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CONCORRÊNCIA CRESCE E
DERRUBA PREÇOS, EXIGINDO
DESENVOLVER FORMULAÇÕES
EFICAZES E DE BAIXO CUSTO,
ALÉM DE OFERECER
AMPLA GAMA DE SERVIÇOS,
ASSUMINDO TAREFAS
ANTES DESENVOLVIDAS PELOS
CLIENTES.
MARCELO FAIRBANKS
O saturado mercado de tintas não justifica maiores esforços, agora direcionados para a
aditivação de fibras têxteis, evitando a proliferação de fungos. Os grandes consumidores
desses artigos são da área institucional, como hotéis, hospitais e fabricantes de uniformes
profissionais, em especial para fábricas de alimentos. No exterior, já se mostram relevantes
os negócios com não-tecidos para cozinhas, banheiros, fraldas descartáveis e materiais
cirúrgicos, além da prevenção de maus odores em materiais esportivos (palmilhas,
camisetas e outros).
Ele salienta o trabalho do comitê da ABNT para a indústria de tintas e seus fornecedores,
liderado pela Abrafati, que visa estabelecer normas mínimas de desempenho e segurança
ambiental. “As normas puxam para cima a qualidade dos produtos e estimulam a aplicação
de tecnologias mais modernas”, afirmou.
Nascida nos Estados Unidos durante a década de1950, a Troy sempre se fixou como
fornecedora de aditivos. Desenvolveu e patenteou o IPBC (iodo propinil butil carbamato),
um eficiente fungicida. Atualmente, dois terços das vendas mundiais se referem a biocidas,
pela ordem, para os segmentos de tintas, madeira e óleos de corte, seguidos por polímeros,
têxteis domissanitários, couros e outros, com atuação em 95 países. No Brasil, a Troy atua
há dez anos, primeiro por meio de distribuidores, decidindo-se por abrir filial em junho de
2000, principalmente para oferecer serviços aos clientes, única forma de conquistar
mercado. As análises e ensaios para apoio ao cliente e desenvolvimento de formulações são
realizadas por laboratório contratado com exclusividade.
Segundo Gonçalves, não é fácil ingressar no mercado brasileiro de biocidas. “Até a década
de 1990, a reserva oficial de mercado impedia a chegada de empresas estrangeiras,
permitindo o crescimento de empresas nacionais que ainda hoje dominam o cenário”,
comentou. Como os biocidas garantem a qualidade do produto que chega às mãos dos
clientes, sua substituição é considerada tormentosa pelos clientes. Isso só é feito mediante
trabalho de convencimento de longo prazo, além de oferecer relação custo/benefício
favorável. O próprio IPBC é interessante do ponto de visto toxicológico, mas ainda caro
para brigar com o carbendazin e suas misturas.
Uma novata no segmento de cosméticos, mas que chega apostando alto, é a Arch. Primeiro
a empresa incorporou a linha Cosmocil CQ, da antiga Avecia, que estava na mão de
distribuidores no Brasil. O segundo passo ocorreu em maio último, quando a empresa fez
dois lançamentos mundiais.
Por outro lado, os custos no Brasil seriam mais altos, uma vez que a eles são acrescidos os
desembolsos com a prestação de serviços. A soma destes dois fatores, mas a baixa escala
do mercado nacional, está, segundo esse raciocínio, achatando as margens de lucro. As
empresas estariam trabalhando com margens líquidas entre 4% e 8%.
Cuca Jorge
. “Essa margem não estimula
investimentos produtivos no
País e pode levar algumas
empresas até a descontinuar suas
operações comerciais”, diz um
executivo.
Uma das pioneiras na estratégia de prestar serviços aos clientes é a Ipel, empresa nacional
que atua com uma ampla linha de produtos, voltados para diversos segmentos de mercado.
Luiz Wilson Pereira Leite, gerente de marketing da Ipel, confirma que o mercado atua hoje
com uma margem de lucro bastante reduzida, mas discorda do raciocíno que culpa a
prestação de serviços por isso. “É uma estratégia que permite fidelizar o cliente e melhorar
a performance dele. Estamos agregando valor ao negócio e os bons clientes sabem
reconhecer financeiramente”, diz.
Pereira Leite acredita que essa abordagem permite ainda ao fabricante de biocidas conhecer
melhor as necessidades dos clientes, resultando no desenvolvimento de produtos cada vez
mais customizados. “Também acho que algumas empresas podem sair do mercado
brasileiro, mas acredito que serão aquelas que não entenderam a necessidade de atuar com
foco na necessidade do cliente”, diz o executivo.
Rohr, da Miracema-Nuodex, também aposta na prestação de serviços. “Hoje, é bastante
clara a necessidade crescente de que o fornecedor conheça detalhadamente todo o processo
de fabricação de seu cliente. Só assim é possível garantir uma relação boa de
custo/benefício para as duas partes.
Marcelo Faibranks
. O negócio não é só a venda de
biocidas, mas oferecer soluções
microbiológicas”.
Por outro lado, como informam Ricardo Massari, gerente de vendas, e Aelcio Steffanelli,
coordenador de negócios da unidade Químicos de Performance para Detergentes e
Formuladores da Basf, há clientes industriais que percorrem o sentido inverso, estão
optando por realizar o controle microbiológico com estrutura própria, de forma a
possibilitar a aquisição de biocidas diretamente dos fabricantes das moléculas, como
prevalece no exterior. A Basf, mesmo no Brasil, adota a estratégia de vender moléculas sem
partir para a formulação.
Roberto Griebel acredita que essa nova realidade não afetará o desempenho da empresa no
Brasil. Afinal, a importação é prática comum no setor de biocidas e trata-se de um mercado
dolarizado. “Além disso, vamos trabalhar com um armazém alfandegário e estoques de
segurança”, diz o executivo.
Já a norte-americana Troy, por sua vez, planeja instalar uma unidade produtiva no Brasil,
talvez por meio de uma joint venture, como informa Gonçalves. Mas a decisão ainda não
foi tomada.
Ao mesmo tempo em que aprimoram suas estratégias locais, os fabricantes de biocidas se
adaptam às novas realidades impostas pelos movimentos de consolidação internacional dos
negócios. O lance recente mais significativo foi a aquisição da inglesa Avecia, considerada
uma das três maiores fábricas de biocidas do mundo, pela norte-americana Arch. Foi um
negócio que permitiu uma complementação do leque de atuação da empresa. O forte da
Avecia eram os bactericidas, enquanto que a Arch se destacava nos fungicidas e algicidas.
Já a Troy no exterior comprou, em 2004, a Micropel, empresa com unidades nos Estados
Unidos e China, que conta com uma linha de fungicidas voltada para plásticos flexíveis.
Introduzir estes produtos no Brasil é uma das tarefas para os próximos anos do diretor
Carlos Alberto Gonçalves. Assim como a Lanxess adquiriu, em 2002 duas linhas de
biocidas da Nalco e pretende, com isso, ampliar seus negócios no Brasil nos setores plástico
e papel. O que não falta é dinamismo no mercado de biocidas.