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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

Graduação do Curso de Ciências Contábeis

PERÍCIA
E
ARBITRAGEM

Conceitos, Técnicas e Normas


aplicáveis à prova pericial contábil

Profª Emanuelly Melo Teixeira Dias Borges


Contadora - Perita Judicial
CRC/MG 76.965-O / CNPC 587
emanuelly.borges@prof.una.br

agosto/2019
Perícia Contábil
Profª Emanuelly Dias
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SUMÁRIO

1. Das Provas no Processo Civil ........................................................................................ 03

1.1 A Prova .......................................................................................................................... 03

1.2 Meios de Prova pelo novo CPC ..................................................................................... 04

2. A Perícia e seus aspectos .............................................................................................. 09

2.1 Conceitos e Características ........................................................................................... 09

2.2 Tipos de Perícia ............................................................................................................. 12

3. Arbitragem ....................................................................................................................... 15

4. Disposições Jurídicas da Perícia Técnica: CPC – Da Prova Pericial ............................... 25

5. Legislação Pericial ........................................................................................................... 33

5.1 Normas Brasileiras de Contabilidade – NBC PP01 ........................................................ 33

5.2 Normas Brasileiras de Contabilidade – NBC TP01......................................................... 40

5.3 Resolução CFC nº 1.502/16 ........................................................................................... 51

5.4 Resolução CFC nº 1.513/16 ........................................................................................... 54

5.5 Normas Brasileiras de Contabilidade – NBC PP02 ........................................................ 55

6. Áreas de aplicação da Perícia Contábil ............................................................................ 60

7. Perfil Profissional do Perito e Assistente Técnico ............................................................ 69

8. O Perito e o Processo Judicial Eletrônico ......................................................................... 74

9. Qualifificação e Ética do Perito Contador ........................................................................ 76

10. Remuneração do Perito Contador .................................................................................. 80

11. Assistência Técnica: Parecer Técnico ............................................................................ 87

11.1 Layout Parecer ............................................................................................................. 88

12. Técnicas Pericias ......................................................................................................... 89

13. Laudo Pericial ................................................................................................................ 95

13.1 Check list laudo ............................................................................................................ 97

13.2 Layout laudo ................................................................................................................ 98

14. Modelos de Petições: NBC TP 01 e PP 01................................................................... 100

15. Referências Bibliográficas ............................................................................................ 118


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DAS PROVAS NO PROCESSO CIVIL

→ A PROVA

Quem demanda em juízo deve provar suas alegações, pois meras alegações não
produzem qualquer efeito no âmbito judicial (salvo a revelia ou a omissão na
contestação). A prova é, pois, o meio através do qual as partes levam ao
conhecimento do juiz a verdade dos fatos que elas querem provar como
verdadeiros.

A fase probatória, desta forma, é a oportunidade de o autor provar o fato constitutivo


do seu direito e do réu argüir fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do
autor.

São objeto da prova os fatos relevantes para a solução da lide, ou seja, os fatos
litigiosos e controvertidos importantes para se provar os fatos.

A real finalidade da prova é formar a convicção do juiz em torno dos fatos relevantes
à relação processual. Por isso se diz que o destinatário da prova é o juiz, uma vez
que, é o mesmo quem deverá se convencer da verdade dos fatos.

A palavra “prova” deriva do latim probare (convencer, tornar crível) e, de acordo com
José Frederico Marques, é o “meio” e modo utilizados pelos litigantes com o escopo
de convencer o juiz da veracidade dos fatos por eles alegados, e igualmente, pelo
magistrado, para formar sua convicção sobre os fatos que constituem a base
empírica da lide. Torna-se possível reconstruir, historicamente, os acontecimentos
geradores do litígio, de sorte a possibilitar, com a sua qualificação jurídica, um
julgamento justo e conforme o Direito” (MARQUES, José Frederico. Curso de Direito
Processual Civil – Processo de Conhecimento. São Paulo: Saraiva, 1999, p. 336).

Os meios de prova expressamente tipificados no novo Código de Processo Civil são


a ata notarial (art. 384, novidade em relação ao CPC de 1973), o depoimento
pessoal (arts. 385 a 388), a confissão (arts. 389 a 395), a exibição de documento ou
coisa (arts.396 a 404), a prova documental (arts. 405 a 438), os documentos
eletrônicos (arts. 439/441), a prova testemunhal (fls. 442 a 463), a prova pericial
(arts. 464 a 480) e a inspeção judicial (arts. 481 a 484).

Entretanto, o novel legislador, mantendo a previsão já existente no CPC de 1973,


admite outros tipos de prova além dos elencados acima, estabelecendo que “as
partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente
legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade dos
fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir na convicção do juiz” (art. 369).

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→ MEIOS DE PROVA PREVISTOS PELO NOVO CPC

• Ata notarial - Em linhas gerais, a ata notarial é um instrumento público, lavrado


por tabelião de notas (Lei Federal nº 8.935/94, art. 7º, III) a requerimento de pessoa
interessada, que se destina a atestar (através dos sentidos do próprio notário) e
documentar a existência ou o modo de existir de algum fato jurídico. O exemplo
mais palpável na atualidade talvez seja a prova das situações documentadas na
internet e, principalmente, nas redes sociais.

Com a lavratura da ata notarial se impede, por exemplo, que alguma informação
deixe de ser documentada caso a página da internet seja retirada do ar ou aquela
foto e vídeo específicos sejam apagados no dia seguinte.

Além disso, inúmeros outros fatos podem ser provados por meio da ata notarial, tais
como: documentação do conteúdo de um e-mail, com informações de quem envia e
recebe, IP do computador, data e horário do envio etc.; documentação de
discussões e situações ocorridas no âmbito de reuniões societárias ou assembleias
de condomínio; documentação do fato de um pai ou de uma mãe não comparecer
para visitar seu filho ou filha nos dias de visita regulamentada; documentação do
barulho feito por um vizinho que sempre promove festas; documentação da entrega
de chaves de um imóvel locado; documentação de uma marca sendo utilizada
indevidamente por determinada empresa em seu site oficial; entre muitas outras.

• Depoimento pessoal é meio de prova consistente em um interrogatório da parte


feito pelo juiz sobre os fatos da causa. Pode ser determinado de ofício pelo juiz em
qualquer estado do processo ou por meio de requerimento da parte adversa, mas
neste caso o depoimento será feito em audiência de instrução e julgamento. Este
requerimento deve ser feito pela parte contrária pelo menos 05 dias antes da
audiência e em petição escrita.

As conseqüências para o caso da parte não comparecer, ou, comparecendo se


recusar a depor são diversas.

O interrogatório é feito da mesma forma que a inquirição de testemunhas, sendo o


juiz e o advogado da parte contrária aqueles que podem formular perguntas ao
depoente. Isto se deve ao fato de que tudo que o autor tinha a dizer consta na
petição inicial e da mesma forma o réu em sua defesa.

É proibido à parte que ainda não depôs assistir o interrogatório da outra parte.

• Confissão é diferente do reconhecimento da procedência do pedido. Na


confissão, o confitente apenas reconhece a existência de fatos contrários ao seu
interesse e o juiz profere a sentença e resolve o mérito. O reconhecimento da
procedência do pedido, por sua vez, antecipa a solução do litígio, pois o juiz julga
conforme o estado do processo.

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A confissão pode ser judicial ou extrajudicial. A confissão judicial (feita nos autos do
processo) pode ser espontânea (por iniciativa própria a parte comparece em juízo e
confessa) ou provocada (a parte adversa requer a confissão da parte). Por sua vez,
a confissão extrajudicial é a feita fora do processo, oralmente ou na forma escrita,
frente a parte contrária ou terceiros.

Cumpre lembrar que, para a confissão ter valia, o confitente deve possuir plena
capacidade para tanto e não estar submetido a qualquer tipo de coação ou
violência.

• Exibição de documento ou coisa - o juiz poderá ordenar que a parte exiba


documento ou coisa que se encontre em seu poder. Sendo necessário, o juiz
poderá adotar medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias para
que o documento ou coisa seja exibido.

• Prova documental - A prova documental por sua vez é a mais comum das provas.

"O documento liga-se à idéia de papel escrito. Contudo, não apenas os papéis
escritos são documentos. Documento é todo objeto do qual se extraem fatos em
virtude da existência de símbolos, ou sinais gráficos, mecânicos, eletromagnéticos,
etc. É documento, portanto, uma pedra sobre a qual estejam impressos caracteres,
símbolos ou letras; é documento a fita magnética para a reprodução por meio do
aparelho próprio, o filme fotográfico, etc." ( Vicente Greco Filho)

A prova documental abrange os instrumentos e documentos, públicos e privados.


Os instrumentos são documentos confeccionados com o objetivo de servir de prova
e documentos são gêneros a que pertencem todos os registros materiais de fatos
jurídicos.

As certidões, os traslados e reproduções de documentos públicos autenticados


fazem a mesma prova que os documentos originais.

Documento público possui presunção legal de autenticidade entre as partes e


perante terceiros pois sobre ele recai fé pública conferida aos órgãos estatais.

• Prova Testemunhal - "Prova testemunhal é a que se obtém por meio do relato


prestado, em juízo, por pessoas que conhecem o fato litigioso". (Humberto
Theodoro Júnior).

É o modo objetivo pelo qual o espírito chega ao conhecimento da verdade,


convencendo-se por meio de tal persuasão." (Pinto Ferreira)

"... constitui o meio e modo de que usam os litigantes para convencer o juiz da
verdade da afirmação de um fato, bem como o meio e modo de que serve o juiz
para formar sua convicção sobre fatos que constituem a base empírica da lide."
(José Frederico Marques)

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As testemunhas classificam-se em:

- Testemunhas presenciais: testemunhas que assistiram o fato controvertido


pessoalmente;

- Testemunhas de referência: testemunhas que souberam do fato litigioso através


de terceiros;

- Testemunhas referidas: testemunhas descobertas por meio de depoimento de


alguma testemunha;

A testemunha que for intimada e sem motivo justificado deixar de comparecer à


audiência, poderá ser coercitivamente conduzida à audiência por ordem do juiz e
ficará responsável pelas despesas causadas.

A parte que dispensar a intimação da testemunha sob o compromisso de apresentá-


la na data da audiência corre o risco de perder a prova se a testemunha não
comparecer.

A testemunha antes de depor é advertida pelo juiz de que poderá responder a um


processo criminal se fizer afirmação falsa, calar ou ocultar a verdade.

juiz ouve as testemunhas separadamente, de forma que uma não tome


conhecimento do teor do depoimento da outra.

As testemunhas não são obrigadas a depor quando os fatos possam lhe trazer
graves danos, ou ao seu cônjuge e seus parentes em linha reta ou colateral até o 2º
grau, ou quando devam guardar sigilo dos fatos em face de sua profissão.

Não podem depor como testemunhas as pessoas incapazes (os menores de 16


anos, os portadores de doença mental etc); as pessoas impedidas (o tutor no caso
de demanda que envolva o menor, os cônjuges, os parentes das partes etc.) ou
suspeitas (as pessoas que já foram condenadas por falso testemunho, as pessoas
que tiverem interesse no resultado da demanda os amigos íntimos e os inimigos das
partes).

As partes poderão contraditar a testemunha (pedir que não seja ouvida) quando
verificar sua incapacidade, impedimento ou suspeição.

O juiz decidirá pela improcedência da contradita, pela dispensa da testemunha ou


pela sua ouvida sem o compromisso legal (neste caso a testemunha funcionará
apenas informante) para depois avaliar o peso e valor do seu depoimento.

• Documentos Eletrônicos - A utilização de documentos eletrônicos no processo


convencional dependerá de sua conversão à forma impressa e da verificação de
sua autenticidade, na forma da lei. O juiz apreciará o valor probante do documento
eletrônico não convertido, assegurado às partes o acesso ao seu teor. Serão
admitidos documentos eletrônicos produzidos e conservados com a observância da
legislação específica.
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No Código de Processo Civil de 1973, os documentos eletrônicos não eram provas
típicas. Tais documentos sempre foram muito usados, como é o caso de vídeos,
CD's, DVD's etc. Com o avanço da internet e a "necessária" implantação do
processo judicial eletrônico não só em razão da esperada celeridade processual
garantida constitucionalmente, mas também em razão do grande volume de papel
usado em impressões, fez-se necessária disposição expressa em lei sobre o uso de
documentos eletrônicos no processo.

• Prova Pericial - A prova pericial é realizada por profissional de confiança e


nomeado pelo juiz, mas é facultado às partes indicar um assistente técnico
(profissional que possa acompanhar e oferecer laudo circunstanciado da matéria
sob perícia para exame do juiz). O perito possui um prazo para entregar o laudo.

"Perícia é uma prova admitida no processo, destinada a levar ao Juiz elementos


relativos a fatos que careçam de conhecimentos técnicos, podendo consistir numa
declaração de ciência, na afirmação de um juízo, ou em ambas, simultaneamente."
(Francisco Maia Neto)

A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação.

→ Exame é a inspeção judicial feita pelo perito sobre pessoas, animais, coisas
móveis, livros, papéis, etc., a fim de verificar algum fato ou circunstância que
interesse à solução do litígio.

→ Vistoria é a inspeção judicial feita pelo perito sobre bem imóvel.

→ Avaliação é o exame pericial destinado a verificar o valor em dinheiro de alguma


coisa ou obrigação.

Quando, a critério do juiz, a matéria não ficar razoavelmente esclarecida com o


laudo pericial, poderá ser ordenada a realização de nova perícia.

Quando nos autos tiverem pareceres técnicos ou documentos suficientes para


formar o convencimento do juiz, a perícia poderá ser dispensada.

• Inspeção Judicial - A inspeção judicial consiste na diligência feita pessoalmente


pelo juiz, para examinar pessoa ou coisa, no local em que for necessário, a fim de
se esclarecer sobre fato.

São três os casos em que o juiz realizará a inspeção:

I - quando o mesmo julgar necessário para a melhor verificação ou interpretação


dos fatos que deva observar;

II - quando a coisa não puder ser apresentada em juízo, sem consideráveis


despesas ou graves dificuldades;

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III - quando o juiz determinar a reconstituição dos fatos.

O juiz pode estar assistido de um ou mais peritos e as partes também podem


assistir à inspeção prestando esclarecimentos e fazendo observações que reputem
de interesse para a causa. Cabe ressaltar que a inspeção pode ser determinada de
ofício ou a requerimento da parte.

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A PERÍCIA E SEUS ASPECTOS

→ CONCEITOS

A literatura não conceitua, com clareza, a perícia em si. Assim, Francisco D’Auria,
em seu livro Revisão e Perícia Contábil conceitua-a como conhecimento e
experiência das coisas, e ainda afirma:

“A função pericial é, portanto, aquela pela qual uma pessoa


conhecedora e experimentada em certas matérias e assuntos examina
as coisas e os fatos, reportando sua autenticidade e opinando sobre as
causas, essências e efeitos da matéria examinada”.

Entretanto, existe um conceito com razoável grau de segurança que define o que é
perícia:

“Perícia é um instrumento especial de constatação, prova ou


demonstração, cientifica ou técnica, da veracidade de situações,
coisas ou fatos.”

A prova pericial se inter-relaciona com as demais provas, em menor e maior grau,


podendo, ao recair sobre a matéria sobre a qual, em parte, as demais recaíram ou
recairiam, ora esclarecer ou complementar as provas já produzidas, ora tomá-las
como uma de suas premissas, ou ainda, se contrapor tecnicamente `aquelas.

→ CARACTERÍSTICAS GERAIS

A perícia se reveste de alguns aspectos gerais que a caracterizam:

- surge de um conflito latente e manifesto que se quer esclarecer;

- constata, prova ou demonstra a veracidade de alguma situação, coisa ou fato;

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- fundamenta-se em requisitos técnicos, científicos, legais, psicológicos, sociais e
profissionais; e

- deve-se materializar, segundo forma especial, `a instância decisória, a transmissão


da opinião técnica ou cientifica sobre a verdade fática, de modo que a verdade
jurídica corresponda `aquela.

→ CARACTERISTICAS ESPECIAIS / OBJETO PERICIAL

A perícia se reveste, também, de aspectos específicos, destacando:

- a delimitação da matéria sobre que recai – já que são somente aquelas matérias
cuja apreciação dependa de conhecimento especial do técnico;

- a iniciativa técnica, ou seja, a absoluta independência técnica nos processos,


métodos e analises que leva a efeito;

- a limitação de pronunciamento, ou seja, a consonância da matéria examinada e da


finalidade do exame com a forma própria e normalizada da espécie de laudo que
registrará a conclusão; e

- o integral conhecimento técnico ou cientifico da matéria, complementando,


necessariamente, com conhecimentos conexos a sua especialização e das
disposições legais e normativas aplicáveis ao caso concreto e `a própria perícia.

→ OUTROS ASPECTOS

- Dispensa da prova técnica - embora atendendo os requisitos para ser admitida, a


prova pericial poderá ser dispensada pelo juiz quando as partes, na inicial e na
contestação, apresentarem pareceres técnicos que o torne convicto de que a
matéria foi suficientemente esclarecida;

- Nomeação - determinada a produção da prova pericial, o juiz designara o agente


que a realizara, ou seja, o ser que a tornara concreta e fará com que ela venha aos
autos, através da peca técnica – o laudo.
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- Escusa do Perito - honrado com a nomeação, o perito poderá escusar-se de
aceitar o encargo. É dever do profissional, colaborando com a justiça, aceitar o
encargo. Portanto, devera em caso de escusa, esclarecer, por escrito, os motivos
legítimos pelos quais não aceitou o encargo;

- Prazo - o juiz estipula o prazo para a entrega do laudo pericial, que não poderá ser
inferior a 10 dias;

- Quesitos - as partes tem prazo estipulado pelo juiz – 15 dias – para a juntada de
quesitos elucidativos;

- Laudo - o laudo poderá ser contestado pelas partes, através de petições e


pareceres técnicos de seus assistentes.

A PERÍCIA CONTÁBIL

Segundo o autor, a perícia contábil é um instrumento técnico - cientifico de


constatação, prova ou demonstração quanto à veracidade de situações, coisas ou
fatos oriundos das relações, efeitos e haveres que fluem do patrimônio de quaisquer
entidades.

A contabilidade, a administração e a economia estão muitas vezes inter-


relacionadas. Entretanto, não podemos confundi-las. A contabilidade tem como
objetivo principal o patrimônio, que já a distingue das outras ciências, mesmo `as
vezes estando exercendo atividades afinizadas, cada uma exerce seu ponto de vista
particular.

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TIPOS/ESPÉCIES DE PERÍCIA

PERÍCIA JUDICIAL

A perícia judicial é aquela realizada dentro dos procedimentos processuais do poder


judiciário por determinação, requerimento ou necessidade de seus agentes ativos, e
se processa segundo regras legais especificas. Esta espécie de perícia, subdividi-
se, segundo suas finalidades precípuas no processo judicial em meio de prova ou
de arbitramento. Ou seja, a perícia judicial será prova quando no processo de
conhecimento ou de liquidação por artigos tiver por escopo trazer a verdade real,
demonstrável cientifica ou tecnicamente para subsidiar a formação da convicção do
julgador e será arbitramento, quando determinada no processo de liquidação de
sentença, tiver por objetivo quantificar mediante critério técnico a obrigação de ar
em que aquela se constituir. (ALBERTO, 2002 p. 53).

São perícias do âmbito judiciário realizada conforme os procedimentos processuais


do Poder Judiciário. Podendo ter a função de arbitramento, quando necessário for
quantificar as obrigações através de critérios técnicos, no processo de liquidação de
sentença. (LOPES DE SÁ, 2005 p.19).

A perícia judicial é aquela realizada dentro dos procedimentos processuais do poder


judiciário, por determinação, requerimento ou necessidade de seus agentes ativos,
e se processa segundo regras legais específicas (Justiça do Trabalho e Justiça
Civil, Poder Judiciário).

É aquela que se origina em um processo jurídico, seja por determinação,


requerimento ou necessidade dos agentes ativos do processo (reclamante,
reclamado e o órgão julgador). Segundo o Código de Processo Civil, no que se
refere ao processo de conhecimento, estabelece-se que a “prova pericial consiste
em exame, vistoria e avaliação”.

Ela se motiva no fato de o juiz depender do conhecimento técnico ou especializado


de um profissional para poder decidir.

O profissional a realizar estas perícias, deverá atentar-se ao objeto de forma clara e


objetiva, pois em todos os casos a perícia terá força de prova, e isto implica
responsabilidade para o perito, quer civil, quer criminal.

PERÍCIA SEMIJUDICIAL

A perícia semijudicial é aquela realizada dentro do aparato institucional do estado,


porém fora do poder judiciário, tendo como finalidade principal ser meio de prova
nos ordenamentos institucionais usuário.

Esta espécie de perícia subdividi-se, segundo o aparato estatal atuante, em policial


(nos inquéritos), parlamentar (nas comissões parlamentares de inquérito ou

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especiais) e administrativo tributário (nas esferas da administração pública tributaria


ou conselhos de contribuintes).

Classificamo-las em semijudiciais porque as autoridades policiais, parlamentares ou


administrativas tem algum poder jurisdicional, ainda que relativo e não com a
expressão e extensão do poder jurisdicional classicamente enquadrável como
pertencente ao poder judiciário e ainda por estarem sujeitas a regras legais e
regimentares que se assemelham as judiciais. (ALBERTO, 2002 p. 53, 54).

Estas perícias poderão fazer parte, se necessário for, de um processo judicial.


(LOPES DE SÁ, 2005 p.19)

Sua finalidade principal é servir como prova (apresentada pelo poder público) de
transgressão de leis ou normas, bem como elemento de defesa da sociedade civil.

PERÍCIA EXTRAJUDICIAL

A perícia extrajudicial é aquela realizada fora do estado por necessidade e escolha


de entes físicos e jurídicos. Esta espécie de perícia subdivide-se, segundo as
finalidades intrínsecas para as quais foram designadas, em demonstrativas,
discriminativas e comprobatórias.

Assim o dizemos por que, no primeiro caso das demonstrativas, a finalidade para a
qual se busca a via perícia é demonstrar a veracidade ou não do fato ou coisa
previamente especificados na consulta; já no segundo caso, esta via instada a
colocar nos justos termos ou interesses de cada um dos envolvidos na matéria
potencialmente duvidosa ou conflituosa; e no terceiro caso, quando visa a
comprovação das manifestações patológicas da matéria periciada (fraudes, desvios,
simulações etc). (ALBERTO, 2002 p.54)

Quando da necessidade de esclarecimento de assuntos técnicos, em que estes


colidem por desconhecimento da matéria específica, a intervenção de um
profissional “esperto” se faz necessária, no intuito de evitar característica litigiosa
que venha envolver o poder judiciário. (LOPES DE SÁ, 2005 p.19)

Nesse caso, o litígio não envolve interesses ou a participação do estado. A perícia


extrajudicial tem origem em pendências que nascem entre pessoas físicas e
jurídicas, no âmbito das relações privadas, não envolvendo órgãos governamentais.

PERÍCIA ARBITRAL

Perícia arbitral é a perícia realizada no juízo arbitral – instância decisória criada pela
vontade das partes, não sendo enquadrável em nenhuma das anteriores por suas
características especialíssimas de atuar parcialmente como se judicial e extrajudicial
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fosse. Subdivide-se em probante e decisória, segundo se destine a funcionar como


meio de prova do juízo arbitral, como subsidiadora da convicção do arbitro, ou é ela
própria a arbitragem, ou seja, funciona seu agente ativo como o próprio arbitro da
controvérsia. (ALBERTO, 2002 p.54).

É a realizada por um perito, e, embora não seja judicialmente determinada, tem


valor de perícia judicial, mas natureza extrajudicial, pois as partes litigantes
escolhem as regras que serão aplicadas na arbitragem.

A arbitragem é, portanto, um método extrajudicial para solução de conflitos, cujo


árbitro desempenha função semelhante à do juiz estatal, como mediador.

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A ARBITRAGEM COMO MEIO ALTERNATIVO DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS

Instituída no Brasil pela lei 9.307/96, no mês de dezembro de 2001, o Supremo


Tribunal Federal consolidou, de forma definitiva, a sua aplicabilidade no contexto do
mundo jurídico pátrio, em razão de ter sido julgado procedente, por maioria de
votos, em recurso confirmando a constitucionalidade da supramencionada lei
aprovada em setembro de 1996.

Dessa forma, de lá para cá há que se acentuar que uso da arbitragem para a


solução de conflitos existentes entre partes, vem ganhando enorme aceitação por
parte da sociedade brasileira, mesmo porque a Justiça Estatal há muito tempo não
vem oferecendo com eficiência e rapidez, a prestação jurisdicional que se postula.
São milhares e milhares de processos que se acumulam nos cartórios sem
nenhuma solução, o que leva as partes envolvidas ao completo descrédito face à
inércia da justiça.

Assim, surge a Justiça Arbitral com a grande esperança e oportunidade para


solucionar tais problemas; eis que, sua aplicabilidade através da lei, instrumento
legal e apropriado, cuja principal característica é estipulação de um prazo máximo
de seis meses para a solução dos conflitos. A lei apresenta as seguintes inovações:

* Assegurou à arbitragem desenvolvimento rápido e um resultado prático e


eficaz;

* Reduziu a um mínimo a intervenção do poder judiciário no processo arbitral:


nela ocorreu a supressão da homologação judicial da decisão proferida pelo
arbitro.

Em 2015, a Lei nº 13.129 alterou a Lei no 9.307, de 23 de setembro de 1996, e a Lei


no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, para ampliar o âmbito de aplicação da
arbitragem e dispor sobre a escolha dos árbitros quando as partes recorrem a órgão
arbitral, a interrupção da prescrição pela instituição da arbitragem, a concessão de
tutelas cautelares e de urgência nos casos de arbitragem, a carta arbitral e a
sentença arbitral, e revoga dispositivos da Lei no 9.307, de 23 de setembro de 1996.

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A ARBITRAGEM

Os principais motivos que levariam os contratantes a optarem pelo juízo arbitral


(arbitragem) em detrimento da jurisdição para dirimir quaisquer problemas que
poderiam advir de um contrato onde haja transação com bens patrimoniais seriam: a
rapidez, a economia, menos formalismos e maior amplitude do poder de julgar para
os árbitros e o sigilo.

Relativamente à rapidez, não se pode negar que, a princípio, a arbitragem tem


condições de superar a morosidade com que a máquina burocrática de nosso
Judiciário caminha.

Para o Estado também é importante o compromisso, pois além de desafogar os


serviços judiciários, possui todos os requisitos para que haja uma arbitragem
objetiva, célere e consistente. E isso é exatamente a função do Estado: manter a
ordem e a paz entre os cidadãos.

A respeito da economia, quando da utilização da arbitragem, comparando-se com


as despesas e custas em processos, além dos gastos com a citação ou intimações
(pelo oficial de justiça, correio, edital), somente haverá os honorários dos árbitros,
economizando-se com honorários de peritos, assistentes técnicos, custas
processuais e honorários advocatícios. Assim, eliminam-se muitas despesas que
teriam na justiça estatal e renunciam a vários recursos processuais.

Além do mais, os árbitros não estão sujeitos a tanto formalismo, podendo, inclusive,
serem autorizados pelas partes para decidirem por eqüidade ou utilizarem leis
específicas.

Por fim temos o sigilo para favorecer ainda mais a utilização da arbitragem em
substituição ao judiciário. Por esse processo há a confidencialidade de todo o
procedimento, evitando-se, dessa forma, a divulgação de fatos e documentos, o que
é procedimento comum no Poder Judiciário (salvo segredos de justiça), o que faz
com que certas demandas não ocorram, pois o sigilo empresarial deve ser
preservado.

A confiabilidade dos árbitros é essencial, sem contar que o instituto arbitragem


sempre será menos burocrático podendo ocorrer com maior celeridade e sempre
será mais sigiloso que um processo judicial pela própria estrutura determinada em
lei.

Para que o instituto da arbitragem possa ser utilizado, há a necessidade do


cumprimento de uma condição básica: que as partes, quando da elaboração do
contrato, formalizem o compromisso que deve estar de acordo com os princípios
legais. A solução do litígio inicia-se com o compromisso arbitral através do qual os
interessados concordam em submeter a questão controvertida a um ou mais
árbitros, que serão pessoas de conhecimento e confiança das partes.

Todavia, antes desse pressuposto, há a necessidade para a admissibilidade do


juízo arbitral, que seja celebrado por quem tenha plena capacidade. Assim, além de

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não estarem impedidos por serem capazes para os atos da vida civil, devem ter a
possibilidade de dispor dos direitos em controvérsia e serem partes em juízo.

Não há que se confundir compromisso e juízo arbitral: enquanto o primeiro é a


forma (ato jurídico bilateral) pela qual as partes podem escolher e nomear árbitros
para solucionarem suas pendências, o segundo é a sua conseqüência. Ou seja, o
compromisso é matéria de direito civil e o juízo arbitral de direito processual civil, já
que traduz o meio procedimental da arbitragem. E o compromisso é pressuposto do
juízo arbitral, isto é, aquele pode vir a existir sem necessariamente se instar o
segundo; todavia, o segundo inexistirá se não precedido pelo primeiro.

Como o art. 1º preceitua, só as questões que versem sobre direitos patrimoniais


disponíveis poderão ser objeto da arbitragem, sendo às partes, maiores e capazes,
e não se permitindo o juízo arbitral sobre questões de estado e capacidade das
pessoas, nem tampouco sobre coisa fora do comércio. Porém, agora poderão
pactuar sobre o critério da arbitragem observando-se as regras do direito ou poderá
ser utilizada a eqüidade, ou seja, adaptar-se à realidade fática do momento em
questão (caso concreto), observando-se a ética e a boa razão. Dentro dessa
escolha, não havendo violação dos bons costumes, poderão as partes escolher as
regras de direito a serem aplicadas ou determinar que se realize com base nos
princípios gerais do direito, usos e costumes e regras internacionais do direito.

Há controvérsia entre os estudiosos quanto à natureza jurídica da arbitragem.

Enquanto para uns esse instituto é apenas um contrato onde a arbitragem origina-se
de uma convenção entre as partes, sendo certo que os árbitros nada mais são do
que mandatários comuns das partes, fazendo com que a sentença seja apenas a
manifestação comum da vontade dos interessados; para outros a decisão arbitral é
um julgamento ao qual os árbitros chegaram animados pelo contraditório.

Nesse sentido, entende-se que fica presente na arbitragem o caráter substitutivo da


jurisdição que nada mais é do que a interferência de uma terceira pessoa, estranha
à lide, para imparcialmente dirigir-se em busca da verdade para a aplicação do
direito.

Acreditamos que com o advento da Lei da Arbitragem (Lei 9307/96) o entendimento


de que a arbitragem seja apenas um contrato não deve ser aceito e de que a
jurisdição dos árbitros é um serviço público, semelhante ao da justiça é o que deve
prosperar.

O compromisso arbitral é um pacto extintivo, ou seja, um contrato, porém extintivo


de obrigação; o compromisso aponta a forma pela qual se extinguirá uma
pendência. O compromisso é um meio de extintivo de obrigações, e, a Lei n.º
9.307/96 expressamente conceitua e determina os limites para a cláusula e o
compromisso arbitral e racionalmente expõe a existência tão somente da cláusula
extrajudicial, permanecendo, como nos arts. 1038 do CC e 1073 do CPC, o
compromisso nas formas extrajudicial ou judicial. O compromisso arbitral
extrajudicial será celebrado por escrito particular, assinado por duas testemunhas,

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ou por instrumento público; e o compromisso arbitral judicial celebrar-se-á por termo
nos autos, perante o juízo ou tribunal, onde tem curso a demanda.

Há uma distinção entre compromisso arbitral e cláusula compromissória. O primeiro


é um contrato entre as partes, um acordo de vontades segundo o qual as partes,
diante de um conflito jurídico já existente, estabelecem o pacto de confiar sua
solução a árbitros; a segunda, todavia, é apenas a previsão de um futuro
compromisso como meio para solucionar eventuais conflitos dentro do contrato. A
presente lei torna claro tal entendimento; primeiramente conceitua e delimita a
cláusula compromissória no art. 4º.

A cláusula compromissória deve ser estipulada por escrito, podendo estar inserta no
próprio contrato ou em documento apartado que a ele se refira; e nos contratos de
adesão, a cláusula compromissória só terá eficácia se o aderente tomar a iniciativa
de instituir a arbitragem ou concordar, expressamente, com sua instituição, desde
que por escrito em documento anexo ou em negrito (legível), com a assinatura ou
visto especialmente para essa cláusula.

A cláusula compromissória faz compromisso entre as partes. Pode ocorrer,


entretanto, que quando do surgimento do litígio, uma das partes se recuse ou não
queira honrar com o pactuado no contrato. Sendo a cláusula compromissória
apenas a previsão de um futuro compromisso como meio de solucionar eventuais
litígios durante a execução de um negócio jurídico, representando apenas a
promessa de pactuar eventualmente o compromisso, pode não chegar à meta do
juízo arbitral se não houver acordo entre os litigantes para tanto. A lei anterior não
previa essa condição. Todavia, a atual permite à parte interessada pode valer-se do
judiciário para citar a outra parte a fim de se formalizar o compromisso, designando
o juiz audiência especial para tal fim.

A sentença arbitral é passível de averiguação pelo Poder Judiciário se alguma das


partes assim entender necessário. Porém, atualmente, de acordo com a decisão do
STF, em julgamento (12/12/2001), os artigos 6º e 7º da Lei da Arbitragem, que
dispõem sobre o laudo arbitral, foram considerados constitucionais, estabelecendo
que o laudo arbitral resultante do litígio não precisa ser mais homologado por uma
Autoridade judicial (Juiz de Direito).

Uma característica da cláusula compromissória é a sua autonomia em relação ao


contrato prevista no art. 8º: "A cláusula compromissória é autônoma em relação ao
contrato em que estiver inserta, de tal sorte que a nulidade deste não implica,
necessariamente, a nulidade da cláusula compromissória".

Parág. único: "Caberá ao árbitro decidir de ofício, ou por provocação das partes, as
questões acerca da existência, validade e eficácia da convenção de arbitragem e do
contrato que contenha a cláusula compromissória".

A Lei 9.307/96 prevê o conteúdo obrigatório do compromisso arbitral, ou seja, os


seus requisitos essenciais, sob pena de nulidade, que são: I- a qualificação das
partes que se comprometem (nome, profissão, estado civil e domicílio); II- a
qualificação dos árbitros ou identificação da entidade à qual as partes delegaram a

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indicação de árbitros; III- a matéria objeto da arbitragem (o núcleo do compromisso;
o objeto e o limite da função julgadora dos árbitros); IV- o lugar onde deverá ser
proferida a sentença arbitral.

Já o art. 11 elenca os requisitos que poderão estar contidos no compromisso, ou


seja, os requisitos facultativos (cuja falta não implicará em nulidade). Dentre eles, no
item II do art. 11, aborda a autorização para o árbitro julgar por eqüidade, fora das
regras e formas do direito; e no inc. IV, a indicação da lei nacional ou regras
corporativas aplicáveis à arbitragem (que não seja a eqüidade); a declaração de
responsabilidade pelo pagamento dos honorários e das despesas da arbitragem e a
fixação dos honorários dos árbitros.

O art. 12 elenca as formas de extinção do compromisso arbitral que são: I- qualquer


dos árbitros escolhidos, antes de aceitar a nomeação, se escuse da
responsabilidade, no caso de as partes terem pactuado expressamente não
aceitarem outros árbitros se não os eleitos; II- no caso de falecimento ou
incapacidade de algum dos árbitros darem seu voto, também no caso do pacto
personal dos árbitros pelas partes (sem substitutos); III- no caso de os árbitros não
entregarem o laudo arbitral no prazo previsto.

Qualquer outra ocorrência não será causa para extinção do compromisso arbitral,
inclusive o falecimento de uma das partes; seus sucessores deverão honrar o
acordado.

Como preceitua o § 1º do art. 13, a lei prevê número ímpar de árbitro. Se as partes
escolhessem apenas dois árbitros estes teriam que eleger mais um.

Todavia, caso ocorra a existência de número par de árbitros e os mesmos não


cheguem a um consenso para escolha de um terceiro, caberá às partes requerer no
juízo que seria competente para o julgamento da causa a indicação de um árbitro.

No caso de haver vários árbitros, estes, por maioria, elegerão o presidente,


formando-se, assim, um tribunal arbitral, podendo o eleito, se julgar conveniente,
eleger um secretário que poderá ser um dos árbitros ou terceira pessoa. Se não
houver consenso para eleição do presidente, será eleito o mais idoso.

Nos termos da Lei 9.307/96, qualquer pessoa capaz e que tenha a confiança das
partes, pode ser árbitro, tendo em vista a livre escolha dos litigantes, fruto da
confiança particular em relação às pessoas a quem atribuem a solução do litígio no
juízo arbitral.

Todavia, estão impedidas de funcionar como árbitros as pessoas que tenham, com
as partes ou com o litígio que lhes for submetido, algumas das relações que
caracterizam os casos de impedimento ou suspeição de juízes. Aplicando-se, dessa
forma, os mesmos deveres e responsabilidades, conforme previsão do CPC.

A lei prevê, ainda, que o árbitro poderá ser recusado se ocorrer motivo após sua
nomeação ou, anterior a ela se o mesmo não tiver sido nomeado pela parte ou o
motivo para recusa for conhecido posteriormente à sua nomeação.

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Para tanto a parte interessada, na primeira oportunidade que tiver de se manifestar,
deverá argüir a recusa do árbitro diretamente ao mesmo ou ao presidente do
tribunal arbitral, deduzindo suas razões e apresentando provas pertinentes.

Sendo acolhido o pedido, proceder-se-á a substituição. Não sendo, a arbitragem


terá normal prosseguimento; porém, nada impede à parte interessada propor ação
para decretar a nulidade da sentença arbitral, quando então suas considerações
serão novamente examinadas, agora pelo órgão do Poder Judiciário.

O árbitro é considerado juiz de fato e a sentença que proferir não fica sujeita a
recurso ou a homologação pelo Poder Judiciário.

No desempenho de sua função, o árbitro deverá proceder com imparcialidade,


independência, competência, diligência e discrição, ao exemplo do juiz, que
promove o andamento célere da lide, velando pela igualdade das partes e
reprimindo os atos contrários à lealdade e à dignidade da justiça.

Extinguiu-se, também, o compromisso solene do árbitro; a instituição da arbitragem


ocorre pela simples aceitação.

O procedimento arbitral obedecerá ao sistema adotado na convenção escrita pelas


partes, sempre respeitando os preceitos da Constituição relativos à igualdade entre
as partes e aos princípios do contraditório e do livre convencimento dos árbitros.

O procedimento arbitral somente poderá ocorrer quando se tratar de questões de


direitos patrimoniais disponíveis. Se, durante a arbitragem, houver dúvida sobre a
natureza do bem, o procedimento deverá ser suspenso, cabendo ao judiciário a
decisão. Caso o judiciário julgue o bem como patrimonial disponível retorna-se,
então, ao procedimento arbitral.

Nada impede que as partes resolvam a questão por acordo, independentemente do


que vier a ser resolvido pelos árbitros. Poderão, ainda, se desejarem, requerer que
os árbitros profiram a sentença arbitral, confirmando os termos do ajustado (acordo)
entre.

As partes poderão acompanhar o procedimento arbitral, bem como postular por


intermédio de advogado que as represente ou as assista.

Competirá ao árbitro, como em um procedimento judicial, no início do procedimento


arbitral, tentar a conciliação das partes, a fim de se chegar a um acordo.

Para que o procedimento possa se realizar, os árbitros poderão tomar depoimento


das partes, ouvir testemunhas e determinar a realização de perícias ou outras
provas que julgarem necessárias (inclusive, a pericial contábil). Esses atos poderão
ser efetuados de ofício ou a requerimento das partes.

O depoimento das partes e das testemunhas será tomado em local, dia e hora
previamente comunicados, devendo ser reduzido a termo e assinado pelo depoente,
ou ao seu rogo, e pelos árbitros.

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No caso de não atendimento à comunicação, sem justo motivo da parte, os árbitros
levarão em consideração a atitude quando da prolatação (prolongação) da
sentença, sendo certo que a revelia da parte não impedirá que seja proferida a
sentença. No caso de testemunhas, poderão os árbitros requerer à autoridade
judiciária competente para o caso que conduza a testemunha.

Na eventualidade de necessidade de medidas coercitivas (obrigar a fazer) ou


cautelares, os árbitros poderão, também, solicitá-los ao órgão do Poder Judiciário
originariamente competente para julgar a causa.

Um detalhe a ser ressaltado sempre: os árbitros não são juízes togados, não têm o
poder de decisão sobre uma contenda (controvérsia), são pessoas de confiança das
partes às quais delegam o poder de decisão perante algo concreto e anteriormente
pactuado, por isso é que não poderão ser coercitivos com outrem e nem mesmo
para com as atitudes das partes durante o transcorrer do procedimento arbitral.

A lei (9.307/96) determina a forma do procedimento, mas o amparo judicial sempre


está presente em caso de decisões fora das previsões das partes, em que a matéria
não se enquadra na competência dos árbitros.

É mais uma vez, a confirmação de que o juízo arbitral não vem a ferir o princípio
constitucional do art. 5º inc. XXXV.

Ainda, se houver substituição de árbitro (se previsto pelas partes), ficará ao seu
critério repetir ou não provas já produzidas.

As partes, quando do compromisso, poderão determinar prazo para que os árbitros


dêem a sentença arbitral, que é o objeto fim da arbitragem. Todavia, se não o
fizerem, os árbitros terão prazo legal de seis meses contado a partir da instituição
da arbitragem ou da substituição de árbitro. Poder-se-á, no caso de acordo mútuo
entre as partes e os árbitros, prorrogar o prazo estipulado.

A sentença (decisão arbitral) deverá ser formalizada (escrita), ou seja, expressa em


documento. No caso de vários árbitros, a decisão deverá ser por maioria. O árbitro
que divergir da maioria, se quiser, poderá declarar seu voto em separado. É uma
diferenciação da presente lei (9.307/96) para a anterior que determinava a
obrigatoriedade da manifestação do voto do árbitro vencido.

Não havendo acordo majoritário, caberá ao presidente do tribunal arbitral a decisão


final.

Como a sentença judicial, a arbitral, para produzir seus efeitos, deverá conter os
requisitos mínimos (obrigatórios) contidos no art. 26 da Lei de Arbitragem (9.307/96)
que são basicamente: o relatório, a fundamentação, o dispositivo, a data e a
assinatura.

No relatório a ser elaborado, deverá conter o nome das partes e um resumo do


litígio (transcrição do compromisso arbitral).

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Na fundamentação, os árbitros deverão expor as razões de fato e de direito que os
conduziram a determinada conclusão.

Por fim, a lei determina que a sentença arbitral contenha o lugar e a data em que foi
assinada; são elementos para aferir sobre a nacionalidade da sentença.

É na sentença, também, que os árbitros decidirão sobre a responsabilidade das


partes quanto às custas e despesas com a arbitragem (inclui a perícia técnica). Se
perceberem e decidirem sobre litigância de má-fé, este é o momento para
determinar sobre a verba daí decorrente.

A sentença arbitral finaliza o procedimento da arbitragem. Dessa forma, o árbitro,


ou, se no caso de tribunal, o presidente deste, deverá enviar uma cópia da sentença
às partes. Tanto pode ser via correio ou qualquer outro meio de comunicação,
desde que se comprove o recebimento pelas partes. Poder-se-á, ainda, entregar
diretamente às partes, mediante recibo.

Embora o artigo mencione expressamente que o árbitro ou o presidente do tribunal


arbitral deva enviar cópia da decisão. Prescreve o prazo de cinco dias para a parte
se manifestar sobre a sentença, a contar da data do recebimento da notificação ou
da ciência pessoal da sentença arbitral. Devemos entender por notificação o
recebimento pela parte da cópia da sentença.

A responsabilidade pelo arquivamento dos autos do procedimento da arbitragem,


que poderá conter laudos, depoimentos ou apenas a sentença e sua própria
autuação (documentação), será do árbitro ou do presidente do tribunal arbitral.

A sentença arbitral poderá suscitar dúvidas às partes. Assim, a lei prevê o prazo de
cinco dias, contados da data da ciência da sentença, para a parte que tiver interesse
solicite ao árbitro ou ao tribunal arbitral que venha esclarecer alguma obscuridade,
dúvida ou contradição da sentença, ou que corrija qualquer erro material da
sentença, ou ainda, que se pronuncie sobre ponto omitido a respeito do qual deveria
ter se manifestado na decisão.

Essas solicitações somente podem ocorrer por dúvidas que estejam dentro do
pactuado no compromisso arbitral, ou seja, não se poderá extrapolar da decisão.

No prazo de dez dias o árbitro ou tribunal arbitral deverá decidir sobre a solicitação,
aditando ou não a sentença, e comunicando as partes, da mesma forma (art. 29)
quando da prolatação da sentença.

A Lei atual (9.307/96), expressamente, determina que a sentença arbitral produz os


mesmos efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário em relação
às partes e a seus sucessores, e se for condenatória, constituir-se-á em título
executivo.

A parte interessada poderá, também, pleitear junto ao Poder Judiciário competente,


a nulidade da sentença arbitral se: I- o compromisso for nulo; II- emanou de quem
não podia ser árbitro; III- não contiver os requisitos obrigatórios; IV- for proferida fora
dos limites da convenção de arbitragem; V- não decidiu sobre todo o litígio
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submetido à arbitragem; VI- comprovado que a sentença foi proferida por
prevaricação (ação em benefício próprio), concussão ou corrupção passiva; VII- a
sentença foi proferida fora do prazo, desde que as partes não tenham concedido
prazo nos termos do inc. III do art. 12; VIII- os árbitros, no procedimento arbitral, não
tenham respeitado os princípios do contraditório, da igualdade das partes, da
imparcialidade do árbitro e de seu livre convencimento.

A demanda para a decretação da nulidade da sentença arbitral terá o procedimento


comum previsto no CPC e deverá ser proposta no prazo de até noventa (90) dias
contados após o recebimento da notificação da sentença ou de seu aditamento.

A lei permite que a averiguação de nulidade seja feita mediante ação de embargos
do devedor, nos termos do Código de Processo Civil, no caso de execução judicial
da sentença arbitral.

Efetivamente, o grande avanço da nova lei: o laudo dos árbitros é considerado


sentença entre as partes e seus sucessores, podendo imediatamente ser
executada.

Uma novidade que não era admitida no direito anterior. Agora a sentença arbitral
estrangeira, proferida fora do território nacional, pode ser reconhecida ou executada
no Brasil, de conformidade com os tratados internacionais vigentes, ou, na
ausência, de acordo com os termos da lei.

O procedimento para o reconhecimento ou execução da sentença estrangeira será


o mesmo para as sentenças judiciais, no que couber o previsto no Código de
Processo Civil, ou seja, caberá ao Supremo Tribunal Federal (STF) a homologação
da sentença.

Dessa forma, a parte interessada deverá requerer junto ao STF através de petição
inicial que deverá conter os requisitos do CPC e obrigatoriamente deverá ser
instruída com: I- o original da sentença arbitral (ou cópia devidamente certificada,
autenticada pelo consulado brasileiro e acompanhada de tradução oficial; II- o
original da convenção de arbitragem ou cópia devidamente certificada,
acompanhada de tradução oficial.

No pedido de homologação de sentença estrangeira para o seu reconhecimento ou


execução se tem como regra a sua aceitação; porém, podem ocorrer casos de
denegação.

Dessa forma, o Supremo Tribunal Federal deverá denegar o pedido se constatar


que segundo a lei brasileira, o objeto do litígio não seja suscetível de ser resolvida
por arbitragem e se a decisão ofender a ordem pública nacional.

O pedido de homologação, também poderá ser negado, se o réu demonstrar que a


arbitragem estrangeira não respeitou os requisitos essenciais para a validade da
mesma, se: I- as partes na convenção de arbitragem eram incapazes; II- a
convenção de arbitragem não era válida segundo a lei à qual as partes a
submeteram, ou, na falta de indicação, segundo à lei do país onde a sentença

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arbitral foi proferida; III- o réu não foi notificado da designação do árbitro ou do
procedimento de arbitragem, ou tenha sido violado o princípio do contraditório,
impossibilitando a ampla defesa; IV- a sentença arbitral foi proferida fora dos limites
da convenção de arbitragem, e não foi possível separar a parte excedente daquela
submetida à arbitragem; V- a instituição da arbitragem não está de acordo com o
compromisso arbitral ou a cláusula compromissória; VI- a sentença arbitral não se
tenha tornado obrigatória para as partes, ou tenha sido anulada, ou, ainda, tenha
sido suspensa por órgão judicial do país onde foi prolatada.

E em relação aos vícios formais, a parte interessada, após sanar as falhas, poderá
renovar o pedido de homologação perante o Supremo Tribunal Federal.

O uso do Instituto da Arbitragem está crescendo. De acordo com uma pesquisa


realizada pelo Conselho Nacional das Instituições de Mediação e Arbitragem
(CONIMA) revela que os mecanismos previstos na Lei da Arbitragem deixaram de
ser privilégio adequado apenas para as grandes empresas e disputas milionárias e
estão sendo usados no varejo para resolver questões trabalhistas e comerciais em
todo País.

Por fim, concluímos que pela rapidez com que a tecnologia e o conhecimento
transformam nossas vidas (globalização), exigindo de nós, como indivíduos de uma
sociedade profundas alterações diárias, nos nossos comportamentos e costumes
frente às descobertas e mudanças constantes do convívio social. Por isso, a Lei
9.307/96 (Lei da Arbitragem) é o primeiro grande passo para a atualidade social,
visando uma alternativa de solucionar litígios de direitos patrimoniais disponíveis (ou
mercantis internacionais) através de árbitros e de desafogar o Poder Judiciário de
conflitos entre partes.

Principais alterações à lei de Arbitragem de setembro de 1996 (9.307/96) pela


Lei 13.129/15:

* permissão da utilização do instituto da arbitragem pela administração pública,


desde que respeitando os princípios da arbitragem (bens patrimoniais disponíveis);

* mudança na lei das Sociedades Anônimas, ao inserir o artigo 136-A, que regula a
inserção de convenção de arbitragem no estatuto social; e também, as sociedades
limitadas que contiverem cláusula de aplicação supletiva da lei das Sociedades
anônimas em seu Contrato Social. Contudo, tal convenção só terá eficácia após
30 (trinta) dias contados da Assembleia Geral que a aprovou;

* agora o STJ, e não mais o STF, homologará ou denegará sentença arbitral


estrangeira;

* Os artigos 22-A e 22-B foram também acrescentados à lei de Arbitragem. As


partes poderão, antes de instituída a arbitragem, recorrer ao Poder Judiciário para a
concessão de medida cautelar ou de urgência;

* além disso, a lei 13.129/15 trouxe a inovação da carta arbitral (carta precatória na
arbitragem) com a inclusão do artigo 22-C.

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DISPOSIÇÕES JURÍDICAS DA PERÍCIA TÉCNICA

→ NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: Lei 13.105/15

O Código de Processo Civil é a ferramenta jurídica a que deve se reportar os


peritos, no exercício de sua função.

O CPC serve para dar ordenamento jurídico aos aspectos que envolvem a prova
pericial, de forma a operacionalizá-la judicialmente. O CPC, ao dispor sobre as
provas no Capítulo XII, especificou a prova pericial na Seção X (arts. 464 a 480),
determinando, para o processo judicial, sob que condições é a mesma admitida,
suas fases, prazos e regras formais de produção e apresentação.

Para o Código, a prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação. Cumpre


distinguir conceitos: a perícia é um instrumento especial de constatação, prova ou
demonstração, científica ou técnica da veracidade de situações, coisas ou fatos. E a
prova pericial é um dos aspectos de utilização da perícia, mais restrito, portanto, que
o conceito abrangente.

CAPÍTULO XII
DAS PROVAS

Seção I
Disposições Gerais

Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como
os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a
verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na
convicção do juiz.

Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as


provas necessárias ao julgamento do mérito.

Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão fundamentada, as diligências


inúteis ou meramente protelatórias.

Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do


sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu
convencimento.

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Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro
processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado o
contraditório.

Art. 373. O ônus da prova incumbe:

I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;

II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do


direito do autor.

§ 1o Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa


relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos
termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário,
poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por
decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se
desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.

§ 2o A decisão prevista no § 1o deste artigo não pode gerar situação em que a


desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil.

§ 3o A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por


convenção das partes, salvo quando:

I - recair sobre direito indisponível da parte;

II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.

§ 4o A convenção de que trata o § 3o pode ser celebrada antes ou durante o


processo.

Art. 374. Não dependem de prova os fatos:

I - notórios;

II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária;

III - admitidos no processo como incontroversos;

IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade.

Art. 375. O juiz aplicará as regras de experiência comum subministradas pela


observação do que ordinariamente acontece e, ainda, as regras de experiência
técnica, ressalvado, quanto a estas, o exame pericial.

Art. 376. A parte que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou


consuetudinário provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o juiz determinar.

Art. 377. A carta precatória, a carta rogatória e o auxílio direto suspenderão o


julgamento da causa no caso previsto no art. 313, inciso V, alínea “b”, quando,

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tendo sido requeridos antes da decisão de saneamento, a prova neles solicitada for
imprescindível.

Parágrafo único. A carta precatória e a carta rogatória não devolvidas no prazo


ou concedidas sem efeito suspensivo poderão ser juntadas aos autos a qualquer
momento.

Art. 378. Ninguém se exime do dever de colaborar com o Poder Judiciário para
o descobrimento da verdade.

Art. 379. Preservado o direito de não produzir prova contra si própria, incumbe
à parte:

I - comparecer em juízo, respondendo ao que lhe for interrogado;

II - colaborar com o juízo na realização de inspeção judicial que for considerada


necessária;

III - praticar o ato que lhe for determinado.

Art. 380. Incumbe ao terceiro, em relação a qualquer causa:

I - informar ao juiz os fatos e as circunstâncias de que tenha conhecimento;

II - exibir coisa ou documento que esteja em seu poder.

Parágrafo único. Poderá o juiz, em caso de descumprimento, determinar, além


da imposição de multa, outras medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou
sub-rogatórias.

Seção X
Da Prova Pericial

Art. 464. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação.

§ 1o O juiz indeferirá a perícia quando:

I - a prova do fato não depender de conhecimento especial de técnico;

II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas;

III - a verificação for impraticável.

§ 2o De ofício ou a requerimento das partes, o juiz poderá, em substituição à


perícia, determinar a produção de prova técnica simplificada, quando o ponto
controvertido for de menor complexidade.

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§ 3o A prova técnica simplificada consistirá apenas na inquirição de
especialista, pelo juiz, sobre ponto controvertido da causa que demande especial
conhecimento científico ou técnico.

§ 4o Durante a arguição, o especialista, que deverá ter formação acadêmica


específica na área objeto de seu depoimento, poderá valer-se de qualquer recurso
tecnológico de transmissão de sons e imagens com o fim de esclarecer os pontos
controvertidos da causa.

Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixará de


imediato o prazo para a entrega do laudo.

§ 1o Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias contados da intimação do


despacho de nomeação do perito:

I - arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se for o caso;

II - indicar assistente técnico;

III - apresentar quesitos.

§ 2o Ciente da nomeação, o perito apresentará em 5 (cinco) dias:

I - proposta de honorários;

II - currículo, com comprovação de especialização;

III - contatos profissionais, em especial o endereço eletrônico, para onde serão


dirigidas as intimações pessoais.

§ 3o As partes serão intimadas da proposta de honorários para, querendo,


manifestar-se no prazo comum de 5 (cinco) dias, após o que o juiz arbitrará o valor,
intimando-se as partes para os fins do art. 95.

§ 4o O juiz poderá autorizar o pagamento de até cinquenta por cento dos


honorários arbitrados a favor do perito no início dos trabalhos, devendo o
remanescente ser pago apenas ao final, depois de entregue o laudo e prestados
todos os esclarecimentos necessários.

§ 5o Quando a perícia for inconclusiva ou deficiente, o juiz poderá reduzir a


remuneração inicialmente arbitrada para o trabalho.

§ 6o Quando tiver de realizar-se por carta, poder-se-á proceder à nomeação de


perito e à indicação de assistentes técnicos no juízo ao qual se requisitar a perícia.

Art. 466. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que lhe foi cometido,
independentemente de termo de compromisso.

§ 1o Os assistentes técnicos são de confiança da parte e não estão sujeitos a


impedimento ou suspeição.

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§ 2o O perito deve assegurar aos assistentes das partes o acesso e o
acompanhamento das diligências e dos exames que realizar, com prévia
comunicação, comprovada nos autos, com antecedência mínima de 5 (cinco) dias.

Art. 467. O perito pode escusar-se ou ser recusado por impedimento ou


suspeição.

Parágrafo único. O juiz, ao aceitar a escusa ou ao julgar procedente a


impugnação, nomeará novo perito.

Art. 468. O perito pode ser substituído quando:

I - faltar-lhe conhecimento técnico ou científico;

II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que lhe foi
assinado.

§ 1o No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a ocorrência à corporação


profissional respectiva, podendo, ainda, impor multa ao perito, fixada tendo em vista
o valor da causa e o possível prejuízo decorrente do atraso no processo.

§ 2o O perito substituído restituirá, no prazo de 15 (quinze) dias, os valores


recebidos pelo trabalho não realizado, sob pena de ficar impedido de atuar como
perito judicial pelo prazo de 5 (cinco) anos.

§ 3o Não ocorrendo a restituição voluntária de que trata o § 2 o, a parte que tiver


realizado o adiantamento dos honorários poderá promover execução contra o perito,
na forma dos arts. 513 e seguintes deste Código, com fundamento na decisão que
determinar a devolução do numerário.

Art. 469. As partes poderão apresentar quesitos suplementares durante a


diligência, que poderão ser respondidos pelo perito previamente ou na audiência de
instrução e julgamento.

Parágrafo único. O escrivão dará à parte contrária ciência da juntada dos


quesitos aos autos.

Art. 470. Incumbe ao juiz:

I - indeferir quesitos impertinentes;

II - formular os quesitos que entender necessários ao esclarecimento da causa.

Art. 471. As partes podem, de comum acordo, escolher o perito, indicando-o


mediante requerimento, desde que:

I - sejam plenamente capazes;

II - a causa possa ser resolvida por autocomposição. (acordo pelo


consentimento espontâneo)

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§ 1o As partes, ao escolher o perito, já devem indicar os respectivos assistentes
técnicos para acompanhar a realização da perícia, que se realizará em data e local
previamente anunciados.

§ 2o O perito e os assistentes técnicos devem entregar, respectivamente, laudo


e pareceres em prazo fixado pelo juiz.

§ 3o A perícia consensual substitui, para todos os efeitos, a que seria realizada


por perito nomeado pelo juiz.

Art. 472. O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e
na contestação, apresentarem, sobre as questões de fato, pareceres técnicos ou
documentos elucidativos que considerar suficientes.

Art. 473. O laudo pericial deverá conter:

I - a exposição do objeto da perícia;

II - a análise técnica ou científica realizada pelo perito;

III - a indicação do método utilizado, esclarecendo-o e demonstrando ser


predominantemente aceito pelos especialistas da área do conhecimento da qual se
originou;

IV - resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo juiz, pelas


partes e pelo órgão do Ministério Público.

§ 1o No laudo, o perito deve apresentar sua fundamentação em linguagem


simples e com coerência lógica, indicando como alcançou suas conclusões.

§ 2o É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua designação, bem como


emitir opiniões pessoais que excedam o exame técnico ou científico do objeto da
perícia.

§ 3o Para o desempenho de sua função, o perito e os assistentes técnicos


podem valer-se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo
informações, solicitando documentos que estejam em poder da parte, de terceiros
ou em repartições públicas, bem como instruir o laudo com planilhas, mapas,
plantas, desenhos, fotografias ou outros elementos necessários ao esclarecimento
do objeto da perícia.

Art. 474. As partes terão ciência da data e do local designados pelo juiz ou
indicados pelo perito para ter início a produção da prova.

Art. 475. Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de
conhecimento especializado, o juiz poderá nomear mais de um perito, e a parte,
indicar mais de um assistente técnico.

Art. 476. Se o perito, por motivo justificado, não puder apresentar o laudo
dentro do prazo, o juiz poderá conceder-lhe, por uma vez, prorrogação pela metade
do prazo originalmente fixado.
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Art. 477. O perito protocolará o laudo em juízo, no prazo fixado pelo juiz, pelo
menos 20 (vinte) dias antes da audiência de instrução e julgamento.

§ 1o As partes serão intimadas para, querendo, manifestar-se sobre o laudo do


perito do juízo no prazo comum de 15 (quinze) dias, podendo o assistente técnico
de cada uma das partes, em igual prazo, apresentar seu respectivo parecer.

§ 2o O perito do juízo tem o dever de, no prazo de 15 (quinze) dias, esclarecer


ponto:

I - sobre o qual exista divergência ou dúvida de qualquer das partes, do juiz ou


do órgão do Ministério Público;

II - divergente apresentado no parecer do assistente técnico da parte.

§ 3o Se ainda houver necessidade de esclarecimentos, a parte requererá ao


juiz que mande intimar o perito ou o assistente técnico a comparecer à audiência de
instrução e julgamento, formulando, desde logo, as perguntas, sob forma de
quesitos.

§ 4o O perito ou o assistente técnico será intimado por meio eletrônico, com


pelo menos 10 (dez) dias de antecedência da audiência.

Art. 478. Quando o exame tiver por objeto a autenticidade ou a falsidade de


documento ou for de natureza médico-legal, o perito será escolhido, de preferência,
entre os técnicos dos estabelecimentos oficiais especializados, a cujos diretores o
juiz autorizará a remessa dos autos, bem como do material sujeito a exame.

§ 1o Nas hipóteses de gratuidade de justiça, os órgãos e as repartições oficiais


deverão cumprir a determinação judicial com preferência, no prazo estabelecido.

§ 2o A prorrogação do prazo referido no § 1 o pode ser requerida


motivadamente.

§ 3o Quando o exame tiver por objeto a autenticidade da letra e da firma, o


perito poderá requisitar, para efeito de comparação, documentos existentes em
repartições públicas e, na falta destes, poderá requerer ao juiz que a pessoa a quem
se atribuir a autoria do documento lance em folha de papel, por cópia ou sob ditado,
dizeres diferentes, para fins de comparação.

Art. 479. O juiz apreciará a prova pericial de acordo com o disposto no art.
371, indicando na sentença os motivos que o levaram a considerar ou a deixar de
considerar as conclusões do laudo, levando em conta o método utilizado pelo perito.

Art. 480. O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da parte, a realização


de nova perícia quando a matéria não estiver suficientemente esclarecida.

§ 1o A segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre os quais recaiu a
primeira e destina-se a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resultados a que
esta conduziu.

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§ 2o A segunda perícia rege-se pelas disposições estabelecidas para a
primeira.

§ 3o A segunda perícia não substitui a primeira, cabendo ao juiz apreciar o


valor de uma e de outra.

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NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE

NORMA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE – NBC PP 01, DE 27 DE


FEVEREIRO DE 2015

Dá nova redação à NBC PP 01 –


Perito Contábil.

O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas


atribuições legais e regimentais e com fundamento no disposto na alínea “f” do Art.
6º do Decreto-Lei n.º 9.295/46, alterado pela Lei n.º 12.249/10, faz saber que foi
aprovada em seu Plenário a seguinte Norma Brasileira de Contabilidade (NBC):

NBC PP 01 – PERITO CONTÁBIL

Sumário Item
OBJETIVO 1
CONCEITO 2–5
ALCANCE 6
HABILITAÇÃO PROFISSIONAL 7–8
IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO 9 – 17
Suspeição e impedimento legal 13 – 17
RESPONSABILIDADE 18 – 24
Responsabilidade civil e penal 23 – 24
ZELO PROFISSIONAL 25 – 31
UTILIZAÇÃO DE TRABALHO DE ESPECIALISTA 32
HONORÁRIOS 33 – 40
Elaboração de proposta 34
Quesitos suplementares 35
Apresentação da proposta de honorários 36 – 37
Levantamento de honorários 38
Execução de honorários periciais 39
Despesas supervenientes na execução da perícia 40
ESCLARECIMENTOS 41
MODELOS 42
VIGÊNCIA 43

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Objetivo

1. Esta Norma estabelece critérios inerentes à atuação do contador na condição


de perito.

Conceito

2. Perito é o contador, regularmente registrado em Conselho Regional de


Contabilidade, que exerce a atividade pericial de forma pessoal, devendo ser
profundo conhecedor, por suas qualidades e experiências, da matéria
periciada.

3. Perito oficial é o investido na função por lei e pertencente a órgão especial do


Estado destinado, exclusivamente, a produzir perícias e que exerce a atividade
por profissão.

4. Perito do juízo é nomeado pelo juiz, árbitro, autoridade pública ou privada para
exercício da perícia contábil.

5. Perito-assistente é o contratado e indicado pela parte em perícias contábeis.

Alcance

6. Aplica-se ao perito o Código de Ética Profissional do Contador, a NBC PG 100


– Aplicação Geral aos Profissionais da Contabilidade e a NBC PG 200 –
Contadores que prestam Serviços (contadores externos) naqueles aspectos
não abordados por esta Norma.

Habilitação profissional

7. O perito deve comprovar sua habilitação como perito em contabilidade por


intermédio de Certidão de Regularidade Profissional emitida pelos Conselhos
Regionais de Contabilidade. O perito deve anexá-la no primeiro ato de sua
manifestação e na apresentação do laudo ou parecer para atender ao disposto
no Código de Processo Civil. É permitida a utilização da certificação digital, em
consonância com a legislação vigente e as normas estabelecidas pela
Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileiras – ICP-Brasil.

8. A indicação ou a contratação de perito-assistente ocorre quando a parte ou a


contratante desejar ser assistida por contador, ou comprovar algo que dependa
de conhecimento técnico-científico, razão pela qual o profissional só deve
aceitar o encargo se reconhecer estar capacitado com conhecimento
suficiente, discernimento, com irrestrita independência e liberdade científica
para a realização do trabalho.

Impedimento e suspeição

9. Impedimento e suspeição são situações fáticas ou circunstanciais que


impossibilitam o perito de exercer, regularmente, suas funções ou realizar
atividade pericial em processo judicial ou extrajudicial, inclusive arbitral. Os

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itens previstos nesta Norma explicitam os conflitos de interesse motivadores
dos impedimentos e das suspeições a que está sujeito o perito nos termos da
legislação vigente e do Código de Ética Profissional do Contador.

10. Para que o perito possa exercer suas atividades com isenção, é fator
determinante que ele se declare impedido, após nomeado ou indicado, quando
ocorrerem as situações previstas nesta Norma, nos itens abaixo.

11. Quando nomeado, o perito do juízo deve dirigir petição, no prazo legal,
justificando a escusa ou o motivo do impedimento ou da suspeição.

12. Quando indicado pela parte e não aceitando o encargo, o perito-assistente


deve comunicar a ela sua recusa, devidamente justificada por escrito, com
cópia ao juízo.

Suspeição e impedimento legal

13. O perito do juízo deve se declarar impedido quando não puder exercer suas
atividades, observados os termos do Código de Processo Civil.

14. O perito-assistente deve declarar-se suspeito quando, após contratado,


verificar a ocorrência de situações que venham suscitar suspeição em função
da sua imparcialidade ou independência e, dessa maneira, comprometer o
resultado do seu trabalho.

15. O perito do juízo ou assistente deve declarar-se suspeito quando, após


nomeado ou contratado, verificar a ocorrência de situações que venham
suscitar suspeição em função da sua imparcialidade ou independência e,
dessa maneira, comprometer o resultado do seu trabalho em relação à
decisão.

16. Os casos de suspeição a que está sujeito o perito do juízo são os seguintes:
(a) ser amigo íntimo de qualquer das partes;
(b) ser inimigo capital de qualquer das partes;
(c) ser devedor ou credor em mora de qualquer das partes,
dos seus cônjuges, de parentes destes em linha reta ou em linha colateral
até o terceiro grau ou entidades das quais esses façam parte de seu
quadro societário ou de direção;
(d) ser herdeiro presuntivo ou donatário de alguma das partes
ou dos seus cônjuges;
(e) ser parceiro, empregador ou empregado de alguma das
partes;
(f) aconselhar, de alguma forma, parte envolvida no litígio
acerca do objeto da discussão; e
(g) houver qualquer interesse no julgamento da causa em
favor de alguma das partes.

17. O perito pode ainda declarar-se suspeito por motivo íntimo.

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Responsabilidade

18. O perito deve conhecer as responsabilidades sociais, éticas, profissionais e


legais às quais está sujeito no momento em que aceita o encargo para a
execução de perícias contábeis judiciais e extrajudiciais, inclusive arbitral.

19. O termo “responsabilidade” refere-se à obrigação do perito em respeitar os


princípios da ética e do direito, atuando com lealdade, idoneidade e
honestidade no desempenho de suas atividades, sob pena de responder civil,
criminal, ética e profissionalmente por seus atos.

20. A responsabilidade do perito decorre da relevância que o resultado de sua


atuação pode produzir para a solução da lide.

21. Ciente do livre exercício profissional, deve o perito do juízo, sempre que
possível e não houver prejuízo aos seus compromissos profissionais e as suas
finanças pessoais, em colaboração com o Poder Judiciário, aceitar o encargo
confiado ou escusar-se do encargo, no prazo legal, apresentando suas razões.

22. O perito do juízo, no desempenho de suas funções, deve propugnar pela


imparcialidade, dispensando igualdade de tratamento às partes e,
especialmente, aos peritos-assistentes. Não se considera parcialidade, entre
outros, os seguintes:
(a) atender às partes ou assistentes técnicos, desde que se assegure
igualdade de oportunidades; ou
(b) fazer uso de trabalho técnico-científico anteriormente publicado pelo
perito do juízo.

Responsabilidade civil e penal

23. A legislação cívil determina responsabilidades e penalidades para o


profissional que exerce a função de perito, as quais consistem em multa,
indenização e inabilitação.

24. A legislação penal estabelece penas de multa e reclusão para os profissionais


que exercem a atividade pericial que vierem a descumprir as normas legais.

Zelo profissional

25. O termo “zelo”, para o perito, refere-se ao cuidado que ele deve dispensar na
execução de suas tarefas, em relação à sua conduta, documentos, prazos,
tratamento dispensado às autoridades, aos integrantes da lide e aos demais
profissionais, de forma que sua pessoa seja respeitada, seu trabalho levado a
bom termo e, consequentemente, o laudo pericial contábil e o parecer técnico-
contábil dignos de fé pública.

26. O zelo profissional do perito na realização dos trabalhos periciais compreende:


(a) cumprir os prazos fixados pelo juiz em perícia judicial e nos termos
contratados em perícia extrajudicial, inclusive arbitral;
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(b) assumir a responsabilidade pessoal por todas as informações prestadas,
quesitos respondidos, procedimentos adotados, diligências realizadas,
valores apurados e conclusões apresentadas no laudo pericial contábil e
no parecer técnico-contábil;
(c) prestar os esclarecimentos determinados pela autoridade competente,
respeitados os prazos legais ou contratuais;
(d) propugnar pela celeridade processual, valendo-se dos meios que garantam
eficiência, segurança, publicidade dos atos periciais, economicidade, o
contraditório e a ampla defesa;
(e) ser prudente, no limite dos aspectos técnico-científicos, e atento às
consequências advindas dos seus atos;
(f) ser receptivo aos argumentos e críticas, podendo ratificar ou retificar o
posicionamento anterior.

27. A transparência e o respeito recíprocos entre o perito do juízo e o perito-


assistente pressupõem tratamento impessoal, restringindo os trabalhos,
exclusivamente, ao conteúdo técnico-científico.

28. O perito é responsável pelo trabalho de sua equipe técnica, a qual compreende
os auxiliares para execução do trabalho complementar do laudo pericial
contábil e/ou parecer técnico-contábil.

29. Sempre que não for possível concluir o laudo pericial contábil no prazo fixado
pelo juiz, deve o perito do juízo requerer a sua dilação antes de vencido
aquele, apresentando os motivos que ensejaram a solicitação.

30. Na perícia extrajudicial, o perito deve estipular os prazos necessários para a


execução dos trabalhos junto com a proposta de honorários e com a descrição
dos serviços a executar.

31. A realização de diligências, durante a elaboração do laudo pericial, para busca


de provas, quando necessária, deve ser comunicada às partes para ciência de
seus assistentes.

Utilização de trabalho de especialista

32. O perito pode valer-se de especialistas de outras áreas para a realização do


trabalho, quando parte da matéria-objeto da perícia assim o requeira. Se o
perito utilizar informações de especialista, inclusive se anexar documento
emitido por especialista, o perito é responsável por todas as informações
contidas em seu laudo ou parecer.

Honorários

33. Na elaboração da proposta de honorários, o perito dever considerar os


seguintes fatores: a relevância, o vulto, o risco, a complexidade, a quantidade
de horas, o pessoal técnico, o prazo estabelecido e a forma de recebimento,
entre outros fatores.
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Elaboração de proposta

34. O perito deve elaborar a proposta de honorários estimando, quando possível, o


número de horas para a realização do trabalho, por etapa e por qualificação
dos profissionais, considerando os trabalhos a seguir especificados:
(a) retirada e entrega do processo ou procedimento arbitral;
(b) leitura e interpretação do processo;
(c) elaboração de termos de diligências para arrecadação de provas e
comunicações às partes, terceiros e peritos-assistentes;
(d) realização de diligências;
(e) pesquisa documental e exame de livros contábeis, fiscais e societários;
(f) elaboração de planilhas de cálculo, quadros, gráficos, simulações e
análises de resultados;
(g) elaboração do laudo;
(h) reuniões com peritos-assistentes, quando for o caso;
(i) revisão final;
(j) despesas com viagens, hospedagens, transporte, alimentação, etc.;
(k) outros trabalhos com despesas supervenientes.

Quesitos suplementares

35. O perito deve ressaltar, em sua proposta de honorários, que esta não
contempla os honorários relativos a quesitos suplementares e, se estes forem
formulados pelo juiz e/ou pelas partes, pode haver incidência de honorários
complementares a serem requeridos, observando os mesmos critérios
adotados para elaboração da proposta inicial.

Apresentação da proposta de honorários

36. O perito deve apresentar sua proposta de honorários devidamente


fundamentada.

37. O perito deve explicitar a sua proposta no contrato que, obrigatoriamente,


celebrará com o seu cliente, observando as normas estabelecidas pelo
Conselho Federal de Contabilidade. No final desta Norma, há um modelo de
contrato que pode ser utilizado (Modelo n.º 10).

Levantamento dos honorários

38. O perito pode requerer a liberação parcial dos honorários quando julgar
necessário para o custeio de despesas durante a realização dos trabalhos.

Execução de honorários periciais

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39. Os honorários periciais fixados ou arbitrados e não quitados podem ser
executados, judicialmente, pelo perito em conformidade com os dispositivos do
Código de Processo Civil.

Despesas supervenientes na execução da perícia

40. Nos casos em que houver necessidade de desembolso para despesas


supervenientes, como viagens e estadas, para a realização de outras
diligências, o perito deve requerer ao juízo ou solicitar ao contratante o
pagamento das despesas, apresentando a respectiva comprovação, desde
que não estejam contempladas ou quantificadas na proposta inicial de
honorários.

Esclarecimentos

41. O perito deve prestar esclarecimentos sobre o conteúdo do laudo pericial


contábil ou do parecer técnico-contábil, em atendimento à determinação do juiz
ou árbitro que preside o feito, os quais podem não ensejar novos honorários
periciais, se forem apresentados para obtenção de detalhes do trabalho
realizado, uma vez que as partes podem formulá-los com essa denominação,
mas serem quesitos suplementares.

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NORMA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE – NBC TP 01, DE 27 DE
FEVEREIRO DE 2015

Dá nova redação à NBC TP 01 –


Perícia Contábil.

O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições


legais e regimentais e com fundamento no disposto na alínea “f” do Art. 6º do
Decreto-Lei n.º 9.295/46, alterado pela Lei n.º 12.249/10, faz saber que foi aprovada
em seu Plenário a seguinte Norma Brasileira de Contabilidade (NBC):

NBC TP 01 – PERÍCIA CONTÁBIL

Sumário Item
OBJETIVO 1
CONCEITO 2–5
EXECUÇÃO 6 – 15
PROCEDIMENTOS 16 – 29
PLANEJAMENTO 30 – 40
Objetivos 31
Desenvolvimento 32 – 36
Riscos e custos 37
Equipe técnica 38
Cronograma 39 – 40
TERMO DE DILIGÊNCIA 41 – 46
Estrutura 46
LAUDO E PARECER PERICIAL CONTÁBIL 47 – 69
Apresentação do laudo pericial contábil e oferta do
50 – 54
parecer contábil
Terminologia 55 – 64
Estrutura 65
Assinatura em conjunto 66
Laudo e parecer de leigo ou profissional não habilitado 67
Esclarecimentos sobre laudo e parecer técnico-
68
contábil em audiência
Quesitos e respostas 69
MODELOS 70
VIGÊNCIA 71

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Objetivo

1. Esta Norma estabelece regras e procedimentos técnico-científicos a serem


observados pelo perito, quando da realização de perícia contábil, no âmbito
judicial, extrajudicial, mediante o esclarecimento dos aspectos e dos fatos do
litígio por meio de exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento,
mensuração, avaliação e certificação.

Conceito

2. A perícia contábil constitui o conjunto de procedimentos técnico-científicos


destinados a levar à instância decisória elementos de prova necessários a
subsidiar a justa solução do litígio ou constatação de fato, mediante laudo
pericial contábil e/ou parecer técnico-contábil, em conformidade com as
normas jurídicas e profissionais e com a legislação específica no que for
pertinente.

3. O laudo pericial contábil e o parecer técnico-contábil têm por limite o próprio


objeto da perícia deferida ou contratada.

4. A perícia contábil é de competência exclusiva de contador em situação regular


perante o Conselho Regional de Contabilidade de sua jurisdição.

5. A perícia judicial é exercida sob a tutela do Poder Judiciário. A perícia


extrajudicial é exercida no âmbito arbitral, estatal ou voluntária. A perícia
arbitral é exercida sob o controle da lei de arbitragem. Perícias oficial e estatal
são executadas sob o controle de órgãos de Estado. Perícia voluntária é
contratada, espontaneamente, pelo interessado ou de comum acordo entre as
partes.

Execução

6. Ao ser intimado para dar início aos trabalhos periciais, o perito do juízo deve
comunicar às partes e aos assistentes técnicos: a data e o local de início da
produção da prova pericial contábil, exceto se designados pelo juízo.
(a) Caso não haja, nos autos, dados suficientes para a localização dos
assistentes técnicos, a comunicação deve ser feita aos advogados das
partes e, caso estes também não tenham informado endereço nas suas
petições, a comunicação deve ser feita diretamente às partes e/ou ao
Juízo.
(b) O perito-assistente pode, tão logo tenha conhecimento da perícia, manter
contato com o perito do juízo, colocando-se à disposição para a execução
da perícia em conjunto.
(c) Na impossibilidade da execução da perícia em conjunto, o perito do juízo
deve permitir aos peritos-assistentes o acesso aos autos e aos elementos
de prova arrecadados durante a perícia, indicando local e hora para exame
pelo perito-assistente.
(d) O perito-assistente pode entregar ao perito do juízo cópia do seu parecer
técnico-contábil, previamente elaborado, planilhas ou memórias de cálculo,
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informações e demonstrações que possam esclarecer ou auxiliar o
trabalho a ser desenvolvido pelo perito do juízo.

7. O perito-assistente pode, logo após sua contratação, manter contato com o


advogado da parte que o contratou, requerendo dossiê completo do processo
para conhecimento dos fatos e melhor acompanhamento dos atos processuais
no que for pertinente à perícia.

8. O perito, enquanto estiver de posse do processo ou de documentos, deve zelar


por sua guarda e segurança e ser diligente.

9. Para a execução da perícia contábil, o perito deve ater-se ao objeto e ao lapso


temporal da perícia a ser realizada.

10. Mediante termo de diligência, o perito deve solicitar por escrito todos os
documentos e informações relacionadas ao objeto da perícia, fixando o prazo
para entrega.

11. A eventual recusa no atendimento a diligências solicitadas ou qualquer


dificuldade na execução do trabalho pericial deve ser comunicada, com a
devida comprovação ou justificativa, ao juízo, em se tratando de perícia
judicial; ou à parte contratante, no caso de perícia extrajudicial.

12. O perito deve utilizar os meios que lhe são facultados pela legislação e normas
concernentes ao exercício de sua função, com vistas a instruir o laudo pericial
contábil ou parecer técnico-contábil com as peças que julgarem necessárias.

13. O perito deve manter registro dos locais e datas das diligências, nome das
pessoas que o atender, livros e documentos ou coisas vistoriadas, examinadas
ou arrecadadas, dados e particularidades de interesse da perícia, rubricando a
documentação examinada, quando julgar necessário e possível, juntando o
elemento de prova original, cópia ou certidão.

14. A execução da perícia, quando incluir a utilização de equipe técnica, deve ser
realizada sob a orientação e supervisão do perito do juízo, que assume a
responsabilidade pelos trabalhos, devendo assegurar-se de que as pessoas
contratadas sejam profissionais e legalmente capacitadas à execução.

15. O perito deve documentar os elementos relevantes que serviram de suporte à


conclusão formalizada no laudo pericial contábil e no parecer técnico-contábil,
quando não juntados aos autos, visando fundamentar o laudo ou parecer e
comprovar que a perícia foi executada de acordo com os despachos e
decisões judiciais e as Normas Brasileiras de Contabilidade.

Procedimentos

16. Os procedimentos periciais contábeis visam fundamentar o laudo pericial


contábil e o parecer técnico-contábil e abrangem, total ou parcialmente,

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segundo a natureza e a complexidade da matéria, exame, vistoria, indagação,
investigação, arbitramento, mensuração, avaliação e certificação.

17. O exame é a análise de livros, registros de transações e documentos.

18. A vistoria é a diligência que objetiva a verificação e a constatação de situação,


coisa ou fato, de forma circunstancial.

19. A indagação é a busca de informações mediante entrevista com conhecedores


do objeto ou de fato relacionado à perícia.

20. A investigação é a pesquisa que busca trazer ao laudo pericial contábil ou


parecer técnico-contábil o que está oculto por quaisquer circunstâncias.

21. O arbitramento é a determinação de valores, quantidades ou a solução de


controvérsia por critério técnico-científico.

22. A mensuração é o ato de qualificação e quantificação física de coisas, bens,


direitos e obrigações.

23. A avaliação é o ato de estabelecer o valor de coisas, bens, direitos,


obrigações, despesas e receitas.

24. A certificação é o ato de atestar a informação trazida ao laudo ou ao parecer


pelo perito.

25. Concluídos os trabalhos periciais, o perito do juízo apresentará laudo pericial


contábil e o perito-assistente oferecerá, querendo, seu parecer técnico-
contábil, obedecendo aos respectivos prazos.

26. O perito do juízo, depois de concluído seu trabalho, deve fornecer, quando
solicitado, cópia do laudo ao perito-assistente, informando-lhe com
antecedência a data em que o laudo pericial contábil será protocolado em
cartório.

27. O perito-assistente não pode firmar o laudo pericial quando o documento tiver
sido elaborado por leigo ou profissional de outra área, devendo, neste caso,
oferecer um parecer técnico-contábil sobre a matéria periciada.

28. O perito-assistente, ao apor a assinatura, em conjunto com o perito do juízo,


em laudo pericial contábil, não pode emitir parecer técnico-contábil contrário a
esse laudo.

29. O perito-assistente pode entregar cópia do seu parecer, planilhas e


documentos ao perito do juízo antes do término da perícia, expondo as suas
convicções, fundamentações legais, doutrinárias, técnicas e científicas sem
que isto implique indução do perito do juízo a erro, por tratar-se da livre e
necessária manifestação científica sobre os pontos controvertidos.

Planejamento

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30. O planejamento da perícia é a etapa do trabalho pericial que antecede as


diligências, pesquisas, cálculos e respostas aos quesitos, na qual o perito do
juízo estabelece a metodologia dos procedimentos periciais a serem aplicados,
elaborando-o a partir do conhecimento do objeto da perícia.

Objetivos

31. Os objetivos do planejamento da perícia são:


(a) conhecer o objeto e a finalidade da perícia, a fim de permitir a adoção de
procedimentos que conduzam à revelação da verdade, a qual subsidiará o
juízo, o árbitro ou o interessado a tomar a decisão a respeito da lide;
(b) definir a natureza, a oportunidade e a extensão dos procedimentos a
serem aplicados, em consonância com o objeto da perícia;
(c) estabelecer condições para que o trabalho seja cumprido no prazo
estabelecido;
(d) identificar potenciais problemas e riscos que possam vir a ocorrer no
andamento da perícia;
(e) identificar fatos importantes para a solução da demanda, de forma que não
passem despercebidos ou não recebam a atenção necessária;
(f) identificar a legislação aplicável ao objeto da perícia;
(g) estabelecer como ocorrerá a divisão das tarefas entre os membros da
equipe de trabalho, sempre que o perito necessitar de auxiliares;
(h) facilitar a execução e a revisão dos trabalhos.

Desenvolvimento

32. Os documentos dos autos servem como suporte para obtenção das
informações necessárias à elaboração do planejamento da perícia.

33. Em caso de ser identificada a necessidade de realização de diligências, na


etapa de elaboração do planejamento, devem ser considerados, se não
declarada a preclusão de prova documental, a legislação aplicável,
documentos, registros, livros contábeis, fiscais e societários, laudos e
pareceres já realizados e outras informações que forem identificadas como
pertinentes para determinar a natureza do trabalho a ser executado.

34. Quando necessário, o planejamento deve ser realizado pelo perito do juízo
ainda que o trabalho venha a ser realizado de forma conjunta.

35. Quando necessário, o planejamento da perícia deve ser mantido por qualquer
meio de registro que facilite o entendimento dos procedimentos a serem
aplicados e sirva de orientação adequada à execução do trabalho.

36. Quando necessário, o planejamento deve ser revisado e atualizado sempre


que fatos novos surjam no decorrer da perícia.

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Riscos e custos

37. O perito, na fase do planejamento, com vistas a elaborar a proposta de


honorários, deve:
(a) avaliar os riscos decorrentes das suas responsabilidades e todas as
despesas e custos inerentes;
(b) ressaltar que, na hipótese de apresentação de quesitos suplementares,
poderá estabelecer honorários complementares.

Equipe técnica

38. Quando a perícia exigir a necessidade de utilização de trabalho de terceiros


(equipe de apoio, trabalho de especialistas ou profissionais de outras áreas de
conhecimento), o planejamento deve prever a orientação e a supervisão do
perito, que responderá pelos trabalhos executados, exclusivamente, por sua
equipe de apoio.

Cronograma

39. O perito do juízo deve levar em consideração que o planejamento da perícia,


quando for o caso, inicia-se antes da elaboração da proposta de honorários,
considerando-se que, para apresentá-la ao juízo ou aos contratantes, há
necessidade de se especificarem as etapas do trabalho a serem realizadas.
Isto implica que o perito deve ter conhecimento prévio de todas as etapas,
salvo aquelas que somente serão identificadas quando da execução da
perícia.

40. No cronograma de trabalho, devem ficar evidenciados, quando aplicáveis,


todos os itens necessários à execução da perícia, como: diligências a serem
realizadas, deslocamentos, necessidade de trabalho de terceiros, pesquisas
que serão feitas, elaboração de cálculos e planilhas, respostas aos quesitos,
prazo para apresentação do laudo e/ou oferecimento do parecer, de forma a
assegurar que todas as etapas necessárias à realização da perícia sejam
cumpridas.

Termo de diligência

41. Termo de diligência é o instrumento por meio do qual o perito solicita


documentos, coisas, dados e informações necessárias à elaboração do laudo
pericial contábil e do parecer técnico-contábil.

42. Serve também para determinar o local, a data e a hora do início da perícia, e
ainda para a execução de outros trabalhos que tenham sido a ele
determinados ou solicitados por quem de direito, desde que tenham a
finalidade de orientar ou colaborar nas decisões, judiciais ou extrajudiciais.

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43. O termo de diligência deve ser redigido pelo perito, ser apresentado
diretamente ao perito-assistente, à parte, a seu procurador ou terceiro, por
escrito e juntado ao laudo.

44. O perito deve observar os prazos a que está obrigado por força de
determinação legal e, dessa forma, definir o prazo para o cumprimento da
solicitação pelo diligenciado.

45. Caso ocorra a negativa da entrega dos elementos de prova formalmente


requeridos, o perito deve se reportar diretamente a quem o nomeou, contratou
ou indicou, narrando os fatos e solicitando as providências cabíveis.

Estrutura

46. O termo de diligência deve conter os seguintes itens:


(a) identificação do diligenciado;
(b) identificação das partes ou dos interessados e, em se tratando de perícia
judicial ou arbitral, o número do processo ou procedimento, o tipo e o juízo
em que tramita;
(c) identificação do perito com indicação do número do registro profissional no
Conselho Regional de Contabilidade;
(d) indicação de que está sendo elaborado nos termos desta Norma;
(e) indicação detalhada dos documentos, coisas, dados e informações,
consignando as datas e/ou períodos abrangidos, podendo identificar o
quesito a que se refere;
(f) indicação do prazo e do local para a exibição dos documentos, coisas,
dados e informações necessários à elaboração do laudo pericial contábil
ou parecer técnico-contábil, devendo o prazo ser compatível com aquele
concedido pelo juízo, contratante ou convencionado pelas partes,
considerada a quantidade de documentos, as informações necessárias, a
estrutura organizacional do diligenciado e o local de guarda dos
documentos;
(g) a indicação da data e hora para sua efetivação, após atendidos os
requisitos da alínea (e), quando o exame dos livros, documentos, coisas e
elementos tiver de ser realizado perante a parte ou ao terceiro que detém
em seu poder tais provas;
(h) local, data e assinatura.

Laudo pericial contábil e parecer técnico-contábil

47. O Decreto-Lei n.º 9.295/46, na alínea “c” do Art. 25, determina que o laudo
pericial contábil e o parecer técnico-contábil somente sejam elaborados por
contador ou pessoa jurídica, se a lei assim permitir, que estejam devidamente
registrados e habilitados em Conselho Regional de Contabilidade. A
habilitação é comprovada mediante Certidão de Regularidade Profissional
emitida pelos Conselhos Regionais de Contabilidade.

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48. O laudo pericial contábil e o parecer técnico-contábil são documentos escritos,
nos quais os peritos devem registrar, de forma abrangente, o conteúdo da
perícia e particularizar os aspectos e as minudências que envolvam o seu
objeto e as buscas de elementos de prova necessários para a conclusão do
seu trabalho.

49. Os peritos devem consignar, no final do laudo pericial contábil ou do parecer


técnico-contábil, de forma clara e precisa, as suas conclusões.

Apresentação do laudo pericial contábil e oferta do parecer técnico-contábil

50. O laudo e o parecer são, respectivamente, orientados e conduzidos pelo perito


do juízo e pelo perito-assistente, que adotarão padrão próprio, respeitada a
estrutura prevista nesta Norma, devendo ser redigidos de forma
circunstanciada, clara, objetiva, sequencial e lógica.

51. A linguagem adotada pelo perito deve ser clara, concisa, evitando o prolixo e a
tergiversação, possibilitando aos julgadores e às partes o devido conhecimento
da prova técnica e interpretação dos resultados obtidos. As respostas devem
ser objetivas, completas e não lacônicas. Os termos técnicos devem ser
inseridos no laudo e no parecer, de modo a se obter uma redação que
qualifique o trabalho pericial, respeitadas as Normas Brasileiras de
Contabilidade.

52. Tratando-se de termos técnicos atinentes à profissão contábil, devem, quando


necessário, ser acrescidos de esclarecimentos adicionais e recomendada a
utilização daqueles consagrados pela doutrina contábil.

53. O perito deve elaborar o laudo e o parecer, utilizando-se do vernáculo, sendo


admitidas apenas palavras ou expressões idiomáticas de outras línguas de uso
comum nos tribunais judiciais ou extrajudiciais.

54. O laudo e o parecer devem contemplar o resultado final alcançado por meio de
elementos de prova inclusos nos autos ou arrecadados em diligências que o
perito tenha efetuado, por intermédio de peças contábeis e quaisquer outros
documentos, tipos e formas.

Terminologia

55. Forma circunstanciada: a redação pormenorizada, minuciosa, efetuada com


cautela e detalhamento em relação aos procedimentos e aos resultados do
laudo e do parecer.

56. Síntese do objeto da perícia e resumo dos autos: o relato ou a transcrição


sucinta, de forma que resulte em uma leitura compreensiva dos fatos relatados
sobre as questões básicas que resultaram na nomeação ou na contratação do
perito.

57. Diligência: todos os atos adotados pelos peritos na busca de documentos,


coisas, dados e informações e outros elementos de prova necessários à
elaboração do laudo e do parecer, mediante termo de diligência, desde que

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tais provas não estejam colacionadas aos autos. Ainda são consideradas
diligências as comunicações às partes, aos peritos-assistentes ou a terceiros,
ou petições judiciais.

58. Critério: é a faculdade que tem o perito de distinguir como proceder em torno
dos fatos alegados para julgar ou decidir o caminho que deve seguir na
elaboração do laudo e do parecer.

59. Metodologia: conjunto dos meios dispostos convenientemente para alcançar o


resultado da perícia por meio do conhecimento técnico-científico, de maneira
que possa, ao final, inseri-lo no corpo técnico do laudo e parecer.

60. Conclusão: é a quantificação, quando possível, do valor da demanda, podendo


reportar-se a demonstrativos apresentados no corpo do laudo e do parecer ou
em documentos. É na conclusão que o perito registrará outras informações
que não constaram na quesitação, porém, encontrou-as na busca dos
elementos de prova inerentes ao objeto da perícia.

61. Apêndices: são documentos elaborados pelo perito contábil; e Anexos são
documentos entregues a estes pelas partes e por terceiros, com o intuito de
complementar a argumentação ou elementos de prova.

62. Palavras e termos ofensivos: o perito que se sentir ofendido por expressões
injuriosas, de forma escrita ou verbal, no processo, poderá tomar as seguintes
providências:
(a) sendo a ofensa escrita ou verbal, por qualquer das partes, peritos ou
advogados, o perito ofendido pode requerer da autoridade competente que
mande riscar os termos ofensivos dos autos ou cassada a palavra;
(b) as providências adotadas, na forma prevista na alínea (a), não impedem
outras medidas de ordem civil ou criminal.

63. Esclarecimentos: havendo determinação de esclarecimentos do laudo ou do


parecer sem a realização de audiência, o perito deve fazer, por escrito,
observando em suas respostas os mesmos procedimentos adotados quando
da feitura do esclarecimento em audiência, no que for aplicável.

64. Os peritos devem, na conclusão do laudo e do parecer, considerar as formas


explicitadas nos itens seguintes:
(a) omissão de fatos: o perito do juízo não pode omitir nenhum fato relevante
encontrado no decorrer de suas pesquisas ou diligências, mesmo que não
tenha sido objeto de quesitação e desde que esteja relacionado ao objeto
da perícia;
(b) a conclusão com quantificação de valores é viável em casos de: apuração
de haveres; liquidação de sentença, inclusive em processos trabalhistas;
resolução de sociedade; avaliação patrimonial, entre outros;
(c) pode ocorrer que, na conclusão, seja necessária a apresentação de
alternativas, condicionada às teses apresentadas pelas partes, casos em
que cada uma apresenta uma versão para a causa. O perito deve
apresentar as alternativas condicionadas às teses apresentadas, devendo,
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necessariamente, ser identificados os critérios técnicos que lhes deem
respaldo;
(d) a conclusão pode ainda reportar-se às respostas apresentadas nos
quesitos;
(e) a conclusão pode ser, simplesmente, elucidativa quanto ao objeto da
perícia, não envolvendo, necessariamente, quantificação de valores.

Estrutura

65. O laudo deve conter, no mínimo, os seguintes itens:


(a) identificação do processo e das partes;
(b) síntese do objeto da perícia;
(c) resumo dos autos;
(d) metodologia adotada para os trabalhos periciais e esclarecimentos;
(e) relato das diligências realizadas;
(f) transcrição dos quesitos e suas respectivas respostas para o laudo pericial
contábil;
(g) transcrição dos quesitos e suas respectivas respostas para o parecer
técnico-contábil, onde houver divergência das respostas formuladas pelo
perito do juízo;
(h) conclusão;
(i) termo de encerramento, constando a relação de anexos e apêndices;
(j) assinatura do perito: deve constar sua categoria profissional de contador,
seu número de registro em Conselho Regional de Contabilidade,
comprovado mediante Certidão de Regularidade Profissional (CRP) e sua
função: se laudo, perito do juízo e se parecer, perito-assistente da parte. É
permitida a utilização da certificação digital, em consonância com a
legislação vigente e as normas estabelecidas pela Infraestrutura de
Chaves Públicas Brasileiras - ICP-Brasil;
(k) para elaboração de parecer, aplicam-se o disposto nas alíneas acima, no
que couber.

Assinatura em conjunto

66. Quando se tratar de laudo pericial contábil, assinado em conjunto pelos


peritos, há responsabilidade solidária sobre o referido documento.

Laudo e parecer de leigo ou profissional não habilitado

67. Considera-se leigo ou profissional não habilitado para a elaboração de laudo e


parecer contábeis qualquer profissional que não seja contador habilitado
perante Conselho Regional de Contabilidade.

Esclarecimentos sobre laudo e parecer técnico-contábil em audiência

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68. Esclarecimentos são informações prestadas pelo perito aos pedidos de
esclarecimento sobre laudo e parecer, determinados pelas autoridades
competentes, por motivos de obscuridade, incompletudes, contradições ou
omissões. Os esclarecimentos podem ser prestados de duas maneiras:
(a) de forma escrita: os pedidos de esclarecimentos deferidos e apresentados
ao perito, no prazo legal, devem ser prestados por escrito;
(b) de forma oral: os pedidos de esclarecimentos deferidos e apresentados, no
prazo legal, ao perito para serem prestados em audiência podem ser de
forma oral ou escrita.

Quesitos e respostas

69. O perito deve observar as perguntas efetuadas pelo juízo e/ou pelas partes, no
momento próprio dos esclarecimentos, pois tal ato se limita às respostas a
quesitos integrantes do laudo ou do parecer e às explicações sobre o conteúdo
da lide ou sobre a conclusão.

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RESOLUÇÃO CFC N.º 1.502, de 19 de FEVEREIRO de 2016.

Dispõe sobre o Cadastro Nacional de


Peritos Contábeis (CNPC) do Conselho
Federal de Contabilidade (CFC) e dá
outras providências.

O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições


legais e regimentais,

Considerando o disposto na Lei n.º 13.105, de 16 de março de 2015, Código de


Processo Civil brasileiro, em seu Art. 156, que dispõe que o juiz será assistido por
perito e que determina aos tribunais a realização de consultas aos conselhos de
classe para formação de seu cadastro de profissionais legalmente habilitados.

Considerando a NBC PP 01, de 27 de fevereiro de 2015, que dispõe sobre perito


contábil;

Considerando a NBC TP 01, de 27 de fevereiro de 2015, que dispõe sobre perícia


contábil;

Considerando a importância de se estimular o estudo das Normas Brasileiras de


Contabilidade inerentes à área de Perícia;

Considerando o disposto no Decreto-Lei n.º 9.295, de 27 de maio de 1946, em seu


Art. 6º, alínea “f”, alterado pela Lei n.º 12.249, de 11 de junho de 2010, que compete
ao CFC regular acerca do Cadastro de Qualificação Técnica e do Programa de
Educação Continuada e editar normas brasileiras de contabilidade de natureza
técnica e profissional; e

Considerando a necessidade de se conhecer o âmbito de atuação dos peritos


contábeis, sua formação profissional, atualização do conhecimento e experiência,

R E S O L V E:

Art. 1° Criar o Cadastro Nacional de Peritos Contábeis (CNPC) do Conselho Federal


de Contabilidade (CFC).

Art. 2º Os contadores que exercem atividades de perícia contábil terão até 31 de


dezembro de 2016 para se cadastrarem no Cadastro Nacional de Peritos Contábeis
do CFC, por meio dos portais dos Conselhos Regionais de Contabilidade (CRCs) e
no portal do CFC, inserindo todas as informações requeridas.

§ 1º Para a validação do cadastro, o contador deverá comprovar experiência em


perícia contábil, anexando, no mínimo, um dos documentos a seguir:

I – cópia da Ata ou Despacho Judicial, contendo a nomeação e o


protocolo de entrega do Laudo Pericial para comprovar a sua atuação
como perito do juízo;
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II – cópia da Petição com a indicação formal e o protocolo de entrega
do Parecer Técnico Pericial para comprovar a atuação como perito
assistente indicado pelas partes no processo judicial;

III – cópia do documento que formalizou sua contratação e a entrega


do Laudo Pericial ou do Parecer Técnico Pericial para comprovar
atuação como perito em demandas extrajudiciais que envolvam formas
alternativas de solução de conflitos;

IV – cópia do ato relativo à sua nomeação ou certidão emitida por


órgão policial para comprovar sua atuação como perito oficial em
demandas de natureza criminal.

§ 2º As comprovações exigidas nos incisos “I” e “II” poderão ser


substituídas por certidões emitidas pelo Poder Judiciário.

§ 3º As comprovações exigidas no inciso “III” poderão ser substituídas


por certidão emitida por tribunais de arbitragem e mediação, legalmente
constituídos.

Art. 3º Atendidas às exigências previstas no artigo anterior, a inscrição no CNPC


será concedida pelo CFC em até 30 (trinta) dias da data da solicitação, cujo
cadastro, conterá, no mínimo, as seguintes informações do profissional:

I – nome completo;

II – número de registro no CNPC;

III – número do registro profissional no Conselho Regional de


Contabilidade;

IV – endereço eletrônico;

V – telefone de contato;

VI – domicílio profissional relativo às atividades de perícia contábil;

VII – especificação da(s) área(s) de atuação como perito contábil; e

VIII – curriculum definido em até 350 (trezentos e cinquenta)


caracteres, elaborado pelo próprio perito.

Art. 4º Compete, exclusivamente, ao CFC a manutenção, a avaliação periódica e a


regulamentação do CNPC.

Art. 5º O profissional inscrito no CNPC é responsável pela confirmação de seus


dados cadastrais, os quais poderão ser atualizados, exclusivamente, via e-mail
registro@cfc.org.br.

Art. 6º A partir de 1º de janeiro de 2017, o ingresso no CNPC estará condicionado à


aprovação em exame específico, regulamentado pelo CFC.

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Art. 7º A permanência do profissional no CNPC estará condicionada à


obrigatoriedade do cumprimento do Programa de Educação Profissional
Continuada, que será regulamentado pelo CFC.

Art. 8º Serão baixados do CNPC os profissionais que:

I – solicitarem a baixa;

II – forem suspensos do exercício profissional, nos termos das alíneas


“d” e “e” do Art. 27 do Decreto-Lei n.º 9.295/1946, em decisão
transitada em julgado;

III – forem cassados do exercício profissional, nos termos da alínea “f”


do Art. 27 do Decreto-Lei n.º 9.295/1946, em decisão transitada em
julgado;

IV – tiverem os seus registros baixados pelos CRCs; e

V – não atingirem, anualmente, a pontuação mínima exigida no


Programa de Educação Profissional Continuada, nos termos do Art. 7º.

Parágrafo único. A baixa do registro dos profissionais no CNPC que se


enquadrarem nos incisos II, III, e IV será de ofício, e o inciso V, somente após o
trânsito em julgado do processo.

Art. 9º O restabelecimento do registro no CNPC estará condicionado à apresentação


de certificado de aprovação no exame específico, previsto no Art. 6º, e à
regularização das condições que determinaram a exclusão, prevista nos incisos de I
a III do Art. 8º.

Parágrafo único. Comprovado as exigências para o restabelecimento do registro,


será mantido o mesmo número de registro original concedido anteriormente.

Art. 10. As Certidões de Registro no CNPC, quando requeridas pelos tribunais e


demais interessados, serão emitidas eletronicamente via portais dos CRCs ou CFC.

Art. 11. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 19 de fevereiro de 2016.

Contador José Martonio Alves Coelho


Presidente

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RESOLUÇÃO CFC N.º 1.513, DE 21 DE OUTUBRO DE 2016.

Altera os artigos 2º e 6º da Resolução


CFC n.º 1.502/2016, que dispõe sobre o
Cadastro Nacional de Peritos Contábeis
(CNPC) do Conselho Federal de
Contabilidade (CFC) e dá outras
providências.

O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições


legais e regimentais,

R E S O L V E:

Art. 1° O Art. 2º da Resolução CFC n.º 1.502/2016 passa a vigorar com a seguinte
redação:

Art. 2º Os contadores que exercem atividades de perícia contábil terão


até 31 de dezembro de 2017 para se cadastrarem no Cadastro
Nacional de Peritos Contábeis (CNPC) do CFC, por meio dos portais
dos Conselhos Regionais de Contabilidade (CRCs) e no portal do
CFC, inserindo todas as informações requeridas.

Art. 2° O Art. 6º da Resolução CFC n.º 1.502/2016 passa a vigorar com a seguinte
redação:

Art. 6º A partir de 1º de janeiro de 2018, o ingresso no CNPC estará


condicionado à aprovação em exame específico, regulamentado pelo
CFC.

Art. 3º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação no Diário Oficial da
União.

Contador José Martonio Alves Coelho


Presidente

Aprovada na 1.023ª Reunião Plenária de 2016, realizada em 21 de outubro do 2016.

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NORMA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE, NBC PP 02, DE 21 DE OUTUBRO
DE 2016

Aprova a NBC PP 02 que dispõe


sobre o exame de qualificação
técnica para perito contábil.

O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas


atribuições legais e regimentais e com fundamento no disposto na alínea “f” do Art.
6º do Decreto-Lei n.º 9.295/1946, alterado pela Lei n.º 12.249/2010, faz saber que
foi aprovada em seu Plenário a seguinte Norma Brasileira de Contabilidade (NBC):

NBC PP 02 – EXAME DE QUALIFICAÇÃO TÉCNICA PARA PERITO CONTÁBIL

Sumário Item
Conceituação e objetivos 1–3
Administração 4–7
Estrutura, controle e aplicação 8
Forma e conteúdo das provas 9 – 12
Aprovação e periodicidade 13 – 14
Certidão de aprovação 15
Recursos 16
Impedimentos: preparação de candidatos e 17 – 19
participação
Divulgação 20
Banco de questões 21
Disposições finais 22
Vigência

Conceituação e objetivos

1. O Exame de Qualificação Técnica (EQT) para perito contábil tem por objetivo
aferir o nível de conhecimento e a competência técnico-profissional
necessários ao contador que pretende atuar na atividade de perícia contábil.

2. O EQT para perito contábil será implementado pela aplicação de prova escrita,
conforme definido nesta norma.

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3. A aprovação na prova de Qualificação Técnica para perito contábil assegura ao
contador o registro no Cadastro Nacional de Peritos Contábeis (CNPC) do
Conselho Federal de Contabilidade (CFC).

Administração

4. O EQT para perito contábil é administrado pela Comissão Administradora de


Exame (CAE) formada por membros que sejam contadores, com experiência
em Perícia Contábil, indicados pelo CFC.

5. Os membros da CAE, entre eles o coordenador, são nomeados pelo


presidente do CFC, pelo período de 2 (dois) anos, podendo ser reconduzidos.

6. A CAE deve se reunir, no mínimo, duas vezes ao ano, em data, hora e local
definidos pelo seu coordenador, sujeita à autorização do presidente do CFC.

7. São atribuições da CAE:

(a) estabelecer as condições, o formato e o conteúdo do EQT que será


realizado;
(b) dirimir dúvidas a respeito do EQT para perito contábil e resolver situações
não previstas nesta norma, submetendo-as à Vice-Presidência de
Desenvolvimento Profissional;
(c) zelar pela confidencialidade do Exame, pelos seus resultados e por outras
informações relacionadas;
(d) emitir relatório após a conclusão de cada Exame, a ser encaminhado para
a Vice-Presidência de Desenvolvimento Profissional, contendo, no mínimo:
relação dos inscritos, relação dos aprovados e notas obtidas por cada
participante; e
(e) decidir, em primeira instância administrativa, sobre os recursos
apresentados pelos candidatos ao EQT.

Estrutura, controle e aplicação

8. Cabe à Vice-Presidência de Desenvolvimento Profissional, em conjunto com a


CAE:

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(a) elaborar o edital, administrar e coordenar a aplicação do Exame (EQT) em
todas as suas etapas;
(b) emitir e publicar, no Diário Oficial da União, relatório contendo o nome e o
registro no CRC dos candidatos aprovados no EQT para perito contábil,
até 75 (setenta e cinco) dias após a sua realização; e
(c) encaminhar ao plenário os assuntos que dependam da sua deliberação
e/ou aprovação.

Forma e conteúdo das provas

9. A prova será escrita, contemplando questões para respostas objetivas e


questões para respostas dissertativas.

10. A prova será aplicada nas Unidades da Federação em que existirem inscritos,
em locais a serem divulgados pelo CFC e pelos Conselhos Regionais de
Contabilidade (CRCs).

11. Na prova de Qualificação Técnica Geral para perito contábil, são exigidos
conhecimentos do contador nas seguintes áreas:

(a) Legislação Profissional;


(b) Ética Profissional;
(c) Normas Brasileiras de Contabilidade, Técnicas e Profissionais, editadas
pelo Conselho Federal de Contabilidade, inerentes à perícia;
(d) Legislação Processual Civil aplicada à perícia; e
(e) Língua Portuguesa e Redação;
(f) Direito Constitucional, Civil e Processual Civil afetos à legislação
profissional, à prova pericial e ao perito.

12. O CFC, por intermédio da Vice-Presidência de Desenvolvimento Profissional,


deve providenciar a divulgação em seu portal na internet dos conteúdos
programáticos que serão exigidos na prova, com a antecedência mínima de 60
(sessenta) dias em relação à data da aplicação da prova.

Aprovação e periodicidade

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13. O candidato será aprovado se obtiver, no mínimo, 60% (sessenta por cento)
dos pontos das questões objetivas e 60% (sessenta por cento) dos pontos das
questões dissertativas previstos na prova.

14. A prova deve ser aplicada, pelo menos, uma vez por ano, em data e hora
fixadas no edital.

Certidão de aprovação

15. O CFC disponibilizará, em seu portal na internet, a Certidão de Aprovação no


Exame aos candidatos aprovados, a partir da data de publicação do resultado
final no Diário Oficial da União, que terá validade de um ano.

Recursos

16. O candidato inscrito no Exame pode interpor recurso sobre o teor das provas
e/ou sobre o resultado final publicado pelo CFC, sem efeito suspensivo, dentro
dos prazos e instâncias definidos em edital.

Impedimentos: preparação de candidatos e participação

17. O CFC e os CRCs, seus conselheiros efetivos e suplentes, seus funcionários,


seus delegados, seus representantes, os integrantes de suas Comissões e de
Grupos de Trabalho de Perícia e os integrantes da CAE não podem oferecer
ou apoiar, a qualquer título, cursos preparatórios para os candidatos ao EQT
para perito contábil ou deles participar, a qualquer título ou função, exceto na
condição de aluno.

18. Os membros efetivos da CAE não podem se submeter ao EQT para perito
contábil de que trata esta norma, no período em que estiverem nessa
condição.

19. O descumprimento do disposto no item anterior caracteriza infração de


natureza ética, sujeitando-se o infrator às penalidades previstas no Código de
Ética Profissional do Contador.

Divulgação
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20. O CFC desenvolverá campanha no sentido de esclarecer e divulgar o EQT


para perito contábil, com a colaboração dos CRCs nas suas jurisdições.

Banco de questões

21. A CAE pode solicitar, por intermédio da Vice-Presidência de Desenvolvimento


Profissional, a entidades de renomado conhecimento técnico, sugestões de
questões para a composição do banco de questões a ser utilizado para a
elaboração das provas para o EQT para perito contábil.

Disposições finais

22. O CFC adotará as providências necessárias ao atendimento do disposto na


presente norma, competindo ao seu Plenário interpretá-la quando se fizer
necessário.

Vigência

Esta norma entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos a


partir de 1º de janeiro de 2017.

Brasília, 21 de outubro de 2016.

Contador José Martonio Alves Coelho


Presidente

Ata CFC n.º 1.023.

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ÁREAS DE APLICAÇÃO DA PERÍCIA CONTÁBIL

• Área cível:

Litígios entre sócios; litígios entre dirigentes; litígios entre acionistas; ações de
liquidações societárias; litígios de locações; apuração de haveres de sociedades;
falências e recuperações judiciais; revisional de contas; litígios de marcas e
patentes; litígios de seguros; liquidação de sentença; créditos fictícios; créditos
divergentes; sistema financeiro; alimentos; consignação em pagamento; ações
cambiais; estima de bens penhorados; exibição de documentos; prestação de
contas; fundo de comércio; indenização de danos; lucros cessantes; ações
possessórias; ações rescisórias.

• Área trabalhista:

Reclamações trabalhistas; indenizações trabalhistas; rescisões contratuais; litígios


do vínculo empregatício.

• Área criminal:

Apropriação indébita; estelionatos; peculato (apropriação de dinheiro público);


falsidade; locupletamento (enriquecimento); esbulho (privação de posse); usura
(fraude com quem empresta dinheiro); crime contra economia popular; abuso de
autoridade; falências fraudulentas.

• Área federal:

Tributos federais; Sistema Financeiro da Habitação (CEF); financiamentos com


recursos federais; ações de fundos de pensão de empresas públicas; ações
trabalhistas de funcionários públicos federais; crimes contra o patrimônio público
federal.

• Área de fazenda pública:

Tributos estaduais e municipais; litígios trabalhistas de funcionários públicos


municipais e estaduais; crimes contra patrimônio público municipal e estadual.

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Diversas são as áreas de aplicação do trabalho do Perito

• Alimentos

Deriva da necessidade da apuração de haveres de cônjuge ou responsável pela


manutenção de dependentes.

O perito fará a averiguação de posse material ou patrimonial, visando mensurar uma


pensão que será- atribuída.

• Apuração de Haveres

Pode ocorrer em razão de morte de sócio, morte de mulher de sócio, dissolução de


sociedade, em suma, nos casos em que se torna necessário apurar os “direitos” de
alguém em uma massa patrimonial.

Ocorre, também, quando um sócio se retira ou é expulso da sociedade ou tem


outros direitos decorrentes de amortização de suas quotas de capital ou ações. A
ação do perito é complexa e não se limita apenas às contas do sócio, mas também
as da sociedade em seu comportamento comparativo e prospectivo.

• Avaliação de Patrimônio Incorporado

A avaliação de incorporação pode ser questionada.

Nas ações que visam discutir o prejuízo da minoria sobre uma incorporação, cujos
valores são contestáveis, discutíveis, o perito deve começar pelo valor da escrita,
pelo valor do critério empregado para avaliar bens patrimoniais.

• Busca e Apreensão

O juiz pode determinar a “Busca e Apreensão”, como exemplificado nos seguintes


casos:

- Violação de estatuto.
- Liberalidades excessivas.
- Suspeitas de irregularidade.
- Ausência prolongada de distribuição de resultados.
- Avaliação de bens.

Cabe ao perito examinar a irregularidade ou suspeita indicada; e se necessário,


ampliar seus trabalhos de modo a conhecer as razões e realizar exames de
balanços de empresas congêneres da mesma praça.

• Consignação em Pagamento

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A ação de consignação de pagamento é um “procedimento especial” e consiste em
que o devedor ou um terceiro possa requerer com efeito de pagamento a
consignação da quantia, ou da coisa devida. O papel do perito é a verificação do
cumprimento da consignação e sob que condições isto foi feito, no interesse da
parte reclamante.

• Cominação de Pena Pecuniária

Quando o autor de uma causa pede a condenação de uma pessoa a abster-se de


algum ato, ou tolerar uma atividade, ou a prestar fato que não pode ser realizado
por terceiro, pode fazer constar da petição inicial a “cominação de pena pecuniária”,
caso não venha a cumprir a sentença exarada.

O perito tem que dar relevância aos fatos tanto do réu como do autor, partindo de
pesquisas distintas, uma vez que essa matéria comporta contestação.

• Cambiais – Ações Cambiárias – Notas Promissórias

Embora as notas promissórias sejam consideradas como um autêntico “contrato


aberto”, onde dificilmente se discute a causa debendi, ou seja, a origem, a causa da
dívida, elas são geradoras de perícias contábeis. Como a prova testemunhal não é
aceita para a prova da dívida, apela-se para outro tipo de prova, em que,
naturalmente, a perícia tem seu campo de importância.

• Compensação de Créditos

É estabelecido pelo Código Civil Brasileiro que se duas pessoas forem, ao mesmo
tempo, devedor e credor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se até que se
compensem. Esta lei motiva, discussões e ensejam perícias para que se
estabeleçam as provas da possibilidade, da justiça ou da irregularidade de
compensações pretendidas. Tais perícias envolvem muitos aspectos particulares
quanto às formalidades e possibilidades de fraudes e abusos de diversas naturezas.

• Consignação e Depósito para Pagamento

Questões em juízo motivam perícias freqüentes sobre os pagamentos feitos por


“consignação”, ou “entrega de valores para garantir pagamentos”. Isto porque, se
feito legalmente, o depósito extingue a obrigação. As perícias exigem do perito não
só o exame da conta e do valor depositado, mas também de todas as formalidades
pertinentes e estabelecidas em lei claramente.

• Desapropriação de Bens

A lei regula os casos em que a desapropriação é autorizada.

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A desapropriação pode, por exemplo, atingir imóveis comerciais, “em prosperidade”,
como também imóveis muito valorizados que, como investimento em fábrica ou loja,
torna-se inadequados para fornecer uma taxa de retorno do capital condizente com
o tipo de mercadoria ou produto que representa sua atividade. O perito, com sua
capacidade de trabalho, tem condições de realizar estudo sobre as questões.

• Dissolução de Sociedade

A dissolução de uma sociedade ocorre de acordo com o previsto em lei e a mesma


pode dar-se automaticamente ou pode ser requerida.

O trabalho pericial exerce uma função importante, principalmente em dois aspectos:


- Levantamento competente para que possa passar pela dissolução e liquidação:
- Argumentação que se apresenta para requerer-se a dissolução (geralmente,
provando a inviabilidade da manutenção).

• Exclusão de Sócio

Quando um sócio sai da sociedade por interesse dos demais, precisa ressarcir-se
do que lhe é impedido, mesmo que tenha contribuído para o impedimento. Nesse
caso ocorre a apuração de haveres e pode, também, incluir cálculos de fundo de
comércio imaterial, se provada que a exclusão beneficia mais aos remanescentes.
Ao perito cabe avaliar a “quota” do sócio expulso, com o rigor necessário.

Pode ocorrer, também, do próprio sócio acautelar-se e requerer a produção


antecipada por exibição de meios que levem à avaliação de sua parte, antes que os
fatos amadureçam e a escrita possa ser preparada para prejudicá-lo na exclusão.
Há casos em que a sociedade exclui apoiada apenas em suposta omissão e
desinteresse do sócio, mas nem sempre os Tribunais aceitam e dão provimento a
pedido de anulação de assembléia onde se deu a exclusão. Os efeitos sobre a
riqueza são medidas que só a Contabilidade, com segurança, pode oferecer meios
de prova e, por isso, a perícia se torna imprescindível.

• Embargos de Impedimento de Consumação de Alienação

A perícia pode ser requerida para impor embargo à alienação de bens, para que não
se consumem as vendas em prejuízo, especialmente em processos falimentares.

O objetivo é comprovar o evento e seus danos através de exame contábil. É


possível detectar, contabilmente, todas as ocorrências, a partir de exames de
valores (preços) e de funções dos bens como garantia ou uso adequado.

• Estima de Bens Penhorados

O patrimônio empresarial é objeto de estudos e da especialização do contador e,


portanto, esse é o profissional mais habilitado para o exame de avaliação pericial.

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A penhora pode recair sobre estabelecimento e tantos bens quanto necessário para
garantir o pagamento de dívida. Um avaliador comum provavelmente não terá a
competência necessária para determinar avaliações patrimoniais que demandam
conhecimentos específicos de Contabilidade.

Ao perito, conhecedor da ciência patrimonial, conhecedor dos objetos que se visa


alcançar com sua tarefa, deve esclarecer, de forma enfática, o “critério de avaliação”
e quais as restrições que podem ser opostas aos diversos aspectos do mesmo
valor.

• Exibição de Livros e Documentos

A ação cautelar para a produção de provas, baseada na exibição de livros e


documentos é um vigoroso meio auxiliar encontrado no trabalho do perito contábil.

O requerimento de exame de livros e documentos pode visar a produção de “prova


antecipada” ou para convencer-se sobre dúvidas que um sócio possui. Cabe
esclarecer que, todo sócio, mesmo minoritário (a partir de 5% de participação no
capital social), tem direito a exigir a exibição de livros e documentos que comprovam
os registros contábeis.

A exibição dos livros pode também ocorrer para provar negócios realizados,
fornecimentos, liquidez, certeza de créditos, legitimação de falência, entre outras
necessidades.

• Extravio e Dissipação de Bens

A conservação de um bem é direito que se protege legalmente e a possibilidade de


extravio ou dissipação pode ensejar pedido de “arrolamento” ou “listagem” por
“inventário” ou “verificação de existência”. Quem requer, precisa provar:

- seu direito nos bens:


- os motivos do receio de extravio ou dissipação.

O papel do perito é a verificação de todos os aspectos, recebendo, para tanto, a


proteção necessária e devendo garantir-se de que não ocorrerão riscos durante o
processo de levantamento, sugerindo, posteriormente, medidas de conservação
necessárias e advertindo sobre os riscos que estão ameaçando os bens.

• Falta de Entrega de Mercadorias

A falta de cumprimento do fornecedor pode gerar causa ou ação ordinária para


compelir ao cumprimento do prometido. As prerrogativas do comprador podem gerar
processos na Justiça, sendo a perícia necessária para comprovar toda a transação
e, geralmente, para calcular as perdas decorrentes.

• Fundo de Comércio

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É um valor “imaterial” ou de “ágio”, fundamentado na capacidade de lucros de uma


empresa, mas de lucros que se espera obter. Não se trata de “avaliar a empresa”,
mas de determinar “seu maior valor sobre o patrimônio”. Esse maior valor é o de
expectativa de lucros. O perito convocado ou designado deverá induzir uma fórmula
de cálculo a partir dos fatores que devem ser considerados como componentes do
valor imaterial de um capital e que lhe garante lucros futuros.

Trata-se de um trabalho pericial delicado, uma vez que visa a produção de provas
onde tudo repousa no campo da prospecção.

• Impugnação de Créditos Fiscais

Em tese, uma autuação fiscal deriva de um trabalho de verificação contábil, mas


nem sempre tal verificação está fundamentada em critérios que a própria lei
determina. Os quesitos de uma perícia, neste caso, devem ser orientados no
sentido de contestar e buscar anular as conclusões que motivaram as notificações
de lançamentos.

• Indenização por Danos

A perícia é aceita, em juízo, como prova nas ações que reclamam indenização
pertinente das mesmas. A natureza do dano deve orientar o perito sobre a
metodologia do exame. A causa do dano enseja a análise dos efeitos e estes, a
mensuração das indenizações, objetos básicos de um laudo pericial em tais
questões.

• Inventários na Sucessão Hereditária

A perícia é aplicada nos levantamentos de haveres partilháveis, por efeito de morte


de sócio ou de titular de firma individual. A partilha pode ocorrer com normalidade
ou gerar litígios.

• Inquérito Judicial para Efeitos Penais

São objetos de perícias contábeis os atos delituosos, notadamente as fraudes


contra o patrimônio. As perícias são realizadas para formar prova, em processo de
natureza penal, para apurar responsabilidades sobre danos a serem ressarcidos.

• Liquidação de Empresas

Trata-se do procedimento para “liquifazer” o Ativo, de modo a pagar-se o “passivo” e


o “patrimônio líquido”, aquele a terceiros, este aos sócios. Na liquidação, quando
evocados direitos em juízo, quer contra o liquidante, quer de herdeiros de sócio
falecido contra os demais sócios ou a própria sociedade, quer por terceiros que se

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sentem prejudicados pela formação de liquidação, ocorre freqüentemente, a
necessidade da perícia.

O método a ser adotado na perícia das liquidações depende do tipo de prova que se
quer produzir e se o interesse é do credor ou dos sócios ou seus herdeiros.

• Lucros Cessantes

Perícias de alta qualidade técnica são necessárias quando as questões judiciais


envolvem a indenização por lucros que uma pessoa deixa de ter, em razão de
impedimentos que outra lhe impôs.

Os lucros cessantes podem ser gerados por ação do Poder Público, por ações de
outras empresas fornecedoras ou clientes, por ação de uma associada e,
principalmente, em ressarcimento de seguros específicos, na ocorrência de sinistro.

A perícia precisa provar “o que se deixou de ganhar em determinado tempo em


razão de um ou mais atos praticados por terceiros e que infringiram tais danos”.

• Medidas Cautelares

“Medida cautelar é o procedimento judicial que visa prevenir, conservar, defender ou


assegurar a eficácia de um direito.”

Nas medidas cautelares a metodologia da perícia contábil deve seguir o interesse


de verificar qual o direito ameaçado ou qual o receio de lesão a direito que tem o
postulante. A perícia pode ser requerida para produzir provas.

Muitas são as medidas e também as perícias em matéria sobre:

- alimentos provisionais
- arrolamentos de bens
- busca e apreensão
- caução real (material) ou fidejussória (confiança/fé/aval)
- homologação de penhor legal
- protesto e apreensão de títulos
- seqüestro
- etc.

• Medidas Coercitivas

“Medidas coercitivas - Execução, por parte de autoridade, de meios relativamente


violentos, voltados a terceiros no sentido de obrigar a fazer ou deixar de fazer.
Importante dizer que o Estado é quem detém os poderes de executio e de coertio,
portanto, quanto às medidas coercitivas, somente o Estado poderá promovê-las,
devendo ser utilizadas exclusivamente para garantir, legitimamente, a efetivação de

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Perícia Contábil
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seus interesses. Assim, logo se deduz que o Estado, possuindo o dever de zelar
para que a sociedade não seja prejudicada nos seus direitos, as aplica, na justa
medida das necessidades de efetivação da ordem pública.”

Quando partes competentes elegem alguém (também capaz) para decidir sobre
questões de natureza patrimonial (e só sobre elas), dá-se o poder de um Juiz
Togado a uma pessoa — nisto consiste a medida coercitiva do Juízo Arbitral. Nesse
caso, a perícia se rege pela forma normal de produção de prova.

• Prestação de Contas

A ação de Prestação de contas é proposta quando alguém tem o direito de exigir


que outrem lhe preste contas, porque tem o direito assegurado de exigi-las, e tal
prestação não ocorre, ou ocorre com defeitos e simulações.

O perito contábil é necessário para a “produção de provas”, diante da exibição ou


apresentação das contas.

• Ação Rescisória

Quando a rescisão contratual provoca danos, a perícia é fundamental para a


apuração dos mesmos.

• Perícia Contábil na Justiça do Trabalho

Em aspectos gerais, a perícia contábil na Justiça do Trabalho se assemelha com


outros tipos de perícia. Em relação à operacionalização da Justiça do Trabalho,
além de se levar em consideração que cada caso é um caso e exige técnicas e
procedimentos diferenciados, é o aspecto dos honorários periciais que recebem o
tratamento diferenciado em relação às outras Justiças.

As reclamações que são postuladas nas escritas das empresas, normalmente são
vinculadas aos registros do empregado, salários e direitos inerentes às relações
trabalhistas. Este é um grande campo de atuação pericial, embora, em geral, sejam
perícias relativamente simples.

As ações trabalhistas acontecem quando empregados e empregadores, em


determinado momento, e, na grande maioria dos casos, no ato da rescisão
contratual de trabalho, desacordam entre si quanto ao entendimento pessoal ou
coletivo dos direitos que as leis que regem a relação empregado-empregador
preceituam a este respeito. Sentindo-se lesada, uma das partes propõe litígio à
outra parte.

No decorrer da ação trabalhista, o juiz poderá solicitar o auxílio de perito, conforme


previsto no CPC.

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O processo trabalhista possui diversas etapas a serem cumpridas durante a


tentativa de solução para o litígio. Estas etapas são compostas de instrumentos
específicos, utilizados para assegurar os interesses das partes litigantes.

As etapas do processo trabalhista compreendem, basicamente, a inicial, a


contestação, a instrução, o julgamento e a liquidação de sentença.

Quando apresentados na inicial, os cálculos dos haveres pleiteados pelo reclamante


estarão presentes e expostos em todas as etapas do desenrolar do litígio. Também
poderá, por decisão do juiz, ocorrer a prova pericial quando do ato da liquidação da
sentença.

Nos processos trabalhistas, a execução de cálculos para a apuração dos haveres é


parte fundamental para ancorar e dar sustentação à sentença que o juiz procederá.
Então, estes cálculos devem ser elaborados com rigor técnico, dando-lhes a devida
importância que possuem nos processos trabalhistas.

As partes podem apresentar seus cálculos, pois a lei assim permite. Concorda-se
com o exposto desde que estes cálculos, e quaisquer outros que venham a fazer
parte do litígio nas várias fases que compõem o processo trabalhista, sejam
elaborados por contador e apresentados de acordo com o que preceitua o artigo 4º
da Resolução CFC nº 560/83.

Obedecem-se, dessa maneira, a determinação e a hierarquia legal, que tem em seu


topo a Constituição Federal, seguida, nesse caso, pelo Decreto-lei nº 9.295/46, o
qual cria o Conselho Federal de Contabilidade. Este conselho regulamenta a
Resolução CFC nº 560/83. O artigo 3º dessa resolução designa ser a questão dos
cálculos trabalhistas matéria específica do Contador. Além disso, prescreve, em seu
parágrafo 1º, que tal questão é atribuição específica do contador e, no seu artigo 4º,
determina a forma de apresentação dos trabalhos elaborados pelo contabilista.

A presença do perito-contador, em ações trabalhistas, será solicitada sempre que o


objeto da perícia envolver conhecimento cientifico ou técnico sobre a natureza
contábil/financeira/trabalhista.

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PERFIL PROFISSIONAL DO PERITO

A Perícia Contábil vem atraindo cada vez mais a atenção dos profissionais de
Contabilidade. O perito contador, contratado pelas partes ou indicado pelo juiz para
fazer laudos sobre um determinado caso, é essencial para a solução de litígios na
Justiça.

Perito é o Contador regularmente registrado em Conselho Regional de


Contabilidade, que exerce a atividade pericial de forma pessoal, devendo ser
profundo conhecedor, por suas qualidades e experiência, da matéria periciada.

A Justiça recorre ao perito contábil quando o juiz necessita de um laudo profissional


especializado ou para atender ao pedido de uma das partes envolvidas no
processo.

O perito contábil, além da condição legal, da capacidade técnica e da idoneidade


moral, tem uma responsabilidade enorme, já que suas afirmações envolvem
interesses e valores consideráveis.

Todos os tipos de perícia contábil são de competência exclusiva de Contador


registrado no Conselho Regional de Contabilidade.

Competência profissional pressupõe ao perito-contador e ao perito-contador-


assistente demonstrar capacidade para pesquisar, examinar, analisar, sintetizar e
fundamentar a prova no laudo pericial e no parecer pericial contábil.

O contador, na função de perito, deve manter adequado nível de competência


profissional, atualizado sobre as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC), além
das técnicas contábeis, especialmente as aplicáveis à perícia.

Na opinião de vários nomes respeitados da área contábil, como Xavier, Lopes de


Sá, Yamagushi, etc, os procedimentos de perícia contábil visam fundamentar as
conclusões que serão levadas ao laudo pericial contábil ou parecer contábil, e
abrangem, total ou parcialmente, segundo a natureza e a complexidade da matéria,
exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, avaliação e certificação.

Durante o processo da perícia, três profissionais podem atuar concomitantemente,


pois o autor e o réu podem indicar assistentes técnicos para acompanharem o perito
indicado pelo juiz. O perito do juiz faz o laudo e submete aos assistentes. Caso um
deles discorde, é feito um laudo em separado.

O perito-contador e o perito-contador assistente devem comprovar sua habilitação


profissional mediante apresentação de certidão específica, emitida por Conselho
Regional de Contabilidade, na forma a ser regulamentada pelo Conselho Federal de
Contabilidade.

O perito-contador e o perito-contador assistente devem conhecer as


responsabilidades sociais, éticas, profissionais e legais, às quais estão sujeitos no
momento em que aceitam o encargo para a execução de perícias contábeis
judiciais, extrajudiciais, semijudiciais e arbitrais.
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→ Perfil do Perito Contador

Como destaca Lopes de Sá (2005, p. 21), o perito precisa ser um profissional


habilitado, legal, cultural e intelectualmente, e exercer virtudes morais e éticas com
total compromisso com a verdade.

Para o Código de Processo Civil (CPC), não basta apenas ao perito a


responsabilidade moral e intelectual, o perito deve possui também responsabilidade
civil e criminal, delegando-lhe o pagamento de indenização de prejuízos que causar
por dolo ou culpa, conforme o CPC no qual “o perito que, por dolo ou culpa, prestar
informações inverídicas, responderá pelos prejuízos que causar à parte, ficará
inabilitado, por 2 (dois) anos, a funcionar em outras perícias e incorrerá na sanção
que a lei penal estabelecer”.

No que concerne à responsabilidade criminal do Código Penal artigos 342 e 347, os


atos praticados pelo auxiliar da justiça, entendidos como dolo ou culpa, podem
ainda ser passíveis de pena de reclusão e multa, caso este profissional profira
afirmação falsa, se cale à verdade ou induza o juiz ao erro.

Se, porventura, o perito-contador cometer qualquer prática incorreta,


especificamente que possa trazer danos às partes, responderá por estes e ainda
estará sujeito a punições do Conselho Regional de Contabilidade de sua jurisdição e
sanção da Lei Penal.

Nesse sentido, são exigidos do profissional os mais sólidos conhecimentos da


disciplina e a orientação ética, que lhe emprestam a necessária autoridade
técnica/científica para o acatamento do resultado de sua atuação.

A ética e a moral, também, são pré-requisitos exigidos para o exercício da atividade


profissional, sendo dever do perito não só possuí-los, como exercitá-los, tanto na
vida profissional como pessoal. Agindo assim, proporcionará convicção à realização
e conclusão do seu trabalho.

Para o Código de Processo Civil o perito é aquele que irá auxiliar o Juiz e deverá
ser possuidor de sua confiança, pois, será o responsável de suprir a carência do
conhecimento do objeto examinado. (BRASIL, 2006).

“[...] excelência moral (honestidade, moderação e eqüidade) e a excelência


intelectual (inteligência, conhecimento e discernimento)”. (NASCIMENTO, 2003, p.
64).

→ Competências essenciais

Conforme a NBC PP 01, o contador na função de perito-contador ou perito contador


assistente, deve manter adequado nível de competência profissional, pelo
conhecimento atualizado de Contabilidade, das Normas Brasileiras de
Contabilidade, das técnicas contábeis, especialmente as aplicáveis à perícia, da
legislação relativa à profissão contábil e das normas jurídicas, atualizando-se
permanentemente, mediante programas de capacitação, treinamento, educação

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continuada e especialização, realizando seus trabalhos com a observância da
eqüidade.

De acordo com Caldeira (2000), na atribuição de suas funções cabe ao perito


realizar a perícia, com o objetivo de questionar a natureza dos fatos instados pelo
julgador e pelos litigantes como parte do que é discutido nos autos. Esse
profissional tem competência de relatar e transcrever elucidativamente o que o juiz
não consegue interpretar. Nesse mesmo aspecto, ao assistente técnico compete, na
atribuição de suas funções, assistir as partes quando da elaboração dos quesitos,
acompanhar os procedimentos elaborados pelo perito e emitir parecer sobre o laudo
pericial.

Para Sá (2005, p. 205), a competência “É princípio ético, em matéria profissional, a


responsabilidade perante o conhecimento, ou seja, só deve aceitar a incumbência
de fazer algo quem tem capacidade e consciência de que pode exercer a tarefa de
modo eficaz”.

Logo, conclui-se, que o profissional de perícia, tem diante de si, uma grande
responsabilidade.

→ O Perito Assistente Técnico

Segundo Gilberto Melo, em seu texto sobre assistência técnica, a participação do


Perito Judicial como auxiliar da justiça é de grande importância na prestação
jurisdicional quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico.
Da mesma importância do mister atribuído ao Perito Oficial, nomeado pelo Juízo,
reveste-se a função do Perito Assistente, o qual possibilita que se instaure o
contraditório na matéria técnica, para que não reine absoluto o entendimento do
Perito nomeado pelo Juízo, que deve ter a mesma postura de imparcialidade do Juiz
que o nomeou.

A indicação de Assistente Técnico é de fundamental importância para dar


segurança e eficiência à produção da prova pericial, cabendo-lhe fazer a interface
de comunicação com o Perito Oficial.

O principal trabalho do Perito Assistente não é, como acham muitos, elaborar um


laudo divergente ou uma crítica ao laudo oficial, mas sim diligenciar durante a
realização da perícia no sentido de evidenciar junto ao Perito Oficial os aspectos de
interesse ao esclarecimento da matéria fática sob uma ótica geral e mais
especificamente sob a ótica da parte que o contratou.

Em alteração ocorrida no CPC retirou-se do texto a possibilidade de se questionar a


suspeição do Perito Assistente Técnico. Nada mais correto, pois se o Perito
Assistente é indicado pela parte, é óbvio que tem interesse que a parte que o
contratou tenha sucesso.

O Perito Assistente deve defender o interesse da parte que o contratou para o


deslinde do processo da forma mais favorável possível, dentro dos limites da
legalidade e da razoabilidade. A sua função é acompanhar o desenrolar da prova

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pericial, apresentar sugestões, criticar o laudo do Perito Oficial e apresentar as
hipóteses possíveis, desde que técnica e juridicamente sustentáveis.

Ao Perito Assistente cabe diligenciar criteriosamente no sentido de verificar as


diferentes hipóteses de abordagem da matéria técnica objeto da prova pericial,
tentando fazer com que o Perito Oficial perceba as diferentes interpretações da
matéria fática sob estudo, para que não seja o seu cliente prejudicado com visões
unilaterais, distorcidas da realidade ou que não sejam suficientemente abrangentes
para dar ao Juiz da causa subsídios completos para o esclarecimento da matéria
fática sob exame.

Para que o Assistente Técnico possa desempenhar com perfeição o seu mister é
importante que procure acompanhar todas as diligências realizadas pelo Perito
Oficial, ou na pior das hipóteses, antes que o laudo seja finalizado, pedir o prazo
necessário ao Perito Oficial para examinar as peças do processo e ter claro em
mente quais são as teses jurídicas da parte que o contratou e da parte contrária,
para que possa melhor assessorar a parte, através de seu procurador, na condução
da prova técnica. Fato inconteste é que após apresentado o laudo com
imperfeições, torna-se mais difícil a sua retificação.

Antes mesmo do início dos trabalhos e também durante a produção da prova


pericial, deve o Perito Assistente Técnico avaliar cuidadosamente a eventual
necessidade de apresentação de quesitos suplementares para melhor esclarecer a
matéria, os quais somente poderão ser apresentados antes de protocolado o laudo
em juízo.

Após a entrega do laudo somente cabem esclarecimentos em audiência, nos termos


do CPC. Como o Perito Oficial deve ater-se aos quesitos formulados e não emitir
juízo de valor sobre a questão examinada, cabe ao Assistente Técnico, em seu
parecer, aprofundar o estudo técnico da prova, extraindo conclusões sobre a prova
produzida de modo a municiar o procurador da parte de elementos para o pedido de
esclarecimentos a ser feito ao Expert Oficial.

Na formulação de quesitos é fundamental a participação do Assistente Técnico,


profissional que deve ter o preparo necessário para assessorar o advogado de
forma que os quesitos sejam formulados objetivamente, focados na matéria técnica
e com a delimitação clara dos parâmetros a serem seguidos na perícia. É público e
notório que os advogados não dominam a área técnica fora de sua área de
formação, carecendo, portanto, de assessoria do Perito Assistente na formulação
dos quesitos, evitando-se a formulação de quesitos incorretos, desnecessários,
impertinentes ou de mérito.

Ninguém melhor que o Assistente Técnico, com formação específica na área técnica
e com bons conhecimentos de Direito, para saber quais os elementos de prova
serão necessários para o convencimento do Juízo. A partir dos quesitos elaborados
pelo Assistente Técnico, terá o procurador da parte a oportunidade de adequá-los
ao contorno jurídico apropriado à instrução do processo.

Ao elaborar seu parecer técnico ao laudo oficial, deve o Assistente Técnico abster-
se de fazer referências adjetivas ao procedimento do Perito Oficial, visto que lhe
compete fazer críticas ao laudo resultante da prova pericial e não à pessoa do Perito

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Oficial. Ao procurador da parte é que caberá, se for o caso, tecer considerações
sobre a conduta técnica e ética do Expert do Juízo, restringindo-se o Assistente
Técnico à crítica técnica do documento gerado ao final da perícia.

Assim, concluímos que a contratação do perito-contador é de iniciativa privativa da


parte e indicá-lo como seu assistente técnico é facultativo. Não há obrigatoriedade
legal por ser considerado um assessor técnico importante para a parte.

O perito-contador assistente, se contratado previamente pela parte desde o início do


processo, a participar dos trabalhos na petição inicial, acompanhando todo o
processo, inclusive na fase de elaboração dos quesitos e, sendo indicado pela parte
como seu assistente técnico fará parte do processo judicial como tal.

Por conseqüência, deverá ser cuidadoso no que se refere ao contrato de prestação


de serviços, com cláusulas claras e definidas por etapas na realização do trabalho,
por exemplo: na petição inicial, na elaboração de quesitos, na indicação para atuar
como perito-contador assistente, ou acompanhamento processual do início ao final,
conforme o caso requeira.

A intervenção legal do Perito-Contador assistente no processo se dá nos termos do


Código do Processo Civil, quando apresentar o seu parecer técnico sobre o Laudo
Pericial e encaminhado por meio de petição da parte.

O PERITO: Perito-Contador e Assistente Técnico

Perfil Profissional Exigível

Conhecimentos Contábeis Essenciais:


Alto grau de conhecimento em análise das Demonstrações Contábeis, Contabilidade,
Análise de Custos, Sistemas Contábeis, Direito Aplicado, Matemática, Economia e Ciências
Atuariais.

PERITOCONTADOR
PERITO CONTADOR Conhecimentos Jurídicos:
Português e
e Conhecimentos do roteiro legal,
Instrumental: ASSISTENTE TÉCNICO
ASSISTENTE TÉCNICO processual, legislação
Redação clara , objetiva e e interpretação do Direito.
Correta. Saber escrever e falar.

Conhecimentos de Lógica Formal e Aplicada:


Leis do pensamento, experiências da vida, pensamentos
lógicos, fundados. Deduções e defesa de atos incorretos e ilegítimo das partes.

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O PERITO E O PROCESSO JUDICIAL ELETRÔNICO

(Texto retirado da Cartilha do CRC/BA)

O perito, seja na condição de perito do juízo ou na condição de assistente técnico, é


um dos atores do processo judicial. Contribui de forma ativa para que a decisão final
dos magistrados venha a ser a mais justa possível. Desta forma, deve o perito, no
exercício de sua atividade, observar todas as regras que estão postas, inclusive as
regras que dizem respeito aos aparatos tecnológicos que se encontram à disposição
dos atores do processo. O fato é que, embora este aparato tecnológico já esteja
presente no nosso dia a dia de maneira bem intensa, ainda estamos em um
processo de transição, um processo de mudança no que diz respeito ao processo
eletrônico.

• Conceito

O Processo Judicial Eletrônico (Digital ou Virtual) é um sistema de informática que


reproduz todo o procedimento judicial em meio eletrônico, substituindo o registro
dos atos processuais realizados no papel por armazenamento e manipulação dos
autos em meio digital.

• Histórico e Regulamentação

Em sentido amplo, o sistema judicial eletrônico é um sistema de transmissão de


atos processuais por meio eletrônico. Atualmente, existem diversos sistemas que
são utilizados pelo país como veremos logo adiante, entretanto, após anos de
testes, estamos caminhando para que apenas um desses sistemas seja utilizado na
esfera judicial de todo o país. O processo eletrônico, em sentido amplo, tem como
objetivo principal garantir a celeridade processual, celeridade esta que ganhou
maior relevância e destaque a partir da EC nº 45/2004, que introduziu, no título “Dos
Direitos Fundamentais”, a garantia à razoável duração do processo e aos meios que
garantam a celeridade de sua tramitação. Em consonância com a EC nº 45/2004, a
Lei nº 11.280, de 16 de fevereiro de 2006, trouxe modificações ao art. 154,
parágrafo único do CPC, permitindo aos tribunais a comunicação dos atos judiciais
mediante certificação digital. Todavia, segundo Leonardo Greco, até então não
havia ocorrido uma “mudança radical do modus operandi do processo ou do sistema
n ormativo processual” (GRECO, 2001, p. 12).

A permissão da mudança do modus operandi dos Atos Processuais foi ratificada no


art. 193 do Novo Código do Processo Civil: “Os atos processuais podem ser total ou
parcialmente digitais, de forma a permitir que sejam produzidos, comunicados,
armazenados e validados por meio eletrônico, na forma da lei”. E em seu parágrafo
único: “O disposto nesta Seção aplica-se, no que for cabível, à prática de atos
notariais e de registro”.

Pode-se dizer que foi com a Lei nº 11.419/06 que teve, de fato, início a história do
processo eletrônico no Brasil, em todas as esferas do judiciário. É esta lei que
dispõe sobre a informatização do processo judicial e autoriza a tramitação de atos
processuais por meio eletrônico. A referida lei previu a implantação de um processo

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judicial totalmente virtual, desde a petição inicial até o provimento jurisdicional,
inclus sive com a comunicação eletrônica dos atos processuais.
• O Novo CPC e o Processo Eletrônico

A partir de uma atenta leitura do Novo Código de Processo Civil, é possível


perceber que este diploma legal trouxe poucas contribuições em relação à prática e
transmissão de atos processuais por meio eletrônico, quando comparado com a Lei
nº 11.419/06, destacada anteriormente. O NCPC não trata, de forma específica, a
respeito de um determinado sistema de transmissão de atos processuais por meio
eletrônico e nem poderia tratar, tendo em vista que estes sistemas mudam de forma
constante. Entretanto, deve-se destacar que em seu artigo 213, deixa aberta a
possibilidade de utilização de um desses sistemas que se encontram disponíveis,
uma vez que dispõe que a prática eletrô- nica de ato processual pode ocorrer em
qualquer horário até as 24 (vinte e quatro) horas do último dia do prazo. Quanto à
preferência ou a escolha por um determinado sistema em detrimento de outros, o
NCPC (art. 196) deixa esta tarefa a cargo do Conselho Nacional de Justiça e, de
forma supletiva, aos tribunais.

Neste sentido, compete ao CNJ regulamentar a prática e a comunicação oficial de


atos processuais por meio eletrônico e velar pela compatibilidade dos sistemas,
disciplinando a incorporação progressiva de novos avanços tecnológicos. Para este
fim, deve o CNJ utilizar dos atos e regulamentos na forma da lei. No que diz respeito
à atuação do perito, deve-se destacar que no artigo 465 do NCPC, em seu § 2º, III
determina que ao ser cientificado de sua nomeação, o perito deve apresentar no
prazo de 5 (cinco) dias o seu endereço eletrônico para que, por meio deste
endereço eletrônico, sejam dirigidas todas as comunicações.

• Vantagens e Desvantagens do Processo Judicial Eletrônico

Vantagens: celeridade, preservação do meio ambiente, redução dos riscos de danos


e extravio dos autos, redução de custos.

Desvantagens: danos à saúde por exposição excessiva à tela. possibilidade de


sofrer ações de crackers e hackers, resistência cultural às inovações e mudanças,
falhas do Sistema.

• Programas e Softwares

Os principais programas e softwares utilizados pelos poderes judiciários para


visualização de processos eletrônicos e prática de transmissão de atos processuais
são os seguintes: a) PROJUDI - Processo Judicial Digital; b) E-SAJ - Sistema de
Automação da Justiça; c) PJ-e – Processo Judicial Eletrônico; d) E-Proc.

A utilização dos sistemas eletrônicos para a prática e transmissão de atos


processuais representa uma quebra de paradigma para a Justiça brasileira e,
sobretudo, uma mudança cultural. O perito judicial, seja na condição de perito do
juízo ou na condição de assistente técnico, como sujeito atuante no curso
processual, deve estar atento a estas mudanças sempre no intuito de melhor
contribuir pa ra a promoção da justiça.
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QUALIFICAÇÃO E ÉTICA DO PERITO CONTADOR


(Daniel Mello)

O perito-contador deve ser um profissional pautado em conhecimento especializado,


de integridade moral e habilitado pelo Conselho de Classe. O perito,
especificamente o perito-contador, deve ser pessoa douta, versada, hábil, expert e
experiente. É o encarregado de exercer a perícia mediante os exames, análises
investigações contábeis e diligências cabíveis e necessárias a fim de mostrar a
verdade dos fatos trazidos pelas partes, por meio da prova contábil documental,
constituindo um verdadeiro espírito e filosofia do trabalho.

O perito tem plena liberdade e dever de exercitar sua ação investigatória, pautado
no conhecimento e experiências próprias. A vivência profissional é considerada em
perícia com seu elemento fundamental. A perícia versa sempre sobre a matéria de
fato, que muitas vezes não é atingida apenas pelos conhecimentos teóricos da
ciência contábil, ressaltando, desta condição, a integração entre conhecimento
teórico e experiência profissional, sempre se fundamentando em normas legais,
processuais e disciplinares, jamais afastando-se do comportamento ético.

A perspicácia e sagacidade, conforme o dicionário Aurélio, exprimem qualidades


profissionais do Perito relativo à sua capacidade de observação, concentração para
identificar adequadamente o objeto de estudo, examinando, analisando, estudando
profundamente, sem se permitir desenvolver trabalho de forma superficial.

O profissional no desempenho da função pericial deve considerar os efeitos em


benefício da sociedade, propiciando bem-estar a todos os que têm interesse no
deslinde da controvérsia. As características de excelência moral, intelectual e
técnica, são condições essenciais ao encargo pericial a ser confiado pelo juízo, ou
mesmo por particular.

Entre as principais qualidades que formarão o conjunto de capacitação do perito,


temos a ética que conduz um trabalho honesto e eficaz, decorrente de uma
formação sadia do profissional. É exigida, também do perito, a capacidade de estar
sempre atualizado, pesquisando novas técnicas e sempre preparado para a
execução de trabalhos de boa qualidade. O principal lastro de sustentação da
realização profissional constitui-se, basicamente, pelo compromisso moral e ético do
perito com a sua classe profissional e, conseqüentemente, com a sociedade como
um todo.

O mundo moderno tem mostrado que o “especialista” idealizado na economia norte-


americana, no meio do século passado, produz resultados satisfatórios até o limite
de sua própria limitação de entender o mundo que o cerca, dentro de seus
conhecimentos específicos. No entanto, hoje, em especial para o profissional de
contabilidade, mais especificamente o perito contador, há necessidade de
conhecimento holístico (geral) desse profissional, exigindo que o mesmo tenha
conhecimento sobre todas as áreas afins à sua especialidade. Sendo uma ciência
social, requer do profissional conhecimentos gerais de matemática, especialmente a

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financeira, de economia, direito, lógica, língua universal (Inglês) e principalmente
língua portuguesa.

As atividades de Perícia Contábil são prerrogativas do contador e reguladas pelas


Normas Brasileira de Contabilidade (NBC) e Normas Profissionais do Perito, do
Conselho Federal de Contabilidade (CFC).

A função pericial objetiva gerar informações fidedignas. Origina-se da discriminação


e definição de interesses e de controvérsias entre litigantes, é requisitada pelas
partes interessadas ou autoridades judiciárias.

Esta função é revestida de aspectos da discriminação de interesses, requisitos


técnicos, legais, psicológicos, sociais e profissionais.

A perícia no campo técnico contempla o integral conhecimento da matéria, cujo


exame e relato baseiam-se nos princípios da disciplina contábil e conhecimentos
relacionados a outras áreas do conhecimento humano, entre outros conhecimentos
complementares necessários.

Em termos psicológicos, tem efeito de um juiz arbitral que, tendo fundamentos em


princípios técnicos e, pelo critério da imparcialidade, acaba sendo atacado pelas
partes interessadas e pelo julgador do litígio. A perícia em relação à função social
está ligada a valiosa contribuição na administração da justiça.

Analisando sob o aspecto profissional, considera-se o grau de formação exigido,


pois nele encontram-se os mais sólidos conhecimentos da disciplina e a orientação
ética, dando assim, a necessária autoridade técnica para acatamento de sua
atuação.

Segundo Francisco D'Auria, após conhecida a oposição de interesses pelas quais


as partes entram em litígio, cada um defendendo os critérios próprios e de acordo
com sua conveniência, surgem então, dúvidas que somente serão dirimidas por
uma apreciação imparcial, com um laudo em que as questões são colocadas em
seus justos termos, discriminando e definindo os interesses das partes.

Corretos todos devemos e podemos ser. Competentes nem todos conseguimos ser,
especialmente hoje, quando o nível de mudanças ocorre numa velocidade em que
nem todos os profissionais conseguem acompanhar. O ideal seria que a correção
fosse o primeiro mandamento do catecismo da vida profissional e que todos os
observássemos espontaneamente. Contudo, isso não ocorre naturalmente, assim, é
necessário traçar certas regras de conduta para os profissionais enquanto no
desempenho da função pericial.

a) A conduta dos profissionais de contabilidade em relação aos colegas deve ser


pautada pelos princípios, a consideração, respeito, apreço e solidariedade, em
consonância com os postulados de harmonia da classe;
b) O espírito de solidariedade, mesmo na condição de empregado, não induz nem
justifica a participação ou convivência com o erro ou com os atos infringentes de
normas técnicas ou legais que regem o exercício da profissão;
c) Independência total no desenvolvimento dos trabalhos em todas as fases, não se
deixando influenciar por fatores que caracterizem a perda da imparcialidade;

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d) Abster-se de dar parecer ou emitir opinião sem estar suficientemente informado e
munido de documentos que fundamentem-nas;
e) Comprometimento técnico-profissional, somente aceitando trabalhos que julgue
estar capacitado totalmente de recursos para desenvolvê-los, recusando os serviços
que não estiver capacitado para execução;
f) Cobrança de honorários compatíveis com os trabalhos desenvolvidos, avaliada,
principalmente, a relevância, o vulto do serviço executado, o tempo e os materiais
demandados para execução dos trabalhos;
g) Sigilo total das informações coletadas nos trabalhos de campo, somente
divulgando-as a terceiros mediante autorização expressa da entidade ou pessoa
física, salvo quando houver obrigação legal;
h) Abster-se de expressar argumentos ou dar a conhecer sua convicção sobre os
direitos de quaisquer das partes interessadas, ou da justiça da causa em que estiver
servindo, mantendo o seu laudo no âmbito técnico e limitado aos quesitos
propostos;
i) Mencionar obrigatoriamente fatos que conheça e que julgue em condições de
exercer efeito sobre peça contábil, objeto de seu trabalho;
j) Assinalar equívocos em divergências que encontrar no que concerne à aplicação
dos Princípios Fundamentais de Contabilidade e Normas Brasileiras de
Contabilidade editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade;
k) Considerar-se impedido para emitir parecer ou elaborar laudos sobre peças
contábeis, observando as restrições contidas nas Normas Brasileiras de
Contabilidade emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade.

Apesar de extrema competição entre pessoas, neste mundo cada vez mais
globalizado, o que deve ficar claro na consciência e no coração dos profissionais é
que nada justifica a falta de ética no desempenho das atividades de uma profissão,
e que, na função de perito, os contadores devem ter em mente a sua
responsabilidade social na execução e divulgação de seus trabalhos.

Profissões consagradas no Brasil como sendo de “primeira linha”, como o Direito e a


Medicina, reflexo de uma cultura “importada” da Europa, têm o seu código de ética
muito divulgado, e mesmo aquelas pessoas que não entendem profundamente
sobre atividades desenvolvidas por estas profissões, o consideram extremamente
importante, para que estes profissionais atuem em conformidade com o que emana
do seu código. Por serem profissões de grande apelo público, a ética está vinculada
ao modus operandi com que cada profissional execute as suas atividades, e as
pessoas leigas são capazes de distinguir os bons dos maus profissionais, mesmo
sem reflexões técnicas sobre o código inerente a estas categorias. Na área da
Contabilidade, também possuímos um código de ética muito profundo, e que, às
vezes, não é tão divulgado como deveria ser, principalmente nas Instituições de
Ensino Superior.

Este código está regulamentado e atualizado e, todas as categorias desmembradas


dos Curso de Ciências Contábeis, como a de Perito devem conhecer o que está
escrito e seguir rigorosamente.

A perícia contábil é atividade de extremo envolvimento com estudos que visam


proporcionar aos usuários, dados gerados pela contabilidade, total transparência
sobre os fatos, servindo de prova cabal. A perícia contábil deve fornecer elementos
com expressão da verdade absoluta, incontestáveis, em que as partes tenham em

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mente que os trabalhos foram desenvolvidos por profissionais com independência
de interesses sobre a matéria analisada, oferecendo segurança nas decisões.

Por ser profissão de envolvimento quase que direto com conflito, é que a ética deve
prevalecer sobre quaisquer interesses durante todas as fases de execução dos
trabalhos. Para que possamos entender o que venha a ser ética, é necessário,
antes de mais nada, observarmos a etimologia da palavra, que vem do grego etos-
noos que guarda relação com o termo “harmonia do pensamento.” Estar em
harmonia com o pensamento é não deixar que fatos estranhos à matéria periciada
influenciem na execução dos trabalhos, com o intuito de beneficiar terceiros.
Devemos difundir cada vez mais a ética entre as pessoas e, principalmente, na
categoria dos contadores. É necessário incorporar a ética em todos os outros
desdobramentos da profissão.

O trabalho pericial tem cunho eminentemente pessoal, por isso o perito deve
manter-se independente tanto do ponto de vista técnico como legal e moral. Além
da necessidade de ser especializado no trabalho a ser executado e da habilitação
legal, deve observar as demais condições estabelecidas pela lei civil e processual
civil.

A importância da matéria ética na profissão contábil, em especial à categoria dos


peritos é notória, e portanto, essencial uma conduta respeitável e ilibada para
manter-se à parte dos interesses pessoais ou das partes. Em momento algum, pode
o perito, permitir a interferência de terceiros ou das partes no trabalho pericial, sem
o que lhe afetará a qualidade e perderá a independência.

O contador que desejar dedicar-se à perícia deve estar atento para as situações
conjunturais e lembrar que de todo trabalho profissional é esperado uma
contribuição ao desenvolvimento social, em especial, a perícia que assume uma
característica de cunho extremamente relevante no âmbito social.

Todos temos obrigações com a justiça e com as partes e, portanto, devemos agir
em defesa da execução da mais pura justiça. O perito, por estar diretamente
relacionado com a decisão da lide, deve agir sempre com responsabilidade social
redobrada e estar sempre preocupado com seus conhecimentos, jamais deixando
de aprimorar-se pessoal e profissionalmente.

(Leitura Complementar: NBC PP 01 e TP 01).

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REMUNERAÇÃO DO PERITO JUDICIAL

A Perícia Judicial tem despertado grande interesse por parte de diversos


profissionais habilitados das mais variadas áreas de atuação. Evidentemente, que é
um trabalho complexo, exige elevado grau de conhecimento e apresenta pontos
cruciais, dentre eles, quando se trata do planejamento para apresentar uma justa e
digna proposta de honorários. O profissional em perícia depara-se com os mais
variados tipos de processos, desde o mais simples àqueles mais complexos. Como
não há uma fórmula para se determinar o montante dos honorários, a experiência
aliada à perspicácia e a uma leitura minuciosa dos autos pelo profissional; muito
poderá contribuir para a formulação de uma justa proposta honorários, o que reduz
a possibilidade de contestação pelas partes e possível arbitramento pelo Magistrado
de uma remuneração não condizente com os trabalhos a serem realizados.
Definidos os honorários, o douto Juiz determina que seja feito o depósito judicial. E,
depois de concluídos os trabalhos e apresentado o laudo, algumas vezes, ouvindo
as partes, o Meritíssimo autoriza a liberação do depósito com a devida correção
monetária, por meio de Alvará Judicial.

O conhecimento aprofundado de áreas específicas exige dos profissionais alto grau


de dedicação e preparo para solucionar problemas complexos. Evidentemente, o
trabalho realizado por esses profissionais deverá ser remunerado de forma
condizente com sua responsabilidade. O perito oficial do juízo, conhecedor do
assunto e; ainda sendo ele considerado uma extensão daquele, é possuidor de
todas as prerrogativas expostas acima, devendo ser remunerado condignamente
com o trabalho realizado.

A proposta de honorários de um trabalho pericial, devidamente fundamentada pode


reduzir as contestações das partes e garantir segurança ao Magistrado no
arbitramento.

A palavra honorários deriva de honra e quer dizer valor ganho com honra, ou seja, o
profissional assume o honroso dever de dar o máximo de si no trabalho a ser
realizado. Segundo FERREIRA, honorários significa: 1. Remuneração àqueles que

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exercem uma profissão liberal: advogado, médico, etc; proventos. 2. P. ext.
Vencimentos, salário, remuneração.

Morais (1999) definiu assim honorários: "honorários são remunerações pecuniárias


de trabalho ou estipêndios pagos por serviços prestados em cargo facultativo de
qualificação honrosa, em profissão liberal."

Honorário não se confunde com salário. Embora ambos sejam remunerações pelo
serviço executado, pelo trabalho realizado. Honorário está diretamente ligado ao
profissional autônomo que utiliza de conhecimentos específicos em uma atividade
ou tarefa, de difícil mensuração, podendo ocorrer disparidade entre o resultado e a
retribuição (pagamento), enquanto que salário é a retribuição por atividade contínua,
pré-mensurada, na qual o vínculo empregatício.

Na atuação como perito depara-se com os mais variados tipos de processos, desde
os mais simples àqueles mais complexos; processos com quesitos mal formulados;
impertinentes; tendenciosos e; ainda, carência, inexistência ou excesso de quesitos.
Aliás, o excesso de quesitos é um dos artifícios comumente utilizados pela parte
contrária à realização do trabalho pericial, com o intuito de tumultuar o processo, ou
confundir o perito. O excesso de quesitos pode, também, fazer com que seja
elevado o valor dos honorários de forma a inibir a obtenção da prova pericial.

METODOLOGIA PARA FIXAÇÃO DOS HONORÁRIOS

Desconhece-se uma receita ou fórmula para se determinar o montante dos


honorários, pois cada processo tem sua particularidade. Mesmo que haja grandes
semelhanças entre um processo e outro, dificilmente poderá ter honorários
idênticos, devido a diversos fatores como: se os documentos e dados necessários à
busca da prova pericial estão ou não anexados aos autos; necessidade ou não de
diligências e respectivos locais; quantidade de quesitos apresentados; volume de
informações a serem trabalhadas; etc. Um dos poucos parâmetros que se pode
dizer que se aplica a grande parte dos processos é a tabela de valores por hora que
vem sendo sugerida pelas várias associações de peritos existentes atualmente pelo
País, que sugerem o valor da hora de trabalho pericial entre R$ 140,00 (cento e
quarenta reais) e R$ 300,00 (trezentos reais). No caso específico dos peritos-
contadores, o Conselho Federal de Contabilidade, na NBC PP 01 - Normas
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Profissionais do Perito e estabeleceu as diretrizes a serem seguidas na
determinação dos honorários periciais.

Outra questão importante é que o profissional não deve utilizar-se da perícia como
uma oportunidade fácil de ganho extraordinário. Segundo Lopes (2004, p.21)
"Alguns profissionais acreditam que a perícia é uma mina de ouro, pensam que o
trabalho pericial gera muito dinheiro e que todos estão dispostos a pagar." Não é
esta a função da perícia.

O profissional com esta conduta está fadado ao fracasso, além de prejudicar


moralmente toda uma classe profissional. Na sua atuação como perito o profissional
deve sempre pautar pela ética, honrar sua nomeação, ser imparcial e não se deixar
envolver pelo processo.

A complexidade do trabalho do perito não é, proporcionalmente, equivalente ao


tamanho ou ao valor da causa. Muitas vezes a causa é pequena, mas dependendo
do escopo do trabalho, dos quesitos apresentados, do volume de informações a
serem trabalhadas, etc., os honorários do perito podem ser superiores ao valor
principal da causa. Sendo que neste caso, a menos que envolva uma questão de
honra, não é viável a realização do trabalho pericial.

PROCESSO DE REMUNERAÇÃO DO PERITO JUDICIAL

→ Planejamento dos Trabalhos Periciais: após sua nomeação como Perito Judicial
Oficial, o expert fará a retirada do processo do cartório e verificará se ele terá
condições técnicas para elucidar as controvérsias suscitadas nos autos. Caso
positivo, o próximo passo é dar início ao planejamento dos trabalhos periciais. O
planejamento tem como objetivo principal identificar o objeto da perícia e; traçar o
escopo e os procedimentos do trabalho a ser executado na busca da prova pericial,
servindo de base para fundamentação da proposta de honorários, para demonstrar,
com clareza, ao Juiz; a complexidade, o tempo necessário, as diligências, a equipe
técnica, etc., justificando-se, assim, o quanto e o porquê dos custos, desde a leitura
dos autos e coleta das informações iniciais até a produção do Laudo Pericial. Um
planejamento bem elaborado evita que o Juiz, por falta de legitimidade, acabe
arbitrando um valor que não seja suficiente para cobrir os custos direto e indireto do
trabalho pericial.

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Para se planejarem com eficiência os honorários é fundamental que o perito
conheça com profundidade o objeto da perícia. Esse conhecimento somado à
experiência do especialista, a uma leitura minuciosa dos autos e; principalmente,
dos quesitos, possibilitará prever com precisão os procedimentos que deverão ser
adotados para obtenção da prova pericial e, conseqüentemente, apresentar uma
proposta de honorários que contemple todos os gastos futuros.

O Planejamento da perícia é tão importante quanto o próprio trabalho em si,


devendo cada profissional observar as normas profissionais que lhe são aplicáveis.
Nesse sentido, o Conselho Federal de Contabilidade - CFC, reconhecendo esta
importância, aprovou NBC TP 01. Desta forma, para a realização do planejamento
de um trabalho pericial contábil deverão ser observados os parâmetros desta
norma.

→ A Proposta de Honorários: a justificação do valor dos honorários, embora não


exigível no rito processual, constitui-se num mecanismo que permite ao perito expor
os custos para a realização da perícia, bem como servir de fundamentação para o
arbitramento por parte do juiz.

Para alguns profissionais, o planejamento da perícia é uma perda de tempo; para


outros, é apenas mais uma fase do processo. Observa-se que é essencial, pois é
certo que qualquer trabalho previamente bem planejado é executado de forma mais
ordenada e rápida. Produzindo, assim, um resultado final de melhor qualidade.

→ Contestação dos Honorários Periciais: As propostas de honorários,


principalmente aquelas que não forem devidamente planejadas, podem ser
contestadas. E, é neste momento que o profissional que elaborou sua proposta sem
embasamentos sólidos, não terá argumentação convincente para sustentar sua
proposta e ficará à mercê do juízo. Além disso, poderá estabelecer um descrédito
junto ao Magistrado.

Contudo, há de se ressaltar que a proposta de honorários cumpridora de todos os


requisitos citados anteriormente também poderá ser contestada. E, via de regra,
normalmente será contestada.

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Esta contestação é mais um artifício utilizado pelas partes com o intuito de atrasar o
processo e prolongar a decisão judicial. Nessa situação caberá ao próprio perito
manter ou rever sua proposta.

Ressalte-se que, no aspecto da valorização do profissional, entende-se que o perito


deve evitar aviltar ou super valorizar sua proposta, buscando sempre enfatizar a
complexidade do trabalho pericial e a responsabilidade ancorada sobre seus
ombros.

Ocasionalmente o valor dos honorários pode superar o valor da lide. Contudo, se o


profissional realizou sua proposta de forma criteriosa e chegou ao valor proposto
para seus honorários é porque a lide o requer.

Desta forma deverá o perito manter sua proposta até mesmo sob pena de
destituição do trabalho. Entende-se que a proposta apresentada poderá ser revista
apenas em casos excepcionais no intuito de preservar o valor dos honorários
anteriormente fixados. Uma alternativa que pode ser bastante viável para todos,
quando a contestação se dá efetivamente pela falta de disponibilidade de recursos
da parte responsável, é a faculdade, por parte do perito, para que os honorários
possam ser depositados de forma parcelada. Porém deve-se tomar o cuidado de
não alongar por mais de duas ou três parcelas a fim de não acarretar
comprometimento da celeridade do processo ou a entrega do laudo final antes do
término dos depósitos.

Lembra-se, ainda, que esse é um posicionamento que não tem a intenção de


estabelecer paradigmas a serem seguidos pelo profissional perito. Porém, mais uma
vez reforça-se, agora, utilizando as palavras de Morais e França (2004, p.110-111):

Não pode o perito aviltar honorários, nem valorizá-los excessivamente. [...] Deve o
perito aplicar as sugestões de valores divulgadas pelas entidades de classe, os
quais se encontram estipulados por hora trabalhada [...] e nunca condicionar sua
verba honorária a percentual sobre a causa.

Outro fator primordial que o perito nunca deverá esquecer é de que ele não faz
parte da lide. Sua participação se restringe no auxílio que ele presta ao Juiz, por
meio do laudo pericial.

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Desta forma, por mais descabida que seja a contestação de sua oferta de
honorários, ele nunca poderá se envolver pelos termos que lhe forem dirigidos,
evitando entrar em conflito. Cabendo lhe tão somente defender, de forma ética, a
proposta apresentada. E isto poderá ser feito utilizando-se do planejamento
elaborado, do qual, conforme Morais e França (2004, p.119) o perito deverá "[...]
transcrever os mais importantes, difíceis e trabalhosos quesitos da lavra do juiz e
das partes".

→ Arbitramento: sendo o perito nomeado pelo Magistrado, portanto na função


judicial, compete àquele fixar sua remuneração. Na definição de Ornelas (1995, p.)
"[...] este ato processual praticado pelo magistrado é conhecido por arbitramento."

Pela definição acima se pode observar que a fixação dos honorários periciais é uma
prerrogativa do juízo. Isso não impede que o perito subsidie a decisão do
Magistrado via petição de requerimento de arbitramento de honorários.

A referida petição receberá despacho do Juiz deferindo a fixação definitiva da


verba. Embora não haja determinação processual, antes de tal fixação, é comum
que o juízo determine que as partes declinem sobre o pleito do perito no intuito de
evitar eventuais impugnações futuras.

O Magistrado poderá fixar que determinada quantia seja depositada a favor do


perito a título de honorários provisórios. O depósito efetuado sobre essas
circunstâncias é denominado "depósito prévio" já que é efetivado antes do início dos
trabalhos periciais.

Definidos os honorários definitivos, o magistrado determinará que seja feito depósito


judicial complementar referente à diferença entre os honorários fixados e os
depósitos prévios já depositados.

→ Levantamento: entende-se por levantamento dos honorários o recebimento pelo


perito do valor depositado. É feito por intermédio de guia de levantamento (alvará)
expedida pelo cartório ou ofício. Todo ato jurídico será acompanhado de petição
dirigida ao Juiz do feito. Portanto, no momento de requerer os honorários, não seria
diferente.

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A efetivação e movimentação dos valores depositados somente podem ser
realizadas mediante prévia determinação ou autorização judicial. Nem sempre, na
entrega do laudo pericial, o perito assegura o recebimento dos honorários que,
porventura, estejam depositados em conta judicial. Alguns Magistrados preferem
ouvir as partes sobre o conteúdo do laudo pericial.

Sendo necessária a feitura de nova perícia por outro profissional, evidentemente


que os honorários ali depositados serão repatriados para o novo perito.

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ASSISTÊNCIA TÉCNICA: PARECER TÉCNICO

O Parecer Técnico Pericial é espécie de laudo, expressando a opinião do


profissional, Assistente Técnico, sobre determinada matéria, na defesa dos
interesses da parte que o contratou ou a título de elucidação de um assunto.

O parecer técnico contábil é a peça escrita na qual o perito contador assistente


expressa, concordando ou discordando, da peça principal, suas convicções de
modo claro e inequívoco.

Havendo concordância com o laudo pericial contábil, esta deve ser expressa no
parecer técnico contábil. Caso haja discordância, o assistente deverá fundamentá-
la.

Pode ser extrajudicial, quando a parte necessita da opinião fundamentada de um


técnico a respeito de um determinado assunto contábil ou necessite dele para a
realização de um negócio.

Judicialmente, pode ser provocado pela parte para instruir a inicial da ação a ser
proposta ou para servir de razões de contestar em ações que esteja sofrendo, na
forma hoje admitida pelo CPC, ou ainda, pode ser a própria opinião (o parecer
técnico) do assistente indicado pela parte para uma perícia judicialmente
determinada.

Segundo Magalhães (2009, p.63), na elaboração do Parecer Técnico, devem-se


seguir as recomendações que implicam na exigência de cuidados por parte do
perito assistente, em:

Na introdução – identificar o perito, a matéria sobre a qual versou a perícia e o


instrumento contratual, se houver, com suas principais características.

Na visão do conjunto – se restringir à matéria examinada, à indicação dos métodos


e dos recursos técnicos e humanos empregados.

Quanto aos documentos e livros examinados – registrar todos.

Nos comentários periciais – fazer a fundamentação teórica e legal para a


sustentação das conclusões.

No encerramento – assiná-lo individualmente, ou em conjunto, quando a matéria


periciada exigir mais de um perito.

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LAYOUT PARECER TÉCNICO

1ª página:

Deverá conter PARECER TÉCNICO: (em destaque, centralizado: fonte maior). O


número do processo e os nomes das partes deverá vir no canto esquerdo em
leve destaque. Logo abaixo, vem a apresentação do Parecer Técnico.
Identificação do tipo de trabalho realizado pela assistência técnica: apresentação
de cálculos, impugnação, concordância, manifestação parcialmente contrária,
etc...

Data e assinatura do perito.

2ª página em diante:

Título que identifica o tipo de assistência: apresentação de cálculos,


impugnação, manifestação favorável, contrária, etc...: Justificativas e
demonstrações pelas quais a assistência está apresentando seus cálculos, e/ou,
concordando ou não com o Laudo do Perito.

A assistência sempre deverá fazer referência ao que foi analisado, os


documentos, peças, etc... e elaborar seus trabalhos dentro do objeto da perícia.
Fundamentando suas respostas.

No encerramento, não é necessário utilizar uma página exclusiva para este fim.
O encerramento formal dos trabalhos periciais deverá conter apenas uma breve
conclusão e a assinatura do perito, citando os anexos, caso existam.

Dados do Perito e assinatura.

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TÉCNICAS PERICIAIS

DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO PERICIAL

OBSERVÂNCIA:

O PERITO, APÓ
APÓS ATENDER AOS PROCEDIMENTOS
DE HABILITAÇ
HABILITAÇÃO, PODERÁ
PODERÁ SER NOMEADO PELO
JUIZ. ANTES DE ASSUMIR SUA FUNÇ
FUNÇÃO, ELE
DEVERÁ
DEVERÁ OBSERVAR:

- SE HÁ
HÁ ALGUMA INCOMPATIBILIDADE;
- SE ESTÁ
ESTÁ IMPEDIDO DE REALIZÁ
REALIZÁ-LA;
- SE HÁ
HÁ ELEMENTOS DE SUSPEIÇ
SUSPEIÇÃO;
- SE A MATÉ
MATÉRIA TÉ
TÉCNICA É DE SUA
ESPECIALIDADE;
- SE TERÁ
TERÁ TEMPO PARA ENTREGAR O TRABALHO
NO PRAZO.

PLANEJAMENTO: ATOS PREPARATÓRIOS

- O PERITO-
PERITO-CONTADOR É NOMEADO QUANDO O JUIZ NECESSITAR DE OPINIÃO
TÉCNICA SOBRE QUESTÕES CONTÁ
CONTÁBEIS OU TAMBÉ
TAMBÉM QUANDO AS PARTES
SOLICITAREM SUA NOMEAÇ
NOMEAÇ ÃO AO JUIZ.

- APÓ
APÓS NOMEAR O PERITO, O JUIZ MANDA EXPEDIR O MANDADO DE INTIMAÇ
INTIMAÇ ÃO,
ÃO,
COMUNICANDO-
COMUNICANDO- O DO PROCESSO, DO PRAZO E OUTRAS INFORMAÇ
INFORMAÇÕES.

- APÓ
APÓS INTIMADO, O PERITO RETIRA OS AUTOS DO CARTÓ
CARTÓRIO (CARGA
(CARGA AO PERITO)
PERITO)
E TEM 5 DIAS PARA SE INTEIRAR DO PROCESSO E ACEITAR A FUNÇ
FUNÇ ÃO OU
ESCUSAR-
ESCUSAR- SE (POR
(POR MOTIVO JUSTIFICADO).
JUSTIFICADO).

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PLANEJAMENTO DA PERÍCIA

FOCO CENTRAL DO PLANEJAMENTO:


-AS QUESTÕES CONTÁ
CONTÁBEIS OBJETO DA LIDE,
-A ÉPOCA DA OCORRÊNCIA DOS FATOS,
-AS ALEGAÇ
ALEGAÇ ÕES DO AUTOR (FATOS CONSTITUTIVOS),
-AS CONTESTAÇ
CONTESTAÇ ÕES DO RÉ
RÉU (ALEGANDO FATOS IMPEDITIVOS, MODIFICATIVOS
OU EXTINTIVOS).

O PERITO DEVE:
-VERIFICAR QUAIS EXAMES SERÃO REALIZADOS NOS LEVANTAMENTOS
TÉCNICOS;
-SOLICITAR, MEDIANTE NOTIFICAÇ
NOTIFICAÇ ÃO, A EXIBIÇ
EXIBIÇ ÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS
PARA EXAME;
-BUSCAR BASE TÉ
TÉCNICA (CONSULTAR AS LEIS E BIBLIOGRAFIAS) PARA
SUBSIDIAR AS RESPOSTAS DOS QUESITOS;
-FICAR ATENTO ÀS MUDANÇ
MUDANÇ AS RELEVANTES QUE OCORREREM.

ATOS DE EXECUÇÃO

▪ O TRABALHO TEM INÍ


INÍCIO COM A ACEITAÇ
ACEITAÇ ÃO DA PROPOSTA DE HONORÁ
HONORÁRIOS
DO PERITO, QUE DEVE VERIFICAR QUAL É O OBJETO CENTRAL DA LIDE, QUAIS
FORAM OS QUESITOS FORMULADOS PELO JUIZ E PELAS PARTES.

▪ APÓ
APÓS PLANEJAR O TRABALHO, O PERITO EFETUARÁ
EFETUARÁ AS DILIGÊNCIAS VISANDO
OBTER AS PROVAS.

▪ RESPONDER A TODOS OS QUESITOS, REVISAR O LAUDO PARA EVITAR


OMISSÃO DE INFORMAÇ
INFORMAÇ ÕES RELEVANTES E TAMBÉ
TAMBÉM POSSÍ
POSSÍVEIS ERROS DE
DIGITAÇ
DIGITAÇ ÃO.

▪ ENTREGAR O LAUDO NO CART ÓRIO (PROTOCOLO).

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DILIGÊNCIAS

▪ TRABALHO DE CAMPO, PODENDO SOLICITAR, POR NOTIFICAÇ


NOTIFICAÇÃO ESCRITA (COM
PRAZO DETERMINADO), A ENTREGA DE LIVROS E DOCUMENTOS, COM O OBJ ETIVO
DE OBTER AS PROVAS CONT ÁBEIS QUE PODEM SOLUCIONAR AS QUESTÕES
CONTROVERSAS.

▪ O PERITO DEVE COMUNICAR COM ANTECEDÊNCIA, AOS ASSISTENTES T ÉCNICOS


DAS PARTES, SOBRE O DIA E A HORA DA REALIZAÇ
REALIZAÇÃO DA DILIGÊNCIA. NESSE DIA,
SOLICITAR À EMPRESA DESIGNAR UM REPRESENTANTE PARA ACOMPANHAR OS
EXAMES.

▪ O PERITO PODE EXTRAIR CÓ


CÓPIAS DE DOCUMENTOS RELEVANTES E LAVRARÁ
LAVRAR Á O
TERMO DE DILIGÊNCIA, A SER ASSINADO, COMO PROVA DE SUA REALIZAÇ
REALIZAÇÃO.

QUESITOS

▪ REPRESENTAM AS PERGUNTAS PERTINENTES AO PROCESSO, FORMULADAS


PELO JUIZ E/OU PARTES, QUE DESEJAM VER RESPONDIDAS NO LAUDO PERICIAL.
PERICIAL.

O PERITO CONTADOR DEVE OBSERVAR QUANTO AOS QUESITOS:


-HIERARQUIA: RESPONDER PRIMEIRO OS FEITOS PELO JUIZ E DEPOIS OS
FORMULADOS PELAS PARTES;
-TRANSCREVER A PERGUNTA E RESPONDER ABAIXO;
-OBEDECER RIGOROSAMENTE A SUA ORDEM NUM ÉRICA;
-INFORMAR SE ALGUM QUESITO FOI INDEFERIDO PELO JUIZ (SE IMPERTINENTE)
IMPERTINENTE) OU
SE O QUESITO ESTIVER FORA DA ÁREA DE COMPETÊNCIA LEGAL DO PERITO;
-LER ATENTAMENTE O QUESITO FORMULADO, PARA OFERECER UMA RESPOSTA
CORRETA, COM TEXTOS PRECISOS E COM SUPORTE EM RAZÕES TÉ
T ÉCNICAS.

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RESPOSTAS AOS QUESITOS

BASICAMENTE, AS RESPOSTAS DEVERÃO TER:

- OBJETIVIDADE:
OBJETIVIDADE: ATER-
ATER-SE AO QUE FOI PERGUNTADO

- JUSTIFICAÇ
JUSTIFICAÇ ÃO:
ÃO: EXPLICAR O PORQUE DA RESPOSTA

- RIGOR TECNOLÓ
TECNOLÓGICO:
GICO: PRINCÍ
PRINCÍPIOS-
PIOS-NORMAS CONTÁ
CONTÁBEIS

- PRECISÃO:
PRECISÃO: CERTEZA SOBRE O QUE FOI AFIRMADO

- COMPLEMENTAÇ
COMPLEMENTAÇ ÃO:
ÃO: UTILIZAÇ
UTILIZAÇÃO DE ESPECIALISTAS

- CLAREZA:
CLAREZA: SER ENTENDIDA POR QUEM FOR LER

QUESITOS SUPLEMENTARES

▪ PODEM OCORREM DURANTE AS DILIGÊNCIAS DO PERITO (NA PRESENÇ


PRESENÇ A DOS
ASSISTENTES TÉ
TÉCNICOS), SE NA BUSCA DAS PROVAS, ENCONTRAR NOVOS
ASPECTOS (RELEVANTES) EM RELAÇ
RELAÇ ÃO À CAUSA.

▪ NESSE MOMENTO, UMA DAS PARTES FORMULA OS QUESITOS SUPLEMENTARES,


PETICIONANDO AO JUIZ, SUA JUNTADA AOS AUTOS DO PROCESSO, AOS QUAIS
QUAIS O
PERITO DEVERÁ
DEVERÁ RESPONDÊ-
RESPONDÊ-LOS NO LAUDO.

▪ PODEM SER FEITOS TAMBÉ


TAMBÉM, APÓ
APÓS A ENTREGA DO LAUDO E ANTES DA
AUDIÊNCIA, CASO TENHA OCORRIDO ALGUMA OMISSÃO DO PERITO,
PERITO, QUE OS
RESPONDERÁ
RESPONDERÁ APENAS AO JUIZ DURANTE A AUDIÊNCIA. s.m.j
s.m.j

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PEDIDO DE ESCLARECIMENTOS

▪ COM A ENTREGA DO LAUDO PERICIAL, SE AS PARTES DESEJAREM


ESCLARECIMENTOS SOBRE AS RESPOSTAS DO PERITO, FARÃO NOVOS QUESITOS,
QUESITOS,
SUGERINDO EXAMES, DESDE QUE SEJAM PERTINENTES À CAUSA.

▪ DEVEM AS PARTES FORMULAR, SOB A FORMA DE QUESITOS, O PEDIDO DE


ESCLARECIMENTOS, PETICIONANDO AO JUIZ, O COMPARECIMENTO DO PERIT O 5 DIAS
ANTES DA AUDIÊNCIA.

▪ A NECESSIDADE DE ESCLARECIMENTOS PODE OCORRER, SE A UM QUESITO


OBJETIVO, O PERITO DER UMA RESPOSTA SUBJETIVA, VAGA OU DE DUPLA
INTERPRETAÇ
INTERPRETAÇ ÃO. CASO O JUIZ NÃO SE CONVENÇ
CONVENÇ A, PODERÁ
PODERÁ DETERMINAR UMA
NOVA PERÍ
PERÍCIA, A SER REALIZADA POR OUTRO PERITO.

USO DA LINGUAGEM TÉCNICO-CONTÁBIL

▪ O PERITO, ENTENDENDO QUAL É O OBJETO DA LIDE, PODERÁ


PODERÁ UTILIZAR UMA
LINGUAGEM TÉ
TÉCNICA, DESDE QUE DESCREVA O SEU SIGNIFICADO, PARA QUE POSSA
SER ENTENDIDO PELO JUIZ E TAMBÉ
TAMBÉM PELAS PARTES.

▪ O LAUDO DEVE SER UMA PEÇ


PEÇ A TÉ
TÉCNICA, COM TEXTO CLARO, UTILIZANDO
LINGUAGEM DE SENSO COMUM, E NÃO PODE CONTER IMPRECISÃO NAS PALAVRAS
PALAVRAS E
NEM SENTIDO DÚ
DÚBIO.

▪ O PERITO DEVE RELATAR O QUE ELE VIU, CONSTATOU E CONCLUIU TECNIC AMENTE,
TRANSMITINDO OS REAIS FATOS CONTÁ
CONTÁBEIS OBJETO DA LIDE, SENDO IMPARCIAL,
POIS O SEU LAUDO CONTÁ
CONTÁBIL IRÁ
IRÁ SERVIR DE PROVA TÉ
TÉCNICA E MERECEDORA DE FÉ

EM JUÍ
JUÍZO.

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USO DOS PRINCÍPIOS GERAIS DE REDAÇÃO

▪ O PERITO, DENTRO DA LINGUAGEM ESCOLHIDA, DEVER Á SE NORTEAR E SE BASEAR


NOS PRINCÍ
PRINCÍPIOS GERAIS DE REDAÇ
REDAÇ ÃO. O TRABALHO PERICIAL COMO UM TODO
DEVERÁ
DEVERÁ TER EXPLÍ
EXPLÍCITO:

- VERDADE – RESPEITAR A VERDADE.


- CLAREZA – SER CLARO E OBJETIVO.
- COERÊNCIA –INDICA A CONEXÃO ENTRE OS FATOS, LÓLÓGICA.
- CONCISÃO - INDICA O ATO DE CORTAR, CURTO, LIMITADO.
- CORREÇ
CORREÇ ÃO - OBSERVAR AS REGRAS GRAMATICAIS BÁ BÁSICAS.
- PRECISÃO – PLANEJADA, INCISIVA E EXATA.
- SIMPLICIDADE – SIMPLES, INDICA EXATAMENTE O QUE É NATURAL.
- CONHECIMENTO –CONHECER O TEMA SOBRE O QUAL VAMOS ESCREVER.
- DIGNIDADE - LINGUAGEM ELEGANTE, PALAVRAS SELECIONADAS.
- CRIATIVIDADE –ESCREVER COM AMOR E CRIATIVIDADE.

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O LAUDO PERICIAL

O Laudo é a peça escrita – é documento produzido, relatório pericial – deve expor


claramente as circunstâncias de sua elaboração, expondo ao usuário as
observações e estudos efetuados a respeito da matéria, e principalmente, os
fundamentos e as conclusões a que chegou.

→ SEQUÊNCIA DO LAUDO

O Laudo deve conter, se possível, nesta ordem, o seguinte:

a) Abertura b) Considerações iniciais c) Descrição do objeto da Perícia d)


Informação das Diligências necessárias e) Exposição da Metodologia f)
Transcrição e respostas dos quesitos formulados pelas partes g) Considerações
finais e conclusão h) Encerramento do Laudo i) Anexos (planilhas, documentos ou
outras peças processuais).

→ O QUE DEVE CONTER

a) Abertura: Indicação de quem a perícia é dirigida, o encaminhamento formal


do trabalho pericial. Ex: Exmo.Sr Juiz... ou Exmo.Srs.Diretores da....;
Indicação de qual procedimento processual se abojará o Laudo (processo),
identificando sua numeração, as partes envolvidas. Ex: Ação Ordinária –
Processo nº 999/99 – Autor: José da Silva – Réu: Banco Red S/A;
Declaração da espécie do Laudo que está apresentando, devendo constar o
nome do perito, sua qualificação profissional, nº de registro, sua condição de
perito, declaração de observância das Normas Brasileiras de Perícia.
b) Considerações Iniciais: Identificação de quando e por quem foi determinada
ou solicitada a perícia contábil; Referência ao que foi analisado, os
documentos, peças, etc...
c) Objeto da Perícia: (Uma das questões mais delicadas da perícia). Esclarecer
de forma clara e objetiva o objeto de trabalho pericial, delimitando a área de

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trabalho do Perito. O objeto pericial pode ser um pedido de prova de alguma
situação ou fato; uma consulta; uma ou mais questões. Dependerá da análise
minunciosa das peças processuais e das determinações judiciais.
d) Metodologia: Deverá constar a forma que o trabalho foi realizado, explicando
os parâmetros, referências, diligências, etc...Diligências: Referência à
necessidade ou não de realização de Diligências (trabalho de juntada de
documentos e/ou trabalho de pesquisa de campo).
e) Quesitos: São questionamentos das partes sobre aspectos do litígio. O perito
deverá respondê-los na ordem em que foram protocolados nos autos, para
evitar preconceito. Deverá respondê-los, desde que, pertinentes ao objeto da
perícia. O perito poderá responder os quesitos que são alheios ao objeto
pericial somente em situações especiais. Ex.Transcrição de leis, documentos,
contratos, etc... O perito deverá se ater apenas a matéria em que se é
especialista e não entrar no Mérito da lide (que é somente do juiz). Não
deverá opinar sobre legislação, muito menos interpretar leis. Os quesitos
deverão ser transcritos como foram formulados, sempre entre aspas,
incluindo os erros cometidos. O perito deverá evitar respostas como “sim” e
“não”, deverá sempre incluir uma explicação na questão, inclusive em
quesitos impertinentes/prejudicados.
f) Considerações Finais: Formalizar uma síntese das conclusões a que a
perícia chegou. Sempre se referindo à perícia, procurando isentar a 1ª
pessoa do parecer. Emitir opinião técnica da matéria tratada. Se necessário,
sintetizar valores finais relevantes ao entendimento do MM.Juiz. Mencionar
se os quesitos foram respondidos, se houveram diligências e quais foram
elas.
g) Encerramento: O encerramento formal dos trabalhos periciais deverá conter a
constituição física do laudo, como a quantidade de páginas, anexos, textos,
indicando se foram rubricados pelo perito ou não; a localidade e a data em
que o laudo foi concluído; a assinatura do perito; sua qualificação e sua
função nos autos (perito do juízo, perito assistente técnico, etc...).
h) Anexos e apêndices: Os anexos e apêndices das análises e apurações
efetuadas devem ser identificados, numerados e rubricados pelo perito;
assim como os documentos e textos juntados ao laudo.

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CHECK LIST - LAUDO PERICIAL

i) Abertura: Indicação de quem a perícia é dirigida, o encaminhamento formal


do trabalho pericial. Ex: Exmo.Sr Juiz... ou Exmo.Srs.Diretores da....;
Indicação de qual procedimento processual se abojará o Laudo (processo),
identificando sua numeração, as partes envolvidas. Ex: Ação Ordinária –
Processo nº 999/99 – Autor: José da Silva – Réu: Banco Red S/A;
Declaração da espécie do Laudo que está apresentando, devendo constar o
nome do perito, sua qualificação profissional, nº de registro, sua condição de
perito, declaração de observância das Normas Brasileiras de Perícia.
j) Considerações Iniciais /Objeto da Perícia: Identificação de quando e por
quem foi determinada ou solicitada a perícia contábil; Referência ao que foi
analisado, os documentos, peças, etc.... Esclarecer de forma clara e objetiva
o objeto de trabalho pericial, delimitando a área de trabalho do Perito.
k) Metodologia /Diligências: Deverá constar a forma que o trabalho foi realizado,
explicando os parâmetros, referências, diligências (trabalho de juntada de
documentos e/ou trabalho de pesquisa de campo).
l) Quesitos: Deverão ser respondidos na ordem em que foram protocolados nos
autos, para evitar preconceito, desde que, pertinentes ao objeto da perícia. O
perito deverá se ater apenas a matéria em que se é especialista e não entrar
no Mérito da lide (que é somente do juiz). O perito deverá evitar respostas
como “sim” e “não”, deverá sempre incluir uma explicação na questão,
inclusive em quesitos impertinentes/prejudicados.
m) Considerações Finais: Formalizar uma síntese das conclusões a que a
perícia chegou. Sempre se referindo à perícia, procurando isentar a 1ª
pessoa do parecer.
n) Encerramento: O encerramento formal dos trabalhos periciais deverá conter a
constituição física do laudo, como a quantidade de páginas, anexos,
apêndices, textos, indicando se foram rubricados pelo perito ou não; a
localidade e a data em que o laudo foi concluído; a assinatura do perito; sua
qualificação e sua função nos autos (perito do juízo, perito assistente técnico,
etc...).

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LAYOUT LAUDO PERICIAL

1ª página:

Exmo.Sr Juiz...

Apresentação do Laudo Pericial e agradecimentos. Indicação de quem a perícia é


dirigida, o encaminhamento formal do trabalho pericial. Ex: Exmo.Sr Juiz... ou
Exmo.Srs.Diretores da....

Deverá conter o pedido de liberação dos honorários periciais, mencionando o valor,


data e assinatura do perito.

2ª página:

LAUDO PERICIAL: (em destaque, centralizado: fonte maior)

Abertura: identificação do número do processo, as partes envolvidas. Ex: Ação


Ordinária – Processo nº 999/99 – Autor: José da Silva – Réu: Banco Red S/A;
Advogados, Assistentes Técnicos. Declaração da espécie do Laudo que está
apresentando, nome do perito, sua qualificação profissional, nº de registro, sua
condição de perito, declaração de observância das Normas Brasileiras de Perícia
(NBC.TP.01).

3ª página em diante:

Considerações Iniciais: Identificação de quando e por quem foi determinada ou


solicitada a perícia contábil; Referência ao que foi analisado, os documentos,
peças, etc...

Objeto da Perícia: Esclarecer de forma clara e objetiva o objeto de trabalho


pericial, delimitando a área de trabalho do Perito.

Metodologia: Deverá constar a forma que o trabalho foi realizado, explicando os


parâmetros, referências, Diligências: Referência à necessidade ou não de
realização de Diligências (trabalho de juntada de documentos e/ou trabalho de
pesquisa de campo).

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Quesitos: O perito deverá respondê-los, desde que, pertinentes ao objeto da
perícia, na ordem em que foram protocolados nos autos. Os quesitos deverão
ser transcritos como foram formulados, sempre entre aspas, incluindo os erros
cometidos.

Considerações Finais: Utilizar uma página exclusiva para este fim. Formalizar
uma síntese das conclusões a que a perícia chegou.

Encerramento: Utilizar uma página exclusiva para este fim. O encerramento


formal dos trabalhos periciais deverá conter a constituição física do laudo, como
a quantidade de páginas (todas numeradas), anexos, textos, indicando se foram
rubricados pelo perito ou não; a localidade e a data em que o laudo foi concluído;
a assinatura do perito; sua qualificação e sua função nos autos (perito do juízo,
perito assistente técnico, etc...). Citando os Anexos: demonstrativos das análises
e apurações efetuadas, planilhas, gráficos, cópia da legislação utilizada, etc...

Data, Dados do Perito e assinatura.

Anexos, apêndices e documentos: identificados ao final.

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MODELO N.° 1 - ESCUSA EM PERÍCIA JUDICIAL


(IMPEDIMENTO OU SUSPEIÇÃO – PERITO DO JUÍZO)

Excelentíssimo(a) Senhor(a) Doutor(a) Juiz(a) ............................

Autor:
Réu:
Ação:
Processo n.°:

............................., contador(a) registrado(a) no CRC ........, na condição de perito


nomeado no processo acima referido, vem à presença de Vossa Excelência
comunicar, nos termos do Art. ....... do Código de Processo Civil e do item .... da
Norma Brasileira de Contabilidade NBC PP 01 do Conselho Federal de
Contabilidade, o seu impedimento para a produção da prova pericial contábil, pelos
motivos esclarecidos a seguir:

Obs.: Tais motivos são somente aqueles insertos no Art. .......... do Código de
Processo Civil e nos itens de impedimento e suspeição da NBC PP 01.

Termos em que pede deferimento.

......................, de ............... de .........

Nome do perito
Registro no CRC

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MODELO N.° 2 - RENÚNCIA EM PERÍCIA ARBITRAL


(IMPEDIMENTO OU SUSPEIÇÃO – PERITO DO JUÍZO)

Senhor(a) Presidente(a) da Câmara.............. ou do Tribunal Arbitral...........................

Requerente:
Requerido:
Ação:
Processo n.°:

............................., contador(a) registrado(a) no CRC ........, na condição de perito


escolhido no processo acima referido, vem à presença dessa Egrégia Câmara ou
Egrégio Tribunal comunicar, nos termos do item ....... da NBC PP 01 do Conselho
Federal de Contabilidade, o seu impedimento para a produção da prova pericial
contábil pelos motivos esclarecidos a seguir:

Obs.: Tais motivos são somente aqueles insertos nos itens de impedimento e
suspeição da NBC PP 01.

Certos de sua compreensão, agradeço antecipadamente.

......................, de ............... de .........

Nome do perito
Registro no CRC

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MODELO N.° 3 - RENÚNCIA EM PERÍCIA EXTRAJUDICIAL


(IMPEDIMENTO OU SUSPEIÇÃO – PERITO DO JUÍZO)

Senhor(a)...............................
(Ou endereçado a empresa)

Assunto:
Referência:

............................., contador(a) registrado(a) no CRC ........, na condição de perito


contratado para a execução da perícia ....................., vem pela presente comunicar,
nos termos do item .... da NBC PP 01 do Conselho Federal de Contabilidade, o seu
impedimento no desenvolvimento do trabalho pericial contratado (citar o assunto ou
referência) pelos motivos esclarecidos a seguir:

Obs.: Tais motivos são somente aqueles insertos nos itens de impedimento e
suspeição da NBC PP 01.

Certo de sua compreensão, agradeço antecipadamente.

......................, de ............... de .........

Nome do perito
Registro no CRC

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MODELO N.° 4 – RENÚNCIA À INDICAÇÃO EM PERÍCIA JUDICIAL


(IMPEDIMENTO – PERITO-ASSISTENTE)

Excelentíssimo(a) Senhor(a) Doutor(a) Juiz(a) ............................

Autor:
Réu:
Ação:
Processo n.°:

............................., contador(a) registrado(a) no CRC ........, na condição de perito-


assistente, indicado pela parte (requerente ou requerido) no processo acima
referido, vem à presença de Vossa Excelência comunicar, nos termos da NBC PP
01 do Conselho Federal de Contabilidade, o seu impedimento na assistência da
produção da prova pericial contábil, pelos motivos esclarecidos a seguir:

Obs.: Tais motivos são somente aqueles insertos nos itens de impedimento e
suspeição da NBC PP 01.

Termos em que pede deferimento.

......................, de ............... de .........

Nome do perito
Registro no CRC

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Perícia Contábil
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MODELO N.° 5 – RENÚNCIA À INDICAÇÃO EM PERÍCIA ARBITRAL


(IMPEDIMENTO – PERITO-ASSISTENTE)

Senhor(a) Presidente(a) da Câmara .................. ou do Tribunal


Arbitral...........................

Requerente:
Requerido:
Ação:
Processo n.°:

............................., contador(a) registrado(a) no CRC ........, na condição de perito-


assistente indicado pela parte (requerente ou requerido) no processo acima referido,
vem à presença dessa Egrégia Câmara ou Egrégio Tribunal, comunicar, nos termos
da NBC PP 01 do Conselho Federal de Contabilidade, o seu impedimento na
assistência da produção da prova pericial contábil, cuja participação foi homologada
por esse Juízo Arbitral pelos motivos esclarecidos a seguir:

Obs.: Tais motivos são somente aqueles insertos nos itens de impedimento e
suspeição da NBC PP 01.

Certo de sua compreensão, agradeço antecipadamente.

......................, de ............... de .........

Nome do perito
Registro no CRC

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Perícia Contábil
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MODELO N.° 6 – RENÚNCIA EM ASSISTÊNCIA EM PERÍCIA EXTRAJUDICIAL


(IMPEDIMENTO – PERITO-ASSISTENTE)

Senhor(a)...............................
(Ou endereçado a empresa)

Assunto:
Referência:

............................., contador(a) registrado(a) no CRC ........, na condição de perito-


assistente, indicado pela parte (requerente ou requerida), no processo acima
referido, vem pela presente comunicar, nos termos da NBC PP 01 do Conselho
Federal de Contabilidade, o seu impedimento na assistência da produção da prova
pericial contábil pelos motivos esclarecidos a seguir:

Obs.: Tais motivos são somente aqueles insertos nos itens de impedimento e
suspeição da NBC PP 01.

Certo de sua compreensão, agradeço antecipadamente.

......................, de ............... de .........

Nome do perito
Registro no CRC

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Perícia Contábil
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MODELO N.° 7 – PETIÇÃO DE HONORÁRIOS PERICIAIS CONTÁBEIS

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ _________DA (especificar a vara)


VARA __________ DA ______________(COMARCA, CIRCUNSCRIÇÃO, SEÇÃO
JUDICIÁRIA), (especificar Cidade e Estado)

Processo n.º :
Ação:
Autor/Requerente:
Réu/Requerido:
Perito:

................................................., perito(a), habilitado(a) nos termos do Art. 145 do


Código de Processo Civil, conforme certidão do Conselho Regional de
Contabilidade do Estado de (identificar o Estado), cópia anexa, estabelecido na rua
(especificar o endereço completo do escritório do perito), tendo sido nomeado nos
autos do processo mencionado, vem à presença de Vossa Excelência apresentar
proposta de honorários para a execução dos trabalhos periciais na forma que
segue:

Para a elaboração desta proposta, foram considerados: a relevância, o vulto, o risco


e a complexidade dos serviços a executar; as horas estimadas para a realização de
cada fase do trabalho; a qualificação do pessoal técnico que irá participar da
execução dos serviços; e o prazo fixado (Acrescentar os laudos interprofissionais e
outros inerentes ao trabalho, se for o caso).

HONORÁRIOS PERICIAIS
CUSTO DA PERÍCIA HORAS TOTAL
ESPECIFICAÇÃO DO TRABALHO PREVISTAS R$/HORA R$
Retirada e entrega dos autos
Leitura e interpretação do processo
Preparação de termos de diligência
Realização de diligências
Pesquisa e exame de livros e
documentos técnicos
Laudos interdisciplinares
Elaboração do laudo
Reuniões com peritos-assistentes,
quando for o caso
Revisão final
Subtotal
Impostos e encargos
TOTAL

Os honorários propostos para a realização da perícia levou em consideração o valor


da hora sugerido pela (sindicato, associação, federação, etc.), que é de R$
_________(por extenso), por hora trabalhada, totalizando R$ ____(por extenso).
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O valor desta proposta de honorários não remunera o perito para responder a


Quesitos Suplementares, Art. 425 do Código de Processo Civil, fato que, ocorrendo,
garante ao profissional oferecer nova proposta de honorários na forma deste
documento.

Por último, requer de Vossa Excelência aprovação da presente proposta de


honorários, e na forma dos artigos 19 e 33 do Código de Processo Civil,
determinação do depósito prévio, para início da prova pericial.

Termos em que pede deferimento,

Cidade e data.

Nome completo
Contador CRC .......... n.º ..................

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Perícia Contábil
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MODELO N.° 8 – PETIÇÃO DE JUNTADA DE LAUDO PERICIAL CONTÁBIL E


PEDIDO DE LEVANTAMENTO DE HONORÁRIOS

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ ________ DA (especificar a vara)


VARA __________DA _______________(COMARCA, CIRCUNSCRIÇÃO, SEÇÃO
JUDICIÁRIA), (especificar Cidade e Estado)

Processo n.º :

Ação:
Autor/Requerente:
Réu/Requerido:
Perito:

........................................., perito, nomeado e qualificado nos autos acima


identificado, vem, respeitosamente, requerer a Vossa Excelência a juntada do laudo
pericial contábil anexo, que contém .................... (quantidade de folhas e quantidade
dos demais documentos anexos), bem como o levantamento de seus honorários
periciais, previamente depositados (citar número das folhas).

Termos em que pede deferimento,

Cidade e data.

Nome completo

Contador CRC .......... n.º .................

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MODELO N.º 9 – PETIÇÃO DE JUNTADA DE LAUDO TRABALHISTA E


PEDIDO DE ARBITRAMENTO DE HONORÁRIOS

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ TITULAR DA (especificar a Vara)


VARA DO TRABALHO (especificar Cidade e Estado)

Processo n.º :

Reclamante:
Reclamado:

................................................., perito(a), habilitado(a), nos termos do Art. 145 do


Código de Processo Civil, conforme certidão do Conselho Regional de
Contabilidade do Estado (identificar o Estado), cópia anexa, nomeado nos autos
acima identificado, vem, respeitosamente, requerer a Vossa Excelência a juntada
do laudo pericial contábil anexo e o arbitramento de seus honorários, estimados
em R$ ........, devidamente atualizados desde a presente data.

Termos em que pede deferimento,

Cidade e data.

Nome completo

Contador CRC .......... n.º ................

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MODELO n.º 10 - CONTRATO PARTICULAR DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS


PROFISSIONAIS

Contrato Particular de Prestação de Serviços Profissionais que entre si fazem, com


matriz estabelecida na ............., devidamente inscrita no CNPJ n.º ............
representada pelo sócio: (qualificar o sócio), residente e domiciliado na .......
doravante denominado CONTRATANTE, e, do outro lado, como PERITO-
ASSISTENTE, ........... brasileiro, ......, contador e perito judicial, inscrito no
Conselho Regional de Contabilidade de ......... sob o n.º .... e C.P.F. n.º ....... com
endereço profissional no ......., se obrigam mediante as cláusulas e condições
seguintes:

CLÁUSULA 1ª - DO OBJETO

O objeto do presente é a prestação dos serviços profissionais do PERITO-


ASSISTENTE, no acompanhamento da perícia judicial determinada nos autos da
Ação ...., Processo n.º .........., que tramita perante a Vara Cível da Comarca
Judiciária ......, Estado do .....

CLÁUSULA 2ª - DAS OBRIGAÇÕES

O PERITO-ASSISTENTE obriga-se a examinar o laudo pericial contábil da lavra do


Dr. perito judicial e emitir PARECER TÉCNICO-CONTÁBIL sobre ele, bem como
estar presente em todas as instâncias judiciais no Estado do ....., quando houver
necessidade legal, bem como assistir o(a) advogado(a) da CONTRATANTE nas
orientações que se fizerem necessárias a respeito do trabalho ora contratado.

As viagens necessárias para a cidade de ......, para a realização dos serviços


profissionais, serão custeadas pela CONTRATANTE, acrescidas das despesas
inerentes, inclusive com alimentação e estada.

CLÁUSULA 3ª - DO PREÇO E DO PAGAMENTO

A CONTRATANTE pagará ao PERITO-ASSISTENTE, a título de prestação de


serviços profissionais, o valor de R$ ........ da seguinte forma:

R$ ...... em moeda corrente do país no ato da assinatura deste contrato e o restante


na entrega do PARECER TÉCNICO-CONTÁBIL;

Parágrafo primeiro. Caso ocorra a composição amigável entre as partes litigantes,


judicial ou extrajudicialmente, ou ainda as hipóteses de novação, transação, sub-
rogação, dação em pagamento, quitação, troca ou permuta, compromisso, ou
qualquer outra espécie de extinção ou modificação da obrigação, o pagamento pela
prestação dos serviços profissionais será devido pela CONTRATANTE ao PERITO-
ASSISTENTE.

Parágrafo segundo. O PERITO-ASSISTENTE não arcará com o pagamento de


honorários sucumbenciais que porventura a CONTRATANTE venha a ser
condenada, em razão das manifestações de concordância com o Laudo Pericial

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Perícia Contábil
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Contábil do Dr. perito oficial, que poderá ocorrer de forma parcial ou total, no livre
exercício profissional do PERITO-ASSISTENTE.

Parágrafo terceiro. Por mera tolerância do PERITO-ASSISTENTE, que não importa


em novação, o pagamento de seus serviços profissionais poderá ser pago por
intermédio de bens imóveis ou móveis, desde que precedidos de avaliação, por
profissional habilitado para tanto, indicado pelas partes ora contratantes.

Cláusula 4ª - DA ARBITRAGEM

Por intermédio desta cláusula compromissória, as partes comprometem-se a


submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir inerentes a este
instrumento e, pelo compromisso arbitral, ficam submetidos também à arbitragem os
porventura pendentes, conforme disposição da Lei n.º 9.307, de 23.9.96, que serão
solucionados pelas decisões de Câmara de Mediação e Arbitragem da cidade de
................, eleita para dirimir todas as questões oriundas do presente instrumento.

Cláusula 5ª - DO FORO

As partes elegem o foro da Comarca de ..........., renunciando neste ato a qualquer


outro, por mais privilegiado que seja.

Estando assim ajustado e contratado, firmam o presente instrumento em duas vias,


perante as testemunhas abaixo.

.............................., XX de XXXX de 20XX.

_______________________
Contratante
________________________
Perito-assistente – contratado

Testemunhas
1. C.I.
2. C.I.

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MODELO N.º 01: TERMO DE DILIGÊNCIA NA PERÍCIA JUDICIAL
TERMO DE DILIGÊNCIA N.º.../PROCESSO N.º...
IDENTIFICAÇÃO DO DILIGENCIADO
SECRETARIA:
PARTES:
PERITO DO JUÍZO: (categoria e n.º do registro)
PERITO-ASSISTENTE: (categoria e n.º do registro)
Na condição de perito do juízo, nomeado pelo Juízo em referência e/ou
perito-assistente indicado pelas partes, nos termos do Art. 429 do Código do
Processo Civil e das Normas Brasileiras de Contabilidade, solicita-se que sejam
fornecidos ou postos à disposição, para análise, os documentos a seguir indicados:
1.
2.
3.
4.
etc.
Para que se possa cumprir o prazo estabelecido para elaboração e entrega
do laudo pericial contábil ou parecer técnico-contábil, é necessário que os
documentos solicitados sejam fornecidos ou postos à disposição deste perito até o
dia __-__-__, às __h, no endereço ........ (do perito do juízo e/ou perito-assistente,
e/ou parte). Solicita-se que seja comunicado quando os documentos tiverem sido
remetidos ou estiverem à disposição para análise.
Em caso de dúvida, solicita-se esclarecê-la diretamente com o signatário no
endereço e telefones indicados.
Local e data
Assinatura
Nome do perito
Contador – N.º de registro no CRC

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MODELO N.º 02: TERMO DE DILIGÊNCIA NA PERÍCIA EXTRAJUDICIAL
TERMO DE DILIGÊNCIA N.º .../PROCESSO N.º ...
ENDEREÇAMENTO DO DILIGENCIADO
EXTRAJUDICIAL
PARTE CONTRATANTE:
PERITO DO JUÍZO: (categoria e n.º do registro)
PERITO-ASSISTENTE: (categoria e n.º do registro)
Na condição de perito do juízo e/ou perito-assistente, escolhido pelas partes,
em consonância com as Normas Brasileiras de Contabilidade, nos termos
contratuais, solicita-se que sejam fornecidos ou postos à disposição, para análise,
os documentos a seguir indicados:
1.
2.
3.
4.
etc.
Para que se possa cumprir o prazo estabelecido para a elaboração e entrega
do laudo pericial contábil ou parecer técnico-contábil, é necessário que os
documentos solicitados sejam fornecidos ou postos à disposição deste perito até o
dia __/__/__, às __h, no endereço ........ (do perito do Juízo e/ou perito-assistente,
e/ou parte). Solicita-se que seja comunicado quando os documentos tiverem sido
remetidos ou estiverem à disposição para análise.
Em caso de dúvida, solicita-se esclarecê-la diretamente com o signatário no
endereço e telefones indicados.
Local e data
Assinatura
Nome do perito
Contador – N.º de registro no CRC

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MODELO N.º 3: TERMO DE DILIGÊNCIA NA PERÍCIA ARBITRAL
TERMO DE DILIGÊNCIA N.º .../PROCESSO N.º ...
ENDEREÇAMENTO DO DILIGENCIADO
ARBITRAL
CÂMARA ARBITRAL:
ÁRBITRO:
JUIZ ARBITRAL:
PARTES:
PERITO: (categoria e n.º do registro)
Na condição de perito do juízo, escolhido pelo árbitro, e/ou perito-assistente,
indicado pelas partes, nos termos da Lei n.º 9.307/96 ou do regulamento da Câmara
de Mediação e Arbitragem, ......, e ainda em consonância com as Normas Brasileiras
de Contabilidade, solicita-se que sejam fornecidos ou postos à disposição, para
análise, os documentos a seguir indicados:
1.
2.
3.
etc.
Para que se possa cumprir o prazo estabelecido para a elaboração e entrega
do laudo pericial contábil ou parecer técnico-contábil, é necessário que os
documentos solicitados sejam fornecidos ou postos à disposição deste perito até o
dia __/__/__, às __h, no endereço ........ (do perito do Juízo e/ou perito-assistente,
e/ou parte). Solicita-se que seja comunicado quando os documentos tiverem sido
remetidos ou estiverem à disposição para análise.
Em caso de dúvida, solicita-se esclarecê-la diretamente com o signatário nos
endereços e telefones indicados.
Local e data
Assinatura
Nome do perito
Contador – N.º de registro no CRC

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MODELO N.º 4 - PLANEJAMENTO PARA PERÍCIA JUDICIAL
Fase Pré-Operacional
ITE ATIVIDADE AÇÕES TEMPO PRAZO
M ESTIMADO REAL ESTIMAD REAL
O
1 Carga ou Após receber a h h XX/XX/XX XX/XX/XX
recebiment intimação do juiz,
o do quando for o caso, retirar
processo o processo da
Secretaria.

2 Leitura do Conhecer os detalhes h h XX/XX/XX XX/XX/XX


processo acerca do objeto da
perícia, realizando a
leitura e o estudo dos
autos.

3 Aceitação, Após estudo e análise h h XX/XX/XX XX/XX/XX


ou não, da dos autos, constatando-
perícia se que há impedimento
ou suspeição, não
havendo interesse do
perito ou não estando
habilitado para fazer a
perícia, devolver o
processo justificando o
motivo da escusa.
Aceitando o encargo da h h XX/XX/XX XX/XX/XX
perícia, proceder ao
planejamento.

4 Proposta Com base na relevância, h h XX/XX/XX XX/XX/XX


de no vulto, no risco e na
honorários complexidade dos
serviços, entre outros,
estimar as horas para
cada fase do trabalho,
considerando ainda a
qualificação do pessoal
que participará dos
serviços, o prazo para a
entrega dos trabalhos e
a confecção de laudos
interdisciplinares.

Execução da perícia

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Perícia Contábil
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5 Sumário Com base na h h XX/XX/XX XX/XX/XX
documentação existente
nos autos, elaborar o
sumário dos autos,
indicando o tipo do
documento e a folha dos
autos onde pode ser
encontrado.

6 Assistentes Uma vez aceita a


técnicos participação do perito-
assistente, ajustar a forma
de acesso dele aos
trabalhos.

7 Diligências Com fundamento no h h XX/XX/XX XX/XX/XX


conteúdo do processo e
nos quesitos, preparar o(s)
termo(s) de diligência(s)
necessário(s), onde será
relacionada a
documentação ausente
nos autos.

8 Viagens Programar as viagens h h XX/XX/XX XX/XX/XX


quando necessárias.

9 Pesquisa Com fundamento no h h XX/XX/XX XX/XX/XX


documental conteúdo do processo,
definir as pesquisas, os
estudos e o catálogo da
legislação pertinente.

10 Programa Exame de documentos h h XX/XX/XX XX/XX/XX


de trabalho pertinentes à perícia.
Exame de livros contábeis, h h XX/XX/XX XX/XX/XX
fiscais, societários e
outros.
Análises contábeis a h h XX/XX/XX XX/XX/XX
serem realizadas.
Entrevistas, vistorias, h h XX/XX/XX XX/XX/XX
indagações, investigações,
informações necessárias.
Laudos interdisciplinares e h h XX/XX/XX XX/XX/XX
pareceres técnicos.
Cálculos, arbitramentos, h h XX/XX/XX XX/XX/XX
mensurações e avaliações
a serem elaborados.
Preparação e redação do h h XX/XX/XX XX/XX/XX
laudo pericial.

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11 Revisões Proceder à revisão final do h h XX/XX/XX XX/XX/XX
técnicas laudo para verificar
eventuais correções, bem
como verificar se todos os
apêndices e anexos
citados no laudo estão na
ordem lógica e
corretamente enumerados.

12 Prazo Diante da expectativa de h h XX/XX/XX XX/XX/XX


suplementa não concluir o laudo no
r prazo determinado pelo
juiz, requerer, antes do
vencimento do prazo
determinado, por petição,
prazo suplementar,
reprogramando o
planejamento.

13 Entrega do Devolver os autos do h h XX/XX/XX XX/XX/XX


laudo processo e peticionar,
pericial requerendo a juntada do
contábil. laudo e levantamento ou
arbitramento dos
honorários.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ALBERTO, Valder L. Palombo. Perícia Contábil. Ed. Atlas, 2ª ed., 2000.

CABRAL, Gilson Vieira. AGUIAR, João Luis. SILVA, Ruiter Carlos. Honorários do
Perito Judicial. Goiânia, 2005, 25 f. Trabalho de conclusão de curso, Programa de
Pós-Graduação em Perícia Judicial, pela UCG/IPECON, 2005.

CFC – Conselho Federal de Contabilidade - Normas Brasileiras de Contabilidade:


Do perito e Da perícia. Disponível em: http://cfc.org.br/wp-
content/uploads/2016/02/NBC_PP_25032015.pdf, http://cfc.org.br/wp-
content/uploads/2016/02/NBC_TP_25032015.pdf. Data de acesso: 27/07/2016

CFC – Conselho Federal de Contabilidade - Normas Brasileiras de Contabilidade:


Exame de Qualificação Técnica. Disponível em:
http://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2016/NBCPP02&arqui
vo=NBCPP02.doc Data de acesso: 31/01/2018

CRC – Conselho Regional de Contabilidade da BAHIA – Cartilha de Perícia


Contábil, Mediação e Arbitragem. Disponível em: http://www.crcba.org.br/new/wp-
content/uploads/2016/11/cartilha-perito-contabil-2016.pdf Data de acesso:
31/01/2018.

DIDIER JR., Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael. Curso de Direito
Processual Civil: teoria da prova, direito probatório, teoria da precedente, decisão
judicial, coisa julgada e antecipação da tutela. 5. Ed. Rev. Amp. Salvador:
JusPodivm, 2010, v.2.

JÚNIOR, Humberto Theodoro. Curso de Direito Processual Civil. Vol. 2. 49. Ed. Rio
de Janeiro: Editora Forense, 2008.

LEI Nº 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015: Novo Código de Processo Civil.


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm Data de
acesso: 27/07/2016.

LEI Nº 13.129, DE 26 DE MAIO DE 2015: Arbitragem. Data de acesso: 27/07/2016.


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13129.htm Data de
acesso: 31/01/2018.

MARQUES, José Frederico. Curso de Direito Processual Civil – Processo de


Conhecimento. São Paulo: Saraiva, 1999.

MELO, GILBERTO DA S. O Perito Assistente Técnico. Disponível em:


http://gilbertomelo.com.br/artigos/atividade-pericial/167-o-papel-do-perito-assistente-
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MELO, GILBERTO DA S. Principais alterações da Prova Pericial. Disponível em:


http://gilbertomelo.com.br/ncpc-principais-alteracoes-da-prova-pericial/. Data de
acesso: 27/07/2016.

Pág.118
Perícia Contábil
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________________________________________________________________________

MELLO, DANIEL. Adaptação do texto: Qualificação e Ética do Perito Contador.


2009.

NERY JÚNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Comentários ao Código de


Processo Civil. São Paulo: Editora RT, 2015.

PASTORI, SÉRGIO. Novo Código de Processo Civil: alterações na perícia. Artigo


publicado em: http://peritocontador.com.br/wp-
content/uploads/2015/09/S%C3%A9rgio-Pastori-A-PER%C3%8DCIA-NO-NOVO-
CPC.pdf Data da pesquisa: 22/07/2016.

SANT’ ANNA, VALÉRIA M. Arbitragem. Comentários à Lei n.º 9.307 de 23-9-96. 1ª


Edição. São Paulo: Edipro, 1997.

SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil. Vol. 2. 24.
ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
SERPA, Júlio César Lopes. Aspectos da perícia judicial no novo Código de
Processo Civil, pesquisa no artigo publicado em:
https://jus.com.br/artigos/37431/aspectos-da-pericia-judicial-no-novo-codigo-de-
processo-civil Data da pesquisa: 22/07/2016.

SILVEIRA, Artur Barbosa da. Prova Pericia no novo CPC. Pesquisa no artigo
publicado em http://www.prolegis.com.br/prova-pericial-prova-documental-e-
arguicao-de-falsidade-no-novo-cpc/ Data da pesquisa: 22/07/2016.

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, pesquisa de julgados em www.stj.jus.br. Data


da pesquisa: 27/05/2015.

Pág.119

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