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História da Habitação

e Mobiliário

Antonio Castelnou
AULA 03
Interiorismo Clássico
◼ Na Antiguidade clássica, tanto os gregos como
os romanos passavam a maior parte do tempo
ao ar livre, pois a vida privada era relegada em
segundo plano. Logo, embora amplas, suas
casas eram simples e pouco mobiliadas.
◼ Eram construções em tijolo, madeira (telhados e
escoramento), mármore e argamassas (cal,
areia e pozolana), possibilitando moradias
dotadas de pátio interno calçado, onde havia
geralmente uma cisterna e um altar.
Ordens Dórica,
Jônica e Coríntia

◼ Em todas as obras,
predominava o emprego
das ORDENS
ARQUITETÔNICAS,
que consistiam em
conjuntos formados pela
combinação de colunas
(base, fuste e capitel) e
entablamento (arquitrave,
friso e cornija). Somente os
ricos possuíam móveis de
qualidade.

Casa grega antiga


Alto-relevo grego
◼ Responsáveis pela economia
doméstica, as mulheres
gregas não saíam da casa,
exceto as hetairas
(cortesãs), que inclusive eram
levadas para casa pelos
homens casados.
◼ A pederastia também era
tolerada, assim como a
convivência com filhos
ilegítimos, que podiam ou não
ser escravos, sendo tratados
mais como crianças do que
animais ou bens.
Casa grega (Séc. IV aC, Priene)
5 4 3
8 10 10

7 7 AMPLIAÇÃO

6
2 2 12
10
6 12
1 entrada (prothiron)
6 9 12
1 2 pátio (aulas)
6 6 6
1 3 sala/copa (oescus)
4 cômodo dos escravos
5 cômodos das mulheres (gineceu) 8 latrina 11 portaria
6 cômodos dos homens (andron) 9 cozinha 12 hóspedes
7 cômodo da dona (thalamos) 10 serviços

◼ A CASA GREGA possuía um pátio (aulas) e cômodos


destinados exclusivamente aos homens (andron), às
mulheres (gineceu) e aos escravos, além de áreas
sociais e de serviços.
Antiga casa romana

◼ Assimilando as
aquisições culturais e
intelectuais dos gregos,
os antigos ROMANOS
adotaram as mesmas
formas habitacionais,
construindo com a
técnica grega casas de
três tipos: a urbana
(domus); a de campo
(villa) e a de vários
andares (insula).
◼ Multiplicaram-se os pátios 12
(atrium) e o uso dos espaços
internos aumentou e a DOMUS 5
passou a reunir áreas de negócios
e visitas, assim como a priorizar a
privacidade através de cortinas,
banhos e quartos particulares 10 11 10
16
(cubiculum).
1 Vestibulum (entrada) Casa do Fauno 15
(séc. II aC, 4
2 Atrium toscano 14
Pompéia)
3 Atrium tetrastilo
4 Atrium peristilo 8 7 9
5 Grande peristilo 11 Exedra
6 Cubicula 12 Posticum 3
7 Tablinium 13 Taverna 6 13
2
8 Triclinium otonal 14 Banheiro
9 Triclinium invernal 15 Cozinha 1
10 Triclinium estival 16 Estábulo
ARQUITETURA DOMÉSTICA EM POMPÉIA
peristilo Cubiculum (quartos) atrium

exedra posticum
alae

hortus

Triclinium
(sala de jantar)
fauces

cozinha
tabernae

Tablinium
vestibulum
(sala de estar)
Villa
Adriana
◼ Geralmente, voltada para (118-38 dC,
o triclinium – local que Tívoli)
servia de sala de recepção
e de jantar – a DOMUS
possuía ainda pouca
mobília. Somente estátuas,
fontes e pinturas a
ornamentavam.
◼ O dormitório (cubiculum)
tornou-se um retiro íntimo
e particular, sendo mais
isolado. No campo, a
VILLA era uma casa
secundária de lazer.

Insulae
◼ O relativo conforto de uma domus ou villa –
comparado ao das insulae (casas coletivas) –
dependia da continuidade do progresso político
e econômico do Império Romano, o qual a partir
do século III dC começou a se esfacelar.

◼ Com as INVASÕES BÁRBARAS, as cidades


romanas decaíram gradativamente e o alto
padrão de vida acabou sumindo. Preservada em
alguns locais, a cultura clássica sobreviveu, mas
os lares transformaram-se radicalmente.
Estilo Grego
◼ Expressão artística que se
localizou essencialmente
na Península Balcânica,
na Europa, e que
conheceu o auge do
desenvolvimento entre
os séculos VI e IV aC.,
Voluta
quando da invasão
macedônica.
Antefixa

Palmeta
Kline

◼ A CULTURA GREGA
derivou da civilização
micênica e sua arte e klismos
arquitetura evoluiu com os
seguintes períodos:
➢ Geométrico (1200-700 aC)
➢ Arcaico (700-500 aC)
➢ Pré-clássico (500-450 aC,
até a conquista dos persas)
➢ Clássico (450-200 aC)
➢ Helênico
(200 aC até o Cristianismo)

Alto-relevo
◼ Os INTERIORES GREGOS
eram elegantes e
proporcionais,
caracterizando-se por altos-
Palmeta relevos, painéis pintados e
policromia, com predomínio
de ocre, preto e vermelho-
acastanhado.
◼ Sua temática decorativa era
baseada em deuses, heróis,
folhas de acanto, palmetas
(palmitos estilizados) e
rosetas (botões
contornados).
Acanto
Rosetas
Vaso

Klismos

◼ Os móveis gregos mais usados eram a cadeira


(klismos), a mesa, a arca e a cama (kline), feitos em
pinho e cedro, recobertos por folhas de metal ou
filetados. As cadeiras possuíam encosto côncavo – às
vezes com almofada – e pés geralmente curvos.
Estilo Grego
Lararium
(altar sagrado

Estilo Romano
doméstico)
Cinerarium
(depositário de cinzas)
◼ Expressão artística que
se estabeleceu com o
Império Romano, de
bases helênicas e
originário da Península
Itália, cujo avanço
conquistador organizou
províncias por todo o
Mediterrâneo em fins
do século II aC.

Império Romano
Séc. I dC
Grutesco

◼ Grandes e elegantes,
os AMBIENTES
ROMANOS eram
caracterizados por
afrescos (pinturas murais
com motivos alegóricos),
estuques (relevos aliados
a pinturas com temas
fantasiosos ou mitológicos)
e grutescos
(ornamentação colorida
Afresco reunida em combinações
geométricas).

Estuque
◼ Os antigos romanos
enfeitavam as paredes e
os pisos com motivos
suntuosos, tais como
paisagens, cenas
mitológicas e mosaicos
de frutas. Havia também
imagens eróticas e
símbolos religiosos.

Afrescos
◼ Os motivos decorativos mais comuns eram águias em
perfil, coroas e guirlandas, bucrânios (crânios
bovinos com chifres enguirlandados), vitórias aladas
(com pés em globos) e folhagens espiraladas
(enrolamentos de acanto ao redor de uma roseta )
Triclínio (sofá de 3 lugares)

◼ Os MÓVEIS eram feitos


em vime, madeira e
bronze, sendo os últimos
os mais ricos, às vezes
gravados e cinzelados;
Cadeiras outras, recobertos de
prata e outros metais
preciosos, sendo
frequentes cadeiras,
banquetas, mesas,
armários, camas e
respectivos adornos.

Curul (banco dobrável)


Estilo Romano
Estilo Persa
◼ Expressão artística dos
povos que viviam no
planalto que separa a
Bacia Mesopotâmica
daquela do rio Indo –
principais cidades: Susa,
Pasárgada e
Persépolis – e que
dominavam os atuais
territórios do Irã, Iraque,
Afeganistão, parte da
Rússia e Turquia Asiática.
Capitel
Sassânico
◼ Suas casas e palácios eram
feitos em alvenaria sobre
plataformas elevadas, com
abóbadas e ornatos esculpidos.
◼ Os principais ornatos eram
leões e touros alados com
cabeças humanas, baixos-
relevos e ladrilhos esmaltados.
◼ Decoração modulada, com
harmonia e proporção, além de
grande esbeltez e policromia
(emprego de losangos,
triângulos e espirais).
1 Portão de Xerxes
2 Apadana
1 3 Salão do Trono
4 Tesouro
5 Palácio de Xerxes
6 Palácio de Dario
7 Conselho

2
3
7
6

5
4

Cidade-Palácio de Persépolis
(518-331 aC, atual Irã)
◼ Não eram os móveis, leves
e escassos, que davam a
impressão de riqueza
persa, mas os tapetes,
cortinas e almofadas.

◼ Havia grande riqueza e


preciosidade do
vasilhame, assim como
joias e cerâmicas
decoradas, com estilização
de animais e flores.
◼ Na antiga Pérsia, havia um alto grau de ESTILIZAÇÃO,
o que promoveu vários motivos ornamentais, que
variavam de região para região, devido a diferenças de
flora e fauna. Posteriormente, o estilo acabou alterando-
se pela influência muçulmana.
Estilo Persa
Shiva

Estilo Hindu
◼ Expressão artística da
civilização que dominou a
região dos rios Indo e
Ganges na Península
Indiana, desde 2500 aC,
a qual foi inicialmente
composta pelos drádivas e,
a partir de 1400 aC, pelos
arianos, que escravizou os
primeiros e impôs o sistema
de castas (HINDUÍSMO).
◼ As antigas casas hindus eram
simples como as do Oriente
Médio, mas os palácios tinham
uma decoração rica em
cores, estampas e texturas.

◼ Enfeitados com flores e


entalhados em madeira,
os móveis eram sólidos e
rústicos, sendo comuns mesas
e cadeiras dobráveis.

◼ Além dos tapetes exuberantes,


havia frequente uso de
cortinas e colchas em seda,
com almofadas policrômicas.
Mandala

◼ Em tons de amarelo, vermelho e laranja, conjugados


aos dourados e castanhos, os interiores hindus eram
confortáveis, com móveis em madeira escura ou bambu,
além de figuras de animais (vacas, elefantes e pavões).
Estilo Hindu
Estilo Oriental
◼ A arquitetura doméstica
do Extremo Oriente
(China e Japão) foi
bastante influenciada
pelos elementos
naturais, características
culturais e crenças
religiosas.
◼ O BUDISMO deu
origem a um estilo
decorativo bizarro, cuja
forma acaba
inteiramente escondida
por uma ornamentação
colorida e exagerada.
◼ A CASA CHINESA (ting) tradicional era de um
só andar, de preferência construída ao centro
de um parque e acima do solo mediante um
aterro, sendo formada por um conjunto de
vários aposentos retangulares, antecedido por
um vestíbulo e uma sala comum de chá.
◼ Havia ainda um PÁTIO INTERNO, no qual os
moradores costumavam se reunir nas melhores
estações; e que iluminava os aposentos,
habitualmente privados de abertura sobre a
fachada principal. Suas paredes externas eram
feitas em barro ou pedra, enquanto as internas
eram em estrutura de madeira e papel-seda.
◼ Painéis de papel oleado, gaze ou madrepérola (cortinas)
serviam de tapumes, diante das aberturas, ao passo que
leves biombos de bambu, seda ou papel, eram instalados
para criar ângulos mais recatados, a fim de se poder
conversar ou mesmo repousar.
1 Entrada principal 6 Aposento principal (pais)
2 Aposentos dos servos 7 Crianças e idosos
3 Primeiro pátio (cozinha e serviços)
4 Aposentos de filhos e suas famílias ou hóspedes
5 Segundo pátio (vida social)

Casa
tradicional
chinesa
◼ Os INTERIORES tinham
pouquíssimos móveis – pequenos,
entalhados ou laqueados –, mas
eram ricamente decorados com
ouro, bronze e porcelanas, além
de possuírem painéis pintados
com rara maestria.

◼ O MOBILIÁRIO chinês
caracteriza-se por sua
simplicidade e leveza, possuindo
detalhes entalhados ou
rendilhados, além do predomínio
de linhas retas e materiais crus.
◼ Em composições predominantemente horizontais, além
de talhas e rendilhados, os motivos ornamentais
chineses preferidos eram os dragões e as quimeras,
sempre rebuscados, acompanhados de elementos
florais, o que vai ser bastante apreciado na Renascença.

Aparador
Camas e mesa e cadeiras
Bonsai

Ikebama

◼ Bastante próximo do chinês, o INTERIORISMO


JAPONÊS e COREANO também destacou-se pelo
trabalho em madeira e ornamentação com monstros
fabulosos. Os interiores residenciais eram mais fluidos e
simples., assim como o mobiliário, bastante escasso.
Ramma
Chigaidana (estante) Tokonoma
(painel)

◼ A CASA JAPONESA
possui pouco mobiliário e
qualquer cômodo pode
servir para dormir, comer
ou receber convidados.

Tsukue-shoin Ikebana ◼ As pessoas sentam-se


no chão ou em almofadas
(zabuton), o que amplia
mais o espaço, que é ainda
demarcado pelos tatamis
e fragrância da madeira
hinoki.
Zabuton
Tatami
Biombo

◼ Feitas em estrutura de
madeira e tijolo, as paredes
das moradias eram
atapetadas de seda
multicolorida; e os móveis Aparador
laqueados ou entalhados; e mesa

◼ A decoração era feita por


porcelanas, metais
esmaltados, biombos de
papel pintado e arranjos
florais ornamentais
(ikebanas e bonsai).

Vasos
Estilo
Oriental
Bibliografia
❑ BRUNT, A. Guia dos estilos do mobiliário. Lisboa:
Presença, Col. Habitat, n. 32, 1993.
❑ DUCHER, R. Características dos estilos. São Paulo:
Martins Fontes, 1992.
❑ MALLALIEU, H. (Org.) História ilustrada das
antiguidades. São Paulo: Nobel, 1999.
❑ MONTENEGRO, R. Guia de história do mobiliário.
Lisboa: Presença, 1995.
❑ OATES, P. B. História do mobiliário ocidental. Lisboa:
Presença, 1991.

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