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Livro O Corcunda de Notre-Dame, de Victor Hugo

Com o título original Notre-Dame de Paris, ou Nossa Senhora de Paris, a obra


mais conhecida como O Corcunda de Notre-Dame foi publicada por Victor
Hugo em março de 1831. Considerado o maior romance histórico do autor, o
livro foi um de seus grandes sucessos, traduzido para vários idiomas e
circulando por toda a Europa.

Tendo como cenário principal a Catedral de Notre-Dame, a obra contribuiu para


uma maior valorização do local, assim como da arquitetura gótica e dos
monumentos do período do Pré-Renascimento.

Resumo do livro

Introdução

Passada em Paris, durante a época medieval, a narrativa tem lugar na Catedral


de Notre-Dame, a principal igreja da cidade durante o período. É lá que
Quasímodo, uma criança que nasceu com deformações no rosto e no corpo, é
abandonado pela família.

O personagem cresce se escondendo do mundo, que o maltrata e rejeita, e se


torna sineiro da catedral, a mando do arcebispo Claudde Frollo. Na época, a
capital parisiense estava repleta de cidadãos em situações extremamente
precárias, muitos dormiam nas ruas e pediam dinheiro para sobreviver.

O local não possuía nenhuma força policial, sendo apenas patrulhado por
alguns guardas do Rei e membros da nobreza que encaravam os mais
desfavorecidos com desconfiança, como um perigo social.

Desenvolvimento

Entre a camada da população que era discriminada, estava Esmeralda, uma


mulher cigana que ganhava a vida dançando em frente da igreja. Frollo vê
Esmeralda como uma tentação para a sua carreira eclesiástica e ordena que
Quasímodo a sequestre.

O sineiro acaba se apaixonando pela moça, que é resgatada por Febo, agente
da guarda real que ela passa a amar.

Se sentindo rejeitado, Frollo mata o seu rival e incrimina a bailarina, que é


acusada de assassinato. Quasímodo consegue levá-la para dentro da igreja,
onde estaria segura devido à existência de uma lei de abrigo. No entanto,
quando seus amigos decidem invadir o edifício e leva-la embora, Esmeralda é
capturada novamente.
Conclusão

Quasímodo chega tarde demais e assiste à execução pública de Esmeralda no


topo da catedral, com Frollo. Furioso, o sineiro joga o arcebispo do telhado e
nunca mais é visto na região. Muitos anos depois, o seu corpo é encontrado no
túmulo da amada.

Personagens principais

Quasímodo

Quasímodo é um homem cuja imagem foge dos padrões e assusta as pessoas


da época. Vive preso na catedral, já que é atacado e desprezado pelos outros
e visto como uma ameaça. Pelo contrário, se revela um homem gentil e
bondoso, disposto a virar herói para salvar a mulher que ama.

Claudde Frollo

Claudde Frollo é o arcebispo da Catedral, que adota Quasímodo e desenvolve


uma obsessão por Esmeralda. Embora em algumas passagens se mostre
caridoso e preocupado com os outros, é corrompido pelo seu desejo, se
tornando mesquinho e violento.

Esmeralda

Esmeraldaé simultaneamente alvo do desejo masculino e da discriminação por


ser uma mulher cigana e estrangeira. Apaixonada por Febo, um guarda
comprometido, desperta a paixão de Frollo, que acaba por conduzi-la a um
destino trágico.

Febo

O capitão da guarda real é um homem que está em um relacionamento


amoroso com Flor-de-Lis, mas finge corresponder ao amor de Esmeralda
porque sente desejo sexual por ela. Acaba morrendo por isso, vítima dos
ciúmes de Frollo, que consegue incriminar Esmeralda.

Análise da obra

Retrato da sociedade francesa

Originalmente intitulado Nossa Senhora de Paris, o célebre romance de Victor


Hugo não se centra propriamente em Quasímodo. Aliás, o personagem só
surge no título em 1833, com a tradução inglesa.

A obra, passada no ano de 1482, pretendia ser um retrato da sociedade e da


cultura francesa do século XV, funcionando enquanto representação histórica
do período.
A narrativa é passada na catedral de Notre-Dame e o edifício recebe especial
atenção durante todo o livro. O autor escreve capítulos inteiros dedicados à
descrição da sua arquitetura e de vários aspetos estéticos e detalhes do local.

Uma vez que a igreja era a principal da região, é apresentada por Victor Hugo
como o coração da cidade, o local onde tudo acontecia.

Ali, se cruzavam os destinos de pessoas de todos extratos sociais: os sem-


abrigo, os miseráveis, o clero, os fidalgos, os bandidos, os guardas, os nobres
e até o rei Luís XI.

Assim, enquanto espaço transversal na vida de todos os parisienses, a catedral


oferecia um retrato abrangente do panorama social da época.

É também apontada como um local de bondade e amor pelo outro, onde os


órfãos, os criminosos e todos aqueles que precisavam de se refugiar
encontravam abrigo. Por outro lado, ali aconteciam ações que contrariavam a
fé cristã e os valores que eram pregados pela religião.

Críticas ao clero e à monarquia

A corrupção está presente no próprio clero, representado por Claudde


Frollo, cujos instintos sexuais o levam a renegar a sua fé e matar Febo, por
ciúmes de Esmeralda.

Suas ações conduzem à incriminação de Esmeralda, que por ser considerada


uma "cidadã de segunda categoria" é automaticamente vista como culpada.

Assim, também é possível ver um sistema monárquico onde o povo era


oprimido, onde a justiça estava na mão dos ricos e poderosos, se manifestando
através de espetáculos públicos de mortes e torturas.

O livro mostra também uma sociedade ainda muito marcada pela ignorância e


pelo preconceito que rejeita tudo aquilo que é diferente, considerando-o feio
ou perigoso.

Significado de O Corcunda de Notre-Dame

A atenção que Victor Hugo dedica à Catedral de Notre-Dame em toda a obra


faz com que muitos apontem que o edifício é o verdadeiro protagonista.

Quando escreveu Notre-Dame de Paris, Victor Hugo estava preocupado com o


estado precário da catedral, que enfrentava problemas na sua estrutura. O seu
objetivo era chamar a atenção dos franceses para a riqueza estética e
histórica do local, para que este começasse a ser restaurado.
O livro, com seu gigantesco sucesso, cumpriu a missão: começou a atrair cada
vez mais turistas para o local, o que levou a França a parar de negligenciar a
catedral. Alguns anos depois, em 1844, as obras de reforma começaram.

Embora aquilo que tenha ficado mais presente no imaginário coletivo seja a
figura de Quasímodo, a catedral e o livro de Victor Hugo passaram a estar para
sempre ligados nas nossas memórias. Mas e se Quasímodo for a própria
catedral?

Algumas interpretações defendem que a figura do "corcunda" seria


uma metáfora para falar do edifício, que era visto como decadente e feio,
sendo desprezado pelos locais.

Victor Hugo contribuiu largamente para a valorização da Catedral de Notre-


Dame, tornando-a mais célebre e transformando-a na eterna morada de
Quasímodo. Até hoje, é impossível olharmos para ela e não imaginarmos o
sineiro no topo.

Adaptações da obra

O romance de Victor Hugo tem sido adaptado e a história de Quasímodo


continua a ser contada, através das gerações. O Corcunda de Notre-
Dame virou ópera, cinema mudo e até um filme de animação da incomparável
Disney.

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