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EURÍPEDES BARSANULFO

ea
PEDAGOGIA ESPÍRITA

1
CICLO DE ESTUDOS PEDAGÓGICOS
www.pedagogiaespirita.org
PLANO DA OBRA

1. Eurípedes Barsanulfo e a Pedagogia Espírita.

2. Mensagem de Eurípedes Barsanulfo aos

Evangelizadores - 1990 -médium Dr. Tomaz Novelino

3. Vida e Obra de Eurípedes Barsanulfo

4. Bibliografia e Sugestões de Leitura

CICLO DE ESTUDOS PEDAGÓGICOS


www.pedagogiaespirita.org
1. ESTUDOS PEDAGÓGICOS
E-Books (livros em PDF) - WebConferência
` Introdução: Eurípedes Barsanulfo e a Pedagogia Espírita
Filosofia e História da Educaçao: Sócrates, Platão, Aristóteles,
Comenius, Rousseau, Pestalozzi, Froebel, Decroly e outros.
Psicologia de Educaçao - Piaget, Vygotsky, Luria, Wallon e outros
Educação do Espírito - Modelo Pedagógico Espírita
2. ARTE E EDUCAÇÃO
E-Books - Online com especialistas na área
A importância da arte na educação do Espírito
` Música, dança, teatro, artes plásticas, literatura
3. PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EVANGELIZAÇÃO
E-Books e outras atividades online - Webconferências
` Didática - Conteúdo e metodologia
A educação do Espírito: criança, jovem adulto e desencarnado.
A família na educaçao

Coordenadores:
Walter Oliveira Alves - pedagogo, professor de psicologia da
educação, filosofia da educação e didática.
Juliana Hypólito Silva - professora de música.
Daniela Pereira Soares - Professora, bailaria e coreógrafa.
Enis Rissi. - Pedagoga, professora do ensino fundamental.
Gustavo Lussari - Diretor Departamento de Artes - IDE
Luiz André Silva - Coordenador Oficina Literatura - IDE.
Equipe de educadores/evangelizadores de vários núcleos Espíritas
do Brasil e dos Estados Unidos.
Promoção:
Revista Pedagógica Espírita - www.pedagogiaespirita.org
Instituto de Difusão Espírita - www.ide.org.br
Eurípedes Barsanulfo e a Pedagogia Espírita

Iniciamos nossos estudos pedagógicos com Eurípedes


Barsanulfo, por ser ele um dos mais destacados representan-
tes, tanto de uma Pedagogia Espírita, quanto da prática pe-
dagógica numa escola genuinamente espírita.

O Colégio Allan Kardec

É Corina Novelino quem nos fala de Eurípedes e do Colégio Allan


Kardec, na obra Eurípedes, o Homem e a Missão:

“Na frontal da porta modesta, lia-se Liceu Sacramentano (...)


Acrescentara, corajosamente, o ensino da Doutrina Espírita ao currículo,
o que suscitara o descontentamento dos pais católicos.
A maioria levou a Eurípedes a ameaça de retirar os filhos do Liceu,
caso mantivesse o Professor a decisão de lecionar Espiritismo.
- “Que retirem os filhos, mas a finalidade salvadora do aprendizado
espírita será mantida.”
Um dia, porém, ele se entristecera profundamente. Achava-se
abandonado quase, no vazio da sala de aulas. Pusera-se a chorar, no
silêncio de ardorosa prece. (...)
Eis que uma força superior toma-lhe o braço e, mecanicamente,
transmite pequena mensagem, mais ou menos nestes termos:

”Não feche as portas da escola. Apague da tabuleta a


denominação Liceu Sacramentano - que é um resquício
do orgulho humano. Em substituição coloque o nome -
Colégio Allan Kardec.
Ensine o Evangelho de meu filho às quartas-feiras e
institua um curso de Astronomia.
Acobertarei o Colégio Allan Kardec sob o manto do meu
Amor.”

Maria, Serva do Senhor

Assim, em 1907, Eurípedes Barsanulfo inaugurava o primeiro


colégio genuinamente espírita do mundo com o nome de Colégio Allan
Kardec, sob a égide de Maria, a mãe de Jesus.
O ensino da Doutrina Espírita era parte integrante do currículo da
escola, ensinando o Evangelho de Jesus, e um curso de astronomia,
conforme as recomendações de Maria. A verdade triunfava do
preconceito, do orgulho e do fanatismo religioso.
EURÍPEDES E A PEDAGOGIA ESPÍRITA
Diante da coragem de Eurípedes de incluir o ensino da Doutrina
Espírita no currículo de sua escola é preciso rever o conceito de escola
laica e definir corretamente o que é Pedagogia Espírita.
A proposta pedagógica de Eurípedes é essencialmente espírita,
ou seja, totalmente embasada na Doutrina Espírita.
A Doutrina Espírita, base, alicerce e fundamento da Pedagogia
Espírita, possui três aspectos inseparáveis: científico, filosófico e
religioso.
O Espiritismo é “obra do Cristo que o preside, como igualmente
anunciou, a regeneração que se opera, e prepara o reino de Deus sobre
a Terra.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap. I).
O Planeta Terra passa, hoje, por momentos graves e grandes
transformações, onde o homem é levado a rever seus valores.
A necessidade leva o homem a buscar respostas a antigas
perguntas, já esquecidas: - Quem sou, de onde vim, para onde vou?
A Doutrina Espírita, como obra do Cristo, vem atender às
necessidades humanas mais prementes, como um farol que ilumina e
mostra o caminho, sem tirar a responsabilidade do timoneiro.
Mesmo diante de todo o respeito que deve existir em nossos
corações por toda e qualquer religião do Planeta, é preciso convir que
Jesus não criou nenhuma religião. Apenas aceitou o título de Mestre.
Mestre é o que ensina, educa. Como Mestre, por excelência, ensinou
verdades de caráter Universal, necessárias ao processo evolutivo do
Espírito. Religião, para nós, é o que nos liga ou religa ao Criador. Nesse
sentido é necessário para elevar o ser da horizontalidade do mundo
material para a verticalidade da vida espiritual, que pulula por todo o
Universo. É, nesse sentido, o aspecto mais elevado da educação.
Hoje sabemos que Jesus é o Diretor Espiritual de nosso Planeta,
o diretor de nossa Escola Planetária, nosso Mestre por excelência.
Todo o conhecimento, seja científico, filosófico ou religioso, vieram
das esferas do Cristo, sob a supervisão dos Espíritos Superiores que
coordenam todo o processo evolutivo de nosso Planeta.
Portanto, a Doutrina Espírita, e como consequência, a Pedagogia
Espírita, é trabalho gigantesco de legiões imensas de trabalhadores de
Jesus, através de séculos de atividades em todo o nosso planeta. Dentre
esses trabalhadores, ao lado de outros de elevado valor, figura
Eurípedes Barsanulfo.
Assim, pois, todo o conteúdo da Doutrina Espírita, tendo como
alicerce fundamental as obras de Kardec, cuja coluna mestra é O Livro
dos Espíritos, conteúdo esse que se espalha por centenas de outras
obras, especialmente as recebidas por Francisco Candido Xavier, dentre
outros, - esse conteúdo deve ser ensinado, desde tenra idade, a todos
os que buscam qualquer instituição que leva o nome de espírita.
Isso não é fazer proselitismo, como proclamam alguns, é transmitir
verdades de caráter universal, tal qual fez Eurípedes Barsanulfo, no
Colégio Allan Kardec, sob a égide de Maria de Nazareth.
O conteúdo presente nas obras Espíritas, a partir das obras de
Allan Kardec, não é propriedade de uma Doutrina, mas verdade de
caráter universal, necessário ao “conhecimento de si mesmo” e,
portanto, ao progresso do Espírito.
“Poderoso é o sol da verdade” afirma Eurípedes.
Como já é previsto pelos Espíritos superiores, brevemente a
ciência comprovará a existência do Espírito, e, portanto, a imortalidade
da Alma, a comunicabilidade dos Espíritos, a reencarnação e a Lei de
Causa e efeito, por ser ensinamentos verdadeiros.
A Doutrina Espírita esta na Terra, como trabalho gigantesco de
milhares de Espíritos, com o objetivo de auxiliar o progresso e a evolução
humana, especificamente, a entrada do homem num patamar evolutivo
de nível superior, o nível espiritual da vida.
Assim, pois, toda Instituição que se intitula Espírita, seja um
pequeno e humilde Centro Espírita ou uma escola, tem por dever com
o Cristo e os Espíritos superiores, espalhar essas verdades, tanto de
caráter científico, filosófico e religioso.
Assim o fez Eurípedes Barsanulfo no Colégio Allan Kardec, em
Sacramento, Minas Gerais.

PEDAGOGIA ESPÍRITA E INSTITUIÇÕES ESPÍRITAS


Não restam dúvidas que o Espiritismo é um fato histórico marcando
uma época de transição e, na linguagem dos Espíritos, a entrada na
Era do Espírito.
Também percebemos que a Pedagogia Espírita esta entranhada
nas obras espíritas e representada nos Centros e Instituições Espíritas.
Se o Espiritismo é obra do Cristo, sendo a Terra nosso planeta-
escola, o Centro Espírita, seja humilde casa de quatro paredes ou
enorme instituição de vários departamentos, representa uma escola do
Espírito, a esclarecer a razão e iluminar o coração de quantos chegam
às suas portas.
A própria estrutura das casas Espíritas, com as falhas naturais de
todo processo educacional em evolução, contribui para uma educação
voltada para todos, em todas as idades e fases evolutivas. Com seu
setor de infância e juventude até os cursos e grupos de estudos,
atendimento fraterno, assistência espiritual, reuniões mediúnicas,
assistência social, departamentos de artes, corresponde a uma escola
ativa, onde os alunos, que somos todos nós, aprendem ativamente,
estudando e trabalhando, agindo, participando ativamente de vários
módulos educacionais.
A escola de Eurípedes Barsanulfo foi um modelo desse dinamismo
todo, como veremos nos próximos itens. Utilizava da arte, especialmente
do teatro, do trabalho de assistência, inclusive a enfermos. Utilizava
abertamente de seu potencial mediúnico, recebendo publicamente
mensagens e elevadas lições de Espíritos superiores, após as aulas
de quarta-feira. Os alunos utilizavam O Livro dos Espíritos e O
Evangelho Segundo o Espiritismo em seus estudos às quartas-feiras.
Os maiores chegavam a assistir as reuniões mediúnicas no Grupo
Espírita, conforme afirma Corina Novelino na obra Eurípedes, o Homem
e a Missão.
A PEDAGOGIA ESPÍRITA ESTÁ PRESENTE NO
MOVIMENTO DE EVANGELIZAÇÃO INFANTO-JUVENIL
O movimento de evangelização infanto juvenil, independente do
nome que utilize, representa os primeiros passos da Pedagogia Espírita
que cresce em teoria e prática. As mocidades e grupos de música,
dança, teatro e todas as demais artes, são formas de operacionalizar a
própria Pedagogia Espírita. Isso é um fato histórico inegável.
Podemos, pois, afirmar com segurança que o movimento de
Infância e Juventude é parte integrante da Pedagogia Espírita. Afirmar
o contrário seria tentar mutilar este movimento gigantesco que ocorre
em todo o Brasil e em vários outros países do mundo.
O movimento de educação da criança e do jovem, nas casas
Espíritas, bem como os grupos de artes em geral, ai estão com o aval
dos Espíritos Superiores.
O movimento de evangelização da infância teve início por
inspiração do próprio Jesus a Ignácio de Antioquia no ano 75, em
Apollônia Pôntica, sendo Blandina (conhecida atualmente como Meimei)
uma das primeiras evangelizadoras, conforme relatado na obra Ignácio
de Antioquia, de Theophorus, psicografado por Geraldo Lemos Neto.
Eurípedes Barsanulfo tem sido o grande inspirador deste
movimento, em terras brasileiras, atualmente. A prova disso, dentre
outras, está na mensagem de Eurípedes Barsanulfo, transcrita nas
próximas páginas, recebida em reunião de evangelizadores realizada
em Sacramento, no mesmo prédio do antigo Colégio Allan Kardec,
através do médium Dr. Tomas Novelino, ex-aluno de Eurípedes.
O leitor amigo, ao ler a mensagem, perceberá a importância deste
movimento, principalmente neste momento evolutivo que vivemos.
Na mensagem endereçada aos evangelizadores, Eurípedes afir-
ma que Espíritos ligados ao Cristo se preparam para descer ao plano
terreno.
Ao mesmo tempo afirma: “sejais habilitados nesta tarefa que vós
mesmos vos propondes, de desenvolver os trabalhos do esclarecimento
da verdade espiritual do Evangelho do Cristo em todos os corações”.
O movimento de evangelização infanto-juvenil, ou evangelização
do Espírito ou ainda Educação do Espírito, é obra eminentemente
educativa, e corresponde a uma educação de nível superior que auxilia
o processo de evolução do Espírito, despertando as qualidades superi-
ores que permanecem ainda adormecidas.
Essa educação desperta o imenso potencial interior que traze-
mos, como filhos e herdeiros de Deus, o Reino interior. Através do co-
nhecimento superior esclarece a razão com a verdade de nós mes-
mos, como seres espirituais que somos. Através das atividades de
cooperaçao, prática da caridade e amor ao próximo, bem como atra-
vés das atividades artísticas, eleva nosso padrão vibratório, nos per-
mitindo sintonizar com vibrações sutis que emanam de mentes superi-
ores que se espalham pelo Universo de Deus.
Assim, pois, a educação do Espírito, está em perfeita sintonia
com Pestalozzi que define educação como sendo “o desenvolvimento
gradual e progressivo de todas as qualidades interiores do ser...”
É natural e compreensível que o movimento da Infância e Juven-
tude tenha falhas, seja de natureza teórica quanto prática. Mas isso só
demonstra o quanto ainda temos que trabalhar em função de uma Pe-
dagogia Espírita, começando pelos milhares de núcleos espíritas es-
palhados por todo mundo. São, sem dúvida, sementes lançadas pelo
Mundo Maior, a germinar num futuro quiçá não muito distante.
Se tens dúvida quanto a isso, irmão querido, leia a mensagem de
Eurípedes Barsanulfo, transcrita nas próximas páginas e, vamos “arre-
gaçar as mangas” nos dar as mãos e cooperar com Jesus e seus
prepostos na imensa obra de regeneração de todo o nosso Planeta.
A partir desta mensagem, iniciou-se o chamado movimento de
Evangelização do Espírito, sob forte inspiração de Eurípedes.
Anos depois, por sugestão de amigos espirituais, denominamos
Educação do Espírito à obra de mesmo nome, lançada dentro dos
parâmetros da proposta. A educação do Espírito corresponde à edu-
cação integral do ser, avançando ao seu aspecto espiritual, compreen-
dendo que todos somos, em essência, Espíritos em evolução, filhos e
herdeiros de Deus, dotados do germe da perfeição, ou seja, de um
potencial elevado a ser desenvolvido, em todos os seus aspectos.
O QUE É PEDAGOGIA ESPÍRITA

Assim, podemos afirmar com segurança, que a Pedagogia Espí-


rita corresponde a um movimento imenso onde milhares de Espíritos
superiores, nas mais diversas épocas da humanidade, colaboram para
a sua concretização.
Corresponde à elevação do processo pedagógico ao seu nível
espiritual, compreendendo a criança como Espírito imortal, “ser
perfectível e que traz em si o gérmen do seu aperfeiçoamento”, em
processo evolutivo de desenvolvimento de suas qualidades superio-
res.
Corresponde ao projeto do Cristo, referente à construção do Rei-
no de Deus na Terra, que se inicia no íntimo de cada um.
Corresponde ao fruto do trabalho gigantesco de milhares de Es-
píritos, sob a égide de Jesus, diretor espiritual de nosso Planeta, den-
tre eles destacando-se Sócrates, Platão, Aristóteles, Comenius,
Rousseau, Pestalozzi, Kardec, Decroly, Freinet e tantos outros pensa-
dores que, nas mais diversas áreas da cultura humana, contribuíram
para esse momento evolutivo de nosso Planeta Terra.
Continua, em sua última etapa, presente nas casas Espíritas, nos
movimentos de educação do Espírito, da criança, do jovem, do adulto,
nos grupos de artes que crescem e se espalham por toda parte, no
atendimento aos nossos irmãos que necessitam, enfim, na prática do
amor ao próximo, porque, essencialmente, a pedagogia Espírita é a
pedagogia do amor em ação, construindo a mente superior do ser que
pensa, sente e age com amor.
E todos aqueles que trabalham, em prol desse movimento gigan-
tesco, nos seus mais variados setores, são, historicamente falando,
participantes desta pedagogia do amor, que se desenvolve em teoria e
principalmente na prática superior, atendendo ao apelo dos Espíritos
superiores: “Espíritas! Amai-vos e instruí-vos”

A grande obra de Jesus, da construção do reino dos Céus, que


se inicia dentro de cada um de nós segue em frente.

Sigamos, pois, nós outros, com Jesus, com Eurípedes e com essa
legião de Espíritos que estão por toda parte, disseminando as verda-
des de caráter universal que representa o conteúdo intelecto-moral que
deverá atingir todas as áreas da cultura humana, seja na educação, na
medicina, na sociologia, e principalmente, no coração humano, que
passara a vibrar em maior sintonia com o Pai e com os trabalhadores
da Seara Divina.
“Então, o que é Pedagogia Espírita?

- É a ciência e arte da educação, o processo através do qual se


desenvolve o “germe” da perfeição no íntimo de cada um, Espíritos imortais
que somos, filhos e herdeiros de Deus. É o desenvolvimento gradual e
progressivo das potências da alma, através do exercício do amor e do
“conhecimento de si mesmo” que faz germinar essa essência Divina e dar
os frutos do amor e da sabedoria.
- É o retorno do amor e da verdade Universal ao cenário pedagógico
da humanidade através da coragem de expressar essa verdade sem
preconceitos, sem meias verdades, como o fez Eurípedes Barsanulfo.
O conhecimento da verdade universal é indispensável ao
conhecimento de si mesmo e, portanto, ao desenvolvimento das qualidades
interiores da alma, das potências do Espírito.
Na verdade, não existem duas pedagogias. O que chamamos de Pe-
dagogia Espírita, representa pois, a Pedagogia por excelência, iluminada
pelos conhecimentos que a Doutrina Espírita nos oferece hoje. Suas raízes
remontam aos primórdios da Humanidade e possui, em sua retaguarda,
milhares de Espíritos, trabalhadores do Cristo, na iluminação intelectual e
moral do Planeta.
A Pedagogia Espírita esta presente hoje na mente e nos corações
dos educadores que enfrentam todos os preconceitos por amor à verdade,
independente do título de professor, mestre ou doutor, que são resquícios
da vaidade humana. Esta presente nos jovens e adultos que labutam na
evangelização infanto-juvenil, que palestram nas casas Espíritas, que
participam nos grupos de estudos, nas atividades assistenciais exercitando
e exemplificando o amor ao próximo. Esta presente no jovem que atua no
teatro, que canta e dança fazendo da arte sublime escada de elevação do
Espírito.
A Casa Espírita representa hoje a Escola Espírita em toda a sua
simplicidade, beleza e dinamismo espiritual, vivendo o amor, iluminando o
coração e a mente das crianças, dos jovens, dos adultos e mesmo do Espírito
desencarnado, pois somos todos, em essência, Espíritos em evolução.
Não existe educação em seu significado profundo, sem o exercício
do amor e sem o conhecimento de si mesmo, ou seja, sem que o educando
se reconheça como Espírito imortal, filho de Deus, dotado do germe da
perfeição, sujeito às leis de causa e efeito e, portanto, responsável pelos
seus pensamentos e atos, a nascer e renascer num aperfeiçoamento
gradual, mas contínuo, rumo à perfeição.
Não existe escola espírita, se não incluir em seu currículo esse
conhecimento libertador da verdade espiritual de nossas vidas, dessa
verdade Universal contida na Doutrina Espírita, como o fez Eurípedes
Barsanulfo.
Auxiliar o Espírito com a verdade absoluta de nossa existência
espiritual é nossa tarefa prioritária.
É nosso compromisso com Jesus, com Kardec, com Eurípedes e com
nossa própria consciência. “
(Revista Pedagógica Espírita, jan/fev/2008.)
Mensagem de Eurípedes Barsanulfo aos evangelizadores

A paz seja com todos aqui reunidos, nesta hora tão propícia,
em que temos o ensejo de dirigir, de maneira direta, a nossa palavra
aos nossos queridos amigos.
Oh! Que alegria, que prazer, que contentamento imenso expe-
rimentamos por esta situação feliz!
Amigos queridos, familiares, companheiros em crença, aqui
estamos presentes para vos dar as boas-vindas, para vos aconche-
gar ao nosso coração, num gesto de carinho, de amizade e de amor.
Sim, amigos, fomos testemunhas do conclave que hoje
realizastes; sabei que está chegando a hora do preparo para a re-
cepção dos prepostos da Espiritualidade, que vêm descer ao plano
terreno, no desempenho de tarefas nas lides do Espírito de Verdade.
Estai a postos, amigos; desenvolvei por toda parte, à luz da
Doutrina, essas instruções às crianças, aos moços, aos homens, a
fim de que as hostes do Senhor desçam ao plano terreno num ambi-
ente onde possam receber instruções, luzes e conhecimento para o
preparo de sua tarefa, da sua responsabilidade e até da sua missão
na Terra!
Eia, pois, amigos! Nada de desânimo, nada de receios; aqui
estamos todos presentes. Sabei que a falange do Bem está ativa no
mundo espiritual, neste anseio de que mui próximo possa dar-se
esta descida de Espíritos prepostos, sob a égide do Cristo na dire-
ção deste trabalho de reestruturação, de transformação e de reno-
vação das inteligências.
Alistai-vos, amigos de bom coração! Alistai-vos na Doutrina;
vivei em fraternidade; abri os vossos corações à dor, à necessidade
do seu semelhante. Orai ao Pai com fervor, quotidianamente, for-
mando ambiente de serenidade, de união e fraternidade. E, com o
pensamento preso à figura sacrossanta do Cristo, sejais habilitados
nesta tarefa que vós mesmos vos propondes, de desenvolver os tra-
balhos do esclarecimento da verdade espiritual do Evangelho do Cris-
to em todos os corações.
Agradecido. Mil vezes agradecido pelos pensamentos fervoro-
sos dirigidos à nossa direção.
Que a paz do Mestre amado seja em todos os corações!

Eurípedes Barsanulfo.

Mensagem recebida pelo Dr. Tomás Novelino, ex-aluno de


Eurípedes, em 28 de janeiro de 1990, durante a realizaçao de uma reunião
de evangelizadores, na cidade de Sacramento-MG, na qual o Dr. Tomás
tomou parte ativa, proferindo uma maravilhosa palestra exaltando a impor-
tância do trabalho da Evangelização.
Mais de duas centenas de participantes estiveram presentes na reunião
e na recepçao da mensagem.
VIDA E OBRA DE EURÍPEDES BARSANULFO

Por intermédio de diversas obras, citadas à frente, ficamos sa-


bendo de váriass encarnações anteriores de Eurípedes Barsanulfo.
No livro A Grande Espera, de Eurípedes Barsanulfo, psicografia
de Corina Novelino, ed. IDE, consta que ele viveu na época de Je-
sus, como o jovem Marcos, num povoado essênio, ao sul da Pales-
tina, tendo, nesta ocasião, se encontrado com Jesus ainda na
adolescencia.
Chico Xavier relatou que os personagens do livro A Grande
Espera são: Lisandro, o Dr. Bezerra de Menezes, o jovem Marco,
Eurípedes Barsanulfo e Josafá seria Cairbar Schutel.
Os essênios, segundo se sabe, correspondem a uma seita ju-
dia fundada, provavelmente, 150 anos antes de Jesus. Segundo o
próprio O Evangelho Segundo o Espiritismo, Introdução, eles “dis-
tinguiam-se pelos costumes brandos e por austeras virtudes, ensi-
navam o amor a Deus e ao próximo, a imortalidade da alma e acre-
ditavam na ressurreição. Viviam em celibato, condenavam a escra-
vidão e a guerra, punham em comunhão os seus bens e se entrega-
vam à agricultura.” Assemelhavam-se muito com os primeiros cris-
tãos, o que justifica a elevação intelectual e moral de Eurípedes.
No romance Ave Cristo, ditado por Emmanuel ao médium Fran-
cisco Cândido Xavier, Eurípedes aparece na figura de Rufus, um
escravo que, no século II, na cidade de Lyon, deu um tremendo tes-
temunho de fé, quando optou por morrer e ver sua esposa e filhos
vendidos a um mercador de escravos, a negar sua fé e confiança
em Jesus.
Corina Novelino, na obra Eurípedes, O Espírito e o
Compromisso, nos informa também, que Eurípedes teria sido um
dos colaboradoradores de Francisco de Assis, na regiáo da Umbria,
na Itália, e nao o próprio Francisco, como afirmam alguns autores.
Na obra Tormentos da Obsessão, de
Manoel Philomeno de Miranda, pela
psicografia de Divaldo Pereira Franco,
temos a informação que Eurípedes, em
anterior encarnação nasceu em Zurique, no
ano de 1741, com o nome de Johann
Kaspar Lavater, tendo sido amigo pessoal
de Pestalozzi quando frequentaram a
Sociedade Helvética. Lavater foi filósofo,
poeta e teólogo suiço, entusiasta do
magnetismo animal.
PEQUENA BIOGRAFIA DE EURÍPEDES BARSANULFO

Eurípedes Barsanulfo nasceu em 1o de maio de 1880, em Sa-


cramento, Minas Gerais. Terceiro filho de Hermógenes Ernesto de
Araújo, também conhecido como Mogico, e de Jerônima Pereira de
Almeida, também chamada de Meca. O casal Mogico e Meca tive-
ram treze filhos.
A infância de Eurípedes e seus irmãos foi dificil, sempre en-
frentando grandes dificuldades financeiras.
"Meca apegara-se muito ao caçula, talvez por ser franzino.
Quantas vezes não teria ela ido aos extremos do sacrifício para ga-
rantir a sobrevivência do filho querido?
"A situação financeira da família não progredira. As lutas conti-
nuavam. Eurípedes crescia mal nutrido e, conseqüentemente,
enfermiço. A alimentação ordinária da família era deficiente. Houve
um tempo em que Mariquinhas buscava no quintal folhas de "ora-
pro-nobis", que cozia em água e sal para os irmãos". (Eurípedes, o
Homem e a Missão - Corina novelino)
Meca sofria, desde o nascimento da primogênita Maria
Neomísia, de insidiosas crises que a atormentariam por muitos anos.
Avenida Municipal, na década de 1920, hoje Benedito Valadares. Ve-se o posto
da Texaco, a revendedora Chevrolet, o casarão onde funcionou o Liceu
Sacramentano, a estreita ponte sobre o ribeirão Borá e, no alto da colina, a Igreja
do Rosário. (Foto de João Bianchi)

Os primeiros estudos

Fez seus primeiros estudos na escola primária do Sr. Joaquim


Vaz de Melo Júnior, conhecido por Tatinho
Em 1889 instala-se na cidade o Colégio Miranda, dirigido pelo
prof. João Derwil de Miranda, que mais tarde, teria colaborado com
Eurípedes no Liceu Sacramentano.
No Colégio Miranda foi encaminhado à classe adiantada, cor-
respondente ao ginário, assumindo muitas vezes a função de monitor
e assistente dos professores, iniciando suas primeiras atividades
pedagógicas.
Eurípedes permaneceu no Colégio Miranda até 1901. No início
de 1902 o pai o leva para o Rio de Janeiro, com o objetivo de conse-
guir matrícula numa escola de medicina e, também, conseguir um
emprego para Eurípedes.
Conseguiram a matrícula na Escola de Medicina da Marinha e
retornaram após vinte dias de permanência no Rio.
No entanto, às vésperas de sua partida, Meca teve uma das
crises que sempre preocupava a todos. Eurípedes e seus irmãos
correm ao encontro da mãe, sentindo que seu sofrimento e tristeza
tinha por motivo a separação próxima. Meca, sempre muito sensí-
vel, não resistiria a um choque emocional.
Eurípedes desfaz as malas desistindo da faculdade.
Foto de Sacramento no início dos anos 30. (Foto de João Bianchi)

Eurípedes auto-didata.

Eurípedes Barsanulfo não possuia curso superior. Era auto-


didata. Lia havidamente sobre os mais diversos assuntos.
As leituras acordavam em seu íntimo o Espírito culto e nobre
que era. Anos antes lera com grande interesse os livros sobre as-
suntos médicos do Dr. Onofre Ribeiro que passara uma temporada
como hóspede da família Mogico. Seu objetivo era a cura de sua
mãe.
Foi um dos fundadores do Grêmio Dramático de Sacramento
(com doze ou treze anos), participando como protagonista de diver-
sas peças teatrais. Foi também co-fundador da Gazeta de Sacra-
mento, o primeiro jornal da cidade.
Estudou homeopatia nos livros de um amigo de nome Ormênio,
no início, procurando na homeopatia a cura para sua mãe.
"Graças à sua inteligência privilegiada e ao seu próprio esfor-
ço, chegou a possuir tal cultura, que os seus biógrafos a consideram
verdadeirametne assombrosa. Tinha profundos e largos conhecimen-
tos de Medicina e Direito. Dissertava sobre astronomia, filosofia,
matemática, ciências físicas e naturais, literatura, com a mais extra-
ordinária segurança, sem possuir nenhum diploma de escola superi-
or." (Grandes Espíritas do Brasil - Zêus Wantuil)

A famácia homeopática

Após seus estudos e anotações dos livros de Ormênio, com os


próprios recursos, criou uma pequena Farmácia Homeopática, que
atendia prioritariamente aos necessitados da periferia da cidade, sem
deixar de atender a qualquer pessoa que o procurasse.
Todas as manhãs saia para os recantos mais afastados da ci-
dade, atendendo dedicadamente aos necessitados.
O jovem Eurípedes adquiria a confiança e admiração de todos,
tornando-se a Providência dos sofredores. Pouco a pouco, revela-
va-se o profundo amor pelos semelhantes que vibrava na alma po-
derosa e nobre deste jovem.
Eurípedes trabalhava, nesta ocasião, na casa comercial do pai,
auxiliando no balcão e efetuando a escrituração do movimento co-
mercial, mas encontrava tempo para as leituras e o trabalho de as-
sistência aos necessitados.

O Liceu Sacramentano

Em 31 de janeiro de 1902, por iniciativa do jovem Eurípedes


Barsanulfo, então com 22 anos, era fundado o Liceu Sacramentano.
Eurípedes cercou-se de competente equipe para compor o quadro
de sócios da nova entidade educacional.
O jovem professor do Liceu, mesmo antes de conhecer a Dou-
trina Espírita, já revelava seu profundo amor pela educação e pelo
semelhante. Guiando-se pela sabedoria inata que revelava, condu-
zia o Liceu para uma educação sem par, na época.
Com o salário que recebia por seus serviços na casa comercial
do pai garantia seu sustento pessoal bem como os recursos que
destinava aos serviços assistenciais, não retirava, para si, recursos
da escola.
Inspirados no próprio professor, os alunos criaram um serviço
de assistência, a Sociedade dos Amiguinhos dos Pobres, que pro-
movia leilões com prendas doadas, aplicando a renda na assistên-
cia com gêneros alimentícios, agasalhos e enterros de indigentes. *
Em pouco tempo a fama do Liceu atingia outras cidades, que
enviaram seus filhos para estudar em Sacramento.
Eurípedes espírita

No inicio de 1903, Mariano da Cunha, o tio Sinhô, de Santa


Maria, visita a família de Eurípedes, como o fazia periodicamente.
Por ocasião dessas visitas, o hospede ficava no quarto de Eurípedes,
que travava longos debates com o tio, a respeito das sessões espí-
rita que ocorriam em Santa Maria.
Tio Sinhô, irmão de Meca, era médium e participava das ses-
sões realizadas na fazenda Santa Maria, localizada a quatorze lé-
guas de Sacramento, onde residiam alguns familiares de Eurípedes.
Santa Maria, na verdade, era um "foco de médiuns".
Mariano da Cunha nunca encontrava argumentos contra Eurípedes,
que aspirava anular aquelas idéias do Tio. Não entendia como pes-
soas tão honestas e equilibradas empenhavam-se tanto na difusão
daquela "Doutrina do demônio".
Neste dia, porém, Tio Sinhô viera preparado. Trouxera um livro
que entrega a Eurípedes dizendo:
"- O que não posso explicar a você, este livro vai fazer, em
parte, por mim.
Eurípedes tomou o volume e abriu-o na primeira página. Era a
tocante dedicatória do autor - o filósofo francês Léon Denis - para
entidades benfeitoras que o haviam inspirado, no esquema e na es-
trutura do livro.
-Isto é muito bonito e profundo - diz Eurípedes - espelhando no
olhar brando indisfarçavel interesse.
Tio Sinhô acomodara-se, algo cansado. No outro lado, o sobri-
nho começara a leitura, já à luz frouxa de um lampião a querosene.
O tio acordara, algumas vezes, e surpreendera o sobrinho ainda a
ler. Ao dealbar do dia imediato, o moço brindou o coração do bom
Mariano da Cunha com alegre exclamação:
- Muito obrigado, meu tio! Isto é um monumento!" (Eurípedes -
o Homem e a Missão - Corina Novelino)
O livro trazia o título: Depois da Morte, de Léon Denis.
Desse dia em diante, Tio Sinhô trazia a Eurípedes o reduzido
material de propaganda da Doutrina Espírita, então existente.
Em 1904, na sexta-feira da Paixão, Eurípedes convida seu
amigo José Martins Borges para assistirem a uma sessão espírita
em Santa Maria.
É nesse dia que Eurípedes ouve, pelo médium Aristides a mais
"extraordinária dissertação filosófico-doutrinária, que jamais conhe-
cera, em toda sua vida, sobre o luminescente discurso de Jesus" *,
respondendo a uma pergunta feita mentalmente por Eurípedes, com
respeito a dúvidas que possuia sobre as Bemaventuranças, de Je-
sus.
Na saudação final, a Entidade revela sua identidade:
- Paz! João, o Evangelista.

Eurípedes retorna, dias depois a Santa Maria. Desta vez, Tio


Sinhô, como médium inconsciente, transmite a mensagem de Adolfo
Bezerra de Menezes. À seguir comunica-se Vicente de Paulo, reve-
lando para Eurípedes que era o seu "guieiro" espiritual, desde o ber-
ço, dizendo: "Abandone, sem pesar e sem mágoa o seu cargo na
congregação. Convido-o a criar outra instituição, cuja base será Cristo
e cujo diretor espritual serei eu e você o comandante material. Afas-
te-se de vez da Igreja." (...)
"Meu filho, as portas de Sacramento vão fechar-se para você. Os
amigos afastar-se-ão. A própria família revoltar-se-á. Mas, não se
importe. Proclame sempre a Verdade. Porque, a partir desta hora,
as responsabilidades de seu Espírito se ampliaram ilimitadamente."
(Eurípedes - o Homem e a Missão - Corina Novelino)
Eurípedes retorna a Sacramento e corta os laços que o prendi-
am à Irmandade de São Vicente de Paulo, causando enorme cons-
trangimento no meio católico da época. Pedem a Eurípedes uma
explicação para sua conduta e o jovem narra os últimos aconteci-
mentos que mudaram o rumo de sua vida, declarando-se espírita.
O moço experimenta a incompreensão e hostilidades por toda
parte. Os companheiros do magistério, no Liceu Sacramentano, aban-
donam seus cargos. O prédio onde funcionava o Liceu foi requerido
pelos proprietários e o mobiliário foi retirado.
Eurípedes, no entanto, era muito procurado pelas pessoas sim-
ples, para atendimento gratuito. Com a ajuda do pai, transfere sua
residência para a Rua Principal, hoje Avenida Visconde do Rio Bran-
co, no local onde, mais tarde, foi erguido o Colégio Allan Kardec. Ali
ele acolhia os sofredores e necessitados que o buscavam. Ali foram
realizados os primeiros trabalhos mediúnicos, mantendo estreito con-
tato com o grupo de Santa Maria.
Meca, cujo irmão já era espírita, foi a primeira a converter-se,
colaborando com o filho nos serviços assistencias, despertando suas
faculdades curadoras. Depois vieram o pai e os irmãos.
Em 27 de janeiro de 1905 fundava-se o Grupo Espírita Espe-
rança e Caridade.

O Colégio Allan Kardec


Tendo que abandonar o antigo prédio do Liceu Sacramentano
e sem colaboradores, o jovem Eurípedes estava abatido, mas conti-
nuando firme nas tarefas espíritas.
Os alunos, por sua vez, não se conformavam à idéia de perder
o professor e amigo. Numerosos pais o procuram e lhe pedem para
continuar as aulas. Todos o estimavam como professor e como cida-
dão.
Alugam uma sala no antigo Colégio da Profa. Ana Borges, fe-
chado desde 1885 e, com mobiliário improvisado reiniciam as aulas.
Na fachada lia-se Liceu Sacramentano. O currículo era o mes-
mo, mas sem os colegas de magistério, Eurípedes se desdobra para
ministrar as aulas do programa.
Mas de maneira surpreendente, acrescentara o ensino da Dou-
trina Espírita ao currículo, causando enorme descontentamento dos
pais católicos.
Foto antiga do prédio onde funcionou o Colégio Alan Kardec

A maioria ameaça tirar os filhos do Liceu caso o professor man-


tivesse a sua decisão de lecionar Espiritismo.
- Que retirem os filhos, mas a finalidade salvadora do aprendi-
zado espírita será mantida.
Após a firme decisão, muitos alunos tiveram suas matrículas
canceladas por seus pais.
O que aconteceu em seguida, transcrevemos do livro Eurípedes
- O Homem e a Missão:
"Um dia, porém, ele se entristecera profundamente. Achava-se
abandonado quase, no vazio da sala de aulas. Pusera-se a chorar,
no silêncio de ardorosa prece.
Sentiu insinuante vontade de escrever, enquanto todo o ser se
lhe banhava em magnetismo suave, muito suave, de fluidez radiosa
desconhecida.
Um nome de elevado destaque das esferas superiores impu-
sera-se-lhe aos canais intuitivos. Ele reage. Não pode ser, não me-
rece receber o beneplácito direto da Entidade anunciada.
Deixa o papel, julgando-se vítima de um embuste.
Eis que uma força superior toma-lhe do braço e,
mecânicamente, transmite pequena mensagem, mais ou menos
nestes termos:
Não feche as portas da escola. Apague da tabuleta a denomi-
nação Liceu Sacramentano - que é um resquício do orgulho huma-
no. Em substituição coloque o nome - Colégio Allan Kardec. Ensine
o Evangelho de meu filho às quartas-feiras e institua um curso de
Astronomia. Acobertarei o Colégio Allan Kardec sob o manto do meu
Amor.
No final, firma o documento precioso: Maria, Serva do Senhor.
Foto recente do prédio onde funcionou o Colégio Alan Kardec

Eurípedes seguiu à risca as instruções espirituais de Maria


Santíssima." (Eurípedes - o Homem e a Missão - Corina Novelino)
Assim, em 1907, nasce o Colégio Allan Kardec, sob a égide de
Maria, a primeira escola Espírita, com um currículo eminentemente
espírita. Sem preconceitos, Eurípedes ensinava o Espiritismo, como
verdade esclarecedora que ilumina a razão e eleva o coração. Com-
preendeu que a Doutrina Espírita é obra de Jesus, parte integrante
de seu Evangelho, currículo de uma nova etapa evolutiva de todo o
planeta Terra.
Antigos alunos do Liceu Sacramentano retornam ao novo colé-
gio e mais de duas centenas de outros alunos são recebidos no
Colégio Allan Kardec. Novos professores surgem como colaborado-
res de Eurípedes.
As quartas-feiras eram consagradas inteiramente ao estudo de
O Evangelho Segundo o Espiritismo e O Livro dos Espíritos, de Allan
Kardec. Assistiam as aulas os alunos do Colégio e numerosos visi-
tantes.
No final da aula, era o instante da prece de encerramento, quan-
do, às vezes, a voz de Eurípedes mudava de timbre. Celina vem
trazer palavras de estímulos da própria Mãe de Jesus. De outras
vezes comparecem Jeanne D’Arc, Paulo de Tarso, Pedro, Felipe e
outros discípulos do Cristo.
Incluiu também no currículo o estudo da Astronomia, conforme
o pedido de Maria, baseando-se no livro Astronomia Popular, de
Camille Flammarion.
Utilizava também da arte, especialmente do teatro, promoven-
do festivais artísticos que ficaram na lembrança dos alunos e do
público da época.

Os desdobramentos de Eurípedes

Eram comuns os desdobramentos do professor e os alunos já


estavam familiarizados com suas "viagens".
Dr. Tomaz Novelino, um de seus alunos assim descreve:
"Desprendia-se facilmente, transportando-se, em espírito, à dis-
tância. Quantas vezes, em aulas, ele pendia a cabeça, caia em sono
e permanecia assim por alguns minutos. Era por ocasião da primeira
grande guerra e, com horrror, descrevia os combates de que tinha
sido testemunha. Desprendia-se outras vezes, visitando donetes à
distância, prsença muitas ezes sentida e notada por alguns de seus
enfermos. Sentia a ação dos pensameneot s de muitos de seus ami-
gos e enfermos, que o chamavam de longe, em certas arremetidas
insistentes e importunas."
Os alunos permaneciam em silêncio aguardando o retorno.
Quando regressava, Eurípedes narrava o que acontecera, quando,
geralmente pretava assistência a algum enfermo.

No livro “A Vida Escreve”, escrito através da psicografia de Chico


Xavier, o espírito Hilário Silva dá-nos a conhecer o episódio mais
sublime da sua vida: uma noite, após adormecer, Eurípedes
desdobrou-se espontâneamente e sentiu-se a subir, a subir, a subir,
notando uma atmosfera cada vez mais límpida e ténue. Viu-se então
numa paisagem linda e, olhando à sua volta, reparou que, ao longe,
havia alguém sentado que parecia meditar. Aproximou-se, viu que
era Jesus, e que estava a chorar. Perguntou-Lhe então porque o
fazia, e o Senhor disse-lhe que era por causa daqueles que
conheciam o Evangelho, mas que não o praticavam. Desde essa
noite e até ao fim da sua vida, nunca mais deixou de trabalhar com
Jesus.

A Famácia Espírita Esperança e Caridade

Sob a assistência carinhosa do Dr. Bezerra de Menezes, que o


acompanhou durante todo o trabalho, Eurípedes inaugura a Farmá-
cia Espírita Esperança e Caridade.
Eurípedes já tinha iniciado uma pequena farmácia homeopáti-
ca onde atendia gratuitamente os enfermos, durante os trabalhos
assistenciais. Agora, sob a égide do Dr. Bezerra o trabalho atingia
enormes proporções.
Nesta época, Eurípedes retorna para a casa de seus pais, ins-
talando a farmácia num cômodo improvisado, ao lado de seu quarto.
O quarto de Eurípedes também dava acesso à loja comercial do pai,
em cujo balcão recolhida os vidros que as pessoas ali depositavam
diariamente.
Familiares, amigos e alunos colaboravam nos diversos seto-
res, incluindo embalagem, despacho e arquivo. D.Meca colaborava
nos curativos e afirmava-se que "ferida que Da. Meca punha mão,
sarava logo".
"O dia-a-dia de Eurípedes assinalou-se marcadamente por uma
constante: o trabalho convergente para diferentes pontos importan-
tes, relacionados com a Educação, com os Serviços assistencia s
do Grupo Espírita, com as tarefas da Farmácia e as obrigações no
escritório da casa comercial do pai, de onde ele auferia os proventos
para as suas despsas pessoais e sobretudo, para os anônimos auxí-
lios diários a irmãos, solicitantes ou não. Mas o seu dia tinha iníucio
pela madrugada, q2uando efetuava o receituário de fora, cuja mani-
pulação deveria dar-se pela manhã. (...)
Efetivamente, o Espírito de Bezerra de Menezes fora o compa-
nheiro dedicadíssimo, o colaborador da Missão esplendorosa, onde
ambos grangearam uma folha de serviços na Seara de Jesus, cujo
valor dimensional não podemos aquilatar.
O doce e querido "Médico dos Pobres" manifestava-se a
Eurípedes por diferentes mecanismos, de acordo com as circuns-
tâncias, no transcurso do abençoado programa de assistência aos
sofredores. (...)
Como intérprete fiel de Bezerra, Eurípedes atuava também
como cirurgião e parteiro. Centenas de intervenções se efetivaram
com pleno êxito. Nenhum caso se perdera, por mais grave se afigu-
rasse."

"Dentre os recursos caseiros, destacava-se a tintura de folha


de laranjeira, muito comum na farmácia... Tinturas diversas extraí-
das de raizes medicinais eram consumidas na manipulação das fór-
mulas. O trabalho de seleção dessas raizes, nos campos da cidade,
Eurípedes o confiava apenas a dois eméritos conhecedores do as-
sunto: os Srs. Miguel Bento e Martim Terra, que anos-a-fio desem-
penharam com devotamento a tarefa anônima de amor. Na Farmá-
cia jamais faltava o xarope de açúcar, previamente refinado e prepa-
rado pelas mãos carinhosas de D. Meca.
No quarto de Eurípedes, com dimensões aproximadas de 8m x
3m (...) instalava-se o médium e sua equipe de serviço. Eurípedes
sentado à sua escrivaninha ampla, era o intérprete do Espírito do Dr.
Adolfo Bezerra de Menezes, no receituário. Em torno Zenon Borges,
Alfredo Fernandes e outros cumpriam a delicada tarefa de transcri-
ção das receitas, que eram recebidas nas próprias cartas, para os
rótulos da Farmácia. Enquanto outros alunos os colavam nos vidros
e os encaminhavam ao laboratório, onde as devotadas Sinhazinha e
Edirith - e às vezes Edalides - encarregavam-se da manipulação
escrupulosa da formulagem mediúnica. ...(Eurípedes - o Homem e a
Missão - Corina Novelino)
"Em abril de 1917, chegou a Sacramento, de Igarapava, o Co-
ronel Azarias Arantes, acometido de grave enfermidade, a qual foi
radicalmente curada pelo Espírito de Bezerra de Menezes, servindo
de médium Barsanulfo. A retumbância dessa cura levou algumas
pessoas, interessadas no combate ao Espiritismo, a morevem con-
tra o médium um indecoroso processo penal por exercício ilegal da
MEdicina. Esse processo acabou por ser arquivado, e
consequentemente prescrito, porque juiz algum quis pronunciar o
caridoso Barsanulfo." ( Grandes Espíritas do Brasil - Zêus Wantuil)

A desencarnação

O próprio Eurípedes preve sua próxima desencarnação, du-


rante a epidemia da chamada "gripe espanhola", que se alastrou por
várias localidades.
Em meio ao atendimento dos enfermos, no dia 24 de outubro
de 1918, quinta-feira, Eurípedes aparece febril, mas continua ainda
junto aos enfermos, inclusive membros de sua família. Somente busca
o leito por insistência de Meca e D.Amália. No final de outubro, anun-
cia a sua desencarnação para as seis horas da manhã do dia 1o de
novembro. Eurípedes desencarnou às 5,30 daquela manhã. Chovia
brandamente nesse dia. O enterro ocorreu às 17:00 horas do mes-
mo dia, 1o de novembro de 1918, uma sexta-feira.

"Eurípedes Barsanulfo não se fazia esperar onde sua presen-


ça era necessária - sublime personificação da Caridade na sua for-
ma perfeita... esquecido de si mesmo, ele aconselhava, reconforta-
va, animava, ia levar ao enfermo desvalido além da receita, do re-
médio, do conforto moral, o óbulo material arrancado aos seus pró-
prios recursos, produto de seus labores. Foi assim que a doença
sorrateiramente invadiu o seu próprio organismo". (Jornal do Triân-
gulo - Uberaba - 17 de novembro de 1918)

"Foi o apóstolo do Bem: ao seu lado nenhuma lágrima ficou


sem consolo e, sem bálsamo, dor nenhuma." (Jornal Lavoura e Co-
mércio, de Uberaba)
Bibliografia e sugestões para leitura:

Eurípedes, o Homem e a Missão - Corina Novelino - Ed.: IDE


Os Grandes Vultos do Espiritismo - Paulo Alves Godoy
Grandes Espíritas do Brasil - Zêus Wantuil - Ed.: FEB
Eurípedes O Espírito e o Compromisso - Corina Novelino - Ed.: A
Nova Era
Eurípedes Barsanulfo o Apostolo da Caridade - J.Rizzini - Ed.:
C.Fraterno
A Grande Espera, Eurípedes Barsanulfo / Corina Novelino - Ed.: IDE
A Vida Escrever, de Hilário Silva / Chico Xavier - ed. FEB
Tormentos da Obsessão, de Manoel Philomeno de Miranda / Divaldo
P.Franco, Ed.: LEAL
Ave Cristo, de Emmanuel / Chico Xavier, ed. FEB

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