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RESUMO
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IX SIMPÓSIO DE ROCHAS ORNAMENTAIS DO NORDESTE
10 a 13 abril de 2016, João Pessoa - PB
ABSTRACT
The lack of concern for the safety of workers in some working environments in Brazil generates a
very high cost for the country. About 700,000 cases of work accidents are recorded on average in
Brazil every year, not including unreported cases officially, and according to the Ministry of
Welfare, the country spends about US $ 70 billion with this type of accident each year. Mining is,
among all of the industrial activities, one of the most dangerous, still responsible for the highest
mortality rates. Within the natural stones sector, accidents are also frequent, being the most
dangerous, fatal in many occasions, those occurred during the stones handling. Unhappily, a
raising on workers awareness on health and safety issues, the last years, has not followed the
great pace of this sector’s technological development. Many workplaces and activities are
dangerous or unhealthy amongst natural stones mining and processing and many accidents and
incidents, usually not informed to the authorities, could be avoided with educational health and
safety programs. Similarly, the workers’ health protection against continuous exposure to harmful
agents, has been relegated to a background, as it can be frequently observed, within this sector,
the use of inadequate protective equipment and, with rare exceptions, the lack of collective
protection systems and continuous training. This paper addresses these issues specifically for the
various work activities of extraction and processing of natural stones, detailing the risks involved,
the rules of the Ministry of Labor and the equipment and devices aimed at reducing those risks for
a greater health protection of the stone workers.
1. INTRODUÇÃO
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de acidente relacionado ao trabalho. A OIT aponta ainda 5.500 mortes por dia, ou seja, mais de
dois milhões de mortes por ano devido a enfermidades relacionadas com o trabalho, mais de
trezentas mil pessoas morrem a cada ano como consequência de acidentes no trabalho, mais de
cem milhões de pessoas sofrem de doenças não letais relacionadas com o trabalho e mais de
trezentos milhões de acidentes laborais não mortais ocorrem a cada ano. Mesmo que as
condições de saúde e segurança no trabalho sejam diferentes entre os países o que se sabe é que
em todo o mundo os mais pobres e os menos desprotegidos (mulheres, crianças e os migrantes)
são os mais afetados.
No Brasil, de todos os setores industriais, a mineração é um dos mais perigosos. A indústria
extrativa mineral é ainda responsável pelas maiores taxas de mortalidade dentre toda a indústria
brasileira, na ordem de 30% seguida pelo setor da construção civil 17%. (PELLEGRINELLI, 2013).
Dentro da mineração, o setor de rochas ornamentais, que se estima tenha gerado, pelo menos,
50.000 empregos diretos nos últimos 12 anos (ABIROCHAS, 2013), apresenta altos índices de
acidentes de trabalho, e os acidentes mais graves, quase sempre fatais, que acontecem na
produção de rochas ornamentais, ocorrem durante a movimentação de cargas, tanto de chapas
nas empresas quanto de blocos nas estradas. Por esse motivo, existem normas específicas para
essas atividades (a NR11 – movimentação de chapas e a Resol. Contran 354 para o transporte de
blocos).
No Espírito Santo, principal polo produtor e exportador de rochas ornamentais do país, 10
pessoas perderam a vida em acidentes considerados de trabalho em 2012, sendo quatro mortes
em pedreiras, três no trajeto, dois no beneficiamento e uma durante o transporte do material em
que o motorista foi a vítima. Infelizmente, de janeiro a junho de 2013 foi alcançado esse mesmo
número de 2012, de 10 acidentes fatais no setor de rochas ornamentais, com cinco mortes no
Estado do Espírito Santo, duas no Estado da Bahia, duas no Estado de Manaus e uma em Recife.
Em 2014 mais 10 pessoas também acabaram perdendo a vida sendo vítimas fatais do setor de
rochas ornamentais e em 2016 já foram contabilizadas três mortes até o momento
(SINDIMARMORE, 2016).
De acordo com as informações do Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho de 2013 do
Ministério da Previdência Social, foram registrados, no Brasil, 717.911 acidentes do trabalho,
sendo 13.271 no estado do Espírito Santo. Esses acidentes são decorrentes das atividades típicas
da função dos trabalhadores, sofridos no trajeto e doenças do trabalho (ANUARIO BRASILEIRO DE
PROTEÇÃO, 2015). Provavelmente esses números são maiores já que em muitas empresas a
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2. ACIDENTES DE TRABALHO
Acidente de trabalho é todo dano sofrido por alguém, devido ao trabalho, que tenha requerido
tratamento médico ou resulte em perda de consciência ou morte. Pode causar lesões corporais ou
perturbações funcionais, pode resultar em morte, perda e redução, permanente ou temporária,
das capacidades físicas ou mentais do trabalhador, etc. Além dos acidentes que acontecem nos
locais do trabalho também são tratados como tais:
Doenças provocadas pelo trabalho. Ex: problemas de audição, visão, etc.;
Acidentes que ocorrem fora do local de trabalho, mas durante o trabalho;
Doenças causadas pelas condições de trabalho. Ex.: inalação de poeira;
Acidentes que ocorrem no trajeto do trabalho para casa;
Acidentes que ocorrem em viagens a serviço da empresa.
Um acidente é algo que acontece quando convergem diversas condições fora do comum em
um determinado ambiente. Raramente um acidente terá uma única causa, sendo o mais
frequente que se deva à combinação de diversos fatores. Os fatores que podem contribuir com a
ocorrência de acidentes podem estar relacionados com as pessoas (empregadores, empregados,
terceirizados, visitantes) ou com o ambiente de trabalho.
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O Ruído é um dos principais agentes físicos que afetam à saúde dos trabalhadores,
principalmente por ocorrer em quase todos os ambientes de trabalho e ter um caráter, muitas
vezes, continuo. Profissionais de segurança e saúde do trabalho consideram o ruído como um dos
maiores problemas relacionados à saúde do trabalhador.
A exposição de um trabalhador a ruído contínuo ou intermitente leva a alterações
estruturais no ouvido interno, que determinam a ocorrência da Perda Auditiva Induzida por Ruído
(Pair). A Pair é a reclamação mais frequente quanto à saúde dos trabalhadores de todos os
setores (GABAS, 2004).
O trabalhador portador de Pair pode desenvolver intolerância a sons intensos, queixar-se
de zumbido e de diminuição de inteligibilidade da fala, com prejuízo da comunicação oral. O ruído
pode ocasionar também outros problemas de saúde como: zumbido no ouvido, alterações
digestivas e cardíacas, fadiga, dor de cabeça e redução na concentração (BRASIL, 2014).
Considerando que a perda auditiva é irreversível e progressiva, é fundamental que os
efeitos do ruído sejam evitados com a eliminação ou redução da exposição, utilizando-se do
equipamento de proteção individual para proteção auditiva.
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atingindo principalmente os membros superiores como a região escapular e a região cervical. Esta
patologia é reconhecida pela legislação brasileira, e já é considerada uma epidemia (SUS, 2013).
4. UTILIZAÇÃO DE EPI
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A segunda etapa do ciclo produtivo das rochas ornamentais é o beneficiamento, fase na qual
os blocos extraídos nas pedreiras passam pelo processo de desdobramento em chapas
denominado serragem, em teares multilâmina ou multifio. As chapas são submetidas a polimento
ou outros acabamentos superficiais, mediante diversos processos abrasivos e utilização de resinas
e outros produtos químicos. As funções mais importantes desempenhadas pelos trabalhadores
nesses processos são de serrador, polidor, resinador, operador de ponte, cortador e acabador. Os
acidentes mais graves acontecem na movimentação das chapas, pois devido ao seu peso, a queda
de uma chapa sobre um trabalhador, quase sempre resulta em morte. Esses acidentes acontecem
na área de serragem, na hora de se retirar as chapas do tear, na área de polimento onde há maior
movimentação das chapas e, com maior frequência, no carregamento nos caminhões ou
containers. No entanto, todas as funções do trabalhador das rochas ornamentais envolvem riscos
que devem ser mapeados para se tomarem as medidas de proteção adequadas.
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Profissionais muito próximos à máquina Capacete tipo aba frontal, óculos de lente
Operador de e por isso correm o risco de serem com tonalidade escura, protetor auditivo
Extração fio atingidos pelo fio quando esse se rompe. tipo concha, EPI para proteção do tronco,
diamantado Além disso, ficam expostos à poeira, ao calçado e filtro solar
ruído intenso e a umidade.
Rompimento dos cabos de aço que içam Capacete tipo aba frontal, óculos de lente
Manobreiro o bloco para transporte. Podem atingir com tonalidade escura, protetor auditivo
(manobrista) tanto o manobrista como os outros. tipo plug, calçado e filtro solar
Expostos também a poeira e ruídos.
Exposição a poeira, ruídos, Capacete tipo aba frontal, óculos de lente
Encarregado desmoronamento, arremessamento. com tonalidade escura, protetor auditivo
tipo concha, calçado e filtro solar
Exposição a poeira, ruídos, Capacete tipo aba frontal, óculos de lente
Supervisor desmoronamento, arremessamento. com tonalidade escura, protetor auditivo
tipo plug, calçado e filtro solar
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8. SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA
9. CONCLUSÃO
Apesar da grande evolução tecnológica do setor de rochas ornamentais no país que tem
permitido melhorias pela diminuição dos riscos aos quais os trabalhadores estão expostos, bem
pelo uso de equipamentos em substituição de ferramentas manuais, bem pela automatização de
atividades reduzindo o número de trabalhadores expostos, observa-se que falta conscientização
entre trabalhadores e empresários da importância da utilização de sistemas, equipamentos
individuais e coletivos e, sobretudo, capacitação, para reduzir os riscos à saúde dos trabalhadores
e diminuir os acidentes e suas consequências.
Nos trabalhos de campo realizados pela equipe do Núcleo Regional do Espírito Santo – NRES,
unidade do Centro de Tecnologia Mineral – CETEM/MCTI localizada em Cachoeiro de Itapemirim,
tem se observado, com frequência, a falta ou inadequação dos sistemas de proteção à saúde e
segurança dos trabalhadores. Mesmo quando esses são disponibilizados pelas empresas, são
negligenciados pelos próprios trabalhadores, devido à falta de capacitação continuada. Em um
estado como o Espírito Santo, principal polo da produção e exportação de rochas do país e no qual
quase todos, se não todos, de seus 78 municípios contam com algum tipo de atividade relacionada
à produção e comércio de rochas ornamentais, a importância de se investir em ações de
capacitação adquire maiores proporções.
Com o objetivo de contribuir com o setor nesse sentido, o NRES/CETEM está elaborando
uma Cartilha de Segurança do Trabalho para o Setor de Rochas Ornamentais, nos moldes da já
publicada para pequenas pedreiras, mas visando orientar trabalhadores de médias e grandes
pedreiras e do setor de beneficiamento.
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ANUARIO BRASILEIRO DE PROTEÇÃO. Novo Hamburgo: Revista Proteção, Edição especial. V.20.
2015.
REGAZZI, Rogério Dias. Análise da vibração e referências normativas. (on line). Disponível em:
http://isegnet.porta80.com.br/siteedit/arquivos/3R%20CURSO%20Vibracao%20no%20Corpo%20
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