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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

ESCOLA DE ENFERMAGEM E FARMÁCIA


FARMACOTÉCNICA I

MÉTODOS EXTRATIVOS
Mestranda: Ilza Fernanda Barboza Duarte
Prof. Orientador: Dr. Irinaldo Diniz Basílio Júnior

Maceió, 2018
TEORIA DA EXTRAÇÃO

Técnica para purificação e separação de sólidos. Baseia-se no fato


de que a solubilidade dos sólidos varia em função do solvente.

Seleção do material:
• Coleta
• Preparo ou tratamento da droga
• Estabilização e secagem
• Moagem
 COLETA DO MATERIAL
O teor de princípio ativo de uma planta medicinal varia de órgão para Exsicata
órgão, com a idade, época da colheita e mesmo com o período do dia
do qual é efetuado.
Vários fatores influenciam na melhor época de colheita:

Fonte: Google imagens


 Temperatura (óleos essenciais), chuvas, ventos
 Estágio de desenvolvimento do vegetal
Seleção do material deve ser feita com cuidado, evitando:
 Coleta de partes do vegetal afetada por doenças;
 Coleta de partes do vegetal contaminadas com parasitas;
 Associadas a materiais estranhos (ex: outras plantas).

Exsicata de Macela
(Achyrocline disjuncta
Hemsl)

Couve-flor
Mofo branco resíduos
 PREPARO OU TRATAMENTO DA DROGA

1. Lavagem - feita para eliminar massa de terra (no caso de raízes).


Para diminuir contaminação por microorganismos usa-se água
deionizada ou água hipoclorada.

2. Mondagem – consiste na retirada da camada externa de qualquer


órgão (Ex: Raiz), visando eliminar impurezas e substâncias que,
quando presentes, poderiam redundar no desdobramento dos
princípios ativos.

3. Escolha e cuidado com a exposição ao ar (oxidação).


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 ESTERILIZAÇÃO E SECAGEM
É o tipo de tratamento mais comum e seu objetivo é eliminar certa quantidade
de água do órgão vegetal. Esse tipo de tratamento, além de diminuir o volume
da droga, facilita a conservação (Impede reações de hidrólise). A umidade
residual dependerá do tipo de órgão que constitui o material vegetal (Bacchi,
1996)
TEOR DE UMIDADE EM ORGÃOS VEGETAIS
Órgão vegetal Umidade no órgão fresco Umidade permitida na droga
Casca 50 a 55% 8 a 14%
Erva 50 a 90% 12 a 15 %
Folha 60 a 98% 8 a 14 %
Flor 60 a 95% 8 a 15 %
Fruto 15 a 95% 8 a 15 %
Raiz 50 a 85% 8 a 14 %
Rizoma 50 a 85% 12 a 16 %
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Semente 10 a 15% 12 a 13%
 TIPOS DE SECAGEM
Natural:
Ao sol - pode ocorrer perda de princípios ativos voláteis e termolábeis e oxidação de certos
princípios ativos.
A sombra - processo lento e pode sofrer ação de enzimas.

Artificial:
Circulação de ar - (comparado a secagem a sombra) perda de princípios ativos voláteis.
Aquecimento - realizado em estufa (comparado a secagem ao sol) a temperaturas de 35 a 40 °C
não acarreta destruição de princípios ativos.
Aquecimento mais passagem de ar - mais eficiente, rápido e leva a perda dos constituintes
voláteis. Excelente método para princípios ativos não voláteis que podem sofrer ação de enzimas.
A vácuo - Perda de princípios ativos voláteis.
Liofilização - Remoção da água por sublimação, é o melhor processo, mas é mais caro.

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Secagem a vácuo
Ao ar livre (sombra)

Fonte: Google imagens


Liofilização Industrial
Ao sol

Secagem por aquecimento Aquecimento mais passagem de ar


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MÉTODO DE EXTRAÇÃO

O termo extração significa retirar, da forma mais seletiva


e completa possível, as substâncias ou fração ativa contida
na droga vegetal, utilizando, para isso, um líquido ou mistura
de líquidos tecnologicamente apropriados e
toxicologicamente seguros (Simões, 2003).
MÉTODO DE EXTRAÇÃO

Na escolha de um método extrativo, deve-se avaliar:

•Eficiência
•Estabilidade das substâncias extraídas
•Disponibilidade dos meios
•O custo do processo escolhido
considerando a finalidade do extrato que se quer preparar.
FATORES QUE DEVEM SER OBSERVADOS PARA
EXTRAÇÃO DE PRINCÍPIOS ATIVOS DE PLANTAS

•Características do material vegetal;

Fonte: Google imagens


•Grau de divisão;
•Meio extrator (solvente);
•Metodologia de extração;

Tecido mais delicado Tecido extremamente compactados


NATUREZA DO SOLVENTE

Apesar da ampla variedade de substâncias extrativas líquidas


conhecidas, são poucas as utilizadas na extração de drogas vegetais.

PARÂMETROS QUE DEVEM SER OBSERVADOS NA SELEÇÃO:


 Propriedades extrativas

 Adequação tecnológica

 Inocuidade fisiológica
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NATUREZA DO SOLVENTE

SOLVENTE TIPOS DE SUBSTANCIAS


PREFERENCIALMENTE EXTRAÍDAS
Éter de petróleo, hexano: Lipídio, ceras, pigmentos, furanocumarinas;

Tolueno, diclorometano, Bases livre de alcalóides, antraquinonas livres,


clorofórmio: óleos voláteis, glicosídeos cardiotônicos;
Acetato de etila, n-butanol: Flavonóides, cumarinas simples;

Etanol, metanol: Heterosídios em geral;

Misturas hidroalcoólicas, Saponinas, taninos;


água:
Água acidificada: Alcalóides;

Água alcalinizada: saponinas

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MÉTODOS DE EXTRAÇÃO A FRIO

MACERAÇÃO

Este processo fica restrito quando se trabalha com substâncias


ativas pouco solúveis, plantas com elevado índice de intumescimento
e possíveis proliferações microbianas.
MACERAÇÃO

• Recipiente fechado
• Temperatura ambiente

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• Durante um período prolongado (horas ou dias)
• Sob agitação ocasional
• Sem renovação do líquido extrator
• Processo estático
 MACERAÇÃO

Fatores que influenciam sua eficiência:

•Vinculados ao material vegetal: quantidade, natureza, teor de


umidade, tamanho da partícula, capacidade de intumescimento.

•Vinculados ao líquido extrator: seletividade e quantidade.

•Vinculados ao sistema: proporção droga: líquido extrator,


temperatura, agitação, ph, tempo de extração.
 MACERAÇÃO -> Aumento da eficiência de extração

• Digestão: consiste na maceração, realizada em sistema aquecido a 40


– 60°C;

• Maceração dinâmica: maceração feita sob agitação mecânica


constante;

• Remaceração: quando a operação é repetida utilizando o mesmo


material vegetal, renovando-se apenas o líquido extrator.
 MACERAÇÃO

Vantagens: Desvantagens:
•Simplicidade
•Baixo custo •Processo lento
•Não degrada princípios •Não conduz ao esgotamento
da matéria prima vegetal
ativos termolábeis (saturação do líquido extrator)
•Água ou misturas
hidroalcóolicas inferiores a 20%
-> proliferação microbiana
MÉTODOS DE EXTRAÇÃO A FRIO

PERCOLAÇÃO

A percolação ou lixiviação, é indicada em processo extrativos de


substâncias farmacologicamente ativas, presentes em pequena
quantidade ou pouco solúveis.
 Tem como característica comum a extração exaustiva das
substâncias ativas.
PERCOLAÇÃO

• Processo dinâmico
• Arrastamento do princípio ativo pela passagem

Fonte: Google imagens


contínua do líquido extrator
• Esgotamento do material através do gotejamento
lento do material
• Percolador pode ser de vidro ou metal
• Umedecimento antecipado da droga
 PERCOLAÇÃO

Vantagens: Desvantagens:

•Esgotamento da droga •Grande quantidade do líquido


vegetal extrator
•Processo rápido
•Soluções extrativas
mais concentradas
MÉTODOS DE EXTRAÇÃO A FRIO

TURBÓLISE

Fonte: Google imagens


A extração ocorre concomitante com a redução
do tamanho da partícula, empregando-se um
equipamento específico (liquidificador industrial).
Recomendado apenas quando se tratar de
materiais de elevada dureza ou muito fibrosos
como caules, raízes, rizomas ou lenhos.
 TURBÓLISE

Vantagens: Desvantagens:

•Quase esgotamento da •Substâncias voláteis


droga vegetal
•Libera calor -> interfere nos
•Rápida dissolução das processos metabólicos
substâncias
•Difícil filtração
•Processo rápido
MÉTODOS DE EXTRAÇÃO A QUENTE

INFUSÃO

Fonte: Google imagens


Esta técnica é aplicada ao preparo de chá de
drogas vegetais constituídas voláteis, sublimáveis
ou termolábeis, as quais devem ser cortadas ou
pulverizadas, a fim de facilitar a extração.
A extração ocorre pela permanência, durante
certo tempo, do material vegetal em água
fervente, num recipiente tapado.
MÉTODOS DE EXTRAÇÃO A QUENTE

DECOCÇÃO

Fonte: Google imagens


É o método extrativo realizado pelo
aquecimento concomitante da droga com o
solvente (água).
Esta técnica é aplicada na extração de drogas
constituídas de substâncias termo-resistentes ou
dificilmente extraíveis (cascas, lenhos, tubérculos,
raízes, etc.)
MÉTODOS DE EXTRAÇÃO A QUENTE

ARRASTE POR VAPOR D’ÁGUA

• Extração de óleos voláteis de plantas frescas


• O óleo volátil obtido, após separar-se da água deve ser seco com
Na2SO4 anidro
• Pode levar à formação de artefatos em função da lata temperatura
empregada
ARRASTE POR VAPOR D’ÁGUA

Aparelho de Clevenger

Os óleos voláteis possuem tensão de


vapor mais elevada que a da água,
sendo, por isso, arrastados pelo
vapor d água

Fonte: Google imagens


MÉTODOS DE EXTRAÇÃO A QUENTE

EXTRAÇÃO EM APARELHO DE SOXHLET

• Processo extrativo de aplicação laboratorial para fins de pesquisa e de


controle de qualidade
• Extrair sólidos com solventes voláteis, empregando o aparelho de
Soxhlet
• Extração altamente eficiente, usando uma quantidade reduzida de
solvente
EXTRAÇÃO EM APARELHO DE SOXHLET

Fonte: Google imagens


EXTRAÇÃO EM APARELHO DE SOXHLET

Vantagens: Desvantagens:

•Esgotamento da droga •Constante temperatura de


vegetal ebulição do solvente
•Pouco solvente •Surgimento de artefatos
•Processo rápido oriundos da decomposição das
substâncias extraídas
OUTROS TIPOS DE EXTRAÇÃO
MICROONDAS

A extração por microondas e por líquido


pressurizado utiliza solventes de muitas
polaridades e a temperatura como suporte,

Fonte: Google imagens


na qual o aquecimento do solvente é
viabilizado pelo uso contínuo da pressão.
A temperatura antecipa a extração, mas
poderá em alguns casos, promover
degradações como a hidrólise ou
racemizações indesejáveis.
OUTROS TIPOS DE EXTRAÇÃO
ULTRASON

Fonte: Google imagens


Utiliza-se correntes de alta frequência,
que promovem com mais efetividade a
fragmentação das estruturas e membranas
celulares do material vegetal, liberando com
mais facilidade os constituintes químicos
OUTROS TIPOS DE EXTRAÇÃO
EXTRAÇÃO POR FLUÍDO SUPERCRÍTICO (EFS)

Fonte: Google imagens


Processo destinado a extração de
substâncias voláteis através do uso de gás
inerte (CO2, N2O, NH3) em condições críticas
de temperatura e pressão. Ao voltar às
condições normais de temperatura e pressão,
libera o material extraído que pode ser
recolhido após o final do processo.
Pode-se conseguir uma maior seletividade
na extração e obter-se produtos mais puros.
EXTRATO SECO X DROGA PULVERIZADA
• Colocar em um tudo de ensaio uma alíquota do material a ser
analisado
• Adicionar cerca de 5 mL de água destilada
• Homogeneizar

• Se ocorrer dissolução total ou parcial do conteúdo trata-se de extrato


seco
• Se não houver dissolução do material trata-se de droga vegetal

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