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Série Alien Abduction

Livro Quatro

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Envio: Soryu

Tradução: Ana Azulzinha

Revisão Inicial: Kris e Susana

Revisão Final: Argay Muriel

Leitura Final: Sofia

Formatação: Lola

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Mercenary Abduction é uma obra de ficção,

e os personagens, acontecimentos e diálogos

desta história são produtos da imaginação da

autora e não devem ser interpretados como

reais. Quaisquer semelhanças com fatos ou

pessoas reais, sejam vivas ou mortas, é

totalmente coincidência.

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Makl procura ser o melhor mercenário do universo conhecido.
Assim para ele é uma tradição familiar deixar um rastro de mutilações e
corpos por onde passa, roubar os objetos mais preciosos e arrebatar
mulheres lhe é natural.

Mas seus dias de provocar estragos chegam ao fim quando


encontra o maior prêmio de todos: uma fêmea humana.

Enganado ao pensar que era uma virgem de incalculável valor e


cativado por sua pele pálida, e seus dois seios, ele a sequestra.... Ou ao
menos assim pensa.

Seu plano sai de mal a pior. A humana não tão inocente torna-se
sua sócia no crime, em vez de sua prisioneira. Juntos formam uma dupla
invencível. As histórias de suas maldades e paixão arrebatadora se
transformam na sensação no universo, mas não há espaço na vida de um
mercenário para uma companheira. Ou haveria?

Pela primeira vez na vida, o “Manual do Mercenário de Sucesso",


não tem respostas às perguntas de Makl e não há ameaça visível que
eliminar. O que pode fazer um pobre, mercenário azul?

Finalmente, admitir estar apaixonado ou abandonar à humana


deliciosa?

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Extraído de um exemplar bem surrado do “Manual do Mercenário
de Sucesso”.

Capítulo sete, intitulado, "deve-se seguir uma Religião ou um


Deus em especial? ”

Em primeiro lugar precisa compreender que os Deuses existem.


Parar de rir e zombar de tal ser existente. Alguns são menores, alguns
importantes, cada um com diferentes poderes e esferas de influência.
Alguns preferem ater-se a uma galáxia ou um sistema solar, outros vagam
pelo universo. Se encontrar com um deles durante suas viagens. O que é
inevitável será uma opção particular do mercenário se decidir a segui-lo ou
não.

Há vantagens possíveis quando se decide adorar uma deidade com


maior força ou invulnerabilidade, mas tenha em conta que todas as coisas
têm um preço. Se envolver na religião de um só deus pode cair em
contradição com os princípios de outro. Em alguns casos, isto pode
significar a guerra, assim consulte a página trinta e nove para ver uma
lista apropriada de tarifas que você deve se encarregar no caso de requerer
seus serviços mercenários como pagamento.

Voltando para tema dos deuses, participar de uma religião, ou não,


depende de você. Estude bem suas opções, porque uma vez que faça sua
escolha, geralmente é por toda a vida. Para uma lista completa dos

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diferentes tipos de deidades, por favor, ler, Deuses do Universo, em ordem
alfabética, por Sualc Atnas, disponível em todo o universo onde álcool,
pornografia e armas de destruição em massa são vendidas. Os lugares que
não tenham estes exemplares devem ser reportados para que um membro
da ordem dos mercenários para que possa mostrar aos proprietários a
vantagem de ter este tão prezado manual.

Enquanto que é muito recomendável à compra do Guia dos Deuses


do Universo, disponível em descarrega eletrônica, alimentação subliminar,
plataforma de tablets de pedra ou papel impresso, inclusive se for ilegal,
sentimos que é importante destacar a existência de um deus em
particular, uma deidade que gosta de observar. Ele tem muitos nomes;
Llokii, Puuka, Murphy, entre outros. Será o ser mais irritante que você
conhecerá.

Embora este deus em particular pareça se atribuir características


masculinas, não pertence a nenhuma espécie conhecida. De fato, ninguém
entra em acordo sob sua forma natural já que parece ser capaz de mudar
a aparência física à vontade, um metamorfo, que pode usar qualquer
disfarce e aparecer em vários lugares ao mesmo tempo. Não parece almejar
poder ou dominação, nem parece ansiar por riqueza. Será bom ou mau?
De novo, não é realmente importante, embora pareça encontrar diversão
às vezes em suas travessuras.

A força esotérica de Murphy é difícil de calibrar, embora não


destrua fisicamente, pode derrubar impérios às vezes com uma ação
insignificante ou uma só palavra. Ele parece existir no nada e, entretanto,
sua influência pode aflorar em qualquer lugar. Muitos juram que pode
ouvir nossos pensamentos mais íntimos.

Fantasma ou ser real? Depende de quem pergunta ou de quem


acredita, mas todos concordam que é um ser ardiloso. Poderoso....

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Imprevisível.... Egoísta. Prepotente... Sutil.... Arrogante..., mas acima de
tudo, nunca deve ser subestimado.

Para seus poucos amigos, é um aliado poderoso. Para aqueles que


não são e o tiverem feito algo que lhe tenha desagradado.... Que esperem o
inesperado, porque Murphy segue uma regra, um princípio, uma lei acima
de tudo, simplesmente resumindo: Se puder foder você o fará sem hesitar.
Evite-o.... Se não tiver escolha, nunca pense nem por um instante que tem
tudo planejado, nem sequer o diga em voz alta. Nunca presuma ter o plano
perfeito ou uma ideia infalível. Sua arrogância lhe chamará a atenção e
então... Melhor que tenha um plano B, mas prepare também o plano C ou
D, já que com Murphy, nunca se sabe quando se está seguro.

Mas podemos garantir uma coisa. Se ele pousar o olhar em você,


então está com toda certeza, Fodido!

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Na galáxia de Obsidiana, muito, mas muito distante...

O monóculo holográfico em seu olho ampliou seu objetivo. Deitado


sobre o abdômen em um teto ligeiramente inclinado e áspero, Makl
mantinha seus movimentos no mínimo. Tendo em conta os diversos avisos
que proibiam a qualquer pessoa, menos aos que tinham permissões de
trabalho válidas, o acesso àquele local, por isso fez todo o possível para
ficar fora da vista.... Uma tarefa nada fácil para um guerreiro que preferia
ser o centro das atenções. Durante várias unidades galácticas ele tinha
ignorado o roncar de seu estômago, a coceira em seu flanco e o parafuso
fodido cravando em sua coxa. Ignorando todos os desconfortos e distrações
que tentavam um homem já aborrecido.

Não obstante, necessidade ou não, sabia que não devia ignorar o


insistente zumbido da transmissão de sua tia Muna no ouvido.

— Tia, a que devo o prazer? — Ronronou, inclusive enquanto


observava cuidadosamente a localização e rotação das câmaras no exterior
do edifício. E também anotando quantos guardas patrulhavam o perímetro
e em que intervalo.

— Confio que esteja sendo um bom guerreiro e mantendo em alta a


honra da família? — Tia Muna não perdia tempo com trivialidades, nada
de "Olá" e "Como está?".

— Seguindo os passos dos grandes — Respondeu enquanto


rabiscava suas conclusões na caderneta holográfica. Esta, e a ferramenta

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em seu olho, eram da melhor tecnologia encontrada na atualidade... E
roubada.

— Em outras palavras, está fornicando, roubando ou matando —


Ele não pôde evitar sorrir diante do seu contundente resumo.

— Tão frequentemente quanto posso.

— Excelente. Se mantenha em dia com o bom trabalho. Sua mãe


ficaria tão orgulhosa. Entretanto, vou interromper seu divertimento em
causar estragos e mutilações, tenho uma tarefa para você.

— Estou um pouco ocupado no momento.

Ocupado em planejar seu movimento seguinte e continuar


investigando seu objetivo, um ataque destinado a colocá-lo no topo de
umas poucas listas. Mal podia esperar para ver as imagens que ele havia
tirado profissionalmente, nada menos que pelo fotógrafo de renome,
Notromus, plasmado nos pôsteres de "Procura-se". Depois de semanas de
trabalho com o famoso artista, ele finalmente tinha terminado um trabalho
do qual estava orgulhoso. Levou tempo e habilidade para conseguir a
aparência adequada de ameaça misturada a indiferença. Nada como
projetar a imagem correta para esculpir seu nome na história.

— Está muito ocupado? — Humm... Makl reconheceu o tom de sua


tia. Não prenunciava nada de bom. — Sinto muito, me ouviu dizer que
podia escolher, ou prefere que diga a Tren que estava muito ocupado para
ajudar à família? — Disse docemente, docemente demais.

Grande! Oh... Makl engoliu em seco com dificuldade.

— Talvez tenha falado muito rápido. A Senhora disse Tren? —


Família ou não, ninguém queria irritar esse macho em particular. O primo
mais velho de Makl tendia a matar primeiro e não se importar depois.

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Tren, uma lenda na família, dizia que as perguntas eram para os
inseguros. Regra número treze dos Mercenários.

Tia Muna limpou a garganta.

— Tren atualmente está ocupado com alguns assuntos importantes


ou certamente se encarregaria disso pessoalmente. Acho uma honra que
ele esteja disposto a confiar em você nesta tarefa.

O alto, poderoso, infame ex-mercenário, agora transformado em um


político implacável, precisava de ajuda? A sua ajuda? O peito de Makl
estufou várias unidades.

— É obvio que estou disponível a ajudar. A família em primeiro


lugar.

— Excelente resposta.

— Então, qual a tarefa? — Assassinato? Sequestro? Situação de


reféns? Talvez a subtração ilegal de um avanço científico altamente secreto
e perigoso. Makl amava um desafio e os ganhos que tais esforços traziam.

— É uma missão muito sensível e de grande importância — Makl


fez uma pausa nas anotações, agora intrigado. — Muito perigoso.

Parecia promissor.

— Não é algo que podemos pedir a qualquer outra pessoa.

Cada vez melhor. Makl quase conteve a respiração enquanto


esperava que a tia fosse ao ponto.

— Precisamos que encontre uma babá.

Tirando seu fone, Makl soprou sobre ele, o esfregou na camisa,


levou um dedo em sua orelha, esfregou e logo colocou a unidade de som de

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volta a seu ouvido.

— Desculpa, tia? Creio ter entendido mal. Poderia repetir qual é a


missão?

— Precisa que nos traga uma babá.

Levou um momento para processar as palavras, procurando um


sentido oculto. Nada lhe ocorreu.

— Babá, tipo alguém que cuide de um bebê?

— É claro. Que outro tipo pode existir? — A exasperação de sua tia


chegou alta e clara.

Aquilo ainda não fazia sentido.

— Por que precisa de uma babá? Não tenho bastardos — Pelo


menos nenhum de seu conhecimento.

— Não é para você, idiota. É para Tren.

— Foi o suficientemente descuidado para deixar bastardos para


trás? Aposto que sua companheira não está feliz com isso — Ele tinha
conhecido Megan, a humana escandalosa estava louca o suficientemente
para casar com seu primo e tinha que admitir, não sentira nenhuma
atração pela bárbara de pele pálida. Não que mencionasse isso na cara do
primo, não, se quisesse permanecer vivo.

— Não precisamos de uma babá para os bastardos de ninguém. O


posto é para seu herdeiro que tem os pulmões e o temperamento mais
poderosos que já vi. Será o maior guerreiro de todos quando crescer — Tia
Muna quase babava e Makl conteve um grunhido.

Serei o melhor guerreiro, depois de ter meu nome e rosto por

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aí. Sua determinação em ter êxito pôde o tornava um pouco mais valente
do que o habitual com sua tia, isso e mais vários sistemas estelares
separando-os.

— Quer que deixe tudo para arranjar uma babá para a cria de
Tren? Está ainda em posse de suas faculdades mentais, tia? Tenho que
falar com meu tio sobre lhe dar alguma medicação? — Ele lamentou sua
resposta despreocupada assim que saiu dos lábios.

— Terei de lhe ensinar como deve falar com os mais velhos? — Ela
respondeu com doçura. — Outra vez.

Não, de novo, não. Uma vez foi o suficiente, obrigado. Nunca


conseguiu realmente se desfazer das cicatrizes da última vez que ela lhe
ensinou boas maneiras. Tia Muna levava seu papel de guardiã, muito a
sério depois que sua mãe morreu. Quando falava, todo mundo corria.
Mantinha-os em forma. Rendeu-se, mas não com graça.

— Então, o que procuro? Algo com vários braços, sem olfato e mais
paciência que o normal?

— Já tentamos isso. Uma Hummer Gunilian de oito braços. Ficou


rouca. E também uma Answuya de cinco braços que ficou surda e fugiu
chorando. Precisamos de algo mais drástico que isso, razão pela qual
precisamos de seus serviços. Tem que encontrar uma babá humana.

Humana? Como o ser proibido por algumas entidades poderosas,


seres que viviam do outro lado do maldito universo, seres com o status de
bárbaro? Pelas estrelas.... Fascinante e perigoso.

— Seres humanos estão fora dos limites. Sabia que o castigado é a


morte se for capturado pirateando um humano.

— Tem receio de uma lei miserável como essa? Você sabe que Tren

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tinha mais de seis mil delitos contra ele, quando se aposentou. Levamos
uma eternidade para apagar toda a papelada assim que subiu ao posto no
conselho galáctico.

Uma maneira de atirar os famosos feitos de Tren em seu rosto.


Makl ainda trabalhava em seus primeiros mil. Assegurado quinhentos. Ao
que parecia, algumas das mortes causadas por ele não foram
extravagantes o suficiente para merecer a devida atenção.

— Quer uma humana, conseguirei a humana. Qual será o


pagamento?

— Meu agradecimento.

Esperava que trabalhasse de forma gratuita? Ele apertou a


mandíbula com dentes pontudos.

— Um presente generoso. E o que Tren me dará de volta?

Tia Muna chiou.

Sim, Tren jamais agradecia quem quer que fosse, seja com palavras
e muito menos com créditos. Simplesmente não era de seu feitio, mas o
primo poderia se conter caso quisesse matá-lo caso Makl se metesse em
confusão e manchasse o nome da família, o que tendia a acontecer
frequentemente. Parece que vou apanhar uma bárbara. Como se Makl
tivesse alguma escolha.

Trabalhando de graça ou não, ele faria o que sua tia pedia porque
gostava dela, e a temia.

Ele suspirou.

— Quão rápido precisa dela?

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— Para ontem.

— Algo mais que eu precise saber? Qualidades que deverei levar em


conta?

— Como vou saber? Só tem que encontrar uma fêmea humana


para cuidar do menino. Megan está fazendo se esforçando, mas é humana
e este menino está possuído por alguma entidade desconhecida.

Makl fez um último esforço para evitar a tarefa.

— Sabe o quão distante estou do Planeta Terra.

— Então é melhor se por logo a caminho. Esta missão é de máxima


importância — Tia Muna gritou a última parte para se fazer ouvir sobre os
gritos estridentes de uma cria.

Retirando o fone da cabeça, Makl estremeceu quando o uivo


ricocheteou pelo interior de seu crânio. Bons pulmões.

Guardando o fone, voltou sua atenção ao edifício que tinha


estudado nos últimos dias. Tinha terminado por aqui. Não tinha sentido
observar mais, não quando teria que retornar para terminar o trabalho. E
tudo por culpa de uma estúpida tarefa, gratuita, sem glória, sem créditos,
e que não podia recusar.

Depois de guardar suas ferramentas, desceu do edifício que tinha


escalado, os transeuntes não se atreviam a dizer nenhuma palavra, apesar
de que, obviamente, não tinha boas intenções. Covardes. O que tinha que
fazer um malfeitor para chamar a atenção? Com um grunhido nos lábios,
se dirigiu à rua e grunhiu em voz baixa enquanto caminhava pelo
mercado.

Enviado para fazer um trabalho insignificante. Tia Muna não se

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dava conta de que tinha coisas mais importantes a fazer do que procurar
uma babá para seu primo estúpido e truculento? Ele pretendia fazer
grandes coisas. Ações vis, não sair por aí à procura de uma baba. O Tren e
sua mulher bárbara viam de tão difícil em colocar um anúncio e realizar
algumas entrevistas até que encontrar alguém para cuidar da semente
criada por seu primo egoísta? Só faltava lhe pedirem que comprasse
brinquedos ou alguma parafernália educativa para o menino. Que
degradante.

Tren deveria procurar a baba humana. Afinal já tinha


sequestrado acidentalmente sua companheira, Megan. Quão difícil podia
ser sequestrar por engano uma segunda?

Embora a ideia de burlar as leis e descaradamente ir ao planeta


bárbaro para roubar uma fêmea soasse divertido. O Planeta Terra era
considerado fora dos limites, não é que todos obedecessem a esse decreto
em particular. Se ele ignorasse uma lei tão rigidamente aplicada poderia
vir a conseguir algum tipo de reconhecimento, se boatos escapassem.

Embora sua reputação como combatente estivesse em andamento,


Makl ainda tinha muito caminho a percorrer antes de sair da sombra de
seus numerosos primos. Os idiotas. O problema de nascer em uma ilustre
família conhecida por suas afamadas maldades em todo o universo era o
que tornava difícil se equiparar ou superar tais feitos, como a sua família e
oficiais gostavam de lhe jogar na cara.

Mas será por pouco tempo. Logo farei algo tão louco, tão
inteligente, que terão de reconhecer o quão poderoso mercenário sou.
Mesmo se tivesse que usar o extremo da violência para obter isso.

O bazar estava em seu apogeu quando se misturou a multidão.


Vestido com uma sombria capa cinzenta que revoava ao redor de seu
corpo, a ponta da mesma alcançando a parte superior de suas botas,

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contemplou aqueles em seu caminho. A maioria se afastando ao vê-lo.

E quem não o fazia? Ele sabiamente lhes lançava o olhar mais


malvado.

Forte e tentando fazer um nome por si mesmo, não significava,


entretanto, que Makl participasse de qualquer embate, a menos que
alguém lhe oferecesse um preço justo. A regra número Um do Mercenário:
não lute a menos que lhe paguem. Sem créditos, por que o esforço ou se
arriscar a uma lesão? É obvio, existiam exceções à regra. A Regra número
oito declarava tolerância para insultos ou calúnias. Enquanto que a
número Quinze, que ele pessoalmente sentia deveria ter sido uma
subclausula da de número oito, já que exigia vingança a todo custo.

Alguns poderiam zombar das regras de vida para um mercenário,


mas Makl as estudara religiosamente, memorizando seu manual: Guia
Para A Prosperidade do Mercenário. Sujo e desgastado pelo manuseio, o
regulamento dos mercenários foi um presente de seu pai que sabia como
Makl idolatrava Tren. Que homem não o faria? Como menino e
adolescente, ele ouviu as inúmeras façanhas de seu grande primo. O
macho grande e infame que trouxe grandes honras e riquezas a sua casa,
mas o que Makl realmente cobiçava, era a adulação brilhando nos olhos de
todos enquanto relatavam essas façanhas.

Makl queria essa glória, para levar esse sorriso de orgulho ao rosto
de sua família. Era por isso que trabalhava tão duro para ter êxito e por
que vivia sob as Regras dos Mercenários. Com os mantras guiando seus
passos e fortuna, ele se faria famoso. Também se esforçava para ver sua
conta de créditos crescer. Agora bem, se pudesse conseguir um grande
sucesso. Algo que realmente lhe fizesse o primeiro homem mais procurado
no universo...

Esperava ter conseguido isso aqui. E ainda conseguiria, mas não

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hoje, ao que parecia. Maldição!

Grunhindo um pouco mais, Makl se dirigiu a seu bordel favorito,


decidido a aliviar seu pênis antes de empreender a longa viagem ao
Planeta Terra. Regra número cinco: Mantenha seu pênis em forma, não
deixe que a luxúria nuble seu julgamento. Makl levava essa regra muito a
sério, a maioria dos machos que conhecia o fazia. Propensos às viagens
espaciais de longa duração, frequentemente a sós ou com outros machos,
todos os bons mercenários gastavam uma boa parte de seu tempo e
fortuna esvaziando o pênis. Cada vez que Makl saía de um bordel, podia
jurar que se sentia mais lúcido e inteligente, então não era de se estranhar
que nunca descuidasse desta regra.

Com a intenção de alcançar esse estado de discernimento, ele fez o


que pôde para ignorar os postos de produtos. Não era uma tarefa fácil.
Painéis holográficos exibindo cores brilhantes, mostrando riquezas e
raridades de todo o universo, tudo para atrair... E tentar seus dedos
crispados. Bancadas cobertas com especiarias, aromas luxuriantes que
melhoravam seu humor, em alguns casos, embotando seu espírito. Pedras
preciosas e joias, algumas com pedras de grande tamanho para satisfazer
até a mais gananciosa das amantes.

Entrepostos de tecidos tão brilhantes que doíam os olhos, com mais


cores que o universo podia prometia, eram difíceis de ver sem a proteção
nos olhos. Mas os sons eram o que havia de pior. Tudo parecia se
acumular e criar um desagradável som misturador ao burburinho dos
transeuntes no mercado. Inclusive alguns dos delicados adornos se
acrescentavam à cacofonia. Que mais pedir? Na galáxia de Obsidiana, legal
ou não, poderia se encontrar meadas reais de seda respirando. Sim.
Existia a seda viva, estranha, exótica, proibida e muito cara, mas
extremamente confortável, foi o que ouviu dizer. Pelo menos a seda deixou
de gritar uma vez que as costureiras terminaram de costurar e cortar o

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vestido feito pelo material ilegal. Embora, Makl escutasse o gemido
ocasional quando se puxava a mais delicada peça com os dentes.

Divagava. Não era uma boa ideia em meio à loucura do mercado em


que centenas de vozes suplicavam por serem ouvidas, becos sem
movimento observando e o perigo que possivelmente se aproximava
cautelosamente. Sabia que em lugares como este, sempre havia
predadores procurando potenciais vítimas. Os fracos.

Makl não se encaixava nessa categoria. Forte como qualquer alien


presente, para sua categoria e peso, ele não duvidava de sua capacidade
para prevalecer. Embora, tivesse que manter sua fome sob controle? Seu
estômago gemia diante dos aromas... Humm, a tentação de se refestelar
quase retardava seus passos. A comida abundava por toda parte, variada e
bem temperada, para tentar todos os paladares.

Alguns eram quiosques, apregoando seus pratos fumegantes. Em


certos casos, os cheiros tentadores provinham dos restaurantes nos
estreitos edifícios onde havia a chance de se converter em parte do
cardápio. Ninguém ficaria faminto no mercado onde cada fome podia ser
saciada, legalmente ou não.

No centro de todos os corredores era o caos e nas ruas sinuosas,


intencionadamente construídas para canalizar o tráfico estavam quase
intransitáveis, existia uma área aberta, mas estava cheia nesse momento.
Um leilão obviamente em andamento, o que significava que não
conseguiria chegar rapidamente ao outro lado. Lugar miserável. Ou
esperava até terminarem os lances ou teria de retroceder e pegar um
caminho mais longo, que certamente cortaria seu tempo fornicando.

Não era a primeira vez, que Makl desejava não ter chegado por este
lado a Praça Hairy Dual Cleft. Infelizmente, a combinação de seu negócio,
eliminar o problema de um capitão espacial cuja esposa o apanhou

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trapaceando, e seu prazer, uma encantadora garota a que deveria pagar,
provavelmente, significava que agora teria de caminhar um pouco mais
para aliviar sua necessidade sexual.

Os varões solteiros tinham duas opções nas cidades que visitavam:


ver suas possibilidades com uma lutadora ou procurar uma puta. As
fêmeas de raças mais compatíveis a sua espécie eram por alguma razão,
sempre mais escassas que os varões. Estranho, a menos que contasse o
Planeta Zonian, onde as mulheres violentas dominavam. Mas nenhum
macho em seu juízo procuraria esse lugar se esperasse sair com vida.

Muitos seres com pênis significava era sinal de que existiam leis
para proteger às fêmeas dos estranhos, ao menos. Fêmeas solteiras não
deviam ser incomodadas ou o castigo seria a pena de morte. Os
progenitores levavam esse papel muito a sério, e armados até os dentes, às
mães então eram fanáticas. A virgindade tinha um alto custo e sabendo
que sempre havia machos a procura de companheiras para procriação,
proporcionava as famílias grandes fortunas com o casamento ou
vendendo-as por quantias astronômicas.

Só um guerreiro estúpido se meteria com uma apreciada virgem.


Makl não precisava esfregar seu traseiro para lembrar-se dos enganos em
seu caminho. Preferia às putas, depois de ver como as lutadoras que havia
encontrado frequentemente podiam derrubar machos sem muita
dificuldade, sem falar que essas criaturas até provocavam calafrios. E
depois do fiasco em Hairy Dual Cleft, Makl preferia pagar suas parceiras
sexuais e lhes dar gorjeta, com créditos em vez de só com orgasmos.

Enquanto permanecia à beira da multidão, debatendo se devia


esperar ou entrar na perturbação, por fim notou o espetáculo no cenário.

— Devo estar fodido — Murmurou.

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Parecia que a deusa menor do Carma, da galáxia perdida que
ninguém recordava, estava sorrindo para ele, porque de pé sobre o
tablado, vestida com uma capa até os pés, a cabeça inclinada e as mãos
entrelaçadas, havia uma humana enquanto o locutor exaltava suas muitas
virtudes. E pelo visto tinha uma longa lista de atributos, dançarina, chef
de gastronomia, uma jogadora de nove instrumentos, a humana recatada
vinha com um certificado homologado de sua virgindade, que a faria
alcançar um preço absurdo.

Não que Makl planejasse pagar por ela.

Como o Vingador Galáctico a roubaria bem debaixo do nariz de seu


novo proprietário. E possivelmente riria um bocado enquanto o fazia. Não
acreditava que Tren ou Jaro alguma vez tivessem ousado tanto. Tren
normalmente fulminava com o olhar. Jaro dava às pessoas um amplo
sorriso. Makl poderia rir amavelmente. Ou deveria sorrir friamente? Ele
realmente precisava escolher que expressão deveria usar para que as
pessoas tivessem algo que falar quando relatassem suas façanhas. Mas....
Estava se adiantando. Primeiro, tinha que pegar a humana.

Adotando uma expressão de desinteresse, aproximou-se da


multidão, demonstrando que parecia mais decidido a fazer uma oferta, de
grande vulto no leilão. Vagamente lhe ocorreu que sua tia Muna
provavelmente não aprovaria a contratação de uma virgem treinada na
melhor das artes eróticas, mas ela não lhe dera exatamente uma lista de
predicados para a função. Além disso, era certo que uma fêmea com
tantos predicados apregoados e treinada para lidar com machos
difíceis não deveria ter problemas no manejo de uma cria.

E lhe pouparia o custo de uma viagem aos limites...

Bem.... Se o fato de ser uma virgem for um problema, Makl


conhecia uma forma de resolver a questão. Sem contar que guardaria os

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créditos duramente ganhos no processo.

Sua sorte não poderia ser melhor?

Poderia. Makl deixou de respirar quando a fêmea levantou a


cabeça, a delicada renda do tecido sobre o cabelo emoldurava um rosto
perfeitamente oval. Dois olhos, um nariz e lábios em tom rosado... Era
encantadora. Pura. Perfeita. Sua pele... Oh... A pele pálida como neve.
Contrastando muito bem com a sua pele azulada, sobrancelhas
delicadamente arqueadas e os lábios cheios. Adorável. Facilmente
imaginou o corpo delicado e pálido sob o seu. A ideia foi o suficiente para
fazer seu pênis se avolumar.

Entretanto, sua delicada beleza não foi à única coisa que o atraiu.
Olhos escuros e misteriosos o olhavam fixamente então lhe lançou seu
melhor olhar lascivo de volta. Talvez encontrar uma babá não fosse uma
tarefa tão desagradável. O sequestro da humana ocuparia somente alguns
dias de sua agenda. Inclusive poderia levar um pouco mais de tempo para
voltar ao seu planeta, economizaria combustível, é obvio que acrescentar
uma rota de fuga mais longa. Tempo de sobra para deflorar uma virgem e
arruiná-la para qualquer outro macho. Megan provavelmente lhe
agradeceria.

Serei um herói. Em mais de um sentido.

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Olivia bateu as pestanas, mantendo-as recatadamente baixas para
que os machos na multidão, e essas coisas com muitos braços, olhos e
apêndices que preferia não pensar, não pensassem que era muito atrevida.
Era importante para seu benfeitor que ela parecesse educada, amável e
doce. A fêmea perfeita. Obter o preço mais alto possível; esse era o plano.
Não tinha passado todo seu tempo treinando, sendo arrumada, depilada, a
pele macia e tratada pelos muitos tentáculos da esteticista, para não ter
êxito. Só esperava alcançar um preço bem alto.

Faria por eles, pelos que tinham trabalhado arduamente para


coloca-la ali, no famoso mercado na Galáxia Obsidiana, um lugar evitado
por todos, menos pelos mais valentes, estúpidos e ricos. Um mundo sem
lei governado por ladrões e assassinos, cuja ideia retorcida de honra
mudava de um dia para o outro, onde qualquer coisa podia ser comprada e
vendida, assassinada ou roubada. Um lugar onde não existia o pecado, só
o preço correto. O lugar perfeito para leiloar uma bárbara humana
proibida, diante de uma multidão dos mais ricos e viciosos seres do
universo.

Seres cheios de ambição e luxúria, olhares postos sobre ela


arrepiavam sua pele, pior do que o banho com os vermes suzzule.
Pequenas criaturas repugnantes, que mordiam as células mortas, dando a
sua pele um aspecto fresco e coberto de orvalho. Ela pensava que mais
parecia um fantasma depois de tão desagradável experiência, mas o
especialista encarregado da apresentação dizia que tudo devia ser
suportado. Pessoalmente considerava uma perda de tempo e dinheiro, já

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que além da pequena, mas com bom gosto, mudança de imagem seria
mais valorizada, porem vestida com uma túnica do pescoço até os
tornozelos com uma volumosa capa branca, como exporia tanto trabalho.

Coberta de cima a baixo, ocultando sua forma à visão alheia,


enquanto proporcionava uma olhada de seu corpo alto e esbelto. Parecia
uma surpreendente e descarada exibição que tendia a inflamar e não a
subtrair valor aos apetites, não de todo a luxúria. Ela praticamente podia
imaginar alguns dos mais estranhos espécimes observando-a na multidão
e levantando garfos e facas em nas mãos disformes ou tentáculos.

Malditos Aliens sangrentos. Anos no espaço e ainda não se


acostumara às diversas formas de vida. Nada como os doces ETs ou
abdução pelos marcianos verdes que vagamente recordava dos filmes
assistidos na infância, a realidade era que o universo tinha muitas
criaturas horríveis, a maioria das quais cobertas por fluídos fedorentos que
preferia não pensar.

Sendo o foco da atenção de tantos desconhecidos, Olivia não podia


conter sua inquietação.

Muitas coisas podiam acontecer. Oh Deus, as coisas poderiam sair


mal. Conhecia as leis do azar, tinha aprendido de primeira mão. Esperava
o inesperado.

Hoje não, por favor. Que Murphy e seus joguinhos se mantenham a


distância.

Ela respirou fundo e soltou o ar em um rápido suspiro tremulo.


Alguns ETs na parte dianteira da multidão captaram seu gesto nervoso e o
número mudou nas telas que rodeavam a área do tablado e brilhavam em
néon vermelho. Dez milhões. Vinte...

A quantidade de créditos que pagariam por uma virgem certificada,

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uma virgem humana, bárbara e proibida, aturdia sua mente. Ao final do
dia, uma das criaturas que estavam à frente dela a compraria, poderia
fazer o que quisesse com ela, bom ou mau, mas só uma vez que o contrato
estivesse pago e assinado.

O fone em seu ouvido crepitou com vida e as ordens chegaram.

— Dê-lhes algo para estimular seu apetite. Mostre um pouco de


medo.

Não seria difícil. Olivia retorceu as mãos, as longas mangas de sua


túnica não ocultavam completamente seus dedos pálidos e esbeltos. Não
tinha que fingir o tremor. Os números se mantiveram subindo. Levantou o
olhar e mordeu o lábio inferior enquanto examinava o público, não
deixando seu olhar demorar sobre qualquer alien por muito tempo. A
variedade de vida no lugar deixava-a receosa. O que planejava fazer com
ela um PK1, uma raça aquática sem forma corpórea, a menos que um
atoleiro contasse?

Parecia mais uma reunião com espécimes curiosos em ver e tocar.


Seres com presas, altos, baixos, gordos e esqueléticos, todos na Galáxia de
Obsidiana, bem ali no mercado negro do planeta que não existe, as
espécies reunidas respeitavam as normas do presente mundo ou pagavam
as consequências. Aparentemente, havia alguns castigos piores que a
morte. Um deles gritava os minutos galácticos para aqueles que esqueciam
seus relógios.

Sem poder dizer quem disputava com mais empenho pelos lances,
ela pensou em baixar seu olhar quando um par de olhos azuis, quase que
transparentes, capturaram os seus. Seu primeiro pensamento foi: “O que
um cara lindo como esse está fazendo neste mercado de carne? ”

Pele azul, nariz reto, um queixo com o toque de uma covinha e um

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cabelo surpreendentemente branco que chegava até os ombros em ondas,
não se podia negar os traços lindos daquele ET. Então, que covarde
segredo escondia? Ou só estava ali como um guarda? Usava uma capa
prateada, mas não via o emblema em seu peito, nem podia dizer até onde
aquela aparência humanoide se estendia. Do pescoço para acima, parecia
mais ou menos como ela, com exceção da pele azulada. Do pescoço para
baixo, podia ter oito pernas e um ventre peludo.

Quem se importava? Apesar do fato de que ele mantinha a


expressão divertida no rosto enquanto seus olhares continuavam travados,
ela não tinha a impressão de que o desconhecido participava do leilão. Não
perderia tempo trocando olhares com ele e não faria os outros se zangarem
ou perderem o interesse. Assim afastou o olhar, entretanto, sua pele se
arrepiava, sabendo que ele ainda a olhava. Claro que sim, afinal ela era o
foco na situação.

Algo a inquietava e acabou movendo a cabeça em direção ao sujeito


azul, detendo-se no último instante. Por que esta curiosidade? Não
importava por que ele estava ali. Ou dava um lance ou não. Talvez tivesse
imaginado seu interesse. Ele ainda a olhava? Seu instinto dizia que sim.
Mas, como saber, a menos que ela levantasse o olhar?

Involuntariamente, olhou em sua direção. Sua intuição estava mal.


Já não estava ali, entretanto, sua pele se arrepiava mais como se ainda
estivesse sendo observada. Como se estivesse sob o controle de outra
pessoa, seus olhos deslizaram à esquerda e lá estava ele, parado
praticamente à frente da multidão, com o capuz da capa cobrindo o rosto,
mas podia ver seus olhos claros e expressivos. Seus lábios quase negros
curvados em um sorriso, que se ampliou quando se deu conta que ela o
observava. E piscou o olho para ela.

Estava a ponto de virar a cabeça, mas não quis dar a satisfação de

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saber que a inquietava. Rompeu o contato visual, mas o observou de seu
novo ângulo. Sua capa terminava sobre um par de botas negras, estranho,
parecia couro e limpas. Não podia julgar sua altura, mas parecia tão alto
quanto ela, possivelmente um pouco mais. O mais interessante de tudo.
Ele não possuía um receptor de leilão, nem uma pequena tela de
visualização para fazer um lance, o que significava não ser um cliente. Não
merece minha atenção.

Uma voz sussurrou ao seu ouvido.

— O que a deixa tão distraída? Não diga nada. Só faça o que lhe
disse. Olhos baixos. Mãos entrelaçadas. Já está quase terminando. E o
trato também.

Mas Olivia perdeu o lance final, já que com outra piscada dos olhos
peraltas, o desconhecido azul se fundiu a multidão, desaparecendo
magicamente da vista. Entretanto, não podia evitar a sensação de
desconforto após o último olhar brincalhão, era quase como se prometesse
voltar. Impossível. Uma vez que acompanhasse seu novo proprietário,
nunca voltaria a vê-lo. Esperava não voltar a ver ninguém desta multidão
novamente.

Tirou o desconhecido da mente e se concentrou na tarefa. O leilão


terminou e ela abandonou o tablado, para se preparar para a mudança de
proprietário. O pessoal a rodeou assim que alcançou a área de preparação,
o murmúrio de suas vozes só penetrando em sua mente parcialmente.

— Nunca tinha visto um preço tão alto...

— Acredita que ele planeja come-la?

— Escrava de sorte. Seu novo senhor é asquerosamente rico. Ela


viverá como uma Rainha.

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Como se Rainhas fossem putas. Idiotas. Sem importar o longo
tempo que vivia entre aliens, ela lembrava o suficiente de sua antiga vida
na Terra para saber que as mulheres em seu planeta não eram tratadas
com os mesmos direitos desta imensa galáxia. E somos chamados de
bárbaros. Com tecnologia avançada, capacidade de viajar entre as estrelas
ou não, Olivia era de opinião que o universo tinha muito a aprender sobre
igualdade de sexos. Era desconcertante se ver como prêmio o que tinha
entre as coxas. Por outro lado, quem ela pensava ser para julgar tão
duramente os aliens? Foi sua própria mãe que a vendeu abandonando-a
aquela vida em primeiro lugar. Agora era uma lembrança que desejava
poder esquecer.

Sentou em uma cadeira, deixou que a esteticista e os estilistas


trabalhassem com ela. Eles ajustaram seus cabelos, retocaram sua
coloração e tonificaram seu aspecto atual destinado às luzes brilhantes do
cenário por algo mais adequado a ambientes íntimos. O perfume a
envolveu em uma nuvem e irritou seu nariz.

— Nem pense em espirrar — A voz em seu fone a advertiu, uma


façanha espetacular dado que o orador nem sequer estava na mesma sala.

— Como faz isso? — Ela falou em voz alta, o pessoal todo em


conversas unilaterais com seu benfeitor.

— Sempre estou observando.

— Sabe que isso é horripilante em vez de reconfortante.

A familiar risada a fez girar os olhos, ganhando um beliscão da


artista que repintava suas pestanas.

— Então, sabe bem qual é o próximo passo?

Olivia soltou um suspiro.

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— Praticamos um milhão de vezes. Posso fazer. Foi para o que você
me preparou.

— Não me decepcione.

— Não o farei — Isso esperava.

A conexão findou e Olivia desabou. Toda uma vida de aparentes


lições se reduzia a este momento, um momento que mudaria o curso de
seu futuro.

Estranho como esse pensamento a fez pensar em olhos azuis


claros.

Makl desligou a camuflagem de sua capa, uma peça estranha e de


cara tecnologia que ele tinha pegado emprestada.... Mais ou menos. Não
era como se o proprietário anterior fosse necessitar... Mais. Não era sua
culpa que o tipo tivesse uma boca muito grande, uma que não lhe pôde
ajudar a correr atrás de Makl, depois de certo suplemento de cerveja
extraforte Quergon. Um fanfarrão deveria saber ao menos como beber,
mesmo estando preso.

Era uma pena desperdiçar uma capa tão útil quando o dono se
encontrava com a ponta de uma adaga, a dele, é obvio, sobretudo porque a
capa de camuflagem era uma das duas únicas em seu gênero. Isso foi o
que Makl descobriu quando localizou o inventor. O criador tinha o segredo
de sua criação na cabeça. Um brilhante cientista, o inventor da capa usou
a nanotecnologia para escapar da prisão de um muito rico patrão que o
retinha.... Com uma ajudinha de Makl.

Então o imbecil fugiu antes que Makl pudesse conseguir o segredo


de como fazer mais. Ele realmente tinha que deixar de ser tão afável com
as pessoas. A partir de agora, as algemas permaneceriam, com urgência de
xixi ou não.

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Ah, deveria providenciar algemas para a humana. E não só para
fazê-la se comportar. As coisas que Makl faria com ela enquanto estivesse
a sua mercê...

Embora primeiramente, teria que pôr as mãos nela. No leilão, tinha


calculado rapidamente as probabilidades de sequestra-la debaixo do nariz
de todos, mas considerou isso muito perigoso. Uma pena. Uma façanha
pública como essa teria virado notícia segura, mas de que serviria a um
cadáver.

Preferia manter intacto seu esqueleto, em vez disso, planejou. Uma


vez que o novo proprietário pagasse e recebesse seu prêmio, Makl
pretendia rouba-la antes que o dito prêmio ficasse manchado. Uma
humana traumatizada não lhe serviria de nada, mas uma resgatada no
último instante ficaria tão agradecida ao macho que a salvasse. Que plano
excelente, diria até arrojado, O herói do dia. Vencedor das estrelas.
Amante das...

Sim, realmente precisava trabalhar no plano de captura. Malditos


primos, porque já roubaram os melhores slogans. Não era fácil deixar sua
marca e emitir sua própria luz sobre as sombras deixadas por sua ilustre
família. Tren, o melhor assassino da galáxia, até agora. Jaro, o Açoite do
Universo, quem um dia empalideceria em comparação a Makl, cuja
reputação melhoraria ainda mais quando de algum modo domasse uma
feroz fêmea Zonian. Sim, Makl não estava certo da melhor forma de
alcançar tal façanha ainda. A maioria dos parceiros sexuais das fêmeas
Zonians sofriam graves danos em suas partes masculinas. Possivelmente
deixaria que Jaro mantivesse essa distinção. E ficavam Brax e Xarn, esses
desajeitados idiotas que ninguém desejaria ser.

Entretanto, inclusive se só contasse Tren e Jaro, com o tipo de


reputação que os precedia, Makl tinha que trabalhar o dobro para chamar

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a atenção. Este era o motivo de sua visita à Galáxia Obsidiana. Um lugar
que se orgulhava de ter a melhor segurança do Universo, onde forneciam
os prazeres mais decadentes, o abrigo dos piratas mais violentos, um lugar
em que tudo, tudo mesmo, tinha um preço, aquele antro quase gritava seu
nome.

Como posso roubar algo valioso; digamos; algo nada discreto,


tal como a escrava humana e conseguir sair dali com vida? Até
mesmo seus primos jamais fizeram algo tão perigoso, e estúpido,
sussurrou uma voz em sua cabeça. Que merda? Desde quando duvidava
de si mesmo? Tem razão. Não se incomode em duvidar. Só faça. Deve
ser divertido.

Sua consciência escolheu um momento estranho para falar com


ele. Como se Makl fosse começar a lhe dar atenção. Se cale, consciência.
Farei o que me agrade sem sua ajuda. Tenho à deusa Carma do meu
lado.

Essa criatura inútil?

A mente de Makl parecia assombrada. Estranho. Sabia que Carma


não lhe permitiria cair. Não como outros aspirantes a deuses dos quais
tinha ouvido falar.

Pequeno arrogante.... Por um momento, Makl se indagou sobre


sua saúde mental já que sua mente parecia a ponto de se mostrar
temperamental, com ele! Imediatamente, sua psique interior acalmou.

Zangado? Não, decepcionado. Já encontrou a humana. Será


tão difícil manter uma parte do primeiro plano? Causa o dobro de
estragos. Pura loucura. Roubar um escravo já era perigoso o
suficientemente, mas também seguir adiante com seu ataque original?

Uma vez que a ideia se consolidou, passou a consumi-lo. Por que

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não fazer seu movimento ainda mais audaz? Só requereria alguns
pequenos ajustes.

Não era como se já não tivesse planejado tudo. Tinha localizado as


joias no entreposto especializado, sabia que os clientes mais abastados só
as viam com visitas marcadas, no segundo quadrante. Sabia que roubaria
a inestimável quinquilharia, o enorme diamante incrustado em ouro
marfim. Descobrira onde o dono o escondia e como o mantinha seguro.
Mas não o suficientemente seguro de Makl e seus dedos ágeis.

Posso fazer isto. Se ele conseguisse tal glória.... Quase podia ver os
títulos. O reconhecimento.

Tinha pensado que teria que esquecer seu plano original ou adia-lo
indefinidamente, graças ao pedido de tia Muna para que encontrasse uma
babá humana. Viajar até o sistema bárbaro e sequestrar a humana? Tudo
bem que certamente estaria infringindo a lei, mas também esse feito já
tinha sido feito antes. Por seu primo Tren, um fato.

Para que desperdiçar combustível, quando encontrou aqui


justamente o que sua tia lhe ordenado. Uma humana. Se preocupar com
créditos? Ela era uma fêmea. Fêmeas tendiam a ter crias. Não era parte do
instinto natural saber como agradar um macho?

Encontrar uma humana de tal alto preço? Imagine se pudesse


sequestrá-la e ainda pegar o diamante, seria indubitavelmente famoso.
Makl, o poderoso ladrão. Hummm, isso soava insignificante. Talvez...
Makl o invencível.

Ou Makl o arrogante. Pare de pensar e se coloque em movimento.


O leilão terminou. Os créditos agora mudaram de banco. A mercadoria
estaria sendo transferida. Era hora de entrar em ação e rezar a deusa
Carma que o guiasse.

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Esqueça a pequena deusa. Você me tem. A nova voz em sua
cabeça deveria preocupar Makl. Bom, preocupou um pouco, mas sua
loucura recém-descoberta por fim lhe permitiria alcançar-se a grandeza
que sempre quis.

Ou a um buraco permanente no peito.

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Olivia ouvia pela metade enquanto seu preocupado benfeitor lhe
sussurrava instruções de última hora através de seu comunicador no
ouvido.

— Não olhe nos olhos dele. De nenhum deles. Tomam como um


sinal de agressão e a converterão em pedra, o que é doloroso de reverter.
Cuidado com os tentáculos esquerdos há um agente anestésico nas
pontas.

— O que há nos direitos?

— Lábios.

Olivia estremeceu.

— Comem as coisas com os dedos?

— Não, esses são só para lamber e sugar. Sua verdadeira boca está
em seu peito. Rodeada de dentes afiados. Não deve chegar perto dela.

— Afastar-me dos dentes. Entendi. Algo mais que deveria saber?

— Não, resumi tudo. Até agora agiu bem. Só se lembre do que eu


disse e tudo ficará bem.

Olivia desejou compartilhar esse otimismo, entretanto, uma


sensação persistente não lhe permitia relaxar. Tinha aprendido a confiar
em seus instintos ao longo dos anos. Nunca a dirigia pelo caminho errado
e neste momento dizia, gritava na realidade, que tomasse cuidado. Pensou

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que talvez fosse imaginação, mas quase podia tocar a sensação de algo
grande no ar. Uma mudança viria. Sabia com uma certeza que só havia
sentido um algumas vezes na vida. Esperava que a mudança não acabasse
sendo prejudicial à sua saúde.

Pronta e preparada para seduzir, Olivia manteve o ritmo dos


guardas enviados por seu novo proprietário. Um círculo de criaturas com
armaduras a prova de balas e mais altos que ela uns bons trinta
centímetros ou mais, eles lhe impediam de ver qualquer coisa ao redor,
mas com certeza as pessoas podiam ouvi-los chegar. Clomp. Clomp.
Clomp.

A monotonia dos passos a distraíram até que, de repente, se


detiveram e ela esbarrou nas costas de um guarda.

— Oops. Sinto muito, Grandalhão — Sorriu como desculpa, não


que ele se movesse. Tipo forte.

Alguém falou em um sussurro e ouviu o som de trilhos de uma


porta se abrindo, o zumbido mecânico era muito distintivo. O círculo de
guardas ao redor dela se abriu, oferecendo uma passagem. Com pequenos
passos avançou no caminho e entrou na residência. As pantufas em seus
pés afundaram em um tapete macio. A luz não lhe incomodou os olhos. Os
acordes de uma popular melodia galáctica flutuavam no ar, junto com o
relaxante aroma das folhas Hoha, em parte um relaxante muscular e
afrodisíaco. Estranhas e muito caras, no entanto seu novo proprietário,
sem nenhuma mesquinhez, as queimava. A expressão máxima da riqueza.

Logo, sua riqueza. Quando a transação se completasse, este tipo de


vida decadente lhe pertenceria. Impressionante.

Com a cabeça inclinada, se dirigiu à mesa na sala atrás da qual


estava sentado seu novo proprietário. Criatura horrenda. De pele cinza e

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cheia de verrugas, com mechas de cabelos amarelos inseridos nos lugares
mais estranhos e uma irritante quantidade, de olhos castanhos
avermelhados saltados. Vestia uma túnica solta da qual se projetava ao
menos seis tentáculos ondulantes. Observou seu tamanho e se manteve
fora de seu alcance.

Um par de guardas estava atrás da criatura que pagará um preço


alto por ela, guardas que pareciam igualmente sombrios e ameaçadores
como os que a trouxeram. Mas ETs grandes não significavam os melhores.
O melhor lutador que conhecia carecia de tamanho, mas quando se
tratava de incapacitar inimigos maiores, ela nunca vira algo mais
impressionante. Que pena que não tinha conseguido alcançar esse tipo de
habilidade. Mas Olivia se destacava em outras áreas.

Parada antes de chegar a enorme mesa de madeira esculpida,


similar ao que recordava de seus anos na terra, esperou ordens como uma
boa escrava.

— Levante o véu — A ordem emitida em um tom doce, uma


transmissão suave do tradutor enterrado em seu canal auditivo. Também
proporcionava proteção auditiva para evitar o volume alto de decibéis que
certos aliens emitiam e acabavam explodindo os tímpanos. Tinha visto
ocorrer isso uma vez. Não foi agradável.

Suas mãos tremiam ligeiramente, por isso se demorou dobrando o


lenço de renda que cobria sua cabeça e revelando seu rosto pouco a pouco,
cada polegada de inocência. Ao que parecia essas horas de práticas deram
fruto. Um grunhido de satisfação saiu do macho com tentáculos. Agitou os
apêndices ao seu redor.

— Aproxime-se mais para que eu possa tocar sua pele e garantir


que não é uma máscara.

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Tocar antes de concluir o trato? Seu mestre a advertiu sobre isso.
Ela negou com a cabeça e estalou a língua.

— Seus scaners teriam detectado armas ou qualquer artifício para


mascarar minha aparência ao entrar aqui. Ambos sabemos que o que vê, é
o que obtém — Ela temperou sua repreensão com um sorriso.

O que supôs ser um riso; sacudiu o corpo bulboso.

— Um pouco espirituosa. Eu gosto. A mercadoria parece estar


conforme o prometido. Transfiro os recursos.

Seu novo proprietário inclinou a tela e a deixou ver como uma


grande quantia de créditos mudou de sua conta à outra. Uma mensagem
brilhou com a palavra chave que tinha memorizado para que soubesse que
tudo estava de acordo.

A criatura que tinha diante de si agora era seu proprietário. Até


que me venda, ou que a morte nos separe.

Parte de sua tensão diminuiu. Olivia sorriu.

— Mestre.

— Tire a roupa.

Abrupto e afoito. Levantou o olhar e lançou um olhar aos dois


guardas.

— Mas não estamos sozinhos, meu Senhor.

— Meus guardas estão onde eu estiver.

— Meu Senhor é generoso então.

Suas palavras o pegaram de surpresa.

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— Generoso? Quem te disse semelhante tolice?

— Ninguém, meu poderoso Senhor. Simplesmente suponho já que


quer compartilhar seu primeiro encontro comigo, um momento que esperei
em reclusão toda minha vida, um prazer pelo qual pagou tão caro. Quem
mais além de um Macho generoso como o Senhor haveria de compartilhar
o mais singular dos momentos, embora seja apenas visualmente? Quem
mais além do mais caridoso dos mestres poderia deixar que outros
comentassem a glória que vamos alcançar enquanto me mostra sua
suprema destreza?

Ao menos metade dos olhos do alien faiscou enquanto a outra


metade se estreitou com astúcia. Teria exagerado?

— Tem razão. Paguei uma fortuna. Como posso me gabar sobre sua
raridade se outros forem conscientes dela? Guardas. Fora!

O da direita se inclinou para sussurrar, provavelmente algo como:


"Está louco?" Erro tático. Os ricos e poderosos nunca apreciam que seus
subalternos lhes digam o que fazer, embora fosse para seu próprio bem.
Este demonstrou não ser diferente. Machos sempre carregavam a mesma
arrogância, sem importar sua forma ou lugar na galáxia. O semblante de
seu novo amo tornou-se um inquietante verde.

— Acha que está armada, acha que essa insignificante criaturinha


pode me fazer algum dano? Pensa que sou um fraco?

Não, mas esperava que seu proprietário tivesse testosterona


suficiente para se irritar e obrigar sua guarda a fazer alguma tolice, como
manda-los para longe. Ela realmente não queria que ninguém visse o que
aconteceria depois. Seu estômago se revolveu com o pensamento. Não
queria plateia.

Lembre-se das lições. Fácil lembrar, mas agora que estava frente à

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tarefa mais difícil, esperava poder levá-la a cabo. O fracasso não era uma
opção. Respirando fundo, esperou para ver o que aconteceria a seguir.

-*-*-*-*-*-
Makl queria aplaudir quão bem a virgem humana tratou o alien
que a comprou. Queria felicitá-la pela grandeza do ardil usado, mas não o
fez para não mostrar sua localização. Ele se perguntara como faria para
pegar os dois guardas, dominar o alien rico e submeter à humana antes
que alguém ouvisse e interferisse em seus planos. Sorte que a escrava
resolvesse parte do problema por ele. Com os guardas fora, ele na
realidade só precisava se preocupar com o grande alien e finalmente pegar
a humana virgem.

Minha virgem. Sim, ele já imaginar seu defloramento inumeráveis


vezes uma vez que chegou a sala e usando a capa para se camuflar em
meio às cortinas, permaneceu em silencio e imóvel para que não
arruinasse a posição. Não era fácil, sobre tudo porque suas fantasias
implicavam em ter a bárbara de pele pálida lhe agradecendo de todas as
formas carnais.... Pelas estrelas, o número de vezes que mentalmente a
tinha possuído, que a fez gritar seu nome, soluçar, levantando as costas...

Possivelmente devesse aspirar por ser o melhor amante do


universo? Maldito subconsciente por rir.

Estou me adiantando no jogo novamente. Primeiro, tenho que


salvar à fêmea.

Tão fácil como foder uma puta no florido Planeta Druella, um


mundo onde poucos ficavam uma vez que inalavam seu efeito narcótico e
sexual. Na temporada de germinação, até mesmo o ar carrega feromônio.

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Grande para os apetites sexuais em crise, se não importa o que está
fodendo. Makl, entretanto, estava mais na linha do sexo básico. Agora
precisava esquecer Druella. O momento de agir se aproximava.

Os guardas, não contentes com a ordem, pisotearam para fora. A


porta fechou. A fêmea humana se virou e certamente não pretendia sorrir
tão brilhantemente para o macho que a tinha comprado transformando-a
em sua escrava sexual para o resto de sua vida?

— Meu mestre é um presente — Murmurou com um sorriso


secreto.

Humanas... O que lhe fizeram para aceitar tal destino tão


docilmente? Pelos deuses nos quais ele não acreditava, nem sequer você
Murphy, sem importar o que o manual mercenário afirmava, haveria de
aplaudir. Se ela aceitava seu destino com este alien baboso tão tranquila e
voluntariamente, mal podia esperar para lhe oferecer uma opção mais
apetecível. Ou seria comestível? Ela tinha os lábios gordinhos, perfeitos em
tamanho e forma para...

Depois. Teria que meditar sobre seu uso. Neste momento,


precisava se concentrar. Um alien rico como este não dispensaria seus
guardas sem ter algum tipo de proteção que ele poderia ativar com apenas
um pensamento. Makl precisava estar preparado para agir rápido como
um raio quando chegasse o momento. Mas não havia necessidade de se
apressar, não quando havia tanto ainda a observar.

A fêmea tirou o restante do véu. Seus cabelos escuros parcialmente


presos caiam em cachos pesados sobre os ombros, alguns escapando para
emoldurar seu rosto. Ele gostaria de soltar toda a massa pesada e
agarrando-a no punho enquanto a montava por trás.

A capa foi a peça seguinte, o tecido caindo ao chão lentamente, ela

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deu um passo à frente, como para destacar sua figura alta e esbelta se
aproximando mais de seu novo proprietário, mas não exatamente ao
alcance de seus tentáculos. Vestia um vestido leve e delicado, do pescoço
até os tornozelos, prateado, que camuflava seus segredos, e ao mesmo
tempo delineava perfeitamente sua forma humanoide.

Girando sobre seus calcanhares, o objeto fluiu ao seu redor,


zombando e abraçando os dois seios altos, um a menos do que ele
geralmente exigia, revelando e ocultando duas coxas, ele preferia três, e
ocultando seu sexo, possuindo ou não dentes como tinha ouvido seu
primo Jaro brincar sobre isso.

Certamente, mesmo seu primo não estava tão louco para se meter
na cama com uma fêmea cujo sexo poderia morder sua virilidade? Quem
sabe não deveria investigar a fisiologia humana um pouco mais.

Mas, de novo, se Jaro e Tren eram as suficientemente valentes para


se meterem entre um par de coxas humanas, então ele também seria!

— Pegue o manto — Rugiu o alien gordo.

Ordem ou não, ela não obedeceu. Girou em uma dança que fazia
seu vestido formar redemoinhos e revoar ao contrário, uma rotina
fascinante que com cada volta revelava carne enquanto o desabotoava em
lugares estratégicos, um strip tease profissional se alguma vez tivesse visto
um.

Uma virgem com lições de sedução e não de qualquer


professor. Makl reconheceu o padrão da dança Khiuya, uma estranha
arte erótica ensinada só a uns poucos escolhidos. Não era de se estranhar
que ela alcançasse um preço tão alto. Não só por sua rara espécie na
galáxia. Ao que parecia a pálida humana recebeu educação para se tornar
uma verdadeira cortesã. Esta missão parecia cada vez melhor.

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Mais e mais rápido, sua virgem girou. Mais pele marfim surgiu
enquanto o tecido açoitava em arcos ondulantes e seus braços e corpo
giravam. O alien grunhiu, seus tentáculos agitando em emoção, já que
simulava uma dança de acasalamento, que até afetou o silencioso e
observador Makl.

Palpitando e duro, não pode afastar o olhar, ou deter sua crescente


luxúria. Em silêncio, ajustou seu pênis nas calças de couro e logo se
preparou. Esqueça a mulher e dê atenção ao objetivo.

Justo quando ela girou, dando as costas ao alien e com uma


espiada de suas nádegas, Makl golpeou. Dois cortes rápidos, abaixo e à
esquerda, cruzando à direita e o ser corpulento deslizou em pedaços no
chão.

Nenhum de seus assassinatos era tão nobre, mas tendo em conta


que a porta não se desintegrou com uma inundação de disparos laser? A
escolha foi à correta.

Não se escondeu da escrava quando ela girou e seus movimentos


tropeçaram em uma parada. Ela olhou o chão em estado de choque e se
afastou da baba supurando de seu proprietário, recentemente falecido.

Ela engoliu em seco.

Makl deve ter feito um ruído porque ela estalou a cabeça. Seus
olhos castanhos de uma estranha delicadeza, o fitaram em choque.
Limpando suas espadas, esperou que a fêmea gritasse, um som que os
guardas provavelmente esperavam. Ele conseguiu um ofego. Logo esperou
seu abraço ou um lacrimoso obrigado. Em seu lugar, ele ouviu:

— Maldito idiota. Que merda você fez?

Espadas embainhadas, Makl expôs um olhar perplexo à beleza que

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franzia o cenho. Com as mãos nos quadris, pernas separadas e olhos
lançando adagas, ela não parecia contente com o giro dos acontecimentos.
Tampouco parecia dócil e inocente agora. Não teria entendido que lhe dera
a liberdade? Deste monstro ao menos. Agora, lhe pertencia.

— Está morto — Ele esboçou um lento, sorriso sedutor. Ela não


parecia impressionada.

— É óbvio. Por quê?

— Estava na minha lista — Respondeu quando seu formidável


sorriso não a fez se apressar em abraçá-lo e se jogar de joelhos para lhe
agradecer corretamente.

— Que lista? — Sua resposta a desconcertou. — Um momento.


Quem é você?

Makl inflou o peito, inclinou o queixo e adotou uma pose que as


pessoas, Humm... Bom, sua avó assegurou que o fazia parecer
positivamente majestoso.

— Sou Makl, guerreiro de primeira classe do Planeta Aressotle.


Conhecido como o Vingador Galáctico, estou aqui para salvá-la de um
destino pior que a morte.

— Nunca ouvi falar — Ela agitou uma mão com desdém.

— Ah, certamente ouviu.

— Não, não ouvi.

— Bem, agora tem a honra. Cumprimente o maior perito em


aquisições e mortífero guerreiro mais conhecido no Universo — Executou
um arqueamento perfeito e esperou que ela por fim mostrasse a gratidão
que merecia.

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Ela sorriu zombando. Dele.

— Um ladrão e um assassino. Que encantador.

Por que ela não parecia lisonjeada?

— Não há nada comum nisso. Só me ocupo de artigos e trabalhos


de alta especialização.

— Roubo é roubo. E quanto a matar, qualquer pessoa pode fazê. Só


precisa conhecer a fraqueza da criatura.

— Exato — Ele inclinou a cabeça para os restos no chão. — A dele


foi deixar seu pênis nublar seu bom senso.

— Bom, nisso estamos de acordo. E qual seria seu ponto fraco? —


Sua pergunta tinha um toque de desafio.

Inflou mais seu peito.

— Não tenho um.

— É obvio que não — Ela concordou, seu sutil movimento de


cabeça desnudou parte de um mamilo, que atraiu o olhar dele como um
ímã.

Maldição, ele caiu em sua armadilha. Antes de se dar conta, a


escrava, que não agia como qualquer escrava ou fêmea deveria, segurava
algo frio e metálico sob seu queixo. Como conseguira uma arma? Vira
como eles a escancearam enquanto se escondia nas cortinas, sua capa
camuflando-o perfeitamente com o fundo.

— Machos. Todos são iguais. Uma pequena amostra de carne e


todos perdem o bom senso. Agora do que estávamos falando? Ah sim,
sobre você não ter um ponto fraco? Quer discutir o assunto?

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— Não creio que teremos muito tempo.

— Concordo, vamos resolver a questão.

Não tendo em conta a forma como ela parecia a ponto de desmaiar


diante de um cadáver.

— Está blefando.

— Sério? Sabe que só preciso pressionar o gatilho e — Sussurrou


ela, esfregando a pistola em sua pele. — Bam... Está morto.

Makl suspirou. Sério? Pensava que era um sujeito inexperiente?


Por outro lado, começou a se perguntar pelos atributos dela.

— Estou começando a pensar que não é virgem.

— O que me delatou?

— Bem, não está chupando meu pênis em agradecimento por


salva-la.

Ela soltou um grunhido.

— Não dá para acreditar, você deve conhecer somente cadelas.

— Não as chame de cadelas. Prefiro o termo, agradecidas.

— Com certeza elas só precisão de poucos minutos.

Demorou um momento em captar o insulto.

— Está menosprezando minha dignidade?

— Não, sua resistência. Não tenho dúvidas de que é um macho.


Arrogante. Cheio de si... — Sua mão livre lhe alcançou entre as pernas e
apertou. — Oh, mas surpresa, ao menos possui o suficiente para o gasto.

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Suponho que talvez mereça um pouco de crédito.

Lástima que o soltasse. Se ela pensava que seu pênis era


impressionante estando semiereto, espere até que o sustente
completamente duro.

— Se não é virgem e não está contente porque matei esta patética


desculpa de ser, então... Oh, pela deusa do Carma, por favor, me diga que
não é parte de uma equipe de ataque intergaláctico cujo propósito
principal é lutar contra o crime — Não pôde conter seu tom consternado.

— Eu? Fazendo cumprir a lei? — Sua risada repicou alta e


contagiosa.

Makl não pôde evitar sorrir, sobretudo porque a pistola sob seu
queixo tremeu.

— Suponho que não. Então por que está aqui?

— Suspeito que pela mesma razão que você. Dinheiro.

— Escravos não podem possuir bens — Uma observação estúpida


dado que já suspeitava que tampouco fosse uma mera escrava.

— Outra vez com as hipóteses — Ela estalou a língua. — Está certo


que não é o maior idiota de toda a galáxia?

Insultado. Outra vez. Por nada mais que uma fêmea. Regra número
Vinte e Dois dos Mercenários; não deixar que uma fêmea seja melhor que
você, nem sequer em uma batalha de palavras. Reafirma o domínio por
qualquer meio possível.

Um. Dois. Em um instante, sustentou o braço com a arma


retorcida atrás de suas costas e o outro agarrado entre seus corpos. Seus
corpos se tocando. Ele se inclinou.

49
— Acaso ninguém lhe ensinou que não se provoca machos maiores
que você?

— Na realidade, meu tio me mostrou desde muito jovem como


irritar idiotas como você. Mas foi sua irmã quem me ensinou a escapar.

Escapar? Como se fosse soltá-la. Claro que, não tinha contado com
o estratagema dela. A humana não tentou se afastar ou lutar. Em troca,
mais alta que uma mulher deveria ser, se esticou um pouco mais e
apanhou seu lábio inferior com a borda plana de seus dentes brancos, logo
o chupou enquanto esfregava a parte inferior de seu corpo contra o dele.

Ah! Calor e luxúria instantaneamente floresceram quando


finalmente cedeu ao desejo que ela obviamente não podia conter. Já era
hora de que as coisas começassem a se manifestar da forma que as tinha
planejado. Sua língua úmida deslizou sobre seus dentes pontudos e ele se
abriu amplamente para deixá-la entrar. Ela tinha um gosto tão perfeito.
Doce, açucarado e sabia como usar a língua com máximo proveito, o
acariciando, chupando. Gemendo em sua boca. Ou ele estava gemendo na
dela? Importava? Inalou quando ela exalou, seu doce hálito o enchendo.
Seus joelhos tremeram. Caiu. Afundou sobre o chão. Desossado.
Pestanejando. Só teve um momento para ver seu sorriso triunfal antes de
cair sobre seu rosto, drogado.

Sou um idiota.

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Olivia olhou fixamente o macho azul desabar no chão. Não se
sentia mal por tê-lo drogado. Afinal, ele admitiu ser um assassino e ladrão,
mas desejava poder tê-lo conhecido em outras circunstâncias. O homem
sabia beijar e embora seus pontos de vista fossem pomposos e machistas,
tinham um aspecto divertido e interessante. Ele parecia ter um corpo
compatível com ao seu e podia imaginar a diversão que poderiam ter.

Entretanto, não tinha tempo para joguinhos. Com um trabalho por


fazer, um fracassado, podia adicionar, tinha pouco tempo para salvar o
que pudesse e fugir.

Dirigiu-se a um painel de parede indistinguível do resto, um


pequeno arranhão na parte inferior, ela pressionou o botão oculto. Uma
porta se abriu e seu sócio entrou. Que parecia um cão do tamanho de um
humano, menos pelo pescoço e o mau hálito, que lhe recordava o
cachorrinho que tivera brevemente quando era uma menina, se é que um
cão vestia calças, camisa, falava e tinha patas com as pontas dos dedos
rechonchudas e peludas.

— Muito tempo... — Ifruum a rodeou e se deteve. — O que


aconteceu aqui? Por que seu novo proprietário está nessa poça de sangue
verde e esse cara azul inconsciente no chão?

Afastou os olhos da confusão. Cadáveres não eram sua


especialidade, mesmo sendo o de um alien.

— Ignore o azulzinho. Ele queria ser um herói. Pensou que estava

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me fazendo um favor matando nosso amigo polvo. Terminei usando o gás
nele quando ficou meloso comigo.

— Meloso com....?

— Não é assunto seu. O que vamos fazer?

— Isto não é nada bom — Ifruum franziu o cenho, seu focinho


peludo enrugando. — Tinha a esperança de manter seu amigo polvo vivo
porque era muito rico e inescrupuloso. Bom. Ao menos conseguimos
nossos créditos antes que o assassino o matasse. Devemos tirá-la daqui
antes que alguém tente prendê-la por assassinato.

Prendê-la por homicídio na Galáxia Obsidiana? Ela quase riu


diante da insustentabilidade da mesma.

— Viu-o quando ele digitou os códigos? — Ifruum perguntou


enquanto passava um dispositivo através dos muitos dedos do alien
abatido, para captar os inconfundíveis espirais e patrões.

— Cada um. Ele poderia ter muitos tentáculos, mas não contou
com minha memória fotográfica.

— Excelente. Tenho o que preciso então. Vamos.

Ifruum se dirigiu à abertura na parede.

— O que faremos com ele? — Perguntou ela, assinalando o grande


corpo azul caído no chão. Apesar de si mesma, não foi capaz de ignorar
um alien com lábios incríveis e tão habilidoso com beijos.

Chutou sua própria capa caída no meio de baba verde.

— Pode tirar a capa dele? A mina está coberta de vísceras de alien


— Ifruum nem sequer se voltou para olhá-la enquanto puxava o reluzente

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tecido do corpo caído e o entregou a ela. Passando a capa ao redor de seus
ombros, Olivia não pôde evitar inspirar seu aroma. Humm... Limpo e
cheirando sabonete, com um pingo de colônia, um cheiro almiscarado que
provocou um calafrio correndo através dela.

— Além das armas, o sujeito viaja rápido — Ifruum levantou. —


Será que alguém o contratou para matar o comprador? Não ouvi nenhum
rumor de um ataque assim ordenado.

— Realmente importa? — Ela perguntou ansiosa para sair.

— Estava me perguntando se por acaso podíamos reclamar os


créditos. Mas claro, ele é o álibi perfeito. Suponho que seria uma tolice
ficar muito ambicioso.

— O que acha que farão com ele? — Perguntou ela, enquanto


caminhavam de volta à entrada secreta pela qual tinham pago uma
fortuna para ter a informação.

Ifruum encolheu os ombros.

— Matá-lo. Aprisioná-lo. Ele é um sujeito até bonito. Inclusive


poderiam vendê-lo a um bordel para fazer dinheiro.

Um puto? De algum modo, Olivia não podia ver o presunçoso


macho permitindo isso. Mas seu destino não era preocupação sua. Tinham
conseguido o que procuravam. Era o momento de partir antes que alguém
descobrisse a fraude e fossem atrás deles. Quanto a deixar que o cara azul
assumisse a culpa.... Bem, tecnicamente, ele tinha cometido o crime.
Olivia manteve sua parte do trato. Não era culpa dela que o alien tenha
morrido, fazendo-a uma mulher rica.

Com este golpe, ela e Ifruum asseguravam sua aposentadoria. Vida


boa.... Lá vou eu. Sem mais trabalhos sujos, sem mais preparação, só

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relaxar e se divertir.

Sabia que não podia tentar Murphy. Seu estúpido tio adotivo que
sempre cuidava dela, gostasse ou não.

-*-*-*-*-*-
Ser derrubado por uma mulher, uma reles humana. Ainda doía
quase dois dias mais tarde. Podia esquecer o fato que o tinha deixado para
assumir a culpa pela morte, um trabalho pela qual não se desculparia
jamais, mas, levar sua capa sem abusar sexualmente dele antes que
prosseguisse com seu plano? Era imperdoável!

Como pôde resistir ao meu beijo? Ela tinha gostado. Sabia que
sim. A humana não poderia fingir os gemidos ou sua reação ofegante e
febril, nem os autênticos grunhidos de bem-aventurança. Ah e o odor
almiscarado de sua excitação. Ela deveria ter pensado no prazer futuro,
não em tramar seu falecimento.

Pelo menos Makl conseguiu uma menção nas notícias locais. Se


somente tivessem mencionado seu nome em vez de se referir a ele como o
assassino azul.... Nebulosa! Ele mesmo lhes forneceria mais os detalhes
depois e se asseguraria de que os canais de notícias divulgassem a
informação correta. Faria sua fuga e o roubo das joias, como seu toque
final.

Depois, caçaria a humana que o enganou. E assim que a


encontrar... Ele jogaria seu corpo delicioso por cima do ombro e a
sequestraria, ao estilo mercenário. Tinha tudo planejado, tramado entre
sua detenção e sua curta aparição na corte onde uma fêmea de três peitos,
uma aqua-juíza de pele clara o julgou por assassinato não autorizado. Por

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rotina, paquerou com a fêmea mais velha, a corpulenta supervisora
localizada no topo do imponente pódio enquanto imaginava sua vingança
contra a humana. A jogaria sobre a cama. Despiria lentamente, e então...

A juíza ditou seu veredicto com um bater de asas de sua dúzia de


pálpebras e um olhar por debaixo de sua cintura. Makl lhe devolveu o
sorriso mostrando todos seus dentes. O jogo ainda não estava perdido.

Certo que tinha deixado seu pênis governar sua cabeça e quase lhe
custou à vida. Felizmente seu rosto bonito, uma vez mais, salvou o dia. A
juíza decidiu fazê-lo pagar por seus crimes, vendendo-o a um bordel local.
Mas antes de ser enviado a seu novo lar, tinha que esperar até que
terminassem a papelada.

Enquanto isso passaria o período de espera em um menos que


suntuoso cárcere. Sozinho. As leis deste planeta tendiam a cumprir
rapidamente a justiça e de modo permanentemente. Por isso o
surpreendeu ouvir o tinido de chave na fechadura da cela. Pensou que
seria transferido dentro de um ou dois dias, o que significava que estava
recebendo companhia. Makl levantou uma a pálpebra preguiçosa quando a
porta de sua cela abriu e outro detento desafortunado foi jogado ali com
ele.

— Exijo um advogado — Grunhiu uma familiar voz bárbara. — Isso


não foi um julgamento. Nem sequer cheguei a me defender.

Não era de se estranhar, que os deuses arrastassem o objeto de


suas fantasias à cela. Ela olhava os guardas de modo furiosos enquanto
estes fecharam a pesada porta metálica.

Bem.... Bem.... Quando tinha acordado inicialmente na cela da


prisão, se amaldiçoou por não seguir o código dos mercenários.
Felizmente, a deusa do Carma devia amá-lo. Amava-o tanto, que lhe

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trouxera um belo presente.

Contente agora por aguardar seu momento na cela, sabendo que


sua fuga estava há poucas unidades galácticas de distância, Makl queria
esfregar as mãos com alegria. Viva! Com um pouco de fama a suas costas.
A fuga perto, e agora, sua doce vingança.

Demorou só um instante para se acercar da sua nova companheira


de cela, certa fêmea humana, que não era virgem, maldição! Contra a fria
parede metálica, ela parecia diferente, seus cachos tinham desaparecido
em favor de um corte curto e prático. Mas com novo corte de cabelo ou
não, ele a reconhecia. Sua humana não tão virgem.

Apoiou seu rosto perto do dela, quase fechou os olhos de prazer


quando seu perfume suave, floral o envolveu.

— Nos encontramos novamente, minha não tão inocente virgem.

— Ah.... Aqui está o brincalhão azul ou seria equivoquista1? —


Inclinou a cabeça e sorriu.

— Sou o Vingador da Galáxia.

— Vingador do que?

Olhando fixamente seus lábios, ele perdeu o foco da pergunta.

— O que quer dizer com do que?

— Bem... E o que você está vingando?

— Nada.

— Então, por que escolheu esse nome?

1 Equivoquista: pessoa que gosta de fazer jogos de palavras

56
Ele franziu o cenho.

— Por que é importante.

— Ahhh... Não importa. Se deseja que as pessoas saibam quem


você é creio que deveria arranjar um uniforme ou algo do tipo.

— Está zombando de mim?

— Humm, aposto que está tentando ser como um super pirata


espacial, certo?

— Está me compara a um pirata? — Ele arqueou uma sobrancelha.


— É porque sou bonito? Audaz? Lindo? Sente-se atraída por mim?

— Sério, estava pensando em como você é descuidado, sujo, um


ladrão barato.

— Esqueceu raptor de mulheres.

— Você se considera o máximo, não? — O doce sorriso que conferiu


por alguma razão o irritou.

— Nenhuma pessoa já lhe disse que é muito irritante? — Seus


lábios avermelhados se separaram ainda mais.

— Obrigado. Fui treinada pelos melhores. Posso lhe dar o nome e


endereço se quiser? Afinal você precisa aperfeiçoar suas habilidades.

Ela havia.... Não, não se atreveria! Maldição, ela o fez. Acabara de


insulta-lo. Acusando-o de não ser tão bom quanto ela. Pior, até que a
vencesse, era.

— Deveria matá-la — Grunhiu para igualar o marcador. — Me


deixou lá para assumir a culpa.

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— Bem, mas não foi você quem assassinou o pobre e indefeso alien.

Sim e não estava arrependido. Entretanto, ela não viu sua ação
cavalheiresca sob a mesma luz. Portanto, tinha que lhe dar uma boa razão
por sua ação. As mulheres amavam um herói e tendo em conta o que tinha
sofrido, ficar o dia todo com sono, comida horrível que o fez perder as
poucas unidades meteóricas que havia ganhado em sua última viagem
espacial, devia se sentir culpada pelo tratamento dado a ele. Apesar de
seus motivos, ele a salvara. Não importando que parecesse ter os próprios
planos. Ele agiu primeiro.

— Como pode chamar de assassinato quando o fiz para lhe salvar?


— Ela engasgou.

— O que? Salvar-me? Pensa que sou estúpida. Fez para me roubar,


provavelmente.

Encolheu os ombros e deixou que os lábios se curvassem enquanto


o fitava.

— Isso também. É o meu trabalho. Adquirir coisas preciosas.

— Por quê?

— O que quer dizer com porquê?

Ela inclinou a cabeça e o olhou com seriedade.

— Por que eu? Quero dizer, por que se meter em problemas? Não
parece ser do tipo que vive da escravidão.

— Acaso um macho não pode salvar uma fêmea em apuros? — Ele


arqueou uma sobrancelha e a agitou.

Não caiu na armadilha, entretanto, esse mesmo olhar lhe conseguia

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sempre uma segunda porção de sobremesa caseira.

— Você não me parece do tipo altruísta.

— Não sou. O altruísmo é para os fracos — Uma regra dos


mercenários? É obvio. Uma ampliação da Regra número um.

— Então por que veio atrás de mim?

— Porque sempre desejei em minha cama uma virgem bárbara —


Um sonho que agora devia pôr de lado, merda.

Um bufo muito estranho veio dela.

— Isso é a coisa mais imbecil que disse até agora.

— Não, não é — Franziu o cenho enquanto recordava o momento


em que ela o apanhou. — Estou certo que disse algo um pouco mais
estúpido — Como nesse momento. O que havia nesta mulher que o
tornava um tolo idiota? Tratou de recuperar sua habitual tranquilidade. —
Eu a vi. Sua aparência me atraiu, logo a perdi por um lance. E toda aquela
encenação foi um embuste? Deveria denuncia-la por propaganda
enganosa. Nunca teria terminado nesta cela se não fosse por você "Hey
olha para mim, sou uma estranha, uma virgem certificada".

Seu queixo delicado caiu, o suficientemente para esbravejar.

— Meu Deus! Isso é..... Incrível. Não dá para acreditar. Deve existir
algo mais nessa história idiota. Um motivo melhor. Certamente não pode
ser tão superficial ou estúpido. Não pode ser só sexo. É evidente que é
bonito o suficiente para encontrar uma fêmea idiota e joga-la em sua
cama. Ou ao menos o suficientemente rico para pagar uma que finja. Ir
atrás de mim para poder abocanhar minha cereja? É uma loucura.

— Bom, não foi a única razão — Mas era uma boa observação.

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Makl olhou para a câmera que gravava a briga.

— Ah! Sabia que havia outra razão. Que tesouro o alien rico
escondia?

— Só um. Você.

— Não me fará acreditar que passou por tantos problemas só para


me roubar.

— Mas fiz. A partir do momento em que a vi, soube que precisava


de você.

Era divertido ver como sua afirmação honesta fez as pupilas dela se
dilatarem e seus lábios se separarem. Uma suavidade momentânea que
desapareceu rapidamente.

— Precisava de mim para que? E não me diga que para sexo.

Certo, não diria, mas pensaria porque apesar de seu status de não
virgem, ele ainda queria estar entre suas coxas e fazê-la gritar seu nome.

— Tinha a tarefa de levar uma humana para minha tia.

— Genial, agora o engraçadinho responde minhas perguntas me


incitando a fazer mais perguntas.

— E arruinar a surpresa?

— Odeio surpresas.

— É curioso, porque você me fez uma, há bem pouco tempo. Por


que não responde primeiro as minhas perguntas, se está tão interessada
em saber mais, como por exemplo, por que se passar por uma escrava
virgem em primeiro lugar?

60
— Quem diz que eu não sou?

Ele soltou um grunhido.

Seus lábios se inclinaram.

— Bom, talvez não seja uma escrava, mas o doutor está de prova.
Sou virgem, ou está pondo em dúvida minha palavra? — Falou com voz
magoada.

Não cairia na armadilha desta vez.

— Se você é virgem, eu tenho bolas penduradas.

Ela delicadamente arqueou as sobrancelhas.

— Não tem bolas sob seu pênis?

Por que a surpresa? Ele franziu o cenho.

— Claro que não. Nenhum guerreiro poderoso teria algo tão


vulnerável a danos.

— Interessante.

E não, não se intimidou porque seu olhar desviou abaixo de sua


cintura.

— Ainda não me respondeu. Por que fez o papel de escrava? —


Recordou-lhe com uma pequena sacudida.

— Você estava a trabalho e eu também. Conseguir ser comprada


pelo melhor lance. Ele pagou por mim e eu escaparia antes que ele
pudesse agir, mais rica que antes.

— Fez isto antes?

61
Ela franziu os lábios e gemeu.

— Duhhh.... Certamente, nunca em uma escala tão grande antes.


Geralmente abordamos tipos menores. Este era nosso primeiro grande
trabalho. Tenho que admitir, até que você apareceu, os planos corriam
perfeitos.

— Perfeito até ser apanhada.

— Não, foi à fraude perfeita. Saímos de lá, limpos. Mas meu sócio
cometeu o engano de ler as notas que roubamos de você.

Makl endireitou diante de sua implicação.

— Usaram os meus planos? — E quem era este sócio misterioso?


Um macho necessário para matar ou outra fêmea, uma fêmea bissexual
que quisesse participar?

— Sim. Usamos seus planos para roubar o diamante e


fracassamos. Se lhe servir de consolo, seu plano era quase infalível. Mas o
joalheiro tinha um segundo sistema de segurança. Fui pega — Seus lábios
fizeram uma careta de proporções épicas.

Uma risadinha retumbou nele, uma gargalhada que viu sua


liberação antes de se afastar.

— Então suponho que devo lhe agradecer.

Ela esfregou seu pescoço enquanto lançava um olhar cauteloso.

— Então estamos quites agora?

— Oh, não de tudo, mas vou guardar minha vingança para quando
for o momento mais apropriado. Não estamos precisamente sozinhos, se
entende o que quero dizer — Olhou para a câmera.

62
A humana franziu o cenho.

— Por esta galáxia ter tanta fama de negócios escusos e que


qualquer coisa tem seu preço. — Se queixou. — A lei e a polícia aqui
parece incorruptível. Encontrei com mais maleabilidade em Polza.

Polza, Planeta onde o trabalho de aplicar milhões de decretos era


uma indústria em si mesma. Felizmente, o suborno era uma moeda
comum ali.

— Mas Polza carece de riqueza e notoriedade. Não vejo por que está
tão irritado. Agora será famoso.

— Teria preferido permanecer no anonimato.

— Não entendo. Você não está a ponto de descobrir se há um Deus.

— Sei que os deuses existem. São um chute na bunda, a maioria.


Mas não fui condenado à morte. A juíza me vendeu a seu bordel favorito.
Espero que ela seja minha primeira cliente.

A fêmea humana piscou, logo estremeceu.

— Oh, agora tenho uma imagem mental que não precisava.

Makl fazia mais que imaginar. Além disso, sua mente não podia se
concentrar em outra coisa que a pálida beleza de duas pernas passeando
pela cela, com as dobras de sua capa se enredando entre suas pernas.
Descarada. Não só o deixou para assumir a responsabilidade como
também lhe tinha roubado a roupa.

— Uma vez superados os dentes, não é tão ruim. Um pouco de


água elimina a lama — Não pôde evitar rir quando o asco retorceu seu
rosto.

63
— Como pode brincar a respeito?

— Venha aqui se quiser saber — Ele dobrou um dedo.

Ela cruzou os braços.

— Não acredito.

— Como queira, então — Sentou com as costas contra a parede,


fechou os olhos e continuou a ignorá-la.

Não demorou muito a perder a paciência.

— Como pode sentar aí? Nem sequer vai tentar escapar?

— Escapar? Desta cela? Impossível — Ele nem sequer olhou para a


câmera enquanto fez a afirmação.

Ela suspirou.

— Não é a resposta que esperava. Aposto que vai amar sua nova
carreira de prostituta.

Tentava irritá-lo para que fizesse algo imprudente. Bom truque,


também era uma regra dos mercenários que conhecia muito bem.

— Oh, imagino que não ficarei lá muito tempo.

— A segurança de um prostíbulo é ainda mais rígida que a destas


celas.

— Isso é uma questão de opinião.

— Então não vai nem tentar escapar daqui? — Ela apontou sua
cela.

— Por que me incomodar?

64
— Então estou perdendo tempo falando com você — Resmungou,
girando longe dele. Ela passeou pela cela, observando todos os cantos.
Uma pena que não soltasse sua capa enquanto fazia. Poderia gostar do
show. Entretanto vestida como estava, teria que usar a imaginação. É
obvio, não podia entender por que tentava espremer sua cabeça entre as
barras incrivelmente estreitas, ou por que ela balbuciava palavras sobre
colheres. Ela pensava em comer seu caminho para fora? Em caso
afirmativo, ele poderia ajudar, comendo-a.

— Posso perguntar o que está fazendo? — Perguntou quando


espalmando o chão, tentava tirar as pedras.

— Procurando uma maneira de escapar. Ao contrário de você, eu


não me dei bem, a juíza me condenou à morte. Só estão esperando o
momento adequado para poder liberar o show e vender algumas entradas.

Morte? Escolheu o que dizer corretamente. Humana ou não, aquela


fêmea era uma ameaça. As leis deste planeta diziam que ela devia morrer
pelo que tinha feito. A vingança gritava que era justiça. Suas regras
diziam, melhor ela que ele. Entretanto seu pênis, muito cheio de si mesmo
e na maior parte pelo sangue que deveria alimentar seu cérebro, e seu lado
prático, lutavam. Ainda posso usá-la. Suspirou. Maldição. Irritante ou não,
só havia uma coisa a fazer.

— Venha aqui — Ele dobrou um dedo.

— Por quê?

— Por que sempre tem de perguntar?

— Acho que gosto.

— Esqueceu de se expressar como pergunta.

65
Seus lábios tremeram.

— Quer que me aproxime para me estrangular?

Não, que essa parte corporal em especial necessitasse de um bom


estrangulamento ou asfixia. Qualquer um serviria.

— Novamente, perguntas. Maldição! Estou farto — Saltou da cama.


Em segundos a imobilizou contra a parede. — Por que não pode ouvir e
simplesmente obedecer a um macho? — Quando iniciou seu discurso, se
inclinou e lhe sussurrou ao ouvido. — Não pare de falar, mas ouça com
atenção. Ajudarei você a escapar.

Ela, é obvio, se calou.

— Bárbara estúpida. Deveria lhe ensinar o lugar apropriado de


uma fêmea. A única coisa para que serve.

— E o que seria isso? — Disse bruscamente.

— Todos sabem que a postura de uma fêmea em presença de um


macho deve ser de joelhos — Gritou triunfante. — Prepare-se para se
afogar no castigo, humana.

Desta vez, a luz do entendimento fez um clique e a humana lhe


lançou um discurso inflado que sua tia Muna teria aplaudido. Usou o
discurso para cobrir suas próprias palavras.

— Estão nos observando, não podemos deixá-los saber que


estamos planejando nossa fuga.

— Mas, como vamos fazer isso, bonitinho? Se me amordaçar e o


morderei. Nunca me possuirá a força. Pare de grunhir miserável!

Sob a aparência de outra coisa, fazia uma pergunta, que respondeu

66
amavelmente.

— Grunhir? Mostrarei isso. Posso conquistar tudo. Até mesmo a


fechadura em seu portal. Tenho forças e a ferramenta para forçar meu
caminho.

— Confia muito na força — Ela sacudiu a cabeça. — Lutarei. Farei


o que puder.

Lutar? Contra os guardas armados. Podia tentar, mas era evidente


para ela que não estava treinada para agir de maneira mortal. Manteve seu
discurso oblíquo e esperou que o seguisse.

— Pode escapar de mim com uma condição.

— Qual? — Ela o olhou com receio.

— Se me ajudar a cumprir com essa tarefa — Ele agitou uma


sobrancelha.

Ela compreendeu, mas para qualquer pessoa que observasse sua


conversa, ainda não revelava nada do plano que tramavam.

— Que tipo de tarefa? Porque não estou doando nenhuma parte do


corpo para comer ou à ciência.

— Seu corpo permanecerá intacto.

— Não vou foder com você tampouco.

Isso, ele pensava.

— Deuses, eu queria sexo com uma virgem recatada, não com uma
que só diz que é.

— Meu nome é Olivia.

67
Estranho nome. Mas de novo, olhe de onde veio.

— Sou Makl.

— Sei, O Grande Sequestrador Galáctico. Então sem sexo, sem


doação de partes corporais ou dor. Vou sobreviver ao que planeja?

— Essa é minha ideia.

— Então, estou de acordo.

— Sério? Não vai me perguntar do que se trata?

Ela encolheu os ombros.

— Se eu não gostar, vou embora.

— Talvez não seja tão fácil quanto pensa.

— Estou certa de que vou encontrar uma maneira. E agora o que,


Oh Grande Galáctico Barney?

— Quem?

Ela ocultou um sorriso.

— Ninguém. Então Makl, o que planeja?

— Agora me paga! — Piscou-lhe o olho fora do alcance da câmera.


Ela quase o delatou.

— Oh, estou tão assustada.

— Deveria estar. Todos me dizem que meu tamanho é quase


monstruoso. Se prepare para o melhor momento de sua vida. Mas
primeiro, tire a....

— Não acredito.

68
— Entregue-me a capa, humana — Tinha que desafiá-lo a cada
passo? Sim. Era um de seus traços encantadores. Com os lábios franzidos,
tirou a capa de seus ombros e a pôs em sua mão estendida. Com um
floreio, jogou-a sobre a paleta. — Aprende rapidamente. Só obedeça e logo
conhecerá seu lugar — Aconselhou-a.

— O que?

Ele esmagou a boca sobre a dela antes que pudesse fazer mais
perguntas e mandar o plano para o espaço. Com alívio, ela não mordeu
sua língua. E desta vez, ele permaneceu em pé.

69
Pega de surpresa, Olivia não teve tempo de pensar, mas certamente
sentiu quando Makl a beijou com paixão repentina. Diferente de antes,
quando se concentrou a fazê-lo baixar a guarda para envenená-lo com a
cápsula escondida em seu dente, desta vez, não tinha nada com que lutar
contra ele além de sua língua, e resultou ser mais prazeroso que eficaz em
deter seu delicioso beijo.

Maldição, o alien a atraía. Apelava para seus sentidos. Desde o


corpo esculpido a suas brincadeiras, não podia negar que lhe chamava
atenção, a estimulando em todos os lugares corretos. E isso significava em
todos. Era certo que podia corresponder ao beijo! Olivia não era para nada
inocente. Tinha satisfeito sua curiosidade sobre o sexo há anos e pouco a
deixou impressionada, mas talvez devesse mudar essa atitude, dado que
com apenas um beijo, Makl fez subir a temperatura de seu sangue ao
ponto de ebulição, no bom sentido. Mas, com hormônios cantarolando ou
não, o beijo francês não a ajudaria a escapar.

Entre o arfar ofegante, sussurrou:

— Qual é o plano?

— Só continue seguindo minhas instruções — Murmurou antes de


beijá-la novamente de forma exaustiva, calando-a definitivamente.

Estranho como sua liderança significava ter sua língua duelando


com a dela. As pontas de seus seios, esmagadas contra seu torso,
alcançaram seu ponto máximo. Seu sexo umedeceu. Encontrou-se

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esfregando nele, tentando se aproximar mais. As mãos grandes percorriam
suas costas, massageando e viajando por seu corpo alcançando e
levantando-a pelas nádegas. Ela ofegou, encaixando seu sexo contra o
volume duro em sua virilha. A evidência de seu desejo se esfregou com
luxuria contra seu púbis.

Ela gemeu. Era insano. Loucura. Difícil pensar. Nunca tinha se


perdido em um momento como este. Simplesmente sentia... Prazer.

— Isso é tudo? Vamos.... Você pode gemer um pouco mais alto. —


Incitou.

As palavras murmuradas romperam parcialmente o feitiço, o


suficiente para que abrisse os olhos, vê-lo pegar a capa e joga-la atrás dele
cobrindo à cama da cela. Genial. Que alguém lhe entregasse o prêmio de
mulher mais estúpida do Universo. O miserável tinha usado a capa para
preparar a cena em que se meteria entre as pernas dela. Como pude
esquecer por um momento que estou prestes a ser executada, só
porque um perfeito estranho pôs a língua em minha garganta? Por
que ainda queria mais da reação estúpida que lhe causava o beijo? Ainda
queria muito beijá-lo sem se preocupar com a situação sombria na qual se
encontrava. Era pedir muito só um pouco de paz e tranquilidade? Por que
não escapou do planeta em vez de ir atrás dos planos que surrupiara dele?
Por que estava deixando que a confundisse com mordidas em seu pescoço?
Ele a colocou naquela situação. Agora prometia tirá-la. Isso significava não
mais beijos.

A ponto de lançar uma enxurrada de gritos, quase mordeu a língua


enquanto seus lábios se moviam do pescoço até o lóbulo de sua orelha,
mordiscando a carne tenra enquanto sua respiração quente acariciava a
pele.

— Imagino que goste disto — Disse entre dentes. — A menos que

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tenha mudado de opinião sobre escapar?

Ela fingiu um suspiro e agarrou seus cabelos, o suficientemente


forte para lhe provocar uma careta de dor, puxando sua cabeça abaixo
para poder fingir que dava a sua orelha o mesmo tratamento erótico.

— É difícil fingir quando não se sente nada.

— Mentirosa — Lançou a palavra quente em seu ouvido. Desistiu


de controlar o tremor que varria seu corpo.

OK, isso é muito gostoso. Mas não mudava nada.

— Sexo não derreterá as grades sem importar o quão quente seja —


Seu risinho provocou calafrios em sua espinha dorsal.

— Pelo menos admite que será quente. Mas, infelizmente, isto só é


parte do plano para escapar.

Ela suspirou, mas não deteve as mordidinhas em sua pele, ela


estava se deliciando realmente. Fingir, não resultava como tinha
pretendido.

— Ah, meu doce bárbaro — Gemeu, dando um passo atrás. Mais


alto — Não tema. Não a deixarei morrer virgem.

— Como? — Céus, onde estava com a cabeça para se deixar


manipular assim.

— Uma coisa doce como seu defloramento deve se realizar sobre os


lençóis mais macios e perfumados. Só você e eu, nus. Pele a pele. Meu
poderoso pênis em seu lugar mais tenro.

Uma risadinha lhe escapou. Depois um grunhido. Para zombar


dele, fez um ligeiro movimento de cabeça. Ajustou as palavras.

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— Nossa! Que romântico. — Ela não pôde evitar zombar.

— Romântico? Infelizmente, nosso tempo se esgota, teremos que


nos conformar com o que temos no momento. Só gostaria que tivéssemos
mais intimidade. — Piscou o olho enquanto apontava o quarto, mais
especificamente, a câmera.

E finalmente conseguiu sua cabeça fora da vagina.

— Ah, garanhão. Azul bonitinho. Você sempre diz as coisas mais


quentes — Tirou a camisa, ficando vestida só com uma tira larga cobrindo
seus seios. Com uma sacudida aparentemente negligente, jogou a
camiseta; a barra do decote e a malha mais leve encobriu a câmera e ficou
pendurada. Agora, a observação dos guardas teria que depender somente
do som e do discurso escandaloso de Makl. Ou ao menos esperava que ele
não fizesse assim com suas amantes. Não que pretendesse ser uma delas.
Excelente beijador ou não, só a abraçou como parte de seu plano. E tinha
reagido com a maestria de um ator que não sabia que tinha. As calcinhas
molhadas e o arrepio de sua pele era um bonito toque. Possivelmente
deveria descobrir como se sairia como atriz principal.

Não muito bem, soube assim que Makl soltou o discurso.

— Sim, minha bárbara fogosa. Se dispa para que possa saborear o


fruto de seu corpo.

— Me lamba — Exclamou. Ela se uniu, agarrando sua necessidade


de cobrir as ações. Ainda não entendia o que tinha planejado. Enquanto
rebuscava nas dobras de sua capa, manteve um comentário contínuo.

— O que faz de joelhos, humana? Sou muito grande e grosso para


sua boca doce e preciosa. Ah.... Ah.... Sim, malvada sedutora — Ele
apanhou seu olhar com a última palavra.

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Ela revirou os olhos diante de seu grande sorriso, mas seguiu o
jogo enquanto tirava algo do manto que tinha jurado não ter sequer um
bolso.

— Você... — Franzindo os lábios, fez um som de sorver — não viu


nada — Som de sucção. — Entretanto. Minha vagina é ainda mais estreita
que minha boca. Mais úmida. E espera por você.

Seus olhares se cruzaram? Não podia dizê-lo com segurança


quando uma barra curta caiu com uma maldição murmurada.

— Ooh, olhe esses dentes, minha linda. Meu grande monstro azul é
muito para sua boca pequena.

Oh, isso a engasgou de verdade.

— Oh, me deixe continuar tentando. Parece tão delicioso, mas


Deus, oh, é tãoooo grande — Olivia levou um dedo a boca e fingiu vomitar.
Makl agarrou a barra do chão e tremeu com uma risada silenciosa, com os
gélidos olhos se enrugando nos cantos.

— Grande e duro, só para você, minha suntuosa bárbara. Agora


incline para que eu possa fartá-la com minha poderosa espada.

Fartar? Ela articulou a palavra com o nariz enrugado e ele sorriu


enquanto estendia a barra e acionava um pequeno botão, o estalo de
clique metálico foi coberto por sons fingidos e úmidos do prazer.

— OH... OH... OH.... Sim.... Tome tudo, humana. Tome todo o meu
poderoso pênis.

Olivia lutou para não rir enquanto respondia em espécie.

— Mais duro.... Oh, sim.... Sim.... Mais duro. Eu adoro a sensação


de você golpeando meu útero. É tão grande. Sim! Sim!

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Ao que parecia a comédia ficou animada. Já que os guardas nem
sequer tentaram guardar silêncio quando chegaram correndo pelo
corredor, com seus pés golpeando. Bastardos ansiosos. Ela fez uma careta
diante da necessidade previsível de ação.

Makl girou o manto prateado sobre os ombros e a convidou a se


unir a ele. Hesitou. Mas ele desapareceu. Literalmente.

Que caralho é isso? Balbuciou ao se interromper na metade de seu


falso orgasmo. Aonde foi? Não me diga que essa maldita capa era um
teletransportador eu nunca suspeitaria. Mas onde estava, por que
continuava a ouvi-lo fingindo? Gritou quando uma mão surgiu do nada e a
arrastou contra um peito amplo.

— Continue gritando — Sussurrou entre seus próprios alaridos de


felicidade. Não foi tão fácil quando seu cheiro e calor a cercou, inundando
seus sentidos. Seus gemidos se tornaram reais e o calor de antes retornou
com mais força, concentrando-se no molho de nervos entre as coxas.
Pressionada estreitamente contra ele, cada leve roçar de seu corpo parecia
esfregar seu broto inchado, enviando ondas explosivas pelo corpo. Quando
sua respiração se deteve e ficou em silêncio, ele gritou: — Vou gozar.

Então, uma vez mais, sua boca cobriu a dela, absorvendo qualquer
som que poderia ter feito quando a porta da cela se abriu. Um breve beijo.
O suficiente para mantê-la em silêncio quando os guardas entraram na
cela com um perplexo:

— Onde estão?

Girando-a longe dele, Makl se pôs em movimento. Sua perna saiu


disparada, seu pé varreu a parte de trás da perna do guarda mais
próximo. Avançou para o outro valentão uniformizado, eliminando sua
pistola, na direção oposta de Olivia que congelada observava fascinada.

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Apesar de sua educação, raras vezes encontrara violência verdadeira.
Estava fascinada e ao mesmo tempo sentia repulsa. O poder que Makl
mostrava, a força atrás de cada.... Quando ele virou, seu punho lançou um
golpe sólido na mandíbula carnuda do guarda. O alien caiu inconsciente.
Depois deu uma chave de pescoço em outro e ouviu um estalo
horripilante.

O Matou!

Impressionada pela violência, não notou o perigo. Gritou quando


um braço a puxou para trás. Suas costas bateram na couraça natural que
cobria o corpo do guarda. Precisava ser resgatada, entretanto Makl lutava
sua própria batalha.

As aulas de Ifruum, apesar de seus biquinhos forçados, ele ainda


lhe ensinara como se evadir caso o cliente se tornasse desagradável.
Disparou seu pé com sapatos flexíveis contra a bota dura com ponta de
tungstênio. Ai... O cara nem pestanejou. Ela fez uma careta antes de jogar
a cabeça para trás, esperando a dor do choque contra a grande cabeça. A
autodefesa era muito boa na teoria, mas no grande esquema das coisas, os
frágeis humanos de pele clara não tinham nenhuma possibilidade contra
criaturas naturalmente blindadas.

Embora, Makl parecesse uma exceção à regra. Seu exterior


aparentemente igual de pele fina, não escondia o assassino azul que girava
com uma elegância louca. Saltando, chutando, seu corpo se retorcendo de
maneiras que desafiavam as crenças e a gravidade. Outro guarda grande e
truculento, caiu.

E Olivia continuava ali. A porta da cela permanecia aberta, com


Makl apenas ofegando diante dela. Olivia, entretanto, pendia do chão nas
garras de um guarda ainda em pé. Sabia que Makl faria o que fosse
preciso.

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Ele a surpreendeu. Makl deu a volta. Com lábios divididos em uma
careta selvagem, os olhos brilhando grosseiramente, mostrando os dentes
pontiagudos, tão afiados como dentes de tubarão, disse:

— Solta a garota e vou dar uma vantagem inicial.

Adeus a sua capacidade para respirar quando o braço ao redor de


seu pescoço se esticou.

— A fêmea fica.

Sacudindo a cabeça, Makl deixou escapar um suspiro dramático.

— Por que ninguém usa a cabeça? — Mais rápido do que podia


segui-lo, ele saltou sobre eles. Makl sacudiu seu fino bastão e bateu com
força nos nódulos do pestilento alien que a segurava. Com um grito, e a
soltou. Ela caiu no chão lutando para respirar.

As longas pernas de Makl se posicionaram escarranchadas sobre


ela enquanto se ocupava do último guarda. Cobriu a cabeça por temer que
as botas a machucassem, mas de algum jeito, se manteve intacta. Um
golpe e espiou através de seus dedos para ver o olhar vazado do último
guarda.

A violência saía facilmente de Makl. Engoliu a bílis que ameaçava


subir.

— Tinha que matá-los?

— Regra número Quatro dos Mercenários. Nunca deixe nenhum


inimigo vivo porque voltará para tentar te matar.

— Existem regras para os mercenários?

— Sim. Mas agora não é o momento de aprendê-las. Se estiver

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interessada posso lhe emprestar o livro mais tarde.

Era dono de um livro?

— Sabe ler? — Não pôde evitar a réplica sarcástica, uma forma que
sua mente adotou para reagir ao trauma a seu redor.

— E escrevo. Realmente pensa que é o momento para enumerar


minhas inúmeras qualidades?

— É bom saber, que não é só uma cara bonita — Deu a ele


tapinhas na bochecha.

Ele grunhiu.

— Não sei como pude confundi-la com uma inocente virgem.


Vamos. Não temos muito tempo, logo descobriram nossa fuga.

Estendeu a mão a ela e a olhou, sentindo de novo que um presságio


pendia sobre sua cabeça, um gigante sinal luminoso que a advertia que
estava à beira de uma mudança. Se for com ele... Só poderia terminar em
sua cama para terminar o ato que começaram, estarei dormindo com um
assassino confesso. Se não o seguisse, Ifruum esperaria por certo tempo
no ponto de encontro preestabelecido em caso de calamidade, depois
desapareceria com os seus lucros.

Que aborrecido. No entanto, a reação de seu corpo e o modo


dinâmico com que Makl agia. Por que se contentar com uma vida tranquila
imediatamente? Bem.... Prometi ajuda-lo com algo se escapássemos.
Como se fossem uma espécie de companheiros ladrões, seu código tinha
alguma regra sobre a honra entre...?

Estava a ponto de deslizar a mão na dele em uma aceitação


silenciosa de seu destino, quando uma sirene ganhou vida.

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— Maldição. Não esperava que notassem o desaparecimento dos
guardas tão rápido. Não tenho tempo para seus jogos femininos. Vamos
agora.

Ao mais puro estilo de homem das cavernas, ele a derrubou sobre


seu ombro apesar de seu:

— Não se atreva!

— Oh, assuma. Trato é trato. Disse que precisava de sua ajuda.


Concordou, sempre que é quando escapássemos. Felicitações. Estamos
escapando. Agora, faça bem diante das câmeras. Tenho uma reputação a
criar.

— Uma reputação apoiada em abusos e sequestro de uma


prisioneira? — Grunhiu enquanto se retorcia, não porque ele o disse, mas
sim porque não gostou de ser carregada como um saco de batatas.
Também se retorceu porque nunca alguém a jogou sobre o ombro com
tanta facilidade e sem esforço, embora fosse admirável.

— Abusos? Ah. Você estava querendo. Qualquer um poderia dizer


que gostou um bocado.

— Estava fingindo.

— Só em parte. Ou será que preciso prensa-la contra uma parede e


mostrar o quanto foi fingimento?

Por favor, faça.

— Não se atreva.

— Me atrever? Eu adoro desafios — Sua mão deslizou por sua coxa,


a ponto de lhe fazer um rápido vencedor sobre sua reclamação.

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— Está louco? Agora não é o momento. Vão nos apanhar.

— Então diga a verdade. Você gostou.

O que importava? Sua mão moveu para cima uma polegada. Seu
coração pulsava muito rápido. Se não dissesse algo, ele cumpriria a
ameaça? Seus dedos deslizaram mais perto de sua fenda úmida. Merda.

— Talvez tenha gostado um pouco.

— Gostou muito.

— Não exagere.

— Não estou exagerando, mas em breve você vai suplicar por isso.
Então veremos — Disse a última palavra com um sensual olhar lascivo
enquanto a colocava no chão.

— Vai sonhando.

— Veremos. Agora, acabe com essa câmera, pode? — Entregou-lhe


uma pistola que tirou de um bolso na capa, uma arma que poderia ter
jurado não estar ali. Tinha apalpado cada centímetro desse tecido.
Passados por detectores de metais. De onde estava tirando todas as
coisas?

Pegando a pistola, verificou a trava e o indicador de nível, que


mostrava que estava completamente carregada.

— Como sabe que posso atirar?

— Uma golpista como você deve saber algo para se proteger. Dado
que o braço não é seu forte, suponho que goste mais de armas ou facas. E
dado que carece de calos e a impressiona ver um pouco de sangue,
assumo que armas de fogo são sua preferência.

80
Era surpreendentemente ardiloso, ok, um pouco mais inteligente
do que ela pensava. À medida que apontou e abriu fogo contra os
dispositivos deste lance do corredor, ele se inclinou lhe dando uma vista
muito interessante do seu traseiro musculoso. Não pôde evitar perguntar:

— O que está fazendo agora?

— Com eles cegos, é o momento de frustrar nossos perseguidores, e


ganhar um pouco mais de tempo — Se endireitou com uma faca, que usou
para cortar uma mecha de seu cabelo. — Crescerá de novo — Colocou o
cabelo entre a entrada do duto e o piso, deixando um rastro óbvio. Então a
agarrou pela mão e arrastou para si.

— Qual é o seu problema com espaço pessoal?

— Para que a capa funcione, temos que estar debaixo dela.

— Isso não explica por que sua mão está em meu seio.

Ele apertou.

— Porque eu gosto.

Ela também, mas isso não vinha ao caso.

— O que vem agora?

— Agora, voltamos pela direção de onde viemos.

— O que?

— Vamos deixá-los procurar na nossa cela e percam o tempo


procurando nos lugares errados. Com não conhecem o que pode fazer a
minha capa e não esperam que voltemos nessa direção. Bem.... Assim
espero.

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— É uma loucura.

— Shhh. Estamos sob o alcance da câmera. Fique perto, humana.

Ela apertou os lábios com força e confiou nele. Mas à primeira


oportunidade que tivesse, fugiria com certeza. Promessa ou não, o cara era
louco. Um louco lindo, mas ainda assim louco, já lidara o suficiente com
seu sócio maluco, não se meteria com um segundo.

Retrocederam pelo corredor, confiando na invisibilidade da capa,


ficando em silêncio por temor que as câmeras apanhassem seu
subterfúgio. Quando as pisadas de botas se aproximaram deles, o impulso
de correr quase a tirou de debaixo da capa. Como se sentindo a
necessidade de ela fugir, Makl os meteu em um canto, com seu corpo
musculoso esmagando o dela contra a parede, seus lábios roçando seu
ouvido. Apesar da situação, sua respiração quente fez coisas muito ruins
para sua pressão arterial.

Os guardas correram junto a eles, seus transmissores grasnando:

— Estão nos dutos. Soltem o kraken2 — Ou ao menos assim o


chamou seu tradutor.

Porra, isso é sério? Nota mental para mim: nunca visitar os


esgotos deste planeta.

Quando o caminho estava livre de novo, seguiram adiante, além de


sua cela e dos guardas mortos, sua fuga vagarosa pela necessidade de
permanecerem fora de vista sob uma capa destinada a um. Por sorte, não
tinham muito caminho a percorrer. Depois de passar sala de vigilância
vazia, subiram as escadas, e terminaram em uma porta trancada.

2. O kraken é uma criatura marinha da mitologia escandinava e finlandesa descrita usualmente como um tipo de polvo
ou lula gigante.

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Isto podia resolver.

— Tem clipes nos bolsos?

— Não temos tempo para isso — Disse o homem que nunca a tinha
visto em ação. Antes que Olivia pudesse mostrar suas habilidades de
arrombamento, Makl tirou uma pistola laser e disparou contra o painel de
controle. A porta abriu com um zumbido e um novo alarme disparou.

— Merda, de que adiantou nos esconder até aqui se você fez isso?
— Ela se queixou enquanto ele a arrastava pelo portão.

— As poucas unidades galácticas adicionais que ganhamos como


vantagem pode ser necessária mais à frente. Agora, fique perto. Preciso
das mãos livres para o próximo movimento, já que podemos ter que lutar
para chegar a minha nave.

— Que nunca alcançara o espaço. Eles a manterão presa na doca


com mais travas que o cinturão de castidade que fui obrigada a usar como
parte do meu golpe.

Cambaleou.

— Eu teria gostado de ver isso.

— Aposto que sim.

— Me distraia mais tarde com suas histórias mirabolantes. Prepare


para se assombrar com meu plano de proteger sua delicada pele humana
enquanto escapamos deste maldito planeta.

— Acreditarei nisso quando acontecer — Mas mesmo ela tinha que


admitir.... Quanto mais tempo passava com Makl, e levando em conta seu
jeito nada sutil de dar em cima dela, mais se dava conta que escondia uma
mente ardilosa. Entretanto, teria como tirá-los a salvo do planeta?

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Se alguém poderia livrá-los disto, seria Ifruum, seu amigo e mestre,
mas seu mentor parecia tê-la deixado à própria sorte, teria que se
conformar com o assassino azul.

Querido tio Murphy, você bem poderia dar uma mãozinha


agora.

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Temos de dar o fora daqui. Mais fácil pensar que fazer e se fosse
somente ele, Makl poderia ter a probabilidade de cinquenta por cento de
conseguir sair vivo. Arrastar uma fêmea humana, que estremecia quando
matava para proteger a ambos? Poderiam ser mortos ou sua fama como
guerreiro destemido e ladrão contumaz, acabaria em pedaços.

Parecia que sua linda bárbara aparentava calma e tranquilidade


desde que a situação fosse esperada e planejada, sua humana não
aguentava muita pressão e violência. Isso ou seu talvez o beijo
impressionante que lhe dera ainda mantinha sua mente desnorteada.
Preferia pensar no último caso, porque ela certamente distraíra seu
processo de pensamento durante alguns momentos. Oh, a tentação de
possuí-la, com audiência, perigo ou não, foi muito forte. Da próxima vez,
não se deteria.

Chega. Não devia pensar em sexo, mais concretamente com ela,


neste momento. Precisava de cabeça fria para passar pela rede de guardas
e mercenários que provavelmente obstruíam seu caminho. Sozinho,
poderia se misturar a multidão, mas com uma fêmea humana, precisava
de um pouco de ajuda. Se tão somente tivesse passado mais tempo
procurando um sócio, um companheiro de classe, para lhe proporcionar
suporte exterior neste tipo de situação. Um sócio para...

Uma brisa quente passou sobre ele enquanto um veículo aéreo


descia pela via aérea. Olhou para cima, esperando ver luzes
estroboscópicas e a força de segurança grunhindo ordens. Em vez disso, a

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porta do lado do veículo se abriu e uma escada se desenrolou, suas
extremidades metálicas desdobrando-se e entrando em posição.

O que no universo?

— Entrem! — Gritou uma voz. Uma face peluda surgiu pela


abertura do veículo flutuante e agitou uma garra.

Olivia o empurrou para o lado e se apressou a subir a escada.

Agarrou-lhe a perna na intenção de detê-la.

— O que está fazendo?

Ela o chutou para se libertar, enquanto se virava revirando os


olhos.

— Diria que é óbvio. Estou escapando. Sabia que se alguém poderia


me salvar, seria Ifruum. Embora você tenha feito uma boa tentativa,
Azulzinho. Então vem ou não?

Azulzinho? Vou lhe mostrar logo o Azulzinho.... Foi seu


pensamento lascivo enquanto mirava suas nádegas apertadas nas calças e
contornando sua agradável silhueta enquanto subia pela escada suspensa.
Se usasse uma saia, sem roupa íntima. Teria desfrutado mais da visão.

As sirenes aumentaram o som estridente e ele saiu de seu estado


babão, com um aviso mental de lhe sugerir a mudança do uniforme por
um vestido o quanto antes. Agarrando os degraus, abriu caminho pela
escada com ela. Não tiveram que subir muito já que a nave começou a
recolher a escada. Muito em breve, saíram da prisão, acomodaram os
corpos na parte traseira da nave e se sentaram em cadeiras confortáveis. A
cidade já não era mais que outra mancha no tráfego intenso. Mesmo assim
Makl não relaxou, ao contrário observou o homem peludo que ouvia a

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versão severamente editada de Olivia sobre a fuga.

O que no universo está acontecendo aqui? Makl não podia dizer


que reconhecia a espécie do companheiro de Olivia. Orelhas grandes e
frouxas, nariz negro e úmido, muito alto, desajeitado e em parte
humanoide, mas coberto de pelos. Muito pelo liso em certos pontos e
cachos em outros, com manchas castanhas e cinzas em tons degrades. A
estranha criatura parecia ser uma brincadeira da criação. Aparentemente
cômico até lhe jogar um olhar sarcástico, um olhar que prometia nada de
bom.

— Quem, e o que é? — Finalmente perguntou quando Olivia findou


seu relato para respirar.

O estranho o fitou com certo despeito.

— Será que estou diante do Poderoso Vingador Galáctico. É uma


grande honra para mim conhece-lo. — Inclinou a cabeça se o admirasse.

Makl não se enganou com a cena nem por um segundo, apesar de


querer.

— Como sabe quem sou?

— Acaso o universo inteiro não tenha conhecimento? — O olhar


com um toque de alegria, encontraram os dele.

Isso só poderia ser brincadeira. Recebia esse mesmo tratamento


nas reuniões familiares, Makl reconhecia a brincadeira quando a via.
Simplesmente não entendia porque essa criatura desconhecida o tratava
assim. Ele observou fixamente o piscar das grandes esferas brilhantes.

— Ifruum sabe muitas coisas — Disse Olivia, estalando os dedos


entre eles, rompendo a disputa de olhares, uma que Makl certamente teria

87
ganhado — Ele sempre sabe com quem está tratando e o que fazer. É um
dom.

De algum jeito, Makl apostaria que o dom seria não subestimar


aliens aparentemente inocentes.

— Já que sabe quem sou.... Então também sabe com quem tenho
relações.

O focinho de Ifruum arregaçou os dentes em um sorriso


extravagante.

— Muito bem.... Pode-se dizer que estou fazendo um favor a eles.

Makl franziu os lábios com desgosto.

— Por favor, não faça. Prefiro pagar minhas próprias dívidas.

— Como queira — Um brilho de astúcia ou maldade brilhou


naquele olhar perturbador por um momento. Makl franziu o cenho.

— Então Ifruum, qual é o plano? Reservou um voo para sairmos


daqui? — Perguntou Olivia, enquanto tirava uma camisa limpa da bolsa a
seus pés e a vestia. Uma pena, porque preferia seu aspecto atual, uma fita
larga de cabelo cobrindo os seios e insinuando o vale escuro entre eles.

— Por que pagar por um voo quando nosso novo amigo tem uma
nave para nos tirar daqui e ainda nos levar a nosso próximo trabalho? De
fato, já chegamos. Espero que não se importe, tomei a liberdade de pegar
sua nave emprestada antes que a confiscassem.

Esqueça a cortesia, Makl se irritou.

— Como burlou meu sistema de segurança? E como encontrou


minha nave? Deixei-a muito bem escondida e camuflada.

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— O que importa realmente quando conseguimos o que nos
convém? — Ifruum perguntou, enquanto os guiava pelo compartimento de
aterrissagem, que se abriu com sua aproximação.

Chega. Acabou sua tolerância. Makl saltou, quando Ifruum o fez.


Ficaram cara a cara, a bola de pelo não era alta o suficientemente se
comparada à de Makl, mesmo que suas cabeças praticamente esfregassem
o teto do veículo.

— Ah, isso importa sim se você quer continuar vivo.

— Oh, por favor. Baixem os níveis de testosterona, não é hora para


disputas. Precisamos trabalhar juntos se quisermos escapar deste planeta
miserável — Olivia deixou seu assento e colocou seu corpo entre os dois.
De frente a Makl espalmou a mão contra o peito dele.

— Ele começou — Makl acusou.

— Porque ele gosta de provocar. Acha isso muito divertido, mas


você é bem grandinho, pode muito bem tolerar uma brincadeira fora de
hora, não? — Ela determinou enquanto o tapete de pelos atrás dela nem
sequer tentou ocultar seu alegre desdém.

Makl grunhiu.

Olivia pressionou a palma contra seu peito, mas falou com o amigo
peludo.

— Ifruum, pare já com essa tolice. Você está irritando Makl e ele
costuma matar o que considera uma provocação ou um risco a sua
reputação.

— Eu a ouviria se fosse você.

— Não tenho medo desse monte de músculos azul — Ifruum não

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parecia nem um pouco preocupado.

Idiota.

— Não esteja tão seguro — Makl grunhiu.

— Esqueceu a Regra número Onze dos Mercenários, amigão


azulado.

Não matar seus aliados. Mas, este monte de pelos era um aliado?
Vejamos. Ajudou na fuga. Conhecia Olivia e ela parecia confiar nele.
Apesar da língua afiada. Maldição. Não queria esse sujeito peludo por
perto. Aliado ou não, havia exceções às regras dos mercenários. Talvez
Makl devesse esperar até que Ifruum quebrasse uma delas. Não gostava
que estranhos se metessem com seus negócios. A menos que fossem
satisfazer suas partes íntimas. Mas sobre tudo odiava que estranhos
tocassem seus pertences. Makl, como filho único, nunca partilhava bem.

— Você também conhece as Regras dos Mercenários? — Olivia


perguntou a seu amigo, enquanto Makl saía da pequena embarcação e
entrava em sua nave. Não prestou atenção à resposta enquanto chutava
um painel de controle, disposto a arrancar, fisicamente, se fosse
necessário, o controle de sua nave do peludo intrometido. Para sua
surpresa, não teve que fazer nada já que sua nave respondeu a suas
ordens sem hesitar.

Não o suficiente, já que seu novo aliado começou a demandar


comandos a nave também.

Fechou a porta da nave, mas deixou o dispositivo de camuflagem


ativado, assim que atravessassem a atmosfera do planeta, teria que a
desativas. A nave não suportaria o calor, a tensão estrutural e a
invisibilidade ao mesmo tempo. Talvez devesse comprar uma nova
nave. Por isso teria que exibir descaradamente sua habilidade de voo.

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Ignorando seus passageiros, se dirigiu a ponte em ritmo apressado.
A facilidade com que se daria a fuga fazia cócegas em suas mãos. Algo lhe
dizia que não tinham visto a última coisa que o planeta pseudo “não
existente”, podia lhes lançar. O maior mercado de Obsidiana e a mais
infame das cidades não conseguiu tal reputação permitindo que qualquer
ser o desprezasse.

Prendendo-se no assento de comando, se por acaso as coisas se


complicassem, Makl pegou o controle manual, porque manual significava
que poderia culpar os equipamentos pelas falhas se as coisas ficassem
complicadas, e disparou comandos. Olivia entrou com Ifruum, que
imediatamente sentou-se no assento de copiloto e assumiu o controle dos
sensores em busca de naves ou mísseis se aproximando. Dado que os dois
tinham um interesse pessoal em escapar, Makl deixou que o macho
estranho trabalhasse com apenas uma parte de sua atenção nele.

— E agora? — Perguntou Olivia, enquanto vagava pelo espaço


estreito, seu olhar atento de um painel eletrônico a outro, para não perder
nada.

— Saberá assim que sairmos daqui.

— Não estava falando com você — Respondeu ela com frieza.

— Perdão? — Makl virou-se para olhá-la. — Estamos em minha


nave agora, humana. Ela vai para onde eu determinar.

— Por hora.

— Está ameaçando um motim? — Não pôde evitar a surpresa em


seu tom.

Um sorriso seguiu seu encolher de ombros.

91
— Depende, se eu gostar de onde vamos.

— Vai cumprir sua promessa ou já esqueceu? Fizemos um trato.


Ajudo você a escapar e em troca você vem comigo e me ajuda no meu
próximo trabalho.

— Isso foi antes de saber que é um assassino de sangue frio.

— Minha querida, caso não tenha percebido, nos conhecemos sobre


um cadáver, esqueceu? Disse que ganhou a vida com a morte.

— Sim, se fosse um trabalho remunerado. Mas matou os guardas a


sangue frio.

— Humm... E qual é a diferença?

— Podia deixá-los vivos.

Ifruum engasgou

Makl continuou.

— Matei quem teria me matado. Matei quem teria nos liquidado


sem pensar duas vezes.

— Um deles estava inconsciente quando o fez! Como ele poderia ser


uma ameaça?

— Teria despertado. Possivelmente quando estávamos voltando pelo


mesmo caminho. Talvez nos ouvisse à medida que avançávamos e atirado
às cegas, nos ferindo ou matando. É simples lógica não deixar um inimigo
vivo.

— Psicopata.

O inesperado elogio o pegou de surpresa.

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— É o que pensa? — Makl se espantou. — Se importaria de repetir
diante de meu primo assim que o conhecer?

— Está maluco. E quem diz que vou conhecer seu primo?

— Você, quando me prometeu ajuda.

— A fazer o que? — Olhou-o com receio.

— Pensei que não fosse importante, desde que não implicasse


manter contato físico — Adorou ver como os lábios dela franziram diante
do seu aviso. Ponto para ele. Mas agora, precisava se concentrar.

Com todos os motores finalmente em combustão, voltou sua


atenção ao salto do planeta ao espaço.

Mas ela não estava disposta a ceder.

— Fiz a promessa sob coação. Pensei que não podíamos escapar.

— O que? Mentiu? — Algo totalmente sexy.

— Não exatamente. Disse a sério, naquele momento. Mas uma


garota tem direito de mudar de ideia, além do mais, a situação é outra
agora.

— Sério. Não está mais em uma cela, e sim em minha nave. Vai
onde eu determinar — Ou ganhará umas boas palmadas se continuar a
discutir.

— Aí cara.... Diga logo a ela o que quer saber e pouparemos


problemas. Confie em mim. Ela é pior que um cão com um osso quando
põe algo em discussão.

Dizer por que precisava dela? Se fosse por qualquer outra razão,
Makl não hesitaria, mas na verdade, odiava a ideia e não queria

93
pronunciar em voz alta. Não queria ouvir piadas. Mas no momento, não
tinha outra opção. Tinha de admitir eventualmente em que precisava dela.
Era o momento de morder a bala da vergonha.

— Quer saber? Bem. Meu primo e sua esposa precisam de uma


babá.

Ifruum caiu na gargalhada.

— Quer que Olivia seja uma babá? — Literalmente uivou, como os


caninos de Wulfgor. Com sorte, não uivaria por várias unidades galácticas,
como esses bastardos fedorentos. Ou teria o cheiro de mofo depois de uma
leve chuva. Demorou vários dias até esquecer o fedor pestilento.

— Uma babá? Deve estar brincando — Murmurou.

Makl praticamente baixou a cabeça, envergonhado, mas um


guerreiro de Aressotle nunca admitia a vergonha.

— Não, não é brincadeira. Minha família precisa de uma fêmea


humana como babá para o filho de Tren.

— Por que não se encarregam eles mesmos da cria?

— Ele e a esposa até tentaram, outros também, mas o pequeno


possui pulmões poderosos e não conseguem fazê-lo deixar de usá-los.

— Meu caro... Bebês choram.

— Ah! Dirá a eles.... Viu! Já está ajudando.

Olhou-o fixamente e murmurou algo que soava como “doido” em


voz baixa.

— Sinto muito, Azulzinho, mas esse é todo o conhecimento que


tenho sobre o assunto. Não sei mais nada no que se refere a bebês.

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— Tampouco eles, ao que parece. Agora, e depois de terem testado
muitas opções, eles parecem pensar que o instinto de uma fêmea humana
saberá como agir.

— Sem chance — Ela negou com a cabeça.

— Quem disse que pode escolher? Fizemos um trato.

— Bom, então considere desfeito. Peça outra coisa. Quer dinheiro?


Tenho muito. Que tal se lhe pagar pelo resgate?

Se lhe tivesse oferecido sexo, poderia considerar. Mas créditos? A


isto se acrescentando, os braços cruzados, desafio e inflexibilidade.

Podia vencê-la nesse jogo.

— Trato é trato. Preciso de uma humana.

— Então procure outra.

— Não.

— Sim.

— Não.

— Crianças — Ifruum interrompeu — não deveriam brigar neste


momento.

O olhar sombrio de Makl reforçaram os grunhidos dela:

— Não se meta nisto.

— Oh, eu não planejava acabar com essa pequena desavença. De


fato, a observo com certo interesse, mas pensei que gostariam de dar mais
atenção ao esquadrão de naves que vêm em nossa direção. Mas, se
preferem ignorar o fato...

95
Uma única nave contra uma armada ascendendo do planeta e
rodeando os satélites? Não gostou das probabilidades. As maldições de
Makl igualaram as dela em engenho.

— Isto é o que acontece quando se junta com bárbaros.

— Ei, nada de jogar a culpa em mim, Azulzinho. Não fui eu quem


deixou uma trilha de corpos alienígenas.

— Pare de me chamar de Azulzinho.... Acha que vão mencionar isso


nos noticiários? — Perguntou controlando a nave em uma série de voltas e
redemoinhos para fugir dos mísseis inimigos. Olivia quase caiu da cadeira
e se prendeu. Seus dedos agarraram o painel à frente.

— Armando o sistema de armas — Anunciou uma voz


computadorizada.

— O que está fazendo? — Gritou quando a nave entrou em um


mergulho repentino, deixando atrás de si uma bola de fogo, duas naves se
chocaram ao tentar se esquivar e explodiram.

— O que lhe parece? Vou atirar nos idiotas para escapar — Para
sua surpresa, ela parecia conhecer seu sistema de armas. Enquanto ele
armava os escudos e forçava o motor, ela ativou as armas do exterior. E
continuou a reclamar enquanto apontava e disparava.

Depois da terceira explosão, não pôde resistir a zombar dela.

— Ora.... Ora.... Quem está matando agora? Aposto que nem todas
essas naves são controladas por computadores.

Ela não levantou o olhar da tela.

— Um combate de naves espaciais é diferente.

96
— Só porque não pode ver a carnificina.

— Qual o problema nisso?

— Hipócrita.

— Imbecil galáctico.

Makl sustentou um sorriso enquanto brincavam, porque, apesar de


sua réplica infantil, Olivia usava as armas com grande eficiência, dando-
lhes o tempo necessário para que os motores finalmente respondessem. O
monóculo em seu olho cintilou as coordenadas e especificações para os
sistemas estelares que poderiam alcançar. Escolheu um sistema planetário
seguro que os levaria a metade do percurso de onde seu primo os
esperava. Os motores alcançaram a potência desejada e ganharam
velocidade suficiente para desaparecer pela grande galáxia, seus
perseguidores persistentes, perdendo o rastro deles.

Olivia soltou um gemido.

— Aff... Justo quando estava a ponto de conseguir minha


pontuação mais alta.

Comparava a fuga a um joguinho de videogame? Precisava ser tão


deliciosamente encantadora? Fascinante, sua peculiaridade assassina, da
qual ela não parecia se dar conta, o excitava.

Com o perigo à distância, decidiu que era hora de fazer algo a


respeito. Soltou-se e agarrou a humana antes que esta pudesse levantar a
vista de seu painel de armas.

— Ei! Me solta.

— Não — Ele a segurou com mais firmeza e a jogou sobre o ombro e


firmou suas coxas com o braço. Ela esmurrou suas costas.

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— Mandei me soltar.

— Isso ainda é um não.

— Ifruum, faça alguma coisa — Suplicou a seu amigo que


observava a cena com evidente diversão.

— Não. Ele não pretende machuca-la, só a fará manter sua palavra.

— Mas não quero ser uma babá.

Makl pôde ouvir a manha em seu tom.

— Deveria pensar, antes de fazer uma promessa.

— O que quer dizer?

— Ele tem um ponto. Uma promessa é uma promessa.

— Mas ele é um ladrão e assassino. Provavelmente faz isto o tempo


todo.

— Sim. Faz. E você também. Mas em alguns casos, como quando


alguém se propõe a proteger sua vida, tem que manter sua palavra. Apesar
de sermos trapaceiros, não carecemos completamente de honra.

Por fim, o tapete de pelos dizia algo com que Makl podia concordar.

— Isso fede.

A expressão utilizada por Olivia não tinha muito sentido, mas Makl
entendeu o tom. Ela cedeu com um sonoro suspiro e caiu flacidamente
sobre seu ombro.

— Vou manter o curso e escanear os arredores — Ifruum comentou


enquanto deixavam a ponte de comando.

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Isso Makl faria, remotamente, enquanto falava com a nova babá de
seu primo, querendo ela ou não.

-*-*-*-*-*-
Grande amigo. Ifruum a jogou embaixo do ônibus, um veículo que
mal podia recordar exceto pelo fato de ser amarelo alaranjado. A Terra e a
vida que tinha levado havia ficado para trás, há pelo menos quinze anos
atrás. Era difícil dizer com a medida do tempo passada no espaço se
diferenciava.

Tinha que admitir que aquela nave era diferente e agradável. Pela
primeira vez desde que tinham subido a bordo, fugindo às pressas, e após
a breve batalha espacial de um emocionante videogame, tinha a
oportunidade de observar realmente seu entorno. Merda. Tudo ali era
muito luxuoso.

Paredes e tapetes beges, iluminação suave, escondida, o que


diferenciava em muito das naves comuns em que viajava na maioria das
vezes. Ela e Ifruum sempre terminavam em naves que poderiam tomar
suas vidas cada vez que um pequeno meteorito as acertava.

Decidida, começou a conversa.

— Bonito, Azulzinho.

— Está falando do meu traseiro? Malho diariamente a fim de me


manter em plena forma.

Uma risadinha escapou dela. Não pôde evitar. Makl amava a si


mesmo. Entretanto, o fazia de uma forma que não podia deixar de pensar
que era linda.

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— Não é seu traseiro, Azulão — Inclusive se os globos de
tungstênio5 eram quentes. — Referia-me a sua nave. É tudo muito
agradável à vista. De quem a roubou?

— O que lhe faz pensar que não a comprei? Asseguro que tenho os
recursos para isso.

— Apenas suposição, já que você afirma ser um assassino e um


ladrão. Mas, pessoas como nós não pagam por este tipo de coisa — Ela
agitou a mão, mesmo ele não podendo vê-la, levando-a como se fosse um
cachecol carnudo. — Então, se explique.

— Conheci um alien que pensava não ser bom em um determinado


jogo de azar.

— E o deixou ganhar algumas vezes antes de lhe aplicar o golpe

— Possivelmente. Estava com meus últimos créditos e uma


promessa de um assassinato gratuito contra um ser de sua escolha,
quando minha sorte mudou. Então sabe.... Ganhei a nave.

— Que lindo ouvir falar de um bom perdedor.

— OH, não. Ele não queria ceder tão fácil. Disse que trapaceei.
Então o matei e a peguei. Pensei ter sido bastante generoso já que só tomei
o que me devia, sobretudo tendo em conta o muito que me pagam
geralmente por um trabalho. Seus herdeiros, entretanto, não aceitaram
muito bem.

— É realmente assim tão frio? — Ela se ergueu, por alguma razão,


queria ver seus olhos ao responder. Para sua surpresa, ele a deixou
deslizar para baixo.

— Se por frio quer dizer emocionalmente independente quando se

100
trata de meu trabalho, então sim. Sou um mercenário. Não faríamos um
trabalho a contendo se tudo nos afetasse.

— Mas o homem que possuía a nave não era um trabalho. Só o


matou por algo que queria.

— Oh, tinha outras razões, mas esta foi a melhor delas — Disparou
um sorriso enigmático. — Agora, chega de falarmos sobre mim. É o
momento de esclarecer algumas coisas. Está preparada para ser uma
babá. Por quanto tempo manterá esta posição, francamente só depende de
você. Só estou fazendo isto como um favor a meu primo e tia.

— Um favor ao seu primo e tia? Pensei que a família não fosse


importante para um assassino.

— Antes de tudo, sou um guerreiro que deve levar glória a seu


nome e fama a sua família.

— Então, por que escolheu ser Mercenário em vez de levar honra


ou servir a seu Planeta?

Makl franziu o cenho.

— Não entendo seu ponto. Se meu Planeta natal fosse atacado,


voltaria com a rapidez devida. Todos os guerreiros de Aressotle o fariam.
Ninguém se atreve a nos invadir, sem que receba o castigo. Temos a
reputação de sermos cruéis. Então enquanto esperamos que algum seja
estúpido tente nos desafiar, nos permitimos outras atividades. Escolhi ser
mercenário, com algumas habilidades extras. Quanto mais perigoso é o
trabalho, maior a honra que posso alcançar.

— Mentir e roubar não são dignos de honra!

Ele encolheu os ombros.

101
— Em sua cultura, talvez. Na minha, só sigo os passos de meus
antepassados. Além disso, o que você sabe de honra? Não fingiu ser uma
virgem para extorquir um rico senhor e seus duramente obtidos créditos?

— Ambos sabemos que aquele polvo alienígena não ganhou uma


fortuna por meios lícitos. E nunca lhe disse que tinha honra ou
integridade. Estava questionando a sua. Ou no caso, a carência dela. —
Ela sorriu.

Ele não se zangou, devolveu-lhe o sorriso, muito contente.

— Tem um modo bem especial de acariciar o ego de um macho.

Como ele conseguia fazer isso? Torcer seus insultos,


transformando-os em elogios? Como o irritaria se não reagia como
esperava? Tentou virar o assunto de novo ao mais seguro, um terreno mais
irritante.

— Portanto, seu primo lhe grita pedindo uma babá e como um bom
menino, você sai correndo a procura de uma. O que ganho nisso? Ou estão
todos esperando que eu faça tal façanha de graça? Uma garota precisa de
certas coisas para sobreviver.

— Não tenho ideia, mas suponho que será bem tratada.

— Supõe? Mas que caralho. Nunca trabalhe como recrutador,


porque você é uma merda. Sabe algo além de que precisam de mim para
cuidar de um pirralho irritante?

— Não.

Foi sua vez de suspirar.

— Sabe que vou tentar escapar disso na primeira oportunidade?

102
— Não é problema meu.

— Ok. Então já acertamos tudo. Vou procurar Ifruum. Eu não


gostaria de lhe dar preocupação.

— Preocupação com o que? Sabe que não a matarei, nem sequer


penso em machuca-la, embora eu tenha o universo por testemunha que eu
adoraria apertar seu lindo pescoço.

— Você não é o único a pensar em estrangulamento — Murmurou.


Não pôde evitar que seu olhar baixasse a um ponto abaixo de sua cintura
e maldição, se ele não a apanhou. Seus olhos a desafiando a fazer. A pôr
as mãos sobre ele e....

— Quanto tempo dura esta viagem? — Espetou.

— O suficiente — Foi sua resposta quando tocou um ponto na


parede e uma porta abriu.

Ela não lhe perguntou para o que seria esse tempo suficiente.
Olivia marchou pisando duro de volta à ponte, e amaldiçoou a decepção ao
ver que não era agarrava ou beijada. Makl praticamente a sequestrara.
Não deveria ter chegado à parte de força-la agora? Ou havia alguma regra
dos Mercenários nesse livro contra foder à nova babá de seu primo?

— Uma babá — Gemeu a palavra enquanto entrava na sala de


comando, onde Ifruum, com os pés apoiados no painel, roncava. — Acorde.
Precisamos conversar com o traidor.

Um olho castanho a fitou por debaixo das espessas sobrancelhas.

— Estava dormindo.

— Pensei que estaria em guarda.

103
— A nave daria o alarme se algo aparece nos scaners.

Ela tamborilou os dedos no braço da cadeira onde se deixou cair.

— Ele é um idiota arrogante.

— Suponho que a conversa com nosso novo amigo foi boa.

— Esse cara não é meu amigo. Nem seu, se ainda não percebeu.
Não posso acreditar que me deixou à mercê dele.

— Até entre ladrões é preciso certo grau de confiança. E qual o


problema se ele espera que você banque a babá por um tempo? Poderia ser
uma boa mudança. Pense nisso como uma lição que será útil no futuro.

Filhos? Ela estremeceu. Não, obrigado. As ações de sua mãe


deixaram claro que pirralhos não valiam a pena.

— Não preciso desse tipo de lição, jamais terei filhos. Dá muito


trabalho.

— Talvez mude de opinião se conhecer a pessoa correta.

— Duvido. E não vim aqui para que falarmos de bebês, quero saber
quais são seus planos.

— Planos? Que planos? Temos um trabalho já à vista.

Ela lançou um olhar assassino acompanhado da saudação de seu


dedo do meio.

Ele pôs-se a rir.

— Ok. Conhece-me muito bem. Planejei algumas coisinhas aqui e


lá, pequenos trabalhos, nada que a impeça de manter sua palavra a certo
ditador azulado.

104
— Oh, ele é um idiota.

— Descanse um pouco. Relaxe. Deixe fluir. Tudo pode melhorar


depois de um bom banho e descanso.

Mais fácil dizer que fazer. Embora encontrasse uma pequena


cozinha e um banheiro para uma limpeza superficial, os únicos outros
cômodos que encontrou na nave pareciam ser destinados a acomodar
carga. De todos os espaços que explorou, nenhum deles tinha uma cama
ou sequer um sofá para dormir. Uma nave tão luxuosa não devia ter algo
mais como uma sala comum, onde estavam os alojamentos para a
tripulação?

Não lhe ocorreu simplesmente dormir no chão, tapetes limpos e


espessos ou não. Não se submeteria a isso, não quando sabia onde vira
uma cama. Uma cama grande. Só tinha que chutar certo cara para fora
dela. Ao menos foi essa a desculpa que deu a si mesma enquanto
marchava de volta ao quarto onde tinha deixado Makl.

Não se incomodou em chamar ou se anunciar, simplesmente


entrou e se deteve. Ficou boquiaberta. Babando, na verdade, molhando
suas calças. A razão? Um monte de pele azul.

Fresco depois de uma limpeza, Makl estava de pé, nu e sem um


pingo de vergonha. Musculoso, oh, tão deliciosamente musculoso e de
uma maneira que até uma humana poderia apreciar, e ela apreciava
deveras seu peitoral rogando por caricias. Não pôde evitar descer o olhar,
seu pênis, longo e grosso, crescendo e se avolumando enquanto o
admirava descaradamente.... Implorando um toque. Uma lambida. Uma
boa cavalgada.

Sim, ela queria tudo aquilo. Não negaria, não quando sua boca
praticamente se enchia de água e precisou apertar os punhos para não

105
ceder à tentação de se aproximar e toca-lo. Foder.

Seu lábio se curvou.

— Humana, chegou bem a tempo. Dispa-se.

— Não vim aqui para sexo — Bom, sua boca conseguiu dizer
enquanto seu corpo negava, e não com pouca veemência.

— Sexo? — Ele arqueou uma sobrancelha. — Tinha pensado que


gostaria de um banho primeiro, a menos que esteja satisfeita com o
escasso serviço de limpeza que encontrou junto à cozinha.

Estreitou os olhos com suspeita.

— Sabe que quero me limpar. Você deve ter pelo menos uma
unidade de limpeza corporal a bordo, e aposto que está escondida aqui.

— Através dessa abertura ali. Temo que a segunda unidade de


limpeza esteja atualmente inacessível devido à carga.

— E qual é o preço do banho?

— Nada. A menos que pense que deve me dar algo. Não me oponho
a ter sexo, caso o mencione novamente.

— Eu não mencionei nada. Mas precisamos falar da cama. Mais


concretamente, da minha cama — Ifruum podia dormir em qualquer lugar,
em posição vertical, ou até mesmo de ponta cabeça se fosse necessário, ela
não.

— Ah, sim, sobre o alojamento.

— Não há um segundo dormitório? Não pude encontrar.

— Oh, me atrevo a dizer que há, mas está ocupado pela carga.

106
Maldito pirata e seu tesouro.

— Bem, isso lhe parece conveniente, não?

— Estou certo de que sobreviverei ao compartilhar meu quarto. É


grande, como já deve ter notado — Piscou o olho para ela.

Manteve os olhos fixos em seu rosto e tentou não olhar mais abaixo
de seu queixo com covinhas.

— Sim, mas isso não vai funcionar. Então, por que não pega suas
coisas enquanto me banho? Já que esta é sua nave, estou certa de que a
conhece o suficiente para encontrar um lugar bonito e confortável para
você descansar. Como a única mulher a bordo, declaro esta cama como
minha — Decreto realizado se voltou e afastou-se, direto para o banheiro,
que tinha indícios de vapor úmido.

Água de verdade? Ela ajustou os controles para fechar e bloquear


a porta. Despiu-se em um tempo recorde e entrou no cubículo feito para
parecer uma cascata de rocha. Um momento depois e a unidade entrava
em funcionamento. Um pouco de líquido quente atingiu seu rosto
levantado, provavelmente não 100% água, mas estava perto o
suficientemente para fazê-la fechar os olhos e suspirar. Oh, maravilha.

Viver no espaço ou em cidades de qualquer sistema estelar era


preciso se adaptar a métodos de conservação de água que só há pouco
tempo estava sendo discutido lá no Planeta Terra quando foi sequestrada.
A água no espaço era ainda mais escassa, ou até mesmo eram deflagradas
guerras pelo liquido tão precioso. Planetas com muita água eram ricos.
Aqueles com nenhuma pagavam um alto preço por ela.

A Terra por alguma razão que nunca tinha entendido; desfrutava


de certa proteção. Quem a decretou ou executava? Ninguém parecia saber,
mas além de um par de ladrões de pouca valia e contrabandistas, quase

107
ninguém incomodava seu antigo lar e seus oceanos abundantes.

Pensando na Terra.... Não era um lugar do qual sentia muita


saudade. Não tinha vivido exatamente uma vida perfeita lá, mas certas
coisas, como a chuva, neve e as barrinhas Snickers3, coisas que nunca
esquecera. Deus, também sentia muita saudade dos chocolates. Quem
teria pensado que uma delícia tão acessível em sua antiga vida seria tão
rara no espaço?

Ela inclinou a cabeça enquanto se lamentava pela perda e não o


escutou se aproximar. Quando ele falou, gritou e abriu os olhos
percebendo que a observava.

— Pensei que você gostaria de um sabonete com cheiro mais


feminino — Apoiado na parede, perto da borda da abertura opaca, ainda
completamente nu, Makl lhe estendia uma barra branca, com um meio
sorriso nos lábios.

— Tranquei a porta.

— Uma fechadura de banheiro? Ah.... Dê-me um pouco de crédito.

Esticou a mão para agarrar o sabão branco, pretendendo fingir que


não a afetava tê-lo tão perto.

Mas afetava. Toda aquela pele e músculos... Era muito tentador.


Este cara não costumava usar roupa?

Por outro lado, parecia um crime cobrir tanta perfeição.


Espontaneamente, seus olhos desviaram mais abaixo, para vê-lo
completamente ereto, seu pênis em posição firme, longo e grosso, e as
bolas. Onde estão!

3..Snickers é uma barra de chocolate feita pela Mars, Incorporated. Consiste em torrone (nougat) de manteiga de
amendoim coberto com amendoins e caramelo com chocolate ao leite.

108
Querido Deus, ela nunca dera muito crédito ao que Murphy
afirmava existir em alguns lugares do Universo e como eram alguns seres,
o azulzinho não tinha um saco ou umbigo. Isso, mais sua cor de pele e
dentes, a fez se dar conta da diferença entre eles.

— Como pode parecer tão humano e não ser? — Murmurou.


Entretanto, sua estranheza não empalidecia a atração que sentia por ele.
Na verdade, achava que nada podia. Bem.... Isso a informava seu corpo.
Sem se dar conta, sentia-se incapaz de deter o bico de seus mamilos de
endurecerem enquanto contemplava com fascinação seu pênis ereto. Suas
mãos esfregando círculos lentos sobre a pele das coxas. O sabão
ensaboava muito bem, fazendo sua carne escorregadia, o que não ajudou
muito já que não podia afastar o olhar de seu pênis que seguia crescendo e
engrossando.

— Ele não pagou o suficiente — Grunhiu.

— Perdão? — Nem sequer pretendeu entender. Como poderia


quando sua mão se estendeu entre suas pernas? Para se ensaboar, é
obvio. Maldita audiência. Ou desfrute.

— É uma provocadora.

— Quem, eu? — Disse com voz entrecortada, esfregando os dedos


por seu sexo com um estremecimento.

Seus olhos, brilhando ardentemente, permaneceram fixos em seu


rosto. Ponto para ele.

— Vê outro propósito humano no fato de me deixar louco?

— Então faça algo a respeito — Entendia seu desafio pelo que era.
Permissão para seduzi-la. Por que não? Desejava-o. Era desejada. Quanto
mais cedo arrancassem isso de seus sistemas, mais rápido ele iria querer

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se desfazer dela. E ela poderia ignorá-lo. Vencê-lo. Ganhar.

Entretanto, ele não se moveu... Só a observou. Ela se retorceu.


Seus movimentos mais lentos na carícia sensual sobre o próprio corpo.
Dirigiu um olhar a seu pênis para vê-lo totalmente ereto, tentando-a.
Praticamente implorando por seu tato. Por seu corpo...

Deu-lhe as costas e levantou o rosto para o spray d’água. Soltou


sua mente. Se ele queria observar, que o fizesse. Oh Deus, que a
observasse enquanto segurava os seios, levantando-os para o chuveiro, os
mamilos duros perfeitos para que uma boca os sugasse. Deslizou as mãos
para baixo, acariciou seus quadris estreitos, deslizou-as pela união das
coxas. Entre as quais mergulhou, com os dedos para encontrar seu clitóris
e acariciar, esfregar. Desfrutando, saber que ele a observava fixamente e
não a tocava, excitava-a e frustrava.

Não vou mendigar. Não. Jamais.

Atrás dela, ele surgiu repentinamente, quente e duro, pressionando


contra suas costas, sua mão cobriu as dela, entre suas pernas. Os lábios
encontraram o lóbulo de sua orelha enquanto assumia as carícias em sua
vagina, com dedos seguros acariciou um mamilo. Ela gritou, arqueando
para ele e ele gemeu, passou um braço ao redor de sua cintura, toda sua
força rodeando-a. E, entretanto, não a assustava. Dominando seus
sentidos totalmente.

Viu-se com a face pressionada a parede lisa de pedra do box. O


líquido ainda corria caia com força dos injetores, mas com o corpo dele
agarrando-a tão fortemente, não se molhava, a menos que o ponto entre
suas coxas contasse.

O pênis apanhado entre as pernas esfregava-se deliciosamente


contra os lábios do sexo. E ainda com o dedo fazendo círculos lentos em

110
seu clitóris. Porra. Ela ofegou. Rebolou. Mas não lhe dava o que queria. O
que ambos queriam.

— Por que não pede? — Por fim murmurou em seu ouvido


enquanto sua língua riscava o contorno.

Estremeceu.

— Você primeiro.

— Ah, mas eu posso prosseguir durante muitas unidades com isto.


Imaginei este momento muitas vezes. Quero saboreá-lo — Sussurrou.
Empurrou seus quadris contra ela, rápidas sacudidas que a esfregavam
zombeteiramente. Os dedos retorceram repentinamente seu mamilo
dolorido.

Gritou, aplanando as mãos contra a parede. Deixando-o torturá-la.


Não cederia primeiro, mas gozaria se ele seguisse assim.

Ele deve ter sentido. E deteve a gostosa fricção em seu clitóris.


Poderia chorar quando ele tirou a mão. Seu clitóris palpitava com força.
Seu corpo envolvido pelo dele, coxa contra coxa, costas contra seu peito,
as mãos em seus mamilos. Seus lábios travados em seu pescoço. Maldito,
um tremor a sacudiu.

Então outro. Precisava desesperadamente dele em seu interior. Seu


corpo gritava de necessidade, exigindo que dissesse as palavras.

Justo quando pensava que teria que ceder, grunhiu alto e claro.

— Não posso esperar mais — Puxou para trás seus quadris,


inclinando a parte inferior de seu corpo enquanto afastava seus pés. Mal
teve tempo para se preparar quando a penetrou.

— Oh, sim, foda-me — Não era o mais eloquente ou próprio de uma

111
dama, mas o adequado à ocasião. Nunca antes encontrou sexo ou um
pênis que perecesse tão ansiado e perfeito. Enchendo-a, esticando-a e
fazendo coisas maravilhosas enquanto tecia dentro e fora. Seus dedos
curvaram e arranhou a parede enquanto seu clímax crescia em ondas até
fazê-la gritar:

— Sim! Sim! Oh, Meu Deus, sim! — E ele ainda investia, extraindo
seu prazer.

Quanto a sua segunda onda de prazer caiu sobre ela, pensou:

Agora sei que o céu existe.

-*-*-*-*-*-
Em qualquer outro momento, Makl teria ganhado tempo para
desfrutar de sua maestria com uma mulher, mas pela primeira vez em sua
vida, se perdeu no momento, se perdeu no prazer, se perdeu em Olivia.

Disparou as sementes profundamente em seu interior em vez de se


retirar, compreendendo a um nível visceral o que fazia, mas na realidade
não lhe importava. Algo nele, algo primitivo, queria marcá-la como dele.

Minha. Minha. Minha.

Com o corpo tremendo, seus quadris continuaram investindo nela,


alongando o gozo. Ofegante, com o coração acelerado, se apoiou contra a
parede do box e a apertou contra si, embalando seu corpo inerte nos
braços.

— Sim. Assim que... — Sua voz desvaneceu.

— Isso foi... Sem dúvida... — Fez uma pausa, com a perda, pela

112
primeira vez, das palavras. — Perversamente inesperado?

— Muito.

— Provavelmente só foi uma acumulação de estresse? — Ela soou


esperançosa.

Pela deusa menor do Carma, assim esperava. Qualquer outra coisa


ou algo mais permanente, jamais poderia ser considerado. Makl não tinha
relacionamentos. Por fim conseguira o que queria. Sexo com a humana.
Ok.... Foi melhor do que imaginava? Muito. O melhor que tinha em muito
tempo. O qual tornava-a ridiculamente perigosa. Quanto mais rápido a
deixasse com seu primo, melhor.

— Regra número Cinco dos Mercenários, subseção Cinco, nunca


deixar passar a oportunidade de esvaziar o pênis.

— Que romântico — Ela o empurrou, com uma careta de desgosto


no rosto.

Bem, isso era muito melhor. A Olivia irritada e furiosa, aquela que
o levava ao limite, esta, ele podia controlar. Querer tê-la em seus braços
para se desculpar e logo levá-la a cama para poder se perder nela, longa e
lentamente... Era muito perigoso.

— Então.... Sobre uma cama para dormir... — Ela se voltou para


olhá-lo, uma gota de água pendurada da ponta de seu mamilo, quase o fez
se ajoelhar para suplicar. — Vou dormir nela.

— Eu também.

— Não pode dormir em outro lugar? — Ela resmungou.

— É a única cama. E se acha que vou dormir no piso de minha


própria nave...

113
— Está bem. Podemos compartilhá-la, mas se mantenha do seu
lado. Já que cuidou de si mesmo, segundo as Regras dos Mercenários com
respeito a seu pênis, não há porque me incomode.

Humm.... Será que poderia mencionar que poderia tomá-la de novo


em.... Oh, olhe isso. Já estava preparado. Melhor ocultar antes que a
humana se afastasse do assunto, cama. Que sorte, virou e se inclinou,
dando a ele uma visão bem interessante.

— Procura algo? — Porque se ela quisesse, poderia esconder seu


pênis em seu sexo e esperar que o encontrasse.

— Onde escondeu suas roupas? E por que está tão limpo aqui? É
antinatural. Machos nascem naturalmente bagunceiros.

— Bagunça não é tolerada. A não ser que, faça parte de um


subterfúgio para ocultar nossa identidade — Repetiu de cor. A capacidade
de se mover e de limpar sua presença era importante para alguém de sua
estirpe. Além disso, odiava a desordem.

— Bem, só para você saber, eu sou preguiçosa.

Bom. Seria de grande ajuda para invalidar uma parte de sua


apelação. Precisava de algo, algo que o impedisse de desejá-la como um
guerreiro em suas primeiras etapas de experimentação sexual. Ela devia
liberar algum feromônio, algo exclusivo dos humanos que a tornava tão
irresistível?

Makl se estendeu sobre seu colchão e escondeu seu estado duro,


olhando-a com os olhos entrecerrados. Ela encontrou uma camisa e a
vestiu, cobrindo até os joelhos e passeou pelo quarto. Devia ignorá-la e
dormir, mas a fascinação o obrigava a observa-la.

— O que procura agora? — Perguntou por fim.

114
— Nada.

— Então, apague as luzes e venha para a cama. Está perturbando


meu tempo de sono.

— Aí... O Azulzinho precisa de seu descanso de beleza?

— Sim. Lutar com uma bárbara teimosa e irritante é exaustivo —


Fechou os olhos ante sua expressão de assombro, seus lábios curvaram
com satisfação.

Abriu-os e expulsou o ar dos pulmões quando ela aterrissou sobre


seu peito com um grunhido:

— Sou exaustiva?

Olhou-a extasiado.... Linda, com os cabelos úmidos e


desordenados, olhos cintilando com desgosto e lábios cheios, tentadores.
Um momento depois a imobilizou de costas, travou sua boca a dela e a
penetrou, tudo em um só golpe.

— Oh. Pensei que tínhamos acertado que isto era coisa de uma só
vez? — Gemeu enquanto seus dedos cravavam em seus ombros.

— Passou-se tempo demais desde que exercitei meu pênis —


Grunhiu, o ato de falar com coerência praticamente fora de seu alcance
enquanto mergulhava em seu escorregadio canal.

— Uma última vez, então. Não mais, entendeu? — Ofegou. — Eu


nem sequer gostei da primeira vez.

— Eu tampouco também. É a última vez. Juro! — Mentiu.


Duvidava que estivesse a ponto de apaziguar seu desejo por ela, algo que
esqueceu assim que todo sangue deixou o cérebro para ajudar seu pênis a
encontrar a clareza mental.

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Ambos chegaram ao clímax frenético, ofegantes, que o deixou
baqueado. Satisfeito, por alguma razão, não se virou, ignorando-a, ao
terminar ou a jogou da cama, mas com o pretexto de mantê-la por perto
para que não tentasse algo tortuoso, colocou-a entre os braços, onde
ambos adormeceram abraçados.

116
Makl despertou primeiro e conteve a respiração ao se dar conta do
que o quente feixe de pele aconchegada contra seu corpo significava.

Dormi com uma fêmea!

Não só dormiu, o fizera na posição de conchinha e a mantinha


intimamente a si. Tinha partilhado sua cama, travesseiro e manta com
alguém mais. O horror o impulsionou à ação. Tão rapidamente como
nunca se moveu, escapou da cama e deixou Olivia adormecida no lugar
quente que seu corpo deixava para atrás.

Com o coração acelerado a observava e se perguntava o que se


apoderou dele. A noite anterior quisera seduzi-la, acalmá-la para que
dormisse e logo colocá-la na cama de armar atualmente dobrada contra a
parede. Em vez disso, relaxou, embora ainda um pouco brincalhão apesar
das duas rodadas e dormiu, embalando o delicioso corpo da humana.
Aconcheguei-me a ela! O Vingador Galáctico, Sedutor de Mulheres,
Perturbador de Uniões Entusiastas, não se aconchega. Ou baixa a guarda,
especialmente para dormir com uma humana de passado duvidoso e cujo
sócio atualmente pilotava sua nave.

Alguém mais pilotava sua nave? Maldição. O quanto esta bárbara


havia estragado sua sensatez? Precisava ficar mais atento no futuro para
se assegurar de manter algum sangue no cérebro. Erros como este podem
custar à vida de um mercenário.

Vestiu-se mais rápido do que aquela vez em que o marido voltou

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para casa mais cedo do trabalho, só um idiota enfrentaria dois metros e
meio de um Gorrolian de presas afiadas, fugiu de seu quarto, sem dar um
último olhar à humana tentadora em sua cama, e se dirigiu à ponte de
comando. Não sabia o que esperava encontrar, mas temia a resposta. Um
milhão de possibilidades chegaram a sua mente, todas elas assegurando
que seria a causa das zombarias na próxima reunião familiar. A menos
que, recuperasse o controle, matasse todos a bordo para que não houvesse
nenhuma testemunha e depois realizasse algum ato espetacular, perigoso.
Ainda poderia ser capaz de salvar a situação, a não ser que Olivia
enquanto conversava com seu tapete de pelos, fizesse algo completamente
inesperado. O rosto peludo, orelhas penduradas e com aspecto benigno em
geral, ele não o enganava. Pelo que sabia, o tapete peludo poderia estar
sentado em sua cadeira, latindo enquanto os conduzia ao sol mais
próximo. Agora está sendo ridículo, é obvio. Por que destruir uma
nave de primeira quando poderia morrer ou me matar? Possivelmente
por isso Olivia foi ao seu quarto e o seduziu. Mas, frustrou sua intenção de
assassinato mediante o sexo, deixando-a com uma profunda necessidade
de descanso e recuperação. O Amante Galáctico atacou de novo.

Oh.... Teria que se lembrar desta linha.

Embora primeiramente devesse recuperar o controle da nave, e de


si mesmo.

Entretanto, uma vez mais, uma pequena coisa chamada lei de


Murphy, uma preleção dedicada a ela em seu Manual dos Mercenários,
tinha provado que quando se pensava ter as coisas sob controle, Murphy,
um deus no qual se negava a acreditar, fazia algo para foder as coisas,
obrigando um guerreiro a pensar rápido para não queimar o rabo.

Em seu caso, entrou no centro de comando e não encontrou o


tapete caminhando, e sim um macho humano bebendo de uma cuia com

118
asa e um prato pequeno debaixo dela.

Cabelos longos, vestindo uma capa azul marinho sobre uma camisa
de linho branca adornada com babados efeminados, o macho estranho
arqueou uma sobrancelha divertido pela aparição de Makl.

— Descansou a contento? — Perguntou o intruso.

— Quem é você? — Grunhiu Makl, com os dedos flexionados,


procurando a adaga à suas costas. Não ia a lugar nenhum sem uma arma.

— OH, já me conhece, mas não com este aspecto. Alguns me


chamam filho de puta. Outros, de divindade! Mas uma pequena humana
me chama de Ifruum, mas prefiro meu nome mais venerado, Murphy. O
deus, Murphy.

— Deuses não existem — Exceto a Deusa do Carma, é obvio, mas


está lhe custou um pouco de trabalho para convencê-lo.

— Diz que não existo, entretanto, aqui estou.

Sim, lá estava.

— Então se escondeu a bordo de antemão. Maldito vagabundo —


Makl não perdeu seu trincar de dentes. Ah, doce som de desgosto.

Diante dos olhos incrédulos de Makl, o macho brilhou e se


converteu em uma peluda confusão.

— Se refere ao meu alter-ego Ifruum? Ele ainda está aqui. Mas,


acredito que sua forma é bastante restritiva e fedorenta — O tapete se
transformou de novo em um homem. — Creio que agora acredita em mim.

— Impossível — Makl pensava que a mudança de forma era uma


farsa. Inclusive tinha apostado sobre isso uma vez. Maldição, agora devia a

119
seu sangrento primo uma garrafa do vinho extremamente caro que tanto
gostava.

— Como pode dizer impossível quando viu com seus próprios


olhos?

— Maldição. Acaba de me custar uma garrafa de vinho caro, um


vinho para o qual tinha planos.

— Terminemos com isso.

— Olivia sabe? — Perguntou Makl, quando sentou em seu assento


e casualmente deu um olhar mais atento às leituras da nave.

— Se a garota sabe que seu tio Murphy é também seu amado


mentor? Não. Ela é a razão pela qual tive que me transformar nesse cão
estúpido em primeiro lugar. Tivemos alguns maus entendidos, acrescenta
uma adolescência conturbada e repentinamente, a garota não ouve mais o
tio que a salvou. Já estava cansado de substituir os pratos que estava
sempre lançando na minha cabeça, então a mocinha fugiu, mas era muito
jovem e ingênua para sobreviver por conta própria. Então como o deus
benévolo que sou.... Vê não é à toa que uso a aparência canina com
grandes olhos de cachorrinho, e lhe prometi dinheiro fácil e zás... A
mocinha passa a ser a Srta. Agradável.

Makl absorveu a informação, processando-a e como o afetava.


Nada.

— Então por que me conta essa história? Não teme que eu lhe
conte? — Makl perguntou para ver o que podia conseguir do tal deus para
guardar silêncio. Regra número Sete dos Mercenários: se surgir uma
oportunidade de chantagem, use para conseguir alguns créditos.

— Deixaria uma fêmea frágil se valer por si mesma?

120
Tendo-a tocado, Makl podia dar fé de sua frágil natureza. Ela não
sobreviveria por muito tempo sem proteção. Eu posso lhe dar proteção.
Não que planejasse se oferecer como voluntário.

Murphy continuou:

— Sim, sozinha por aí? Bem, não exatamente, mas não posso
comandar seu destino, um destino ao qual terá de ser arrastada,
provavelmente, esperneando e gritando.

Antes que Makl pudesse perguntar a Murphy, ou ao impostor que


se fazia passar pela travessa entidade, Olivia entrou, vestindo uma camisa
de Makl e uma de suas calças, com os punhos enrolados algumas vezes.
Adorável. Imediatamente, seu pênis enrijeceu, mas para prosseguir alerta,
Makl se beliscou com força, usando a dor para evitar que a luxúria
roubasse mais sangue de seu cérebro. Tinha a intenção de manter sua
sensatez de agora em adiante.

— O que faz aqui? — Ela demandou, seus olhos cintilando com


irritação.

A princípio, Makl pensava que era para ele, mas seu dedo pequeno
apontou o outro.

— Olivia, minha querida sobrinha — O intruso usou um tom


conciliador e Makl negou com a cabeça. Até ele sabia que não podia fazer
isso com uma fêmea furiosa.

— Não me chame de sobrinha. Eu o reneguei.

— Mas somos uma família.

— Só por adoção. Graças a Deus.

— De nada.

121
— Não a você. Nem é um deus. É mais um pé no sa... — Por fim se
dignou a notar que tinha público e sua face ruborizou. Não tão rosada
como na noite anterior, quando ele... — Energúmenos — Murmurou. —
Onde está Ifruum? O que fez com ele desta vez, Murphy?

— Eu? Por que sempre tem que jogar a culpa em mim? Só sou um
cara que sempre teve seu melhor interesse no coração. Quem a salvou de
uma vida de servidão e....

— Bla... Bla... Bla.... Sim, um verdadeiro herói. Sei. Você e Makl


deveriam abrir um clube para aliens com egos enormes e supervalorizados.

— Olha, quem me conhece aprecia deveras — Protestou Makl. — E


por que tenho que partilhar o clube? Deveria ser exclusivamente sobre
mim.

— Eu digo o mesmo — Exclamou Murphy.

— Oh, merda, devem ter DNA compatível. Dão-me náuseas. Agora


que sei que nasceram um para o outro, alguém pode me dizer o que está
acontecendo? Murphy, o que está fazendo aqui? Azulzinho, onde está meu
café da manhã? E alguém faça o favor de dizer a Ifruum que acorde e
coloque o focinho molhado nos painéis de controle da nave.

Makl se inclinou de lado e sussurrou:

— Sempre é tão exigente?

— Sim.

— Ouvi isso. E aí? O que estão esperando.

Ela estava, também, dando batidinhas com o pé e com os braços


cruzados. Realmente esperava que obedecessem. Makl riu
dissimuladamente.

122
— Ela é maluca.

— Sim. Mas tenho afeição por essa transloucada. — Disse Murphy


com um suspiro.

— Bom, como são um manancial de informação, me vou. Adeus,


Murph. Espero que se perca em alguma Galáxia de novo ou que algum
outro deus lhe de um bom chute no saco — Fez um giro e saiu deixando
Makl com a boca aberta.

— Como pude acreditar que era uma pequena virgem recatada?

— A garota é uma atriz nata. Por isso é tão boa no que faz.

— Como a encontrou?

— Pode se dizer que a resgatei acidentalmente. Mas essa não é


minha história para contar. Basta dizer, que cometi o engano de mantê-la
e ela me faz pagar por isso desde então. — Murphy falou como se o
incomodasse, mas seu tom e expressão contavam uma história diferente.
O deus se preocupava com a fêmea.

Makl decidiu não matar o suposto tio.... Ainda.

— Ela certamente vai suspeitar quando não encontrar seu amigo


peludo?

— Quem diz que não o encontrará?

— Está sentado frente em mim, a menos que possa estar em dois


lugares ao mesmo tempo, estou certo que ficara desconfiada.

O sorriso de Murphy se alargou.

— Quer me fazer acreditar que pode estar em dois lugares ao


mesmo tempo? — As possibilidades afligiram sua mente.

123
— E antes que pergunte, essa é uma das vantagens de ser um
deus, não faço truques, meu rapaz. — Maldição! Makl descansou a adaga
em seu lugar.

— Então, qual é seu plano?

— Que plano? Pensei que estávamos deixando Olivia se tornar uma


babá?

— Estamos? Mas esse plano não o inclui.

— Oh, não se preocupe comigo. Quando minha pequena estiver sã


e salva, cintilarei a procura de uma nova diversão. Sempre há quem ore
para mim. É só uma questão de escolher quem vai ter o prazer da minha
atenção divina.

Um bufo lhe escapou.

— Vejo de onde vem à loucura.

— Eu não reclamaria, meu jovem. Sua família não é conhecida por


suas decisões sensatas.

— Sério! Obrigado. Ficamos orgulhosos por sermos diferentes dos


outros.

— Nesse sentido, até que você ia bem. Mas...

— Mas, o que?

A cuia com asa e o prato de Murphy desapareceram no ar quando


se inclinou para trás, repentinamente sentado em um assento coberto com
tecido bordado em ouro. Ele juntou os dedos.

— Bom, ainda estamos a alguns ciclos de tempo longe de seu primo


e com parte de seus recursos temporariamente congelados...

124
— Congelados!

— Sim, a Galáxia de Obsidiana apresentou uma reclamação formal


e têm uma ordem judicial sobre suas contas de crédito. Não se preocupe, o
vereador em sua família, qual é seu nome?

— Tren — Disse Makl com os dentes trincados.

Murphy estalou os dedos.

— Ah sim, Tren, já está fazendo os acertos para que a ordem


judicial seja eliminada, mas enquanto isso; achei que você gostaria de um
pouco de aventura e moeda corrente.

— Que tipo de aventura?

— Um roubo à joalheria. Planejei dar uma pequena lição no dono


por se gabar de ter uma segurança infalível.

Oh, palavras mágicas, desafio, roubo... Créditos! Makl se inclinou


para frente, mais ansioso do que queria admitir.

— Conte mais.

— Parece que instalou um sistema moderno composto por câmeras,


scaners de última geração e guarda armada até os dentes. Também
costuma verificar os antecedentes de todos seus clientes.

— Parece difícil. Qual é a recompensa?

— Um anel com uma pedra de valor incalculável.

— Interessante, você parece ter andado me espionando.... De


qualquer forma não vale a pena, teria de reformular todo o planejamento.
A família está me esperando. Talvez depois de deixar Olivia com meu
primo.

125
— Reformular o planejamento? Mas já tenho tudo arranjado. Tinha
planejado representar o papel de companheiro carinhoso, mas como Olivia
não trabalhará comigo, só com o cão estúpido, sei que não seria muito
convincente. Mas se você representar o papel de idiota apaixonado, acho
que funcionaria as maravilhas.

— Quer que faça o roubo com ela? Está fora de si? Eu trabalho
sozinho — Entretanto, ao mesmo tempo, não podia negar o encanto de tê-
la a seu lado, enquanto realizava um ataque.

— Pode imaginar as manchetes? Galáctico Vingador e sua


encantadora ajudante roubam o anel de valor incalculável.

Makl podia ver. E maldito não gostou. Um instante depois tinha


aceito e eles organizaram os detalhes.

-*-*-*-*-*-
Olivia saiu pisoteando em busca de alimento e seu cúmplice. Ver
seu tio Murphy novamente depois de tanto tempo deixou-a alterada; não
tanto como ver o cara que derrubou suas defesas na noite anterior. O
Azulzinho idiota e pomposo não só a seduziu, como de algum modo
também conseguiu que dormisse entre seus braços.

Tinha baixado a guarda de modo inédito. Mas o pior era saber que
se permitiu ser vulnerável com um sujeito que mal conhecia; um ser que
agradável e temerariamente, concordou em ter relações sexuais, odiou se
sentir decepcionada ao despertar e descobrir que estava sozinha na cama.

Deveria ter se deleitado com o fato de que ele não tentasse ir à


terceira rodada, um ato que teria repudiado, certamente. Ok.... Satisfez à
coceira, isso deveria ser o suficiente para os próximos anos de sua vida.

126
Olivia já não era virgem, mas tampouco tinha apetite sexual
insaciável. Raramente sentia a necessidade carnal. Quando sentia, se
satisfazia com qualquer ser compatível ou com a própria mão. A coceira
sumia e prosseguia com sua vida.

Então por que ver Makl novamente lhe trouxe os mesmos impulsos
de desejo e aquela vontade quase louca de ser abraçada e acarinhada? E
não só isso, queria retribuir também. Céus.... Assim que olhou as mãos
fortes e capazes, não precisou imaginar como seria ao tê-las sobre seu
corpo. Desejava senti-las. Queria essas mãos tocando seu corpo e os lábios
mordiscando sua pele. Queria saborear o êxtase que lhe deu. Maldito
Azulzinho quente, o queria de novo.

Que saco! Confusa, irritada e mais acalorada do que gostava,


deixou Makl conversando com Murphy, o que sem dúvida não pressagiava
nada bom, e foi procurar algo para encher a barriga.

Pouco depois na pequena área de preparação alimentícia, Ifruum


entrou e começou a revirar os armários. Seu cachorrinho voltou os olhos
familiares para ela.

— O que encontrou aqui?

— Sabe que Murphy está aqui?

— Sim. Parece estar preocupado com você, ele viu sua foto nos
novos servidores e se preocupou. Maravilha. Parece que é uma fêmea
muito querida.

— Sou?

— Sim, é. Imagens quentes de você e do seu Mercenário Azul em


uma cela, estiveram circulando por aí. Não imagina as ofertas monetárias
que estão oferecendo pela versão completa, sem edições.

127
As palavras saíram de forma automática.

— Quanto? Espere um segundo — Ela golpeou a testa. — O que


estou dizendo? Não vou fazer um vídeo sexual.

— Por que não? Não fez sexo com o mercenário?

— Sim. E? Droga! Isso não significasse nada. Só um foi um


encontra de corpos compatíveis satisfazendo uma necessidade natural.

— Continuarão a se satisfazer durante a viagem, não?

— É claro que não.

Hum, talvez uma vez mais, só para tirá-lo de seu sistema. Alien
paspalho e de aspecto desalinhado. Ninguém deveria parecer tão delicioso
com o cabelo arrepiado e a camisa meio fechada, e sem contar com o
queixo sem barbear. Makl era.... Ah.... Quem sabe, uma vez apenas, ou
duas para ser o suficiente.

— Tenha em conta que não me interessa se o faz ou não,


simplesmente não o faça em qualquer lugar que eu possa presenciar, ou
vai limpar meu vômito — Ifruum estremeceu.

— Creio que posso me conter — Respondeu secamente,


absolutamente divertida.

— Bom, porque quero que se concentre em nosso próximo trabalho.

Ah sim, seu sócio no crime e o trabalho. De onde tirava tantas


ideias, Olivia não sabia, mas Ifruum sempre tinha um plano visando
ganhos fáceis. A maior parte das vezes usufruíam vários benefícios, apesar
dos possíveis desastres a enfrentar. Eles tinham algo mais que uma
sociedade igualitária, provavelmente algo sobre sua relação tumultuada
com Murphy estivesse sendo contagiosa. Ao ouvir sua mais recente

128
proposta, enquanto se perguntava do que falavam Makl e Murphy, ela só
tinha que dizer uma coisa no final do discurso de Ifruum.

— Eu não gosto disso.

— Que parte do plano não gostou? — Perguntou Ifruum, com as


sobrancelhas espessas franzidas enquanto lhe entregava uma xícara
fumegante de algo que parecia café no espaço. Não que tivesse bebido o
autêntico. Era jovem e pobre quando foi sequestrada, tinha sorte de ter
pelo menos água para beber em casa.

— Eu gosto do plano. Embora acredite que Makl seja um idiota


pomposo que ama muito a si mesmo, estou de acordo que ele será um
melhor parceiro que você. O que eu não gosto é do fato de que Murphy
tenha aparecido para me fazer uma visitinha.

— Não seja tão dura com ele. Sabe que lhe quer bem, a maneira
dele.

Sim, mas destruir as coisas ao redor dela era “a maneira dele”, toda
vez que ele aparecia era encrenca feia na certa.

— Sei... E estou muito agradecida pelo que fez, mas você tem que
admitir, quando ele está por perto tudo pode dar errado, e infelizmente
isso acontece quase sempre. Temos muitos problemas para escapar de sua
influência quando nos visita. Nem quero imaginar esse trabalho descendo
ladeira abaixo.

— Mas, ao menos, torna as coisas mais emocionantes.

— E perigosas. Esqueceu essa parte?

— Nós sempre sobrevivemos.

— Sim, mas por quanto tempo? — Resmungou.

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Ifruum entregou um prato de comida, as coisas no prato não se
pareciam com nenhum alimento que recordava quando era uma menina.
O que não daria um dia se conseguisse um hambúrguer com queijo, um
hambúrguer de verdade, com queijo e batatas fritas do Mcdonald. Era a
única lembrança a que se agarrava tenazmente, a única coisa que podia
recordar ter experimentado com prazer... Prazer, Makl. Merda, o sujeito a
fazia babar e lá estava ela planejando representar o papel de sua esposa,
companheira apaixonada.

— Não terei que beijá-lo ou algo do tipo, certo?

Por favor, diga que sim.

— Depende se o comerciante começar a suspeitar.

— Quanto tempo até que cheguemos ao novo trabalho?

— Um dia da Terra, mais ou menos algumas horas.

Muito tempo. Ela suspirou.

— Suponho que deveria ir ver se tio Murphy se foi e se Makl


sobreviveu ao interrogatório.

Ifruum estava encantado consigo mesmo.

— O que a faz pensar que Murphy acabou com ele?

— Makl dormiu com sua sobrinha e pelo que sei, a única — Ela
grunhiu. — Terá sorte se passar o dia sem um acidente.

Ifruum ficou atrás para limpar enquanto ela se dirigia à sala de


comando. Como Makl agiria? Demônios, como ela faria? Nunca tinha
dormido com um cara antes. Tampouco havia querido um homem para
uma segunda ronda e muito menos para uma terceira. Atuaria como se

130
nada tivesse passado ou mudado? Ou esperava algo mais dela? Ele não se
converteria repentinamente em um pegajoso, não era? Acreditava não
poder suportar um homem pegajoso.

Entrou no quarto e quase suspirou de alívio quando notou que seu


tio tinha desaparecido.

Pelo menos esse problema, temporalmente estava resolvido, e


novamente tinha um delicioso alien descansando em seu assento
enquanto... O que estava fazendo?

Virou-se para ver o motivo de tanta atenção, ofegou ao se deparar


com a cena na tela central.

— Somos nós?

— Sim. Somos famosos.

Embora a prisão devesse repensar o orçamento referente à


instalação de câmeras com melhor definição, a imagem estava meio difusa.
Ali estava ela, beijando Makl, dizendo tolices e depois escuridão.

— Este é o vídeo da fuga.

— Mais ou menos. Para ser mais preciso, o som é a mais nova


sensação nas telas estelares.

— Que maravilha, quanta estupidez — Ela enrugou o nariz. — Oh,


não posso acreditar que as pessoas estejam ouvindo essa merda.

— Ouvindo, amando e implorando por mais, mas desta vez com


total exposição de imagens.

— Sem chance.

— Por que não? — Makl sorriu e agitou a mão. — Não quer ser

131
famosa?

— Famosa fazendo pornô? Não obrigada.

— Você realmente se importa?

— É claro que sim.

— Fêmeas! Tão irracionais.

— Homens! Sempre pensando com o pênis — Respondeu com


insolência.

Makl jogou a cabeça para trás e soltou uma gargalhada.

— É engraçada, bárbara.

— E você tem um senso de humor muito estranho. Pode apagar


essa porcaria, sim? Não quero ouvir mais tanta bobagem. — Por que ouvir
quando queria vivenciar? — O que lhe disse meu tio?

— Não muito. Só quis se apresentar.

— E o ameaçou lhe amaldiçoar se abusar de mim? Exigiu que eu


fosse bem ou não?

— Não. E devia? De fato, eu gostei dele, admito que me surpreendi


diante dos comentários sobre ele.

Murphy não tinha intimidado Makl e nem lhe arrancara a


promessa de se manter afastado dela? Isso não parecia nada bom. Quando
Murphy agia de modo matreiro significava todo tipo de problemas. Teria
que manter os olhos abertos para que Makl não sucumbisse
involuntariamente à proteção asfixiante do deus que tinha escolhido
adotá-la.

132
— Não seja muito complacente. Murphy nunca faz nada sem um
motivo.

— Oh, eu sei — Seu mercenário azul piscou o olho.

Deus, o Azulzinho não sabia com quem estavam lidando.

— Nunca se deixe enganar — Disse com um estremecimento. —


Falo por experiência própria.

— Por que não me disse que foi adotada por uma entidade que se
acha um deus?

— Porque tentei esquecer — Murmurou.

— Deve ter tido uma infância e adolescência interessante.

— Oh é muito interessante ter o caos em erupção constantemente


ao seu redor. Aprendi desde muito jovem a esperar o inesperado. Como em
minha graduação na Confraria de Ladrões de carteira, um tio normal teria
soltados alguns foguetes. Ah..., mas isso não era o suficientemente para
ele. Então fez o terceiro sol do sistema solar explodir em mil meteoritos
obrigando uma evacuação total do planeta. E não queira saber o que
aconteceu com o primeiro garoto que beijei.

Makl se inclinou para frente absolutamente interessado.

— Na realidade, quero saber. Estripou? Cortou-lhe a cabeça?

— Nada tão sanguinário. O pobre rapaz desenvolveu uma estranha


alergia à saliva humana e quase sufocou. Mas isto não é nada comparado
com o primeiro cara que me deu o fora — Ela estremeceu com a
lembrança. — Digamos que Carma se encarregou desse problema quando
fez o truque do sorvete.

133
— À deusa Carma? — Perguntou com as sobrancelhas arqueadas.

— Primeira e única. Ouviu falar dela?

— Acontece que sou um de seus seguidores

Ela não pôde evitar rir.

— Bobo! Basta de falar dos meus tios. Ouvi que você resolveu nos
ajudar em um trabalhinho. Fez algo deste tipo antes?

— Brincadeira de criança. Deixe em minhas mãos, lembre-se que


são bem capazes e juntos, poderemos superar qualquer problema.

Isso é o que temo.

134
Passaram a maior parte do dia repassando os planos para o golpe.
Trabalhar como uma equipe poderia ser interessante. Makl estava
acostumado a fazer tudo sozinho, mas não podia negar que queria fazer
isto, face à demora na diligência para sua tia. A ideia de passar mais
tempo com Olivia já deveria ter disparado seus alarmes de advertência. Em
vez disso, se via desfrutando de cada brincadeira, cada sorriso que lhe
lançava.... Cada olhar quente quando pensava que ele não lhe prestava
atenção.

Parecia não ser o único a tentar esquecer o encontro sexual


explosivo do dia anterior. Tampouco era o único lutando para não
sucumbir novamente, uma luta que já previa perder pela maneira como o
ar crepitava ao redor deles.

No final do dia, quando a fadiga a reclamou, ou assim julgou por


seus bocejos, ele a abordou.

— Me ocorre...

— Convoque à imprensa, o Azulzinho teve uma ideia.

— Sabe, tenho um nome, Makl, mas se sua língua sente


necessidade de se exercitar, tenho algo onde pode usa-la — Ele agarrou a
virilha e a mexeu.

Ela fez uma careta.

— Ei! Mas que bruto!

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Ofendido, balbuciou a primeira coisa que lhe veio à mente.

— Não foi isso o que pensou ontem.

— Isso foi ontem. Estamos no agora. Tinha uma necessidade e você


estava à mão. Agora estou bem, então pode parar de tentar entrar entre
minhas pernas. Isso não acontecerá de novo.

— Sério?

— Sim, é sério. Além de seu ego imenso, saiba que você não é um
cara irresistível. Eu o satisfiz. Você me satisfez. Foi bom. Até rápido, para
falar a verdade. Agora, se me perdoar, quero dormir. Sozinha.

Levantou-se do assento e se dirigiu para o quarto, com as nádegas


remexendo as entranhas dele, nem olhou atrás. Mas tinha cometido um
erro fatal. O insultara e desafiara, invocando assim duas regras
mercenárias. Não podia permitir que isto ficasse sem resposta. Caminhou
atrás dela, entrou no quarto momentos depois. Ela se virou para enfrentá-
lo e levantou uma mão.

— Alto aí, Azulzinho. Quis dizer exatamente o que disse sobre


dormir sozinha.

— Essa cama é minha. Se você não gosta da ideia, pode encontrar


outro lugar.

— Sou uma convidada, a cama é minha.

— Não, no momento somos sócios, então o que é meu, é meu.

— Não tem sentido.

— Sério? Dormirei nesta cama. Agora mesmo se quiser. Deitar-se


comigo ou não, você é quem decidi.

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— Então vai me deixar dormir no chão? Não é muito cavalheiresco.

— Quem lhe disse que sou cavalheiro?

Ela franziu o cenho.

— Está bem. Compartilharemos. Mas não é um negócio divertido.

— Não a ouvi rir da última vez que estivemos nela. Segundo me


lembro, passou o tempo tentando recuperar a respiração ou me elevando
ao status de Deus ou era isso o que indicavam seus gritos no momento.

— É incrivelmente arrogante.

— Não é arrogante dizer a verdade. Dei-lhe um grande prazer.

— Então eu não contribuí?

Fingiu pensar nisso, inclinando o queixo.

— Na realidade, além de apertar as coxas e gritar, realmente....


Não. Eu fiz todo o trabalho.

Olhou-o boquiaberta.

— Filho de puta. Acaba de me chamar Bad Lay4. Vou matar você.

— Por favor, tente. Eu gostaria de me deleitar com jogos prévios


antes de ter relações sexuais.

Levantou uma sobrancelha em tom de brincadeira.

— Não vamos ter relações sexuais.

— Eu posso apostar nisso. Eu adoro um ganho fácil.

4..Bad lay: mulher que não faz nada durante as relações sexuais e deixa que o homem faça todo o trabalho.

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Seu sorriso era muito petulante, o que significava que merecia um
murro no estômago, mais uma joelhada na virilha? Sem hesitar aplicou os
dois.

— Odeio você.

Makl ficou surpreso e não reagiu

Ah, esse era o tipo de lucro que se consegue quando a dor ainda
irradiava de suas partes masculinas. Como se fosse recompensá-la agora
com sua experiência sexual. Deixe que sofra:

— Bem. Lamente minha perda quando nos separarmos.


Menospreze-me o quanto queira. Deteste-me, se realmente puder. Ouvi
dizer que o sexo zangado é do melhor tipo.

— Espero que você e sua mão tenham um bom tempo juntos, então
— Disse ela com insolência. Ignorando-o, girou sobre os calcanhares e se
afastou dirigindo-se ao banheiro.

Bárbara atrevida. Aceitou o convite imediatamente. Despindo-se, se


aproximou da porta, não o surpreendeu encontrá-la trancada. Ela não
podia ceder com muita facilidade. Inseriu o código para abri-la. Não
funcionou. Usou sua senha do controle geral da nave.

Acesso negado.

Como? Possivelmente digitou errado. Makl inseriu a senha que


abria qualquer porta na maldita nave.

Acesso negado.

Consultou os registros informáticos e amaldiçoou entre dentes ao


ver o rastro pérfido que ela havia criado. A humana zombou dele. De
algum jeito, tinha conseguido haquear a senha principal e relegado à

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senha dele a um status secundário.

Vou matá-la. Onde está minha pistola? Atiraria no tranca da


porta e estrangularia seu piscosinho branco. Não, se tocasse seu corpo nu
molhado, esqueceria a si mesmo e seu pênis usaria esse tempo para
substituí-lo. Melhor matá-la imediatamente. A tiros. Mas então, faria
muita sujeira no box. O único chuveiro. Não.... Teria que enfrentar sua
pele reluzente e úmida, atirar seu corpo voluptuoso ao espaço. Ou
poderia.... Se vingar. Ela queria negar sua atração por ele. Fazer parecer
que não o queria. Ah. Mas ele sabia a verdade. E mostraria. Não era a
única que podia jogar.

— Boa jogada, bárbara. Muito boa jogada — Murmurou. — Mas


isto não terminou.

Ela podia pensar que estava um passo à frente dele agora, mas
Makl prevaleceria no final, e a faria mendigar.

Quando saiu um momento mais tarde, com sua pele coberta de


água, limpa e nua, envolta em uma toalha, se assegurou de dar um
tapinha no traseiro e levantar o queixo para fechar sua boca enquanto
passava a seu lado, nu e preparado para o banho. Deixou a porta aberta
para que o vapor pudesse escapar, sabendo que certamente imaginava seu
maravilhoso corpo nu sob o jorro quente, lembrou-se da sensação de seus
corpos unidos no dia anterior quando o líquido quente corria por suas
formas.

Sabia que ela não podia esquecer. Repassou mentalmente esse


momento maravilhoso com ela enquanto se lavava. Mas não fez nada para
aliviar seu mal-estar. Ainda não. Envolvendo só uma toalha ao redor de
seus ombros e nada mais, já que seu pênis estava muito ereto para poder
ocultá-lo, saiu do banho, esperando vê-la esperando ansiosamente, pronta
para implorar por seu toque. Em vez disso, se deparou com roncos

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baixinhos.

Ela tinha dormido!

A consternação certamente se mostrava em sua expressão quando


se deteve sobre seu corpo adormecido. Como podia dormir em um
momento como este? Ele estava excitado. Ela estava excitada.

Sabia que ela estava. A menos que.... Não teria se atrevido.

Inclinou-se e cheirou suas mãos. O cheiro almiscarado de seu sexo


lhe cobria os dedos. A bárbara deu prazer a si mesma em vez de partilha-lo
com ele! Como se atrevia a cuidar da excitação pungente sem esperá-lo?
Sentia-se ludibriado. E isto os levaria a guerra.

Racional ou não, Makl não pôde evitar imaginar formas de fazê-la


sucumbir à luxúria por ele, porque estaria condenado se deixasse uma
fêmea se satisfazer sexualmente consigo mesma dentro da sua nave, não
quando tinha uma língua e pênis prontos e ansiosos a seu dispor. Antes
que esta viagem terminasse, ela suplicaria por ele ou seu nome não seria o
Conquistador Galáctico. Agora havia um nome gritando êxito.

-*-*-*-*-*-
Oh, sim. Isso era tão bom. Olivia abriu a boca e o calor aumentou.
Seu prazer dominando-a. Seus quadris empurraram contra a boca
enganchada a seu clitóris. Um gemido escapou. E seus olhos se abriram
quando despertou ao sentir uma lambida conscienciosa em sua vagina.

Pensou que devia protestar com o assalto de Makl a suas partes


femininas. E o faria, depois de gozar em sua língua. Sério, o cara sabia se
mover por ali. Na frente e atrás, lambendo sua protuberância inchada.

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Esqueceu a sessão que se deu com os dedos na noite anterior. O pequeno
orgasmo que teve, enquanto o imaginava no chuveiro, nem sequer se
aproximou do clímax que sentia crescer.

— Céus, sim — Gemeu. — Não pare. Vou gozar — Estendeu a mão


e agarrou seus cabelos só para senti-lo escapar. Sua pobre vagina notou
antes a brincadeira, esfriando sem sua respiração e boca para mantê-la
quente. Retorceu os quadris, mas o prazer não retornou. Makl desceu da
cama, de entre suas coxas e estendeu seu metro oitenta e três de azul.
Uma rajada de calor mantinha sua excitação elevada. Céus, ele realmente
era uma obra de arte. Olhá-lo provocava um prazer por si só. Mesmo sua
bunda era quente, muito quente e estava se afastando?

O que? Merda!

— Aonde vai? — Conseguiu grasnar, enquanto seu clitóris


continuava palpitando, esperando o grande final.

— Está acordada.

— O que isso tem a ver? Não lhe mandei parar com o que estava
fazendo?

— Já quase chegamos a nosso destino. Já que estava dormindo e


não estava certo de como desperta-la, fiz de uma maneira que sabia
desfrutaria pessoalmente. Assim toma nota disso para futuras referências.

Bem. Pegou a indireta.

— Não está esquecendo algo? — Perguntou ela, movendo seus


quadris em um aviso.

O azul debochado se distanciou mais, suas nádegas firmes


flexionando, parou e estalou os dedos.

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— Sim. De fato, esqueci.

Olivia sentou e esperou que ele continuasse sua versão oral de um


despertador.

— Ifruum diz que seu café da manhã estará preparado quando sua
bunda preguiçosa se dignar a levantar.

E com isso, Makl se fechou no banheiro.

Ele não acaba de fazer isso.

Fez. Incrível. Ficou olhando a porta e olhou seu corpo nu, suado e
muito excitado. Esse maldito idiota. Não sabia que jogo estava planejando
desta vez, mas como de costume, não importava. Mal tinha tempo de
cuidar de si mesma, porque um alto-falante crepitou.

— Olivia! Sei que não pode estar dormindo ainda. Mova-se, garota.
Já quase chegamos.

Sim, quase cheguei. Possivelmente poderia...

Makl emergiu no cômodo, ainda nu e ela desabou sobre a cama,


com o rosto para frente. Gemeu no travesseiro. Então gritou quando
sigilosamente o desaforado se inclinou sobre ela para murmurar em seu
ouvido:

— Peça-me com carinho e talvez lhe dê o que aparentemente não


necessita.

— Quando o inferno congelar.

— Considerando que a galáxia nunca descongelou, para mim isso


não tem sentido.

— Saia!

142
— Prefiro ficar e observar. Sei que você tem se acariciado pensando
em mim, bárbara. Parece-me algo incrivelmente excitante. Mal posso
esperar para vê-la fazê-lo. Quem sabe não me acaricie, também. Podemos
nos masturbar juntos.

Por um momento, suas palavras quase a tentaram a fazer isso


mesmo. Seu corpo ainda pulsava com ferocidade. Mas claro! Isso
significaria uma vitória que ele. E ela perderia sua vantagem. Teria...

Ah merda. Ela se jogou de costas antes de arrastar sua cabeça


abaixo e triturar sua boca contra a dele.

— Cale-se idiota e me foda já, entendeu? Meu café da manhã está


esfriando.

Não precisou que dissesse duas vezes. Quebrou o beijo, mas antes
de poder protestar, seu pesado corpo se instalou sobre o dela, do lado
contrário. Esqueça dá uma transada rápida. A lamberia de novo em um
segundo.

Olivia ofegou quando a língua encontrou seu clitóris, um som foi


interrompido quando a ponta de seu pênis rígido deslizou em sua boca.
Não ter muita experiência neste tipo de jogo sexual não significava que não
captasse o conceito. Lambeu acima e abaixo de sua longitude, deslizando a
língua pela pele sedosa. Lambeu a ponta, tomou em sua boca e sugou.
Apesar de não ter participado de sexo oral antes, aprendia rápido. Só fez
ao pênis o que lhe veio à mente e maldita fosse se não o fez mais grosso e
seus movimentos ficaram mais frenéticos.

Ficou mais difícil se concentrar e respirar quando a boca dele


causou estragos sensuais em sua vagina. Várias vezes, seus quadris
inclinaram sobre a cama e cada vez, ele desacelerava, deixando-a a beira,
ofegando. Quando ele deslizou os dedos nela enquanto trabalhava seu

143
clitóris com a língua?

Gritou ao redor do pênis e ele a chupou tão duro como pôde e


quanto o corcoveio de seus quadris permitiu. Seu corpo inteiro ficou
imóvel à exceção de seus dedos e boca. Seu pênis palpitava, então pulsou
novamente antes de gozar com um jorro quente. Olivia apertou os lábios
com força a seu redor e fez o que pôde para alongar seu prazer enquanto
ele seguia suscitando o seu até que ela soluçou.

Esgotada e ofegante, nem sequer pode abrir os olhos quando ele


cuidadosamente saiu da cama. Mas não precisou da energia necessária
para fazer um gesto grosseiro quando com ar satisfeito, lhe disse:

— Bom, eu não sei você, mas eu me sinto muito mais lúcido agora.

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Makl podia senti-la tensa sentada junto a ele enquanto o luxuoso
veículo aéreo que havia pedido ao chegar ao pequeno planeta comercial os
levava a seu destino.

— Relaxe.

— Estou — A resposta de Olivia saiu tão rígida como seu penteado,


uma peruca rosa que tinha conseguido em uma de suas muitas caixas de
butim.

— Não, não está.

— Oh, então. Não estou. Dá um tempo. Estou repassando o plano


em minha mente, tentando me assegurar que não nos esqueçamos de
nada.

Olhando-a, fresca e majestosa, com as mãos sobre o colo, cruzadas


com recato, a única demonstração externa de nervosismo era um delicioso
lábio inferior escondido entre os dentes, Makl negou com a cabeça.

— Oh, esqueça.

Olivia lhe devolveu o olhar com uma pergunta.

— O que?

Estendeu a mão para tocá-la e ela automaticamente se afastou.

— Desse modo levantará suspeitas. Lembre-se que somos um casal

145
apaixonado um pelo outro. Temos que aparentar que estou louco o
suficientemente para querer lhe dar um anel de tanto valor, não haja como
a virgem frígida, que ambos sabemos que não é.

— Nunca vai me deixar esquecer isso, não é?

— Não.

— Bem, porque temos que ser um casal meloso. Nem todo mundo
que compra um anel está se beijando e se acariciando.

— Você é uma fêmea que, obviamente, tem muito a aprender.


Confie em mim quando digo que não parecemos um casal romântico. Para
que possamos levar isto adiante, temos que convencê-los disso.

— O que propõe?

— Quero que me olhe como se quisesse me despir e me lamber todo


— À sério, ela já o fazia. Então, se quisesse expor seus pensamentos, ele
não diria que não.

— Isso é pervertido.

— Não pensou isso esta manhã.

Um colorido rosado cobriu sua face pálida.

— Foi uma aberração momentânea.

Ele soltou um grunhido.

— É uma mentirosa bem ruim.

— Oh.... Está bem. Gostei. Entretanto não preciso reviver esse


momento, para fazer o comerciante acreditar que estamos apaixonados.

— Não estou de acordo. O que é o amor a não ser de outra palavra

146
para a luxúria? Luxúria com um toque a mais. Algo quente. Apaixonado —
Ah, aí estava o brilho de calor que queria. Olivia umedeceu os lábios, um
lento deslizamento, sensual de sua língua que o levou de semiereto a duro
como uma rocha. — Agora me dou conta que não pode fingir amor, mas
parece que sabe tudo sobre a luxúria — O amor era para os fracos.
Diferente de seus primos, Makl nunca se apaixonaria por ela. Nunca
deixaria que uma mulher ditasse...

Oh, não era o olhar que ele queria. Toda para mim. A ideia
possessiva não o distraiu da face nem do calor lânguido que invadiu o
olhar de Olivia, um calor que agora conhecia muito bem... E ansiava. Seus
olhos se encontraram. Ela respirou fundo. Ele se inclinou, ela não se
moveu, mas suas pestanas revoavam, sobre seus hipnotizantes olhos.

Podia ocultar seus pensamentos mais íntimos, mas não podia


ocultar a dureza de seus mamilos se sobressaindo através da seda
apertada da parte superior das vestes.

— Pensei que se encarregaria da minha luxúria? Ou esqueceu que


gozei? Temo que toda a luxúria tenha me abandonado. Sinto muito.

Esperava seu desafio, algo que ele notou que gostava, mas em lugar
de responder, puxou Olivia para seu colo. Seu vestido armado, tirado de
uma de suas caixas de bens roubados, podia cobri-la até os tornozelos
encerrados nas belas botas, mas sabia que o tecido não fazia nada para
ocultar a ereção pressionando contra suas nádegas. Sua respiração ficou
superficial e desigual, um sinal de sua excitação ou isso tinha notado em
ocasiões anteriores. Puxou seu lábio inferior até que ela o separou do
superior com um suspiro. Como desfrutava de seus pequenos sons de
prazer. Inclinou-se e lambeu a linha de sua boca, aspirando sua
respiração quente, saboreando o doce bálsamo da maquiagem fazendo
seus lábios brilharem. Ela não se afastou, ao contrário, se inclinou mais

147
perto, sua boca faminta procurando a dele.

Puxando do tecido solto de sua saia, deslizou as mãos por suas


coxas, se deleitando com a suavidade sedosa da pele, a forma como ela se
esquentou por ele, acelerou seu ritmo cardíaco. Não parou sua ascensão
até chegar às costelas. Sem empecilhos, seus seios eram um peso bem-
vindo a suas mãos e acariciou os mamilos, a boca salivando por saboreá-
los. Mas conseguiu conservar suficiente bom senso para saber que não
tinha tempo para isso. Ele mordeu seu lábio inferior, chupando-o, logo
passou ao superior até que Olivia se agarrou a ele, seus dedos deslizaram
pela nuca em seu pescoço. Ela virou sobre seu colo, a saia do vestido
cavalgando sobre seus quadris quando sentou escarranchada sobre ele,
balançando seu núcleo contra o vulto em suas calças, levando-os a um
selvagem desejo.

Cuidando para não arruinar seu penteado elegante, agarrou a parte


traseira de seu pescoço e ajustou seu ângulo um pouco. Olivia abriu sua
boca para receber seu beijo, já não protestava, em seu lugar ofegava e
gemia, os argumentos anteriores se perderam em meio a crescente paixão.
Deslizou sua língua em duelo com a dela, um embate sensual que extraiu
um gemido dela. Retorceu em seu colo. Que tortura, ainda mais porque a
porta do veículo se abriu nesse momento. Demorou só um nano segundo
em empurrá-la contra seu lado, tirar sua arma escondida e apontar para o
cara olhando para dentro. E mais ou menos uma dúzia de olhos facetados
piscava enquanto três bocas, pintadas em tons de laranja, azul e verde,
arredondaram em um “O” de surpresa.

— Eita. Sinto interromper — Balbuciou o alien.

Não tanto como eu. Teria que ter pedido a rota panorâmica. Makl
embalou a forma de Olivia, seus músculos já outra vez rígidos enquanto se
preparava para por em pratica seu plano.

148
Hora de começar a ação.

— Deve se considerar afortunado porque me sinto benevolente ou


já estaria morto — Makl baixou lentamente sua arma.

Olivia agitou as pestanas e ofegou.

— Não quer dizer isso.

Sim tinha. Trabalho ou não, Makl não gostava de grosseria e a


interrupção com Olivia agora estava classificada no topo de sua lista de
coisas que não se devem fazer.

Olivia entrou em seu papel.

— É tão.... É tão possessivo e apaixonado. É algo bom que esteja


planejando se casar comigo, porque não sei por quanto tempo mais
poderei me conter — Ela apertou a mão contra seu peito e bateu as
pálpebras.

Um pouco exagerado, mas Makl gostou de seu estilo. Isto seria


divertido.

— Minhas desculpas, Senhor. Senhora — A cabeça inclinou


submissa. — Seu condutor me assegurou que estava desocupado.

Seu condutor peludo parou atrás do porta-voz alienígena. Makl


lançou um olhar assassino a Ifruum. Usando um gorro preto de forma
estranha com uma borda brilhante, o alien peludo zombava dele com uma
saudação. Mais tarde acertariam as contas. Makl voltou sua atenção para
o ser nervoso diante a porta do veículo.

— Te perdoou desta vez.

— E que você é? — Perguntou o alien.

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Inclinando seu queixo no ar, adotou uma expressão ofendida.

— Como não me reconhece. Sou o grande, o maravilhoso Makline'


Uum'perdio. Soberano supremo dos sete planetas...

— O mais rico, mais próspero — Olivia proclamou dando ênfase.

— Da Sexagésima Nona Galáxia. Não permita que seu assombro o


deixe cego. Como é de se esperar.... Você pode me tratar como sua alteza.

— De fato senhores, um, Altezas. Você e sua fêmea seriam fariam a


gentileza de me seguir?

— Minha prometida tem nome — Grunhiu Makl, deslizando fora do


veículo aéreo, o braço ao redor de sua cintura praticamente arrastando-a
com ele. Antes que o alien pudesse dizer algo, acrescentou: — Entretanto,
o proíbo de usá-lo ou se referir a ela absolutamente. Já é suficientemente
inadmissível que tenha tido uma visão de suas pernas. Sou um tipo
ciumento e não vai querer que fique com uma ideia equivocada. Matei o
último homem que a olhou fixamente nos olhos.

— Farei o possível para evitar todo contato, Sua Alteza — A criatura


com os braços e pernas magras retrocedeu com a cabeça inclinada. — Se
me seguirem, temos só algumas coisas que fazer antes de poder entrar na
sala de exposição. Creia são somente assuntos de segurança que um
governante tão importante como o Senhor compreende, estou seguro.

Havia realmente um rol mais divertido que o de um líder pomposo?


Makl farejou ruidosamente.

— Me informaram de seus protocolos — Fez a palavra soar suja. —


E tenho que dizer que não estou contente de me ver forçado a vir até aqui
sem meu guarda pessoal ou algo mais que uma arma.

150
— O que se solicitou deixar, sua alteza, junto com as outras armas.
É parte de nosso procedimento de segurança.

— É um ultraje — Cuspiu Makl. — Me tratar como a um ladrão


vulgar. Se meu amor, meu delicado sol não tivesse pedido está
quinquilharia, nunca suportaria tanta insolência.

— Oh, Snookums5, não deixe que esse sujeito grosseiro o faça


mudar de opinião.

— Será melhor que valha a pena — Grunhiu Makl.

— Meu mestre tem tesouros que são únicos em seu tipo.

— Maravilhoso.... Perfeito — Disse Olivia. — E quero um. Por favor,


minha Delícia Real, ficarei tão encantada se me presentear com tal mimo
— Disse ela, arrastando um dedo pelo braço.

— Quão encantada? — Perguntou, se apoiando.

— Muito. Muito encantada. — Sua voz se tornou em um sussurro


rouco, ele cortou a distância e a beijou. Poderia ter mentido e dizer que o
fez como parte da encenação, mas um macho não podia resistir muito
mais. Pelo universo, tinha um sabor tão doce. Muito doce. Doce como para
estar todo o dia, chupando sua língua enquanto seu pênis oscilava em sua
fenda e espremia uma cifra recorde de orgasmos nela.

Maldição. Chega. Não podia se distrair, não importava quão


agradável fosse. Tinha uma missão e uma bonita quinquilharia a
surrupiar.

Quebrando o abraço, acariciou o lábio inferior com o polegar.


Esteve a ponto de saboreá-la outra vez. Estava tão deliciosa. Uma fêmea

5
..Snookums: O Bebê Dinossauro da Série Dinossauros. É um Dinossauro azul com crista e pontas de cauda violetas e
com olhos rosados e negros.

151
que qualquer macho haveria de querer ter. Em outras palavras, perfeita
para o papel. Perfeita para mim.

— Vai me dar esse presente, não? — Juntou as mãos sobre os seios


e o olhou com olhos ternos.

Merda, como algo tão simples como um olhar podia ser tão
sensual? Dar-lhe-ei qualquer coisa.

Tossiu.

— Como posso ter a certeza de que minha prometida estará


segura?

— Não há lugar mais seguro neste planeta, ainda mais como a loja
do meu mestre. Entre e verão. Somos inexpugnáveis. Ninguém chega sem
convite, nenhum ladrão ou assassino, nem mesmo clientes. Todo mundo
passa por uma investigação rigorosa, até o pessoal.

Makl já sabia. O joalheiro cometeu o engano de se gabar para todos


os que ouviam que ele era a prova de ladrões. Murphy não pôde resistir ao
desafio e Makl se ofereceu imediatamente porque uma façanha como esta
faria sua fama ainda maior.

— Se algo acontecer a ela, eu... — Makl terminou a frase com um


frio sorriso de seus dentes pontudos. Três bocas deu um passo atrás.
Jogou a pistola e facas sobre o balcão na recepção como demonstração. E
a contragosto abandonou a adaga oculta em sua bota quando o guarda o
revistou e encontrou a arma assim que passou em um complexo detector
de metais. Olivia, rindo e após repreendê-los por escanear suas partes
intimas, não teve problemas de nenhum tipo. Exatamente como tinham
planejado.

Preparado o primeiro ponto de controle, uma vez mais enlaçou seu

152
braço com o dela ao caminhar atrás do alien de três pernas, a capa de
Makl girando ao redor de suas botas.

O segundo controle consistia em cuspir e doar uma gota de sangue


para verificar se havia nanobots ou toxinas. Passaram facilmente.
Deixando com prazer a estação, Makl enroscou o braço ao redor da cintura
de Olivia enquanto seguiam o alien entrando ainda mais no edifício. Ela
deslizou o braço sob o tecido de sua capa para cobrir suas costas. Apoiou-
se nele e levantou o rosto.

— Quanto tempo mais até vermos essas maravilhas? Estou me


aborrecendo — Oh, ela era boa.

— Não muito, Minha Preciosa. Encontraremos para você o maior


anel que tiverem.

— Esqueça o maior, eu quero o mais caro. A menos que pense que


não valho — Seu lábio inferior se sobressaía em uma careta e quase
tropeçou, ao vê-la agir com tanta sensualidade. Beijou-lhe a ponta do nariz
arrebitado e quando seus olhos se cruzaram.

— Merece cada crédito que este universo tem a lhe oferecer. E se


não for suficiente, então terei que ir à guerra outra vez e conquistar uma
nova galáxia.

— Só para mim? — Ela bateu suas pestanas.

— Só para você. Sabe que lhe daria o universo. As estrelas e as


luas. Cada joia na existência. Daria tudo só para fazê-la feliz.

Ela soltou uma risadinha.

— Ah, meu amor azul, só quero você e esse anel. Ah, talvez alguns
brincos também. Sei do que você gosta quando deslumbra meu cofre lá

153
embaixo — Piscou-lhe o olho, e desta vez, sua escolta tropeçou.

Quanto mais brincavam, e personificavam seu papel de alien rico


apaixonado e sua fêmea carinhosa e sensual, mais Makl se divertia. Nunca
tivera a oportunidade de trabalhar com um sócio, nunca imaginou adorar
representar um papel, especialmente o de amante. O que devia assusta-lo
era o fato de que não precisava de muito esforço de sua parte. Tudo o que
fazia e dizia saia natural e de coração. Claro, que se expressava com
termos mais floridos do que usaria na realidade, mas além das pretensões
grandiosas e apelidos ridículos, a forma como se tocavam e a beijava
quando se centrava nos personagens, tornava muito fácil de acreditar.

Mas, por mais que se concentrasse nela, também dava atenção ao


que ocorria ao redor. Tinha que fazê-lo. Esse poderia vir a ser um jogo
mortal. Um engano e poderia ser o último. Um movimento errado... Olivia
poderia ser machucada ou morta. Makl não permitiria que isso
acontecesse. Por que a ideia dela ferida o enchia de uma raiva fria? Não
sabia dizer, contudo, abraçou-a com força.

Passaram os pontos de segurança com facilidade. O mau


funcionamento de um equipamento aspirando parte de sua saia para
dentro e entupindo o aparelho, expondo suas pernas, isso o levou a um
ataque de fúria, que logo deu lugar a serem conduzidos rapidamente
através dos dois pontos seguintes de controle, selando o destino da
joalheria. Com eles dentro.

E chegou a segunda parte do plano.

Olivia não se lembrava de ter se divertido tanto em meio a um


ataque. Certo que ela e Ifruum haviam representado personagens nos
muitos golpes do passado. Grandes e pequenos. Alguns requeriam uma
ação mais detalhada, outros simplesmente dedos ágeis. Mas o que mais
recordava de todos eles era o nervosismo, o medo de ser apanhada e se

154
concentrar constantemente em seu papel e parte do plano.

Nada disso resultou ser um problema com Makl. Por alguma razão,
ter o grande mercenário a seu lado, mesmo que parecesse tão tolo,
interpretado o papel de apaixonado, e crível, amante, trouxe-lhe uma
confiança que não compreendia.

Por que se sentia tão segura? Tão protegida? Por que sabia que ao
primeiro sinal de perigo, ele agiria sem hesitar e salvaria a ambos? Será
que já confiava tanto nele? Confiança ou não, ela cuidaria para que tudo
fluísse como uma brisa sem obstruções. Navegava pelo caminho com
instinto natural. O guerreiro azul feroz era um ator nato. Diabo, até ela
estava acreditando estar loucamente apaixonada por ele. Ainda bem que
sabia que estavam em um jogo perigoso ou poderia se apaixonar por seu
falso olhar ardente, suas carícias sensuais e abraços carinhosos.

Em retrospectiva, alegrava-se de ter aliviado sua tensão sexual


mais cedo ou do contrário, no modo como reagia as suas inocentes
carícias, poderia ter um orgasmo no momento inoportuno, como quando
ele ficou de joelhos na loja, agarrou sua mão direita e a olhou nos olhos.

Estavam na fase final. O interior do santuário do joalheiro, um


horrível ser corpulento que rebolava para trás, ofegando para entregar
uma grande caixa a Makl para que a inspecionasse. Ele tirou uma
monstruosidade brilhante. Um anel de ouro desaparecia sob a sombra da
pedra preciosa, quase lhe ofuscando a visão com seu brilho. Merda. A
coisa devia pesar uns bons quilos.

Makl agarrou sua mão e colocou a joia bestial sobre ela.

— Minha querida. Deusa de meu coração. A quem valorizo acima


de todas as demais. Sou consciente de que este anel não pode superar sua
beleza ou o que sinto por você, mas aceite usar esta joia como um símbolo

155
do nosso amor sem fim?

— Oh, snookums, é obvio que sim — Makl habilmente deslizou o


anel em seu dedo, o peso da pedra arrastou sua mão para baixo. A pedra
enorme diminuía seus dedos. — Vou entesourar este anel e o sentimento
em que me foi oferecido, para sempre.

Makl sorriu.

— Excelente. Faz-me o ser mais feliz do Universo. Mal posso


esperar até que minhas outras esposas a conheçam. Certamente vão lhe
amar.

E agora vinha a parte divertida. Olivia chegou para trás, puxando


sua mão, com uma expressão indignada no rosto.

— Outras esposas? Como? Importa-se de me explicar o que quer


dizer com isso?

— Eu diria que é bem claro. Disse que não posso esperar que
minhas outras esposas a conheçam. Há outras estrelas que brilham em
meu universo.

— Tem um harém?

— É claro. Um homem como eu não pode se restringir a uma só


fêmea, não quando tenho tanto amor para dar. Mas não se preocupe,
tenho muito espaço em minha agenda para você. E quando eu não estiver,
o cuidado de minha prole crescente a manterá ocupada e pensando em
mim.

Ela avançou para cima dele e uma vez cara a cara, empurrou seu
peito com o dedo anelar.

— Não acredito. Ou se divorcia das outras ou vou embora.

156
— Me divorciar das minhas onze esposas e deixar meus trinta e
seis filhos sem pai? — Seus olhos arregalaram ofendidos.

Mordeu a língua quando agitou a cabeça.

— Se me ama, o fará.

Ele a agarrou pelos braços.

— Me peça qualquer coisa menos isso.

Ela esmurrou seu peito, seus diminutos punhos ficaram agarrados


em sua capa, o anel enganchou na malha.

— Idiota. Pensei que me amava. Que era a única.

O comerciante observava consternado, retorcendo as mãos.

— Talvez necessitem de um tempo para pensar nisto?

— Não se meta nisto — Gritaram os dois.

Olivia arrancou o anel e o meteu na caixa do joalheiro.

— Parece que vai mantê-lo consigo. Já não o quero. O compromisso


está desfeito — Virando-se com a cabeça bem alta, começou a caminhar.

— Mas querida, o que aconteceu com o “me amar para sempre”? —


Perguntou Makl enquanto a perseguia.

Ela não deteve suas passadas zangadas.

Atravessaram voando todos os postos de controle, discutindo. Ela


até chorou em um momento, paralisando um guarda que não podia
empurrá-la por seu controle rápido o suficientemente. Em menos tempo do
que demoraram a entrar, já estavam no veículo aéreo e se dirigindo de
novo à nave. Fizeram em silêncio, esperando por algum tipo de

157
perseguição, com os corações acelerados pela adrenalina.

Só ao ver as portas do hangar da nave se fecharam, Makl rompeu o


silêncio.

— Conseguiu?

— Claro que sim — Com um sorriso de orelha a orelha, Olivia


inclinou para frente e habilmente tirou o anel do bolso de sua capa. —
Nunca fiz uma troca mais fácil.

— Me perguntava se todo esse plano daria frutos. Certamente


funcionou as maravilhas — Lançou lhe um olhar lascivo e moveu as
sobrancelhas.

Soltou uma risadinha, um riso que crescia e crescia até


praticamente cair na gargalhada. Makl não parecia ofendido; ao contrário,
ele sorria amplamente, como se gostasse de ouvi-la rir. O azulzinho era
certamente o cara mais estranho que já tinha conhecido. A maioria dos
machos estaria bufando e grunhindo, exigindo saber por que ria. Seu ego,
entretanto, não tinha limites. Ela o insultava e ele, de alguma maneira, via
isso como um elogio. O chamava de psicopata ou assassino e lhe pedia
para repetir a todo mundo que conhecia. Rejeitava suas insinuações
sexuais e aceitava bem, como se fossem jogos prévios. Simplesmente
nunca lhe ocorreu que não o quisesse. Pior ainda, ele tinha razão.

Nunca tinha conhecido um ser sem temor de dizer o que pensava,


sem se importar em quão retorcida fosse sua opinião. Nunca conheceu
alguém tão cheio de confiança e vida. Nunca tinha conhecido ninguém
como ele e isto a atraía mais do que deveria.

Entretanto, havia outras vezes que se perguntava se estava


completamente fora de controle, e lutava contra o impulso de matá-lo. Por
exemplo, dez minutos depois, à medida que relaxavam em seu quarto

158
enquanto Ifruum os tirava dali. Makl folheou os canais de notícias do
planeta que acabavam de roubar, esperando o anúncio do roubo. Saíram
da galáxia sem um só boletim de notícias. Olivia aplaudiu em silêncio.
Tinham realizado o plano sem problemas e sem fazer ruído. Isto, por
alguma razão, desagradou Makl.

— Como posso ganhar fama se ninguém souber que cometi o


crime? — Resmungou enquanto passeava pelo grande quarto que
compartilhavam. Sentada com as pernas cruzadas sobre a cama Olivia
deteve sua admiração pelo anel e o dinheiro que conseguiriam com ele,
lançou lhe um olhar de incredulidade.

— Fala a sério? Por que quer que saibam que foi você? Não é esse o
objetivo ao planejar um crime perfeito e escapar impune?

— Sim, mas como se supõe que vou alcançar notoriedade se


ninguém souber que fui eu quem executou o crime?

— Quer que eles saibam o que você fez?

— É obvio. Se não como vou ganhar fama?

O olhou espantada por alguns minutos. Quando não respondeu, ele


se voltou e zangado abriu os canais de novo, murmurando tolices. Seu
grande azulzinho queria deixar um rastro. Isto a fez pensar nos gibis que
costumava ler na Terra. Claro que, Makl era menos o Capitão América e
mais como o homem tentando se apoderar do mundo com calças de coton6
escuras, mas mais quente.

— Se quiser que as pessoas saibam quem é, então comece a deixar


um cartão de visita. Algo que possam encontrar assim que a poeira baixar.

— Um cartão de visita? — Esfregou o queixo, pensativo. —

6
Coton é uma fibra sintética conhecida por sua grande elasticidade e resistência.

159
Suponho que isso poderia funcionar. Teria que ser à prova de fogo e água,
entretanto, já que nem sempre deixo as cenas intactas.

Queria esbofetear a si mesma quando ele levou suas palavras a


sério.

— Não é um cartão de verdade, idiota, tem que ser uma marca só


sua... Como o Zorro cortando em Z. Ou Batman com sua máscara e
brinquedos.

— Não sei de quem fala.

Claro que não. Eram referências culturais da Terra. Fez todo o


possível para explicar. No final, com um cenho franzido, seus olhos tinham
um brilho reflexivo.

— Então tenho que encontrar algo emblemático pelo qual vou ser
reconhecido.

— Exatamente.

— Um fator único em minhas proezas que me farão destacar e


mostrar minha grandeza.

Ela revirou os olhos, mas assentiu com a cabeça.

— Agora, por que isso não está no manual? — Perguntou em voz


alta, mas sem se dirigir a ninguém em particular.

A porta de seu quarto se abriu sem prévio aviso e Makl virou, sua
postura relaxada imediatamente mudou para a de um guerreiro preparado
para a ação. Sustentando sua arma e apontando a Ifruum antes que seu
amigo dava mais dois passos adentro.

— Deve bater — Grunhiu Makl, o brincalhão de instantes antes foi

160
substituído por um assassino com olhos de aço. Que engraçado ela poder
esquecer esta parte dele na maior parte do tempo, mas quando o
mercenário duro aparecia... Era bastante sexy.

Ifruum ignorou a arma apontada e entrou.

— Bater na porta é para os educados. Regra dos mercenários


número...

— Não precisa me citar as regras. Sou muito consciente delas.


Posso entender que tenha uma razão para irromper em meu quarto. É
muita coragem da sua parte se considerasse que eu poderia estar
usufruindo de sua sócia “não tão virgem”.

Ifruum franziu o cenho.

— Me ocorre que seu amável tutor, deveria questionar suas


intenções para com ela.

— Desonrosas — Makl respondeu com um sorriso.

Inclinando-se para frente, Olivia o golpeou, com o rosto ardendo.

Ifruum assentiu.

— É bom saber. Penso que não está pensando em matá-la? —


Perguntou Ifruum.

— Não. Ainda preciso deixa-la com meu primo para que banque a
babá.

— Pense em algo não tão perigoso — Interveio ela.

— Oh, definitivamente. Não vou dizer a minha tia Muna que tive
uma humana em minhas mãos e a perdi.

161
— Ela manterá sua palavra — Disse Ifruum com um movimento de
sua pata. — Depois de fazermos algumas paradas, certo? Planejei um
itinerário divertido até encontrarmos com seu primo, se não se importa.

— Me importarei se forem tão inúteis como a última — Makl fez


uma careta, que deveria ser estúpida em um macho adulto, mas que a
fazia querer beijar o lábio inferior se sobressaindo.

— Como pode dizer que nossa missão foi inútil? — Levantou o anel
e o fez brilhar sob a luz. — Foi um êxito. Quero dizer, olhe o que temos.
Não tem preço.

Não impressionado, Makl encolheu os ombros.

— Outra quinquilharia. A quem importa? Tenho caixas delas.


Roubo objetos estranhos pela glória e desafio. Sem glória, não tem sentido.

— Então deseja chamar a atenção? — Ifruum acariciou o queixo


impreciso e Olivia não confiou na astúcia em seus olhos. Nem um
pouquinho.

— Claro que quero chamar a atenção. Sou o Conquistador


Galáctico.

— Pensei que fosse o Vingador — ela comentou, revirando os olhos.

— Mudei de opinião.

— Pensei que isso fosse privilégio das fêmeas.

— Onde aprendeu algo tão maluco quanto isso? — Perguntou. —


Fêmeas são mais obstinadas e menos propensas a ceder, nós, os machos
estamos mais inclinados a mudar nossas mentes. Vocês humanos são
estranhos — Ele negou com a cabeça.

162
Uma vez mais, ela não entendia a trajetória errática de seus
pensamentos, mas estranhamente a entretinham.

— Se inventar um apelido, então eu também o faço — Interrompeu


Ifruum.

— O que acha de Blood Sucking Fanged Wulfen7? — Makl lançou


grandiosamente.

Ifruum esfregou o queixo.

— Não está mal, mas pensava mais na linha de algo curto e


simples. Como Fluffy8 ou Spot9.

— Feroz Spot — Sorriu Makl e a língua de Ifruum caiu para baixo.


Mais uma vez, Olivia queria bater em si mesma na testa.... Se ela não
podia vencer, se uniria a eles.

— Qual deveria ser o meu?

— Que tal Concubina Galáctica?

— Ah, não, acredito que vou passar. E Lissome Vixen10?

— Que tal selecionar algo em uma linguagem que todos possamos


entender? — Makl zombou, seu vocabulário aparentemente limitado....
Provavelmente pelo uso de esteroides alienígenas. — Não, acredito que
devamos usar Galáctica Rosada Portal de Felicidade — Makl lhe piscou o
olho.

Ela quase engasgou.

— Arrrss, o que acha de Cadela Galáctica que vai chutar sua


7
Lobo espacial chupador de sangue
8
Esponjoso
9
Ponto
10
Ágil bruxa

163
bunda em um minuto?

Makl sorriu e lhe fez gestos com um dedo para que tentasse.

Ifruum suspirou.

— Estamos de novo lutando? Sério? E eu que pensava que por fim


tinham chegado a um entendimento.

Olivia colocou as mãos nos quadris e olhou Makl cujos olhos azuis
eram ousados.

— Nos entendemos perfeitamente. Entendi que é um idiota.

— E está ansiosa por meu toque outra vez. É fácil de detectar uma
vez que conhece os sinais — Makl declarou com voz grave, sem romper o
olhar. — Começa a falar e faz o contrário. Na realidade é adorável. Então
vou dizer como solucionar seu problema. Para sorte dela, minha agilidade
na cama é como um “cura tudo”. Anote isto. Ela insiste que me odeia.
Posso mostrar que está enganada e começar desde o começo.

O calor se espalhava pelo rosto enquanto balbuciava.

— Não faço nada disso. Seu.... Seu.... Idiota! Odeio você!

— Claro que sim — Aplacou a cabeça de pássaro azul, sempre tão


presunçoso.

Socou-o no estômago ou tinha a intenção de fazer, mas ele a


agarrou pela mão e a puxou para si.

— Vê o que quero dizer? Você sabe que não pode realmente me


bater. Só faz isso porque deseja que a agarre. Mas saiba, pequena bárbara,
poderia ter me pedido para lhe segurar a mão. Estou mais que disposto a
me aproximar — Piscou-lhe o olho.

164
— Não estou tentando me aproximar de você, idiota azulado —
Mentiu entre dentes. Sim, as palavras saíram de sua boca, mas não se
afastou. Seu corpo nem sequer tentou lutar contra seu encanto e ficou
onde estava, pressionada contra ele.

— E isso é um problema? Sabe que amo ser provocado.

Não sabia o que teria dito ou feito depois, porque Ifruum os


interrompeu.

— Ei, vocês dois, calem por um segundo e olhem isto. É notícia! Na


verdade, os dois são.

— Somos? — O anúncio distraiu Olivia de sua falsa luta com Makl.

Makl se voltou completamente alegre.

— Isso é excelente. Que canais estão noticiando?

— A maioria neste setor da galáxia. Veja por si mesmo.

Passando por vários canais de notícias, Makl sorriu enquanto os


títulos apareciam.

A dupla beijocando-se ataca de novo.

Azul e marfim, as novas cores do amor, ou não são realmente?


Você decide.

Os Pombinhos Galácticos, o que agora parece ser um padrão,


roubaram o famoso joalheiro...

Enquanto mudava de canal, navegando de intriga a intriga, Makl


riu em voz alta de algumas afirmações desatinadas e exclamou algo sobre
o horrível ângulo das câmeras de segurança. Os informes e títulos se
tornaram cada vez mais belicosos.

165
Olivia sentou e gemeu.

— Oh... Céus, somos os novos Thelma e Louise11.

— Quem?

— Quer dizer Bonnie e Clyde12 — Adicionou Ifruum.

Ela franziu o cenho.

— Quem?

Sorrindo de uma maneira que certamente não pressagiava nada de


bom, Makl declarou:

— O que importa? Somos famosos.

— Eca, mas estão nos chamando de Pombinhos Galácticos.

Uma careta de irritação torceu os lábios de Makl.

— Sim, teria preferido que dessem mais destaque a meu nome


público, mas acho que meu agente pode arranjar isso com os meios de
comunicação.

— Tem um agente para falar com os meios de comunicação?

— É claro. E um gerente de negócios também. Todo bom


mercenário tem um. De que outra forma se pode conseguir um contrato?
Sou famoso graças aos meus feitos ilegais, assim meu gerente de
marketing difunde esses feitos no Universo, elevando assim o preço de
meus serviços. Uma vez que chega a certo nível de notoriedade e a moeda é
fluída, todo bom negociador necessita de alguém para dirigir seus
assuntos e fortuna.
11
Thelma e Louise: duas amigas da classe trabalhadora que em conjunto planejaram uma escapada de fim de semana
dos homens em suas vidas.
12
Bonnie e Clyde: os amantes do crime. Estavam apaixonados, amavam o risco e desafiavam a lei.

166
Santo céu. Makl era um matador fanfarrão, um sujeito de negócios,
com um empresário de marketing e contabilidade. Isso aturdiu sua mente.

— Não o preocupa caso o cara que cuida de seu dinheiro o roube


por sua vez?

O sorriso que Makl lhe dirigiu, sombrio, ameaçador e alegre, não


deveria ter provocado um calafrio em suas costas, ela não gostava de
violência, mas seu deleite também disparou um formigamento a sua
vagina. Parecia tão perigoso e tentador, que mulher poderia ter resistido?
Ela conseguiu, mas só porque abandonou o quarto.

Assim que Ifruum e Makl debatiam sobre a fama inesperada, e


discutiram como tirar proveito dela, se dirigiu ao banheiro, com vontade de
tirar a pesada peruca e tomar um banho. Enquanto estava de pé sob a
água quente, refletiu sobre a estranha reviravolta de sua vida nos últimos
dias. Tinha conhecido um cara que a atraía e lhe dava um prazer inédito e
na aventura que acelerava seu coração, mas também a fazia rir mais do
que podia recordar. Apesar da singularidade de seus pensamentos, com
Makl encontrou alguém com quem podia falar e que não era como um
irmão mais velho ou um tio. Não tinha lhe escapado nos últimos anos que,
de certo modo o peludo Ifruum lhe lembrava seu tio Murphy, não que lhe
diria isso. Comparar Murphy com um Chewy peludo quando se
considerava tão ardiloso e agradável provavelmente não seria nada bom.

Perguntou-se o que Murphy pensaria de Makl. Então se perguntou


por que se importava. Se só pudesse falar com alguém sobre os estranhos
pensamentos lhe passando na cabeça. Apesar do fator loucura, desejava
que sua incomum tia Carma lhe fizesse uma visita, mas tinha ido a uma
de suas aventuras e não respondia a nenhum de seus chamados. Quem
restava para que pudesse falar sobre o que sentia por Makl? Quem poderia
explicar por que um ser que deveria ser fácil rejeitar e resistir, que,

167
entretanto, derretia continuamente todas as suas defesas?

Certamente o efeito sobre ela não duraria para sempre? Não podia.
Tinha a intenção de deixá-la em algum momento com esse primo dele. De
uma forma ou outra, esta viagem selvagem finalmente terminaria. Bem, se
agora só pudesse entender por que o pensamento a deprimia. Não posso
me afeiçoar a ele. Mal o conhecia e não tinha a intenção de chegar a
conhecê-lo melhor. Bom, melhor do que já conhecia, mas isso era só sexo.
Sexo era fácil entender. Era a parte emocional de uma garota que
precisava afastar. Olivia sabia que se afeiçoar provocava dor. Que a
confiança conduzia à traição. E não cometeria o mesmo engano de novo.

Quando saiu do banho, ainda sem entender como se sentia sobre o


mercenário, o procurou de forma automática. O quarto estava vazio e seus
ombros caíram. Por alguma razão, tinha esperado vê-lo, deitado na cama
com aquele sorriso sedutor, com uma brincadeira esperando em seus
lábios porque se insinuou antes. Não o tinha incitado de propósito. Ela o
desafiara com a esperança de que ele tomasse a decisão de suas mãos e
desse a ela o que queria, mas não podia pedir. Irritou-a que tivesse
captado seu jogo sutil, um jogo que nem sequer sabia que estava jogando
até que ele o apontou. Como se atrevia a conhecê-la melhor do que ela a si
mesma? Era difícil se agarrar a imagem dele como bufão quando
continuava mostrando uma estranha percepção.

Deixando cair a toalha, caminhou nua até a parede, para procurar


uma camisa limpa. Não conseguiu. Braços a envolveram por trás e ela
gritou, se debatendo de imediato.

Makl lhe sussurrou ao ouvido:

— Olá, bárbara. Hummm.... Muito cheirosa.

— Me assustou. Onde se escondeu?

168
— Sob minha capa.

— Por quê?

— Surpreende-la.

Tinha conseguido. Também tomou nota de um dado mais crucial.

— Está nu?

— Totalmente. Quer ver?

De fato, queria. Voltou-se em seus braços quando ele empurrou o


capuz da capa para trás, rompendo o encanto da invisibilidade e
mostrando, todo seu eu musculoso, nu. As mãos voltaram para estreitar a
parte superior de seus quadris. Ela não se afastou, ao invés disso deslizou
as mãos sob o tecido macio da capa para acariciar seu peito, detendo-as
junto ao aro que fechava seu peitoral.

— E por que quer me surpreender?

— Bom, a princípio queria ver se iria se acariciar ao pensar que


estava sozinha.

— E planejou olhar?

Ele assentiu.

Merda, por que o pensamento a excitava tanto?

— O que o fez mudar de opinião?

— Não quero ser só um espectador.

— Está com a mente nublada outra vez? — Se referia a tal lei dos
mercenários ou regras, ou que caralho fosse que gostava tanto de citar.
Servia para recordá-la que o que compartilhavam era só sexo. Nada mais.

169
Só uma necessidade física.

— Me daria um pouco de clareza de pensamentos, sim.

— Por que não pergunta a uma das suas.... Quantas esposas disse
que tinha? — Seus lábios curvaram.

— Muitas para que qualquer macho se ache seguro.

— Então não é casado ou possui todo um esquadrão de fêmeas na


vida real? — Não o olhou nos olhos quando perguntou, não queria que ele
soubesse o quanto lhe interessava a resposta.

Ele estremeceu, o tremor foi claro em suas mãos ainda em seu


peito.

— Pelo Universo, não. Não acredito em relações duradoras.

— Sério?

— É uma distração que mercenário algum pode permitir. E uma


fraqueza que nossos inimigos podem aproveitar.

— Me deixe adivinhar, é uma das regras — Realmente precisava ter


em suas mãos uma cópia deste Manual dos Mercenários.

— Na realidade não. O livro não trata sobre fêmeas e relações, mas


li o suficiente para dar atenção à advertência. Alguns escolhem ignorá-la e
acasalar. Eu, entretanto, não tenho essa inclinação.

— Portanto, as mulheres, quero dizer, fêmeas são só para sexo?

— Em essência.

— Não vai tentar me amarrar para me manter nua? Ou terá um


ataque de ciúmes porque um cara fala comigo?

170
Por um momento, a expressão de seus olhos ficou fria e gelada.

— Claro que não. Uma fêmea é só uma fêmea, mesmo uma tão
exótica quanto você.

— É bom saber. Eu não gostaria de vê-lo chorar quando tivermos


que nos separar.

Uma vez mais, um brilho estranho apareceu em seu olhar, no


segundo seguinte desapareceu.

— Não vou nem lhe dizer adeus quando a deixar.

— Perfeito. Então acredito que não há razão para não termos sexo.
Como bem sabe, é só para manter a mente clara e tudo mais.

— Temos que seguir as regras para ter êxito.

Por um momento, olharam um ao outro, palavras que não estavam


dispostos a dizer pesavam nas línguas. Seus olhos brilharam com
sentimentos de modo muito rápido para discerni-los. Não se falou, mas o
momento explodiu.

Lançaram-se um sobre o outro, lábios e dentes chocando em um


combate selvagem que implicava línguas, gemidos e o manuseio frenético
das peles nuas. Terminaram na cama, Olivia sobre Makl, sua vagina
molhada apertando contra seu pênis palpitante.

— Já vejo que está desesperada por clarear a mente — Gemeu


enquanto lambia seus mamilos. Arranhou seus ombros.

— Muito. E posso ver o quão estúpido se tornou. Vou corrigir isso


por você — Levantou em uma posição sentada e um pouco mais acima, até
que batia sobre a ponta de seu eixo. Suas mãos estendidas ao longo de
sua cintura e quadris. Era um contraste chamativo contra sua pele azul.

171
Sexy. E quente. Muito quente. Com uma lenta sensualidade, acariciou sua
pele enquanto se sentava em sua longitude. Cravou os dedos na carne de
seu peito enquanto tomava centímetro a centímetro, sentando em seu
pênis grosso e amando a sensação. Só quando o tinha completamente
embainhado, abriu os olhos unicamente para que sua expressão lhe
roubasse o fôlego.

Seu olhar ardente e semicerrado, a apanhou. Olhava-a como um


cara faminto. Como se pretendesse marcar sua alma. Foi tão fácil imaginar
que a olhava como um homem apaixonado. Um homem que...

Com um grito, rompeu o olhar e jogou a cabeça para trás,


balançando em seu eixo, levando-o muito dentro com movimentos
circulares. Ele ofegou, seus dedos apertaram sua cintura, mas sem
machucá-la. Nunca a machucando. Sempre temperava sua força mortal,
tratava-a como se fosse frágil e preciosa.

Quase soluçou seu prazer enquanto o cavalgava mais e mais


rápido. Seu peito ofegava com o esforço, seus seios ricocheteavam com
cada movimento. Impossível como parecia, cresceu ainda mais grosso,
estirando as paredes de seu canal, aumentando a ânsia do êxtase
crescente em seu interior.

— Oh... Céus, Azulzinho.

— Me dê seu prazer, minha linda bárbara. Não se contenha. Não


segure...

Com um rugido, ele empurrou com fúria para cima enquanto


cavalgava seu corpo e Olivia gritou de prazer atordoante. Ondas de
felicidade explodiam contra ela, então gozou de novo quando ele a inundou
com seu gozo, jatos quentes estimulando sua vagina. Esgotada, desabou
sobre ele, sem forças e respirando com dificuldade. Coração com coração,

172
seus frenéticos batimentos cardíacos de alguma forma mantinham o
mesmo ritmo. Nunca tinha se sentido mais perto de alguém. Mais em
sintonia. Maldição.

Era só sexo!

173
Vários roubos bem-sucedidos depois...

O mau pressentimento veio antes de começarem a depenar um rato


asqueroso. De um metro e cinquenta e dois centímetros trêmulos de altura
e sem tomar banho há vários anos, a julgar por seu cabelo emaranhado,
que poderia jurar ter visto algo rastejar por debaixo de sua esquálida
superfície. O nariz de Olivia estremeceu, seu estômago se contorceu
revoltado e não só pelo cheiro fétido.

Algo estava errado. Com os anos, aprendera a confiar em seu


instinto. Sempre salvou seu traseiro, algo que o roedor criminoso de frente
a ela tinha perdido. Alguém cortou o seu orgulho e alegria há algum
tempo, a julgar pela pele cicatrizada danificando a ponta rechonchuda de
sua cauda.

Usando um disfarce andrajoso, coxeando, envelhecido, com o


cabelo desgrenhado e dentes podres. Makl regateava com o roedor. Não
sentia nenhum remorso por roubar esse ser abjeto, um traficante, não
quando sabia as coisas desprezíveis que tinha feito. A pequena quantia
que conseguiriam nesta missão, uma busca de evidências, não era muito a
pagar pelo tempo deles, mas o desafio e a satisfação que sentiriam em
castigar o alien repugnante pelo que tinha feito, mais que compensava. Se
fosse para ferrar alguém, que fosse à escória da galáxia.

Só havia uma grande falha nisso. A escória era uma das criaturas
mais paranoicas e violentas. Makl sentiu a mesma maré de perigo se
aproximar, ela apostaria, porque de repente tentou resolver as coisas com

174
menos delicadeza que o habitual.

— É hora de seguirmos nosso caminho. Temos outras pendências a


resolver, talvez possamos prosseguir com essa conversa na próxima vez
que estiver nesse sistema estelar — Ela não precisou do sutil meneio do
dedo de Makl para começar a fazer seu caminho de volta a porta de saída.
O habitat desértico e inóspito, onde se reuniram com o roedor era só um
dos milhares na superfície deste planeta. Não tinha muito espaço de
manobra, ou saídas extras, o quase uma armadilha, pensou enquanto
retrocedia rapidamente. Ao que parecia o mais prudente, dado os dois
grandes humanoides-lagartos armados bloqueando a única saída.

Entretanto, não foram o par de olhos de pupilas estreitas e


amareladas, focinhos verdes, muito parecidos com os de um crocodilo da
Terra, o que a fez soltar várias maldições, mas os outros seis que
apareceram atrás e ao lado das entradas escondidas na sala, um par de
portas blindadas nas paredes cobertas com hologramas que não tinham
notado antes. Não podia acreditar que não tinham notado a presença.
Estamos cercados. Merda.

— Caímos em uma emboscada.

— Não — Respondeu Makl. — Sabia que ele tentaria algo assim.

— Sabia e ainda sim viemos? Está louco? — Gemeu, quando as


luzes piscaram, em sinal de aviso do blecaute que viria.

— Tenho que responder a esta pergunta cada vez que saímos em


uma missão?

— E ainda me pergunta por que não responde, se nos conduz a um


perigo maior, sem avisar.

— Por que se preocupar? Não escapamos ilesos até agora?

175
— Sim. Mas por quanto tempo acredita que isso durará?

— Isto termina hoje — Gritou seu anfitrião roedor, ao que parecia


não o suficientemente alto já que eles o ignoraram, enquanto se perdiam
na pequena discussão. Para falar a verdade, faziam geralmente isso diante
do perigo em quase todas as missões. Mas nada disso freava Makl. O
sujeito nunca suava, durante os ataques.... Bem, na cama, era...

Como se lesse seu pensamento, Makl levantou sua mão e a beijou.

— Me dê um momento para cuidar disto e logo prosseguir com


assuntos mais agradáveis.

O rechonchudo voltou a interromper:

— Nos deixando tão cedo, Oh, Pombinhos Galácticos? Entretanto, o


golpe ainda não se concluiu. Ainda não adquiriu seu prêmio.

— Vejo que o relato das nossas façanhas viaja mais rápido do que
imaginamos. Essa é uma excelente notícia — Makl sorriu diante do
conhecimento de sua fama.

Olivia conteve um gemido. Merda. Se este rato sabia quem eram


eles, então o nível de perigo acabava de chegar à estratosfera. Poderia ter
entrado em pânico, se não fosse pelo fato de Makl parecer tranquilo. Por
demais, tranquilo. Então se sentou, pontos para sua valentia dado os
níveis de higiene no lugar, e a chamou com os movimentos de um dedo.
Não a envergonhava admitir que a situação lhe parecesse desagradável, as
probabilidades em contrário eram superiores que o habitual. Olivia
sentou-se ao lado dele e não protestou quando Makl a colocou sobre o
colo. Seu mercenário azul deveria ter arquitetado um plano B.

Sempre o fazia, geralmente deixando um caminho lamentável de


corpos alienígenas para trás. Adicione sua habilidade mortal ao feito de

176
que Ifruum fiscalizava a situação, e já que as probabilidades estavam
principalmente contra eles? Sabia que nada era o que parecia. Em alguns
casos, a coisa piorava.

— Suponho que devo me sentir lisonjeado por escolherem me


visitar. Imagine minha alegria quando me dei conta de quem eram. Há
uma recompensa por suas cabeças — o roedor riu com um show de dentes
podres. — Estão pagando uma fortuna pela sua captura, vivo ou morto.

— Sério? Quanto? Sabe que meu primo Tren uma vez teve a cabeça
a prêmio por uma quantia exorbitante. Disse que chegaram a oferecer ao
captor uma propriedade e o título de imperador de um planeta no décimo
sétimo quadrante estelar descoberto — Confessou a Olivia, afastando os
olhos de seu anfitrião para falar com ela.

Ela procurou um significado oculto em suas palavras, mas ela não


captou nada.

— Não importa quantia. É meu. Como é a fêmea. Vi os vídeos — O


roedor rechonchudo umedeceu os lábios. — Com certeza faria uma fortuna
fazendo um vídeo por minha conta. Sobretudo se ela for escandalosa.

— Não vai tocar na minha mulher — Disse Makl em um tom leve,


uma faca de repente girou em sua palma.

Olivia quis dizer algo em sua defesa, mas, sinceramente, pareceu a


ela que era mais interessante deixar falar o perito em violência. Isso era o
que mais gostava nele, seu jeito sombrio e possessivo.

O rato estúpido não fez caso da advertência ou do fato de que uma


segunda faca se uniu à primeira, girando na palma de Makl. Pequenas ou
não, ela as tinha visto em ação. Assombroso como Makl nunca falhava
quando lançava as adagas afiadas.

177
— Ah, vou tocar. E mordê-la. Farei todo tipo de coisas, em cores,
tudo gravado. Inclusive o deixarei ver enquanto faço. Então, mostrarei ao
universo.

O que, onde estava a risada malvada? Olivia sabia que Makl se


lamentava da carência quando viu a reprodução desse momento depois.
Fez todo o drama.

Makl soltou um suspiro profundo.

— Vê, minha deliciosa bárbara. Eles me obrigam a isso. Digo algo


simples.... Não toque em minha mulher e ele argumenta. Na realidade, não
se limita a discutir... Ele ameaça. Sabe com quantos mercenários mantras
eu já cruzei? Não pode me dizer que não o mate.

Makl ainda gostava de zombar do fato de que ela estremecia


quando o assunto era a morte. Apesar de suas missões, ainda não deixava
de agir friamente na presença dela. E tampouco discutia seus métodos,
quando lhe parecia justificado. Como agora. Ela recuperou a voz.

— Oh, ele está pedindo. Suponho que desta vez, eu não deva pedir
nada.

— É mesmo? — A expressão de Makl se iluminou e sob as camadas


do disfarce, ela pôde ver sua alegria. Era encantador.

— Desculpe, meus Pombinhos Galácticos, é tempo de quebrar o


momento romântico. Guardas, peguem o mercenário enquanto me ocupo
da fêmea.

— Quer o da esquerda? — Perguntou Makl enquanto levantava,


pondo-a ao seu lado enquanto oculta o fato de que lhe entregar uma
pistola.

178
— Qual esquerda, minha ou sua? — Perguntou ela, olhando ao
redor, roendo o lábio inferior. Makl fez estalar os nódulos dos dedos e virou
o rosto para ela.

— Pensando bem, me ocuparei dele também. Estou com falta de


prática quando se trata de um bom combate corpo a corpo.

Falta de prática? A realidade do que implicava a fez fraquejar.

— Makl, não pode combater a todos. Há oito, nove se contarmos o


nosso amigo, rato.

— Sei, que as probabilidades são injustas. Acha que deveria


prender um braço às costas? Não quero que se diga que não fiz um
esforço.

A fraqueza retornou, mas a adrenalina rapidamente a venceu já


que alguns seguranças interromperam o tete a tete13. Makl se virou e
encontrou os alvos; as pequenas adagas lançadas cintilaram pelo ar e
alcançaram um lagarto... Thunk, thunk14. Caiu, e Olivia estremeceu.
Maldição, como era rápido. Tão rápido que Makl já tinha um novo par de
adagas nas mãos. As adagas brilharam, giraram e acertaram novos alvos.
E outros dois guardas caíram.

— Ei, sabia que estamos diante de câmeras? Atrás de você, a sua


esquerda. Nosso anfitrião gravou todo o encontro. Espero que tenha
capturado meu lado mais fotogênico. — Makl refletiu.

Só seu amante azul perderia tempo para contemplar algo tão


corriqueiro. Realmente tinha que se perguntar como sua mente processava
as coisas vendo como ele se preocupava mais com seu lado fotogênico que
pelo resto dos guardas agora chegando enquanto o homem rato gritava: —

13 ..Tête a tête: mão à mão.


14 Um som surdo, oco feito especialmente quando um objeto pesado golpeia algo

179
Mate-os!

Ele nunca se moveu. Olivia negou com a cabeça.

— Atrás de você, azulzinho.

Makl nem sequer deu a volta. Chegou as suas costas e lançou as


mãos adiante. Virou os pulsos. Corte. E outro corpo caiu ao chão.

— Oxalá fosse algo diferente. Este não é meu melhor aspecto.

Mais tarde, ia mata-lo por sua atitude indiferente frente à morte. Se


sobrevivessem. Esperava. Se sobrevivessem.... Ia fode-lo até ele virar de
púrpura a rosa. Sim, porque merecia se ele conseguiu sair vivo daqui, e
com todas as partes de seu corpo intacto.

Precisamente quando pensou que poderia ter um ataque do


coração se ele não prestava atenção, Makl finalmente se voltou para o
ataque e Olivia tardiamente lembrou de olhar atrás ela. Ao que parecia os
aliados do rechonchudo não a viam como uma grande ameaça porque o
casal em seu traseiro pareciam mais interessados em dar voltas ao redor
para apanhar Makl despreparado.

Ah, merda. Mesmo pesando sua aversão pela violência letal, ela
sabia que não era o momento de vacilar. Makl era bom, mas como sua
sócia, devia ajudá-lo. Fingindo que era parte de um videogame realista,
respirou fundo e levantou a pistola que Makl lhe deu. Disparou em um
homem lagarto na articulação da perna. Ele desabou com um grito que
não parava e ela ficou olhando à criatura se retorcendo, horrorizada.

Com um giro e salto, Makl se encarregou do estridente ruído e


depois parou para repreendê-la.

— Estou tentando trabalhar aqui, bárbara. Não brincamos com

180
nossas presas durante a luta. Guardamos isso quando temos tempo para
a tortura.

Brincar? Tortura? Estava falando sério?

Sim, estava. Piscou-lhe o olho antes de se lançar de lado e evitar a


investida dos guardas restantes. Ao vê-lo mergulhar acima e abaixo,
serpentear, sacudir, cortar e falar, todo o tempo sorrindo, Olivia não pôde
evitar o ser enigmático e multifacetado chamado Makl. Uh, Makl sabia o
que estava fazendo.

Maldito seja, o cara podia lutar e parecia fazê-lo sem esforço.


Movia-se como um bailarino, seu corpo flexível e fluido, sempre em
movimento. Assim como sua boca. Nunca calava. Nunca tinha visto nada
assim em sua vida. Se não fosse pela seriedade do momento, poderia rir de
algumas afirmações divertidas. Mas o mais incrível era compreender que
estava se divertindo. Não só se divertindo, estava eufórico. Embora as
probabilidades estivessem contra ele, coberto de sangue, e enfrentando
possivelmente a morte, Makl se encontrava em sua glória. Ela não sabia se
corria enquanto os mantinha distraídos, o ajudava ou aplaudia. Era
evidente que não precisava de sua ajuda. Não com um só guarda restante
e o rato agora.

Seu instinto a despertou no momento certo. Um sabre assobiou


sobre sua cabeça. E compreendeu que os reforços tinham chegado.
Lançou-se ao chão enquanto girava. Corpos lotavam a porta, formas mais
baixas brandiam pistolas a laser. Merda.

Olivia apontou rápida e disparou, apontando nos seus pulsos com


a esperança de eliminar as armas. Entretanto, os recém-chegados usavam
coletes a prova de balas e absorviam os golpes. Uh... Oh...

Equilibrou-se e retorceu, mas escorregou no sangue de um lagarto

181
morto no chão. Mal pode gemer antes que um valentão a agarrar pelo
cabelo e a puxar.

— Ai! — O recém-chegado deteve sua fuga ficando de joelhos no


chão.

Makl se voltou nesse momento, à inclinação de seu corpo revelou o


rosto do ser rechonchudo, com os olhos frágeis e muito morto, seu plano
de uma emboscada saiu terrivelmente mal. Os recém-chegados nunca
enfrentaram o inimigo que tinham a frente. Merda. Não contaram com a
glória de serem derrotados por um inimigo tão poderoso.

— Se afaste da garota — Makl pediu suavemente enquanto limpava


a lâmina em um cadáver.

— Entregue-se ou causaremos danos à fêmea — Uma voz grave


exigiu.

Olivia não pôde evitar uma careta de dor quando o punho retorceu
seu cabelo. O olhar gelado de Makl se estreitou. Erro descomunal. Alguém
tinha desafiado seu mercenário. Agora nunca recuaria, nem se ela
implorasse.

— Tenho outro plano — Makl baixou as mãos vagarosamente ao


longo do corpo, as lâminas apontando para abaixo.

Usava seus métodos, Olivia sabia que não devia se deixar enganar
por sua postura relaxada. Estava disposto a lutar. Por ela. Que excitante.

— Deixe minha fêmea ir e vou o deixo partir. Vivo! É um bom


negócio. Eu concordaria.

Diferente de quando pronunciou as mesmas palavras momentos


antes, não havia nada de alegria agora. Um aspecto sério toldava o olhar

182
de Makl, olhos frios e terrivelmente atraentes.

O alien que a agarrava aumentou a pressão e a sacudiu. Ela não


pôde evitar um grito de dor.

— Não brinque conosco, mercenário — Olivia mordeu o lábio, mas


as lágrimas de dor brotaram de seus olhos quando puxou sua cabeça para
trás, deixando seu pescoço descoberto para a ponta de uma espada.

— Não deveria fazer isso.

Calma glacial. Sério. Sinistro. Muito inquietante. Olivia estremeceu


ao ouvir o tom de Makl. Alguém morreria. Só espero não ser eu.

As luzes no lugar piscaram. As mãos agarrando-a relaxaram uma


fração, mas só por um momento. Elas se esticaram mais rápido e mais
dolorosamente que antes.

— Quem teme a escuridão? — Makl zombou.

E então as luzes apagaram, não voltaram a acender.

183
Raiva, uma tormenta brutal e violenta de ira tomou conta de Makl
quando viu Olivia ameaçada. Podia ver o medo em seus grandes olhos, o
tremor de seus lábios e não gostou nem um pouquinho.

Ele se culpou por coloca-la nessa situação difícil. Concentrado em


se divertir com os capangas do roedor, não prestou atenção suficiente ao
que acontecia atrás dele. Agora Olivia pagava por seu deslize.

Mas o mais inaceitável de tudo, ele não podia lidar com as linhas
de dor em sua boca e olhos quando a criatura miserável que a sustentava
machucou sua frágil bárbara. Como se atreve a tocá-la!

Quando as luzes piscaram, Makl tomou nota da posição de cada


um na sala, assim quando a sala passou a total e absoluta escuridão,
sabia que haveria o blecaute já que passava próximos a orbita de um
planeta famoso por tal fenômeno, ele já estava preparado. Precipitou-se
antes que alguém pudesse reagir. Usou sua velocidade e o elemento
surpresa para alcançar a meta.

Depois de ter treinado na escuridão, em numerosas ocasiões


enquanto seus primos pensavam que era divertido deixá-lo cair sobre as
minas infestadas de aranhas que faziam fronteira com a propriedade de
seu pai, Makl agora confiava em seus sentidos afiados para guiá-lo.
Balançou as lâminas, não se permitiu hesitar ou se preocupar com Olivia.
Não podia, não quando a menor distração poderia significar perdê-la.

Ouviu a leve respiração a sua esquerda. Disparou seu punho e

184
encontrou carne com a ponta de sua adaga. Pesada a sua direita.... Deu
uma rasteira com o pé, o forte impacto lhe deu uma posição para lançar
uma adaga. Um farfalhar de tecido e começou a oscilar só para se deter
quando seu nariz crispou com um cheiro familiar. Investiu o giro
incompleto e um jorro de líquido quente correu por sua mão.

Sobre ele passou uma eternidade. Menos de um batimento


cardíaco.

Quando as luzes reacenderam, levantou com suas armas gotejando


sangue enquanto corpos cobriam o espaço a seu redor. Por um momento,
o pânico agitou em seu peito quando não viu a única pessoa que queria
mais que tudo ver. Provavelmente porque estava montado sobre ela. Makl
olhou para baixo e sorriu. Olivia, entretanto, não devolveu o sorriso.

Poderia ter a ver com a camada de sujeira e tripas cobrindo-a.

— Suponho que seja bom eu não estar com uma mão presa às
costas certo? — Brincou, esperando romper a tensão.

Funcionou. Ela gritou:

— Está maluco, maldito alien estúpido? Isso foi uma loucura total.

Geralmente quando gritava com ele, se afastava ou falava algumas


palavras bem escolhidas. Ele a seguia. Gritavam. Lutavam. Beijavam e
prosseguiam. Haveria mais gritos. Luta. Beijos e se uniriam furiosamente.
Desta vez, o padrão se quebrara. Olivia lançou-se sobre ele e o abraçou
com força antes de esmagar os lábios contra os seus. Pena que o sangue
os cobrindo fez com que se separassem rapidamente. Ela limpou a boca.

— Aí que nojo, isso é asqueroso.

— E não muito saudável para você tampouco. O que lhe parece

185
sairmos daqui e tomarmos um bom banho?

— E o cartão de visita? Não deixou ninguém com vida para falar


com a imprensa ou as autoridades.

— Quem se importa? Venha — Makl quase bateu em si mesmo


quando soltou as palavras. É obvio que se importava com o crédito, mas
ver Olivia coberta de sangue, um aviso físico de seu lapso de atenção, só
podia pensar em uma coisa... Bom, talvez em algumas outras também. Em
todas elas... Nua na ducha de água quente e ele examinando cada
centímetro de seu corpo em busca de lesões antes de entrar no cubículo,
agradecendo a sua deusa por ela ter saído ilesa.

Por um momento, quando a tinha visto tão perto da morte, uma


frieza diferente de tudo o que jamais tinha experimentado.... Uma agonia
que apertou seu coração o suficientemente para quase pará-lo. Até tremia
e precisava de algo para dissipar os espasmos.

Embora primeiro, tivessem de escapar. Sair daquele chiqueiro,


Makl amaldiçoou ao ver uma turma de valentões empilhados em um
veículo aéreo. Mais? Sério? Tinham ficado sob vigilância desde sua
chegada? Teria que trabalhar nisso antes de sua próxima missão. Tornou-
se preguiçoso com a fama. Acabou. Empurrou Olivia na direção da nave e
segurança, então, preparou-se para a batalha.

— Corre e encontre Ifruum enquanto me ocupo destes rufiões.

— Venha comigo — Puxou-o, com preocupação na voz.

Girou a cabeça e se inclinou. Ela viu sua intenção e cortou a


distância. Ele a beijou com força.

— Espere-me debaixo da ducha. Só levará poucos minutos e


precisarei de uma boa limpeza depois — Depois de matar alguns aliens.

186
-*-*-*-*-*-
Makl girou Olivia e deu a ela um pequeno empurrão. Tropeçou,
mas deu a volta a tempo para ver seu mercenário azul se lançar para o
grupo armado e soltando um grito selvagem.

— Quem quer morrer primeiro?

Louco. Ele simplesmente não podia deixar passar a oportunidade


de matar alguma coisa, em parte para superar a matança de seu primo. E
provavelmente o teria acabado o grupo, se os reforços de repente não
tivessem imergido por um par de portas de cada lado.

Emboscada! Apesar de sua baixa estatura, a onda cinza de novos


aliens surgiu e Makl desapareceu sob muitos corpos. Ela se lançou para
frente, com a intenção de ajudá-lo, mas um familiar braço peludo a
envolveu pela cintura e deteve sua fuga.

— Ifruum, o que está fazendo?

— Você ouviu bem o azul grandão. Vou tirar você daqui.

— Mas e Makl?

— Ele pode se cuidar sozinho.

Sim, podia. Mas não significava que teria de fazer, não quando
tinha saltado lá para salvar seu traseiro.

— Me solta. Tenho que ajudá-lo.

Ignorando suas ordens, Ifruum a arrastou na direção oposta, onde


aguardava a segurança.

187
Uma parte de Olivia compreendia que não podia deixar Makl contra
tantos adversários. Podia atirar, mas não podia atirar nesse alvoroço
turbulento de corpos sem possivelmente machucar Makl. Sabia que era
uma loucura tentar, mas isso não a deteve. Libertou-se de seu amigo e se
precipitou de novo para a batalha, levantando sua arma e atirando contra
cabeças e corpos, esquecendo seu temor por Makl e sua repugnância por
matar. Não podia ver seu azulzinho, mas podia ouvi-lo.

Rindo e zombando. O idiota continuava vivo. E lutando, o que


significava que ainda tinham uma chance.

Ou ao menos Makl tinha. A esperança de vida de Olivia, entretanto,


caiu vários pontos quando armas saíram do nada e apontaram para sua
cabeça.

Mas foi a aplicação de uma seringa em seu braço que a fez cair em
um buraco negro, um do qual não sabia se escaparia.

188
Assobiando, Makl voltou para sua nave com trinta e seis mortes a
mais, isso só para começar seu dia. Um pouco machucado. Um pouco
queimado. E coberto de sangue. Mas, tinha vencido. Agora, só tinha que
sair antes que a cidade tentasse lhe cobrar pelos danos quando notassem
que uma área se queimou acidentalmente.

Depois de embarcar em sua nave, praticamente correu para o


centro de comando, ansioso para ver Olivia. Ao entrar, viu Ifruum em seu
posto habitual, sem sua humana.

— Onde está a bárbara? — Esperando nua em seu quarto,


esperava.

— O que quer dizer com onde? Não está com você? — Ifruum virou
em seu assento e se transformou em Murphy, sua confusão era visível.

Um calafrio deteve os dedos em movimento de Makl na metade da


sequência de lançamento.

— Não. A última vez que a vi estava com você e vocês se dirigiam à


entrada da nave.

— Mas Olivia decidiu voltar e ajuda-lo.

— Deixou-a fazer o que? — Makl baixou seu tom para não


transmitir nada de sua raiva, mas sem dúvida esperava esconder o temor
que se estendeu por seu corpo.

— Não pude impedi-la. Se por acaso não notou, essa garota faz o

189
que lhe dá na maldita vontade e ao que parece, gostou de pensar que
ajudar seu inútil cadáver azul seria interessante.

— Exceto que não a vi durante a luta. Você tampouco, amigo.

— Nem todos gostamos do sangue e caos. Sabia que você se daria


bem e que poderia continuar como o planejado e deixar a nave pronta para
sair.

Era só manter como o planejado. Makl o entendia de certo modo.


Tinha escapado da área perigosa, ou ao menos em parte. Uma vez que sua
nave saísse da superfície do planeta em direção ao espaço, voltaria a
planejar a missão seguinte. Não devia nada a humana.

Voltar seria estúpido. Suicídio. Deveria dar o fora enquanto podia.


Entretanto, várias unidades galácticas mais tarde, sob a proteção da
escuridão, ali estava, se infiltrando no lar do descarado que roubou sua
humana. Podia culpar seu ego, sua necessidade de ser o melhor ladrão e
sequestrar Olivia novamente. Mas no fundo, Makl sabia a verdadeira
razão. A razão de fato.

Queria salvar Olivia. Nunca tinha conhecido uma fêmea que o


irritasse tanto. Que comprometia seus sentidos a níveis nunca teria
imaginado. Que o fazia questionar cada regra que tinha aprendido. Não
podia ignorar o fato de que ela pretendera ajuda-lo.

Diante da vontade de enfrentar a morte para ajudá-lo. Makl não


podia deixá-la para trás, ainda mais quando descobriu que Murphy não
usaria sua habilidade especial para entrar e sair do lugar e salvá-la.

— O que quer dizer com não pode salvá-la? — Makl grunhiu


quando seu informante cuspiu a localização, depois de experimentar as
adagas pontudas.

190
Em sua forma humana para conversar, Murphy encolheu os
ombros.

— Sou um deus, não um mago. Não posso mudar o curso do


destino quando não gosto das coisas. Ou teletransportar a mais de uma
pessoa ao mesmo tempo — Admitiu a contragosto.

— Então, qual é seu plano para salvá-la?

— Não tenho um. Mas Olivia sabia que isto era uma possibilidade.
A captura sempre é. É parte da emoção. Deveria saber. Embora perdê-la vá
desagradar seu primo. Pena.

— Pena? Quem se preocupa com o maldito Tren? Não podemos


deixar Olivia com esse alien depravado.

Com suas conexões, Makl não demorou muito a descobrir onde


estava sua humana. No covil de um mafioso, não um delinquente
bonzinho, mas rico e perigoso o suficiente para saber que não poderia
entrar e exigir que devolvesse Olivia.

— Por que não? Ele não é pior que você, sem dúvida.

— Exatamente meu ponto — Algum outro tentando tocar Olivia? Só


sobre seu corpo morto e frio. Com a vingança alimentando sua
determinação e com um planejamento de improviso, Makl se encontrou
escalando a parede de uma estrutura alta, um edifício de apartamentos de
vidro escuro. Ventosas nas solas das botas e nas palmas das mãos o
ajudaram a subir, um campo de força no interior da estrutura tornava
inútil qualquer tentativa eletrônica de escalar a parede exterior. Era um
trabalho extenuante e exaustivo, mas não para alguém tão forte como ele.

Rapidamente, Makl abriu caminho até o andar superior do edifício


e à entrada do balcão. Balançou por cima do corrimão, pressionou-se

191
sobre a parede fria e escutou. Os alarmes não dispararam e não ouviu
nenhuma indicação de ter sido descoberto ali.

Avançando pouco a pouco, olhou pela pequena fresta de luz na


cortina sobre as portas de vidro no balcão. Não podia ver nem ouvir nada,
sob o som de música no interior, música que provavelmente ocultava os
sons de terror enquanto o maldito fazia sabe lá o que fosse a sua humana.

Vou salvá-la, bárbara.

Pensou em seu próximo movimento, jogar-se contra a janela e fazê-


la em pedacinhos pareceria algo barulhento ou entrar às escondidas, a
opção se decidiu no momento em que ouviu Olivia gritar.

De um pulo arrebentou o vidro e saltou dentro com suas armas em


punho, só para se deter quando a viu olhando-o nos olhos.

Vestida com um vestido diáfano de seda vermelha e com um copo


de líquido espumoso, Olivia não parecia muito assustada.

— Makl, o que está fazendo aqui? — Olivia ofegou.

— Ao que parece, não a salvando de um destino pior que a morte.


— Foi sua resposta seca. Ele jogou uma olhada à cena acolhedora, uma
iluminação tênue, a mesa coberta de iguarias e uma cama no canto....
Virou sobre seus calcanhares e se dirigiu de novo ao ar fresco da noite, seu
temperamento fervendo, seu peito estranhamente dolorido.

-*-*-*-*-*-
Olivia levantou do sofá estupidamente contente de ver Makl. Kajob,
um velho amigo seu, com quem tinha trabalhado algumas vezes no
passado, fez uma pausa no relato de sua última façanha, uma que a fizera

192
gargalhar momentos antes, olhou-a e logo à porta do pátio quebrada.

— Suponho que o conhece?

— Sim. Se me desculpar, tenho que falar com ele — Ela saiu pelas
cortinas ondeantes para encontrar Makl contemplando o céu noturno.

Hesitou, sem saber o que dizer. O momento era estranho, tenso,


mas não sabia por que. Queria tocar seu mercenário azul. Dizer a ele que
dissesse algo. Levou as mãos a suas costas e falou primeiro.

— Estou surpresa de vê-lo aqui.

— Eu não deixo meus aliados para trás.

Ah. Estranho, o manual dos mercenários aconselha a


esquecer aliados apanhados, porque é muito provável que o
comprometam. Realmente esperava que partisse à primeira chance que
tivesse, e nunca olhasse para trás.

— Não posso acreditar que voltou por mim, Azulzinho.

— Bom, não o teria feito se soubesse que não era necessário


resgata-la — Foi sua resposta amarga.

Se não o conhecesse bem, teria dito que soou ferido e com um


toque de ciúmes. Makl? O brincalhão?

— Mas não o sabia e ainda sim veio. — Pôs a mão sobre seu braço.
O músculo sob sua palma esticou, mas isso não impediu de se aproximar.
— Por que veio? Podia ter me deixado para trás.

Soltou um profundo suspiro.

— Não podia. Assim como não o fez quando teve a oportunidade.

193
Ela encolheu os ombros.

— Sim, bom. Sabe como é quando se trata de glória. Não podia


deixar que a monopolize.

— E agora?

— Agora?

— Parecia bastante feliz com seu sequestrador.

Observou a forma dura como agarrou o corrimão e se perguntou a


razão. Certamente não estava com ciúmes?

— Medo de perder seu ingresso ao estrelato?

Um músculo aumentou em um lado de sua mandíbula. Não


respondeu por um momento.

— Pode-se dizer que sim. Então, o que vai ser, bárbara? Vem ou
fica?

Estava dando a ela uma escolha? Era este seu modo silencioso de
abandoná-la? Se pensava assim, então por que voltou por ela em primeiro
lugar, além de ser por orgulho?

— Continua pensando em me tornar uma reles babá?

— Você? Uma babá? — Kajob perguntou entre risadas quando se


uniu a eles no balcão. — Não posso imaginar.

— Ninguém falou com você — Makl grunhiu.

— Parece que seu sócio está irritado, não? Veremos quão grande é
depois que meus guardas acabarem com você — Tirou uma grande arma e
apontou o peito de Makl.

194
— Pare de brincar, Kajob — Olivia franziu o cenho ao
contrabandista.

— Quem está brincando? Agora mesmo, meus guardas estão


cercando a área. Escapar é impossível.

— Não pode capturá-lo. Nem sequer estaria aqui se não fosse por
mim.

— Sei. Por isso a capturei quando tive a oportunidade. A isca


perfeita para apanhar à outra metade dos pombinhos galácticos — Kajob
zombou.

— Capturar? Quer dizer que tudo isto era parte de um plano?


Pensei que fossemos amigos.

— Pela quantia de créditos que oferecem por sua captura, venderia


toda minha família.

— Por que não me surpreende? — Makl murmurou, não parecia


preocupado absolutamente.

Ela deu as costas a Kajob.

— Sinto muito, Azulzinho. Não sabia que o planejavam.

— Pensei nessa possibilidade também, por isso trouxe isto.

Antes de poder gritar ou pedir que se explicasse, Makl a agarrou


pela cintura e lançou a ambos pelo balcão. Caíram, o assobio do ar além
de seus ouvidos, sua boca aberta em um grito silencioso. Seu louco
amante azul, tinha tomado por ela a última decisão de sua vida.

— Ihaaaaaaaaaaaa!

Estúpido viciado na adrenalina. Mas se ele não tinha medo então...

195
Uma sacudida repentina e seu iminente encontro com o solo
desacelerou. Ele havia trazido consigo um paraquedas.

Por alguma razão, isto pareceu a ela terrivelmente cômico e pôs-se


a rir. Gargalhou realmente, com uma nota de histeria.

— Alegra-me que ache isto engraçado — Grunhiu enquanto os


guiava até um terraço.

— É só que quando penso que estamos perdidos, você tira um


coelho da cartola e nos salva.

— O que é cartola? — Parecia ofendido.

Ela pôs-se a rir mais.

— Oh, esqueça.... Obrigado por nos salvar, novamente — Com os


pés em terra firme e ninguém atirando no momento, o beijou e ele a
devorou com uma paixão que nunca deixava de excitá-la, sem importar o
momento inoportuno.

— Podem brincar com as línguas mais tarde? — Um Ifruum


exasperado gritou de cima. — Ainda não estamos fora de perigo, meninos.

Não, certamente não estavam. Makl se separou de Olivia e


agarrando sua mão, arrastou-a até o veículo aéreo que Ifruum tinha
roubado, e de ninguém menos que seu anfitrião, Kajob.

Se amontoando no veículo de dois lugares com Olivia no colo, o


veículo aéreo super-rápido os levou de volta a sua nave, disfarçada para se
parecer com um transporte de correio.

Finalmente escaparam da influência do mafioso. Agora, se Makl


pudesse deixar para trás a confusão em sua cabeça.

196
O que acontecia com ele ultimamente? Cometia enganos.
Contrariava as leis dos mercenários que sempre o guiaram.

Olivia era sua aliada, e amante. Mas não precisava dela. Ela o tinha
ajudado em conseguir algumas coisas de valor, mas isso não era suficiente
para arriscar sua vida, então por que ignorou o mais inteligente a fazer
para salvá-la sem compensação alguma?

E por que continuava reproduzindo o momento arrepiante quando


a ponta de uma espada cravava na pele de seu frágil pescoço? Um deslize
ou um golpe rápido e ela poderia sangrar diante de seus olhos. Morrer e
não poderia ter impedido. Claro que a salvou no final, ainda assim, não
podia escapar do frio daquele momento.

Inclusive no banho quente, com seu pênis enterrado até o punho,


seu corpo curvado contra o dela, não podia sacudir o frio. O medo.

Esteve a ponto de morrer. A quem importa? A mim, ao que


parece. Mas por quê? Poderia ter refletido mais tempo, mas ela escolheu
esse momento para gritar seu nome, "Makl!" e gozou ao redor de seu pênis,
doces cheiros ondulantes espremendo o calor e muito mais dele.

Muito mais tarde... Bom, descobriram ainda mais forma de gerar


calor e prolongar as sensações. Esqueceu, mas ao mesmo tempo, nunca
repetiria seu engano. Daí em diante, ele a manteria a salvo de qualquer
dano, inclusive se tinha que atrasar sua principal missão para cuidar de
alguns problemas potenciais. Não permitiria que qualquer dano se
aproximasse dela outra vez. Seu coração não podia suportar.

197
O medo que tinha sofrido desapareceu, já que pegou trabalhos
rápidos, entre as sessões de sexo.

Makl descobriu que até sem o perigo habitual ainda tinha diversão.
Tudo que fazia com Olivia, o fazia sorrir.

Deitado com a humana ofegando em cima dele, Makl podia dizer


que nunca havia se sentido mais completo. Ou lúcido. Com uma estranha
clareza, finalmente compreendeu o encanto de ter uma fêmea
constantemente em sua vida. Um ser que o compreendia e aceitava como
era. Uma fêmea que não temia desafiá-lo a cada passo. Que não fingia seu
prazer na cama porque o pagava. Uma sócia com a qual podia
compartilhar coisas. Alguém mais que uma amante... Alguém a que queria
chamar de companheira.

Argh!

Até que saltou em pânico, um pingo de remorso lhe provocou uma


careta, quando Olivia voou de seu corpo e caiu no chão atapetado com um
grito:

— Que diabos?

Entretanto, um pingo, não era suficiente para impedi-lo de sair pelo


outro lado da cama. Agarrar as calças e com um murmurado, "Tenho que
verificar algo", praticamente sair correndo do quarto, descalço e sem
camisa.

198
Espaço. Precisava de espaço e ficar a sós para pensar no que
acabava de descobrir. Quero manter minha humana de forma
permanente. Só podia ser uma piada. Que horror!

Makl caminhou por sua nave, se perguntando como permitiu que


isto acontecesse. Como chegou a esse ponto com a humana? Como se
permitiu desviar de seu caminho planejado para até mesmo pensar em
mantê-la como companheira?

Bem, ao menos poderia cuidar desse problema. Agora podia


tratar dele. Simplesmente não cuidar dela. Fim da história.

Ou não.

Pensamentos errantes perguntavam como conseguiria isto. Como


podia deixar de sentir algo pela bárbara?

Distância. Precisava de distância física. O que significava.... Nada


mais de sexo.

Humm, talvez fosse um pouco precipitado. Precisava de sexo para


manter sua mente clara. O que podia fazer? Nada mais de abraços. Sim,
isso era uma parte do problema, toques físicos, aconchegar e conversar,
era preciso acabar com aquilo. Ele não estava acostumado. Ou estava
gostando? Oras, também gostava de um bom descanso e uma sobremesa;
mas isso não significava que não pudesse prescindir deles. Depois do sexo,
teria que se assegurar de que se manteria no seu lado da cama.

Mas isso seria o suficiente? A julgar por como todas as suas


soluções o levavam de volta ao quarto que compartilhavam, não de todo.
Precisava de algo mais drástico. Tinha que se afastar de Olivia e de sua
influência.

Possivelmente devesse esquecer outras missões? Bem, quantas

199
vezes depois dos bem-sucedidos ataques e assim que chegavam à nave,
rasgavam as roupas e copulavam como animais selvagens? Maldição, só de
pensar já sentia saudades disso. Além disso, as missões eram divertidas e
boas para sua reputação. Esqueça esse plano. Tinham que manter sua
lista de crimes; simplesmente teriam que deixar de agir como a “dupla de
namorados sorrindo tontamente”.

Não mais segurar as mãos ou beijos falsos que conduziam aos reais
depois. Nada mais de toques, como parte do trabalho ou do prazer. Tinha
que parar de fazer alarde de seu corpo para que tomasse vantagem, uma
pena, porque fazia isso muito bem. De agora em diante, a consideraria só
como uma aliada, como Ifruum.

Com os pés pesados, pisoteou na ponte e desabou em sua cadeira.


O rosto imberbe de Murphy o olhou fixamente por cima de um grande
maço de papeis branco e preto.

— Para ser um sujeito que anda por aí sem sapatos, parece um


pouco desanimado.

— O que anda fazendo comigo? — Resmungou.

— Fazendo? Eu? Suponho que se refere a minha sobrinha, Olivia.

— Sim. Quem mais?

— Algo errado?

— Não exatamente.

— Acha que o engana?

— Ainda não.

— Acaso lhe disse que estava grávida de outro cara e pediu para

200
ser o papai do bebê?

— O que? Quem mais se atreveu a pôr as mãos nela? — Makl


praticamente rugiu ao saltar de seu assento. Murphy estendeu as mãos
em um gesto apaziguador.

— Calma, grandalhão. Só tentava determinar a natureza do


problema.

Gemendo, Makl pressionou o rosto entre as mãos.

— O problema é que eu gosto dela.

— Assim espero, já que esteve fazendo coisas com ela nas quais eu
prefiro não pensar.

Makl levantou a cabeça e franziu o cenho.

— Sim, bom, é que quero fazer com ela o que nunca quis fazer
antes e isso me preocupa.

Murphy arqueou as sobrancelhas.

— Não sei se sou a pessoa mais adequada para falar sobre isso. Se
está querendo fazer algo pervertido, terá que falar com ela.... Pensando
bem, vamos mudar de assunto. Viu essa nuvem de pó galáctico no terceiro
quadrante?

— Não me refiro à sexo. Mas... — Makl se deteve enquanto lutava


para dizer as palavras. Agitou as mãos ao redor e grunhiu com frustração.
— Estava falando de assuntos emocionais.

— Oh, se refere ao fato de que se apaixonou?

— Não estou apaixonado — Makl apontou com sua arma à cabeça


de Murphy sem pensar duas vezes. — Retire o que disse.

201
— Se dá conta que essa arma não pode me machucar? Sou um
deus.

— Pode ser um deus e, mas deduzo pelo seu recuo, que um tiro vai
deixa-lo bem desconfortável.

— E o chamam de tolo.

— Quem?

— Ninguém. Agora, do que estávamos falando? Ah, sim, você...

O zumbido insistente em seu console não seria ignorado. Com um


suspiro, Makl se reclinou em seu assento e aceitou a chamada.

— Por que está perdendo tempo?

Simplesmente genial. Um dia ruim que só piorava. Golpeou a


cabeça no encosto do assento.

— Olá para você também, tia Muna.

— Não me diga olá. Estamos esperando que você chegue com a


babá.

— Disse que não estava próximo ao Planeta Terra. Estas coisas


levam tempo — Mentiu habilmente.

A tia não engoliu nem por um segundo.

— Ah, sim, entretanto, ontem vimos outro vídeo da façanha mais


recente atrevida dos Pombinhos Galácticos, e que estranho, um se parecia
como você ao lado de uma humana. Uma fêmea humana.

Merda. Em sua busca de fama, se esqueceu de um aspecto.

— Viu? Como estou? Tiraram meu melhor ângulo? Tren chegou a

202
ver? E Jaro?

— Todos nós vimos. E terá sorte se Tren não o esfolar vivo quando
chegar aqui, e só para acrescentar, melhor que chegue rápido porque está
de muito mau humor. Penso que é a raiva reprimida. Esta coisa de se
manter silencioso por temer em despertar o bebê, o transformou em uma
bomba de tempo prestes a explodir.

— Estou a menos de um dia de distância — Ou estaria, uma vez


que deixasse de pular e assumir os trabalhos secundários que Ifruum
seguia colocando em seu caminho. Tinha que enfrentar os fatos. Havia
atrasado a entrega de Olivia a seu primo para poder ficar mais tempo com
ela. Outro indício irrefutável que deveria tê-lo despertado o fato de que se
aproximou muito dela.

Precisava parar de divagar. Chegar a Tren resolveria sua epifania.


Deixaria à humana e sairia em busca da fama. Quando perdesse a
humana de vista, deixaria de desejar coisas que não queria ou precisava,
como uma companheira e constante companhia. Também retornaria a sua
liberdade diária com os cinco dedos, mas possivelmente isso era uma boa
coisa, tendo em conta que o sexo que tinha desfrutado ultimamente não
saía de sua cabeça. Ao contrário, nunca tinha se sentido mais fodido.

— Prepare à família para minha chegada.

— Vou fazer meu melhor para conter seu primo, mas talvez seja
prudente uma visita curta. Ele está um pouco mais agressivo que o
habitual.

O comunicador desligou, permitindo a Makl refletir.

Não desceria da nave quando chegasse ao planeta. Realmente não


tinha nenhum sentido ficar. Afastando-se rápido, evitava uma despedida
com a bárbara, que obviamente sentiria uma saudade enorme dada sua

203
grandeza inata, que alternadamente choraria e suplicaria que ficasse, e ele
evitaria seu primo e seu poderoso punho. Um plano perfeito. Infalível.

Murphy rangeu os papeis enquanto os dobrava.

— Anda pretende fazer Olivia bancar a babá?

Ah, maldito. Murphy tinha ouvido seu último pensamento?


Esperava que não. Precisava escapar, para continuar seu caminho a
grandeza.

— Infelizmente, os Pombinhos Galácticos tiveram seu golpe final.


Minha família precisa dela, então é o momento de deixá-la.

— Vai abandona-la assim, sem mais nem menos? — Murphy


arqueou uma sobrancelha e Makl empurrou abaixo o calor ameaçando seu
rosto.

— Não é como se tivéssemos um compromisso. Sabíamos que não


era permanente. Sou um mercenário. Ela odeia o fato de que sou um
assassino. E Tren precisa dela. Foi divertido enquanto durou.

— Sim, foi e estou certo de que ela verá as coisas assim, quando a
deixar sem nem sequer um adeus. E o que vai fazer agora? O que há no
futuro do Galáctico Solitário?

Solitário?

O termo pôs uma nota discordante deixando um sabor amargo na


boca de Makl, embora não respondesse. Não sabia por que. O termo
solitário o descrevia perfeitamente. Era a vida que tinha escolhido. A vida
exposta em seu manual de mercenários. Uma vida que se estendia
sombria sem o riso e adrenalina a que se acostumou.

— Não é uma fraqueza admitir que precisa dela. — Disse Murphy

204
em voz baixa.

Precisava dela? Makl abriu a boca para dizer que não. Não
precisava de ninguém. Contudo, as palavras ficaram presas a sua língua e
não pôde pronunciar a mentira.

— Tolo obstinado. Sofra então. Vou cuidar de alguns assuntos


particulares.

Murphy desapareceu, não que Makl estivesse pensando nele. Não


mais. O deus irritante estava sempre em alguma parte agindo
misteriosamente. Além disso, descobriu algo mais premente ocupando sua
atenção ao pensar que tinha muito pouco tempo com sua humana. Muito
pouco tempo para desfrutar de seu corpo e risadas. Que dano haveria em
mergulhar nela pela última vez?

Posto que a deixaria em breve, devia aplacar sua luxúria para que
não começasse em seu novo trabalho mentalmente incapacitada. Às vezes,
sua generosidade surpreendia a si mesmo.

Retornou ao quarto com a rapidez devida, podia entender por que


Olivia rejeitou seus beijos com o fim de dar a ele uma reprimenda
totalmente imerecida.

— Que diabos, Makl? Não pode me atirar na cama, sair correndo e


logo voltar e esperar uma sessão de sexo.

— Tinha que verificar uma coisa.

— Ok. Entretanto, se precisava levantar, poderia ter dito —


Queixou-se. — Não era necessário me abandonar de forma tão
intempestiva — Uma linha enrugou sua testa. — Aconteceu algo grave?
Algo que eu deva saber?

205
— Nada importante. Mas acredito que devemos checar a
temperatura no chuveiro novamente.

— Sério? — Seus lábios curvaram. — Apresentou algum defeito da


última vez?

— Cale-se bárbara e faça só o que lhe digo — Sem poder resistir,


golpeou seu traseiro, mas em vez de gritar e se mover, Olivia soltou um
pequeno gemido de prazer e se colocou de quatro. Lançado a ele um olhar
tímido sobre seu ombro.

— Suponho que então terá de me castigar porque não estou


obedecendo devidamente — Ela balançou suas nádegas para ele.

Barbara descarada. Por todas as estrelas, sentiria saudades. Sua


mão moveu e golpeou com força a nadega arredondada. Sua carne se
sacudiu e ela baixou seu torso sobre o colchão, projetando seu traseiro
mais alto, ampliando sua visão.

Diante da vista da vagina rosada, úmida e acolhedora, Makl não


pôde tirar suas calças com rapidez suficiente. Amassou a carne macia e se
ajoelhou na cama atrás dela, pressionando sua boca contra o núcleo de
seu sexo.

Seu sabor, o néctar mais delicioso que já tinha provado, golpeou


sua língua e fechou os olhos de prazer. Grunhiu, também. Nos últimos
dias, tinha chegado a conhecer seu corpo intimamente. Desfrutado de
cada centímetro dela, mais de uma vez, entretanto, nunca se cansava de
seu sabor ou de sentir sua pele. Como uma droga, sempre queria mais. E
mais. E...

Apanhou seu clitóris com os lábios e o acariciou com a língua, ao


notar seu clímax se aproximando, pela forma como seus gemidos
cresciam, baixos e desesperados. Ele afastou a boca e a ouviu protestar.

206
Ajoelhou-se sobre a cama e se arrastou entre suas coxas abertas. Deslizou
o braço ao redor de sua cintura enquanto seu pênis penetrava em seu
calor acolhedor. Bombeou com urgência curvando seu corpo para trás,
para que ficassem rentes, empurrando seu pênis enquanto seus dedos
brincavam com seu broto inchado. A mão em sua fenda acariciava seu
clitóris, a outra beliscava seus mamilos eretos. Seus lábios chupavam a
pele tenra e pálida do pescoço, extensão imaculada da tentação.

Ela gozou com um grito, seu sexo ordenhou seu pênis, lançando-o
a seu orgasmo. Mas não gritou sua felicidade. Em troca, apertou os
dentes, não muito duro, mas o suficiente para que quando separassem
seus corpos suados, depois de desabar sobre a cama, levasse uma marca
em sua carne. Sua marca.

Ficava bem nela.

E ele sairia. Logo.

No chuveiro a possuiu de novo, precisando marcá-la em todas as


formas possíveis.

Se Olivia percebeu o desespero em suas carícias, na forma de


adorá-la e como possuiu seu corpo, ela não disse. Makl, entretanto, era
muito consciente do relógio marcando o tempo para sua separação.
Esqueça o sonho, sua mente se mantinha em alerta, centrada nela,
memorizando cada expressão, gemido e curva de seu corpo.

Cansados e entrelaçados sobre a cama, segurou-a nos braços, sem


poder dormir. Não podia evitar reviver o tempo que tinham passado juntos,
as conversas, brincadeiras, discussões e aventuras. Sabia muito sobre ela,
a Olivia do hoje e agora, entretanto, muito pouco de seu passado. Um
passado do qual nunca falou uma palavra.

Isso o incomodou de repente. Quem era este ser que levava ao seio

207
de sua família? Como uma humana surgira ali, no meio do Universo? E o
breve comentário de ser adotada por Murphy, um deus? Tudo isso passou
a ser mais importante nesse momento, enquanto ela jazia entre seus
braços, com a cabeça pousada em seu peito. Tinha que saber, tinha que
ouvir sua história.

— Olivia como você veio parar aqui e a sobre a história de ser a


pupila de Murphy?

Uma risada amarga fez seu corpo tremer.

— Oh, agora quer que lhe conte uma historinha para dormir depois
do sexo. Por que quer saber?

— Curiosidade — Uma necessidade de entendê-la que não podia


explicar. Então ela lhe contou sua história, e Makl fez uma lista com seres
que deveria matar, novos inimigos que eram uma prioridade a erradicar,
gratuitamente.

208
— Olha, mamãe. Há luzes no céu — Uma Olivia muito mais jovem
esticou o pescoço, fascinada pela visão de um anel perfeito de luzes
brancas no meio de um céu escuro infestado de estrelas. Na cidade, as
estrelas brilhavam pouco devido a poluição e luzes ao redor, nunca tinha
visto nada como o círculo brilhando intensamente.

— Provavelmente é só um avião.

Os aviões tinham luzes traseiras vermelhas e se moviam


rapidamente. Isto era uma anomalia.

— Mas não se move. De fato, as luzes estão se aproximando — O


comportamento do avião sem dúvida era atípica, inclusive em seus dez
anos de idade, Olivia sabia.

— Claro que são — Murmurou sua mãe enquanto ela agarrava algo
do interior do porta-malas de seu carro, estacionado a um lado da estrada.
Na realidade, chamá-lo de carro era um insulto aos veículos na estrada.
Era mais uma lata de lixo que deveria aposentar a muito tempo, a
ferrugem ao longo das bordas inferiores das portas, um silenciador que
estalava e uma rachadura no para-brisa de lado a lado.

Com a cabeça ainda inclinada, Olivia levantou o olhar para o céu,


absolutamente ofendida pela falta de atenção de sua mãe. Algumas vezes,
não ser notada era o melhor que podia esperar. À medida que sua mãe
seguia murmurando sobre a pocilga no porta-malas enquanto jogava as
coisas a seu redor, Olivia olhou a estrada sem iluminação. Não se

209
distinguia nada e ela não sabia por que tinham parado nesta área em
particular. Sua mãe desviou de repente para o acostamento coberto de
cascalho.

Suas perguntas de "por que paramos?", "Estamos perdidas?" E


"Ficamos sem gasolina?" Se encontraram com um "porque", "não" e "não".
Também queria perguntar por que necessitavam dirigir quase uma hora do
apartamento que compartilhava com sua tia? Mas de algum modo sabia a
resposta. Era normal. De maneira habitual, sua querida mãe aparecia
segundo a própria comodidade, com uma ladainha triste e um sorriso
brilhante, enquanto se comprometia a compensar sua ausência.

O que seja. Olivia sabia que não teria que procurar qualquer boa
ação em tudo o que sua querida mãe dizia. Dezenas de promessas
quebradas depois a tinham ensinado a não acreditar em tudo o que saia
pela boca de sua mãe. Ainda assim, se jogasse bem suas cartas, poderia
terminar com algo: um novo suéter, um CD, um jantar no Mcdonald.
Presentes por seu suposto sentimento de culpa, como estava costumada a
chamá-los.

Saltando sobre o capô do sedan que sua mãe dirigia, segundo ela,
um empréstimo de um amigo, possivelmente relacionado com um porco,
dada a condição do interior, Olivia se jogou para trás e olhou o anel de
luzes flutuando no céu.

Talvez sejam aliens que vêm nos abduzir. Isso sim era sorte.
Precisava de um milagre, ou completar dezesseis anos, antes de poder
escapar da existência infernal conhecida como sua vida atual. Viver com
sua tia não era muito difícil. Ao menos a alimentava regularmente, mas
compartilhar um quarto com seus dois primos pequenos, primos dos quais
cuidava, realmente não era sua ideia de diversão. Mas dormir em um
carro. Sem poder escapar dos roncos de sua mãe. Ou de abrigos, eram

210
ainda piores.

Com um triunfante: "Ahá!" Sua mãe emergiu do porta-malas,


agarrando algo com forma de bastão.

Momentos depois um rojão de luz âmbar brilhou. Segundos mais se


iluminou com uma rajada de luz verde. Agitou a mão a seu redor em
alguma estranha dança, sua mãe fez uma cambalhota junto ao carro.
Estranho, mas não era a coisa mais estranha que tinha visto sua mãe
fazer. Olivia estava acostumada a esse tipo de comportamento errático de
sua querida mãe. Na realidade, a dança do bastão resplandecente era
tranquila em comparação com o momento em que sua mãe chegou a casa
cambaleando. Ela tinha cambaleado pela grama diante do complexo de
apartamentos tentando apanhar mariposas invisíveis, nua e coberta de
manteiga de amendoim. Os serviços de proteção infantil não acharam tão
divertido quanto os vizinhos.

Será melhor esconder as chaves do carro de novo até que


esteja sóbria. Olivia suspirou. Enganar de novo. Perguntou-se como
perdeu os sinais de embriaguez. Normalmente, podia detectar quando sua
mãe ia para a farra. Por outro lado, apesar de sua dança divertida, sua
mãe não parecia muito.... Bêbada. Não cantava ou ria. Tropeçava ou caía.
Na realidade, sua mãe dançava ao redor de Olivia com uma graça que não
recordava ter visto.

— O que está fazendo?

— Não é assunto seu.

Humm, possivelmente sóbria, mas sendo seu eu de sempre,


maravilha. Estalando seu chiclete, Olivia não se ofendeu. Por que se
incomodar e perder energia? Inclinou para trás de novo, para ver o
estranho anel imóvel sobre sua cabeça. Quando o viu, conteve a respiração

211
já que um único raio brilhante se separou da grande massa e descia para
elas. Não só para elas, mas também justo acima delas, estava perto o
suficientemente para que sentisse uma brisa quente agitar as mechas de
seus cabelos. Santa.... Não se atreveu a dizer a outra palavra em voz alta
por temor a sua tia e sua mania de obrigá-la a lavar a boca com sabão.
Outra vez. Dotada com uma superaudição, a menina não sabia como sua
tia fazia, mas sempre sabia quando Olivia fazia ou dizia algo indevido. E a
castigava usando métodos da velha escola. Muito sabão.

Com um zumbido, seja lá o que fosse pairando no ar aterrissou


atrás de umas árvores. Mami querida jogou o bastão luminoso sobre o
cascalho. Agarrou a bolsa e gesticulou com impaciência.

— Vamos.

— Onde?

— Poderia parar de fazer tantas perguntas? — Espetou sua mãe.


Agarrou Olivia pelo braço e a arrastou fora do capô. Olivia deslizou do
metal e seus pés golpearam o chão.

Encolheu-se para se libertar das garras da mãe e franziu o cenho.

— Vou. Só perguntei para onde.

— Para ver o, um...

— Essa coisa que aterrissou atrás das árvores?

— Sim. E não discuta.

— Por que discutiria? Também quero ver do que se trata.


Possivelmente seja uma coisa supersecreta do governo. Ou aliens. Aliens
seria muito legal.

212
— É uma loucura — Disse sua mãe entre dentes. — Aliens não
existem. Provavelmente seja um helicóptero.

Sim. De acordo. Olivia não acreditou nem por um minuto e podia


sabia que sua mãe não mentia bem, mas como queria saber o que
aterrissou ali, não alegou nada contra sobre ir ao local escuro no interior
do bosque para encontrar quem sabe o que. Não podia ser pior que os
drogados e a escória que viviam em sua vizinhança.

Anos depois, Olivia ainda queria se esbofetear pela ingenuidade que


tinha mostrado nessa noite.

Pulando a seguir, Olivia caminhou a de sua progenitora, que


cambaleava com os saltos nada apropriados a caminhadas florestais. Uma
criança normal aos dez teria temido uma aventura no bosque sombrio.
Olivia tinha orgulho do fato de que era mais valente e madura que as
outras crianças de sua idade. A chamavam de Pequena inteligente. O
único legado de sua mãe que podia reivindicar e desfrutar.

Inteligente ou não, nada a preparou para o que seus olhos viram


quando chegou à área aberta. Como se estivesse preparado antes, havia
uma clareira, um corte certo para o bosque, o matagal empilhados ao
redor da borda exterior, obrigando-a a subir a barreira improvisada. Pode
ter tomado um tempo para procurar um caminho, mas capturou um
indício aberto. Um brilho intenso. O misterioso objeto sobrevoava a área.

Um balão metrológico? Um idiota em uma cadeira de jardim voando


em balão de hélio? A possibilidade a excitava. Embora tivesse brincado
sobre isso antes, entretanto, a última coisa que realmente esperava ver era
uma espaçonave.

Merda. Sinto muito, tia Jens. Ignorou o sabor imaginário do


sabão e deu um passo, logo outro para a esfera flutuando a alguns metros

213
do chão. Redondo como um Mentos, mas de tamanho gigante, que zumbia
baixinho sobre o chão! Olivia observou curiosa. Genial. Agachou-se para
olhar embaixo, mas não viu nada que o mantivesse flutuando, uma
iluminação suave irradiando de sua carapaça.

— Isso é tão legal — Murmurou.

— Eu trouxe.

As palavras repentinas de sua mãe surpreenderam Olivia. Tinha


esquecido que não estava sozinha.

Logo as palavras penetraram sua mente e se voltou para olhar a


mãe, não viu nenhuma surpresa em seu rosto. Como sua mãe sabia que
apareceria um OVNI? A menos que não fosse uma nave extraterrestre. Que
decepção. Por um instante, se entusiasmou. Olivia olhou de novo e deixou
escapar um gritinho quando observou a rampa que conduzia a entrada da
coisa. De pé na rampa havia uma criatura encurvada, vagamente
humanoide. Olivia engoliu em seco enquanto olhava fixamente à entidade
piglike15, sem dúvida era um disfarce detalhado, até cheirava mal.

— Eu trouxe, como queria. Agora, onde está meu dinheiro?

Olivia se virou.

— Seu dinheiro? — Dez anos ou não, entendia a essência de onde


isto a levaria. — Você está me vendendo? Para que?

— É para um propósito maior.

— Dinheiro não é um propósito maior — Olivia disse com


insolência.

15
Piglike: qualquer mamífero da família dos suínos, que tem patas curtas, cascos, cabelo desgranhado e um focinho
cartilaginoso utilizado para a escavação, especialmente o porco domesticado.

214
— Não tenho que lhe dar explicações.

— Fará à polícia, então.

— Não se lhes disser que fugiu.

— Mas não fugi.

— Oh, sim, fugiu. Acreditarão em mim.

— Mas, por que? — Olivia não gritou ou começou a chorar quando


perguntou, não pôde evitar anos de curiosidade impregnando sua
pergunta. — Por que me odeia tanto? O que lhe fiz?

— Exato — Sua mãe cuspiu. — O que tem feito por mim, pirralha
ingrata? A pus no mundo e o que ganho? Uns miseráveis dólares ao mês
do governo. Insuficiente para o mal-estar que passei por lhe manter. E seu
maldito pai prometeu que me ajudaria. Aquele mentiroso. Não pôde deixar
a cidade o suficientemente rápido quando chegou. Por sua culpa estou
sozinha.

Olivia piscou diante do discurso, muito aturdida para sentir dor.


Essa chegaria mais tarde.

— Então, por que continua voltando?

— Porque é minha filha. Pensei que algum dia me renderia algo.


Esse dia chegou.

— Não pode estar falando sério. Não pode me vender. E


especialmente não para isso. Nem sequer é humano.

— E daí? Ele a levará para o espaço. Pense que será uma aventura.

— Não. Não pode fazer isso comigo.

215
— Sim posso.

— Não escapará. A polícia resolverá e você acabará na cadeia.

— A polícia não fará merda nenhuma. Já me saí bem em duas


ocasiões. Uma terceira será moleza — Os lábios vermelhos de sua mãe,
pintados com lápis de lábios seco, separaram em um sorriso doentio.

A mente de Olivia congelou ao pensar nas mentiras que sua mãe


contou sobre Joey, e depois sobre Lisa, afastando-as dela. Olivia se
perguntou muitas vezes se seus irmãos mais velhos encontraram vidas
novas, mais felizes e não queriam ou precisavam de uma irmã menor
nelas. Mas não. Seus irmãos nunca escaparam. Sua mãe os vendeu. Do
mesmo modo como tinha a intenção de vende-la.

— Não vou — Teimosamente reiterou. Olivia se voltou para correr,


mas algo frio a atacou pelas costas e pernas, literalmente, congelaram no
lugar. Só podia ouvir e ver como o marciano asqueroso se aproximou,
subiu seu cinturão por cima de seu ventre peludo, suas calças curtas
cobriam seus pés fendidos e tornozelos peludos. Olhando-a de uma
maneira que a arrepiou, o tipo feio caminhou ao redor do corpo paralisado
de Olivia.

— Ela é um pouco jovem, mas servirá — A criatura cuspiu a um


lado.

— É claro que servirá. Agora pague ou levo isso de volta para a casa
da tia.

— Tem alguma jovenzinha mais para vender?

— Não. Esta é a última. Agora pague, pigman. Tenho gente que ver
e coisas a fazer — Sua mãe estendeu a mão exigente.

216
— Que pena que já não nos será mais útil. Por favor, desfrute de
seu pagamento final — Tirou uma arma de fogo, Olivia nem sequer pôde
gritar quando o alien atirou em sua mãe, reduzindo-a em um monte de pó
que voou com a leve brisa. Já não se importava com a criatura pestilenta,
nome que deu a seu carcereiro, enquanto a arrastava a seu novo lar pelas
próximas semanas. De nenhuma maneira era o pior momento de sua vida,
mas sem dúvida um dos mais tenebrosos, sobre tudo porque nenhum dos
órfãos presos ali sabiam o que esperar.

Ela e os outros pequenos aliens redondos coexistiram em uma


espécie de estranho status, uma mistura entre crianças perdidas do Peter
Pan que a sua tia tanto gostava. De certa forma, Olivia gostou de sua nova
vida muito mais que os outros, sobre tudo porque era proprietária de um
dos beliches de cima. A vida se tornou uma cômoda rotina, inclusive se o
mingau com que os alimentavam deixava muito a desejar.

E então um segundo grupo de piratas atacou sua nave. Insetos


sanguinários, que não ocultaram que queriam os seres humanos para....
Ser o principal ingrediente do jantar.

Guisado de Olivia em molho picante era algo que pareciam achar


especialmente apetecível, então se escondeu dos novos invasores na
primeira oportunidade que teve, os dutos da nave enorme tinham o
tamanho certo para alguém tão miúda como ela. Escondeu-se tão bem que
os piratas desocuparam a nave com todos os seus amigos órfãos e a
deixaram, sozinha. Completamente sozinha. Acrescente a diminuição do
sistema de apoio à vida em uma espaçonave despojada de qualquer
tripulante que pudesse pô-la em movimento, mesmo com sua pouca idade
e experiência, Olivia sabia o que era uma sentença de morte, embora lenta,
quando a viu.

Então chegou a manhã e despertou, seu ventre tenso pela fome,

217
sua respiração difícil e sem energia, para ver um sujeito de aspecto
engraçado do tipo tirado de um livro de histórias sentado na beira da cama
que tinha feito para si. Fraca ou não, levantou balançando a faca
enferrujada que encontrou durante seu saque. O medo fez seu jovem
coração pulsar, mas com valentia enfrentou o sujeito sorridente e com voz
trêmula perguntou:

— Quem é você?

— Eu sou o maior dos deuses. O ser mais poderoso do Universo.


Que decide quem vive ou...

Uma mulher radiante saiu de trás dele e lhe estapeou a nuca.

— É Murphy. E eu sou Carma. Somos deuses, mas já que o destino


diz que estamos adotando-a, pode nos chamar família.

A mais estranha família que o universo provavelmente alguma vez


viu, mas ao mesmo tempo, a mais carinhosa. O resto de sua infância
transcorreu em um borrão rápido, enquanto Olivia viajava com seus novos
tutores, aprendendo sobre novas culturas e ideias mais rápidas que a
velocidade da luz, das quais Carma ria e marcava o ritmo.

Quando seu tio se tornou do tipo sufocante e sua marca mágica


muito perigosa, Olivia seguiu por conta própria e depois conheceu Ifruum
em uma cela. O resto, como dizem, é história.

Olivia conteve a respiração quando terminou sua triste história.


Makl tinha permanecido em silencio durante um momento. Depois de
superar seu chilique furioso quando tinha chegado à parte onde sua mãe
cruelmente a abandonou. Por alguma razão ouvir sobre como foi
maltratada, o que provocou um discurso onde ameaçou matar sua mãe
das formas mais terríveis até que Olivia o lembrou que a mãe já tinha
morrido. Achou sua reação extrema, mas deliciosa ao mesmo tempo.

218
Apesar de suas singularidades, demonstrava que se preocupava com ela,
ao menos um pouquinho.

Não era... Preocupação. Não era estúpida. Tinha captado que ele
estava tramando algo. O super apaixonado Makl agia como um cara em
uma missão e tinha a leve suspeita de saber por que. Entretanto, quando
chegou à notícia através da voz do computador de que tinham atracado no
planeta de seu primo, não pôde evitar uma pontada de dor.

Ele realmente vai me deixar.

Por alguma razão, realmente tinha esperado seguir adiante como


tinham feito até o momento, realizando ataques e escapando facilmente da
autoridade, ser cada vez mais e mais famosos. Inclusive tinha chegado ao
ponto em que esperava com interesse as missões, pois não podia negar
que amava a adrenalina de tramar um complô bem planejado e ver a
alegria selvagem nos olhos de Makl ao vencer às probabilidades. E o sexo...
Hummm...

Na intenção de se entender melhor com seu amante azul, inclusive


tinha começado a estudar o manual dos mercenários. Algumas regras e
subclausula lhe provocaram um ataque de riso.

Esquecera que estava vivendo a vida de uma criminosa. Parecia


que seus dias de ser a metade dos Pombinhos Galácticos tinha terminado.
Makl tinha a intenção de seguir com o plano de se livrar dela e deixá-la
com seu primo de babá. Deprimente, mas de novo, o que esperava que
fizesse? Continuar trabalhando como uma dupla e trepando como
coelhinhos de orelhas macias no planeta rosa a vários sistemas estelares?
Tudo bem, só era diversão e sexo impressionante, e as conversas...

Oh, merda.

Empurrou o corpo dele, o suficientemente forte para que caísse no

219
chão, mas não tão duro como a verdade batendo no seu rosto.

Amo o azulzinho.

Oh, não. Quando tinha permitido que isso acontecesse? Por quê?
Acaso não tinha aprendido a lição enquanto crescia? Amar alguém, confiar
em alguém, lhes dava o poder de machucar.

E sou a pior idiota do Universo por deixar que acontecesse,


sobretudo quando o cara era um arrogante, mercenário assassino
que sempre disse que me queria só para sexo.

Ao menos recordou-se por que não queria ter nada com ele em
primeiro lugar. Saltando da cama, se vestiu rapidamente e arrumou suas
coisas mais rápido. Empurrou Makl a um lado para agarrar seu sutiã
favorito do chão e colocá-lo em sua bagagem, finalmente encontrou o olhar
confuso dele. Não pode sustentá-lo, não com a revelação de seu amor por
ele ainda tão fresca. Afastou-se, procurando algo mais que arrumar suas
coisas e assim poder ganhar um momento para secar as lágrimas nos
olhos.

— O que está fazendo?

— O que lhe parece? Fazendo as malas, é obvio. Vou precisar de


roupa para bancar a babá, sabia? — Ela injetou uma nota de irritação em
sua resposta.

— É bom mesmo. Megan provavelmente mataria qualquer mulher


pensando em saltar nua diante de seu companheiro. Mas, como soube que
chegamos? Ifruum lhe disse algo?

Aquele traidor sabia? Ah, assim que o apanhasse lhe faria uma
depilação com cera quente em represália.

220
— Não, mas é um pouco óbvio. Não planejamos outra missão ou
uma parada e, a nave acaba de aterrissar. Você fez questão de limpar sua
cabeça, e cito textualmente, um par de vezes mais do que o habitual.
Acrescente a intuição de uma mulher, pensa que sou estúpida.

— Não parece irritada? — Makl disse interrogativamente enquanto


a seguia, suas passadas batendo forte no chão.

— Por que me incomodar? — Ela pregou um falso sorriso no rosto.


— Mas prometi bancar a babá. E como Ifruum me recordou, até mesmo
ladrões precisam ter alguma honra entre eles.

— Então não vai quebrar sua promessa?

— Não — Ela se dirigiu depressa à porta de embarque, desejando


abri-la antes de dizer algo estúpido como

"Por favor, deixe que eu fique".

— Mas estávamos tendo muita diversão.

Ela encolheu os ombros.

— Sim. Mas até mesmo você deveria saber que todas as coisas boas
chegam ao fim. Melhor fazer isso agora antes que se apegue muito. Não
suporto caras pegajosos — Ela fingiu um calafrio, mas quase perdeu o
olhar de espanto em seu rosto. — Foi divertido, Azulzinho. Nós veremos
por aí.

Assim que a porta da nave se abriu a poeira entrou, culpou às finas


partículas no ar pela umidade em seus olhos. Não estou chorando. Não
por ele. Nem por ninguém. Nunca mais.

Enquanto se afastava da única coisa que lhe fizera mais feliz desde
que se entendia por gente, do único sujeito que tinha atravessado a

221
blindagem que tinha erguido ao redor do coração; agradeceu sua boa
estrela que o fez em seus termos antes que a machucasse realmente.

Agora, se somente pudesse encontrar alguns antiácidos para seu


coração dolorido e um lenço para as lágrimas rolando por sua face.
Atmosfera compatível com o seu traseiro. Estúpido planeta alienígena, já
estava ficando doente.

222
Ela vai partir. Está realmente me deixando.

Makl observou Olivia se afastar, cada passo apertava uma faixa


invisível ao redor de seu peito até que pensou que o sufocaria. Um golpe
nas costas o fez tomar uma respiração torturante.

— Bom, foi um prazer conhecer você, Makl — Ifruum passou a seu


lado arrastando os pés, com uma bolsa de lona arremessada sobre um
ombro peludo.

— Ela se foi — Makl disse baixo, incrédulo, sem poder ocultar a dor
inesperada.

Ifruum se deteve e se voltou para responder. Uma sobrancelha


peluda levantou.

— O que esperava? Você não lhe pediu precisamente para ficar,


certo? Afinal, não é o que queria, por isso tentou sequestrá-la em primeiro
lugar, e o motivo de estarmos aqui.

Mas nunca esperou realmente que acontecesse. Uma parte de Makl


imaginou a cena, um cenário muito diferente. Anunciava que tinham
chegado ao planeta de seu primo e dizia a Olivia que era hora de começar
em seu novo trabalho. Ela choraria, se atiraria ao chão implorando que a
mantivesse porque ele era tão magnífico. Por ser generoso, assim como
também bonitão, temível e um excelente amante, a deixaria suplicar,
ajoelhada a seus pés, antes de ceder à contragosto depois de negociar um
despertar bocal diário pelos próximos ciclos planetários. Continuariam a

223
viagem, provavelmente se esquivando dos mísseis que seu primo zangado
lhes lançaria, porque ainda queria uma babá, e viveriam... Bom, felizes
para sempre.

Nada disso aconteceu. Olivia mão pôde ocultar o desejo de escapar


da sua presença o mais rápido possível. Nem sequer lhe deu um último
beijo ou um olhar. Nenhuma lágrima.

Pelos malditos planetas que tinha depenado, isso o irritava.


Machucava. Enfurecia. Esmagava.

Pisoteou de volta à área de controle principal de sua nave,


murmurando entre dentes.

Por que não pode admitir que a quer para si?

Porque não cedia.

Oh, por favor, olhe a diversão que teve com ela.

Prazer que encontraria sem ela, então, sem importar o fato de que
lembrava a quão aborrecida foi sua vida antes de conhece.

Quando vai admitir que a ama?

Nunca. Não o faria. Não devia. Era um mercenário. Mercenários


não amavam.

Matavam. Iam atrás de coisas de valor incalculável. Eles se


tornavam ricos e famosos. Até que acasalavam e se estabeleciam.

Espontaneamente, Makl recordou uma conversa entre Tren e seu


irmão, antes que seu primo Jaro se estabelecesse com Aylia. Jaro
perguntou:

— O que quer dizer com “encontrou algo mais precioso que um

224
tesouro”?

E Tren respondeu:

— Se repetir isto, negarei e o matarei em seguida, mas a verdade é,


que o maior tesouro de todos, o mais prezado que tenho.... É o amor de
minha companheira. Sem ela, não sou nada. Ela é todo meu universo. A
razão pela qual conspiro e mato. É a coisa mais preciosa que esperei ter e
a única digna de minha vida ou atenção.

Makl, como Jaro nesse momento, não tinham entendido e pensou


que seu primo estava um pouco ruim da cabeça. Acontecia aos melhores
mercenários depois de muitas comoções cerebrais. Mas agora... Agora
Makl tinha que se perguntar.

O que era fama e fortuna se não tinha ninguém para compartilhar?


Sem Olivia a seu lado, quem desfrutaria de sua grandeza? Quem ia
aplaudir suas maravilhosas façanhas? Gemer horrorizada diante de seu
lado sanguinário e assassino? Gemer de prazer diante do amante de
excelente destreza?

Quem e o que era ele sem alguém a quem amar? Ninguém.

Estou sozinho. E isso não podia permitir.

Mas não podia simplesmente dar a volta e dizer a ela isso. Um


macho não se inclinava diante fêmeas, mesmo se a amava. Melhor deixá-la
bancar o papel de babá por um tempo. Deixar que sentisse falta dele e das
aventuras e, quando voltasse para sequestrá-la, ao estilo mercenário,
porque de maneira nenhuma iria pedir a ela permissão, ficaria muito grata
por resgatá-la de uma vida miserável e cairia com gosto apaixonada por ele
também.

E se ela protestasse a princípio, sempre havia um conjunto de

225
algemas que estava ansioso para usar nela, mas que nunca chegou a
fazer. Tinha deixado que suas excelentes habilidades no dormitório
sacudissem sua mente.

Um grande plano. Um plano perfeito. Um calafrio percorreu suas


costas quando poderia jurar que escutou uma risada fantasma.

-*-*-*-*-*-
Olivia engoliu as lágrimas enquanto se afastava de Makl para o
desconhecido. Ifruum, por sua vez, não disse nenhuma palavra enquanto
caminhava a seu lado. O tio Murphy, entretanto, não viu a necessidade de
conter sua língua. Apareceu ao seu lado, com o bastão em uma mão,
alheio aos gritos dos soldados androides protegendo o campo de pouso lhe
ordenando que se detivesse e se identificasse.

— O que está fazendo? — Perguntou Murphy, fazendo girar seu


bastão e bloqueando de algum jeito os projéteis voando para ele.

Detendo-se com as mãos ao alto, Olivia suspirou.

— O que lhe parece? Tentando não receber um tiro? Ou será que


não lhe ocorreu pensar que aparecer de repente em um planeta desse, que
está repleto de segurança, poria em marcha o alarme?

— Ora. Não me machucarão. Sou um deus.

— Mas eu não sou. Lembra?

— É claro que sim. Sou seu tio — Ele inchou o peito com
indignação.

— Infelizmente — Murmurou.

226
— Ainda não me respondeu. O que está fazendo? Por que está aqui
em vez de com o Azul idiota, que a corrompeu para toda oportunidade de
um bom casamento?

— Pela enésima vez, tio Murphy, nunca planejou nos casar. E para
sua informação, esse Azul idiota não me quer.

Seu tio grunhiu.

— Me diga que não foi isso? E eu que tinha todo o casamento


planejado. Metros de renda pedidos e planejadores de casamentos, já
alinhadas para competir pela oportunidade. Que falta de consideração da
parte de vocês, mas por que não? — Lamentou-se Murphy, com a mão no
peito.

— Estou certa de que superará.

— É obvio, que o farei — Murphy zombou. — Mas a pergunta é.....


Você o quer?

— Não sei a que se refere.

— Você gosta do mercenário Azulzinho?

Olivia encolheu os ombros, incapaz de deter a onda de dor pela


rejeição de Makl.

— Suponho. Quero dizer, foi divertido enquanto durou — Ela


estreitou seu olhar no tio. — Não entendo por que se importa. Pensei que
você não gostava dele.

— É obvio que não me agrada. É meu trabalho como guardião odiar


todo macho que se aproxima de você. Mas, como minha irmã me disse
enquanto estava me perseguindo ao redor do sol na Galáxia Kippij, não se
trata da minha vontade, e sim da sua. Ele gosta de você.

227
— Não parece.

— Sim, gosta. E ainda digo mais, você o ama, menina.

Olivia agarrou a gravata de Murphy e a envolveu ao redor de seu


punho antes de sacudi-lo.

— Mentira. Retire isso.

— Não, é a verdade.

Ela o soltou, incapaz de se agarrar a raiva, uma raiva pela


veracidade da declaração.

— Está bem. Talvez o ame. Grande coisa! Tão grande quanto saber,
obviamente, que não me ama — Gritou ela, as lágrimas ardentes por fim
derramaram sem controle, enquanto deixava que sua angústia surgisse em
uma explosão furiosa. — Ele não me quer, do mesmo modo que minha
mãe não me queria. Só me usou até que já não precisava mais.

— Mas eu preciso.

Disse em voz baixa, a surpreendente admissão a fez girar sobre


seus calcanhares. Makl, com o cabelo bagunçado, sua pistola fumegante,
estava ali fitando-a com uma expressão que nunca vira antes. Parecia
desesperado. Olhou além dele e viu os androides destruídos. Tinha lutado
para chegar a seu lado? Por quê? E quanto tinha ouvido?

Oh Deus, por favor, não me diga que me ouviu dizer que o


amo.

— Azulzinho? O que faz aqui? Pensei que já estava em orbita —


Esfregou a face úmida, tentando apagar a evidência.

Como se não o notasse. Seu polegar roçou a pele úmida antes que

228
pegasse seu queixo com sua grande mão.

— Queria. Provavelmente deveria. Mas não posso.

Ela não se permitiu acreditar em seu desgosto obviamente fingido.

— Por que não? Esqueceu de receber o pagamento por me


entregar?

— Não, me esqueci de algo mais importante.

— Combustível para a espaçonave?

— Não.

— Uma nova sócia?

— Já tenho uma.

— Que rápido — Murmurou, dando a volta e tentando conter as


lágrimas novas ao anúncio insensível de que a tinha substituído tão
rapidamente.

— Idiota! E pensar que me chamam de tolo — Makl a puxou para


ele. Sacudiu-a, não muito duro, mas o suficiente para que batesse os
dentes. — Não vê? Não me dava conta até que se foi. Preciso de você.

— Para ser famoso.

— Não, preciso por que... — Makl fechou a boca, com uma


expressão de dor. Seu espírito afundou. Ele endireitou a coluna vertebral e
respirou fundo. — Não posso ir porque a amo. Está contente? Em vez de
sequestrar uma humana para meu maldito primo, me apaixonei. Por você.
Só a ideia de viver sem você me faz querer entrar em uma campanha
criminal. Minha fama não vale nada sem você para compartilhá-la. Minha
vida não tem sentido se você não está lá para dar a ela cor.

229
— Sério? — Por um instante, a esperança levantou seu ânimo.
Mas... — Você diz isso agora, mas quando as coisas ficarem difíceis vai me
deixar.

— Não. Nunca. Não sou a bruxa que lhe deu à luz. Quando dou
minha palavra, e pode perguntar a qualquer um, eu a mantenho. Não tem
nada a temer de mim. Amo você, Olivia, mesmo sendo uma bárbara
humana. A amarei até minha última respiração e juro diante deste deus
como minha testemunha, que se algo ameaçar o que temos, o matarei.

Seus lábios tremeram.

— Sua resposta a tudo é matar.

Ele encolheu os ombros.

— Funcionou para mim até agora.

— Está me pedindo que passe minha vida com um assassino


procurado?

— Ei, estou disposto a passar a minha com uma ladra.

— Sou uma especialista em aquisições.

— Palavra sofisticada para uma ladra que me roubou o maldito


coração. Agora, vai se render com graça ou vou ter que torturar? Tenho
algemas a bordo — Levantou uma sobrancelha.

Humm, talvez um pouco de tortura não fizesse mal. Ainda


assim...

— Uma relação é mais que apenas sexo.

Murphy limpou a garganta.

230
— Posso interromper.

— Não, não pode! — Ambos praticamente gritaram.

Makl estreitou suas mãos entre as dele.

— Não se trata só de sexo, embora seja espetacular. Eu gosto. Eu


gosto de conversar com você. E dormir aconchegado a você, isso negarei se
me perguntarem. Eu gosto de ouvi-la rir e como funciona sua mente.
Inclusive acho adorável a forma como continua estremecendo quando
mato coisas. Deixe-me provar o quanto a amo, que sou digno de sua
confiança. Digno de seu amor.

Seu coração derreteu, mas o medo ainda a retinha.

— Quem disse que eu o amo?

Murphy não pôde resistir a se intrometer de novo:

— Foi há um minuto.

Olivia chutou seu tio na tíbia e Ifruum riu.

— Que se fodam. Os dois — Ela centrou toda sua atenção no


grande mercenário azul na frente dela. Como podia resistir ao apelo gentil
em seus olhos? Como partiria? Sabia que um mercenário orgulhoso como
ele não despia sua alma frequentemente, isso se alguma vez o fazia. Podia
realmente recusá-lo, negar aos dois esta oportunidade de ver se podiam
fazer funcionar?

Posso me negar à oportunidade no amor?

Não podia. Não faria. Não queria passar o resto da vida


perguntando o que podia ter sido. O que era um risco a mais em sua vida?

— Promete me amar para sempre?

231
— Eternamente. Por favor, não me deixe. Minha grandeza é nada
sem você ao meu lado.

Respirando fundo, o pêndulo assinalando a mudança se abatia


invisivelmente sobre sua cabeça, como se o universo inteiro esperasse sua
resposta.

— Amo você, Azulzinho.

Makl gritou e a envolveu nos braços, girando ao seu redor de uma


maneira vertiginosa. Ele se equilibrou para um beijo. Poderia ter se
transformado em algo mais, mas como de costume, o destino, o primo que
se negava a falar com Murphy, interveio.

Uma voz que soou através das planícies, amplificada por alto-
falantes ocultos.

— Se tiver terminado com sua maldita festa do amor, se importaria


de trazer esse traseiro para casa agora? Meu filho acaba de despertar e
está gritando. Uma vez mais. Não me faça ir aí e os trazer na marra — A
baixa ameaça de um grunhido teria resultado mais eficaz sem o choro
estridente de um bebê.

Makl envolveu os dedos ao redor dos dela em um férreo controle.

— Só por você enfrentaria meu primo e sua prole. Lembre-se disso


em meu funeral.

Juntos, se dirigiram ao complexo que abrigava uma mansão do


tamanho que Olivia nunca imaginou, mas imediatamente cobiçou.

— Poderíamos fazer uma fortuna aqui — Murmurou para Makl.

— Sei, mas primeiro teria que passar por minha família e acredite
em mim, não são seres que deseje provocar.

232
Uma vez que Olivia se uniu ao temível primo, Tren, um tremendo
Azulão de aspecto assustador, com olhos injetados de sangue e cabelos
bagunçados, pôde ver por que. O fato de que a esposa de Tren fosse
humana pegou Olivia de surpresa. De algum jeito, em todas as suas
discussões, Makl esquecera-se de mencionar o fato de que seus primos
casaram com humanas. Mas, quem tinha tempo para conversar quando os
gritos e as pessoas começaram a dispersar?

Um pacotinho com a cara vermelha foi empurrado para ela e as


pessoas se retiraram tão rapidamente que Olivia se perguntou se tinham
estabelecido novos recordes de retirada rápido. Abandonada exceto por
Makl, que descaradamente estendeu as mãos sobre seus ouvidos, Olivia
sustentou o bebê gritando em seus braços.

Tinha o rostinho enrugado e vermelho como beterraba, seus gritos


acalmaram quando pressionou os punhos em sua boca. Oh, isto não daria
certo. Olivia correu em busca dos pais, seguindo o som dos gritos, que
podia ouvir sobre o soluço da criança mais calma. Encontrou Tren e a
Megan no andar de baixo. Entretanto, qualquer que fosse a conversa,
findou antes que ela entrasse na sala. Júnior começou a rugir de novo no
meio do silêncio.

Com o rosto de causar pena, Tren gemeu, embora em voz baixa:

— Por que o bebê continua chorando?

— Porque não sou a mãe ou pai dele — Olivia disse agitando o


bebê.

— Shhh. Não faça isso — Os olhos de Megan arregalaram. — Ele é


frágil. Viu seu tamanho? Pode machuca-lo se o agitar muito forte.

— Ele é um bebê, não uma porcelana — Olivia resmungou,


agitando-o de novo. Para surpresa de todos, os gritos pararam. Todos os

233
olhos pousaram no menino e Olivia deteve o movimento. Os gritos
começaram de novo. Olivia o sacudiu brandamente. Sem mudanças. Mais
duro. O menino fechou a boca e a olhou fixamente.

— Vê? A babá humana que encontramos já está fazendo progressos


— Tren anunciou triunfante a sua esposa.

— Bom, é um começo, mas isto significa que vamos ter que sacudir
o bebê constantemente? — Megan franziu o cenho. — Poderia jurar que
isso não fosse bom para eles.

— Porque não é — Olivia quase gritou. — Nenhum de vocês leu um


livro sobre bebês antes de ter um?

— Claro que não — Tren endireitou os ombros enquanto respondia


indignado. — A criação dos filhos é o trabalho da fêmea. Entrarei quando
for o momento de treinar e disciplinar.

— Trabalho de fêmea, mulher? — A coluna vertebral de Megan


ficou rígida como um pau. — Esta é sua forma de insinuar que não faço
meu trabalho?

Os gritos entre o casal começaram; o bebê com o polegar metido na


boca os observava com satisfação. Não que Olivia notasse a princípio, mas
quando o fez, chamou a atenção.

— Hummm, pessoal. Com que frequência brigam diante do bebê?

Eles se detiveram, Megan mordeu o lábio em desgosto evidente por


ter perdido o controle na frente do filho. O rosto do bebê se enrugou. Olivia
lhe deu uma leve sacudida com um olhar “de não se atreva”. O bebê se
deteve.

— Não discutimos diante da criança. Eu sei que isso não é

234
saudável — Megan revirou os olhos.

— Não se permitem som de nenhum tipo, que alterem o humor do


meu filho.

Olivia estalou a língua.

— E esse é o problema. Com certeza vocês brigaram toda a


gravidez.

— Talvez — Disse Megan.

— Todo o tempo — Tren descaradamente admitiu. — São as


melhores preliminares.

Megan o esbofeteou no braço, não que seu marido se notasse.

— E quando nasceu o bebê? — Olivia perguntou.

— Paramos para que ele pudesse dormir.

— Então, tirou um bebê de seu mundo agradável, quente e


silencioso quando o que provavelmente ele recordará é de vocês dois
gritando. E, uma luta, que provavelmente o sacudiu durante toda gravidez.

Assentiram.

Olivia suspirou.

— Idiotas. Ele está acostumado à bagunça. Sem ela, se sente


perdido. — Suas palavras foram recebidas com um silêncio pesado,
enquanto Tren e sua esposa se olhavam. Então o bebê soltou um grito
para recordá-los que estava ali.

Megan pegou seu filho de Olivia, com seu lábio inferior tremendo. A
mãe o sacudiu. Ele se animou. Ricocheteou-o de novo. Um sorriso curvou

235
seus lábios. Megan ofegou e o deixou cair.

Tren mergulhou e golpeou o chão, apanhando o bebê antes que


caísse, e ele soltou uma risadinha. Um silêncio congelou a todos. Todos os
olhares se dirigiram ao bebê. Ele se remexeu sob todos os olhares, logo
soltou um poderoso grito.

Tren lançou o bebê. Megan ofegou. Tren o apanhou. Uma


risadinha. Um biquinho. Sacudida. Sorriso. Olivia não soube quanto
tempo os pais, com sorrisos estúpidos em seus rostos, jogaram e
agarraram o bebê antes que caísse, um jogo que Olivia estava segura que
terminaria com um tapa na cabeça de Tren. Mas, o pai nunca perdeu uma
captura e brincou com seu filho o suficiente para que em um momento
Olivia em voz alta os recordasse que o pranto voltaria provavelmente
porque precisava comer e de uma sesta.

Na realidade, todos tiveram uma sesta. A sua implicava nada de


fechar os olhos, já que tinha um mercenário nu em sua cama.

Ainda não podia acreditar que tivesse vindo por ela e a poucos
minutos de sua partida. Isso a surpreendeu ainda mais que sua
reivindicação de cuidar dela.

Ele me ama.

Sentou escarranchada sobre seu mercenário azul e puxou o anel


em seu mamilo.

— Diga de novo.

— Dizer? Chupe mais forte? Não posso ter um momento para me


recuperar, bárbara insaciável?

Olivia se pôs a rir.

236
— Não, Azulzinho. O outro.

Um sorriso suavizou seus lábios.

— Ah, eu a amo? Amo. Não me dava conta até que você se foi, mas
faço com todo meu poderoso ser., mas não pense que isto quer dizer que
conseguirá o que quer. Ainda estou no controle.

Ela rebolou em cima dele.

— Está certo disso?

Rodou-a sob ele com a rapidez de uma piscada, passaram o


momento seguinte discutindo sobre quem usava as calças na relação, até
que ela apontou que no quarto, nenhum deles usava nada, então
começaram uma discussão sobre se às mulheres deveria ser permitido
usar calças ou não, o que levou a uma nova disputa. E bom, como dizem,
o resto é história, mas ao menos sua história agora implicava “o felizes
para sempre”.

E um fabuloso novo apelido. Amados. Mas isso não era para as


câmeras, inclusive se seu casamento era atualmente notícia, por cortesia
do gerente de marketing de Makl.

Os Pombinhos Galácticos ataram o nó. Isso significava que seus


dias tinham terminado? Aff! Pois não.

237
Makl assobiava enquanto esperava seu momento. O alien usando
um capuz escuro, flutuando sobre ele, não gostou nem um pouquinho.

— Poderia deixar de ficar tão alegre? É indecoroso, dado que está a


ponto de morrer.

— Não, eu não estou.

O carrasco levantou sua arma.

— Minha arma diz que está.

— Mas o amor da minha companheira diz o contrário — Gabou-se


Makl quando Olivia entrou correndo na sala sem um minuto a perder.
Balançou um inestimável vaso. — Não! — E o arrebentou na cabeça do
guarda mais próximo, quebrando a cerâmica frágil e deixando seu
oponente inconsciente. Maldita moral humana, ainda não a deixava matar
com impunidade. Entretanto, ela o amava, sim, o amava, o suficiente para
vir resgatá-lo, gritando algo que podia jurar era, "Liberdade!", que não
tinha um sentido real, embora sempre provocasse um selvagem sorriso em
seu rosto.

Algo que gritou, distraiu seu carrasco tempo suficiente para atirar
nos aliens com capuz no ombro. Apesar de não ser um ataque mortal,
resolveu o problema. A arma caiu. Makl rodou sobre ela e cuidadosamente
cortou a corda ao redor de seus pulsos perdendo só um pouco de sangue
no processo. Tomando posse da arma, depois de uma breve luta que ele
ganhou, cortou rapidamente a cabeça do carrasco, então cortou as cordas

238
unindo seus tornozelos.

Libertado, ficou em pé.

— Voltou por mim — Exclamou. — Sabia que se importava.

Ela enrugou o nariz.

— Ugh. Não faça com que me arrependa, de acordo? Vamos sair


deste antro antes que realmente tenhamos que lutar por nossa saída.

Um punhado de guardas entrou correndo na sala.

— Vá, é muito tarde.

Revirando os olhos, Olivia se apoiou contra a parede e esperou que


Makl incrementasse sua cota de morte. Tinha refreado muito os crime e
assassinatos, desde que descobriu que amava sua humana e não podia
viver sem ela. Por alguma razão, ter nas suas costas, mais mortes que seu
primo, já não parecia tão importante. Na realidade, todos os prêmios e
recompensas do universo empalideciam em comparação com o tesouro que
tinha encontrado. Amor.

Mas estar apaixonados não queria dizer que se retiraram. Os


Pombinhos Galácticos seguiam pisando firme, deixando um rastro de
roubos e vídeos apaixonados por qualquer lugar que fossem. E logo, se o
suborno que tinha realizado à deusa da fertilidade no sistema estelar
Venusian dava seus frutos, teria um pequeno mercenário que seguiria
seus passos. Um filho ao que entregaria sua maltratada cópia do Manual
Para A Prosperidade De Um Mercenário.

Ou possivelmente teria uma filha que precisaria das habilidades


letais de seu pai para mantê-la a salvo de mercenários como ele. Porque
simplesmente sabia que qualquer filha sua seria linda, valente e

239
maravilhosa, como sua companheira era. Depois de tudo, adorava à Deusa
do Carma e sabia que não devia pensar que seus depravados anos não se
voltariam contra ele. Entretanto, com sua amada bárbara a seu lado
apoiando-o, esperava com interesse o desafio e o futuro.

-*-*-*-*-*-
Murphy suspirou enquanto recostava em sua cósmica e confortável
poltrona, com os pés no alto observando a cena se desenvolvendo. Sentia
saudades das aventuras com sua sobrinha Olivia, mas ao menos a tinha
deixado nas mãos capazes e presunçosas de um guerreiro que a ama.
Simplesmente não podia acreditar quanto tempo o idiota azul demorou a
recuperar a prudência. Pulou o capítulo sobre encontrar sua única
verdadeira companheira?

— Não, porque nunca leu esse capítulo — Carma anunciou, lendo


seus pensamentos ao surgir a seu lado, vestida com um conjunto de
"arregalar os olhos" que implicava um monte de plumas rosa e preta.

— Como não? É parte do manual.

Colocando a mão em um bolso, o qual não deveria existir em sua


escassa vestimenta, Carma tirou um maço de papel e o sacudiu com um
sorriso.

— Não de seu manual. Arranquei essa seção há um tempo.

— Por quê?

— Porque ele duvidou da minha existência — Seu lábio inferior se


sobressaiu.

— Mas ele não é um de seus seguidores?

240
— Agora é.

— E pensa em voltar a pô-lo ou ao menos lhe dizer. Faria meu


trabalho em estabelecer nossa sobrinha muito mais fácil.

— Poderia fazê-lo. Entretanto... — Sua irmã piscou o olho. — Todos


sabem que Carma é uma cadela.

Parte do desaparecido capítulo no manual de Makl.

Resumindo, quando encontrar sua verdadeira companheira,


realmente terá poucas opções a escolher.

Matá-la antes de ficar emocionalmente ligado. A rota de um


covarde, mas muito eficaz para o guerreiro que se mantém firme sobre
permanecer sem amarras e quer viver sozinho.

Corra.... Para tão longe e o mais rápido que possa até que tenha
semeado todas suas sementes de destruição, matado a satisfação de seu
coração e arado todos os campos férteis que possa. A continuação, procura
à fêmea, concede o divórcio a seu companheiro se já tiver um,
recomendamos um permanente e mortal, e estabelecemos iniciar sua
própria linha de mercenários.

Entretanto, nossa recomendação é casar com ela. E não só casar,


mas também amá-la com tudo o que tem, já que realmente só tem uma
oportunidade de ser feliz. Um só tiro no verdadeiro amor e para um
mercenário, não há nada mais precioso, mais valioso, nada mais digno de
proteger que a união que pode compartilhar com a companheira correta.

E lembre-se, se algo ameaçar seu amor, não hesite. Mate. Depois de


tudo é o caminho de um mercenário.

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Eve Langlais nasceu na Columbia Britânica, mas por ser filha de
militar, viveu um pouco por toda parte. Quebec, New Brunswick, Lavrador,
Virginia (EUA) e por último em Ontario. Sua família e ela atualmente vivem
nos subúrbios de Ottawa, a capital de sua nação.

Eve é a primeira a admitir que tem uma vida monótona. Sua ideia
de diversão é ir às compras no Wal-Mart, gosta de vídeo games, cozinhar e
ler. Sua inspiração é o marido, já que é um macho alfa total. Mas, apesar
de seu ocasional mau gênio, lhe quer muito bem.

Eve diz que tem uma imaginação retorcida e um humor sarcástico,


algo que gosta de expor em seus livros. Escreve romance a sua maneira.
Gosta dos machos alfa com o peito nu e homens lobo. Muitos homens
lobos. De fato, notasse que a maioria de suas histórias giram em torno de
grandes licantropos, super protetores que só querem agradar sua mulher.

Também é muito parcial com os ETs, sabe.... Do tipo que


sequestram a mulher e logo em seguida fazem alguma loucura... de prazer,
é obvio.

Suas heroínas têm vários aspectos. Algumas são tímidas e de voz


suave, outras, chutam um homem nas bolas e riem. Muitas são gordinhas,
porque em seu mundo, as garotas têm curvas! Ah e algumas de suas
heroínas são pequeninas e más, mas em sua defesa, precisão de amor
também.

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