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ARTIGO

Capacitações para resposta Hazmat


◗Atualização de técnicas e estratégias para um atendimento protocolizado,
eficaz e seguro diante de emergências com produtos perigosos
CETESB

A tendendo a várias solicitações país, levando em consideração novas es- optam por formarem as Brigadas de
de profissionais da área de res- tratégias, técnicas e estudos sobre o Emergência, em que consta na forma-
posta a emergências químicas tema. O despreparo e a falta de conhe- ção, além da carga horária normal de
e tecnológicas, resolvemos reeditar o ar- cimento técnico sobre produtos quími- combate a incêndio e socorro de urgên-
tigo publicado na Revista Emergên- cos, bem como seus potenciais de risco, cia, conteúdos básicos sobre emergên-
cia, em março de 2007, sobre os níveis aliados à limitação de recursos materi- cia com produtos perigosos.
de capacitação para atendimento a emer- ais e humanos, além de colocar em ris- A própria NBR 14276:2006 (Brigada
gências com materiais perigosos, pági- co o atendimento em si, pode contri- de Incêndio), traz essa tendência no seu
nas 32 a 36. O intuito é repassar infor- buir para aumentar os danos e prejudi- escopo, pois dependendo do nível de
mações atualizadas aos profissionais do car ainda mais o cenário da emergência. exigência, faz-se necessário abordar con-
Algumas empresas utilizam suas Bri- teúdos de proteção respiratória, resgate
Marco Aurélio Rocha - graduado em Segurança Pública, pós-
graduando em Emergência e Desastres, téc-
gadas de Incêndio para realizar o aten- técnico e espaço confinado, emergên-
nico em Segurança e em Emergência com dimento a emergências com produtos cia química e tecnológica, bem como
Materiais Perigosos, capacitado em Co-
mando de Incidentes e em IMO Scene
perigosos, mas isso não deveria ser uma SCI (Sistema de Comando de Inciden-
Commander, especialista em Incêndio prática recomendável e usual, tendo em tes). Para padronização e entendimento
Petroquímico e em Emergências
com GLP, consultor técnico e co-
vista que a qualificação das equipes de universal, preferimos o uso do termo
lunista da Revista Emergência atendimento a emergências tecnológicas produto perigoso por ser mais amplo,
e membro voluntário da Task
Force I da TEEX Urban Search
é diferente da qualificação das Brigadas atualizado e mais comumente utilizado
and Rescue (US&R). de Incêndio. Por isso, algumas empresas fora do país. Se falássemos em emer-
36 Emergência FEVEREIRO / 2012
gência química, muitos acreditam que es- em que além de falar dos procedimentos res); Defesa Civil (estadual e/ou muni-
taríamos restringindo nossa atuação ape- e ações a serem desenvolvidos, já citava cipal); empresas de consultoria especiali-
nas a essa área específica, mesmo os algumas atribuições, entre elas: atribui- zada; PAMs (Planos de Auxílio Mútuo);
agentes físicos (radiações) e biológicos ções gerais e atribuições específicas. e transportadores, fabricantes, expedi-
tendo interfaces químicas ou bioquími- Nas atribuições gerais, todas as entida- dores ou destinatários.
cas. des e empresas que participam direta ou
indiretamente do atendimento a emer- BÁSICOS
NÍVEIS DE CAPACITAÇÃO gências geradas pelo transporte de pro- Hoje, utilizamos todo nosso conheci-
Infelizmente, no Brasil, ainda não exis- dutos perigosos, têm algumas atribui- mento técnico/operacional em inter-
tem exigências por parte do Ministério ções, entre elas: treinar periodicamente câmbio com os protocolos de atendi-
do Trabalho e Emprego no que tange à suas equipes de atendimento, de forma mento internacionais, visando à máxima
qualificação de profissionais envolvidos individual e/ou integrada com outros ór- eficácia e o menor dano colateral no a-
no atendimento à emergência com pro- gãos; e manter sistemas de plantão per- tendimento da emergência, pois na res-
dutos perigosos. No entanto, a legisla- manente para o atendimento às emer- posta à emergência não há lugar para o
ção determina que é obrigação do em- gências. Independentemente do aciona- brilhantismo e sim para o profissiona-
pregador a devida capacitação de qual- mento e mobilização de outros órgãos, lismo.
quer trabalhador que venha a ficar ex- a primeira entidade presente no local do O treinamento básico de capacitação
posto a um determinado risco, quer seja acidente deve adotar medidas iniciais pa- e outros aspectos importantes precisam
ele físico, químico ou biológico. ra controle da situação, tais como: avali- fazer parte da qualificação individual dos
A OSHA (Administração Americana ação preliminar da ocorrência; sinaliza- envolvidos. Se a empresa não dispor de
de Segurança e Saúde Ocupacional), dos ção do local; identificação do(s) pro- profissional capacitado ou consultoria
Estados Unidos, partindo de informa- duto(s) envolvido(s); socorro às vítimas; para atendimento à emergência com
ções estatísticas que as vítimas iniciais e acionamento de outras entidades. produtos perigosos, ela mesma deverá
de um incidente com produtos perigo- Nas atribuições específicas, sem pre- ter ciência que atuar em emergência é
sos representavam 1/3 das vítimas fa- juízo das atribuições legais próprias de algo muito sério e que traz riscos ineren-
tais totais e os 2/3 restantes constituíam cada órgão nas situações de emergência tes à operação. Por isso, é importante
os respondedores e público em geral, viu no transporte de produtos perigosos, os que os profissionais envolvidos, mesmo
a real necessidade de regular a interven- órgãos e empresas envolvidas têm algu- não sendo especialistas na área, recebam
ção das equipes de resposta, bem como mas atribuições específicas pertinentes treinamento básico e alguns aspectos de-
dos equipamentos empregados nas e- à sua responsabilidade. Entre esses ór- vem fazer parte da qualificação indivi-
mergências, fixando os níveis mínimos gãos/empresas podemos citar: policia- dual deles.
de treinamento para padronizar o corre- mento rodoviário (estadual e federal) e O primeiro é saber utilizar equipamen-
to atendimento, buscando melhorar a policiamento urbano; órgãos de trânsito tos de proteção individual (trajes nível
qualidade da resposta, bem como redu- ou da ferrovia e concessionárias de ro- A, B e C e sistema de respiração autôno-
zir, ao máximo, os possíveis danos aos dovias ou ferrovias; órgãos de meio am- ma - PA - Proteção Autônoma - ou
respondedores. Temos, ainda, uma nor- biente (estaduais e federais); Corpos de SCBA - equipamento autônomo de res-
mativa internacional importante em ní- Bombeiros (voluntários, civis e milita- piração). O segundo aspecto é conhe-
vel de capacitação HAZMAT, que é a
MARCO AURÉLIO ROCHA

Norma da National Fire Protection As-


sociation – NFPA 472.
A OSHA resolveu, dessa forma, esta-
belecer cinco níveis de treinamento para
resposta a emergências HAZMAT (ver
box Níveis de Treinamento para Res-
posta HAZMAT).

REFERÊNCIAS ANTERIORES
Antes dos protocolos de atendimen-
to e capacitação internacionais serem
adotados no Brasil, eram utilizados os
conhecimentos técnicos de empresas,
entidades, órgãos públicos e profissio-
nais que atendiam às emergências. Re-
ferências interessantes são as NBRs
(Normas Brasileiras) da ABNT (Asso-
ciação Brasileira de Normas Técnicas).
Citamos como exemplo a NBR 14064 NBR 14064 preconiza
– Atendimento à Emergência no Trans- treinamento periódico das
equipes de atendimento
porte Terrestre de Produtos Perigosos,
FEVEREIRO / 2012 Emergência 37
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dades similares. Porém, sabe-se que não
AÇÕES DE CONTENÇÃO AÇÕES DE CONFINAMENTO são e, portanto, requerem objetivos, a-
- Rachaduras em tanques: tampar, re- - Construção de diques ou represas, utili- ções, procedimentos e medidas opera-
mendar ou fechar a rachadura com uso de zando-se areia, terra, argila para desviar o cionais diferenciadas e específicas.
cunhas (batoques), tampões, esponjas, al- fluxo do produto vazado. Nas ações de contenção (ação ofensi-
mofadas, conjunto apropriado para remen- - Valas ou trincheiras com vistas a cana-
do, chapas metálicas (quando a situação lizar o produto para uma área predeter- va) e confinamento (ação defensiva) so-
assim permitir) ou cola epóxi. minada para posterior recolhimento e neu- mente pessoas treinadas e capacitadas
- Válvulas com vazamento: bloquear, tralização. poderão fazer parte da equipe de respos-
tampar ou isolar a válvula correspondente - Uso de barreiras de contenção e/ou
com conjuntos apropriados para o produto absorventes para conter e remover o pro- ta à emergência. Segundo a NFPA, o
vazado ou substituí-la e repará-la. duto. termo contenção significa: “ações e pro-
cedimentos tomados para manter o pro-
cer e dominar o uso de equipamentos dada a responsabilidade, também são duto (material) dentro de seu recipien-
de avaliação e monitoração ambiental, itens a serem atendidos. Constante con- te/compartimento”. Por isso, a priorida-
tais como: oxi-explosímetros, detectores tato com a coordenação da emergência, de inicial é atuar na contenção do produ-
de gases (multigás), bomba de amostra- órgãos públicos e consultorias especiali- to, com vistas a evitar que o vazamento
gem direta e outros. O terceiro é possuir zadas, a fim de receber instruções, solici- continue e cause maiores danos. Em al-
conhecimentos sobre atendimento pré- tar apoio e outras providências opera- guns casos simples, a ação operacional
hospitalar, resgate e salvamento, prefe- cionais e técnicas também faz parte dos de conter o vazamento, poderá se refletir
rencialmente conhecimento em AHLS itens. no simples processo de fechamento de
(Advanced Hazmat Life Support). Um quar- Por fim, na medida do possível e após uma válvula. Outras, mais complexas,
to aspecto é conhecer e estar familiari- prévia permissão da autoridade respon- podem requerer a fixação e colocação
zado com o uso dos equipamentos de sável, liberar a via afetada pelo sinistro de reparos internos das válvulas e co-
prevenção e combate a incêndio e, na ao tráfego normal no menor tempo pos- nexões, utilizando para esse fim equipa-
sequência, saber identificar as classes dos sível com a devida segurança, a fim de mentos adequados tipo: cunhas e bato-
produtos perigosos e técnicas de aciona- que se possa normalizar as atividades e ques de madeira e de espuma, parafusos
mento dos órgãos públicos. Por último, acompanhar a remoção e neutralização de autoenroscamento com arruelas, bra-
é necessário conhecer as rotinas, proce- do material perigoso remanescente no çadeiras para tubulações, tampões de ex-
dimentos e documentos de emergência. local realizadas pelas equipes especia- pansão, chapas metálicas e até epóxi de
lizadas ou consultorias. secagem rápida.
PREMISSA A atividade operacional de contenção
A premissa principal durante o atendi- CONTROLE é perigosa, uma vez que coloca a equipe
mento de uma emergência com materi- Deve-se ter ciência que contenção é de atendimento em contato direto com
ais perigosos é que nenhum profissio- uma ação ofensiva, a fim de tentar man- o produto perigoso vazado, bem como
nal pode atuar sem estar devidamente ter o produto restante dentro de seu reci- com o recipiente danificado, tornando
qualificado e protegido. Estes profissio- piente. Muitos profissionais confundem essa atividade uma operação de alto ris-
nais devem ser mantidos treinados e, pe- o termo “contenção” com “confina- co. Por isso, previamente, devemos fa-
riodicamente, atualizados para o devi- mento” e isso faz pensar que são ativi- zer uma análise da situação sobre qua-
do atendimento. Com isso, alguns itens
CETESB

básicos devem ser atendidos frente a


uma emergência.
Um deles é a aproximação dos profis-
sionais na cena que deve ser feita com
precaução, atendendo os procedimen-
tos operacionais de segurança, obede-
cendo-se distâncias de segurança reco-
mendadas para a utilização da devida
proteção individual, de acordo com os
riscos do produto. Deve-se, ainda, aten-
tar para a classificação das áreas e os res-
pectivos níveis de proteção requerida
(área quente, morna e fria). Outro item
é o combate e/ou contenção a derrames,
com vistas a impedir o aumento do dano
ambiental e humano. Transferência se-
gura da carga, quando não seja possível
evitar, prestação inicial do combate a in-
cêndio até que a autoridade da Defesa Ações de contenção e confinamento
Civil e Corpos de Bombeiros possam exigem presença de pessoas
treinadas e capacitadas na resposta
assumir a ocorrência, quando a estes for
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tro aspectos. O primeiro, sobre a nature- bana ou rural, vazamento no solo ou to não seria eficiente. A escolha do mé-
za do produto vazado, suas proprieda- corpo hídrico), relevo, vegetação, sensi- todo de contenção deve envolver pro-
des físico-químicas, incompatibilidades, bilidade local, período da ocorrência cedimentos operacionais com baixo ris-
possíveis reações com água e toxicidade (noite, dia, inverno, verão), velocidade co para a equipe de emergência e só po-
específica. Um segundo aspecto de aná- do ar, pressão atmosférica, temperatura de ser executada, no mínimo, por técni-
lise envolve as características do reser- e outras condições adversas. co em produtos perigosos, já que se tra-
vatório/recipiente, sua localização, pres- As ações de contenção, por trazerem ta de uma ação ofensiva.
são, quantidade armazenada, condição riscos reais e diretos, só devem ser exe- Já a atividade de confinar é uma ação
estrutural, danos ao reservatório, proxi- cutadas nos casos em que exista real defensiva que visa isolar o produto que
midade de fontes de calor, possíveis fa- possibilidade de obter-se êxito na opera- vazou, na tentativa de mantê-lo dentro
lhas em dispositivos de segurança (vents, ção e que justifique, dessa forma, tal de um limite da área física já impactada,
válvulas e PSVs - válvula de alívio de ação. Essa ação é uma operação que visa impedindo, dessa forma, o alcance de
pressão). O terceiro, a avaliação geral da minimizar as consequências calamitosas outras áreas e tentando-se reduzir o im-
situação, resultado da ação inicial, evo- do acidente, evitando, dessa forma, efei- pacto e dano posterior. Somente após o
lução do atendimento e procedimentos, tos nocivos e, às vezes, devastadores confinamento é que serão utilizadas a-
condições iniciais e impactos ambientais bem como transtornos e riscos à comu- ções de recolhimento do produto e pré-
previstos e possíveis. O quarto aspecto nidade. via descontaminação do local (neutra-
envolve os fatores adversos e modifica- A ação de contenção satisfatória pro- lização), dos materiais, equipamentos e
dores como locais do acidente (área ur- tege local e áreas em que o confinamen- pessoal envolvido na atividade.

NIVEIS DE TREINAMENTO PARA RESPOSTA HAZMAT – NFPA 472


Nível I - Respondedor inicial pela OSHA de atendente inicial ou nível ope- técnicos em produtos perigosos têm recebi-
(Nível de reconhecimento - Awareness) racional. São indivíduos que recebem capa- do, pelo menos, 24 horas de capacitação,
citação para responder a emergências com mas comumente a carga horária excede as
Nesse nível de capacitação, o respon- materiais perigosos como parte da resposta recomendações da OSHA, sendo dedicado
dedor é um indivíduo que tem a possibi- inicial. São capazes de fornecer suporte ini- a esse nível 40 horas de treinamento. Adicio-
lidade de descobrir ou de ser testemunha cial a equipes e atuarem preventivamente à nalmente, o técnico terá capacitação nas se-
de uma emergência com produtos perigo- distância segura sem participarem direta- guintes áreas:
sos, possuindo capacidade para identificar mente no controle do vazamento.Têm como
à distância sinais de vazamentos e acionar missão principal a proteção das pessoas, - Conhecimento dos métodos e mecanis-
o sistema de atendimento à emergência, propriedade e meio ambiente diretamente mos de como implementar um Plano de
vindo a notificar as autoridades compe- afetados pelo incidente. Emergência;
tentes sobre o incidente. Nesse nível, o O nível operacional tem recebido, no míni- - Classificar, identificar e verificar produtos
respondedor não tomará ações operacio- mo, oito horas de capacitação e tem de- conhecidos e desconhecidos, mediante a
nais práticas. Os atendentes iniciais que monstrado suficiente experiência para apre- utilização de equipamentos de monitora-
estão no nível de reconhecimento terão sentar capacidade nas seguintes áreas, in- mento;
experiência ou treinamento necessários cluindo as do nível de reconhecimento: - Entender e atuar dentro de um Sistema
para, objetivamente, mostrar competência de Comando de Incidentes – ICS;
nas seguintes áreas: - Conhecer as técnicas básicas de medi- - Selecionar e utilizar equipamentos espe-
ção e avaliação dos riscos; cializados apropriados para proteção
- Entendimento do que são substâncias - Selecionar e utilizar equipamento apro- pessoal contra produtos químicos (EPIs e
perigosas e os riscos associados a elas du- priado para proteção pessoal para os dife- EPRs);
rante o atendimento a um incidente; rentes níveis operacionais de resposta; - Técnicas de medição de risco e perigo;
- Reconhecer as consequências poten- - Entender os termos técnicos básicos - Realizar operações avançadas de con-
ciais associadas à emergência quando es- relacionados aos produtos perigosos; trole, contenção e confinamento;
tão presentes substâncias perigosas; - Realizar operações básicas de controle, - Implementar procedimentos de descon-
- Habilidade para reconhecer a presença contenção e confinamento dentro das capa- taminação e finalização da emergência;
de substâncias perigosas em uma emer- cidades e dos recursos humanos e materiais - Entender a terminologia básica do com-
gência e identificá-las, se isto for possível; disponíveis; portamento de produtos químicos e tóxicos.
- Conhecimento das ações básicas co- - Implementar procedimentos básicos de
mo primeiro no local, do Plano de Resposta descontaminação e/ou redução de contami- Nível IV - Especialista em
a Emergências, incluindo a segurança e nação; produtos perigosos
controle do cenário sinistrado; - Entender os procedimentos normais de
- Utilizar e compreender o guia de res- operação e finalização da emergência. É aquele que auxilia e promove o apoio
posta à emergência específico (DOT/ABI- aos técnicos em produtos perigosos. Os
QUIM) e as informações contidas nas fi- Nível III -Técnico em produtos perigosos especialistas em produtos perigosos podem
chas técnicas dos produtos (ex: FISPQ); (Hazardous MaterialsTechnician) também servir de enlace com as autoridades
- Ter conhecimento sobre a necessidade federais, estaduais e locais quando em ativi-
de acionamento de recursos adicionais e Estes são indivíduos que respondem a dades de emergência. Os especialistas em
fazer as comunicações às autoridades e emergências ou possíveis emergências produtos perigosos são, normalmente, o su-
entidades apropriadas aos centros de co- com o propósito de contê-las. Assumem porte técnico avançado nas emergências.
municações. uma postura mais direta e agressiva que as Também deverão ter a capacidade para
pessoas treinadas no nível operacional. Um atuarem nas seguintes áreas:
Nível II – Nível de operações técnico se aproxima de um vazamento para
contê-lo, confiná-lo ou atuar de outra forma a - Implementar um plano local de resposta
Esse nível de treinamento é denominado fim de evitar que a emergência se amplie. Os à emergência;

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DESCONTAMINAÇÃO EPRs (Equipamentos de Proteção Res-
Atualmente, é muito comum utilizar piratória) auxiliam a prevenir a conta-
o termo redução de contaminação ao minação daqueles que atendem a essas
invés de descontaminação, pois muitos emergências.
especialistas acreditam que 100% de A forma de trabalho adequada tam-
descontaminação é muito difícil. Os pro-
fissionais que respondem a emergênci-
bém pode reduzir a contaminação para
os trajes de proteção, instrumentos e
1/12
as envolvendo produtos perigosos po-
derão se contaminar de diversas formas,
equipamentos.
Uma regra geral em atividades de re-
MSR
dentre elas: contato acidental com ga- dução de contaminação é: nunca se con-
ses, vapores ou partículas aéreas suspen- tamine mais do que o necessário. A ativi-
sas no ar; respingos de produtos em fun- dade de descontaminação consiste na
ção da abertura ou reparos em contêine- remoção física do contaminante ou al-
res e reservatórios; deslocamento atra- teração de sua natureza química para
vés de área contaminada (contaminação uma substância com menor potencial de
cruzada); e fazendo uso de equipamen- risco. As técnicas e procedimentos de
tos, materiais ou instrumentos contami- descontaminação dependem de vários
nados. fatores, entre eles o tipo do contaminan-
Os trajes de proteção química e os te envolvido.
Quanto mais perigoso for o contami-
nante, mais intensiva e crítica deverá ser
a descontaminação e, por sua vez, os 1/12
- Classificar, identificar e verificar mate-
riais conhecidos e desconhecidos por meio
procedimentos de descontaminação.
Quanto menor for o nível de contamina- ASHI
da utilização de equipamentos de monito- ção dos respondedores, menor será o
ramento; trabalho da equipe de descontaminação,
- Conhecer os Planos de Resposta à bem como possíveis riscos e desgastes
Emergência dos órgãos governamentais;
- Selecionar e utilizar equipamentos es- aos equipamentos envolvidos. Apesar de
pecializados para proteção pessoal contra todos os cuidados dispensados, às ve-
produtos químicos; zes, a contaminação poderá afetar áreas
- Conhecer a fundo as técnicas de aná-
lise e avaliação de riscos e perigos;
“limpas”, pois materiais contaminados
- Realizar operações avançadas de con- podem ser transferidos para essas áre-
trole, contenção e confinamento; as, expondo ainda o pessoal sem prote-
- Determinar e implementar procedimen- ção.
tos de descontaminação;
- Habilidade e capacidade para desen- A correta combinação de procedimen-
volver um plano para segurança e controle tos de descontaminação, métodos para
do cenário; retirada dos equipamentos de proteção
- Entender a terminologia e o comporta-
mento dos produtos químicos, radiológicos
individual e a definição e utilização de
e toxicológicos. áreas de atendimento, podem minimizar
essa contaminação cruzada entre os ins-
NívelV - Comandante de incidentes trumentos, equipamentos e pessoal en-
É o profissional que assumirá o controle
volvido com as áreas adjacentes. Na re- 1/6
do local do incidente e a coordenação da
emergência. O comandante de incidentes
tirada dos trajes contaminados poderá
haver o contato ou inalação com o pro- Rochácara
pode atuar da seguinte forma: duto tóxico.
- Conhecer e estar capacitado para im- Para prevenir essas ocorrências, mé-
plementar o sistema de comando de inci- todos e POPs (Protocolos Operacionais
dentes e atendimento à emergência; Padrão ou Procedimento Operacional
- Implementar um Plano de Resposta a
Emergências;
Padrão), que visem reduzir a contamina-
- Compreender os riscos e perigos asso- ção primária e cruzada, devem ser de-
ciados aos usuários que trabalham com senvolvidos e estabelecidos antes da res-
roupas de proteção química; posta a uma emergência, e devem ter
- Conhecer o plano local de resposta à
emergência das equipes municipais, esta- continuidade no cenário do incidente ao
duais e federais; longo de sua duração.
- Compreender a importância dos proce-
dimentos de descontaminação e finaliza-
ção da emergência;
- Desenvolver um plano para a segurança
e controle dos cenários da ocorrência.
Leia bibliografia completa no site
www.revistaemergencia.com.br
FEVEREIRO / 2012 Emergência 41

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