“Uma cidade sem passado” é um filme alemão que se passa em um contexto
pós segunda guerra, baseado em fatos reais e conta a história de Sonja Rosenberger, que busca descobrir como era sua cidade natal durante o Terceiro Reich. Originalmente, ela acredita que tanto as pessoas, quanto a igreja, se mantiveram íntegras e resistiram à dominação nazista da época, mas, com o tempo, encontra partes da verdade que indicam o contrário. Ao longo do filme, há certos detalhes de cenografia que definem mais o tom para algumas cenas, como a divisão em preto e branco para a infância e adolescência da narradora, enquanto a parte mais importante de sua vida adulta (mais especificamente, sua pesquisa) é apresentada em cores. Ademais, além da narração de Sonja dos acontecimentos, são mostradas perspectivas de outros personagens a respeito de alguns momentos, o que confere um tom de documentário e visões externas às da protagonista. Primeiramente, é importante comentar da forma como os alunos eram educados na juventude apresentada, em um contexto pós segunda guerra, em um sistema extremamente controlador e conteudista, onde os estudantes deviam seguir tudo que era dito pelos professores. Logo, no caso da história, o conhecimento era limitado para os alunos, como pode ser visto quando a protagonista começa a investigar o passado, além de haver muito controle sobre o que eles poderiam ter acesso ou até mesmo o que poderia influenciá-los ou corrompê-los (se bem que a malícia era vista principalmente pelos adultos, não pelos jovens). Tais opressões acabam tendo reflexos no desenvolvimento dos indivíduos, de modo que eles vêem apenas o que lhes é permitido, com um controle histórico dos acontecimentos e deturpação da verdade, como pode ser visto em outros momentos da história, sendo nas colonizações ou até mesmo em guerras, evidenciando a perspectiva dos “vencedores” e adulterando fatos indesejados. Além disso, muitas informações eram escondidas pelos cidadãos, o que dificultou a pesquisa e causou muita represália e ameaças, sendo possível ver como o conhecimento (que deveria ser público) era restrito e de difícil acesso, incluindo a dificuldade por falta de tecnologia (considerando os dias atuais). Não só isso, mas também era muito fácil a manipulação dos meios de comunicação e da própria informação, tendo influência do poder governamental da cidade, já que o editor do jornal e um padre influente da cidade, por exemplo, não queriam que informações à respeito do período nazista fossem divulgadas. Por conta disso, enquanto Sonja buscava a verdade, era dito que os documentos estavam indisponíveis, que tinham sido perdidos ou emprestados, buscando esconder a história, e por isso o nome do filme. Mesmo assim, até a atualidade, há a manipulação de eventos e registros históricos, sendo até facilitados pela tecnologia, já que também é possível divulgar notícias falsas livremente. Porém, há uma luta constante para que as vozes não ouvidas da história possam vir à tona e isso é muito evidenciado no filme, visto que a protagonista enfrenta vários desafios para revelar a verdade, enquanto a maior parte dos cidadãos expressa ressentimento ou finge ignorância. Além disso, há várias menções ao nazismo como “Nacional Socialismo”, algo que foi usado na época da segunda guerra justamente para confundir e gerar ódio ao socialismo, mas que perdurou e manteve certas crenças quanto a este. Portanto, tendo esse tipo de pensamento imposto, ocorriam frases como “ninguém tem tanta liberdade quanto nós, você não pensa assim?". Sob a perspectiva da ignorância, poderia ser verdade, mas o conhecimento é o que causa a liberdade verdadeira, saber de onde veio e com quem convive, como a história impacta na vida cotidiana e, acima de tudo, como é possível ser melhor hoje do que foi ontem. Em conclusão, o filme evidencia fatores como controle, ignorância, dificuldade de acesso ao passado e crenças limitantes que afetam a sociedade (nos dias de hoje também). Diante disso, é preciso que a busca pelos fatos continue, mesmo com a tentativa de silenciamento, pois o mundo merece saber da verdade por trás de cada história de conflito já contada e cada inocente executado injustamente pelas mãos de “homens bons”.
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