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Hergé

Hergé

Georges Prosper Remi


Nascimento 22 de maio de 1907
Etterbeek
3 de março de 1983 (75 anos)
Morte
Woluwe-Saint-Lambert
Residência Etterbeek, Etterbeek
Sepultamento Dieweg Cemetery

Assinatura

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Georges Prosper Remi (Etterbeek, 22 de maio de 1907 — Woluwe-Saint-Lambert, 3 de março de
1983), conhecido pelo nome Hergé, foi um escritor, artista, e desenhista de banda desenhada
(portuguêseuropeu) ou história em quadrinhos (português brasileiro) belga francófono. Tornou-se
famoso como criador do consagrado e mundialmente conhecido personagem e herói Tintim, em As
Aventuras de Tintim, que ele escreveu e ilustrou a partir de 1929 até à sua morte em 1983.

Biografia

Casa do cartunista
Hergé nasceu em Etterbeek na Bélgica. A inspiração para Tintim veio, segundo declarou Hergé, do seu
irmão Paul, apesar de que este assunto ainda gera polêmicas até hoje. Muitos dos principais
personagens retratados nas suas histórias eram baseados em pessoas de carne e osso. Tintim nasceu em
1929.
Conhecido como o Walt Disney Europeu, Hergé criou diversos personagens além de Tintim, tais como
Les Aventures de Jo, Zette et Jocko. Hergé também criou Quim e Filipe (Quick et Flupke), dois
meninos que vivem aventuras urbanas. O estilo impecável de Hergé e o soberbo uso de cores levou-o a
ser aclamado internacionalmente bastante tempo após a Segunda Grande Guerra.
Muitos livros de Tintim, portanto, passaram por "revisões", procurando fazer a crítica e o público
esquecer-se do passado de Hergé e do conteúdo um pouco polémico de algumas de suas histórias.
Contudo, tais revisões foram recebidas como ridículas por grande parte da crítica e do público, e as
alterações caracterizaram-se como tentativa de fraude.
Os álbuns de Tintim, como os de outros personagens criados por Hergé, são lidos em mais de 40
línguas pelo mundo fora. Seu estilo influenciou a criação de outros personagens mais famosos dos
quadrinhos, como Astérix, Lucky Luke, Blake & Mortimer e muitos outros. Os álbuns com histórias
completas são um marco no desenvolvimento de histórias em quadrinhos. Os álbuns de Tintim são de
uma precisão incrível, com todos os detalhes minuciosamente cuidados.
Infância: 1907–25
Georges Prosper Remi nasceu em 22 de maio de 1907 na casa dos pais em Etterbeek, um subúrbio
central de Bruxelas.[1] O seu pai, o valão Alexis Remi, trabalhava numa fábrica de doces, enquanto que
a sua mãe, a flamenga Elisabeth Dufour era dona de casa.[2] Casados em 18 de janeiro de 1905,
mudaram-se para casa própria na rua Cranz, 25 (atualmente rua Philippe Baucq, 33), na qual nasceria
Hergé, embora um ano mais tarde se mudassem para outra case na rua de Theux, 34.[1] A língua
materna de Hergé foi o francês do seu pai, embora por ter crescido numa cidade bilingue também tenha
aprendido flamengo e tenha adquirido o sotaque por parte da avó materna.[2][3] Tal como maior parte
dos belgas, a sua família pertencia à Igreja Católica Romana, embora não fossem particularmente
devotos.[2][4][5] Mais tarde Hergé viria a caracterizar a infância em Etterbeek como tendo sido
dominada por um cinzento monocromático, considerando-a extremamente aborrecida.[6][7] O biógrafo
Benoît Peeters sugeriu que esta melancolia da infância possa ter sido exacerbada por ter sido vítima de
abusos sexuais por parte de um tio materno.[8]
Remi cultivou o gosto por cinema, em particular por Gertie the Dinosaur de Winsor McCay e pelos
filmes de Charlie Chaplin, Harry Langdon e Buster Keaton. A sua obra posterior evidencia influências
notáveis destes filmes em conteúdo e estilo.[9][10] Embora não fosse um leitor ávido, gostava de
romances de autores britânicos e norte-americanos, como Huckleberry Finn, Treasure Island, Robinson
Crusoe e The Pickwick Papers, assim como os romances do francês Alexandre Dumas.[11][12]
Desenhando enquanto passatempo, retratava cenas do quotidiano nas margens dos livros escolares.
Algumas destas ilustrações eram de soldados alemães, devido aos quatro anos de escola primária
coincidentes com a Primeira Guerra Mundial, durante a qual Bruxelas se encontrava ocupada pelo
Império Alemão.[13][5] Em 1919, inicia o ensino secundário numa escola secular em Ixelles,[14]
embora em 1920 tenha sido transferido para a Escola de Saint-Boniface, instituição controlada pelo
arcebispo na qual os professores eram padres católicos.[9] Remi demonstrou ser um estudante
exemplar, tendo recebido prémios de excelência e concluído o ensino secundário em julho de 1925 em
primeiro lugar da turma.[15][16]
Aos doze anos, Remi juntou-se ao agrupamento de escuteiros ligado à escola de Saint-Boniface, tendo-
se tornado líder de agrupamento e recebendo a alcunha de "raposa curiosa" (renard curieux).[15][17]
[16] É com os escuteiros que viaja para acampamentos de verão em Itália, Suíça, Áustria e Espanha.
No verão de 1923, o seu grupo percorre 320 quilómetros ao longo dos Pirenéus.[15][18] A sua
experiência com os escuteiros exerceria uma influência significativa durante o resto da vida, criando o
gosto pelo campismo e pela natureza e dotando-o de uma moral que privilegiava a lealdade e
cumprimento de promessas.[19] O seu dirigente nos escuteiros, Rene Weverbergh, encorajou o seu
talento artístico e publicou um dos seus desenhos na revista local dos escuteiros, intitulado Jamais
Assez (Nunca é suficiente).[20][16] Quando Weverbergh se envolve na publicação de Boy-Scout, a
revista da Federação de Escutas, publica mais algumas das ilustrações de Remi, a primeira das quais
aparece no número 5, de 1922.[20][16] Nos números seguintes da revista, a qual viria a ser renomeada
para Le Boy-Scout Belge, Remi continuou a publicar tiras e desenhos. Durante este tempo,
experimentou vários pseudónimos, entre os quais "Jérémie" e "Jérémiades", antes de se decidir por
"Hergé", que corresponde à pronúncia das suas iniciais por ordem inversa (R.G.), e que apareceria pela
primeira vez publicado em dezembro de 1924.[20][21]
Totor e o início de carreira: 1925–28
A par das restantes ilustrações, em julho de 1926 Hergé iniciou a produção de uma tira de humor para o
Le Boy-Scout Belge, Les Aventures de Totor, C.P. des hannetons, a qual continuou a ser publicada de
forma intermitente até 1929. Tendo como tema as aventuras de um escuteiro líder de patrulha, a tira
exibia ao início legendas ou recordatórios em uma posição inferior à imagem, mas Hergé começa a
experimentar diferentes forma de transmitir a informação, entre as quais os balões.[20][22] As
ilustrações eram também publicadas no Le Blé qui lève ("O Trigo Que Cresce") e outras publicações da
Associação Católica da Juventude Belga., e Hergé desenhou uma sobrecapa para um romance de
Weverbergh, "A Alma do Mar".[23][24] Sendo ainda novo e pouco experiente, Hergé procurou a
orientação de um desenhador mais velho, Pierre Ickx, e juntos fundariam o Atelier de la Fleur de Lys
(AFL), uma organização efémera de desenhadores cristãos.[25]
Após ter concluído os estudos secundários em 1925, Hergé inscreveu-se na escola artística Saint-Luc,
embora tenha desistido na primeira aula por ter achado o ensino aborrecido.[26][27] Almejando uma
posição de ilustrador a par de Ickx no Le Vingtième Siècle (O Século XX) – um jornal católico ultra-
conservador de doutrina e informação – não havia, porém, vagas disponíveis, tendo em vez disso
arranjado um emprego no departamento de subscrições do jornal, começando aí a trabalhar em
setembro de 1925.[28][27] Aborrecido com este cargo, alista-se no serviço militar antes de ser
convocado e, em agosto de 1926, foi mobilizado para Schaerbeek. Tendo-se juntado ao primeiro
regimento de infantaria, aborrecer-se-ia também com o treino militar, tendo continuado o desenho e
produção de mais episódios de Totor.[28][29] Já no fim do serviço militar, em agosto de 1927, Hergé
conhece o editor do Le XXe Siècle, o abade Norbert Wallez, um fascista assumido conhecido pela
fotografia autografada de Benito Mussolini que conservava na sua secretária.[30][31] Impressionado
pelo repertório de Hergé, Wallez acedeu em lhe oferecer uma posição de repórter fotógrafo e cartunista
no jornal, atitude pela qual Hergé sempre se manteve agradecido, vendo o abade como figura paternal.
[32][33

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