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2 - PLANO DE EMERGÊNCIA INTERNO

O objetivo geral de um Plano de Emergência consiste em definir a estrutura organizativa


dos meios humanos e materiais e estabelecer os procedimentos adequados para atuação
em caso de emergência, de modo a garantir a proteção dos trabalhadores da empresa, a
defesa do seu património e a proteção do ambiente.
O PEI define um conjunto de normas e procedimentos devidamente conhecidos e
testados, que determinam uma gestão otimizada dos recursos humanos e materiais,
sendo simultaneamente um instrumento de prevenção e de gestão operacional, pois
identifica os riscos e estabelece os meios para fazer face a um acidente grave, catástrofe
ou calamidade, que possa colocar em risco a segurança das pessoas, instalações ou do
meio ambiente.
Tem como objetivos, de acordo com o Decreto-Lei n.º 150/2015, de 5 de agosto:
- Circunscrever e controlar os incidentes de modo a minimizar os seus efeitos e a limitar
os danos na saúde humana, no ambiente e nos bens;
- Aplicar as medidas necessárias para proteger a saúde humana e o ambiente dos efeitos
de acidentes graves;
- Identificar as medidas para a descontaminação e reabilitação do ambiente, na
sequência de um acidente grave;
- Comunicar as informações necessárias ao público e aos serviços ou autoridades
territorialmente competentes relevantes da região.
Deve ser um documento sintético, de leitura acessível, com uma linguagem simples e
clara (ANEPC, 2016), adequado à empresa, atualizado e adaptado de acordo com as
necessidades.
Segundo Duarte (2014), a elaboração de um PEI deve ter como ponto de partida uma
análise prévia que, em conjunto com a estrutura interna de segurança, constituem um
conjunto de etapas indispensáveis à sua operacionalidade, em qualquer situação de
emergência:
- Caracterização do espaço e das infraestruturas;
- Identificação dos riscos;
- Identificação de meios e recursos disponíveis;
- Plano de evacuação;
- Plano de atuação;
- Instruções de segurança.

2.1 - PLANO DE PREVENÇÃO

A prevenção integrada tem por objetivo a tomada de consciência dos aspetos de


segurança, de saúde e das condições de trabalho, desde a fase inicial da conceção (de
um edifício, equipamento, organização de trabalho, ou processo), por oposição à
prevenção corretiva que visa a redução ou eliminação de riscos detetados só na fase de
laboração. A integração na fase de projeto das medidas de prevenção dos riscos
profissionais e das medidas que visam a melhoria das condições de trabalho, permitem a
otimização da sua eficácia, quer através da redução dos custos, quer em função do
aumento da produtividade. (Fonseca et al., 1996).
o Plano de Prevenção é constituído por (ANEPC, 2016):
- Informação relativa ao edifício: caracterização do espaço, identificação dos riscos
internos e externos, identificação dos recursos e meios), procedimentos de prevenção e a
planta do edifício.
Relativamente aos procedimentos de prevenção, estes dividem-se em 3 grupos
(SRPCBA, 2018):
- Procedimentos de exploração e utilização do espaço: acessibilidade dos meios de
socorro aos espaços, acessibilidade dos mesmos aos meios de abastecimento de água;
praticabilidade dos caminhos de evacuação; eficácia da estabilidade ao fogo e dos meios
de compartimentação; acessibilidade aos meios de alarme e intervenção; vigilância dos
espaços normalmente desocupados ou de maior risco; conservação dos espaços em
condições de limpeza e arrumação; segurança na manipulação de matérias perigosas;
segurança nos trabalhos de manutenção.
- Procedimentos de exploração e utilização das instalações técnicas e equipamentos de
segurança.
- Procedimentos de conservação e manutenção das instalações técnicas e equipamentos
de segurança.

2.1 - PLANO DE ORGANIZAÇÃO DE SEGURANÇA/EMERGÊNCIA

O Plano de organização de segurança/emergência contempla a definição de


procedimentos e técnicas de atuação e evacuação em caso de emergência; a salvaguarda
da segurança das pessoas presentes, a limitação da propagação e as consequências da
emergência. Deverá englobar os procedimentos de alarme e alerta, de garantia de uma
evacuação rápida e segura, de utilização dos meios de primeira intervenção e de receção
e encaminhamento dos bombeiros (ANEPC, 2016).
Apesar de ser condicionado pelas especificidades de cada contexto, existem
componentes essenciais a ter em conta (Veiga, 2000):
- Componente Técnica: Sinalização de emergência, de informação, de proibição e de
obrigação, sonora e de incêndio, extintores, bocas-de-incêndio, carretéis, detetores de
incêndio, plantas, mapas, pictogramas, equipamento de combate a incêndio.
- Componente Humana: centro de coordenação de emergência. As suas funções são:
identificar e avaliar perigos, planear e coordenar, combate, evacuação, alerta, alarme e
manutenção de equipamentos, colocação de sinalização, coordenação de apoio exterior.
- Componente Formação: Informação prévia, formação regular e contínua, simulacros e
treinos. Informação/formação imediata aos recém-admitidos.
- Componente Médica e Primeiros socorros: Meios para prestar os primeiros socorros,
considerar o número de acidentados e o grau de gravidade das lesões, fazer ligação aos
serviços de saúde e hospitais, formar socorristas internos.

2.2.1 - Estrutura Interna de Segurança

O PEI deve integrar (SRPCBA, 2018):


- Definição do modo de organização em caso de emergência: identificação dos
elementos das equipas de intervenção, respetivas missões e responsabilidades em
situações de emergência.
- Indicação das entidades internas e externas a contactar em caso de emergência.
- Plano de ação, onde se estabelece quem irá fazer o quê e em que situações.

2.2.2 - Plano de Evacuação

A evacuação consiste no abandono do local, seguindo os caminhos de evacuação, e a


concentração das pessoas num ponto de encontro pré-definido. Deve ser decidida pelo
responsável pela emergência e será consequência de um sinal de alerta, pelo que este
deve ser conhecido por todos os ocupantes do edifício.
O Plano de evacuação deve contemplar as instruções e os procedimentos, a observar por
todos os ocupantes do edifício, de modo a garantir a evacuação rápida, organizada e
eficaz (ANEPC, 2016.):
- Identificação das saídas de emergência e saídas alternativas;
- Definição dos caminhos de evacuação;
- Identificação dos locais de reunião (ponto de encontro);
- Identificação dos pontos críticos;
- Programa de evacuação.

2.2.3 - Plano de Intervenção

O plano de intervenção contempla a descrição dos procedimentos/instruções (ANEPC,


2016):
- De atuação para cada tipo de emergência (sismo, inundação, incêndio,
emissão/derrame de substâncias tóxicas).
- De atuação para a evacuação do estabelecimento (parcial e/ou total): normas de
abandono do local; sistema de controlo do número de ocupantes presentes no
estabelecimento (incluindo trabalhadores, prestadores de serviços e visitantes).
- De apoio às medidas mitigadoras a tomar no exterior do estabelecimento, incluindo
medidas de reabilitação ambiental (avaliação das áreas em risco na envolvente do
estabelecimento).
Inclui procedimentos relativos a: reconhecimento, combate e alerta; corte de energia;
evacuação; intervenção; concentração e controlo; informação e vigilância.

2.3 - INSTRUÇÕES DE SEGURANÇA

Devem ser elaboradas e afixadas instruções de segurança, especificamente destinadas


aos ocupantes dos locais, afixadas em locais visíveis (face interior das portas de acesso
aos locais a que se referem) e acompanhadas de uma planta de emergência simplificada.
Delas fazem parte (SRPCBA, 2018):
- Procedimentos de prevenção e de emergência definidos;
- Plano de evacuação;
- Técnicas de utilização dos meios de primeira intervenção;
- Instruções relativas aos quadros elétricos;
- Contactos de emergência;
- Instruções gerais de segurança nas plantas de emergência.

2.4 – AUXÍLIO DE ENTIDADES EXTERNAS

O plano de emergência deve contemplar a necessidade de pedir auxílio aos meios


externos, quando ocorre um acidente não controlável através dos meios internos de
socorro, adequados face à situação geográfica do edifício, gravidade e características de
ocorrência (Miguel, 2004).
Desta forma, é conveniente estabelecerem-se protocolos com possíveis entidades, tais
como, a Proteção Civil, Guarda Nacional Republicana, Polícia de Segurança Pública,
Bombeiros, Hospitais, etc (Miguel, 2004), às quais devem ser facultadas todas as
informações necessárias para facilitar uma maior eficácia e rapidez.
Os meios externos de socorro devem ser informados, de forma simples e clara sobre:
Descrição
Tipo de situação Doença, acidente, etc
Contacto telefónico Número de telefone do qual se está a ligar
A localização exata do edifício e, sempre que possível, pontos
Local do acidente
de referência
O número, o sexo e a idade aparente das pessoas a necessitar de
Gravidade aparente da situação
socorro
As queixas principais e as alterações observadas, assim como a
Informações gerais existência de qualquer situação que exija outros meios no local
(libertação de gases, perigo de incêndio, etc)
Tabela 1 - Informações a dar aos meios de socorro externos

2.5 - FORMAÇÃO E SIMULACROS

Devem possuir formação no domínio da segurança funcionários e colaboradores das


entidades exploradoras do edifício, previsto no plano de emergência.
O programa é definido pelo Responsável de Segurança e deve incluir (SRPCBA, 2018):
- Sensibilização para a segurança;
- Familiarização com os espaços dos edifícios;
- Cumprimento dos procedimentos do PEI;
- Formação destinada aos elementos que exercem a sua atividade profissional normal;
- Formação destinada aos elementos que possuem atribuições especiais de atuação em
caso de emergência.
Os simulacros são meios importantes de exercício, que permitem testar e avaliar o plano
de emergência, bem como treinar e criar rotinas de comportamento e de atuação,
conduzindo ao aperfeiçoamento dos procedimentos (SRPCBA, 2018).

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