivo, analisada do ponto de vista
antropológico e simbólico. O estudo concentra-se na análise das temáticas e nas relações que
desempenha com as trajetórias de algumas personagens importantes para as obras. Conclui-se
que os romances estudados, apesar das diferenças de ordem estilística, de perspectiva e de
enredo, problematizam a vida a partir da política da morte, a necropolítica, seja pela
representação estética da perda de direitos sobre os corpos contemporâneos; seja pela
emergência de mercados criminosos que florescem nos grupos submetidos a condições
mortíferas, ou ainda, pela presença recorrente do processo de zumbificação social.

PALAVRAS-CHAVE: Necronarrativa. Literatura brasileira contemporânea. Necropolítica.


Zumbi.

TEMPORALIDADE NARRADA NA AMAZÔNIA

Stélio Rafael Azevedo de Jesus


Orientador: Luís Heleno Montoril del Castilo
Linha de pesquisa: Literatura, memória e identidades

O presente trabalho trata do estudo sobre tempo e narrativa na literatura da Amazônia.


Originado da pesquisa de tese, o trabalho se debruça sobre tempo e narrativa em duas ficções
amazônicas, Habeas Asas, Sertão de Céu e Albergue noturno. Analisa os traços de uma
temporalidade presente na formação do discurso filosófico e histórico sobre tempo e narrativa,
mas também evidencia as variações imaginativas que a ficção constrói no jogo com o tempo e
aborda a formação da poética da narrativa de ficção. Segundo Luís Costa Lima (1986), a ficção
documental formou a literatura latino-americana e controlou seu imaginário ao enfatizar a
presença do documento como fonte de verdade. Esse aspecto dialoga com as duas ficções
contemporâneas aqui evidenciadas, mas não chega a cerceá-las totalmente em temática e
estrutura. Dessa forma, como eco da obra Tempo e Narrativa, tomos 1, 2 e 3, de Paul Ricoeur
(1984) e dos aportes teóricos abstraídos de Gondim (1995), Loureiro (2001) e Souza (2019),
propõe-se pensar a literatura da Amazônia como invenção e ficção.

Palavras-chave: Tempo e narrativa. Variações imaginativas. Paul Ricoeur. Literatura da


Amazônia.

(DES)CONSTRUÇÃO DE MONUMENTOS DE TINTA: A DIMENSÃO


FEMININA COMO SUBVERSÃO POLÍTICA AO HORROR E À
VIOLÊNCIA NA LITERATURA LATINO-AMERICANA
Suerda Mara Monteiro Vital Lima
Orientador: Prof. Dr. Gerson Rodrigues de Albuquerque
Linha de pesquisa: Cultura, Narrativas e Identidades Amazônicas

RESUMO: Compreendendo que a memória oficial está pautada em uma epistemologia que
ignora ou apaga a memória social, lançando-a para as margens, na abordagem desta pesquisa,
assume-se o desafio de pensar a literatura como capaz de tecer mudanças no imaginário e
promover fraturas no discurso universal homogeneizante. Frente a essas considerações, no
foco da pesquisa, busca-se analisar como a obra La Luna, El Viento, El Año, El Día, de Ana
Pizarro (1994), se constitui como um limiar de vital importância para a análise de memórias de
um passado obliterado pela memória oficial transformando- o e modificando-o no contexto do
tempo presente. Assim como parte desse mesmo processo em que se objetiva interpretar a
narrativa da autora chilena, que metaforiza outras existências nos mundos latinoamericanos,
procura-se problematizar as trajetórias familiares de três mulheres marcadas por intensas
violências físicas e psicológicas e pelos silenciamentos presentes em seus deslocamentos
entre os Nordestes e as Amazônias. A proposta se insee no âmbito dos estudos comparativos
que encontram eco nas categorias Benjaminianas da “arqueologia psíquica” e de um olhar que
não faz distinção entre “pequenos” e “grandes” acontecimentos. Por esse viés, procura-se
acompanhar as fabulações da memória social e dos silêncios dessas mulheres, em exercício
de pesquisa que envolve uma profunda relação intersubjetiva, conformando imaginários,
formas de representação e afetos. Desse modo, ao propor uma análise comparativa entre
narrativas escritas e narrativas orais de mulheres de diferentes mundos, impactados pelas
violências da memória oficial, patriarcal e desbravadora de “sertões”, entra em questão a
necessidade de assumir uma postura ética de enfrentamento e desconstrução dos monumentos
de tinta e de pedra que simbolizam lógicas de dominação e exclusão feminina. Dentre as
referências teórico-críticas da pesquisa, destaca-se Walter Benjamin (2013), Édouard Glissant
(2005 e 2014), Eurídice Figueiredo (2013, 2017), Enrique Dussel (1973, 1993), Silvia
Cusicanqui (2015), Georges Didi-Hubermam (2015).

PALAVRAS-CHAVE: Memória. Mulheres. Literatura. Monumentos. Narrativas orais.

O EDUCAR POÉTICO E O EXISTIR EM PRIMEIRAS ESTÓRIAS, DE JOÃO


GUIMARÃES ROSA

Taís Salbé Carvalho


Orientador: Prof. Dr. Antônio Máximo Ferraz
Literatura: Interpretação, Circulação e Recepção

RESUMO: A pesquisa parte da ideia de que em Primeiras Estórias (1962), de Guimarães


Rosa, temos uma narrativa que projeta o homem à procura do Ser, o lançando em travessia por
meio de um educar poético que o conduz, a partir do diálogo com a obra, à aprendizagem
poética, ou seja, a tornar-se humano. O trabalho justifica-se pelo fato de a obra manifestar
questões que conduzem o leitor ao questionamento sobre o sentido do Ser e da Vida. A
hipótese dessa tese é de que em Primeiras Estórias existe um jogo de espelhos entre a questão
do Educar Poético e do Existir, que se desvela nas questões originárias da existência humana,
que são acionadas pela pergunta central da obra: “Você chegou a existir? Portanto, o objetivo
de nosso trabalho será pesquisar como são manifestadas as questões do Educar Poético e
do Existir na obra de Rosa. O método escolhido foi o da circularidade hermenêutica que
vislumbra o exercício do educar poético como uma dobra entre pensar e ser – existir –, em
que só se pode ser pelo pensar, e para o qual a essência do pensar vigora na escuta silenciosa
das questões que nos chegam a partir da leitura das obras, estas que nos movem, comovem e
promovem sentido. Esse tipo de hermenêutica proposta possibilita que o intérprete, ao
questionar a obra, termina sendo por ela questionado, indo em busca do que é próprio do seu
ser. Para tanto, vislumbramos uma possibilidade de resposta acerca dessa pesquisa, que não
esgota as demais possibilidades de acontecer da obra: o projeto poético-existencial de
Primeiras Estórias manifesta-se como trajeto ascensional do humano em busca de sua
aprendizagem poética, ou seja, de tornar-se humano.

PALAVRAS-CHAVE: Educar Poético. Existir. Aprendizagem Poética. Primeiras Estórias.


Guimarães Rosa.

O ROMANCE DE SENSAÇÃO INGLÊS NO BRASIL OITOCENTISTA: UM


ESTUDO SOBRE “UM CRIME MISTERIOSO” DE MARY ELIZABETH
BRADDON

Tassiane Andreza Damião dos Santos


Orientadora: Profª Drª Valeria Augusti
Linha de pesquisa: Literatura: Interpretação, Circulação e Recepção

RESUMO: A presente comunicação apresentará o andamento do projeto de pesquisa que tem


foco na produção ficcional da autora inglesa Mary Elizabeth Braddon (1835 – 1915) e a
circulação de seus romances no Brasil Oitocentista. A trajetória da autora, que tem vários
exemplares de suas obras no acervo do Grêmio Literário Português do Pará, permitiu entender
melhor a inserção feminina no mercado editorial. Mary Elizabeth Braddon foi romancista,
poetisa, atriz e editora, publicou mais de oitenta romances em vida. O gênero textual ao qual a
autora mais se dedicou foram os chamados sensation novels – ou romances de sensação – que
surgiram em meados de 1860, na Inglaterra, com a publicação, em periódicos, dos títulos The
Woman in White (1859-1860) de Wilkie Collins, East Lynne (1860-1861) de Ellen Wood e
Lady Audley’s Secret (1861-1862) de Mary Elizabeth Braddon. Acreditava-se que essas
narrativas, intimamente ligadas às notícias de crimes nos jornais, tratavam de temas capazes de
produzir, no leitor, sensações físicas iguais às dos personagens – tais como medo, arrepios,
surpresas – causadas por enredos que continham cenas de crime, bigamia e sensualidade
(BUFALARI, 2018, p. 16). Dos trabalhos de Mary Elizabeth Braddon, foram encontrados no
Grêmio Literário Português do Pará o romance Lady Audley's secret e dois volumes de Um
crime misterioso, que se trata da obra Henry Dunbar: the story of an outcast. As obras da autora
também circularam em outros gabinetes de leitura brasileiros, como o Real Gabinete Português
(RJ) e há registros de comercialização de suas obras em periódicos paraenses e cariocas do
século XIX além de críticas literárias sobre a autora e seus romances.

PALAVRAS-CHAVE: Autoras. Prosa de ficção. Século XIX. Sensation novel.

GULLIVER’S TRAVEL NA PERSPECTIVA ADAPTADA DE CLARICE LISPECTOR: O


LEITOR INFANTOJUVENIL EM QUESTÃO

Thais Fernandes de Amorim


Orientador: Prof. Dr. Gunter Karl Pressler
Linha de pesquisa: Literatura: Interpretação, Circulação e Recepção
RESUMO: Considerando que as narrativas, históricas ou literárias, constroem uma
representação acerca da realidade e essa representação materializa-se no texto,
procuramos compreender a produção e a recepção desses textos, entendendo que este é
uma instância intermediária entre o produtor e o receptor, ou nos termos desta pesquisa
entre o autor, a adaptadora e o leitor. O presente trabalho abordará os contextos factuais e
ficcionais presentes na obra Viagens de Gulliver de Jonathan Swift (1735) na perspectiva
adaptada de Clarice Lispector, (1973 - 2008), investigando o tratamento que a escritora dá
a esses elementos e como um público infantojuvenil daria conta desses contextos. Para
tanto, abordaremos algumas questões teóricas que lidam com a participação do leitor na
construção do (novo) texto, portanto retextualizado pela adaptação, a partir do desvelar das
metáforas (LAKOF & JONSON, 2002) e da interpretação de ícones (PIERCE, 2005), uma
vez que o texto infantil lida com muitas imagens. Tal incursão faz-se necessária pois
Lispector retextualiza certas passagens de forma metafórica e não usa ilustrações em seu
trabalho (recurso recorrente em trabalhos destinados ao público infantojuvenil). Sabendo
então que o texto depende da disponibilidade do leitor em reunir tudo aquilo lhe é oferecido
e contribui para a constituição de significados, far-se-á uma investigação nas pesquisas
de literatura infantojuvenil para discorrer sobre quem são esses leitores, bem como nos
estudos da tradução/adaptação de literatura infantojuvenil, considerando que é a esse texto
traduzido e adaptado que o leitor infanto juvenil terá acesso.

PALAVRAS-CHAVE: Narrativas. Leitor. Adaptadora

CRÍTICA, ENSAIO E MEMÓRIA EM ENEIDA: AS INTERFACES DAS


CRÔNICAS PUBLICADAS NO DIÁRIO DE NOTÍCIAS (1951-1960)

Vânia Maria do Socorro Alvarez


Orientador: Prof. Dr. Sílvio Augusto de Oliveira Holanda
Linha de pesquisa: Literatura: Interpretação, Circulação e Recepção

RESUMO: A pesquisa em andamento versa sobre as crônicas da escritora Eneida de Moraes


(1903-1971), publicadas na coluna Encontro Matinal, do jornal Diário de Notícias, entre 1951-
1960. O corpus encontrado em fontes primárias tem exigido aprofundamento nas áreas da
Crítica Genética (Souza, 2002, Zular, 2007; Biasi, 2010, Salles, 2017) e Biográfica (Foucault,
1992; Souza, 2010; Nolasco, 2014; Viegas, 2010), da Crítica de Rodapé ou Impressionista
(Coutinho, 1975; Lins, 2012; Araujo, 2010, Rocha, 2005), da Sociocrítica (Candido, 1992;
Barbéris, 1997; Johnson, 2004; Adorno, 2000) e dos Estudos Culturais (Jitrik, 2000,
Compagnon, 2001; Connor, 1996; Hattner, 2003; Canclini, 2006). Na pesquisa são abordadas
as três interfaces da crônica eneidiana: a crítica, o ensaio e a memória. A crítica se desdobra em
dois aspectos: a cultural e a literária. A crítica ou o jornalismo cultural se realiza na interpretação
de fatos culturais, na opinião, na análise de obras literárias e artísticas e no debate de ideias. A
crônica ensaística ou o ensaísmo caracteriza-se por reforçar o papel de publicista
contemporânea da escritora, refletindo sobre a liberdade de expressão, a ética do pensar, o
engajamento dos escritores, a interpretação dos problemas do Brasil e a proposição de soluções
diante da descolonização literária, dos preconceitos e do provincianismo. A pesquisa
igualmente contribui para revelar uma parte da memória intelectual de Geração Modernista
Pós-1945, a Geração dos Anos Dourados ou a Geração de Eneida de Moraes.
PALAVRAS-CHAVE: Crônica, Ensaio e Memória. Crítica Biográfica, Genética, Sociocrítica
e de Rodapé. Geração Modernista Pós-1945.
DE SUJEITOS ANÔNIMOS A SUJEITOS VIVOS: AS MEMÓRIAS DAS
PROFESSORAS E PROFESSORES NO EX-TERRITÓRIO FEDERAL DO
ACRE

Adriana Alves de Lima


Orientador (a): Gerson Rodrigues de Albuquerque
Linha de pesquisa: Lingua(gens) e Formação Docente

Resumo: A formação de professores no Ex-território do Acre foi escolhida como objeto de


estudo para esse projeto, por ampliar os estudos realizados sobre a educação no Acre que
abordaram tanto a importância do ideário modernizante de Guiomard dos Santos, como o papel
de Maria Angélica de Castro, mas que ainda não aprofundaram os estudos sobre a formação de
professores e professoras que atuaram na época do ex-território. Desse modo, pretendemos
realizar um estudo sobre como se deu a prática e a formação de professores em um período em
que a maioria dos professores eram considerados leigos, justamente porque atuavam em sala de
aula tendo apenas o ensino primário. Nessa perspectiva, a partir das leituras teóricas de Derrida
(2001), Foucault (2001) e Certeau (1982) analisaremos as memórias desses sujeitos por meio
das narrativas orais, com a finalidade de trazer aquilo que ficou esquecido no discurso oficial
do governo e trazer o recalque à tona para acertar as contas com o passado. Não no sentido de
aceitar as narrativas dos professores como verdade, como origem, mas na tentativa de narrar
outro olhar, uma outra história a partir dos profissionais que estavam na ponta fazendo educação
e que foram silenciados na construção da história oficial. No que tange ao método de pesquisa,
adotaremos o método indutivo. Quanto à natureza, será uma pesquisa aplicada, com vistas a
gerar o conhecimento necessário quanto à prática da formação docente. Quanto aos objetivos
da pesquisa, propõe-se a pesquisa exploratória, por meio de levantamento bibliográfico e
documental. Já no método do procedimento, utilizaremos as fontes para a coleta de dados,
realizaremos uma pesquisa de campo, para encontrar as professoras e professores que se
encontram vivos para gravarmos entrevistas. Como resultados parciais já localizamos 7
professoras que atuaram na sala de aula no período do ex-território, às quais realizamos a
gravação das entrevistas e, posteriormente, as transcrições, que nos permitem constatar
inicialmente que essa formação de professores, caracterizava-se como uma formação inicial e
não como continuada.

Palavras-chave: Ex- território. Formação de professores. Professor Leigo.

SINTAXE E LEITURA: UMA ANÁLISE DA LEITURA ORAL DE ALUNOS


DO ENSINO FUNDAMENTAL

Airton Sérgio da Silva Reis


Orientador (a): Gessiane de Fátima Picanço Lobato
Linha de pesquisa: Ensino-Aprendizagem de Línguas e Culturas: Modelos e Ações

Resumo: A prática de leitura é fundamental para a vida social atualmente, e a escola deve
desenvolver essa habilidade, que está relacionada a diversas atividades da vida humana,
tornando-se, assim, uma das práticas essenciais para a atuação em sociedade. A leitura permite
o acesso a informações, contribuindo para a imersão ao vasto acervo cultural construído ao
longo da história da humanidade. Diante disso, este trabalho tem como intuito analisar a leitura
oral de alunos do 6° ano do Ensino Fundamental, para verificar a forma como os discentes,
durante a leitura, organizam a sintaxe do texto. Para isso, o método CBM (Curriculum-based
measurement) para coleta de dados foi utilizado, em que consiste gravar 1 minuto de leitura em
voz alta de trechos de textos previamente selecionados e compatíveis com a série examinada.
Isso auxiliou a identificar a fluência em leitura oral, mostrando o desempenho do alunado na
área que envolve velocidade, precisão e expressividade oral. Os dados da pesquisa pertencem
ao projeto “Proficiência em leitura” coordenado pela professora Dra. Gessiane Picanço. Após
a análise inicial dos dados, foi feito um levantamento na literatura sobre os conceitos de leitura,
proficiência em leitura e compreensão. Sendo assim, esta pesquisa tem como principais suportes
teóricos os pressupostos de Jamet (1997), Kato (1999) e Leffa (1996) referentes à conceituação
de leitura; assim como também foram usadas as pesquisas de Vansiler (2015), Oliveira (2015)
e Moutinho (2015) para basear a concepção de proficiência em leitura. Logo, este trabalho
verificou, de início, que os alunos do sexto ano do Ensino Fundamental não respeitam a sintaxe
original do texto quando fazem a leitura oral; isso pode significa que esses alunos têm
dificuldades em compreender o que estão lendo, já que com essas mudanças errôneas da sintaxe
que os alunos fazem modificam o sentido do texto.

Palavras-chave: Leitura. Proficiência em leitura. Sintaxe.

OS EMPRÉSTIMOS LINGUÍSTICOS EM APURINÃ: CONTRIBUIÇÃO E


ORIGEM

Alessandra da Costa Carvalho


Orientador (a): Sidney da Silva Facundes
Linha de pesquisa: Análise, Descrição e Documentação das Línguas Naturais

Resumo: Na presente pesquisa, pretende-se descrever e analisar os empréstimos linguísticos


que ocorrem na língua Apurinã, sobretudo no que se refere a observação das origens do referido
fenômeno. Toda língua natural contém um vocabulário, e este é entendido como um sistema
aberto que pode ser modificado a partir de fatores internos e externos à língua, ou seja tanto por
processos analógicos ou metafóricos, entre outros, quanto por fatores culturais e sociais de uma
comunidade de língua que interferem na compreensão e formação de sentidos de palavras e
expressões. Observa-se, assim, que esses fenômenos são indispensáveis para ajudar a
compreender contatos e relações sócio-históricas vividas por um povo. Ademais, os dados
utilizados, no estudo, consistem no seguinte procedimento: levantamento de palavras que foram
emprestadas de outras línguas indígenas e do português, atestados em pesquisas anteriores
(FACUNDES et al 2007, 2016, 2019; BRANDÃO, 2006 e LIMA-PADOVANI, 2016), e que
ainda não foram analisados à luz da literatura sobre línguas em contato. As principais questões
de pesquisa sobre os empréstimos dizem respeito à sua direção e etimologia, aos processos
linguísticos envolvidos (e.g. nativização e ajustes à fonologia Apurinã, ou não), e ao que tais
empréstimos revelam sobre a história dos Apurinã, especialmente em relação ao contato com
outros povos e sua contribuição para a formação da língua e do povo. A análise centra-se no
método da Linguística de Corpus (SARDINHA, 2000) e Linguística Histórica (CAMPBELL,
1999), especialmente línguas em contato, e Lexicologia (CRUSE, 2000). Por meio do
levantamento das variantes do léxico em Apurinã (LIMA-PADOVANI, 2016), constata-se que
a interação com falantes não-indígenas permitiu que ocorresse a criação de novas palavras e
atribuição de novos sentidos a outras já existentes.

Palavras-chave: Empréstimos linguísticos. Etimologia. Apurinã.


NEUROEDUCAÇÃO E O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM EM
PROL DA INCLUSÃO DE ALUNOS COM TEA

Alessandra Monteiro Chagas Campelo


Orientador (a): Isabel Cristina França dos Santos Rodrigues
Linha de pesquisa: Ensino-Aprendizagem de Línguas e Culturas: Modelos e Ações

Resumo: A pesquisa analisa o processo de ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa


articulado à Base Nacional Comum (BNCC). As opções metodológicas se pautam na
neuroeducação e envolvendo a perspectiva da inclusão de alunos, os quais apresentam
transtorno do espectro autista (TEA). O objetivo é analisar de que maneira as práticas docentes
articulam ações de linguagem que ampliem o desenvolvimento cognitivo da linguagem do
aluno com TEA. Nossa pesquisa tem embasamento nos estudos desenvolvidos por Bakhtin
(2016); Dias (2019); Geraldi (2006 e 2013); Cosenza e Guerra (2011); Relvas (2015, 2012 e
2018) e Rojo (2015). Há necessidade de diálogo com os documentos como a Declaração de
Salamanca (1994) e Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394/96 e
com a pesquisa-ação (THIOLLENT, 2001) de natureza aplicada envolvendo uma professora do
ensino fundamental de duas escolas (particular e pública), localizadas em Belém-Pa e alunos
com grau leve e moderado do Espectro Autista, na faixa etária entre 9 a 12 anos. O gênero
discursivo selecionado foi a História em Quadrinhos pelo fato de mobilizar diferentes semioses
que favorecem a mobilização que desafiam o cérebro de modo a ampliar a articulação oralidade,
leitura e escrita. Por isso, trazemos para discussão a ferramenta digital intitulada Pixton que
permite a elaboração de HQs no formato on-line, bem como as tecnologias assistivas. Espera-
se que os estudos possam visibilizar alternativas de ensino-aprendizagem mais inclusivas e
desafiadoras no que tange ao trabalho com alunos Autistas em classes regulares.

Palavras-chave: TEA. Ensino-aprendizagem de LP. Inclusão. Histórias em quadrinhos.


Tecnologias digitais.

ESTUDOS TERMINOLÓGICOS SOBRE FLORA APURINÃ

Alice Silva Alves Braga


Orientador (a): Sidney da Silva Facundes
Linha de pesquisa: Análise, Descrição e Documentação das Línguas Naturais

Resumo: As comunidades indígenas Apurinã, de maneira geral, compõem-se geograficamente


em diversas sub-unidades da floresta amazônica, tais como a terra firme, várzea, igarapés ou
rios. Nas comunidades, o conhecimento acerca da flora se constitui por meio da prática da
tradição oral do povo, que se reflete na identidade dos Apurinã, cuja língua e cultura se
encontram ameaçadas no contexto atual. Por isso, o presente estudo visa contribuir para a
documentação da língua e de conhecimentos tradicionais dos Apurinã, por meio do
levantamento, descrição e análise dos termos da flora, aliando fatores linguísticos, botânicos e
socioculturais, que englobam as relações diretas entre povo e natureza, conforme Albuquerque
(1971). Assim, se verificará os fatores culturais que constituem o sistema taxonômico folk
indígena, comparando-o com a taxonomia vegetal científica, a partir do levantamento e análise
do domínio da flora, utilizando os conceitos e métodos da lexicografia, lexicologia e
terminologia, e da análise morfológica, semântica e sintática dos termos da flora, observando-
se os seus usos nas narrativas tradicionais e na cosmologia dos Apurinã. Tais abordagens são
relevantes para a pesquisa e para a educação escolar indígena, pois valorizam os aspectos
linguísticos, socioculturais e funcionais dos termos em contexto real de uso, sistematizando um
conhecimento que pode ser trabalhado na escola indígena como uma das estratégias de
fortalecimento da língua, conhecimento e práticas tradicionais dos Apurinã.

Palavras-chave: Flora. Apurinã. Glossário.

GÊNEROS DISCURSIVOS EM PERSPECTIVA DIACRÔNICA: ANÁLISE


DO GÊNERO NOTÍCIA NOS PERIÓDICOS O JURUÁ E JURUÁ ON-LINE

Ana Cláudia de Souza Garcia


Orientador (a): Juciane dos Santos Cavalheiro
Linha de pesquisa: Lingua(gens) e Formação Docente

Resumo: Este trabalho pretende apresentar uma pesquisa de doutorado que está em andamento
e que busca realizar um estudo sobre gêneros discursivos que circularam no jornal “O Juruá” e
os que estão presentes no jornal Juruá On-line, porém analisando mais detalhadamente o gênero
notícia, desde as categorias linguístico-gramaticais às discursivas, considerando os aspectos
sociais, históricos e culturais da enunciação. Nesse sentido, se faz necessária uma análise
comparativa desses textos no tempo histórico, compreendendo um espaço temporal em torno
de sessenta e oito anos. A notícia, por ser o gênero central do jornalismo, considerando a sua
característica de informar e trazer o novo e o atual, foi escolhida para ser estudada nesta
pesquisa a partir de um jornal impresso (O Juruá) e de outro no formato digital (Juruá On-line).
A ideia, então, é fazer uma análise para identificar os traços de mudança e os que permaneceram
ao longo do tempo no referido gênero, realizando um estudo comparativo desse gênero
discursivo em ambos os jornais. Para adentrar nesta empreitada, os pressupostos teóricos
bakhtinianos são os adotados para subsidiarem esta pesquisa, bem como as impressões de
autores-comentadores dessa teoria, no que concerne, especialmente, ao conceito de gêneros do
discurso, de enunciação/enunciado, transmutação e hibridização de gêneros, entre outros. Além
disso, também é importante, para a finalidade deste estudo, pesquisar a esfera jornalística e as
suas singularidades no processo de comunicação, na produção de efeitos de sentido, em um
movimento dialógico entre sujeito e linguagem.

Palavras-chave: Gêneros discursivos. Notícia. Transmutação de gêneros.

LÍNGUA E IDENTIDADES NEGRAS: UMA ANÁLISE DA OBRA REI


NEGRO DE COELHO NETO

Andressa Queiroz da Silva


Orientador (a): Shelton Lima de Souza
Linha de pesquisa: Língua(gens) e Formação Docente

Resumo: Este trabalho trata-se de uma pesquisa de dissertação em andamento, desenvolvida


no Programa de Pós-graduação em Letras: Linguagem e Identidade da Universidade Federal do
Acre (PPGLI/Ufac) que objetiva analisar o romance Rei Negro, obra escrita por Coelho Neto,
para verificar como o léxico utilizado pelo autor na construção do romance pode rememorar ou
reconstruir identidades negras de descendências africanas no Brasil. Para alcançar o objetivo
proposto, utilizaremos como referencial teórico autores que fazem remissão à construção
identitária e, mais particularmente, de identidades negras, tais como Hall (2003, 2006), Bauman
(2005), Munanga (2008, 2019), entre outros. Quanto aos procedimentos metodológicos, a partir
da leitura da obra, foram descritos elementos lexicais do romance que evidenciam, de algum
modo, a produção de identidades negras no enredo romanesco em destaque. Para o
desenvolvimento da análise lexical, construíram-se fichas lexicográficas das lexias coletadas,
organizando-as e indicando o seu contexto de uso. Como procedimento de análise, foi
observado que o léxico apresentado no romance tem características de resquícios de línguas
africanas que se desenvolveram no Brasil no período da escravidão no Brasil, particularmente
advindos de línguas de origem Banto. Por meio da produção da análise lexical, advinda da
organização metodológica mencionada, observou-se que as narrativas produzidas no romance
utilizam de construções lexicais próprias para marcar e determinar posições de personagens
negros nas relações sociais fictícias construídas pelo autor do romance.

Palavras-chave: Rei Negro. Identidades Negra. Línguas Banto. Estudos Culturais. Estudos de
linguagens.

VAI TIRAR UM DINHEIRO QUE É TEU: CARACTERIZAÇÃO


PROSÓDICA E MULTIMODAL DAS NARRATIVAS DE ENTERRO

Benedita do Socorro Pinto Borges


Orientador (a): Regina Célia Fernandes Cruz
Linha de pesquisa: Análise, Descrição e Documentação das Línguas Naturais

Resumo: No presente estudo revisita-se a estrutura da narrativa de enterro proposta por


Fernandes (2007), defendendo a necessidade de uma análise prosódica e multimodal na
caracterização das suas cinco partes invariáveis: origem, anunciação, manifestação, marcação,
provação e desenlace. A narrativa de enterro compreende o resgate de um tesouro enterrado,
revelado a um indivíduo de perfil merecedor. Para o trabalho foram analisadas 23 narrativas,
do corpus de Borges (em andamento) coletado em comunidades quilombolas do Baixo
Tocantins/PA, cuja principal hipótese é que a estrutura prosódica e multimodal exercem papel
preponderante na delimitação das partes. Essas narrativas de tipos protoconto, descritiva,
explicativa e logro (FERNANDES, 2007) foram gravadas em formato mp4 e wav, narradas por
locutores do sexo masculino e feminino, nativos quilombolas das comunidade do Mola (4),
Itabatinga (4), Itapocu (4), Laguinho (3), Tomázia (4), Bom fim (2), Taxizal (2). As narrativas
foram transcritas de acordo com o modelo da análise da conversação (MARCUSCHI, 1986),
depois analisadas formalmente de acordo com a estrutura estabelecida por Fernandes (2007)
para a narrativa de enterro. Uma segunda notação fora realizada, desta vez com a utilização do
software PRAAT que permite mapear as pistas prosódicas, com papel relevante na
caracterização das partes da narrativa de enterro. Em particular, procedemos: a) ao
levantamento da localização das pausas e suas medidas em ms e; b) as medidas dos movimentos
de F0 nas fronteiras das partes. Por meio dessa análise pretendeu-se descobrir se existe algum
padrão prosódico que possa delimitar as partes do gênero narrativa de enterro, assim como
fizera Oliveira Jr. (2000) para as narrativas de experiência pessoal, da estrutura laboviana.
Numa análise preliminar, após um tratamento estatístico no software Rstudio, observou-se que
a duração da pausa e o intervalo de pitch são parâmetros que se apresentam como importantes
para caracterização da estrutura formal da narrativa de enterro.
Palavras-chave: Narrativa de enterro. Aspecto prosódico. Análise acústica.
ANÁLISE PERCEPTUAL DA VARIAÇÃO PROSÓDICA DO PORTUGUÊS
FALADO EM BELÉM

Camila Roberta dos Santos Brito


Orientador (a): Regina Célia Fernandes Cruz
Linha de pesquisa: Análise, Descrição e Documentação das Línguas Naturais

Resumo: O presente trabalho corresponde a validação das análises acústicas da variedade


dialetal do português falado na capital paraense, a partir de um estudo fonético-perceptivo. Esta
pesquisa é vinculada ao projeto Atlas Multimídia Prosódico do Espaço Românico – Língua
Portuguesa (AMPER-POR), que busca descrever a prosódia do português. Sendo assim, serão
utilizados como estímulos, para a realização dos testes perceptuais, os dados de Belém - zona
urbana, que já foram analisados acusticamente (BRITO, 2014; CRUZ; BRITO, 2014;
CARDOSO; CRUZ; BRITO, 2017; CARDOSO, et al, 2019), denominados como dados de
julgamento, os quais serão extraídos do corpus fixo AMPER. Os resultados acústicos
demostraram que a frequência fundamental (f0) mostrou-se um parâmetro determinante na
caracterização das distinções dos enunciados declarativos e interrogativos. E ainda, as variações
mais importantes ocorrem preferencialmente na sílaba tônica do elemento nuclear do sintagma
final do enunciado, sendo este o foco das investigações perceptuais. Esta pesquisa tem como
base a Sociofonética (FOULKES; SCOBBIE; WATT, 2010), Percepção da Fala (BERTI, 2008)
e Dialetologia Perceptual (PRESTON, 1989; FERREIRA, 2009). Na metodologia, para a
aplicação dos testes perceptuais será utilizado como suporte a plataforma online Google Forms.
Serão selecionados 90 juízes nativos de Belém, levando-se em consideração as variáveis de:
sexo (masculino e feminino), status (experts e naives) e escolaridade (alta escolaridade e baixa
escolaridade). Os juízes deverão efetuar cinco tipos de testes contendo os estímulos tonais. Os
testes tratam sobre a identificação dialetal, de modalidades entoacionais e reconhecimento da
atuação dos parâmetros prosódicos. O tratamento estatístico será realizado pelo modelo não
paramétrico Qui-Quadrado (x²), regressão logística e não paramétrico de Wilcoxon, visto que
servem para avaliar e validar quantitativamente a distribuição esperada para o fenômeno e o
resultado de um experimento.

Palavras-chave: AMPER-POR. Prosódia. Análise Perceptual. Variação Linguística. Belém.

RETRATO DA FRASEOLOGIA EM BELÉM DO PARÁ: DADOS


PRELIMINARES

Cecília Maria Tavares Dias


Orientador (a): Abdelhak Razky
Linha de pesquisa: Análise, Descrição e Documentação das Línguas Naturais

Resumo: Este trabalho tem por objetivo apresentar um estudo teórico sobre a Fraseologia,
ciência linguística, relativamente nova, de caráter multidisciplinar, uma vez que dialoga com
diversas áreas do saber, tais como, a Linguística, Antropologia, História e a Linguística
Aplicada, entre outras (GURILLO, 1997). Além do mais, fazer uma análise sob os pontos de
vista linguístico, dialetal e cultural de alguns fraseologismos falados em Belém do Pará, capital
do norte do Brasil. Esse corpus representativo, que foi coletado de fontes diferentes, entre elas,
por meio do Projeto Atlas Linguístico do Brasil – ALIB e pela pesquisadora, mediante a
aplicação de entrevistas a moradores locais, faz parte do banco de dados da Tese de Doutorado
de Dias (em andamento), intitulada Fraseologia dialetal nas capitais do Norte e Nordeste do
Brasil: um estudo geossociolinguístico com o intuito de constituir um dicionário eletrônico e
impresso. Serão apresentadas definições de Fraseologia e unidades fraseológicas, segundo os
estudos de vários autores, bem como sobre os critérios de identificação e classificação dos
fraseologismos. Ademais, um panorama histórico das correntes francesa e espanhola, com
ênfase, para a corrente francesa, adotada por Salah Mejri (1998, 1999, 2002, 2005, 2012), autor
que considera a unidade fraseológica ou fraseologismo, no repertório de seus estudos, como a
combinatória sintagmática recorrente que apresenta em diferentes graus, uma diversidade de
propriedades, tais como, a polilexidade, fixidez, congruência, opacidade, frequência de uso e
idiomaticidade (MEJRI, 2012). Nessa pesquisa, serão utilizados, também, os pressupostos
metodológicos da Geossociolinguística, que objetiva realizar análises considerando os aspectos
linguísticos, socioculturais e geográfico-espacial, baseado em Razky (1998); Alcides et al.,
(2018), dessa forma, atrelada ao Projeto Geossociolinguístico e Terminológico – GeoLinTerm
do Programa de Pós-Graduação em Letras – PPGL.

Palavras-chave: Fraseologia. Estudo geossociolinguístico. Dicionário.

ATITUDE LINGUÍSTICA DIANTE DO ALTEAMENTO DA VOGAL MÉDIA


POSTERIOR TÔNICA NA VARIÁVEL SEXO

Celso Francês Júnior


Orientador (a): Regina Célia Fernandes Cruz
Linha de pesquisa: Análise, Descrição e Documentação das Línguas Naturais

Resumo: O presente artigo Atitude linguística diante do alteamento da vogal média posterior
tônica na variável sexo no município de Breves/Pa constitui um recorte da tese de doutorado
intitulada Atitude, estigma e identidade: investigações sobre o status do alteamento da vogal
média posterior tônica na variedade marajoara e objetiva i) examinar o papel da variável sociais
sexo no processo de formação das atitudes linguísticas; e, ii) investigar os componentes
cognitivo, conativo e afetivo como elementos modificadores da atitude linguística dentro desta
variável social. Para a realização da presente pesquisa em nível de Doutorado, foram utilizados
os pressupostos teórico-metodológicos da Sociolinguística Variacionista (LABOV, 2008;
CALVET, 2002; MORENO FERNÁNDEZ, 1998; LÓPEZ MORALES, 1989; TARALLO,
1990; CARDOSO, 2015; AGUILERA, 2008) e da Psicologia Social (LAMBERT; LAMBERT,
1972; THURSTONE, 1928; BEM, 1973; ROKEACH, 1968; LIKERT, 1932). Reaproveitando
todo o procedimento metodológico da tese, foram utilizados os dados de atitudes linguísticas
referente à variável sexo pesquisados no município de Breves no Marajó com 24 informantes.
O resultado de medição das avaliações subjetivas revela que falantes nativos do município de
Breves manifestam atitudes positivas quando são colocados em posição de juízes para julgarem
possíveis variedades recorrentes nesta região. Esta aceitação, que é produto de atitudes
positivas, está somada ao sentimento solidário, saberes e reações positivas adquiridas no uso de
sua variedade ou na de outros sujeitos.

Palavras-chave: Atitude linguística. Alteamento vocálico. Marajó.

EDUCAÇÃO ESCOLAR HUNI KUĨ: SABERES, EXPERIÊNCIAS E BASE


CURRICULAR
Danilo Rodrigues do Nascimento
Orientador (a): Maria Inês de Almeida
Co-orientador: Joaquim Paulo de Lima Kaxinawá
Linha de pesquisa: Culturas, Narrativas e Identidades Amazônicas

Resumo: O presente trabalho é uma dissertação em andamento que tem como objetivo
compreender de que maneira as práticas educacionais do povo Huni Kuĩ articulam-se com a
educação escolar indígena do Acre através do uso de seus saberes, linguagem e organização
curricular nas amazônias. Desse modo, a abordagem teórica-metodológica utilizada partiu dos
pesquisadores (as) Weber (2006), Almeida (2010), Dalmolin (2004), Derrida (1973), dos
Kaxinawá (2014), Moita Lopes (2016), Almeida (2014) e Fazenda (1994). A metodologia aqui
utilizada é de abordagem qualitativa, partindo de uma revisão bibliográfica. Para isso, o
primeiro passo foi fazer um levantamento das produções bibliográficas que possuem como tema
as escolas Huni Kuĩ. Após este levantamento bibliográfico foram selecionados os principais
textos, visando alcançar os objetivos propostos nesta dissertação. Em primeiro lugar foi
estudado os conteúdos relacionados à Educação Huni Kuĩ e na sequência os relatórios dos
professores Huni Kuĩ e, por último a influência da educação em Hãtxa Kuĩ no desenvolvimento
das comunidades Huni Kuĩ. Dessa maneira, pensando a experiência de autoria e o protagonismo
do povo Huni kui. Este trabalho foi organizado em três seções: a primeira aborda o contexto
etnográfico desde do primeiro contato com a pesquisa na época do PIBIC até a aprovação no
mestrado; a segunda tem como objetivo central destacar os avanços conquistados na
implementação da educação escolar Huni Kuĩ e de que forma a escola tem auxiliado no
fortalecimento da língua e das linguagens em Hãtxa kuĩ; a terceira está organizada em analisar
a Base Curricular Huni Kuĩ proposta pelos professores. Por fim, nos resultados parciais da
pesquisa observamos que a educação escolar Huni Kuĩ apresenta a partir das perspectivas
intercultural, bilíngue, transdisciplinar, centralizada nas necessidades específicas e
reivindicações dos professores. Uma educação voltada para o aprender-aprender-Huni-Kuĩ em
diálogo com as pedagogias da jiboia.

Palavras-chave: Educação Huni Kui. Protagonismo. Interculturalidade.

DE CARA BRANCA A NÓ NA TRIPA: ESTUDO GEOFRASEOLÓGICO


DOS NOMES DE DOENÇAS NO ESTADO DO PARÁ

Davi Pereira de Souza


Orientador (a): Abdelhak Razky
Linha de pesquisa: Análise, Descrição e Documentação das Línguas Naturais

Resumo: O presente projeto de tese se ocupa do tema fraseologia falada na Amazônia brasileira
concernente a nomes de enfermidades humanas, como demonstram os fraseologismos dar cara
branca, dor de veado, dor na pá, dor nas cadeiras, quebrar a bacia, bico de papagaio, espinhela
caída, nó na tripa etc. O objetivo geral consiste em analisar fraseologismos que nomeiam
doenças no Pará e, como objetivos específicos: (i) realizar o levantamento desses
fraseologismos a partir da fala de pacientes, agentes de saúde, enfermeiros e médicos situados
em comunidades rurais e/ou ribeirinhas da região Norte do Brasil; (ii) descrever, sintática e
semanticamente, os fraseologismos coletados; (iii) verificar a ocorrência de variação
fraseológica e; (iv) mapear as possíveis variantes diatópicas. Quanto à teoria, adota-se a vertente
francesa da Fraseologia, a partir dos estudos de Mejri (1997, 1998, 2012, 2018) e Lamiroy et
al. (2003), Lamiroy & Klein (2005, 2016) e Lamiroy (2008). A metodologia, de natureza
geossociolinguística (RAZKY, 1997; 1998), previa, antes da pandemia, coleta de dados in loco,
com aplicação de questionário semidirigido e uso de narrativa pessoal a 60 colaboradores
distribuídos em 12 (doze) cidades que cobrem as doze Regiões de Integração em que o estado
do Pará está dividido (PARÁ, 2010). Os informantes serão estratificados pelas categorias
pacientes/usuárias dos serviços de saúde pública e profissional da área (médico ou enfermeiro);
sexo (masculino e feminino), idade (Faixa Etária I: 18 a 35 anos e Faixa Etária II: 50 a 80 anos);
e escolaridade (analfabeto ou que tenha feito até o quinto ano/alfabetizado, podendo ter
concluído ou não o Ensino Médio). O processo de tratamento e análise semiautomática dos
dados seguirá procedimentos da Linguística de Corpus (BERBER SARDINHA, 2004;
TAGNIN, 2005; 2011), a partir do uso do software WordsSmith Tools (SCOTTI, 2008). Devido
às restrições impostas pela pandemia, a coleta de dados será modificada.

Palavras-chave: Fraseologia. Nomes de doenças. Pará.

GLOSSÁRIO TERMINOLÓGICO DA ODONTOLOGIA PORTUGUÊS-


LIBRAS: UMA PROPOSTA A PARTIR DO RECORTE DE DOMÍNIO
CURSO DE ODONTOLOGIA DA UFPA

Denise Costa Martinelli


Orientador (a): Alcides Fernandes de Lima
Linha de pesquisa: Análise, Descrição e Documentação das Línguas Naturais

Resumo: O presente trabalho, desenvolvido no Programa de Pós-graduação em Letras –


Linguística, na linha de pesquisa Análise, Descrição e Documentação das Línguas Naturais,
apresenta a proposta de criação de um glossário terminológico bilíngue Português-Libras de
odontologia, a partir do recorte de domínio Curso de Odontologia da Universidade Federal do
Pará (UFPA). O objetivo é compor um vocabulário a partir dos termos utilizados nas disciplinas
do curso de odontologia e propor a criação de sinais-termo equivalentes na Língua Brasileira
de Sinais (Libras) que representem os conceitos e significados, levando em conta as
características gramaticais dessa língua com base nas teorias lexicais e terminológicas,
seguindo a metodologia da socioterminologia aplicada por Faulstich (1995). Este campo
semântico foi escolhido pelo fato de ainda não ser uma área largamente explorada. Os sinais-
termo usados na área da odontologia, especialmente os utilizados nas disciplinas ministradas
no curso de odontologia ainda são poucos na Libras. A metodologia utilizada foi a pesquisa
qualitativa. Na primeira fase, a coleta de dados, seguimos as seguintes etapas: i) delimitação do
objeto de estudo e o público alvo; ii) definição do mapa conceitual; iii) seleção e organização
do corpus; iv) seleção dos candidatos a sinais-termo; v) validação dos sinais-termo por
especialistas da linguística e da odontologia; e v) teste de fiabilidade. A segunda fase, obedeceu
a seguinte ordem: i) Elaboração e organização das fichas terminológicas; ii) organização das
imagens e vídeos em Libras e iii) a produção escrita dos sinais-termos por meio do sistema
SignWriting de escrita de sinais. O glossário terminológico da odontologia Português-Libras
seguirá as regras de macro e microestrutura utilizadas em glossários de Língua de Sinais. Os
sinais-termo foram validados por meio de reuniões periódicas entre especialistas da área da
tradução e interpretação, surdos(as) linguistas e surdos(as) discentes. Esperamos que a proposta
de glossário apresentada neste trabalho, seja de extrema relevância para auxiliar na
comunicação entre os envolvidos no processo de tradução e de interpretação simultânea, na
garantia dos direitos linguísticos para os surdos(as) que ingressam no curso de odontologia e
como material didático que contribua para a aprendizagem de conteúdos da área.
Palavras-chave: Terminologia em Libras. Socioterminologia. Glossário da Odontologia.
Língua de Sinais. Sinais-termo.

ASPECTOS (SÓCIO)LINGUÍSTICOS DO POVO SHANENAWA NA ALDEIA


MORADA NOVA

Eldo Carlos Gomes Barbosa Shanenawa


Orientador (a): Shelton Lima de Souza
Linha de pesquisa: Lingua(gens) e Formação Docente

Resumo: Esta comunicação objetiva apresentar a proposta inicial e alguns resultados


preliminares referentes à análise (sócio)linguística da relação entre a língua Nuke Tsãy, língua
da família linguística Pano, falada pelo povo Shanenawa, na aldeia Morada Nova - uma das
aldeias da Terra Indígena Katukina/Kaxinawá - e o português. A pesquisa, que se constituirá na
produção de uma dissertação para o Programa de Pós-graduação em Letras: Linguagem e
Identidade, se constituirá em uma reflexão sobre as seguintes questões, já com alguns resultados
preliminares: verificar a atual situação da Nuke Tsãy na Aldeia Morada Nova; descrever a atual
situação da Nuke Tsãy em relação ao Português; fazer levantamentos relacionados falantes
atuais de Nuke tsãy e do português, identificando monolíngues em ambas as línguas e diferentes
formas de bilinguismos; analisar a relação entre produção linguística bilíngue (ou plurilíngue)
e o processo de (re) construção de identidades Shanenawa. Inicialmente, verificamos que,
embora haja falantes de Nuke Tsãy na aldeia, principalmente entre os Shanenawa anciãos, a
língua está passando por um processo de deslocamento, tendo em vista o uso constante de
português com características próprias, o que poderia ser refletido com uma variedade do
português intitulada português shanenawa.

Palavras-chave: Língua Nuke Tsãy. Português. Bilinguismo. Povo Shanenawa. Situação


(Sócio)linguística.

MULTILETRAMENTOS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: AS


MULTISSEMIOSES TEXTUAIS NO JORNAL DIGITAL

Ethiene Cardoso da Silva


Orientador (a): Isabel Cristina França dos Santos Rodrigues
Linha de pesquisa: Ensino-Aprendizagem de Línguas e Culturas: Modelos e Ações

Resumo: A pesquisa se propõe a analisar as práticas docentes envolvendo os gêneros


discursivos digitais a partir da Pedagogia dos Multiletramentos, tendo por objeto textos da
esfera jornalística elaborados em ambiente virtual. Os sujeitos da pesquisa são alunos
pertencentes à modalidade EJA de uma escola pública da rede estadual de ensino do município
de Belém. Assim, os estudos se pautam nas pesquisas de Soares (2010), Street (2014), Rojo
(2012), Kleiman (2014), Cope e Kalantzis (2000), Zancheta Júnior (2005) e Bakhtim (2003). A
metodologia envolve a abordagem qualitativa a partir da Pesquisa-ação (THIOLLENT, 2001),
fundamentada no paradigma da aprendizagem interativa centrada na criação do protótipo
didático “Jornal Digital da EJA”, de modo a proporcionar aos sujeitos da EJA condições de
utilização da linguagem de forma ampla, dinâmica, crítica e reflexiva seja na escuta e produção
de textos orais, seja na leitura e produção de textos escritos. Desse modo, os resultados
esperados são de que os alunos da EJA possam ter oportunidades de circulação mais proficiente
pelos gêneros digitais que integram o jornal digital em prol de práticas sociais de leitura crítica
e de escrita mais autorais que lhes favoreçam divulgar seus trabalhos, agregar experiências e
formas mais efetivas de persuasão nas diferentes esferas comunicativas.

Palavras-chave: Pedagogia dos Multiletramentos. EJA. Jornal digital. Argumentação.

A AULA COMO REPETIÇÃO: PADRONIZAÇÃO ESTÉTICA EM


QUESTÃO

Felipe Hilan Guimarães Santos


Orientador (a): Thomas Massao Fairchild
Linha de pesquisa: Ensino-Aprendizagem de Línguas e Culturas: Modelos e Ações

Resumo: No atual contexto educacional, percebe-se que uma vertente teórico-metodológica


tem influenciado bastante propostas de aula de língua portuguesa, o que, a nosso ver, provoca
uma massificação da abordagem de ensino que se vê entretecida por uma estrutura padrão
amplamente veiculada, tanto no ambiente acadêmico quanto na educação básica. Ao
considerarmos a sala de aula como um lugar no qual subjetividades se constituem, é importante
notar que múltiplas possibilidades de trabalho necessitam ser tidas como caminhos possíveis
para a aprendizagem e não apenas uma abordagem formatada. Diante disso, objetivamos
verificar o lugar que a autoria de uma aula ocupa num cenário de repetições, sendo fundamental
refletir acerca das relações de ensino/aprendizagem que enredam as produções contemporâneas,
a fim de descrever os elementos que compõem a estética de uma aula. Para análise, pretendemos
selecionar e debater ementas de disciplinas de graduação do curso de Letras/Língua Portuguesa
que tematizam o ensino e aplicação de propostas de aula, assim como propostas didáticas
elaboradas por graduandos durante essas disciplinas. Em suma, podemos previamente afirmar
que as propostas de ensino refletem o resultado de uma padronização do que seria uma estética
ideal de aula de língua portuguesa, no que tange a sua forma e conteúdo. Assim, observa-se a
necessidade de produzir aulas que fujam da demanda estigmatizada de uma repetição, a fim de
reiterar a atividade linguística para além de uma uniformização tecnicista que distorce a
essência da língua como ela de fato é: dinâmica, criativa e multiforme.

Palavras-chave: Aula. Autoria. Estética. Relações de ensino/aprendizagem. Cenário tecnicista.

AVALIAÇÃO FORMATIVA: A INFLUÊNCIA NA REGULAÇÃO DA


ATIVIDADE DOCENTE NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE
PORTUGUÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA

Fernanda Souza e Silva


Orientador (a): Myriam Crestian Chaves da Cunha
Linha de pesquisa: Ensino-Aprendizagem de Línguas e Culturas: Modelos e Ações

Resumo: O objeto desta pesquisa é a formação inicial de professores de Português Língua


Estrangeira (PLE), no âmbito do projeto de extensão no qual se preparam alunos do “Programa
Estudantes-Convênio Graduação” ao exigente exame de Certificação em Língua Portuguesa
para Estrangeiros (Celpe-Bras). Na falta de capacitação especifica proporcionada pela
instituição, os professores-estagiários, discentes dos cursos da Faculdade de Letras Estrangeiras
Modernas (FALEM) que ministram aulas no projeto, recebem uma formação complementar ao
mesmo tempo em que aprendem a lidar com a complexidade da docência junto a um público
heterogêneo do ponto de vista linguístico-cultural. O objetivo desta pesquisa é aferir os
impactos da modalidade formativa de avaliação, enquanto estratégia de regulação da atividade
docente, na formação inicial desses professores. Para tal, recorremos aos aportes teóricos da
perspectiva francófona de avaliação formativa (ALLAL, 1979, 1993, 2007; PERRENOUD,
1998), bem como aos trabalhos da clínica da atividade (CLOT, 2000; CLOT; FAÏTA, 2000), e
aos estudos sobre gestos profissionais (JORRO, 2004; BUCHETON et al., 2008) e posturas do
professor (BUCHETON; SOULÉ, 2009). Acompanhamos o desenvolvimento das
competências autoavaliativas e autorregulatórias de seis professores-estagiários do referido
projeto ao longo de sete meses de aulas ministradas por ensino remoto. Por meio de entrevistas,
diários reflexivos, entrevistas de autoconfrontação simples e reuniões com o grupo de
professores, busca-se despertar a reflexividade dos participantes por meio da análise de sua
própria prática, de modo a levá-los a implementar regulações bem sucedidas em suas posturas
de ensino, visando a influenciar a autorregulação das produções linguageiras dos aprendentes
de PLE.

Palavras-chave: Avaliação Formativa. Formação de Professores de Línguas Estrangeiras.


Português Língua Estrangeira.

LIVRO DIDÁTICO E PRÁTICAS EM SALA DE AULA PARA O ENSINO DE


LÍNGUA DE HERANÇA: ENSINANDO A LÍNGUA PARKATÊJÊ PARA MẼ
KRARE

Francinete de Jesus Pantoja Quaresma


Orientador (a): Marília de Nazaré de Oliveira Ferreira
Linha de pesquisa: Análise, Descrição e Documentação das Línguas Naturais

Resumo: O contato com a cultura não indígena tem levado muitas comunidades indígenas à
extinção ou ao monolinguísmo em Português. No cenário atual, a educação escolar indígena
tem sido apontada como estratégia em favor da revitalização das línguas tradicionais desses
povos, mas para que a escola cumpra tal propósito, as metodologias de ensino-aprendizagem
das línguas indígenas e os livros didáticos que apoiam o processo educacional devem ser
coerentes com a realidade e a especificidade do povo atendido por eles. Partindo desse
pressuposto, este estudo em nível de Doutorado visou contribuir para o processo de ensino-
aprendizagem da língua Parkatêjê. Devido ao intenso contato com a sociedade circundante, o
Parkatêjê tornou-se a língua de herança da geração infantil, monolíngue em Português, mas
com grande potencial de aprendizagem daquela língua, capaz de reverter o quadro de
obsolescência linguística do idioma tradicional. Nesse sentido, esta pesquisa é fruto da
necessidade de investimentos em estudo que favoreçam a revitalização de línguas ameaçadas.
Por meio dessa, buscou-se investigar metodologia de ensino-aprendizagem eficiente para a
língua Parkatêjê em nível de alfabetização e etapas de elaboração de um livro didático indígena.
O conceito de gêneros textuais da oralidade, trabalhado a partir da abordagem comunicativa,
foi apontado como uma alternativa para o desenvolvimento de competências e habilidades orais
e a introdução da modalidade escrita em crianças matriculadas no 1º ano/9 do Ensino
Fundamental da Escola Pẽptykre Parkatêjê. Os resultados dessa investigação culminaram em
uma proposta de livro didático indígena de alfabetização para crianças Parkatêjê, com
atividades voltadas para a referida série/ano escolar. De caráter bibliográfico, documental e de
campo, esta pesquisa aplicou técnicas de coleta de dados coerentes à sua natureza, pautando-se
nos pressupostos teóricos da Linguística Aplicada, da Linguística Descritiva e da Educação.

Palavras-chave: Língua Parkatêjê. Livro didático indígena. Alfabetização indígena.


Abordagem comunicativa. Gêneros textuais da oralidade.

ESCRITA ACADÊMICA DE SURDOS: A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO


NOS DISCURSOS SOBRE SI

Franciany Chaves Waris


Orientador (a): Thomas Massao Fairchild
Linha de pesquisa: Ensino-Aprendizagem de Línguas e Culturas: Modelos e Ações

Resumo: O presente estudo tem por objetivo analisar como as definições de surdez enquanto
“cultura” são constituídas nos discursos acadêmicos de surdos a partir da relação polêmica com
o discurso médico, a fim de compreender como a polêmica se apresenta no interior do espaço
discursivo. Especificamente, buscamos: (I) Descrever o papel dos processos de
interincompreensão e “tradução” (simulacros), produzidos pela relação polêmica entre o
discurso da cultura Surda e o discurso médico, na constituição das narrativas de pesquisadores
surdos; (II) Identificar os principais conceitos que fundamentam o discurso da Cultura Surda e
sua contrapartida no discurso médico; (III) Discutir a influência da polêmica nas tomadas de
posição dos pesquisadores em relação aos seus objetos de pesquisa. O corpus de nossa pesquisa
constitui-se, inicialmente, de dez narrativas de vida constantes nas dissertações de mestrado e
teses de doutorado da UFSC. Para realizar este estudo adotamos os procedimentos
metodológicos referentes ao tipo de pesquisa Qualitativa baseada em autores relacionados à
Análise do Discurso de linha francesa, em especial, os semas do discurso propostos por
Maingueneau (2008), cuja polêmica como interincompreensão e negação de simulacros
constituem-se no interior do espaço discursivo; bem como os conceitos de enunciado, formação
discursiva, arquivo e memória, postulados por Foucault (2008). Levantamos como hipótese de
pesquisa que D2 sustenta marcas de uma origem polêmica a partir de D1.

Palavras-chave: Surdez. Discurso. Sujeito. Escrita.

MACRO-GESTÃO E MOVIMENTOS MICROGESTIONÁRIOS NO ESPAÇO


DA DOCÊNCIA

Hadson José Gomes de Sousa


Orientador (a): Fátima Cristina da Costa Pessoa
Linha de pesquisa: Análise, Descrição e Documentação das Línguas Naturais

Resumo: Com a pesquisa “DRAMÁTICAS DOS USOS DO CORPO-SI E A


CONSTITUIÇÃO IDENTITÁRIA NO TRABALHO DOCENTE” intuo descrever e interpretar
a linguagem no/sobre o trabalho e linguagem no/como trabalho, que considero atividades
constitutivas com a/sobre a/da linguagem. Isso para problematizar nessa interface, linguagem
(Análise do Discurso) e trabalho (Ergologia), processos de constituição identitária pessoal-
professoral, identidade (mesmidade) e momentos de identificação (diferença constitutiva) nas
situações de trabalho (ST). Nesse sentido, pretendo refletir/discutir sobre o estatuto da
linguagem como atividade em que a ST, a atividade de trabalho, a atividade de pesquisa, o(a)s
sujeito(a)s, a(s) identidade(s) e a própria linguagem estão em constituição. Mais ainda por
tratar-se de um contexto de trabalho, o docente, no caso, em que diferentes linguagens são
vetores de inter-ações e de experiências que produzem saberes laborais, sempre em conexão
com saberes alheios. Ademais, iniciei a fase de composição dos textos-base ouvindo
individualmente o(a)s professore(a)s, as histórias de vida pessoais-professorais. Essas
conversas me desvelaram um cenário em que parecia imperar, mesmo que no magistério
público/estatal, uma ordem imposta, capitalística: organização individualizadora do trabalho
pela instância macrogestora das atividades. O qual me conduziu, outrossim, na busca pela
identidade narrativa silenciada, reificada por essa prática discursiva (PD) no ofício de
linguagem, e pelos elos que re-atam o coletivo no/do trabalho. Visto que a atividade concebida
enquanto dramática de usos do corpo-si, de si por si e de si por outro(a)s, não é nunca totalmente
antecipável. O que escapa, pois, revela os movimentos microgestionários, a autogestão dos
devires, por aquele(a)s que fazem a atividade na cotidianidade. No caso da ST que investigo,
o(a)s docentes re-criam um lugar nos momentos do intervalo para a produção de linguagem
no/sobre o trabalho, inscrevem-se de modo outro no sistema de lugares dados/impostos,
constituindo, com base num debate de valores, uma PD própria da atividade docente. Assim,
nesse movimento, produzem re-normalizações, re-escrevem a história com suas dêixis
discursivas, no aqui agora, ao enfrentar o que se configura como obstacularização na atividade.

Palavras-chave: Linguagem e Trabalho. Trabalho docente. Linguagem no/sobre o trabalho.


Linguagem no/como trabalho. Identidade professoral.

VARIAÇÃO SEMÂNCTO-LEXICAL EM COMUNIDADES AFRO-


BRASILEIRAS NO ESTADO DO AMAPÁ: ESTUDO GEOLINGUÍSTICO

Helen Costa Coelho


Orientador (a): Marilucia Barros de Oliveira
Linha de pesquisa: Análise, Descrição e Documentação das Línguas Naturais

Resumo: Esta pesquisa tem como objetivo apresentar a variação semântico-lexical em


comunidades afro-brasileiras no estado do Amapá, considerando o modelo teórico do estudo
geolinguístico e visa descrever e mapear a variedade do português falado em comunidades
tradicionais de origem afro-brasileiras. A investigação apresenta um levantamento histórico e
cultural das comunidades relacionadas na pesquisa, bem como elaboração de cartas linguísticas
semântico-lexicais pluridimensionais. Para tanto, esta pesquisa está pauta na análise das
seguintes dimensões: diatópica (localidades distintas); diagenérica (GI = 1ª geração de 18 – 30
anos, GII = 2ª geração acima de 50 anos); diassexual (masculino e feminino) e diarreligiosa
(católico, evangélico e religião de matriz africana). O estudo parte dos critérios estabelecidos
pelo Comitê Nacional do Projeto do Atlas Linguístico do Brasil (ALiB, 2001), o material
coletado por meio de aplicação de questionários, onde as respostas dadas às perguntas de um
questionário a 04 colaboradores de cada ponto de inquérito, totalizando 20 falantes na coleta
geral dos dados. Os pontos de inquéritos são: 01 – Mazagão Velho; 02 – Curiaú; 03 – Mel da
Pedreira; 04 – Cunani; 05 – Kulumbú do Patuazinho. Os dados dessas entrevistas são o corpus
analisado. O estudo demonstrou algumas informações bastante significativas do ponto de vista
da Geolinguística Pluridimensional, as cartas evidenciam que o comportamento na dimensão
diarreligiosa, há uma forte influência do catolicismo popular nas variantes lexicais do português
falado. Na dimensão diassexual, documentou-se a presença de costumes e superstições em
maior incidência do sexo feminino. Com relação à dimensão diageracional, a geração II é
apresenta maior influência de dogmas religiosos. Nesse sentido, os resultados confirmam a tese
de que há uma forte influência da relação entre Igreja e o catolicismo popular, pensado na
perspectiva de manifestação religiosa vinculadas à crenças e práticas religiosas e realizadas
mais ou menos de forma autônoma em relação à Igreja enquanto espaço institucional.

Palavras-chave: Léxico. Geolinguística Pluridimensional. Afro-brasileiras. Português falado.

A NORMALIZAÇÃO DE VOGAIS APLICADA ÀS VOGAIS MÉDIAS PRÉ-


TÔNICAS DO PB FALADO NA CIDADE DE CAMETÁ – PA

Hugo Henrique Carvalho da Silva


Orientador (a): Regina Célia Fernandes Cruz
Linha de pesquisa: Análise, Descrição e Documentação das Línguas Naturais

Resumo: A normalização de vogais foi desenvolvida porque falantes diferentes possuem


tamanhos de tratos vocais diferentes, o que, por sua vez, faz com que suas ressonâncias
formantes sejam diferentes. A normalização vocálica é crucial para comparar as realizações
vocálicas por diferentes falantes de maneiras linguísticas e sociolinguísticas significativas.
Quanto dessa diferença é realmente social e sociolinguisticamente significativa e quanto é
simplesmente fisiológica? A normalização é necessária para responder a essas perguntas. Em
primeiro lugar, e mais importante, é qual é o propósito da normalização. Disner (1980) e
Thomas (2002) listam quatro objetivos gerais: Para eliminar a variação causada por diferenças
fisiológicas entre os falantes (ou seja, diferenças no tamanho da boca). Para preservar diferenças
sociolinguísticas / dialetais / interlinguísticas na qualidade das vogais. Para preservar as
distinções fonológicas entre as vogais. Para modelar os processos cognitivos que permitem aos
ouvintes humanos normalizar as vogais emitidas por diferentes falantes. Há diferentes técnicas
de normalização. Assim, o presente trabalho de dissertação realizará a aplicação das 5 principais
técnicas listadas no site Norm: http://lingtools.uoregon.edu/norm/norm1_methods.php. Esses
dados são provenientes de interlocutores nativos da cidade de Cametá, os quais foram
submetidos a um protocolo de imagem. O objetivo é comparar valores não normalizados desses
locutores, obtidos pela segmentação no Praat com os valores normalizados, obtidos a partir das
técnicas propostas e listadas no site Norm. As vogais médias pré-tônicas são o principal objeto
de caracterização acústica do trabalho apresentado.

Palavras-chave: Normalização. Vogais. Pré-tônicas.

REFLEXÕES PRELIMINARES SOBRE A LÍNGUA XIKIYANA (KARÍB)

Iohana Victoria Barbosa Ferreira


Orientador (a): Antonio Almir Silva Gomes
Linha de pesquisa: Diversidade Linguística na Amazônia

Resumo: Os Xikiyana, atualmente vivem na região da Terra Indígena Parque do


Tumucumaque, juntamente a populações das etnias Tiriyó, Kaxuyana e Akuriyó. Nessa região,
o uso da língua Tiriyó é predominante, o Xikiyana com o passar do tempo foi reduzindo a
segunda ou terceira língua e, consequentemente, está em vias de extinção. De acordo com
alguns indígenas há apenas um pequeno grupo de falantes e alguns lembrantes da língua. Dessa
maneira, o presente trabalho tem como objetivo realizar um estudo preliminar acerca da língua
Xikiyana, pertencente à família Karíb.

Palavras-chave: Língua. Xikiyana. Documentação.

DECOLONIALIDADES: OS HUNI KUIN E A LUTA PELA TERRA

Jairo de Araujo Souza


Orientador (a): Elder Andrade de Paula
Linha de pesquisa: Culturas, Narrativas e Identidades Amazônicas - CNIA

Resumo: Esta proposta de pesquisa parte de uma crítica aos sistemas de pensamento que
restringem nossa visão de mundo, como percebemos ser o do chamado mundo moderno e sua
inerente colonialidade. Queremos investigar como povos Indígenas tem se organizado em suas
já seculares “batalhas” contra o capitalismo hegemônico, em sua mais atual versão
“esverdeada” das últimas décadas, narrada como ambiental e sustentável, e que, avança sobre
mundos, rios, terras e gentes nas fronteiras do Estado do Acre com os países vizinhos, Peru e
Bolívia. Primeiramente, faremos um breve recorte histórico para contextualizarmos a
geopolítica colonial dessas fronteiras nacionais do extrativismo, da madeira e da monocultura
do agrobusiness. Em seguida, a partir de certas ações de determinados grupos Huni Kuin,
identificar possíveis particularidades e contradições surgidas nas relações de poder, em
especial, de algumas de suas lideranças e coletivos organizados, bem como seu enfrentamento
de ameaças mais recentes, como dos incêndios de suas terras em plena pandemia de
Coronavírus. Também nos interessa investigar quais estratégias políticas de luta pela terra estão
em curso, particularmente, neste momento de um recrudecimento da violência dos Estados
Nacionais também nessas fronteiras. Uma de nossas perguntas de pesquisa é: como as
manifestações produzidas pelos Huni Kuin, seus movimentos políticos e artísticos organizados
tem potencial de um fortalecimento em movimento de
suas estratégias de luta política? Walter Mignolo em sua abordagem crítica, nos aponta sobre
um “pensamento liminar” que possa servir de potência para a superação das narrativas
colonialistas e secularmente silenciadoras acerca de gentes, seus mundos e línguas,
particularmente, no continente ameríndio, narrado e secularizado como América e seu
significante local de narrativa global, Amazônia.

Palavras-chave: Colonialidade. Huni Kuin. Indígenas; Modernidade. Narrativas.

DICIONÁRIO DA FAUNA PARKATÊJÊ

Jaqueline de Andrade Reis


Orientador (a): Marília de Nazaré de Oliveira Ferreira
Linha de pesquisa: Análise, Descrição e Documentação das Línguas Naturais

Resumo: A presente Tese tem por objetivo precípuo elaborar um dicionário do léxico da fauna
Parkatêjê, comunidade indígena localizada na Terra Indígena Mãe Maria, à altura do quilômetro
30 da rodovia BR-222, no município Bom Jesus do Tocantins, no estado do Pará. Os
pressupostos teórico-metodológicos que sustentam esse estudo encontram-se ancorados nas
áreas de conhecimento da Lexicologia e da Lexicografia à luz dos estudos propostos por
Biderman (1996, 1998, 2001, 2006) e Faulstich (2001, 2007, 2010, 2011, 2012, 2014), entre
outros. Além disso, tal investigação analisa e descreve as unidades lexicais da fauna a partir dos
aspectos morfológicos e semânticos com o propósito de compreender como ocorre o processo
de formação dos nomes dos animais de acordo com o contexto linguístico e sociocultural de
uso da língua Parkatêjê. Para abordar essa questão, a análise e descrição, apoia-se, sobretudo,
em Araújo (1989,1977, 2016) e Ferreira (2003), além de outros. A produção do dicionário
contou com a participação dos colaboradores em todas as etapas que foram realizadas para
construir a obra lexicográfica. Os dados coletados por meio de entrevistas com os colaboradores
da pesquisa foram organizados e tratados no Fieldworks Language Explorer (FLEx) cuja função
possibilitou formar um banco de dados que é composto por aproximadamente 570 léxicos da
fauna. Outro programa computacional utilizado foi o Lexique Pro para gerar o dicionário em
sua versão impressa. Os verbetes do dicionário apresentam-se organizados em ordem alfabética
e acompanhados por algumas ilustrações que foram utilizadas para ajudar na compreensão dos
significados das entradas. Espera-se que este trabalho possa contribuir para o fortalecimento e
preservação da língua Parkatêjê, que corre risco de extinção, além de servir de ferramenta
didática a fim de auxiliar os professores e alunos no ensino da referida língua indígena.

Palavras-chave: Lexicologia. Lexicografia. Dicionário. Fauna. Parkatêjê.

O SENTIDO DA EXPERIÊNCIA VIVIDA, PERCEBIDA E


COMPARTILHADA DE PROFESSORAS E PROFESSORES EM PROCESSO
FORMATIVO ACADÊMICO EM ÁREAS DE FLORESTA NA AMAZÔNIA
ACREANA

Jorge Fernandes da Silva


Orientador (a): Elizabeth Miranda de Lima
Linha de pesquisa: Lingua(gens) e Formação Docente

Resumo: O problema central nesse trabalho de pesquisa visa analisar a experiência vivida,
percebida e compartilhada de professoras e professores em processo formativo acadêmico pelo
Plano Nacional de Formação de Professores de Educação Básica – Parfor, em áreas de floresta
na Amazônia acreana. O trabalho tem como objetivo central compreender o sentido da
formação universitária para profissionais docentes em processos formativos acadêmicos, que
dominam o fazer prático de sua profissão, perpassando os campos políticos, socioeconômico e
culturais. Quais as condições de vida e trabalho das professoras e professores que lecionam em
áreas de floresta na Amazônia acreana? Será registrado o conceito de experiência nos estudos
de John Dewey, também de, Walter Benjamin e de Jorge Larrosa. Esses registros serão seguidos
de um levantamento bibliográfico de Dissertações e Teses sobre o processo de construção da
experiência na trajetória da profissão docente. A ancoragem teórica central será balizada pelas
constatações de Edward Palmer Thompson, seguida pelas contribuições de Salomão Antônio
Mufarrej Hage nas análises sobre a experiência forjada nas condições de vida e trabalho de
professoras e professores das escolas multisseriadas em áreas de florestas na Amazônia acreana.
A metodologia está sendo planejada para captar e apreender as informações empíricas de
professoras em professores em processo formativo pelo Parfor, através de entrevistas
individuais e/ou em grupos focais que atendam aos objetivos da pesquisa. A descrição e análise
dos dados serão norteadas a partir das seguintes problemáticas: Como professoras e professores
em processo formativo concebem a experiência vivida, a experiência percebida e a experiência
compartilhada no trabalho de docência nas escolas em áreas de florestas? Seria possível a
formação acadêmica pautada no currículo seriado atender às reais necessidades que se
apresentam em escolas multisseriadas em áreas de florestas? Essas questões serão perseguidas
no processo de construção do trabalho.

Palavras-chave: Docentes. Experiência. Formação acadêmica. Parfor.

O DESENVOLVIMENTO DO APLICATIVO MÓVEL GAMIFICADO


JÊNSINO NA APRENDIZAGEM DE LÍNGUA PARKATÊJÊ COMO
LÍNGUA DE HERANÇA

Karina Figueiredo Gaya


Orientador (a): Marília de Nazaré de Oliveira Ferreira
Linha de pesquisa: Análise, Descrição e Documentação das Línguas Naturais

Resumo: Quando uma língua desaparece leva consigo todo o legado histórico de um povo. Em
razão da atual situação de ameaça à existência de línguas-culturas indígenas brasileiras, a busca
por métodos e ações para revitalizá-las ou preservá-las tem sido crescente nos últimos anos. A
fim de evitar a extinção, comunidades indígenas em parceria com linguistas e outros estudiosos
vêm investindo no ensino-aprendizagem de seu patrimônio imaterial. O presente estudo tem
como objetivo apresentar o desenvolvimento do aplicativo móvel de auxílio a aprendizagem de
língua indígena Parkatêjê como língua de herança: Jênsino. Este aplicativo móvel consiste em
um conjunto de atividades virtuais gamificadas, conforme proposta apresentada por Kapp
(2012). São utilizados também como arcabouço teórico as reflexões sobre políticas linguísticas
e revitalização de línguas (Tsunoda, 2006; Calvet 2007) aprendizagem de línguas (Grosso 2015;
Schmidt, 2017), aprendizagem de línguas mediadas por aplicativos móveis (Vagarinho, 2018;
Marcolino, 2019), letramento e cultura digital (Santaella, 2003; Buckingham, 2010; Amante,
2011). Entendemos a relevância deste trabalho no que concerne a discussão sobre os direitos
dos povos indígenas já garantidos desde a Constituição Brasileira de 1988. Dentre esses,
podemos citar o direito à educação formal, no qual o ensino deve ser bilíngue, intercultural,
específico e diferenciado (FERREIRA e DA SILVA, 2017). Em termos metodológicos, este
trabalho sustenta-se em três pilares: a pesquisa bibliográfica, na qual a revisitação de trabalhos
publicados sobre o povo Parkatêjê teve fundamental importância, a pesquisa de cunho
etnográfico que envolve a coleta e tratamento dos dados reunidos em visitas à comunidade e
para desenvolver o aplicativo, a metodologia do design centrado no usuário (Lowdermilk, 2015)
foi essencial para a composição do framework do aplicativo.

Palavras-chave: Índios Parkatêjê. Língua de herança. Aplicativo móvel de aprendizagem.


Gamificação.

PREDICAÇÃO NÃO VERBAL NA LÍNGUA SAKURABIAT (TUPÍ)

Larissa da Costa Arrais


Orientador (a): Ana Vilacy Moreira Galucio
Linha de pesquisa: Análise, Descrição e Documentação das Línguas Naturais

Resumo: Predicados não verbais, estruturalmente, são construções que podem ser apresentadas
em orações verbais ou não verbais e o núcleo da informação principal da sentença não se
encontra em verbos, mas em nomes, adjetivos ou advérbios, por exemplo. Nessa perspectiva, a
presente pesquisa busca explicar as ocorrências de predicados não verbais encontradas em
Sakurabiat, mais especificamente os predicados adjetivais, locativos e existenciais. Tal língua
pertence ao ramo Tupari da família linguística Tupí, constituído pelas línguas: Akuntsú,
Makurap, Sakurabiat, Tupari e Wayoro, faladas no estado de Rondônia, por grupos
relativamente pequenos. A pesquisa utiliza como pressupostos teóricos Stassen (1997), Payne
(1997), Dryer (2007), Dixon (2010) e Overall, Vallejos e Gildea (2018). Efetuamos uma
pesquisa de cunho exploratório descritivo, para que pudéssemos descrever o fenômeno
escolhido, além de termos buscado análises qualitativas, conforme cita Lakatos (2003). Nossa
análise, até o momento atual, revelou que os predicados nominais, em Sakurabiat, podem
ocorrer mediante diferentes estratégias morfossintáticas, tanto na forma afirmativa quanto na
negativa. Ademais, as questões referentes a tempo, modo e aspecto (TAM) interferem
diretamente na presença ou ausência de cópulas não verbais nas sentenças com predicados
nominais. No caso das sentenças afirmativas, não há uso de cópula no presente; entretanto,
ocorrem cópulas no passado e futuro. Em contrapartida, os predicados nominais negativos
constituem-se de modos diferentes. A cópula pode ocorrer em todos os tempos verbais e a sua
presença ou ausência é definida de acordo com o morfema de negação utilizado. A cópula
ocorre quando se emprega a partícula negativa noat, mas não ocorre quando se emprega o sufixo
negativo -ap, se este estiver diretamente associado ao SN negado. Porém, o sufixo negativo -ap
também pode ocorrer associado à copula, através de um morfema medial de ligação {-r-}.

Palavras-chave: Tupari. Sakurabiat. Predicados não verbais. Cópulas.

TRADUÇÃO E ESTUDO INTRODUTÓRIO DA ARS GRAMMATICA


(LIBER I) DE MÁRIO VITORINO: DE SYLLABIS

Leillane Regina dos Santos


Orientador (a): Carlos Renato Rosário de Jesus
Linha de pesquisa: Estudos Clássicos

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo elaborar um estudo introdutório e traduzir,
com anotações, a seção referente à descrição da sílaba (de syllabis) presente na Ars Grammatica
(Liber I) de Mário Vitorino (300 - 382 d. C.), a partir da edição de Heinrich Keil (2009 [1874]),
do volume 6 da coleção Grammatici Latini. De cunho bibliográfico, nossa incursão realizará
estudo filológico do fragmento acima indicado, centralizando nosso trabalho no objeto em
questão, isto é, a descrição da sílaba, à luz das concepções do nosso autor. Além disso,
buscaremos propor soluções para as eventuais divergências semânticas e linguísticas entre a
língua latina e a língua portuguesa, esclarecer os exemplos utilizados por Mário Vitorino no
texto, e tecer comentários filológicos acerca do texto traduzido. Assim, a principal motivação
para a realização dessa pesquisa é a necessidade de trazer à luz uma obra fundamental para
conhecimento da evolução das contribuições do pensamento antigo e medieval acerca das
primeiras sistematizações a respeito das línguas humanas.

Palavras-chave: Tradução. Gramática. Latim. Filologia.

SUJEITO-PROFESSOR: VOZES QUE CONSTITUEM E ATRAVESSAM A


AUTORIA NA PRÁTICA DOCENTE

Lia Barile Carvalho da Silva


Orientador (a): Thomas Massao Fairchild
Linha de pesquisa: Ensino-Aprendizagem de Línguas e Culturas: Modelos e Ações

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo analisar as formas de dispersão da autoria na
constituição subjetiva de docentes em exercício do magistério (considerando a constituição e
as possibilidades da autoria no ensino de línguas) e as possibilidades de autoria no próprio fazer
docente. A análise está centrada na inscrição do sujeito-professor em uma individualidade
histórica, sem desconsiderar os seus processos de assujeitamento. Está fundamentado nas ideias
de Sujeito e de Autoria postuladas por Foucault (1969 , 1978, 2010), associadas à concepção
de Autor que encontramos em Mikhail Bakhtin (2013). Além disso, usamos as noções de
Heterogeneidade Discursiva, de Authier-Revuz (2004), as relações entre Educação e Poder,
abordadas por Michael Apple (1989), e Angel Rama (2015) , discutindo a constituição da
intelectualidade latino-americana e a sua relação com o presente. O corpus dessa pesquisa, do
tipo qualitativa, é constituído por materiais – acadêmicos e didáticos – produzidos por um grupo
de estudos formado por professores de Línguas do Ensino Básico, o qual se reúne
periodicamente e cujas discussões também serão material para essa análise. Discutir sobre a
autoria do professor no contexto atual é pensar na formação da subjetividade do professor, na
sua relação com os saberes do seu campo e nos impactos que podemos ter na sala de aula.

Palavras-chave: Autoria. Subjetividade. Ensino. Resistência.

CONTRIBUIÇÕES AO ESTUDO HISTÓRICO-COMPARATIVO PARA A


HIPÓTESE DE UM SUB-AGRUPAMENTO DAS FAMÍLIAS MUNDURUKÚ,
MAWÉ, AWETÍ E TUPI-GUARANÍ – TRONCO TUPÍ

Lorram Tyson dos Santos Araújo


Orientador (a): Gessiane de Fátima Lobato Picanço
Linha de pesquisa: Análise, Descrição e Documentação das Línguas Naturais

Resumo: Este trabalho trata da pesquisa de doutoramento aprovada em fevereiro de 2020, no


âmbito do programa de pós-graduação em Letras (UFPA). O estudo é de natureza histórico-
comparativo (FARACO, 2005; CAMPBEL, 1999) e refere-se à hipótese de sub-agrupamento
das famílias linguísticas Mundurukú, Mawé, Awetí e Tupi-Guarani (RODRIGUES E
CABRAL, 2012 apud O’HAGAN et al, 2019), isto é, a hipótese de um Proto-Mundurukú-
Mawé-Awetí-Tupí-Guaraní (PMMATG). A verificação acerca da pertinência desta hipótese
tem por base metodologias histórico-comparativas e visa a comparação dos dados atualmente
disponíveis para o Proto-Mundurukú (PICANÇO, 2005; PICANÇO, 2019) e Proto-Mawé-
Awetí-Tupí-guaraní (CORRÊA DA SILVA, 2010; MEIRA & DRUDE, 2015; MELLO, 2010),
em termos das reconstruções linguísticas de suas versões ancestrais, bem como informações
históricas e culturais acerca das línguas, tanto separadamente, como, sobretudo, de trabalhos de
suas versões agrupadas. Em termos mais pontuais dos objetivos, a pesquisa organiza-se em
busca de reunir evidências fonológicas e lexicais que fundamentem, ou não, a possibilidade de
um sub-agrupamento Proto-Munduruku-Mawé-Awetí-Tupí-Guaraní, na constituição interna do
modelo arbóreo do tronco Tupi; perceber a validade da hipótese da existência desta proto-
língua, com fins de melhor compreensão do desmembramento das proto-línguas em
comparação e, ainda, contribuir com dados que se somem aos já existentes sobre a reconstrução
da língua ancestral, o Proto-Tupí.
Palavras-chave: Linguística Histórico-comparativa. Proto-Mawé-Awetí-Tupí-Guaraní. Proto-
Mundurukú. Sub-agrupamento Tupí.

LETRAMENTO DIGITAL DE PROFESSORES DE LÍNGUAS PARA O USO


DE FERRAMENTAS DE VÍDEO PELO PROJETO DIGITALIDADES PARA
APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS

Luiz Eduardo Guedes Conceição


Orientador (a): Francielle Maria Modesto Mendes
Linha de pesquisa: Língua(gens) e Formação Docente

Resumo: Esta pesquisa tem como corpus os vinte professores participantes do projeto
“Digitalidades para Aprendizagem de Línguas” cuja ambiência foi exclusivamente on-line
tendo como público os professores de línguas em formação da Universidade Federal do Acre e
professores em pleno exercício do magistério da Rede Estadual de Educação do Acre. O curso,
realizado durante cinco encontros em setembro de 2020, objetivou oportunizar o
desenvolvimento das competências profissionais do professor da área de línguas relativas à
utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). Durante a primeira parte do
projeto, com o curso Luz, Câmera, Ação!, os participantes tiveram a oportunidade de
desenvolver letramentos (STREET, 1984; BUZATO, 2007; GOODFELLOW, 2011; LEA &
STREET, 2014) para o uso de ferramentas digitais de vídeo que pudessem ser utilizadas no
exercício de sua docência. Esta pesquisa, portanto, tem como objetivo compreender a
importância do letramento digital para o aprimoramento das práticas pedagógicas dos
professores de línguas do curso de extensão Luz, Câmera, Ação! da Universidade Federal do
Acre e da Rede Estadual de Educação do Acre. Para isso, a pesquisa busca entender como e
com que objetivo acontecia o uso das TICs pelos professores de línguas antes do curso de
extensão e, ainda, investigar o “impacto” que o curso teve nos professores quanto às
possibilidades de uso das TICs como ferramenta pedagógica. Como metodologia serão
utilizadas gravações dos encontros durante o curso e formulários respondidos pelos
participantes, analisados a partir de uma perspectiva etnográfica. Partimos das hipóteses de que
os professores do corpus possuem diferentes níveis de uso e acesso às TICs e que isso pode
estar condicionado a aspectos socioeconômicos e a sua formação inicial e continuada.

Palavras-chave: Letramento Digital. Professores de Línguas. Tecnologias da Informação e


Comunicação. Vídeos.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE O PAPEL DAS NARRATIVAS


TRADICIONAIS APURINÃ (ARUÁK) NA DOCUMENTAÇÃO E
DESCRIÇÃO DA LÍNGUA

Manoela Cristina Corrêa Rodrigues dos Santos


Orientador (a): Sidney da Silva Facundes
Linha de pesquisa: Análise, Descrição e Documentação das Línguas Naturais

Resumo: Este trabalho tem o objetivo de apresentar preliminarmente um estudo acerca das
narrativas tradicionais Apurinã e a forma como podem contribuir para a descrição,
documentação e fortalecimento da língua e do conhecimento tradicional desse povo, visto que,
segundo Facundes, Virtanen, Freitas, Lima-Padovani e Costa (2019), o Apurinã é uma língua
em perigo, em decorrência do fato de que apenas 10-20% da população a fala, em diferentes
níveis de fluência. Para tanto, é necessário levantar o quadro teórico sobre narrativas para, a
partir de uma análise crítica dele, examinar as características das tradicionais narrativas
indígenas, e determinar como elas se comparam com as narrativas descritas na literatura geral
sobre esse gênero textual. É importante ressaltar a necessidade de revisar também os estudos
acerca da língua Apurinã, com destaque para o trabalho de Facundes (2000), em que se observa
uma descrição dos principais fenômenos e estruturas dessa língua. Além disso, também
trabalhos como o de Ferreira Netto (2008) e Labov (1997) fornecem subsídios para que se possa
iniciar uma análise das narrativas tradicionais Apurinã, no sentido de compreender o papel das
narrativas orais no contexto de povos sem tradição escrita, bem como descrever como elas se
constituem. Os resultados esperados, portanto, incluem a identificação de características de
diferentes narrativas, e sua relevância para o quadro teórico acerca das narrativas orais.

Palavras-chave: Narrativas tradicionais. Apurinã. Aruák.

ESTUDO DO SISTEMA SONORO E GRÁFICO DO LATIM, À LUZ DA


TRADUÇÃO PARCIAL DA ARS GRAMMATICA (LIBER I), DE MÁRIO
VITORINO

Marcela Adriana Monção Catunda


Orientador (a): Soraya Paiva Chain
Linha de pesquisa: Estudos Clássicos

Resumo: O tema proposto centraliza-se na questão das gramáticas antigas e na maneira pela
qual seus autores, em particular Caio Mário Vitorino (séc. IV d.C.), apresentam o quadro do
sistema sonoro e gráfico da língua latina. Nesse sentido, a inquietação que define o problema
motivador desta pesquisa diz respeito, antes de tudo, à necessidade de descobrir como pode ser
interpretada a prosódia latina, não apenas em vista de sua função essencialmente pragmática de
favorecer a compreensão da métrica clássica e de seu emprego pelos poetas, mas principalmente
sob a égide pós-clássico, bem como sua refração no corolário linguístico atual. No que diz
respeito ao andamento do projeto, como esta é uma pesquisa filológica, de cunho bibliográfico,
estamos fazendo o levantamento bibliográfico para a fundamentação teórica e realizando a
leitura das mesmas. A inclusão em grupos de pesquisa da Universidade Federal do Amazonas
(PPGL/UFAM) também é uma meta já alcançada, a fim de produzir artigos relacionados ao
estudo da língua portuguesa e da língua latina. Além dos procedimentos já mencionados,
começamos a realizar a tradução dos capítulos pré-estabelecidos no desenvolvimento do pré-
projeto de mestrado, a fim de dar continuidade no cronograma de execução e respeitar a data
para defesa em março de 2022.

Palavras-chave: Filologia clássica. Tradução. Gramática.

ANÁLISE DA ATIVIDADE DOCENTE DE PROFESSORES-ESTAGIÁRIOS


DE FRANCÊS – UM ESTUDO À LUZ DA TEORIA DA COMPLEXIDADE

Marcelo de Oliveira Bahia


Orientador (a): Walkyria Magno e Silva
Linha de pesquisa: Ensino-Aprendizagem de Línguas e Culturas: Modelos e Ações
Resumo: A Clínica da Atividade (CA) é uma abordagem, no campo da Ergonomia da
Atividade, que defende que a transformação das situações de trabalho deve ser pensada e
efetivada por quem o realiza. A autoconfrontação (AC), ferramenta metodológica desenvolvida
pela CA, consiste na filmagem da atividade do profissional para que ele possa se visualizar em
ação posteriormente, favorecendo um processo de alteridade. Assim, ele traduz em palavras
aquilo que acredita ser uma constante em seu trabalho, analisando-o e ressignificando-o. Os
aspectos multifacetados da atividade, revelados pela AC, podem ser ampliados à luz da Teoria
da Complexidade (TC). Os objetos ou fenômenos estudados pela TC são descritos como
sistemas complexos, possuindo diferentes tipos de agentes e elementos cuja interação se realiza
dinamicamente ao longo do tempo, o que é facilmente encontrado em uma sala de aula de
línguas. Isto posto, o objetivo desta pesquisa é compreender a atividade docente de professores
iniciantes de francês sob a ótica da Clínica da Atividade, da Teoria da Complexidade e dos
estudos identitários, a partir do discurso oriundo de suas autoconfrontações. A partir deste
objetivo geral, traçamos os seguintes objetivos específicos : a) identificar que fatores interferem
na atividade didática de professores iniciantes ; b) verificar quais recursos são utilizados pelos
professores para lidar com estes fatores ; c) determinar que elementos do guia pedagógico do
livro utilizado pelos professores iniciantes foram adaptados em sua atividade docente ; d)
descrever e interpretar as reflexões realizadas pelos professores iniciantes a respeito de sua
própria atividade. Pretendemos, assim, contribuir para a compreensão da prática docente destes
futuros professores.

Palavras-chave: Atividade docente; Clínica da Atividade; Autoconfrontação; Teoria da


Complexidade.

VOZES E SILÊNCIOS NO ENCONTRO DE DOIS MUNDOS: A CRIANÇA


HUNI KUIN (KAXINAWÁ) EM UMA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL
DE RIO SANTA ROSA DO PURUS- ACRE

Márcia Barroso Loureto


Orientador (a): Valda Inês Fontenele Pessoa
Linha de pesquisa: Lingua(gens) e formação docente

Resumo: A pesquisa Vozes e silêncios no encontro de dois mundos: a criança Huni kuin (
kaxinawá) em uma escola de educação infantil de Rio Santa Rosa do Purus- Acre, surgiu da
oportunidade que teve a pesquisadora enquanto professora da disciplina Estágio
Supervisionado no PARFOR-UFAC (Programa para formação de Professores) ministrada no
curso de pedagogia da cidade de Santa Rosa do Purus. Durante a observação a uma turma de
educação infantil constituída por crianças indígenas e não indígenas, chamou-lhe atenção
aspectos referentes à postura do professor frente às diferenças culturais que trazem as crianças
“indígenas” em relação às demais crianças, refletindo numa espécie de silenciamento das
mesmas, fato que motivou realização dessa pesquisa. Para sua realização, serão observadas
situações da rotina pedagógica, a qual elementos culturais como: música, histórias, roda de
conversas, bem como, as interações entre a professora e as crianças e das crianças entre si, os
relatos de familiares das crianças Huni kuin e crianças não “indígenas”, e das próprias crianças
e sua professora serão também objeto de análise nesse trabalho. A questão orientadora da
pesquisa consiste em querer saber “como ocorre à inserção da criança Huni Kuin em escolas de
Educação Infantil de Santa Rosa”. A opção metodológica é uma pesquisa qualitativa e de
campo. As análises terão como aporte teórico FOUCAULT ( 1996), SILVA ( 1995), CANDAU
(2008), HALL ( 2018); ORLANDI( 2010 ), LARROSA ( 2018) e documentos que regem a
educação infantil. Com os resultados dessa pesquisa tenciona-se dar visibilidade as
contradições presentes no discurso da inclusão e suas ideologias a favor de uma política
homogeneizadora do outro.

Palavras-chave: Cultura. Criança Huni kuin. Educação Infantil.

SISTEMATIZAÇÃO TAXEONÔMICA DA TOPONÍMIA LGA EM


BRAGANÇA, PA

Marcos Jaime Araújo


Orientador (a): Sidney da Silva Facundes
Linha de pesquisa: Análise, Descrição e Documentação das Línguas Naturais

Resumo: A partir de 146 topônimos de origem Tupinambá, coletados no município de


Bragança (PA), que foram analisados e descritos na Dissertação de Mestrado de Araújo (2019),
tem-se, no Curso de Doutorado (PPGL/UFPA), o objetivo de aprofundar a pesquisa no que
tange à classificação taxeonômica desses topônimos. Isso porque há carência de critérios mais
detalhados para a taxeonomia toponímica de origem Tupinambá, o que gera inúmeras dúvidas
de classificação. Por exemplo, no topônimo Acarajó, há acará (peixe) como termo-núcleo,
sendo, por isso, classificado como zootopônimo. Nesse caso, qual é o critério para não levar em
consideração o termo jó (procedente2), também, como termo-núcleo, uma vez que o significado
de acarajó é procedência de acará (ou onde o acará é apanhado)? Entende-se que a referência
de lugar é um fator relevante para o entendimento do topônimo acarajó, em sua forma pretérita.
Nessa perspectiva, apropriando-se de Dick (1992, p. 26), quanto à formação da taxe usada no
ato de se classificar um topônimo, que é uma palavra grega, mais o termo topônimo, qual
deveria, de fato, ser a taxe de acarajó: zootopônimo ou thési-zootopônimo? Um ou dois termos-
núcleo? Uma classificação simples ou composta? Ressalta-se que Zoo se filia à ideia de animal
(fauna), enquanto thési, à de procedência. Assim, esta pesquisa tem o propósito de gerar
informações mais sistematizadas sobre a classificação toponímica bragantina em LGA.

Palavras-chave: Tupinambá. LGA. Classificação. Taxeonomia.

VARIAÇÃO DE A GENTE E NÓS NAS CAPITAIS DA REGIÃO NORTE


BRASILEIRA ESTUDO A PARTIR DO CORPUS DO ATLAS LINGUÍSTICO
DO BRASIL

Maria Rilda Alves da Silva Martins


Orientador (a): Alcides Fernandes de Lima
Linha de pesquisa: Análise, Descrição e Documentação das Línguas Naturais

Resumo: Neste estudo, apresentam-se resultados preliminares de uma análise sobre a variação
dos pronomes a gente e nós no falar das capitais da região Norte. Os dados para esta análise
foram obtidos a partir das gravações dos questionários (QFF, QSL, QMS de discursos
semidirigidos) do banco de dados do Projeto Atlas Linguístico do Brasil – ALiB. Foram
analisados os dados de seis capitais da região Norte do Brasil (excetuando-se Palmas. Para a
composição da amostra, selecionou-se 48 falantes (oito de cada capital). A análise dos dados
foi feita com base na Metodologia Geossociolinguística (LIMA; RAZKY; OLIVEIRA, 2020);
os resultados mostram que os falantes da região norte dão preferência pela forma a gente, em
detrimento de nós. Estes resultados vão ao encontro do que já mostrou Vianna e Lopes (2015):
a variante a gente vem, gradativamente, substituindo o pronome nós para a expressão da
primeira pessoa do plural do português brasileiro.

Palavras-chave: Pronomes a gente/nós. Geossolinguística. Região Norte.

CENTROS DE AUTOACESSO, IDENTIDADE DOCENTE E


PROFISSIONALIDADE

Mariana Maues Barreto


Orientador (a): Walkyria Magno e Silva
Linha de pesquisa: Ensino-Aprendizagem de Línguas e Culturas: Modelos e Ações

Resumo: Os Centros de Autoacesso (CAA) surgiram na década de 70 em decorrência das


constantes investigações sobre autonomia e como consequente forma de auxílio à aprendizagem
autônoma (GARDNER; MILLER, 1999). Neste estudo em andamento busco compreender
como o espaço afeta dinamicamente a construção da identidade docente e profissionalidade dos
antigos e atuais voluntários do CAA localizado na Universidade Federal do Pará (UFPA),
denominado Base de Apoio à Aprendizagem Autônoma BA3. Muito já foi discutido a respeito
da docência em perspectivas gerais, no entanto, pouco se sabe sobre a profissionalidade dos
professores de línguas estrangeiras e as influências contextuais que as identidades dos mesmos
sofrem no decorrer de suas experiências em centros de autoacesso. Portanto, definimos como
objetivo geral desta pesquisa a análise das contribuições dos CAAs na formação da
profissionalidade e identidade docente. Mais especificamente buscamos identificar
experiências extracurriculares vivenciadas em CAAs por docentes em exercício e em formação
e relacionar as experiências extracurriculares vivenciadas em CAAs com os movimentos de
construção de profissionalidade e identidade docente. Para contemplar os objetivos
mencionados, esta pesquisa qualitativa de cunho narrativo foi dividida em duas etapas
metodológicas. Primeiramente, durante o período de quatro meses, coletamos narrativas de
docentes em exercício e docentes em formação. Em seguida, conduziremos entrevistas
semiestruturadas com alguns destes participantes, selecionados a partir de critérios pré-
estabelecidos. Os resultados obtidos até o momento apontam que a convivência em espaços
como CAAs podem gerar impactos na construção da profissionalidade e identidade docente.

Palavras-chave: Centros de Autoacesso. Identidade Docente. Profissionalidade.

DO GOVERNO DA LÍNGUA: ENTRE IMPOSIÇÕES DO DISPOSITIVO


COLONIAL E A RESISTÊNCIA DAS LÍNGUAS INDÍGENAS NA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ

Marília Fernanda Pereira Leite


Orientador (a): Ivânia dos Santos Neves
Linha de pesquisa: Análise, Descrição e Documentação das Línguas Naturais

Resumo: A Universidade Federal do Oeste do Pará – Ufopa, criada pela Lei nº12.085 de 5 de
novembro de 2009, é a primeira instituição federal de ensino superior com sede no interior da
Amazônia, no município de Santarém, a terceira maior cidade paraense. Atualmente, 456
estudantes indígenas, de aproximadamente 20 povos indígenas, estão regularmente
matriculados nos cursos de graduação ofertados nos sete campi da Ufopa. Apesar de toda a
diversidade de povos e línguas indígenas, a instituição ainda não possui políticas pedagógicas
diferenciadas efetivas. A ausência de tais políticas não estaria contribuindo para que uma
universidade federal no interior da Amazônia seja mais um instrumento do dispositivo colonial
(NEVES, 2015) utilizado para dominação dos povos indígenas? Como o dispositivo colonial
age no processo de ensino e aprendizagem ao ignorar as línguas maternas dos discentes
indígenas bilíngues? Neste trabalho, apresentamos a proposta em construção do projeto de tese
que visa compreender, com base no conceito de dispositivo (FOUCAULT, 2008), dispositivo
colonial (NEVES, 2009, 2015 e 2020) governamentalidade (FOUCAULT, 2008) e
colonialidade do poder (MIGNOLO, 2020), como as línguas indígenas estão resistindo e se
manifestando no espaço acadêmico. Por que as apresentações de trabalhos de conclusão de
curso e pesquisas dos estudantes indígenas em suas línguas maternas ainda são notícias?
Mignolo (2020, p.48) define “pensamento liminar como os momentos de fissura no imaginário
do sistema mundial colonial/moderno”, esses momentos de fissura dentro das universidades são
raros. Há um governo da língua, uma gestão de conhecimentos que invisibiliza as línguas das
sociedades indígenas nas universidades federais da Amazônia.

Palavras-chave: Governo da língua. Dispositivo colonial. Indígenas no ensino superior.

POLÍTICAS LINGUÍSTICAS PARA CIDADÃOS ESTRANGEIROS RECÉM-


INGRESSO NO BRASIL

Marílio Salgado Nogueira


Orientador (a): Marília de Nazaré de Oliveira Ferreira
Linha de pesquisa: Análise, Descrição e Documentação das Línguas Naturais

Resumo: O Brasil recebeu mais 700 mil de estrangeiros entre 2010 e 2018 (BRASIL, 2018). E
são várias as motivações que fizeram esses estrangeiros chegar ao país. Porém, as políticas
linguísticas de ensino do Português no Brasil para os estrangeiros recém-ingressos não são
claras e são difusas. Neste contexto, este trabalho tem como objetivo geral analisar as políticas
linguísticas para o ensino do Português para o ensino do Português para estrangeiros recém-
ingressos no Brasil. Os objetivos específicos são: identificar os documentos que normatizam o
ensino do Português para estrangeiros recém-ingressos no Brasil; identificar os documentos
norteadores de conteúdo e de classificação do nível linguístico para estrangeiros recém-
ingressos no Brasil; analisar as ações que as instituições educacionais brasileiras que ensinam
o Português para estrangeiros recém-ingressos no Brasil; analisar a(s) qualificação(ões) dos
profissionais que ensinam o Português para estrangeiros recém-ingressos no Brasil. Isto posto,
este projeto embasa-se em Rajagopalan (2013), Sousa e Soares (2014), Spolsky (2009), dentre
outros, na perspectiva que política linguística é conjunto de ações que possibilitam a
concretização, no que concerne a viabilidade e a exequibilidade, considerando diferentes fatores
como a política e a economia de um país. A pesquisa será do tipo documental e survey, com
características do tipo exploratória e descritiva, de base quali-quantitativa, em que haverá a
análise de documentos oficiais e entrevistas de professores, coordenadores e gestores de
instituições educacionais que ensinam português para estrangeiros recém-ingressos no Brasil.
Assim, espera-se que este trabalho identifique as políticas linguísticas para o público-alvo
supracitado e contribua com as instituições de ensino e os profissionais que atuam no Português
para estrangeiros a desenvolverem melhor usas atividades.

Palavras-chave: Políticas linguísticas. Português. Estrangeiros. Documentos. Ações. Ensino.


ORALIDADE E PODCAST: ENTRE O LIVRO DIDÁTICO E AS
CONCEPÇÕES DE LÍNGUA/LINGUAGEM DE PROFESSORES DO
MUNICÍPIO E DE BELÉM (PA)

Mayara Alexandra Oliveira da Cruz


Orientador (a): Isabel Cristina França dos Santos Rodrigues
Linha de pesquisa: Ensino-Aprendizagem de Línguas e Culturas: Modelos e Ações

Resumo: A emergência e a popularização das Tecnologias Digitais da Informação e da


Comunicação (TDIC), consolidadas pelo avanço da Comunicação Mediada por Computador
(CMC), provocou a inserção dos gêneros digitais nos livros didáticos de língua portuguesa
(LDLP). Neste direcionamento, a pesquisa procura compreender a didatização do gênero
discursivo digital Podcast nos livros didáticos de língua portuguesa. Desse modo, são objetivos
da pesquisa: identificar de que maneira a didatização ocorre nos livros didáticos de língua
portuguesa aprovados pelo Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) 2020;
verificar se há concordância teórico-metodológica entre as orientações contidas nos Manuais
do Professor e a abordagem dos gêneros digitais; examinar se e de que forma as propostas de
atividades didáticas tratam das especificidades formais e funcionais dos gêneros digitais e
analisar como professores de língua portuguesa de Belém, de escolas públicas, mobilizam o
gênero digital Podcast proposto nos livros didáticos de língua portuguesa em função do
processo de ensino e aprendizagem. Os estudos de Bakhtin (1997) e seu Círculo, Bunzen
(2009), Maciel (2011) e Neder e Ferreira (2020) fundamentam teoricamente este estudo. Os
procedimentos metodológicos são baseados na análise documental de livros das coleções
aprovadas no PNLD 2020, utilizadas por professores da rede pública, assim como na
observação participante, de modo a acompanhar e propor alternativas de trabalho com a
oralidade envolvendo o gênero digital Podcast na articulação livro didático e práticas sociais.
Espera-se que os resultados apontem para uma didatização que amplie as concepções de
língua/linguagem dos professores no que concerne ao uso mais autônomo do livro didático, sem
desconsiderar as práticas orais.

Palavras-chave: Gênero discursivo digital. Podcast. Livro didático. Oralidade.

COM A PALAVRA, O PROFESSOR: LETRAMENTO E AUTORIA


DOCENTE EM CONTEXTO DE FORMAÇÃO CONTINUADA

Missilene Silva Barreto


Orientador (a): Isabel Cristina França dos Santos Rodrigues
Linha de pesquisa: Ensino-Aprendizagem de Línguas e Culturas: Modelos e Ações

Resumo: Esta pesquisa objetiva analisar a mobilização de saberes docentes na formação


continuada para os Anos Iniciais no bojo do Projeto de Pesquisa Práticas socioculturais,
linguagens e processos de ensino e aprendizagem na formação docente (IEMCI/UFPA). Desse
modo, identificar os referenciais teórico-metodológicos que pautam os encaminhamentos
docentes no que se refere à tríade oralidade, leitura e escrita; reconhecer nas práticas e gestos
docentes o que é mobilizado em sala de aula e em que medida a proposta formativa
desenvolvida pelo Projeto incide no letramento docente/na autoria desses professores. Em
função disso, pautamos os estudos iniciais nos trabalhos desenvolvidos pelos estudos de
Bakhtin e seu círculo (2004/2011); Britto (2015); Kleiman (2011), Menegassi (2010); Nóvoa
(2009); Smith (2003); Vygotski (1991). Sendo assim, a pesquisa tem caráter qualitativo-
interpretativo, natureza aplicada e longitudinal. Como resultados, espera-se contribuir para o
letramento docente frente à atuação pedagógica na sala de aula de forma mais autônoma e
autoral.

Palavras-chave: Formação Continuada. Letramento Docente. Autoria Docente. Agente de


letramento. Práticas socioculturais.

ESTUDO INTRODUTÓRIO E TRADUÇÃO DO SERVII COMMENTARIUS


IN ARTEM DONATI

Natanael da Cunha Costa


Orientador (a): Carlos Renato Rosário de Jesus
Linha de pesquisa: Linguagem, discurso e práticas sociais

Resumo: O presente trabalho consiste em uma breve discussão panorâmica sobre os estudos
acerca da linguagem humana na Antiguidade, especificamente a Antiguidade greco-latina, até
o período considerado clássico, como pano de fundo para apresentarmos um estudo introdutório
sobre o commentarium como gênero, na forma como era elaborado pelos antigos escritores a
respeito de obras de autores considerados canônicos, fundamentalmente os poetas e prosadores
renomados do passado entre os gregos e os latinos, cujos escritos motivaram a elaboração de
comentários e o surgimento dos estudos gramaticais e, posteriormente, dos estudos
metalinguísticos. Visando um melhor entendimento da finalidade dos comentários produzidos
em um período tão distante de nosso tempo, trazemos como o cerne de nosso trabalho uma
proposta de tradução, até onde temos conhecimento, inédita em português, do texto com o
comentário atribuído ao escritor Sérvio sobre o texto Ars minor do gramático latino Donato. O
nosso trabalho está dividido em dois capítulos: o primeiro é dedicado à discussão teórica sobre
os estudos gramaticais na Antiguidade e sobre o commentarium como gênero, em que
procuramos seguir algumas diretrizes da Historiografia da Linguística, no que tange aos
cuidados com a questão da metalinguagem ao lidarmos com textos do passado, a fim de
evitarmos possíveis distorções no nosso entendimento a respeito daquilo que pensavam os
antigos. Dedicamos o segundo capítulo à tradução do texto Servii commentarius in artem
Donati com algumas anotações imprescindíveis à adequação do texto do passado à
compreensão do leitor no tempo presente.

Palavras-chave: Gramática antiga. Commentarium. Donato. Sérvio.

PROJETO MUNDIAR: UM ESTUDO SOBRE OS IMPACTOS GERADOS


PELA UNIDOCÊNCIA E PELA FORMAÇÃO CONTINUADA DE
PROFESSORES NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

Nora Monteiro Pinto de Almeida


Orientador (a): Thomas Massao Fairchild
Linha de pesquisa: Ensino-Aprendizagem de Línguas e Culturas: Modelos e Ações
Resumo: Neste trabalho nos dispomos a investigar o Projeto Mundiar – projeto firmado entre
a Secretaria de Educação do Estado do Pará – SEDUC-PA e a Fundação Roberto Marinho.
Temos interesse em estudar como o professor unidocente, lotado no Projeto Mundiar, se
relaciona com os conhecimentos específicos para o ensino de língua portuguesa em sua atuação
docente. Considerando a forma como essa proposta se estrutura e organiza, nos interessa
discutir e compreender: quais os impactos gerados pela unidocência e pela formação continuada
recebida pelos professores que atuam nessas turmas, principalmente no que diz respeito às
práticas docentes que envolvam a produção e a reprodução de conhecimento específicos para o
ensino de língua portuguesa? Em nosso percurso investigativo contaremos com Apple (1989)
e Contreras (2002), que refletem sobre o processo de racionalização do trabalho, no caso dos
professores, de perda gradual do controle e da autonomia de seu fazer docente. A partir dos
estudos da Análise do Discurso, de linha francesa, em Foucault (2009) e Pêcheux (1997)
discutiremos as posições ideológicas em que se inscrevem os sujeitos e que determinam as
formações discursivas. Metodologicamente, este trabalho é de base qualitativa, de natureza
aplicada, com objetivos descritivo e exploratório, está organizado em duas etapas: a primeira,
levantamento bibliográfico dos autores que discutem o assunto, além da coleta e análise
documental relativa ao Mundiar: projeto, edital de seleção, livros didáticos de língua
portuguesa, manual do professor, vídeo aulas de língua portuguesa e materiais complementares
utilizados na formação continuada; a segunda é o estudo de caso, que contará com a colaboração
de dez (10) professores lotados em turmas do projeto Mundiar, sujeitos que passam por
formação continuada em sua atuação docente, além de entrevistas semiestruturadas com outros
atores envolvidos nesse processo. Nossa hipótese aponta para um sujeito-professor que,
submetido ao processo de separação das fases de concepção da de execução do seu fazer
docente sofre a perda do controle das diversas etapas que envolvem sua atuação em sala de
aula, o que acarretará impactos importantes em sua atividade profissional. A relevância desse
estudo está em pensar o papel do professor, na atualidade, frente às políticas curriculares e
programas do Estado que retiram a autonomia desse profissional, submetendo-o às estruturas
de racionalização, controle e supervisão externa sobre ele.

Palavras-chave: Projeto Mundiar. Unidocência. Formação continuada. Ensino de Língua


Portuguesa.

SOBRE O USO ARTIGO COM NOME PRÓPRIO NO PORTUGUÊS


BRASILEIRO

Ronaldo Nogueira de Moraes


Orientador (a): Alcides Fernandes de Lima
Linha de pesquisa: Análise, Descrição e Documentação das Línguas Naturais

Resumo: O presente trabalho objetiva fazer uma análise da variação no uso do artigo definido
antes de nomes próprios de pessoas em seis capitais da região Norte do Brasil (excetuando-se
Palmas), por meio de uma metodologia de observação e análise de dados que conjuga os
pressupostos da Sociolinguística Variacionista aos da Geolinguística, a saber a
Geossociolinguística (RAZKY, 1998; LIMA, 2003). Os dados para análise foram obtidos das
respostas fornecidas por 48 informantes (8 de cada capital) a perguntas dos três questionários
que compõem a metodologia de coleta de dados do projeto ALiB – QFF, QSL, QMS –, bem
como dos discursos semidirigidos produzidos pelos informantes. Os resultados preliminares da
região Norte (LIMA; MORAES, 2019) mostraram um uso expressivo do artigo diante de nome
próprio, com índices que variam entre 60% e 85% de frequência de uso. Variáveis como função
sintática, escolaridade, sexo e faixa etária mostraram-se significativas na análise.

Palavras-chave: Artigo definido. Nome próprio. Variação.

ESTUDO TIPOLÓGICO-COMPARATIVO DOS ADVÉRBIOS E


ADJETIVOS EM IKPENG (KARÍB)

Rosane da Costa Monteiro


Orientador (a): Angela Fabiola Alves Chagas
Linha de pesquisa: Análise, Descrição e Documentação das Línguas Naturais

Resumo: Este trabalho propõe um estudo tipológico-comparativo das características


morfossintáticas dos Advérbios e/ou Adjetivos, na língua Ikpeng (Karib), falada por povo de
igual denominação, que vive em quatro aldeias no Parque Indígena do Xingu (PIX), no estado
do Mato Grosso. O objetivo a que se propõe este trabalho é confirmar o status gramatical das
palavras que foram chamadas de Adjetivos por Pachêco (1997, 2001) e Campetela (1997),
através da comparação de características morfológicas e sintáticas presentes nessas palavras,
bem como nas que constituem a classe de Advérbios, a fim de mostrar se são de fato membros
de uma classe distinta, ou se acompanhando o que é previsto para as línguas da família Karíb,
formam uma única classe, conforme propõem Meira e Gildea (2009) para as línguas dessa
família. Para a realização desta pesquisa, levaremos em conta não apenas os trabalhos de
Pachêco (1997; 2001) e Campetela (1997), mas também treze narrativas Ikpeng e o banco de
dados de Chagas (s/d), onde foi realizado um levantamento dos adjetivos, sendo estes
armazenados no programa de dados linguísticos, FLEx (Fieldworks Language Explorer); além
de trabalhos já realizados sobre as línguas Arara, Bakairi, Tiriyó e Wayana (com as quais
correlacionaremos os resultados advindos das comparações realizadas na língua Ikpeng). Nessa
perspectiva, mostraremos que em Ikpeng existe uma classe sintática chamada de Advérbios,
que apresenta ao menos duas categorias semânticas, uma que se refere a palavras que expressam
propriedades e outra que remete aos significados prototípicos de advérbios. Acompanhando a
maioria das descrições modernas sobre línguas Karíb, mostraremos que em Ikpeng não existe
uma classe de adjetivos, mas sim propriedades conceituais expressas por categorias lexicais
como nomes e advérbios.

Palavras-chave: Ikpeng. Tipologia Linguística. Advérbio/Adjetivo.

A RELAÇÃO ENTRE OS ESTUDOS DO LÉXICO E A ANÁLISE


SOCIOIDENTITÁRIA DE ESPAÇOS RELIGIOSOS: O CASO DO CENTRO
RAINHA DA FLORESTA

Sandra Mara Souza de Oliveira Silva


Orientador (a): Shelton Lima de Souza
Linha de pesquisa: Lingua(gens) e formação docente

Resumo: A pesquisa intitulada “O estudo do léxico como contribuição para a análise


socioidentitária de discursos religiosos: o caso do Santo Daime no Centro Rainha da Floresta”;
resultado de uma inter-relação entre as Ciências do Léxico e os Estudos Culturais, propõe
investigar como o uso do léxico produz características socioidentitárias em um espaço religioso
que se utiliza do uso da ayahuasca como elemento de construção socioreligiosa. Esse diálogo
se dá pelo viés interdisciplinar entre campos do conhecimento que têm focos de interesses
investigativos distintos, mas pontos convergentes em que é possível traçar diálogos, tais como
os estudos produzidos por Hall (2013, 2003, Homi Bhabha (1998), Biderman (2001, 1998),
Dick (1990), Raymond Willians (1989), Foucault (196, 1989, 2005), Bauman (2005, 2003),
entre outros. No que se refere ao objetivo, queremos conhecer como as práticas sociais
determinam os sentidos que as palavras/termos assumem na prática do discurso para a produção
de identidade na comunidade daimista Centro Rainha da Floresta. A nossa fonte de pesquisa
são os cadernos de hinários, já que estes configuram registros escritos de uma cultura produzida
e conservada por meio da oralidade e isso confere aos cadernos de hinário o status de
constelação de ideias compartilhados. Para discutir acerca das formações identitárias nos
discursos de Mestre Irineu, dialogamos com estudiosos das ciências do Léxico e dos Estudos
Culturais, Stuart Hall (2013, 2003, Homi Bhabha (1998), Biderman (2001, 1998), Dick (1990),
Raymond Willians (1989), Foucault (196, 1989, 2005), Bauman (2005, 2003) dentre outros.
permeadas pelas linguagens e, mais precisamente, por elementos constituintes da relação entre
gramática e aspectos sociais, determinam os sentidos que os constituintes lexicais assumem na
prática do discurso promovendo a construção e reconstrução de identidades na comunidade
daimista Centro Rainha da Floresta. A fonte de pesquisa que deu origem a essa apresentação
são os cadernos de hinários, já que esses se configuram como registros escritos de culturas
produzidas e reproduzidas por meio da oralidade e isso confere aos cadernos o status de
constelação de ideias compartilhadas e que, a depender da situação, ideias que contestam
tradições historicamente constituídas.

Palavras-chave: Estudo do léxico, Estudo culturais, identidade, Daime.

ATITUDES LINGUÍSTICAS E ESTIGMAS: A NATUREZA DO DISCURSO


PEDAGÓGICO NA BNCC DO ENSINO MÉDIO

Silvirlene Lopes de Moura


Orientador (a): Gabriela Maria de Oliveira-Codinhoto
Linha de pesquisa: Língua(gens) e Formação Docente

Resumo: A proposta desta comunicação consiste em divulgar a pesquisa qualitativa em


andamento intitulada Atitudes linguísticas e estigmas: a natureza do discurso pedagógico na
BNCC do Ensino Médio, sob a perspectiva interdisciplinar dos conceitos da Sociolinguística e
dos postulados da Análise Dialógica do Discurso. O principal objetivo deste trabalho é
apresentar e analisar a presença e a pertinência dos conceitos de atitude linguística e estigma na
Base Nacional Curricular do Ensino Médio (BNCC/EM, 2019). Cyranka (2007) explica que a
atitude linguística está relacionada ao que pensa, sente e como reage um falante exposto a um
estímulo linguístico; Goffman (2004 [1963]) apresenta o conceito de estigma como a
configuração de ideologias que sustentam o preconceito, causa desagregação social e prejuízos
para as pessoas e comunidades. A partir dos postulados teóricos-metodológicos do Círculo de
Bakhtin com a Análise do Dialógica do Discurso em Volóchinov (2017 [1929]), propomos a
investigação dos enunciados dispostos no documento considerando a proposição de
representações sociais e ideológicas registradas no discurso da BNCC/EM; e, principalmente
com os estudos sobre metaenunciação de Authier-Révuz (1998) para evidenciar quais
contribuições normatizadas nesse documento contribuem ou promovem uma educação cidadã,
para um ensino de superação ao estigma linguístico.
Palavras-chave: Atitudes linguísticas. BNCC. Discurso pedagógico. Dialogismo. Discurso
pedagógico. Estigma linguístico.

PRODUÇÃO ESCRITA EM FRANCÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA NA ERA


DA WEB 2.0: UM CAMINHO PARA A AUTONOMIA

Sônia Lumi Niwa


Orientador (a): Walkyria Magno e Silva
Linha de pesquisa: Ensino-Aprendizagem de Línguas e Culturas: Modelos e Ações

Resumo: É recorrente a queixa de que os alunos chegam à universidade sem as competências


necessárias para fazer frente às exigências do ensino superior no que se refere à produção escrita
em sua própria língua materna. Para os professores das licenciaturas em línguas estrangeiras
(LE), isso significa a necessidade de criar condições para o desenvolvimento dessa competência
em LE entre alunos que ainda não a dominam em sua LM. No Brasil, na área do
ensino/aprendizagem de Francês Língua Estrangeira (FLE), a escrita tem sido objeto de vários
estudos voltados para a produção de gêneros acadêmicos, objetivando, porém, os níveis mais
avançados de língua. Esta pesquisa busca caminhos para o desenvolvimento da habilidade de
produção escrita em FLE de alunos que ingressam no Curso de Licenciatura em Letras-Francês
sem, praticamente, nenhum conhecimento da língua francesa. Tendo em vista a grande
penetração das Tecnologias da Informação e Comunicação para o Ensino (TICE) e da Web 2.0
ou Web social na vida dos alunos, pretendemos investigar a possibilidade de aproveitar as
oportunidades por elas oferecidas para motivar a produção escrita em FLE de alunos iniciantes
de francês. Buscamos com este estudo contribuir para o avanço das reflexões acerca da
produção escrita em FLE, apoiada pela Web 2.0 e pela abordagem acional para o ensino de
línguas. Para isso, estudos sobre autonomia e aconselhamento linguageiro (MAGNO E SILVA,
2018; 2019; MYNARD; CARSON, 2012; SATOKO; MYNARD, 2016) servirão de subsídios
para as ações a serem implementadas. Este trabalho baseia-se também em O´Reilly (2005),
Olliver (2011), Guichon (2012), Mangenot (2017) e Puren (2010) no que concerne as TICE,
Web 2.0 e à abordagem acional; e em Holec (1979) e Benson (2001) para os estudos de
autonomia.

Palavras-chave: Autonomia. Aconselhamento linguageiro. Web 2.0. Abordagem acional.

O ENSINO E A AVALIAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DA


PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA DO ENEM: UMA ANÁLISE, À LUZ
DA AVALIAÇÃO FORMATIVA, DE LIVROS DIDÁTICOS DO 3º ANO DO
ENSINO MÉDIO

Talita Barroso da Silva


Orientador (a): Myriam Crestian Chaves da Cunha
Linha de pesquisa: Ensino-Aprendizagem de Línguas e Culturas: Modelos e Ações

Resumo: Devido ao ensino e à avaliação terem como norte o ENEM, nossa finalidade neste
trabalho é observar de que forma acontece a inter-relação entre ensino, aprendizagem e
avaliação das competências e habilidades exigidas no exame dentro dos livros didáticos de
língua portuguesa do 3º ano do Ensino médio. Nosso objetivo é analisar se o ensino e a avaliação
das competências e habilidades da prova de Português do ENEM se inscrevem em uma
perspectiva realmente formativa e geradora de autonomia.

Palavras-chave: Enem. Competências e Habilidades. Avaliação Formativa.

TOPONÍMIA PARKATÊJÊ (TIMBIRA): UM ESTUDO SOBRE OS NOMES


PRÓPRIOS DE LUGAR

Tereza Tayná Coutinho Lopes


Orientador (a): Marília de Nazaré de Oliveira Ferreira
Linha de pesquisa: Análise, Descrição e Documentação das Línguas Naturais

Resumo: Este trabalho tem por objetivo apresentar alguns resultados da pesquisa de tese de
doutorado, em andamento, sobre a toponímia tradicional dos grupos étnicos Parkatêjê,
Kyikatêjê e Akrãtikatêjê, que habitam atualmente a área denominada Reserva Indígena Mãe
Maria (RIMM), às proximidades do município de Marabá-PA. Diante disso, mergulha-se no
universo linguístico, histórico e cultural da toponímia dos grupos indígenas acima
mencionados, por meio do registro, da descrição e da análise dos topônimos conhecidos e
utilizados, em sua maioria, por falantes nativos da língua Parkatêjê e suas variantes. A
fundamentação teórica da pesquisa tem como bases Dick (1990, 1999, 2003, 2004 etc.), Dauzat
(1926), Untermann (1992), Cabré (1992), Sousa (2019), entre outros. A metodologia da
pesquisa consistiu em pesquisa bibliográfica e pesquisa etnográfica com coleta de dados em
área indígena. Dentre o campo semântico macro da pesquisa, que são os nomes próprios de
lugar, o corpus foi dividido em dois grandes grupos: acidentes geográficos físicos –
subdivididos em ‘rios/igarapés’ e ‘paisagens’ – e acidentes geográficos humanos – subdivididos
em ‘aldeias velhas’, ‘aldeias novas’, ‘caminhos’, ‘acampamentos’ e ‘cidades’. Tais subgrupos
nortearam a aplicação das fichas lexicográfico-toponímicas, adaptadas da proposta de Dick para
o contexto da pesquisa. Os dados obtidos foram posteriormente inseridos e organizados no
software FLEx (Fieldworks Language Explore versão 8.2.8) para constituição do banco de
dados digital. Foram analisados aspectos linguísticos apresentados na estrutura morfossintática
e semântica dos dados, bem como se procedeu a classificação taxionômica dos dados, que levou
em consideração principalmente a descrição apresentada pelos indígenas para explicar a
motivação envolvida no ato da nomeação. Percebeu-se que o conteúdo observado nos dados
toponímicos está carregado de visões de mundo do homem indígena individual e também do
grupo ao qual pertence, revelando traços de sua história, de sua paisagem cultural e física, de
seus valores, entre outros.

Palavras-chave: Toponímia. Grupos indígenas. Nomeação.

APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS BASEADA EM PROJETOS NA


EDUCAÇÃO BÁSICA: UM ESTUDO À LUZ DA COMPLEXIDADE

Tiago da Fonseca Carneiro


Orientador (a): Walkyria Magno e Silva
Linha de pesquisa: Ensino-Aprendizagem de Línguas e Culturas: Modelos e Ações

Resumo: A Educação Básica brasileira tem passado por importantes mudanças nos últimos
anos na reformulação de sua base curricular, no estabelecimento do novo Ensino Médio e no
destaque para a empregabilidade e o empreendedorismo. Nesse contexto, é prioritário que se
adote um formato de aula que possibilite o confronto com problemas do mundo real. A
Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP) apresenta-se, assim, como alternativa de alta
relevância (BENDER, 2015). Este projeto de pesquisa busca compreender, à luz da
complexidade (LARSEN-FREEMAN, 1997; CAPRA; LUISI, 2014; MAGNO E SILVA,
2016), o impacto da ABP sobre a aprendizagem de língua estrangeira por alunos da Escola de
Aplicação da UFPA. O estudo visa mapear a competência comunicativa dos alunos ao longo
da realização de projetos, identificar os fatores de propiciam a emergência de novos
comportamentos no sistema de aprendizagem dos alunos e elencar os elementos que levam o
sistema de aprendizagem dos alunos a estados atratores. Para alcançar esses objetivos,
pretendemos realizar uma pesquisa qualitativa de cunho empírico (YIN, 2016), uma vez que as
perspectivas dos participantes do estudo e suas visões sobre a aprendizagem são fundamentais
nos estudos ancorados na complexidade. Será desenvolvida uma pesquisa-ação uma vez que o
pesquisador é também professor das turmas em que o estudo será conduzido.

Palavras-chave: Aprendizagem de língua adicional baseada em projetos. Ensino básico.


Paradigma da complexidade.

GRAMÁTICA MODERNA: CONTRASTES ENTRE A GRAMÁTICA DE


EVANILDO BECHARA E MARIA HELENA DE MOURA NEVES,
TEORIAS, PROPOSTAS, NOVOS CENÁRIOS

Vanessa Marques Pavão Leite


Orientador (a): Carlos Renato Rosário de Jesus
Linha de pesquisa: Linguagem, Discurso e Práticas sociais

Resumo: Um assunto que tem sido fonte de pesquisa e interesse no meio linguístico, é a
gramática. Por ser um termo polissêmico torna-se um sistema linguístico complexo, que
apresenta mais de um significado, múltiplas teorias linguísticas e enfoques que visam descrever
a língua em todos os seus aspectos. É um tema milenar, que já teve status de técnica, arte,
filosofia e por fim ciência. Desde de sua estirpe até os dias atuais, impulsiona estudos
linguísticos que visam compreender as possibilidades de uma língua, sua evolução no tempo, e
o poder que a linguagem concede aos seres humanos, ao passo que os estudos linguísticos foram
evoluindo questionamento e críticas sobre normas e usos na língua tem ganhado atenção, e
criado novos cenários para produções de gramáticas e ensino da língua portuguesa. O presente
trabalho analisa as gramáticas contemporâneas de Evanildo Bechara (2019) e Maria Helena de
Moura Neves (2011, 2018) fazendo uma reflexão analítica sobre o grau de diferença ou
proximidade entre as concepções teóricas, metodológicas e propostas de ambos autores,
pontuando através desta análise quais tarefas cada gramática se propõe a realizar, bem como o
alcance dessas gramáticas nas salas de aula como fonte para o ensino da língua portuguesa.
Trazemos a lume tendências presentes na gramatização do português brasileiro que representa
ruptura histórica com o paradigma tradicional de produção de gramáticas ou sua continuidade.
No decorrer desta pesquisa apresentamos e comentamos as obras gramaticais produzida por
Bechara e Neves, o que permite um refinamento de nossos sentidos sobre a importância dessas
obras, cada uma em seu âmbito de ação, para o ensino de língua portuguesa e estudos
linguísticos no Brasil, pois se tornaram referencias para a compreensão, uso e análise da língua
portuguesa, tanto na esfera nacional, quanto internacional.

Palavras-chave: Gramática, teorias, Bechara e Neves.


ARTES ORATIONIS: CONEXÕES POSSÍVEIS ACERCA DAS DIVISÕES
DAS CLASSES DE PALAVRAS NA ARS MINOR, DE ÉLIO DONATO, EM
RELAÇÃO À OBRA CATEGORIAS, DE ARISTÓTELES

Vanessa Loiola da Silva


Orientador: Carlos Renato R. de Jesus
Linha de pesquisa: Linguagem, Discurso e Práticas Sociais

Resumo: Este trabalho deve sua gênese ao interesse pela Gramática como disciplina essencial
para os estudos linguísticos, que surgiram e se desenvolveram posteriormente na sociedade
ocidental. Como base para a análise, usar-se-á a tradução de duas obras, uma gramatical e outra
filosófica, de dois estudiosos que tiveram enorme notoriedade no campo dos estudos sobre a
linguagem no período antigo. Especificamente, o presente trabalho tem como objeto de estudo
a definição das partes do discurso (partes orationis), conhecidas na atualidade como classes de
palavras, da maneira como se nos apresentam, tanto na gramática latina de Élio Donato (320
d.C. – 380 d.C.), quanto na obra de Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.). Buscar-se-á fazer um
estudo sobre a divisão feita na obra Categorias, de Aristóteles, e na Ars Minor, de Donato, tendo
em vista traçar uma possível conexão acerca da classificação utilizada na gramática donatiana
com a classificação feita pelo estagirita, para em seguida fazer uma análise comparativa entre
as definições encontradas nas obras, propondo uma reflexão acerca das classes de palavras e
como elas eram entendidas nas épocas em que foram definidas pelo filósofo e pelo gramático.

Palavras-chave: Gramática. Donato. Aristóteles. Classes de palavras.

A ESCOLA INDÍGENA ĪXŪBÃY RABUĪ PUYANAWA: UM ELEMENTO


AGREGADOR FRENTE À (AS)IDENTIDADES( S) PUYANAWA

Vildna Dias da Costa


Orientador (a): Valda Inês Fontenelle Pessoa
Linha de pesquisa: Lingua(gens) e Formação Docente

Resumo: Esta comunicação tem como objetivo abordar as intenções de uma pesquisa em
desenvolvimento, vinculada ao Programa de Pós- Graduação em Letras: Linguagem e
Identidade – PPGLI, na Universidade Federal do Acre. No estágio em que a referida
investigação se encontra está estabelecido como desafio maior registrar, descrever e analisar as
práticas e atividades de ensino da escola indígena Ixubay Rabui Puyanawa como um elemento
agregador diante da (s) identidade (s) Puyanawa, apresentando um breve esboço da
contextualização histórica da escola em questão, para que compreendamos melhor como se deu
a sua inserção na terra indígena, os objetivos iniciais, seus impactos na cultura desse povo e
seus personagens em cada tempo. A referida escola fica localizada no município de Mâncio
Lima, estado do Acre- Brasil, na terra indígena Puyanawa, cerca de doze quilômetros da sede
do município, com acesso via terrestre em estrada de barro e via fluvial pelo rio Moa e Paraná
Japiim. Tem-se como pressuposto que a escola é importantíssima aliada no processo de
revitalização cultural e linguístico do povo Puyanawa e pode por meio de suas ações, contribuir
com o processo de recuperação e revitalização das tradições, costumes, rituais, pinturas,
cantorias desse povo, valorizando os saberes das lideranças e anciões da aldeia. Este estudo se
ancora nos requisitos da investigação qualitativa, hibridizando aspectos de pesquisa-ação, com
estratégias de coleta de dados, por meio da observação, depoimentos, entrevistas com
professores, alunos e lideranças do povo. Junto a este aporte analítico coletado por esses meios,
se somaram a documentos julgados significativos e representativos para analise. Usarei como
aporte teórico inicialmente pesquisadores que tratam e discute a temática como Walker (2012),
Stuart Hall (2005), (2007) e posteriormente se alargará para uma plêiade de teóricos estudados
no PPGLI, que esboçam em seus estudos categorias analíticas que possibilitam enxergar e
analisar as injunções do contexto educativo da escola ora investigada.

Palavras-chave: Povo Puyanawa. Escola indígena. Identidade(s).

AUDIOVISUALIDADES E SOCIEDADES INDÍGENAS: OS MODOS DE


VER OS POVOS INDÍGENAS NOS FILMES DE FICÇÃO BRASILEIROS

Vívian de Nazareth Santos Carvalho


Orientador (a): Ivânia dos Santos Neves
Linha de pesquisa: Análise, Descrição e Documentação das Línguas Naturais

Resumo: Este trabalho de Doutorado tem o objetivo de analisar como os filmes de ficção
brasileiros materializam discursos sobre as sociedades indígenas. A partir da Arquegenealogia
Foucaultiana, pretendemos investigar os modos em que os personagens indígenas e as histórias
desses povos aparecem nos filmes. Articulamos os conceitos desenvolvidos por Michel
Foucault aos estudos sobre a colonialidade/decolonialidade. Compreender como a
colonialidade atravessa, até hoje, a história da América Latina é imprescindível para
observarmos as produções de verdade sobre os povos nativos no discurso fílmico. Atualmente,
estamos realizando as leituras da bibliografia que norteia o trabalho e pesquisando sobre os
filmes que fazem parte de nosso corpus de análise.

Palavras-chave: Filmes de Ficção Brasileiros. Sociedades Indígenas. Análise do Discurso.

QUEM SÃO AS MULHERES NO ARRAIAL DO PAVULAGEM? O


DISPOSITIVO COLONIAL E A CONSTRUÇÃO DE SUBJETIVIDADES NA
CULTURA POPULAR

Yorranna Suilan Oliveira Barbosa


Orientador (a): Ivânia dos Santos Neves
Linha de pesquisa: Análise, Descrição e Documentação das Línguas Naturais

Resumo: Nossas subjetividades são construídas a partir das relações que tecemos com o poder,
em um movimento paradoxal de oposição e de resistência. Essa afirmação tem sido objeto de
reflexão de analistas do discurso e teóricos alinhados aos estudos de Michel Foucault.
Responder à questão de quem somos nós, nesse jogo de forças, irrompe como uma emergência
histórica em uma tentativa de apreender os acontecimentos e as descontinuidades dos
enunciados que emergem em diferentes espaços e temporalidades. Para tanto, seleciono como
materialidades de análise letras de músicas da discografia do Arraial do Pavulagem e entrevistas
com participantes deste movimento de cultura popular. Músicas e entrevistas são enunciados,
e como tal são materialidades que portam sentidos sobre quem são as mulheres neste grupo
cultural. Criado em 1987, o Arraial do Pavulagem tem grande visibilidade nas redes sociais e
na mídia tradicional de Belém (PA), especialmente no período da quadra junina, quando
organiza os cortejos de rua chamados Arrastões do Pavulagem. Nesse sentido, procuro
investigar em minha pesquisa como as mulheres e a cultura popular estão atravessados por
produções discursivas que objetivam e constroem suas subjetividades nas práticas do grupo.
Articulo nessa investigação o aporte teórico-metodológico das noções foucaultianas de
discurso, dispositivo, poder e subjetividades com os estudos decolonais para pensar como o
dispositivo colonial, em sua de rede de saberes e de poder, mobiliza e atualiza suas práticas
para construir discursos sobre quem somos.

Palavras-chave: Discurso. Poder. Subjetividade. Dispositivo Colonial. Pavulagem.

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