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Elaboração de Itens

ELABORAÇÃO DE ITENS

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ELABORAÇÃO DE ITENS

Elaboração de Itens

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ELABORAÇÃO DE ITENS

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI


Robson Braga de Andrade
Presidente

Gabinete da Presidência
Teodomiro Braga da Silva
Chefe do Gabinete - Diretor

Diretoria de Educação e Tecnologia - DIRET


Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti
Diretor de Educação e Tecnologia

Serviço Social da Indústria - SESI


Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira
Presidente do Conselho Nacional

SESI – Departamento Nacional


Robson Braga de Andrade
Diretor

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor-Superintendente

Paulo Mól Júnior


Diretor de Operações

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI


Robson Braga de Andrade
Presidente do Conselho Nacional

SENAI – Departamento Nacional


Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti
Diretor-Geral

Julio Sergio de Maya Pedrosa Moreira


Diretor-Adjunto

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações

Instituto Euvaldo Lodi – IEL


Robson Braga de Andrade
Presidente do Conselho Superior

IEL – Núcleo Central


Paulo Afonso Ferreira
Diretor-Geral

Eduardo Vaz da Costa Junior


Superintendente

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ELABORAÇÃO DE ITENS

Elaboração de Itens

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ELABORAÇÃO DE ITENS

 2021. SENAI – Departamento Nacional


Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte.

SENAI/DN
Gerência-Executiva de Educação Profissional e Tecnológica - UNIEP

FICHA CATALOGRÁFICA

S491e

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.


Elaboração de itens / Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
Brasília : SENAI/DN, 2021.
63 p. il.

1. Educação Profissional. 2. Elaboração de Itens. I. Título

CDU: 37

SENAI
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
Departamento Nacional
Sede Serviço de Atendimento ao Cliente - SAC
Setor Bancário Norte Tels.: (61) 3317-9989 / 3317-9992
Quadra 1 – Bloco C sac@cni.com.br
Edifício Roberto Simonsen
70040-903 – Brasília – DF
http://www.portaldaindustria.com.br/senai/

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ELABORAÇÃO DE ITENS

Olá!
Reunimos neste material o conteúdo do Curso de Elaboração de Itens que
capacita os docentes para a elaboração de itens de avaliação, elucidando a
importância destas avaliações para tomada de decisões que geram
aprimoramento educacional.
O conteúdo descrito nos módulos do curso é apresentado em formato de
apostila para facilitar a consulta aos assuntos discutidos.
Aproveite!

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ELABORAÇÃO DE ITENS

Sumário
Avaliação da Educação Profissional .................................................................. 9
Visão Geral ......................................................................................................... 16
Itinerário Formativo............................................................................................ 19
Matriz de Referência .......................................................................................... 23
Taxonomia de Objetivos Educacionais............................................................. 28
Estrutura e Requisitos Técnicos ....................................................................... 39
Checklist e Revisão de Itens.............................................................................. 54

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ELABORAÇÃO DE ITENS Avaliação da Educação Profissional

Avaliação da Educação Profissional

As avaliações externas têm avançado muito nos últimos anos em razão da


crescente necessidade de se compreender o que contribui para um sistema
eficaz de aprendizagem dos estudantes.
Estas avaliações permitem indicar insumos, os processos e os resultados
envolvidos com o ensino e a aprendizagem. Ela fornece fundamentos
cientificamente válidos para elaboração de diretrizes e observações
pedagógicas das instituições de ensino.

Tipos de Avaliação
Os principais tipos de avaliação são a avaliação interna e a avaliação externa.
A avaliação interna tem foco no processo de formação e desenvolvimento do
aluno ao longo do curso, para indicar possíveis falhas nos processos de
ensinar e de aprender.
A avaliação externa, também chamada de avaliação em larga escala, é
realizada por agente externo à escola, podendo ser amostral ou censitária.
Essa avaliação descreve a situação em que se encontram periodicamente
sistemas educacionais, unidades escolares, cursos.
A avaliação externa gera políticas de comprometimento e responsabilidade
dos docentes e gestores com os resultados das avaliações. Quando é bem
elaborada ela:
• fornece indicadores para a elaboração de políticas;
• possibilita o estabelecimento e o monitoramento dos marcos de
referência;
• permite a identificação das forças e fragilidades relacionadas ao
desempenho dos alunos;
• possibilita a comunicação dos resultados à sociedade e
aos profissionais envolvidos.

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ELABORAÇÃO DE ITENS Avaliação da Educação Profissional

Sistema de Avaliação da Educação Profissional e


Tecnológica
O SAEP é o Sistema de Avaliação da Educação Profissional e Tecnológica. Ele
tem como objetivos:
• verificar a eficiência, eficácia e efetividade dos cursos de educação
profissional;
• investigar a qualidade da educação profissional desde o início do curso
até a inserção do aluno no mercado de trabalho;
• verificar a viabilidade para a implantação de cursos, o desenvolvimento
e a qualidade das ofertas e eficácia do ensino e aprendizagem;
• verificar a satisfação da indústria com a qualificação do trabalhador.
O SAEP apresenta quatro dimensões.

Avaliação de Projetos de Curso


É desenvolvida na fase de planejamento das ofertas
formativas dos Departamentos Regionais, antes do início do
curso.
Avalia se os projetos de curso:
• contemplam a perspectiva da sociedade e do mundo do
trabalho, no que diz respeito ao alinhamento
as demandas de mercado;
• atendem ao disposto na legislação e normas vigentes;

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ELABORAÇÃO DE ITENS Avaliação da Educação Profissional

• observam o atendimento às diretrizes, normas e ao


direcionamento estratégico da instituição;
• preveem as condições técnico-pedagógica necessárias
para a implantação do curso;
• dispõem dos recursos necessários para o
desenvolvimento do curso.

Avaliação de Desenvolvimento de Cursos


Avalia o desenvolvimento dos cursos em três momentos:
antes do início, durante e ao final. Verifica se as ofertas
formativas estão sendo implantadas e realizadas de acordo
com seus projetos, na perspectiva de todos os agentes
educacionais, bem como na dos alunos.

Avaliação de Desempenho de Estudantes


Avalia os cursos de educação profissional, utilizando como
indicador a proficiência dos alunos ao final do curso. Assim
constrói um diagnóstico dos perfis profissionais dos cursos
oferecidos, em uma perspectiva histórica, para analisar o
processo de ensino e aprendizagem e suas relações com
fatores socioeconômicos, ambientais e culturais.

Pesquisa de Acompanhamento de Egressos


Ocorre após o curso para acompanhar os indicadores de
desempenho dos egressos no mercado de trabalho formal e
informal. Ele identifica a satisfação das empresas com os ex-
alunos do SENAI. Dessa forma, permite o monitoramento
da eficácia do processo de ensino-aprendizagem e a
implementação de políticas e estratégias de melhoria
da qualidade do ensino.

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ELABORAÇÃO DE ITENS Avaliação da Educação Profissional

Avaliação de Desempenho de Estudantes


A Avaliação de Desempenho de Estudantes -
ADE é uma avaliação externa de larga escala,
que avalia os cursos de educação profissional e
produz diagnósticos e referenciais do
desempenho dos estudantes e o alcance do
perfil profissional desejado. Esta avaliação tem
como objetivo:

• produzir referenciais de qualidade de desempenho dos alunos, cursos,


escolas e departamentos regionais;
• elevar a qualidade do ensino e aprendizagem nas Unidades
Operacionais;
• subsidiar a manutenção ou o redirecionamento de ações pedagógico-
institucionais adequadas a seus contextos locais;
• contribuir para os processos da formação continuada dos docentes e
gestores envolvidos;
• analisar o processo de ensino e aprendizagem promovendo maior
visibilidade da formação profissional;
• orientar a expansão da oferta e o aumento permanente da sua eficiência
e eficácia;
• promover a cultura da avaliação;
• criar uma rede de boas práticas;
• atuar de forma integrada com as outras dimensões do SAEP e com
outros projetos da Unidade de Educação Profissional e Tecnológica
do Departamento Nacional do SENAI;
• promover a transparência da oferta dos cursos do SENAI perante a
indústria, sociedade e governo.

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ELABORAÇÃO DE ITENS Avaliação da Educação Profissional

As provas são padronizadas e elaboradas a partir de


uma matriz de referência. Essa matriz norteia todo o
processo de avaliação, para fazer uma melhor análise
dos conhecimentos teórico-conceituais, práticos e
éticos, mobilizados pelo estudante na resolução de
situações-problema.

As provas podem ser objetivas e práticas.


A Prova Objetiva é composta por 40 itens de múltipla escolha,
alinhados aos preceitos da Teoria de Resposta ao Item - TRI, e
os cadernos de prova são montados utilizando-se a
metodologia dos Blocos Incompletos e Balanceados. Esta
metodologia é utilizada em avaliações e permite a montagem
de diferentes cadernos de provas com itens em comum,
balanceados de forma a atender a uma série de critérios
pedagógicos e psicométricos.

A Prova Prática consiste em uma ou mais situações-


problema que requerem do estudante um conjunto de ações
que envolvem habilidades cognitivas e/ou psicomotoras para
a execução de processos e produtos.
Ela insere o estudante bem próximo ao exercício de sua função
no caso de profissões que exigem habilidade manual.

Além das provas, aplica-se questionários contextuais aos estudantes,


docentes, coordenadores e gestores escolares. Os questionários são
instrumentos complementares, que permitem ampliar a visão sobre o
contexto de aprendizagem dos estudantes, uma vez que é fundamental
compreender de que forma fatores extraescolares e intraescolares afetam o
desempenho do estudante.
Outros métodos validados cientificamente para utilização em avaliação
educacional em larga escala são as análises de acordo com a Teoria Clássica
de Testes - TCT e com a Teoria de Resposta ao Item - TRI.

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ELABORAÇÃO DE ITENS Avaliação da Educação Profissional

A Teoria Clássica dos Testes calcula ou afere o resultado


obtido por um respondente em um teste, calculando a
quantidade de acertos do respondente. Quanto maior for a
quantidade de acertos, maior será considerado o domínio
cognitivo apresentado pelo respondente. Neste tipo de prova,
a soma das respostas corretas dadas a uma série de itens
explica o resultado total. O foco é a quantidade de acertos do
estudante, o resultado total.

A Teoria de Resposta ao Item representa um conjunto de


modelos matemáticos que utiliza o item como unidade básica
de análise. Ele determina a probabilidade de um indivíduo
responder corretamente a um item em função da sua
competência. O nível de proficiência é calculado subjacente ao
comportamento observável demonstrado por suas respostas
aos itens do teste. De modo geral, à medida que o nível de
proficiência do respondente aumenta, também aumenta a sua
probabilidade em dar uma resposta correta aos itens da prova.
O foco é a dificuldade dos itens que o estudante acerta.

Etapas da Avaliação de Desempenho de


Estudantes
A operacionalização de avaliações em larga escala como a Avaliação de
Desempenho de Estudantes é de grande complexidade, composta por
diferentes etapas, que devem estar em perfeita consonância com os objetivos
a serem atingidos. Isso assegura diagnósticos de qualidade para a educação.

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ELABORAÇÃO DE ITENS Avaliação da Educação Profissional

Veja o fluxo de avaliação e suas etapas.

A avaliação praticada pelo SENAI usa como base uma abordagem


Multimetodológica que utiliza como diferencial a Teoria de Resposta ao Item -
TRI. Para isso, cada instância desempenha um papel significativo, com
atribuições claramente definidas nas diferentes etapas do processo. Entender
as etapas e os métodos de análise é essencial no processo de elaboração de
itens!

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ELABORAÇÃO DE ITENS Visão Geral

Visão Geral

Um item de avaliação é um processo criativo que exige engenhosidade e


atenção aos detalhes. Por este motivo o elaborador de itens deve ter
habilidades específicas que são essenciais para a criação de bons itens.

Algumas das habilidades desejadas para ser um elaborador de itens são:

Domínio do Itinerário Formativo e matriz de referência


Ter domínio do perfil profissional e do desenho curricular do
curso a ser avaliado, bem como sobre as capacidades da
matriz de referência nas quais versarão os itens.

Familiaridade com o processo de aprendizagem dos


estudantes
Possuir familiaridade com os níveis de desenvolvimento e o
processo de aprendizagem dos estudantes para ajustar a
complexidade e a dificuldade dos itens de avaliação. Se o
elaborador compreende os processos mentais que o
estudante utiliza, consegue elaborar boas alternativas e
distratores plausíveis.

Domínio de linguagem verbal


Dominar a linguagem verbal utilizada pelos estudantes para os
quais o teste está sendo construído.

Técnicas de escrita
Manipular as técnicas de escrever os itens conhecendo suas
possibilidades e limitações. Além disso, deve conhecer as
características gerais de bons itens e precisa estar consciente
dos erros comumente cometidos.

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ELABORAÇÃO DE ITENS Visão Geral

Experiência com a Metodologia SENAI de Educação


Profissional
Reconhecer os fundamentos da Metodologia SENAI de
Educação Profissional, com ênfase na estrutura dos perfis
profissionais e no desenho curricular do curso avaliado,
componentes do Itinerário Formativo de uma área.

A habilidade do elaborador de item engloba também imaginação, criatividade


e simplicidade na invenção de situações que requerem as capacidades e os
conhecimentos desejados. Ao criar itens o elaborador adquire mais
experiência aumentando sua habilidade!

Muitas vezes para a produtividade da elaboração de itens,


sugere-se que essa atividade seja realizada em grupos de
duas ou mais pessoas.

Após definir o avaliador para determinado item ou itens, inicia-se o


processo de elaboração. Ele possui diferentes etapas:

Entender claramente o tipo e o propósito do item que será


utilizado para a Avaliação de Desempenho de Estudantes.

Analisar o Itinerário Formativo como ponto de partida para o


entendimento da matriz de referência.

Apropriar-se da matriz de referência, reconhecendo seus


objetivos, elementos e a sua utilização na elaboração de
itens.

Estruturar o item com requisitos técnicos.

Revisar o item de forma técnica, metodológica, ortográfica e


gráfica.

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ELABORAÇÃO DE ITENS Visão Geral

Um item é a unidade básica de um instrumento de coleta de dados, que pode


ser uma prova, um questionário etc. Cada tipo de item de avaliação tem um
objetivo distinto. Os tipos de item são:
• Item de resposta livre ou de resposta construída – ele exige que o
estudante elabore um texto, com um ou mais parágrafos, em resposta a
uma situação-problema proposta.
• Item de resposta orientada ou objetiva – ele exige que o estudante
identifique e escolha a alternativa/resposta correta entre as várias
opções. Podem ser questões de múltipla escolha ou uma questão de
verdadeiro/falso.

É importante O item que avalia o processo formativo deve


diferenciar itens que retratar o desenvolimento da capacidade num
são elaborados para determinado momento deste processo.
provas que avaliam
o processo
O item que avalia a qualidade da
formativo daqueles
aprendizagem ao final de um ciclo completo
que avaliam o curso
de escolarização, deve abordar capacidades já
ao seu final.
consolidadas do estudante.

O entendimento do tipo e propósito do item é a primeira etapa para elaboração


de um item de qualidade. É muito importante para o elaborador de itens
compreender todas estas etapas.

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ELABORAÇÃO DE ITENS Itinerário Formativo

Itinerário Formativo

A Metodologia SENAI de Educação Profissional determina que antes de


estruturar um curso seja constituido um Comitê Técnico Setorial que será
responsável pela definição do perfil profissional. A determinação do perfil é
importante, pois descreve o que o trabalhador deve ser capaz de realizar no
campo profissional correspondente a uma ocupação.

Roteiro Possibilidades A partir de um conjunto de perfis


profissionais definidos para uma área, o
Aproveitamento Etapa Itinerário Formativo é estruturado
Formação Rumo Rota estabelecendo os vínculos entre esses
perfis. Este Itinerário Formativo é uma a
Instrução Educação organização curricular com todas as
Trajetória Organização etapas, trajetórias e possibilidades da
Educação Profissional e Tecnológica para
determinada área.

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ELABORAÇÃO DE ITENS Itinerário Formativo

As competências específicas expressam os


Um perfil principais desempenhos requeridos e
profissional é possuem 3 elementos chaves: as funções, as
composto por subfunções e os padrões de desempenho.
competências
específicas e Já as competências socioemocionais
socioemocionais. representam comportamentos desejados do
trabalhador.

Um exemplo são as competências de um Técnico em Automação Industrial.

Competência Geral: Função: Subfunção:


Integrar sistemas e Desenvolver soluções para o Elaborar circuitos
tecnologias e acionamento de dispositivos e a de acionamento
desenvolver soluções medição de variáveis em de motores
para o acionamento de processos industriais, elétricos
dispositivos, a medição e considerando as normas,
o controle de variáveis padrões e requisitos técnicos,
em processos industriais. de qualidade, saúde e
segurança e de meio ambiente.

A Competência Geral descreve de forma global o que o Técnico em


Automação Industrial fará ao exercer essa atividade profissional.
Já uma função representa uma grande etapa ou macroprocesso de trabalho.
O que ele precisa fazer para exercer essa função, representa uma subfunção,
que detalha as etapas e processos de trabalho da função exercida.

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ELABORAÇÃO DE ITENS Itinerário Formativo

A subfunção deve ser realizada especificando-se os componentes e


dispositivos em documentos técnicos padronizados. Essa descrição
representa um padrão de desempenho, que mostra com clareza os critérios
de qualidade necessários para o desempenho da subfunção.
A partir da análise de um perfil profissional, as competências profissionais são
traduzidas pedagogicamente para identificar e descrever as capacidades que
irão compor o desenho curricular.
Uma capacidade não é algo inerente ou um dom e sim um potencial que pode
ser desenvolvido ao longo da vida por meio da formação profissional e que
torna as pessoas aptas para realizar determinadas ações.
A descrição de uma capacidade tem três elementos essenciais: verbo de
ação, complemento e condição. Ilustrando estes elementos:

Fazer um bolo. Conhecer as ferramentas Utilizar as ferramentas e


e receitas para fazer um receitas e fazer um bolo.
bolo.

Fazer o bolo exemplifica o verbo que indica o desempenho esperado em uma


ação de trabalho.
Conhecer as ferramentas é o complemento que sinaliza os conhecimentos
que vão contribuir para o desenvolvimento da capacidade.
Utilizar as ferramentas é a condição ou contexto que relaciona o desempenho
às situações de trabalho.

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ELABORAÇÃO DE ITENS

A característica fundamental de uma capacidade é a possibilidade de ser


transferida e adaptada para contextos e problemas distintos daqueles
utilizados para o seu desenvolvimento.
No processo de formação, a Metodologia SENAI de Educação Profissional
propõe uma ordem de desenvolvimento destas capacidades.
1. Desenvolver as capacidades básicas que são pré-requisitos e dão
suporte ao desenvolvimento das capacidades técnicas.
2. Desenvolver as capacidades técnicas que expressam um desempenho
típico de uma ocupação e exigem o domínio de conteúdos específicos,
permitindo ao trabalhador realizar com eficiência as atividades
pertinentes às funções profissionais.
3. Desenvolver as capacidades socioemocionais que caracterizam-se por
expressar atitudes ou comportamentos desejados, associadas às
relações interpessoais, à qualidade e à organização do trabalho, entre
outros.
O itinerário formativo é estruturado para que o aluno possa planejar a sua
carreira profissional, considerando suas perspectivas de empregabilidade,
ascensão social e realização pessoal e profissional.

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ELABORAÇÃO DE ITENS Matriz de Referência

Matriz de Referência

A Matriz de Referência é o documento norteador para a construção de


instrumentos de avaliação.
Ela é essencial para o planejamento e organização de uma avaliação, pois
fornece suporte para:
• A elaboração e validação dos itens que compõem os testes.
• A análise dos resultados de desempenho dos estudantes nas provas
aplicadas.
• A interpretação pedagógica das escalas de proficiência.
• Devolutivas ou feedbacks para o processo formativo.
A matriz de referência não engloba todo o currículo escolar. Ela faz um recorte
usando como base o que é possível aferir por meio de instrumento de medida
utilizado na avaliação e que, ao mesmo tempo, está contemplado no currículo.
Há uma diferença entre a matriz de referência e a matriz curricular. A Matriz
de Referência é o documento que apresenta uma visão analítica e efetiva do
que se deseja avaliar. Já a Matriz Curricular é o documento norteador da
escola, ponto de partida de sua organização pedagógica.
A Matriz de Referência orienta a elaboração dos itens que serão utilizados para
investigar o grau de desenvolvimento das capacidades para o alcance do perfil
profissional desejado.

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ELABORAÇÃO DE ITENS Matriz de Referência

Elementos da Matriz
A matriz de referência possui três dimensões: competência geral, que se
desdobra em funções e subfunções; capacidades, subdivididas em
capacidades básicas e técnicas; e conhecimentos. Ela reflete as orientações
da Metodologia SENAI de Educação Profissional, embasadas pelo Itinerário
Formativo, para a formação de um estudante de um determinado curso.

Um exemplo que mostra as dimensões é a 1. Competência Geral da ocupação


É a síntese das diferentes funções da
Matriz de Referência do curso de ocupação traduzindo, de forma global,
Eletromecânica. o que o trabalhador deve ser capaz de
fazer para o adequado exercício da
atividade profissional.

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2. Função (Unidade de
4 Competência)
São as funções do perfil profissional
em questão, que representam as
grandes etapas do processo de
trabalho de uma ocupação.
2 3
3. Subfunção (Elemento de
Competência)
Para cada uma das funções, são
apresentadas as subfunções
correspondentes, que representam
cada uma das etapas ou processos
de trabalho.

4. Capacidade Básica
São pré-requisito para o
desenvolvimento das capacidades
técnicas.

6 5. Capacidade Técnica
Expressam o desempenho típico de
uma determinada ocupação. Elas
permitem ao trabalhador realizar, com
eficiência, as atividades inerentes às
funções profissionais com o domínio
de conteúdos característicos da
ocupação (conhecimentos,
procedimentos, tecnologias, normas
etc.).

6. Conhecimento
Apresentam os grandes temas, que
dão o contorno e os limites das
Unidades Curriculares, por meio dos
quais as capacidades são
desenvolvidas.

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ELABORAÇÃO DE ITENS Matriz de Referência

Os conhecimentos são representados por números e são listados junto à


matriz de referência. No exemplo citado os conhecimentos são:

1- Desenho técnico 8- Gestão da produção 15- Gestão de manutenção


2- Eletrotécnica aplicada 9- Tratamentos térmicos, 16- Manutenção aplicada
termoquímicos e superficiais
3- Elementos de máquina 10- Qualidade 17- Lubrificação e
lubrificantes
4- Materiais 11- Segurança no trabalho 18- Montagem de sistemas
eletromecânicos
5- Metrologia 12- Máquinas, equipamentos, 19- Dispositivos
ferramentas e insumos eletromecânicos
6- Matemática aplicada 13- Documentação técnica 20- CLP
7- Processo de 14- Softwares dedicados 21- Manufatura aplicada a
fabricação projeto

A organização da Matriz de Referência constitui o referencial para a


construção de cada item de avaliação que irá compor a prova objetiva. Ela
contém as capacidades essenciais (O QUÊ?) que serão avaliadas, mapeadas
do desenho curricular do curso e já desenvolvidas durante o processo
formativo.
Da mesma forma ela contém as funções e subfunções do perfil profissional
(PARA QUÊ?) desejado para as quais as capacidades são desenvolvidas; e os
conhecimentos (COMO?) por meio dos quais as capacidades são
desenvolvidas.
O elaborador de itens parte da matriz para construir os itens, identificando para
cada cruzamento a capacidade (O QUE AVALIAR), a subfunção ou elemento
de competência (PARA QUE AVALIAR) e o conhecimento (POR MEIO DE QUE
AVALIAR).

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ELABORAÇÃO DE ITENS Matriz de Referência

Um exemplo deste cruzamento na Matriz de Técnico em Eletromecânica:

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ELABORAÇÃO DE ITENS Matriz de Referência

O que avaliar? A capacidade C4 - Interpretar os conhecimentos de montagem


aplicados à manutenção eletromecânica.
Para quê? Para o alcance de subfunção 2.4 do perfil profissional – Orientar a
montagem de sistemas elétricos.
Por meio de quê? De conhecimentos 2 (eletrotêcnica aplicada), 18 (montagem
de sistemas eletromecânicos) e 19 (dispositivos eletromecânicos).
Na matriz, a interseção no cruzamento de C4 e 2.4 apresenta os
conhecimentos que devem ser explorados.
A Matriz de Referência é o referencial para a elaboração de cada item de
avaliação que irá compor a prova que tem por finalidade avaliar a qualidade do
curso técnico ofertado pelo SENAI.
A boa utilização da matriz auxilia que a Avaliação de Desempenho de
Estudantes cumpra seu objetivo de analisar o processo de ensino e
aprendizagem fornecendo visibilidade à qualidade de formação profissional.

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ELABORAÇÃO DE ITENS Taxonomia de Objetivos Educacionais

Taxonomia de Objetivos Educacionais

Para a elaboração de itens de avaliação, é imprescindível o domínio da


taxonomia que está por trás da construção das capacidades do itinerário
formativo e da matriz de referência. Trata-se da taxonomia de objetivos
educacionais, popularmente conhecida como Taxonomia de Bloom, que será
um dos requisitos para a elaboração de bons itens de avaliação.

Uma taxonomia é uma técnica de


classificação de etapas do Criar
aprendizado, partindo da mais
simples para a mais complexa. Avaliar
Sua função principal é prover um
modelo para os educadores
elaborarem objetivos Analisar
educacionais.
Aplicar
Isso é fundamental, pois estes
objetivos indicam o que se quer
Entender
alcançar após os estudantes
serem submetidos a um
determinado processo de Lembrar
aprendizagem.

A taxonomia de objetivos educacionais, portanto, relaciona-se aos resultados


que o educador pretende alcançar por meio de uma ação educativa intencional
e sistemática.
• Intencional, porque expressa onde se deseja chegar com o aprendizado;
• Sistemática, porque segue uma dinâmica de aprendizado do mais
simples para o mais complexo.

Existem três domínios principais de aprendizagem, que foram primeiramente


desenvolvidos e descritos entre 1956-1972, por vários estudiosos , entre esses
Bloom e Krathwohl. Na classificação proposta, a aprendizagem ocorre de
modo completo quando abrange os três domínios: o cognitivo, o psicomotor e
o afetivo.

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ELABORAÇÃO DE ITENS Taxonomia de Objetivos Educacionais

Para cada um desses domínios da aprendizagem foi apresentada uma


trajetória que perpassa níveis, do mais simples ao mais complexo.

Cognitivo
São habilidades intelectuais. O termo é o saber conhecer. É a
aquisição de conhecimentos e a capacidade de reconhecer
informações, padrões e fatos. Este domínio possui como níveis:
• Avaliação
• Síntese
• Análise
• Aplicação
• Compreensão
• Conhecimento

Psicomotor
São habilidades de manipulação e execução. O termo usado é
saber fazer. São as habilidades motoras e executoras,
comunicação não verbal e reflexos corporais dos indivíduos. Este
domínio possui como níveis:
• Organização
• Adaptação
• Respostas complexas
• Automatismos
• Resposta Conduzida
• Percepção

Afetivo
São as habilidades socioemocionais. O termo usado é saber ser.
São as características pessoais que contribuem para a qualidade
das interações humanas no trabalho e a formação de atitudes de
autodesenvolvimento. Este domínio possui como níveis:
• Internalização de valores
• Recepção
• Resposta
• Valorização
• Organização

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ELABORAÇÃO DE ITENS Taxonomia de Objetivos Educacionais

Por meio da taxonomia de objetivos educacionais tem-se a base para o


desenvolvimento do ensino, aprendizagem e avaliação sendo possível prever
a utilização de estratégias diferenciadas para estimular o desenvolvimento e
avaliar os estudantes em seus diferentes níveis de aprendizado.

Para a elaboração de itens de avaliação da prova objetiva da Avaliação de


Desempenho de Estudantes do SAEP, é abordado somente o domínio
cognitivo. A descrição de um objetivo educacional deve apresentar um verbo
que represente o processo cognitivo, seguido de um substantivo que
representa o conhecimento. Seguem dois exemplos de objetivos educacionais
no contexto do Senai:

Identificar os principais instrumentos de medição e controle utilizados


na fabricação e na manutenção mecânica.

Aplicar lógica de programação na resolução de problemas


computacionais

Verbo: Processo cognitivo

Substantivo: Conhecimento

Taxonomia Revisada - Dimensão do Processo


cognitivo
Com o passar do tempo, vários estudiosos, entre esses Anderson e Krathwohl,
propuseram um novo olhar sobre a taxonomia dos objetivos educacionais.
Na taxonomia revisada, os objetivos são representados por duas dimensões:
a do processo cognitivo e a do conhecimento. Cada uma dessas dimensões
apresenta categorias hierarquizadas.
Esta apostila usa como referência Anderson e Krathohl (2001) e as
orientações metodológicas para descrição das capacidades do SENAI.
Foram alterados os nomes das categorias e o design hierárquico original foi
mantido.

30
ELABORAÇÃO DE ITENS Taxonomia de Objetivos Educacionais

Porém a taxonomia revisada é flexível, pois considera que determinados


conteúdos podem ser mais fáceis de serem assimilados a partir do estímulo
pertencente a uma categoria mais complexa.

Taxonomia de Taxonomia de
Bloom Bloom Revisada

Na tabela são apresentadas as categorias hierarquizadas do processo


cognitivo, as capacidades relacionadas a cada um dos processos e as
evidências de cada categoria que devem ser observadas ao longo do
desenvolvimento da aprendizagem.
1 2 3 1. Processo cognitivo
O processo cognitivo é
representado por um verbo.

2. Capacidades
As capacidades são indicadas por
verbos que descrevem o que
representa cada categoria no
processo cognitivo.

3. Evidências
As evidências representam o como
se espera que o estudante
demonstre o desenvolvimento da
capacidade.

31
ELABORAÇÃO DE ITENS Taxonomia de Objetivos Educacionais

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Segue a análise de cada processo cognitivo:

Lembrar
Consiste em reconhecer e recordar informações importantes da memória de
longa duração.

Exemplo de utilização:
• Produzir a informação certa a partir
da memória, recordar, reconhecer ou
reproduzir ideias e conteúdos.
• Tratar processos que requerem que o
estudante reproduza com exatidão
uma informação que lhe tenha sido
dada, seja ela uma data, um relato,
um procedimento, uma fórmula ou
uma teoria.
• Lembrar informações sobre: normas,
fatos, datas, palavras, teorias,
métodos, fórmulas, classificações,
lugares, regras, critérios,
procedimentos etc.

32
ELABORAÇÃO DE ITENS Taxonomia de Objetivos Educacionais

Entender
É a capacidade de construir o significado das mensagens instrutivas,
incluindo comunicação oral, escrita e gráfica.

Exemplo de utilização:
• Explicitar ideias, conceituar com as
próprias palavras. Neste nível de
operação mental há uma indicação
de elementos que dão significado
ao objeto de aprendizagem: sua
composição, finalidade,
propriedades, características.
• Dar um significado a materiais ou
experiências realizadas.
• Elaborar (modificar) um dado ou
informação original.
• Usar uma informação original e
ampliá-la, reduzi-la, representá-la de
outra forma ou prever
consequências resultantes da
informação original.

Aplicar
Refere-se a usar o procedimento aprendido em uma situação familiar ou nova.

Exemplo de utilização:
• Transpor a compreensão de um
objeto de aprendizagem, em um caso
específico, em um fato determinado,
em uma situação-problema peculiar,
etc.
• Aplicar um conhecimento ou
procedimento a uma situação nova
concreta.
• Reunir processos que contextualizem
uma informação genérica para uma
situação concreta e específica.
• Usar abstrações em situações
específicas e concretas.

33
ELABORAÇÃO DE ITENS Taxonomia de Objetivos Educacionais

Analisar
Refere-se à divisão de um material em suas partes constituintes e a
determinação de como as partes estão relacionadas entre si e com uma
estrutura geral.

Exemplo de utilização:
• Dividir a informação por partes sendo
capaz de entender a inter-relação
entre elas assim como na sua
estrutura total.
• Dividir um conceito em partes e
descrever como elas se relacionam
com o todo.
• Analisar é uma operação mental que
parte de um todo para a
compreensão de suas partes.
• Separar uma informação em
elementos componentes e
estabelecer relações entre eles.

Avaliar
Refere-se à capacidade de julgar com base em critérios e padrões sobre a
precisão, eficácia, economia, satisfação de materiais e em relação a
processos empreendidos.

Exemplo de utilização:
• Fazer julgamentos com base em
critérios, padrões e normas.
• Representar os processos cognitivos
mais complexos.
• Confrontar um dado, uma informação,
uma teoria, um produto etc., com um
critério ou conjunto de critérios, que
podem ser internos ao próprio objeto
de avaliação, ou externos a ele.

34
ELABORAÇÃO DE ITENS Taxonomia de Objetivos Educacionais

Criar
Envolve a reunião de elementos aprendidos para dar origem a algo novo.

Exemplo de utilização:
• Reorganizar elementos para criar
uma nova visão, nova solução, nova
estrutura e modelo coerente, a partir
de conhecimentos e habilidades
previamente adquiridos.
• Reunir dados para formar algo novo
ou reconhecer os componentes de
uma nova estrutura.

Taxonomia dos objetivos educacionais – Dimensão


do Conhecimento
A dimensão conhecimento encontra-se relacionada diretamente com os
objetos de aprendizagem, ou seja, com os conteúdos usados para desenvolver
o conhecimento.

Ela apresenta quatro diferentes categorias que descrevem o grau de


profundidade que os conhecimentos são abordados: Factual, Conceitual,
Procedural e Metacognitivo.

Factual
O conhecimento de elementos de conteúdo isolados e discretos - "bits de
informação” e inclui conhecimento de terminologia e conhecimento de
detalhes e elementos específicos. Subcategorias:
• conhecimento de terminologia;
• conhecimento de detalhes e elementos específicos.

Conceitual
O conhecimento de "formas de conhecimento mais complexas e organizadas”.
Inclui a classificação em categorias, princípios e generalizações e estruturas.
Subcategorias:
• conhecimento de classificações e categorias;
• conhecimento de princípios e generalizações;
• conhecimento de teorias, modelos e estruturas.

35
ELABORAÇÃO DE ITENS Taxonomia de Objetivos Educacionais

Procedural
O "conhecimento de como fazer algo”. Inclui conhecimento de habilidades e
algoritmos, técnicas e métodos, bem como conhecimento dos critérios
usados para determinar e / ou justificar "quando fazer o que em disciplinas
específicas”. Subcategorias:
• conhecimento de conteúdos específicos, habilidades e algoritmos;
• conhecimento de técnicas específicas e métodos;
• conhecimento de critérios e percepção de como e quando usar um
procedimento específico.

Metacognitivo
O conhecimento estratégico. sobre tarefas cognitivas, incluindo conhecimento
contextual, condicional e autoconhecimento. Subcategorias:
• Conhecimento estratégico;
• Conhecimento sobre atividades cognitivas incluindo contextos
preferenciais e situações de aprendizagem;
• Auto conhecimento.

36
ELABORAÇÃO DE ITENS Taxonomia de Objetivos Educacionais

Seguem exemplos da aplicação da taxonomia em objetivos educacionais.

01
Objetivo Educacional: Identificar os principais
instrumentos de medição e controle utilizados na
fabricação e na manutenção mecânica.

Processo cognitivo: Lembrar


Capacidade: Identificar - no âmbito da categoria lembrar, avaliar se o estudante
identifica.
Conhecimento: principais instrumentos de medição e controle - que
complementa o verbo, ou seja, responde à “identificar o quê? ”.
Nível de conhecimento: factual.

Estruturação de itens:

“Os principais instrumentos de medição e controle Neste item o aluno é capaz de


utilizados na fabricação e na manutenção caracterizar o instrumento de
medição da situação-problema
mecânica para a da situação-problema proposta proposta na alternativa.
estão caracterizados na alternativa...”

“Os principais instrumentos de medição e controle Neste item o aluno é capaz de


utilizados na fabricação e na manutenção nomear o instrumento de medição
da situação-problema proposta na
mecânica para a da situação-problema estão alternativa.
nomeados na alternativa...”

“Os principais instrumentos de medição e controle Neste item o aluno é capaz de


utilizados na fabricação e na manutenção listar instrumentos de medição da
situação-problema proposta na
mecânica para a da situação-problema estão alternativa...
listados na alternativa...”

37
ELABORAÇÃO DE ITENS Taxonomia de Objetivos Educacionais

02 Objetivo Educacional: Aplicar lógica de programação na


resolução de problemas computacionais.

Processo cognitivo: aplicar


Capacidade: Aplicar – avaliar se o estudante consegue aplicar o conhecimento
aprendido na prática.
Conhecimento: lógica de programação – complementa o verbo, respondendo
“aplicar o quê?
Nível de conhecimento: procedural.

Estruturação de itens:

“Aplicar lógica de programação na resolução de Neste item o aluno é capaz de


problemas computacionais pode ser executado executar a lógica de programação
para a situação problema proposta
na circunstância de...” na alternativa.

“Aplicar lógica de programação na resolução de Neste item o aluno é capaz de usar


problemas computacionais pode ser usado em...” a lógica de programação em
apenas uma determinada situação
problema proposta na alternativa.

“Aplicar lógica de programação na resolução de Neste item o aluno é capaz de


problemas computacionais pode ser empregado empregar a lógica de programação
para a situação problema proposta
em...” na alternativa.

Nem todos os processos cognitivos são facilmente avaliados em itens de


múltipla escolha, que se prestam bem à avaliação de objetivos nos níveis de 1
a 5 (lembrar, entender, aplicar, analisar e avaliar), porém mais dificilmente no
nível 6 (criar).
O elaborador de itens deve ter domínio das dimensões cognitivas para que
suas construções exprimam adequadamente o que se quer mensurar. A
prática na utilização da taxonomia de objetivos educacionais gera excelência
na de produção de itens.

38
ELABORAÇÃO DE ITENS Estrutura e Requisitos Técnicos

Estrutura e Requisitos Técnicos

O item constitui a unidade básica do instrumento que indicará a qualidade e


eficácia do curso.
Para construção de um item de múltipla escolha de uma prova objetiva alguns
padrões devem ser respeitados. Essa padronização assegura um resultado
válido e fidedigno do que se pretende avaliar. Dessa forma, as recomendações
feitas aqui devem ser rigorosamente atendidas.
Os itens da Avaliação de Desempenho de Estudantes são compostos de
contexto, comando e cinco alternativas.
O Contexto descreve uma situação-problema relacionada à capacidade que
será avaliada pelo item, que pode ser acompanhada de suportes como
imagens, figuras, tabelas, gráficos ou infográficos, entre outros.
O Comando está relacionado à capacidade avaliada, é o que enuncia o que se
espera que o estudante faça para solucionar a situação-problema apresentada
no contexto. Ele deve ser descrito de modo claro e objetivo para que
oportunize a mobilização dos recursos cognitivos necessários para resolver a
situação-problema.
As alternativas são possibilidades plausíveis, ou seja, admissíveis, de
respostas para a situação-problema apresentada. As opções de resposta
devem ser construídas em torno de informações do processo de
desenvolvimento da capacidade avaliada sendo uma absolutamente correta,
o gabarito, e as demais incorretas, os chamados distratores. Todas as
alternativas devem ser justificadas, inclusive a correta, estando elas
associadas ao desenvolvimento da capacidade avaliada.

39
ELABORAÇÃO DE ITENS Estrutura e Requisitos Técnicos

Segue um exemplo de como estes elementos compõem um item:

Durante uma inspeção de rotina, um técnico utiliza o paquímetro para conferir


Contexto a distância entre duas peças de um conjunto mecânico, obtendo o resultado
a seguir:

Suporte

Imagem referente a um paquímetro com resolução de 0,05 mm, com o 0 da


escala móvel após 123 mm e o 14º traço coincidente com 151 mm
Fonte: Apostila de treinamento Mitutoyo

Comando Qual o valor em milímetros da distância entre as duas peças?

Alternativas a) 121,70 mm
b) 123,70 mm
c) 151,00 mm
d) 151,70 mm
e) 157,00 mm

Os requisitos técnicos para a elaboração de um item devem ser observados


para o item como um todo, como também para cada um dos elementos que o
constituem. A construção de um item exige alguns requisitos:
• ser inédito;
• ser elaborado para ser respondido em 3 minutos;
• estar diretamente relacionado à capacidade, subfunção e função e
conhecimento avaliados;
• abranger uma única capacidade;
• avaliar no nível cognitivo estabelecido pela capacidade, considerando a
Taxonomia de Bloom;
• abranger situações relacionadas à área de ocupação que se aproxime
ao máximo das circunstâncias de trabalho que o aluno irá encontrar
futuramente;
• abranger aspectos significativos, interessantes e atrativos aos alunos;
• indicar o nível de dificuldade (fácil, médio e difícil).

40
ELABORAÇÃO DE ITENS Estrutura e Requisitos Técnicos

Deve haver uma correspondência inequívoca entre o problema apresentado e


o cruzamento da matriz de referência que está sendo avaliado.
O nível de complexidade do item é indicado pelo quantitativo de ideias
apresentadas na situação-problema. Não há uma relação direta entre o que é
fácil ou difícil com a complexidade da situação apresentada no item. A
complexidade tem a ver com um sistema de ideias relacionadas, podendo ser
de fácil entendimento ou de maior dificuldade.

São proibidos itens que apresentem uma situação que


exija uma simples memorização, como, por exemplo, de
números de normas, de datas, cifras, prazos, fórmulas,
entre outros ou “pegadinhas”, pois um item não deve ser
malicioso ou enganoso, induzindo o aluno ao erro.

Seguem exemplos de itens considerando o nível de complexidade.

Após o processo de usinagem de uma peça no torno


convencional, um mecânico confere as medições com o
As especificações
instrumento abaixo. deste item são:
Capacidade: Identificar
instrumentos utilizados na
fabricação e manutenção
mecânica. Só é necessária a
memorização da imagem do
instrumento.
Fonte: https://ww.mmc.net.br/micrometro-digital-ip54- Elemento de competência:
milesimal-3-teclas-modelo-3108-insize Organizar o processo produtivo
Conhecimento: Metrologia
Qual instrumento utilizado para realizar as medições? Nível cognitivo: Lembrar
a) Goniômetro Dificuldade: Difícil
b) Paquímetro
c) Micrômetro externo
d) Micrômetro interno
e) Relógio comparador

41
ELABORAÇÃO DE ITENS Estrutura e Requisitos Técnicos

Um mecânico deve conferir as medições externas,


internas, de profundidade e de ressalto da peça abaixo.
As especificações
deste item são:
Capacidade: Reconhecer dados e
informações técnicas de
processos mecânicos industriais.
Elemento de competência:
Organizar o processo produtivo
Conhecimento: Desenho técnico e
Fonte: Criado pelo elaborador metrologia
Nível cognitivo: Entender
Para realizar as medições solicitadas, qual instrumento Dificuldade: Fácil
deve ser utilizado?
a) Goniômetro
b) Micrômetro
c) Paquímetro
d) Régua
e) Trena

Durante uma inspeção de rotina, um técnico utiliza o


paquímetro para conferir a distância entre duas peças de
As especificações
um conjunto mecânico, obtendo o resultado abaixo: deste item são:
Capacidade: Empregar
procedimentos técnicos e de
controle nos processos
mecânicos industriais.
Elemento de competência:
Organizar o processo produtivo
Conhecimento: Metrologia
Nível cognitivo: Aplicar
Imagem referente a um paquímetro com resolução de Dificuldade: Fácil
0,05 mm, com o 0 da escala móvel após 123 mm e o 14º
traço coincidente com 151 mm
Fonte: Apostila de treinamento Mitutoyo

Qual o valor em milímetros da distância entre as duas


peças?
a) 121,70 mm
b) 123,70 mm
c) 151,00 mm
d) 151,70 mm
e) 157,00 mm

42
ELABORAÇÃO DE ITENS Estrutura e Requisitos Técnicos

Um mancal tem dimensão efetiva considerando o


afastamento superior da tolerância 20H12.
Este item tem as
seguintes
especificações:
Capacidade: Analisar parâmetros
de processos mecânicos
industriais. O contexto e o
comando dividem a informação
Fonte: Apostila de treinamento Mitutoyo em partes de forma a entender a
Esse mancal será montado em um eixo que possui relação entre as partes e o todo.
dimensão conforme micrômetro abaixo: Elemento de competência:
Organizar o processo produtivo
Conhecimento: Metrologia
Nível cognitivo: Analisar
Dificuldade: Difícil

Metrologia

Após a montagem do eixo no mancal, o conjunto terá o


ajuste:
a) incerto de 0,02 mm.
b) com folga de 0,02 mm.
c) com folga de 0,04 mm.
d) com interferência de 0,02 mm.
e) com interferência de 0,04 mm.

43
ELABORAÇÃO DE ITENS Estrutura e Requisitos Técnicos

O circuito pneumático (1) está apresentando falha mecânica na válvula auxiliar. Para substituí-lo,
é montado o circuito eletropneumático (2), que opera exatamente com as mesmas
características do circuito anterior. Após horas de funcionamento, um técnico em eletromecânica
detecta inconsistências no processo.

Fonte: Criado pelo elaborador

Qual ajuste deve ser realizado no circuito para que ele opere dentro dos padrões normativos?
a) Retirar o botão BE da linha 3 e montá-lo na saída do +24vcc normalmente fechado.
b) Retirar os relés K1 e K2 e realizar a ligação direto na válvula solenoide Y1.
c) Trocar a válvula solenoide Y1 por uma válvula duplo solenoide Y1 e Y2.
d) Trocar de posição o botão BE da linha 3 com o botão B2 da linha 4.
e) Trocar a válvula solenoide Y1 por uma válvula duplo piloto.

As especificações deste item são:


Capacidade: Avaliar procedimentos técnicos de manutenção e controle nos processos mecânicos
industriais
Elemento de competência: Orientar a reparação de automatizados em máquinas e equipamentos
Conhecimento: Dispositivos Eletromecânicos
Nível cognitivo: Avaliar
Dificuldade: Fácil

44
ELABORAÇÃO DE ITENS Estrutura e Requisitos Técnicos

Contexto
Um contexto bem elaborado deve seguir os requisitos abaixo:
• Apresentar estímulo motivador e significativo de uma situação que deve
estar restrita à capacidade a ser avaliada.
• Abranger situação factível e admissível, devendo ser válido e relevante,
dando significado real ao problema proposto.
• Ser significativo e possibilitar ao aluno a oportunidade de demonstrar a
capacidade desenvolvida, confirmando que a aprendizagem foi
efetivamente realizada.
• Descrever uma situação, e um comando, capaz de mobilizar os recursos
necessários para resolver o item.
• Aproximar-se do que o aluno vivenciou em sua formação ou vivenciará
em seu cotidiano profissional.
• Ser objetivo e direto, evitando a abordagem de textos desnecessários,
com informações supérfluas, ou repetidas leituras. Isso porque o aluno
terá o tempo de 3 minutos para responder o item.
• Utilizar, sempre que necessário, suporte (figura ou imagem) que apoie o
raciocínio do aluno.

A linguagem utilizada no contexto deve ser muito bem elaborada para não
gerar problemas na resposta do item. Ela deve ser muito clara, objetiva e
técnica, não oferecendo a possibilidade de que alguma palavra impeça o aluno
de compreender o que fora solicitado. A utilização de vocabulário
desconhecido ao aluno influencia o seu desempenho, e o que passa a ser
avaliado é a sua habilidade verbal e não a capacidade prevista para ser
avaliada.
O texto não deve apresentar erros ortográficos, gramaticais, de concordância
verbal, nominal, entre outros, que possam distorcer o sentido do que está
sendo contemplado.
Ao utilizar publicações externas deve-se referenciar de onde se extraiu o texto,
seguindo as normas da ABNT:
• quando houver inserção ou supressão de textos, indique, entre
parênteses: (com adaptações)

45
ELABORAÇÃO DE ITENS Estrutura e Requisitos Técnicos

• se suprimir textos do contexto insira no trecho retirado o símbolo (...),


indicando alteração.

São proibidos contextos:


• retirados de livros didáticos;
• publicados na internet sem apresentar rigor técnico;
• que fazem propaganda de forma a evidenciar uma
marca;
• que desrespeitem proibições já previstas na legislação
vigente;
• que abordem conteúdos polêmicos, utilizando nomes
fictícios jocosos ou identificar pessoas em geral;
• que contenham estereótipos e preconceitos (condição
social, regional, étnico-racial, de gênero, de orientação
sexual, de idade ou de linguagem), assim como qualquer
outra forma de discriminação ou de violação de direitos.

46
ELABORAÇÃO DE ITENS Estrutura e Requisitos Técnicos

Segue uma demostação de contexto em um item:

Durante uma inspeção de rotina, um técnico utiliza o paquímetro para conferir a distância entre
duas peças de um conjunto mecânico, obtendo o resultado a seguir:

Fonte: Apostila de treinamento Mitutoyo

Qual o valor em milímetros da distância entre as duas peças?

a) 121,70 mm
b) 123,70 mm
c) 151,00 mm
d) 151,70 mm
e) 157,00 mm

Suporte
Há alguns cuidados necessários para a escolha de um suporte para o mesmo
complementar um contexto. Ele deve:
• estar obrigatoriamente relacionado ao contexto;
• apresentar referência bibliográfica completa;
• estar nítido e bem posicionado;
• apresentar a descrição da imagem para assegurar a acessibilidade a
estudantes com deficiência visual.

47
ELABORAÇÃO DE ITENS Estrutura e Requisitos Técnicos

Segue uma demostação de suporte em um item:

Durante uma inspeção de rotina, um técnico utiliza o paquímetro para conferir a distância entre duas
peças de um conjunto mecânico, obtendo o resultado a seguir:

Fonte: Apostila de treinamento Mitutoyo

Qual o valor em milímetros da distância entre as duas peças?

a) 121,70 mm
b) 123,70 mm
c) 151,00 mm
d) 151,70 mm
e) 157,00 mm

Comando
Um comando precisa:
• ser escrito como uma frase a ser completada com a alternativa ou como
uma pergunta que possui uma alternativa que a responda corretamente;
• ser formulado de modo claro, objetivo e direto, sem apresentar
informações adicionais ou complementares;
• estar associado à capacidade avaliada;
• estar obrigatoriamente relacionado ao contexto apresentado;
• ser suficiente para que o aluno somente com o contexto e o comando
seja capaz de mobilizar os recursos cognitivos necessários para chegar
à resposta correta;
• utilizar linguagem impessoal.

48
ELABORAÇÃO DE ITENS Estrutura e Requisitos Técnicos

São proibidos comandos:


• que utilizem expressões que não deixem claro a
capacidade que está sendo avaliada e termos como:
sempre, nunca, todo, totalmente, absolutamente,
completamente, somente, ou outras palavras
semelhantes;
• com as expressões “É correto afirmar que”, “Assinale a
alternativa correta”, “Qual das a...”, “A alternativa que
indica...”;
• com sentenças negativas como: exceto, não, incorreto,
errado. Isso porque elas dificultam a compreensão,
induzindo o aluno ao erro pela falta de entendimento.

Segue uma demostação de comando em um item:

Durante uma inspeção de rotina, um técnico utiliza o paquímetro para conferir a distância entre duas
peças de um conjunto mecânico, obtendo o resultado a seguir:

Imagem referente a um paquímetro com resolução de 0,05 mm, com o 0 da


escala móvel após 123 mm e o 14º traço coincidente com 151 mm
Fonte: Apostila de treinamento Mitutoyo

Qual o valor em milímetros da distância entre as duas peças?

a) 121,70 mm
b) 123,70 mm
c) 151,00 mm
d) 151,70 mm
e) 157,00 mm

49
ELABORAÇÃO DE ITENS Estrutura e Requisitos Técnicos

Alternativas
As alternativas precisam seguir alguns requisitos:
• apresentar linguagem clara e direta, levando o aluno a compreender
imediatamente o que está posto em cada alternativa;
• ser redigidas gramaticalmente consistentes com relação ao comando
Se a alternativa não estiver de acordo com o que solicita o comando,
permite ao aluno deduzir, a partir da leitura das alternativas, qual é a
resposta correta;
• apresentar-se sem erros gramaticais, de pontuação ou abreviação;
• ser independentes umas das outras, de forma que não sejam
excludentes;
• utilizar, preferencialmente, termos impessoais, como: considera-se,
calcula-se etc.;
• evitar a utilização de palavras ou expressões repetidas e expressões no
próprio comando.
As alternativas devem abordar sempre a mesma categoria, espécie,
abrangência etc., sem fugir do que está sendo avaliado, estabelecido pelo
cruzamento da matriz. Devem estar ordenadas de maneira lógica, seja por
ordem alfabética, ordem do texto, ordem cronológica, ordem crescente ou
decrescente. Isso facilita a leitura do item, como também evita que alguma
dica seja involuntariamente dada ao aluno pela posição da alternativa correta.

São proibidas alternativas que utilizem as expressões:


“todas as anteriores” ou “nenhuma das anteriores” como
opção de resposta.

As alternativas podem ser apresentadas como um bloco desde que possuam


estrutura, paralelismo e extensão.
A estrutura fornece continuidade ao que é solicitado no comando.
O paralelismo pode ser sintático e semântico, como por exemplo: todas
começam com substantivo, ou proposição ou verbo ou todas estão no mesmo
tempo verbal.

50
ELABORAÇÃO DE ITENS Estrutura e Requisitos Técnicos

A extensão determina o tamanho, de forma que todas as alternativas


apresentem, aproximadamente, a mesma quantidade de caracteres.

Uma atenção especial deve ser dada a pontuação das


alternativas:
• Quando o comando for uma frase incompleta que deve
ser corretamente completada pelas alternativas, essas
devem começar com letras minúsculas e terminar com o
ponto final;
• se o comando for uma pergunta, esse deve terminar com
uma interrogação e as alternativas devem começar com
letras maiúsculas e terminar com ponto final;
• quando o comando for uma pergunta e cada alternativa
for construída somente com palavras ou números, cada
uma deve começar com letra maiúscula e não apresentar
pontuação no final.

(Hopkins, Stanley, Hopkins, 1990)

O gabarito precisa ser bem construido. Só deve haver uma única resposta
correta e não pode ser atrativa, induzindo o estudante para a resolução óbvia
do item.
Os distratores (alternativas incorretas), devem ser plausíveis, pois isto implica
que cada distrator esteja no mesmo campo conceitual da alternativa correta.
As hipóteses de raciocínio devem ser possiveis de ser imaginadas pelo
respondente, delimitando a etapa do desenvolvimento da capacidade em que
ele se encontra.
Segue uma demostação de alternativa em um item:

51
ELABORAÇÃO DE ITENS Estrutura e Requisitos Técnicos

Durante uma inspeção de rotina, um técnico utiliza o paquímetro para conferir


a distância entre duas peças de um conjunto mecânico, obtendo o resultado
a seguir:

Imagem referente a um paquímetro com resolução de 0,05 mm, com o 0 da


escala móvel após 123 mm e o 14º traço coincidente com 151 mm
Fonte: Apostila de treinamento Mitutoyo

Qual o valor em milímetros da distância entre as duas peças?

a) 121,70 mm
b) 123,70 mm
c) 151,00 mm
d) 151,70 mm
e) 157,00 mm

A justificativa das alternativas deve seguir alguns cuidados.


Se for uma justificativa do gabarito deve revelar o raciocínio necessário para
se chegar à solução da situação-problema. Ela deve apresentar também a
seguinte estrutura: os estudantes que acertaram este item, provavelmente,
são capazes de (capacidade), para (subfunção ou elemento de competência),
por meio de (conhecimento(s)).
Já a justificativa dos distratores deve revelar a hipótese da razão de o aluno
ter escolhido determinada opção. Segue um exemplo de justificativa das
alternativas.

52
ELABORAÇÃO DE ITENS Estrutura e Requisitos Técnicos

ALTERNATIVA JUSTIFICATIVA DETALHES


a) 121,70 mm Incorreta. O respondente interpretou o Hipótese
valor levando em consideração a quina do
nônio posicionada no 121 mm e o 0,70 mm
alinhado com a escala fixa.
b) 123,70 mm Correta. O respondente interpretou o valor Raciocínio necessário
levando em consideração a posição do 0 para se chegar à solução
da situação-problema.
no nônio em 123 mm e o 0,70 mm
alinhado com a escala fixa. Os estudantes
que acertaram este item, provavelmente, Capazes de (capacidade),
são capazes de empregar procedimentos para (subfunção ou
técnicos e de controle nos processos elemento de
mecânicos industriais, para organizar o competência), por meio
processo produtivo, por meio de de (conhecimento(s)).
Metrologia.
c) 151,00 mm Incorreta. O respondente interpretou o Hipótese
valor levando em consideração o 7 como
referência na escala fixa, onde está
posicionado o 151 mm.
d) 151,70 mm Incorreta. O respondente interpretou o Hipótese
marcador em negrito tanto pra escala fixa,
quanto a móvel, não levando em
consideração o 0 no nônio.
e) 157,00 mm Incorreta. O respondente interpretou o Hipótese
valor levando em consideração o 7 como
referência na escala fixa, aplicando o valor
da escala móvel como número inteiro, ou
seja, 150 + 7 = 157 mm.

A elaboração de um item implica em muitos cuidados com o contexto,


comando e alternativas.
Elementos como distratores e gabarito também são de suma importância na
análise pedagógica dos resultados da avaliação, indicando em que momento
do desenvolvimento há falha no aprendizado.
O elaborador de itens deve seguir as orientações e verificar suas construções
para a perfeita elaboração de um item de avaliação.

53
ELABORAÇÃO DE ITENS Checklist e Revisão de Itens

Checklist e Revisão de Itens

O processo de elaboração de itens possui muitas etapas e especificidades até


que ele esteja pronto para ser utilizado em uma avaliação.
O item produzido precisa ser revisado para que sua qualidade e objetividade
sejam asseguradas. Por este motivo, o próprio elaborador deve reservar tempo
para realizar uma verificação final de todos os requisitos definidos para um
item de avaliação, antes que o item seja enviado para as demais equipes de
revisão.
Os principais pontos são os aspectos pedagógicos dos itens, que irão
assegurar a sua validade. Um item deve ser bem analisado em termos de
conteúdo e forma. O conteúdo deve assegurar que o item represente
autenticamente um recorte do desenvolvimento de uma determinada
capacidade. A forma diz respeito à análise dos elementos que constituem o
item, devendo ser verificado tecnicamente a construção do contexto, do
comando e das alternativas.
Tais informações junto com as análises psicométricas são utilizadas em
relatórios que irão indicar a qualidade dos cursos avaliados. A revisão deve
seguir a estrutura e os passos de construção do item. É analisado o contexto,
o comando, as alternativas, o gabarito e a justificativa, como também o item
como um todo. Para auxiliar neste processo há o Checklist de Revisão de
Itens.

Clique na imagem para acessar o conteúdo em


forma de PDF.

O checklist foi criado com o intuito de facilitar a revisão e padronizar o que


deve ser observado na análise do item. Para cada pergunta há tres opções de
resposta: Sim, Não e Não se aplica e a Recomendação para cada situação.

54
ELABORAÇÃO DE ITENS Checklist e Revisão de Itens

Segue um exemplo de como utilizar o checklist na análise de um item.

Um mecânico deve conferir as medições externas, internas,


de profundidade e de ressalto utilizando o instrumento
As especificações
abaixo. deste item são:
Capacidade: Empregar
procedimentos técnicos e de
controle nos processos
mecânicos industriais.
Elemento de competência:
Organizar o processo
produtivo
Conhecimento: Metrologia
Fonte: Apostila de treinamento Mitutoyo. Nível cognitivo: Aplicar

Qual instrumento utilizado para realizar as medições?


a) Goniômetro
b) Paquímetro
c) Micrômetro externo
d) Micrômetro interno
e) Relógio comparador

Checklist:
O item não avalia a
capacidade nem o nível
cognitivo especificado. Isso
ocorre quando o elaborador
foca somente no
conhecimento, no caso
metrologia, sem se atentar
para os demais dados do
cruzamento da matriz,
principalmente quanto à
capacidade que é o que o item
deve avaliar. Sempre se
pergunte: qual o nível cognitivo
que este item está avaliando?

55
ELABORAÇÃO DE ITENS Checklist e Revisão de Itens

Segue um exemplo de como utilizar o checklist na análise do contexto.

Em processos biotecnológicos, são necessários o controle e o monitoramento durante a produção


de produtos de larga escala, principalmente, porque esses processos envolvem organismos vivos e
sensíveis a variações de fatores intrínsecos e extrínsecos como temperatura, pH, concentração
salina, entre outros.

Um técnico em uma empresa que produz enzimas em larga escala utilizando bactérias
recombinantes precisa estar sempre atento e realizar algumas operações e controles nos
equipamentos.

Suponha que durante a etapa de purificação de uma enzima, tenha sido verificado pelo controle de
qualidade que a quantidade de enzima ativa na parte solúvel está menor que o esperado, sendo esse
um problema necessário de monitoramento, e sua causa detectada por meio de alguns fatores
como pH, temperatura, quantidade de nutrientes ou sais, ou ainda o filtro utilizado nessa etapa.

Fonte: Banco de Itens do Sistema de Avaliação da Educação Profissional do SENAI (adaptado).

Checklist:
A utilização de textos
explicativos para o contexto é
mais adequado para itens do
processo formativo, que não
têm os mesmos requisitos dos
itens da Avaliação de
Desempenho de Estudantes.

Este avalia ao final do curso o


que um aluno aprendeu.
Além disso, a linguagem não
está clara, e o item apresenta
problemas de construção no
último parágrafo deixando o
texto confuso.

56
ELABORAÇÃO DE ITENS Checklist e Revisão de Itens

Segue um exemplo de como utilizar o checklist na análise do suporte.

Durante uma inspeção de rotina, o técnico realiza a medição de um eixo e encontra o diâmetro de
123,70 mm utilizando o paquímetro abaixo.

Fonte: Apostila de treinamento Mitutoyo.

Qual o valor em polegada fracionada do diâmetro do eixo?


a) 4 51/68”
b) 4 7/8”
c) 5 121/128”
d) 5 31/32”
e) 6 3/16”

Checklist:
A imagem não é necessária
para responder o item. O
objetivo da questão é o cálculo
da conversão e a imagem
pode confundir o aluno.

57
ELABORAÇÃO DE ITENS Checklist e Revisão de Itens

Segue um exemplo de como utilizar o checklist na análise do comando.

Um mecânico deve conferir as medições externas, internas, de profundidade e de ressalto


utilizando o instrumento abaixo.

Fonte: Apostila de treinamento Mitutoyo.

Assinale a alternativa que apresenta o instrumento a ser utilizado para realizar essas medições.

a) micrômetro externo.
b) goniômetro.
c) micrômetro interno.
d) paquímetro.
e) relógio comparador.

Checklist:
Observe que o comando
solicita que o aluno assinale a
alternativa correta. Neste caso
o comando deveria ser
transformado ou numa
pergunta ou numa frase a ser
completada, sem ponto no
final. Um texto adequado
seria: "O instrumento a ser
utilizado para realizar essas
medições é o".

58
ELABORAÇÃO DE ITENS Checklist e Revisão de Itens

Segue mais uma análise do comando.

Nas instalações elétricas para uma infraestrutura de redes metálicas e wireless, deve haver uma
tomada tripolar que contenha uma fase, um neutro e um terra. As posições desses terminais
devem estar em conformidade com a norma NBR14136 da ABNT, padrão em todo Brasil, variando
apenas as tensões utilizadas de acordo com a região ou estado.

Um técnico, após realizar a aferição com multímetro em uma tomada com tensão de 115 V,
verificou que a leitura entre os pinos neutro e terra era de 3 V.

Fonte: Banco de Itens do Sistema de Avaliação da Educação Profissional do SENAI (adaptado).

Diante desse fato, o técnico concluiu que a tomada estava com


a) tensão insuficiente para ligar um computador.
b) padrão de instalação incorreto.
c) tensão no limite do aceitável.
d) tensão abaixo do aceitável.
e) instalação defeituosa.

Checklist:
A partir do contexto, o
comando apresentado pode
levar ao aluno a diferentes
conclusões, sendo necessário
que o aluno verifique as cinco
alternativas apresentadas para
identificar qual é a correta.

Se só olhando o comando e
sem olhar as alternativas o
aluno não tem ainda em mente
a resposta correta, o item é
dito como sendo de verdadeiro
e falso.

59
ELABORAÇÃO DE ITENS Checklist e Revisão de Itens

Segue um exemplo de como utilizar o checklist na análise das alternativas.

Em seu discurso aos seus subordinados, a gestora do departamento de qualidade de uma grande
indústria farmacêutica afirma que a gestão de recursos físicos, humanos e financeiros é um dos
elementos principais de um sistema de gestão da qualidade. Ela mantém que essa é a razão pela
qual a indústria ocupa posição de destaque na norma ISO 9001:2015. A norma é bem clara e
todos os colaboradores foram capacitados para interpretá-la e aplicá-la.

Fonte: Banco de Itens do Sistema de Avaliação da Educação Profissional do SENAI (adaptado).

A esse respeito, considerando somente as disposições da ISO 9001:2015, assinale a alternativa


correta.
a) A organização deve planejar e gerenciar o ambiente de trabalho adequado para alcançar a
conformidade com os requisitos do produto.
b) Os registros de educação, treinamento, habilidade e experiência devem ser todos
descartados ao final do projeto, pois são desnecessários.
c) A organização deve solicitar a seus próprios clientes que sejam os provedores de recursos
para aumentar a sua satisfação com os requisitos do produto.
d) Os colaboradores que executam atividades que afetam a conformidade com os requisitos do
produto não influenciam diretamente na qualidade final dos produtos e serviços.

A empresa é responsável por prover a infraestrutura necessária para formulação de todos os


itens dispostos no sistema de gestão da qualidade, como por exemplo, edifícios, espaço de
laboral, equipamentos, excluindo os serviços de apoio, como meios de transporte e sistemas de
comunicação.

Checklist:
A última opção está muito
extensa e destoa das demais.

60
ELABORAÇÃO DE ITENS Checklist e Revisão de Itens

Segue mais uma análise das alternativas.

Um mecânico deve conferir as medições externas, internas, de profundidade e de ressalto


utilizando o instrumento abaixo.

Fonte: Apostila de treinamento Mitutoyo.

Qual o instrumento utilizado para realizar essas medições?

a) micrômetro externo.
b) goniômetro.
c) micrômetro interno.
d) paquímetro.
e) relógio comparador.

Checklist:
Como o comando está no
formato de uma pergunta e as
alternativas são somente
palavras, elas devem começar
com letra maiúscula e não têm
ponto final.

Além disso, as alternativas


não estão apresentadas com a
ordem de tamanho do menor
para o maior ou vice-versa.

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ELABORAÇÃO DE ITENS Checklist e Revisão de Itens

Segue um exemplo de como utilizar o checklist na análise da justificativa.

Três aprendizes do curso de administração, durante suas atuações profissionais na empresa


contratante, apresentaram excelentes desempenhos no setor contábil, o que fez o supervisor
decidir reter um dos talentos através da contratação efetiva por tempo indeterminado. Para isso,
ele resolveu aplicar uma prova envolvendo análises contábeis, a fim de identificar qual dos três
apresentava mais domínio das competências.

Fonte: Banco de Itens do Sistema de Avaliação da Educação Profissional do SENAI (adaptado).

Diante dos dados obtidos, a situação líquida patrimonial é igual a


a) 0,00 ou inexistente.
b) 26.000,00 positivo.
c) 26.000,00 negativo.
d) 48.000,00 negativo.
e) 74.000,00 negativo.

Justificativas:
a) Incorreta. O aluno não soube fazer o cálculo.
b) Correta. O aluno soube fazer o cálculo.
c) Incorreta. O aluno não soube fazer o cálculo.
d) Incorreta. O aluno não soube fazer o cálculo.
e) Incorreta. O aluno não soube fazer o cálculo.

Checklist:
As alternativas não
apresentam o raciocínio do
aluno para os distratores nem
a lógica por trás do gabarito.

62
ELABORAÇÃO DE ITENS Checklist e Revisão de Itens

Além dos elaboradores o checklist auxilia outras equipes que realizarão as


revisões: técnica, metodológica, linguística e gráfica.
Revisão Técnica
É a revisão realizada por especialista da área avaliada, diferente de quem
elaborou o item. Esta revisão compreende os aspectos pedagógicos, como
também os requisitos para a elaboração de um item definidos no checklist.

Revisão Metodológica
É a revisão realizada por especialista em avaliação externo, com ênfase nos
pressupostos da Teoria de Resposta ao Item (TRI).

Revisão Linguística
É a revisão quanto aos aspectos fonético, morfológico, sintático, semântico,
social e psicológico.

Revisão Gráfica
É a revisão que considera aspectos de formatação e diagramação,
considerando padrões de apresentação pré-definidos.

Todos os os perfis unidos realizam uma elaboração de itens exata e cabal.


O elaborador de itens deve utilizar todas as informações para aperfeiçoar seu
trabalho realizando uma boa avaliação e contribuindo para aprendizagem.

63
ELABORAÇÃO DE ITENS

64
ELABORAÇÃO DE ITENS

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA - DIRET

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

SENAI/DN
Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti
Diretor-Geral

DIRETORIA DE OPERAÇÕES
Gustavo Leal Sales Filho
Diretor de Operações

Gerência-Executiva de Educação Profissional e Tecnológica - UNIEP


Felipe Esteves Pinto Morgado
Gerente-Executivo de Educação Profissional e Tecnológica

Gerência de Tecnologias Educacionais


Luiz Eduardo Leão
Gerente de Tecnologias Educacionais

Glecivan Barbosa Rodrigues


Hugo Nakatani
Rosamaria Capó Sobral
Equipe Técnica

DIRETORIA DE SERVIÇOS CORPORATIVOS – DSC


Fernando Augusto Trivellato
Diretor de Serviços Corporativos

Superintendência de Administração - SUPAD


Maurício Vasconcelos de Carvalho
Superintendente Administrativo

Alberto Nemoto Yamaguti


Normalização
________________________________________________________________

Grid Criação Digital e Treinamento


Elaboração

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