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EB60-ME-14.

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MANUAL DE ENSINO INSTRUÇÃO INDIVIDUAL


BÁSICA – VOLUME 1

O CHEFE DO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO E CULTURA DO


EXÉRCITO, no uso das atribuições que lhe conferem o parágrafo único do art. 5°, a
letra b) do inciso VI do art. 12, e o caput do art 44, das Instruções Gerais para as
Publicações Padronizadas do Exército (EB10-IG-01.002), aprovadas pela Portaria do
Comandante do Exército n° 770, de 7 de dezembro de 2011, resolve:

Art. 1° Aprovar, para fins escolares, o Manual de E nsino Instrução Individual


Básica – Volume 1 (EB60-ME-14.062), 1ª edição, de 2013, que com esta baixa.

Art. 2° Estabelecer que esta Portaria entre em vigo r a contar da data de sua
publicação.
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FOLHA REGISTRO DE MODIFICAÇÕES

NÚMERO ATO DE PÁGINAS


DATA
DE ORDEM APROVAÇÃO AFETADAS
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ÍNDICE DE ASSUNTOS

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CAPÍTULO I - PRIMEIROS SOCORROS ................................................................001

CAPÍTULO II - OFÍDIOS E ARACNÍDEOS...............................................................040

CAPÍTULO III - HIGIENE MILITAR...........................................................................071

CAPÍTULO IV - MÁSCARA CONTRA GASES MILITAR ULTRA TWIN...................085

CAPÍTULO V - COMBATE A BAIONETA..................................................................091


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CAPÍTULO I
PRIMEIROS SOCORROS

1. INTRODUÇÃO
Você é um combatente. O seu objetivo principal é o combate. Tudo o que você
puder fazer para manter-se, e aos seus companheiros, em condições de lutar, faz parte
da sua missão.
Haverá ocasiões nas quais você dependerá de seus próprios conhecimentos
para salvar sua própria vida ou salvar a vida de seu companheiro.
Você precisa saber que nem sempre será seu companheiro o ferido.
E se um dia for você mesmo?
As suas próprias ações decidirão o resultado entre viver e morrer, ou viver
com ou sem um braço ou uma perna. Você pode proteger-se e aos outros, utilizando o
conjunto de medidas tomadas em relação
aos acidentes, antes que eles possam ser atendidos por pessoal especializado.
Você precisa ter paciência, manter-se calmo. Não perca a cabeça. Conheça
os métodos de primeiros socorros.
Antes de mais nada, você precisa saber qual é o equipamento de que dispõe
para ministrar o primeiro socorro. Conheça como deverá usar esse equipamento.
Tenha-o sempre consigo, em todas as ocasiões. Um bom soldado verifica sempre o
estado de sua arma. Se você o é; deverá, com o mesmo cuidado, verificar o seu
equipamento de primeiro socorro.

2. CURATIVO INDIVIDUAL E KIT DE PRIMEIROS SOCORROS


a. Curativo Individual
O equipamento consiste de um pacote de curativo individual,
acondicionado no estojo de primeiro socorro do cinto de guarnição (fig01).

Fig 01 Curativo Individual

O curativo consiste de um invólucro plástico contendo um curativo de gaze


reforçado em seu interior.
A finalidade principal do curativo é proteger ferimentos. É o único material
dado ao combatente individual, cabendo ao mesmo a confecção de seu KIT de Primeiros
Socorros como veremos mais a frente. O curativo individual é para uso próprio. Em caso
de ferimentos em outro companheiro, deve ser usado o curativo deste, somente em
casos de emergência se usa o próprio curativo em outro combatente.

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b. KIT de Primeiros Socorros
Toda tropa em missões isoladas deverá ter elementos de saúde em apoio;
tais elementos (praça de saúde, atendente ou cabo enfermeiro) conduzem “Bolsas de
Primeiros Socorros” com um maior número de medicamentos e materiais de saúde, que
irão prestar o socorro imediato, tendo em vista que o combatente, em princípio, só leva o
curativo individual.
Visando precaver-se, o bom combatente deve possuir seu próprio KIT de
Primeiros Socorros que, em princípio, constará de uma pequena bolsa ou outro material
para acondicionar seus medicamentos e materiais de primeiros socorros. Este KIT deve
ser conduzido no cinto ou na mochila, dependendo do volume.
A seguir, apresentamos uma relação de materiais e medicamentos que poderão
constar do KIT Individual de Primeiros Socorros, assim como a finalidade de cada um O
KIT não deve ser volumoso.
O KIT aqui sugerido não é regulamentar, visto que os fardos abertos (cinto de guarnição)
o fardo de bagagem (saco VO) e o fardo de combate (mochila) já prevêem o material a ser
conduzido pelo combatente.
O presente artigo visa dar uma sugestão ao militar de um KIT que lhe poderá
ser muito útil, principalmente, em operações contra-guerrilha, onde o apoio é difícil e às
vezes demorado.

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Obs. Tantos os medicamentos como os materiais do KIT devem ser


acondicionados em pequenos
frascos plásticos para evitar que se quebrem (se conduzidos em vidros) e visando a
ocupação de pequeno espaço. Os medicamentos devem ser conduzidos em pequenas
quantidades, apenas para uso próprio. Os depósitos plásticos para guardar alimentos
em freezeres ou aqueles usados nos fornos de microondas são muito bons para
acondicionar os medicamentos e materiais de seu KIT. Use tira de borracha após fechá-
lo para maior segurança. Esses depósitos são também impermeáveis, protegendo contra
a água.

3. AS TRÊS MEDIDAS SALVA-VIDAS EM PRIMEIROS SOCORROS


- Estancar a hemorragia
- Proteger o ferimento
- Evitar ou tratar o choque

a. Estancar a Hemorragia
As hemorragias, ou simplesmente, “sangramentos”, ocorrem quando há o
rompimento de vasos sanguíneos (veias ou artérias).
Elas podem ser:
- Externas - quando a pele se rompe e, conseqüentemente, o sangue sai
para o exterior do corpo.
- Internas - quando o sangue, sem ter por onde sair, acumula-se no interior
do corpo.
1) Procedimentos
Se no cumprimento de sua nobre missão você ou algum companheiro se ferir,
antes de tratar o ferimento, deverá saber exatamente onde se localiza, seu tamanho e a
gravidade da hemorragia.
A hemorragia ininterrupta causa choque, seguida de morte. Para estancar a
hemorragia, coloque
o curativo sobre o ferimento e exerça com a palma e os dedos da mão, abertos,
uma forte pressão contínua e uniformemente distribuída. O curativo colocado
imediatamente impede que haja infecção.

NUNCA PONHA A MÃO NO FERIMENTO - MANTENHA-O LIMPO

- LEMBRETE: Quando o ferido for um companheiro seu, use o curativo dele. Só


use o seu para suplementar o do outro ou quando for bastante necessário para cobrir
o ferimento. Lembre que você pode precisar do seu curativo.
Para estancar hemorragias mais graves, aquela forte pressão deverá prolongar-se
por cinco a dez minutos. A pressão sobre o ferimento produz dois
efeitos que ajudam o estancamento do sangue (fig 02).
- Comprime os vasos seccionados reduzindo a expansão do
sangue pelos mesmos;
- Ajuda a manter o ferimento cheio de sangue, até que ele
pare de sair, devido à formação de coágulo (sangue mais sólido).
Após a pressão manual, pode-se colocar o curativo ao redor
da parte ferida.

Fig 02

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Podemos também facilitar o estancamento do sangue em ferimentos do braço
ou da perna, mantendo o acidentado deitado, como
membro ferido (braço ou perna) elevado. Nesse caso,
verifique antes se não há problema de fratura. Caso haja,
providencie para que o membro seja provido de talas. O
movimento de um braço ou perna fraturado é bastante
doloroso, aumenta o risco de choque e causa lesão dos
nervos, músculos e vasos sanguíneos (fig 03). Estando o
membro ferido sem fratura, eleva-o; o sangue
circulará lentamente e conseqüentemente o
risco de hemorragia será atenuado. Cuide, porém , para
que no citado membro ferido se faça a pressão
Fig 03
manual, pois na certa, estará circulando sangue pelo membro afetado.

2) Uso do torniquete
No caso de perna ou braço ferido, não diminuindo a hemorragia após o processo
de elevação do membro, aplique o torniquete. Porém, cuidado. O abuso do torniquete é
bastante perigoso. Trata-se de recurso extremo cujo emprego exige grandes precauções.
Se mal executado, pode causar graves consequências, por exemplo, gangrena. O
torniquete deve ser colocado acima do ferimento; em caso de hemorragia abaixo do joelho
ou do cotovelo, ele deve ser colocado acima destas articulações.
Para aplicação do torniquete, siga estes passos:
- envolva o local da aplicação com uma bandagem de proteção;
- o torniquete deve ser feito com uma bandagem de, pelo menos três centímetros
de largura. Se você não a tiver, use uma gravata, um cinto largo, um lenço dobrado ou
mesmo tiras de pano rasgado de sua gandola. Nunca use barbantes, cordas, arames ou
outro qualquer material que possa ofender o vasos sanguíneos, os músculos ou os nervos
(fig 04):
- coloque o pano que vai servir de torniquete sobre a bandagem de proteção. Dê um
nó unindo as duas pontas, coloque um pedaço de madeira sobre esse nó e amarre-o (fig
06);
- gire o pedaço de madeira com
rapidez de forma a ir apertando,
progressivamente, o pano e, em
consequência, o próprio membro (fig
07);
- quando a hemorragia cessar pare de
girar
o torniquete e deixe-o fixo. Para fixá-lo
basta pegar as duas pontas de pano
que ficam sobrando acima do nó,
passando cada uma delas por um dos
lados do pedaço de madeira e amarrá-
las do outro lado do membro,
impedindo assim, que o pedaço de
madeira gire em sentido contrário e
afrouxe o aperto (fig 05); e
- nunca deixe o torniquete por
mais de QUINZE minutos. Se passar deste tempo e o socorro médico ainda não tiver
chegado, afrouxe-o por cinco minutos. Se a hemorragia arterial voltar violentamente

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quando soltar o torniquete, deixe-o frouxo só por alguns segundos, em seguida aperte- o
de novo por mais QUINZE minutos. Repita esta operação quantas vezes forem
necessárias.

ATENÇÃO:

- Nunca esqueça de que a aplicação prolongada desta técnica de estancamento pode


provocar gangrenas e causar lesões graves com dor permanente.
- Nunca aperte o torniquete além do necessário para estancar o sangramento.
- Se, em uma das vezes em que afrouxar o torniquete (mesmo que seja a primeira)
a hemorragia não voltar, abandone-o e aplique somente pressão local.
-A qualquer tempo, se o paciente ficar com as extremidades dos dedos frias e
arroxeadas, afrouxe um pouco o torniquete, o suficiente para restabelecer a circulação,
reapertando a seguir caso prossiga a hemorragia. Ao afrouxar o torniquete, comprima o
curativo sobre a ferida.
Enquanto estiver controlando a hemorragia, proceda da seguinte forma:
- Mantenha a vítima agasalhada com cobertores ou roupas, evitando seu contato
com o chão frio e úmido.
- Se o paciente puder engolir, dê-lhe líquidos para beber.
- Caso esteja inconsciente ou caso haja suspeita de lesão no ventre, não dê
líquidos.
- Em qualquer hipótese, nunca dê bebidas alcoólicas.

3) Suspeita de Hemorragia Interna


A hemorragia é resultado de ferimento profundo com lesão de órgão internos. O
sangue não aparece. A vítima apresenta:
- Pulso fraco, pele fria, suores abundantes, palidez intensa e mucosas
descoradas, sede, tonturas, podendo estar inconsciente (estado de choque).
Mantenha o paciente deitado - a cabeça mais baixa do que o corpo - exceto
quando há suspeita de fratura no crânio ou de derrame cerebral, quando a cabeça deve ser
mantida levantada.
Aplique compressas frias ou saco de gelo no ponto em que a vítima foi atingida,
possível local da hemorragia.
Trate com se fosse um caso de estado de choque e procure o médico
imediatamente.

b. Proteger o Ferimento
1) Procedimentos normais
Se você aplicar convenientemente o curativo de primeiros socorros, o
ferimento ficará protegido do meio exterior. A sujeira e os germes ficam do lado de fora. Ao
aplicar o curativo não tente limpar o ferimento.
Se há sujeira ou corpos estranhos no ferimento
não se preocupe. Apenas aplique o curativo.
Evite tocar no ferimento com as mãos ou com
qualquer outro objeto que não seja o curativo.
As ataduras do curativo devem ser aplicadas,
evitando-se que fiquem torcidas sobre si
mesmas. Elas deverão exercer uma pressão
uniforme sobre toda a superfície do curativo e
devem vedar suas extremidades a fim de
protegê-lo da sujeira (fig 08 e 09).

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2) Ferimentos leves ou superficiais.
- Limpe o ferimento com água morna e sabão;
- Aplique mercúrio cromo, iodo, mertiolate ou outro
anti-séptico;
- Proteja o ferimento com gaze esterilizada ou
pano limpo, fixando sem apertar;
- A menos que saiam facilmente durante a limpeza,
não tente retirar farpas, vidros ou partículas de metal do
ferimento;
- Não toque no ferimento com os dedos, lenços
usados ou outros materiais sujos;
- Mude o curativo tantas vezes quantas sejam
necessárias para mantê-lo limpo e seco; e
- Se posteriormente, o ferimento ficar dolorido ou
inchado, é sinal de infecção, procure um médico (fig 10).

c. Evitar ou Tratar o Choque


1) Conceito
O choque é um fenômeno brusco e de muita gravidade que se
evidencia pelo mal estado geral da vítima, palidez, pele fria, transpiração abundante,
agitação, respiração rápida, pulso acelerado mais difícil de ser percebido, seguido ou não
de perda de consciência. O choque surge em qualquer acidente. Quanto mais grave o
ferimento, maior possibilidade de sua ocorrência. Nem sempre o choque aparece após
o acidente. Previna-se, tratando o ferido convenientemente antes que o choque apareça.
2) Outras condições causadoras do estado de choque
- queimaduras graves, ferimentos graves ou extensos;
- esmagamentos;
- perda de sangue;
- acidentes por choque elétrico;
- envenenamento por produtos químicos;
- ataque cardíaco;
- exposição a extremos de calor ou frio;
- dor aguda;
- infecção;
- intoxicação por alimentos;
- fraturas.
3) Sinais de estado se choque
- pele: fria e pegajosa;
- suor: na testa e nas palmas das mãos;
- face: pálida, com expressões de ansiedade;
- frio: a vítima queixa-se de sensação de frio, chegando às vezes a ter
tremores;
- Náuseas e vômitos;
- Respiração curta, rápida e irregular.
4) O que fazer?

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Providencie para que o ferido descanse
confortavelmente. Retire todo o equipamento que ele estiver
carregando. Afrouxe o cinto e desabotoe seu fardamento; seja
delicado ao tratá-lo. Evite movê-lo sem necessidade, Se ele se
encontrar em posição anormal e não havendo fratura aparente,
mude-o suavemente para uma posição mais correta e
confortável. Coloque-o numa posição tal que sua cabeça fique
em nível inferior ao resto do corpo, para que o sangue volte a
fluir normalmente para o cérebro. Nesse caso não devem haver
lesões na cabeça, queixo ou tórax (fig 11).
LEMBRE-SE: Nunca erga uma perna fraturada nem movimente um
acidentado com fraturas, sem antes colocar talas no local fraturado, pois sem a
imobilização, pode ocorrer uma lesão vascular ou
nervosa, além de dor acentuada levando ao choque.
Mantenha o acidentado sempre aquecido, enrolando-o num
cobertor, casaco ou japona. Coloque algo macio em baixo dele
para protegê-lo da friagem do solo, por exemplo, roupas (fig 12).
Caso ele esteja inconsciente, deite-o de lado ou de
bruços, sempre com a cabeça levemente virada para o lado.
Desse modo você evita que ele se sufoque com vômitos,
sangue ou quaisquer outros líquidos que possam lhe obstruir
a boca. Caso ele esteja consciente, dê-
lhe líquidos quentes. Café, mate ou chocolate estimulam e são
excelentes.

d. Resumo
Soldado! Nunca dê líquidos ao ferido
inconsciente ou a um que esteja com ferimento no
abdômen. Lembre- se! O álcool não é estimulante.
Guarde bem estas três medidas. Instrua-se
sobre os métodos mais simples para executá-los. O
momento de aprender é agora. Utilizando pronta e
corretamente o tratamento de primeiro socorro para
feridos, você tornará mais rápida a cura, como
também salvará vidas.
Lembre-se! Uma destas vidas pode será a
sua (fig 13,14 e 15).

4. LESÕES QUE EXIGEM MEDIDAS ESPECIAIS DE PRIMEIROS SOCORROS


a. Generalidades
As três medidas salva-vidas que você aprendeu, aplicam-se ao tratamento de
todas as lesões, porém, às vezes, deparamo-nos com certos tipos de lesões que
exigem medidas especiais de primeiros socorros. Há seis tipos de lesões que exigem
estas medidas.
- Ferimento profundo no tórax
- Ferimento no abdômen
- Ferimento na cabeça
- Ferimento na mandíbula
- Queimaduras

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- Fraturas.

b. Ferimentos Profundos no Tórax


Os ferimentos no tórax que provocam a sucção de ar através dos mesmos para a cavidade
toráxica são bastante perigosos. O ferimento no tórax não é, por si, tão perigoso quanto o ar
que através dele penetra na cavidade toráxica. O ar comprime o pulmão e impede a boa
respiração. Nesse tipo de ferimento a rapidez é muito importante (fig 16).

AJA CORRETAMENTE E COM RAPIDEZ:


1) Coloque sobre o ferimento uma gaze ou chumaço de pano para impedir a
penetração de ar
através do ferimento;
2) Segure o chumaço no lugar. Pressione com firmeza;
3) O cinto ou uma faixa de pano passado fortemente em volta do tórax, sobre o
curativo, será capaz
de manter fechado o ferimento;
4)Não apertar muito o cinto nem a faixa em torno do tórax, para não prejudicar
os movimentos respiratórios da vítima.

c. Ferimentos no Abdômen
São perigosos. Haja assim:
1) Não recoloque para dentro qualquer órgão do abdômen que tenha
saído pelo ferimento. Pode causar infecção e choque grave. Mantenha no lugar, com o
maior cuidado, os órgãos expostos (intestino, estômago, etc). Evitar ao máximo mexer
neles;
2) Cubra com uma compressa úmida;
3) Prenda a compressa firmemente no lugar com uma atadura;
4) O objetivo é proteger os órgãos expostos por meio de um curativo de
pressão.
Não se esqueça: A atadura deverá ser firme, não apertada. Sob hipótese
nenhum dê alimentos ou líquidos ao ferido. Qualquer líquido tomado pela boca sairá no
intestino e espalhará micróbios no abdômen. Você pode atenuar a sede do ferido
apenas umidecendo seus lábios. Ele está sujeito a vomitar, portanto, coloque-o de lado
para evitar a asfixia (fig 17).

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d. Ferimentos na Cabeça
Exceto os de menor gravidade, os ferimentos na cabeça requerem sempre
pronta atenção médica.
Faça o seguinte:
1) Em caso de inconsciência ou de inquietação, deite a vítima de costas e
afrouxe suas roupas, principalmente em volta do pescoço. Agasalhe a vítima.
2) Havendo hemorragia ou ferimento no couro cabeludo, coloque uma
compressa ou um pano limpo sobre o ferimento. Não pressione.
3) Se o sangramento for no nariz, na boca ou no ouvido, volte a cabeça da
vítima para o lado de onde provém a hemorragia.
4) Não dê bebidas alcoólicas (fig 18).

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e. Ferimentos na Mandíbula
Se uma pessoa é ferida na face ou no pescoço, deve agir no sentido de
evitar sua asfixia com o sangue.
Os ferimentos na face e pescoço são em geral graves, dada a existência de
numerosos vasos sanguíneos nessa região. Inicialmente estanque o sangue pela
compressão sobre a área ferida com o curativo esterilizado.
A seguir, amarre a atadura a fim de proteger o ferimento. Se a mandíbula
estiver quebrada, amarre a atadura em redor dela e por cima da cabeça, a fim de dar
apoio. Isso não deve impedir que o sangue saia livremente da boca. Para não sufocar
com o sangue, o ferido deve sentar-se com a cabeça voltada para baixo. Essas posições
permitirão que o sangue saia livremente pela boca em vez de ir para o tubo respiratório.
Previna o choque (fig 19).

5. QUEIMADURAS
As queimaduras externas classificam-se em:
a. Superficiais - quando atingem algumas camadas da pele.
b. Profundas - quando há destruição total da pele. Classificam-se, também, em
graus:
- 1º grau - lesão das camadas superficiais da pele, com vermelhidão, dor local
suportável e não há formação de bolhas. Exemplo: As causadas pelos raios solares.
- 2º grau - lesão das camadas mais profundas da pele, com formação de
bolhas e flictemas (bolhas maiores) com desprendimento da pele, com dor e ardência locais
de intensidade variável.
- 3º grau - lesão de todas as camadas da pele com comprometimento de
tecidos mais profundos até o osso.
As queimaduras de 1º, 2º e 3º graus podem se apresentar no mesmo paciente. O
risco de vida (gravidade do caso) não está no grau da queimadura; reside na extensão da
superfície atingida, devido ao “estado de choque” e à maior possibilidade de contaminação
(infecção). Quanto maior a área de pele queimada, mais grave é o caso. Tem-se uma
idéia aproximada da superfície queimada usando a “regra dos nove”: (fig 20B).
- cabeça - 9% da superfície do corpo
- pescoço - 1%
- membro superior esquerdo - 9%
- membro superior direito - 9%
- tórax e abdômen (frente) - 18%
- tórax e região lombar (costas) - 18%
- membro inferior esquerdo - 18%
- membro inferior direito - 18%
(a área dos órgãos genitais - 1% está incluída na do tórax e abdômen).

c. Pequena Queimadura - a que atinge menos de 10% de área queimada.

d. Grande queimadura - a que atinge mais de 10% de área queimada.

e. Principais Medidas de Primeiros Socorros


1) Previnir o estado de choque;
2) Controlar a dor;
3) Evitar a contaminação;
Como se conduzir na prestação de primeiros socorros nas grandes e médias
queimaduras: (fig 20A/B).
Em caso de queimaduras térmicas (líquidos quentes, fogo, vapor, raios solares,

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etc:
- deite a vítima;

- coloque a cabeça e o tórax da vítima em plano inferior ao resto do corpo. Levante-


lhe as pernas se possível;
- se a vítima estiver consciente dê-lhe bastante líquido para beber: água, chá, café,
sucos de frutas. Nunca dê bebidas alcoólicas.
- se possível, dê-lhe medicação contra a dor que seja de seu conhecimento;
-coloque um pano limpo sobre a superfície queimada;
-procure recursos médicos urgentemente: remova-o
para um hospital, se possível em ambulância. Não demore!
5) Queimaduras por agentes químicos (fig 21)
- lave a área atingida com bastante água;
- aplique jato de água enquanto retira as roupas da
vítima;
- proceda como nas queimaduras térmicas, prevendo o
choque e a dor;
- não aplique unguentos, guaxas, bicarbonato de sódio
ou
outras substâncias em queimaduras externas;
- não retire corpos estranhos ou graxas das lesões;
- não fure as bolhas existentes;
- não toque com as mãos a área queimada.

e. Como se conduzir na prestação de primeiros socorros


nas pequenas queimaduras (fig 22):
1) Térmicas
- lave com água a pequena área queimada;
- após lavar, tome uma das três providências seguintes,
dependendo de possuir os recursos à mão:
- ponha sobre a queimadura uma gaze ou pano limpo embebido numa solução de
bicarbonato de sódio, enfaixando frouxamente;

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- pincele a queimadura com uma substância anti-séptica (mercúrio cromo,
mertiolate) cobrindo com gaze ou pano limpo;
- passo vaselina esterilizada sobre a parte queimada cobrindo depois com gaze
ou pano limpo.
- não fure as bolhas;
- evite tocar na área queimada.
2) Químicas
- lave a queimadura lentamente com grande quantidade de água;
- cubra com gaze ou pano limpo;
- dependendo da parte atingida (olhos, face, órgãos genitais, boca, etc), procure
um médico.

TODA QUEIMADURA DEVE SER EXAMINADA POR MÉDICO OU ENFERMEIRO


COM BREVIDADE. EXCETUANDO-SE OS CASOS EM QUE A PELE ESTEJA
APENAS AVERMELHADA E SE TRATE DE PEQUENA ÁREA QUEIMADA.
3) Queimaduras nos olhos
Podem ser produzidas por substâncias irritantes - ácidos,
álcalis, água quente, vapor, cinzas, pó explosivo, metal fundido,
chama direta.
Tratamento:
- lavar os olhos com água em abundância, ou, se
possível, com soro fisiológico, durante vários minutos;
- vendar o (s) olho (s) atingido (s) com uma gaze ou
pano limpo;
- levar ao médico com a possível brevidade (fig 23).

6. FRATURAS, LUXAÇÕES E ENTORSES


Em caso de fratura, o primeiro socorro consiste
apenas em impedir o movimento das partes quebradas,
evitando-se maiores danos. Existem dois tipos de fraturas
(fig 24):
- Fechadas ou simples - quando o osso é
fraturado e não perfura a pele;
- Abertas ou expostas - quando o osso é
fraturado e pele é rompida.
Deve-se desconfiar de fratura sempre que a
parte suspeita não possua aparência ou função normais,
ou quando haja dor no local atingido, ou incapacidade de
movimentar o membro, ou posição anormal do mesmo,
ou ainda, sensação de atrito no local suspeito.

a. Fraturas Fechadas ou Simples


Coloque o membro acidentado em posição tão natural
quanto possível , sem desconforto para a vítima.
Ponha talas sustentando o membro atingido. As talas
deverão ter comprimento para ultrapassar as articulações
acima e abaixo da fratura. Qualquer material rígido pode ser empregado como tala: tábua,
estaca, papelão, vareta de metal, etc. Use panos ou qualquer material macio para
acolchoar as talas, a fim de evitar danos à pele. As talas devem ser amarradas com

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ataduras ou tiras não muito apertadas, em, no mínimo, quatro pontos (fig 25 a 29).
Abaixo da articulação distal, abaixo da fratura. Acima da articulação proximal, acima da
fratura.

Outro recurso no caso de fratura da perna é aquele que consiste em amarrar a


perna quebrada à outra, desde que sã, tendo o cuidado de acolchoar entre ambas com
lençol ou manta, dobrados (fig 30).
b. Fraturas Abertas ou Expostas
1) Fixe firmemente o curativo no lugar utilizando-se de uma bandagem forte
(tira de roupa, cinto de guarnição, cinto de lona, etc);
2) Mantenha a vítima deitada;
3) Aplique talas, conforme descrito para fraturas fechadas, sem tentar puxar o
membro ou fazê-lo voltar a sua posição natural;
4) Não desloque ou arraste a vítima até que a região suspeita tenha sido
imobilizada, a menos que ele se encontre em iminente perigo.

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5) Evite manobras violentas com a vítima (fig 31 e 32).

c. Tipóia e Aparelhos Para Braço ou Ombro Fraturados


Uma tipóia é o meio mais
rápido para apoiar um braço ou ombro
fraturado ou que tenha sofrido uma
lesão traumática qualquer, ou ainda,
que se apresenta com dores
acentuadas.
Atente para estas
informações:
1) Ao colocar uma
imobilização o socorrista não deverá,
em hipótese alguma, tentar melhorar
a posição do membro ou segmento
afetado. Puxando ou tentando colocar
os ossos no lugar, poderá causar
uma lesão a um vaso ou a um nervo,
colocando em risco a integridade
física do paciente e em alguns casos,
a própria vida.

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2) as imobilizações provisórias têm
por finalidade evitar que os segmentos ósseos
da fratura se angulem ou se já estão angulados,
que não piorem mais, a ponto de transformar
uma fratura fechada em uma fratura aberta ou
exposta.
3) Outra importante função da
imobilização é evitar a exacerbação da dor, que
pode conduzir a vítima ao choque (fig 33 e 34).
d. Coluna Vertebral Fraturada
1) Região cervical
As fraturas da coluna cervical são
sempre as mais perigosas, pois pode haver o
corte da medula pelos fragmentos ósseos, o
que levaria à morte. Conserve sempre a
cabeça e o pescoço imóveis , colocando para
apoiar a cabeça, objetos nas partes laterais
para evitar a rotação da cabeça.
Imobilize com tiras do cobertor ou
mesmo peças do uniforme, a região cervical, fazendo um colar cervical, tendo o máximo
cuidado para não movimentar a cabeça durante a confecção do colar. A fixação desta
imobilização poderá ser feita com o auxílio do cinto ou do curativo individual.
Nunca vire ou levante a cabeça. O transporte da vítima deverá ser feito numa
padiola dura ou numa prancha (fig 35).
2) Região lombar
Nem sempre é possível ter a certeza de
que um homem tem a coluna vertebral
fraturada. Suspeite de alguma lesão na
coluna, principalmente, se o homem levou forte
pancada nas costas. O importante é
considerar que os fragmentos afiados do osso
quebrado podem cortar a medula espinhal,
caso sejam movidos. Isso causa paralisia
permanente de certos segmentos do corpo.
Se você suspeitar de que seu companheiro
fraturou a coluna, coloque um cobertor
enrolado, mochila ou rolo de pano debaixo
dele, para apoiar a parte lesada, elevando
os fragmentos fraturados. Se for necessário
transportar o homem, coloque-o sobre uma
padiola, sem tirar o apoio colocado debaixo
de sua costas. Caso haja necessidade, ele
pode ser carregado em um cobertor, desde
que seja em decúbito ventral (de bruços). Não
se deve mover um fraturado da coluna,
mesmo para dar água ou medicamento por via
oral (fig 36).

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e. Luxações e Entorses
Toda vez que os ossos de uma articulação ou
junta saírem do seu lugar proceda como no caso de
fraturas fechadas.
1) Coloque o braço em uma tipóia quando
houver luxação do ombro, do cotovelo ou do punho.
2) Trate uma entorse como se houvesse fratura;
3) Imobilize a parte afetada;
4) Não aplique nada quente sobre a parte afetada
durante 24 horas, no mínimo, o calor aumentaria a dor e a
inchação.
5) O correto tratamento de uma luxação ou de
uma entorse exige o atendimento médico(fig 37).

7. CUIDADOS COM OS PÉS


Os grandes deslocamentos fazem com que você use os pés constantemente.
Prevenir as perturbações do pé é o primeiro socorro para o caso (fig 38).

a. Procedimentos Normais
Conserve-os limpos. Seque-os minuciosamente, principalmente entre os
dedos, isso previne o “Pé de Atleta”. Use sistematicamente pó entre os dedos dos pés; é
bom para coceira ou vermelhidão. Nunca corte calo ou calosidade, pois causa infecção.
Mantenha as unhas dos dedos limpas e curtas, para evitar unhas encravadas. Antes de
uma marcha, polvilhe
sempre os pés, para evitar
assaduras pela absorção de
suor. Calce meias limpas
todos os dias. Não use
meias furadas nem
incorretamente ajustadas.
Caso você tenha de tratar
de bolhas formadas pelo
coturno, aja da seguinte
forma:
-lave bem com
água e sabão a região
afetada;
-esterilize uma agulha,
aquecendo-a no fogo e abra
com ela a bolha, tendo o
cuidado de perfurá-la na
parte inferior;
- use um
curativo para proteger o
local (fig 39).
b. Outros
Cuidados Com os Pés e
Doenças Mais Comuns
O “pé
de trincheira” é uma
ocorrência grave resultante do tempo frio (mas não gelado) e de meias e sapatos

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úmidos. Ele é assim denominado porque muitas vezes ocorre após prolongadas
permanências em trincheiras e abrigos frios e úmidos. Os simples uso de meias e sapatos
molhados durante tempos prolongados pode,
também, causá-lo. O pé de trincheira pode tornar-
se tão grave que imponha a amputação do pé.
Você pode evitar o pé de trincheira do seguinte
modo:
a) Evite, ao máximo, permanecer na
água, neve ou áreas lamacentas. Se na
trincheira ou abrigo individual houver água,
baldeia-se para fora ou coloque algumas pedras
ou ramos no lugar onde você permanecerá. Se
deitar, procure colocar seus pés sobre uma pedra
ou sobre sua mochila.
Esta posição mantê-los-á secos e
ajudarão a descongestioná-los após longos
períodos em que você se manteve de pé.
b) Exercite seus pés e pernas sempre que
possível. Se puder fazer outras coisas,
movimente seus dedos e tornozelos dentro do
calçado. Evite posições contraídas.
c) Massageie seus pés no mínimo uma vez por dia. Faça você mesmo ou junte-
se com um companheiro, cada um massageando os pés do outro. Uma ligeira
massagem por vários minutos aquecerá seus pés e restaurará o fluxo sanguíneo normal.
Coloque meias secas.
d) Limpe e seque seus pés e meias pelo menos uma vez por dia. Você deverá
levar consigo um par extra de meias secas, de lã, e colocá-las logo que puder, quando
seu pé ficar frio ou úmido. Seque seus pés cuidadosamente, principalmente entre os
dedos e seque suas meias e a parte interna dos seus sapatos, tanto quanto possível.
e) Evite apertar os sapatos, meias, cordéis ou tiras, porque isto influirá na
circulação. É importante que os calçados sejam confortáveis e à prova d’água. As meias
devem ser de tamanho suficiente para não apertar os pés (fig 40).

c. Erisipela
O surgimento de ferimentos nos pés favorece a erisipela, doença infecto-
contagiosa, que atinge a pele e plano subcutâneo, caracterizando-se pelo rubor
(vermelhidão) e inchação das áreas lesadas. É comum se contrair em águas contaminadas,
quando se circula pelas mesmas com ferimentos, o que favorece o contágio.
d. Quando atuando em regiões úmidas (Amazônia, Pantanal Matogrossense, etc),
ou ainda, sob chuvas constantes, aconselha-se besuntar os pés com pomadas de
características emoliente e hidratante (tipo a comercial “HIPOGLÓS”) pois a mesma irá
impermeabilizar a pele, evitando que fique enrugada favorecendo o surgimento de
feridas devido a longas caminhadas, quando os pés secam e molham
constantemente.
e. O Permanganato de Potássio é um ótimo anti-séptico no tratamento de feridas
nos pés, causadas pelo atrito de areia que entra no coturno e a pele. Conhece-se causas
de combatentes com os pés feridos que após 2 dias lavando os ferimentos dos pés com
permanganato de potássio, estavam prontos para o combate no 3º dia.
f. As seguintes observações feitas para prevenção e o tratamento do Pé de
Trincheira, são válidas também para atuação em regiões úmidas:
-Tenha sempre mais de um par de meias, ao ser trocado todo o dia;

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- Retire o coturno, massageie e limpe os pés sempre que tiver oportunidade,
principalmente antes dos pernoites.
- Não use coturnos novo nem apertados para longas caminhadas, pois fatalmente
surgirão calos e feridas. Dê preferência a coturnos já usados e amaciados e com algum
tempo de uso.

g. Pé de Atleta (também conhecido como “Frieira”)


É a mais comum infecção dos pés. É produzido por fungos geralmente na
camada superficial da pele. Este fungo desenvolve-se em condições de calor e umidade. É
uma doença cutânea que produz inflamação entre os dedos dos pés, podendo atingir as
mãos, e causa intensa coceira.
O seu tratamento consiste no uso de pó para os pés, duas vezes ao dia, trocando as
meias diariamente. Se estas regras simples forem observadas, serão remotas as
possibilidades de desenvolver-se o pé de atleta. Se você for atingido por esta moléstia,
procure o médico.

h. Não corte calos, nem calosidades, pois poderão sobrevir infecções graves.
Procure o médico para atender seu caso.

i. Para evitar unhas encravadas, mantenha-as limpas e curtas. Corte as unhas


retas, não as arredonde.

j. Pé-de-imersão
É uma síndrome muito semelhante ao pé-de-trincheira, produzido pela imersão
prolongada dos pés em água fria, tal como acontece entre os sobreviventes de naufrágios
ou aviadores que são obrigados à descidas forçadas sobre a água.
As vestimentas apropriadas, protegendo o corpo e os pés e o uso de graxa
grossa para untar os pés e o corpo, são medidas apreciáveis na prevenção dos acidentes
causados pela imersão prolongada.

l. Pé-dos-Trópicos
O pé-dos-trópicos é causado por circunstâncias semelhantes às de que dão origem ao
pé-de- trincheira, com a diferença de que a água não precisa estar gelada. Esta síndrome
se revela, sobretudo, nas zonas tropicais em que os homens são obrigados a vadear e
atravessar extensos pântanos, sem estarem providos de sapatos impermeáveis ou qualquer
meio de proteção à prova d’água.
O importante para a prevenção é conservar os pés secos e limpos.

m. Congelamentos dos Pés


É uma Afecção causada principalmente nas regiões de temperaturas baixas,
evoluindo mais rapidamente que o pé-de-trincheira. Uma parte do corpo congelada ou
“gelada” torna-se acinzentada ou pálida, perde a sensibilidade e freqüentemente não há
sensação de dor, de forma que, ao exame, devemos atentar para estes detalhes:
- Não se deve massagear ou esfregar a região lesada, pois machucará o tecido e
a lesão será agravada;
- Deve-se aquecer as partes afetadas em água morna, remover as meias e botas molhadas
ou apertadas e cobrir as áreas lesadas com curativo seco, aplicado frouxamente

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8. REMOÇÃO DE CORPOS ESTRANHOS

a. Olhos
Se cair alguma coisa estranha no seu olho, não esfregue. Tente fechá-lo
por alguns minutos e verá que as lágrimas se encarregarão de trazê-lo para fora. Caso
não dê resultado, peça a um companheiro seu para examinar seu olho, do seguinte modo:
1) Examine o globo ocular e a pálpebra inferior, tentando remover o objeto
com bastante cuidado, delicadamente com a ponta de um lenço umedecida e limpa.
2) Se o objeto não estiver na pálpebra inferior, examine a superior. Segure as
pestanas com o polegar e indicador e coloque um palito de fósforo sobre a pálpebra,
puxe a pálpebra para cima, sobre o palito, examinando internamente. Remova o corpo
estranho com bastante cuidado, com a ponta limpa de um lenço.

b. Ouvidos
Se tiver alguma coisa em seu ouvido, não tente retirar com alfinete, arame
ou outro objeto semelhante. Um inseto no
ouvido, pode ser morto com algumas gotas de
óleo ou água.
Várias coisas podem ser tiradas
do ouvido, da mesma maneira.

c. Nariz
Se tiver algo no seu nariz,
assoe-o delicadamente, Não aperte nem
ponha o dedo.

d. Garganta
Se você puder alcançar com o
dedo um corpo estranho na garganta, faça-o.
Para isso, mantenha a cabeça baixa e tenha
cuidado para não empurrar o objeto para mais
longe, para baixo (fig 41).

9. EFEITOS DO CALOR
a. Uniforme e Equipamento
O tipo e a quantidade de roupa e equipamento e a maneira como são
usados podem influenciar nos efeitos do calor sobre o organismo do combatente. A
roupa protege contra os raios do sol ou objetos quentes; mas, em quantidade excessiva
ou muito justa, junto com o equipamento e a mochila, reduzem a ventilação que dissipa o
calor do corpo. O uniforme deve ser confeccionado de tecido leve e macio, a fim de
reduzir o atrito com o corpo. Deve ainda, ser folgado para facilitar a ventilação. A
mochila mais adequada é a do tipo que dispõe de uma armação metálica bem leve,
para apoio sobre as costas. Esse dispositivo evita o atrito da mochila sobre as costas
além de possibilitar a ventilação.

b. Necessidade de Água
Sob altas temperaturas e mais acentuadamente em condições de elevada umidade, é
muito grande a perda de água pela transpiração. Uma pessoa em repouso perde
aproximadamente meio litro de água por hora e suas necessidades de água aumentarão
na proporção da intensidade do trabalho. Um homem em trabalho pesado, sob calor
extremo, pode exigir cerca de 20 litros de água por dia. É conveniente que a água seja

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consumida em pequenas quantidades, quando se sentir sede. Regular o consumo de água
apenas para poucas oportunidades pré-fixadas (hora das refeições, por exemplo),
resulta na ingestão de uma só vez, de grande volume de líquido. Tal procedimento pode
provocar indisposição e não apresenta vantagens em termos de economia de água.

c. Reposição do Sal
Quando a transpiração é normal, o sal
perdido com o suor é reposto pela própria
alimentação. No entanto, se o consumo diário de
água exceder a 4,5 litros, a perda de sal deve ser
compensada, acrescentando-o em quantidade extras
nos alimentos e, nos casos mais sérios, ingerindo-o
adicionado na água ou sob a forma de comprimidos.
Deve-se, nesses casos, dissolver 1 grama de sal
(cerca de 1/4 de colher de chá) em um cantil de água
ou tomar dois comprimidos de sal para cada cantil
consumido (fig 42).

d. Efeitos do Calor
1) Exaustão Térmica
Estado de prostração e fraqueza decorrente da excessiva perda de água e
sal. É mais freqüente quando a temperatura ambiente ultrapassa os 35ºC. Seus sintomas
são dor de cabeça, palidez, vertigens, transpiração excessiva e câimbras musculares. A
pele fica fria, úmida e pegajosa. O tratamento indicado é transportar o paciente para um
lugar fresco, tirando-lhe a roupa externa, elevar-lhe os pés, movê-los e aplicar-lhes
massagens. A vítima deverá recuperar as perdas de sal de acordo com as quantidades
descritas no item anterior. Para um melhor tratamento, deve-se procurar assistência
médica. O melhor meio de evitar a prostração pelo calor é tomar medidas destinadas a
facilitar a transpiração e a evaporação do suor usando roupas leves e arejadas, além de
manter a compensação das perdas de água e sal.
2) Insolação
Apresenta um elevado índice de mortalidade e caracteriza-se por uma
grande elevação da temperatura do corpo e pelo desmaio. O primeiro sinal é a parada
da transpiração, tornando-se a pele quente e seca, para em seguida adquirir uma
coloração rosada e brilhante. A inconsciência pode sobrevir repentinamente ou ser
precedida de dor de cabeça, tontura, náuseas, confusão mental e delírio. Para salvar a vida
da vítima, deve-se imediatamente, fazer com que baixe a temperatura, colocando-a à
sombra, banhando-a com água fria ou fresca e abanando-a com uma camisa ou uma manta.
Deve-se procurar, rapidamente, assistência médica.
3) Cãimbras pelo Calor
São espasmos dolorosos dos músculos, geralmente os das pernas,
braços e abdômen. São devidas à perda excessiva de sal pelo suor e melhoram
quando as perdas são repostas. Os casos mais graves devem receber assistência
médica.
4) Queimaduras
São provocadas pela exposição excessiva da pele à luz solar. Uma
exposição mais prolongada pode resultar em bolhas. O céu nublado não diminui os riscos
de queimaduras de sérias proporções, devendo-se nesses dias tomar os mesmos
cuidados que nos dias de céu claro. Para evitar as queimaduras do sol deve-se usar
roupas que cubram o máximo da superfície da pele, inclusive cobertura de abas largas e
com tapa nuca; deve-se ainda adaptar o combatente aos raios do sol, por meio de

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exposições sucessivas e aumentadas gradativamente.
5) Fungos
A transpiração excessiva causa maceração da pele, formando em certas
áreas mais sujeitas à transpiração, tais como virilhas, axilas, região genital e pés,
excelentes meios para o desenvolvimento de fungos causadores das micoses. Podem ser
evitados mantendo-se os cuidados normais de higiene.
6) Internação
Devido à ação do calor sobre o indivíduo em locais abrigados do sol
(nas fundições, padarias, caldeiras, etc), se manifesta de maneira brusca com intensa
falta de ar, às vezes a vítima parece sufocada, com a respiração acelerada e difícil. A
vítima cai e fica desacordada e pálida, com temperatura elevada do corpo e com as
extremidades arroxeadas.
Enquanto aguarda socorro médico, aplique com rapidez as seguintes
medidas:
a) Remova a vítima para lugar
fresco e arejado.
b) Tire suas roupas.
c) Coloque a vítima deitada com a cabeça elevada.
d) Refresque-lhe o corpo por meio de banho.
e) Envolva a cabeça com toalha ou panos embebidos em água fria,
renovando com frequência.
f) Se disponível, ponha saco de gelo na cabeça.
g) Coloque-a sob ventiladores ou em ambiente refrigerado.

Todo e qualquer socorro à


vítima de insolação e intermação é no
sentido de baixar a temperatura do corpo,
de modo progressivo (fig 43).

10. RESPIRAÇÃO ARTIFICIAL


a. Procedimentos Iniciais
Uma pessoa cuja respiração
parou, morrerá caso a mesma não seja imediatamente restabelecida. Faça de imediato:
1) Afrouxe as roupas da vítima, principalmente em volta do pescoço, peito e
cintura.
2) Verifique se há qualquer coisa ou objeto obstruindo a boca ou garganta da
vítima.
3) Inicie a respiração de socorro tão logo tenha a vítima sido colocada na
posição correta. Cada segundo é precioso.
4) Rítmo: 15 (quinze) respirações por minuto.
Mesmo após haver a vítima voltado a respirar livremente, esteja pronto para
iniciar tudo outra vez,
5) Procure um médico.
6) Mantenha a vítima aquecida.
7) Não espere ou procure ajuda. Aja logo. Não desanime.
8) Não dê líquidos enquanto a vítima estiver inconsciente.
9) Não deixe a vítima sentar-se ou levantar-se.
10) Nunca dê bebidas alcoólicas. Dê chá ou café quente para beber logo que
voltar a si.
11) Não remova a vítima, salvo se for absolutamente necessário, até que
sua respiração volte ao normal. Mesmo assim, remova-a em posição deitada.

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Caso seja imperioso remover a vítima para outro local ou caso seja necessário
trocar de socorrista, estas operações devem ser feitas sem interromper o ritmo da
respiração de socorro.
12) Mesmo com a vítima recuperada:
- Procure um médico;
- Transporte-a a um hospital.

b. Métodos de Respiração Artificial


1) Afogamento
Para reviver uma pessoal afogada, em primeiro lugar, levante-a pelos
quadris para que a água que entrou nas vias respiratórias saia. A seguir, deite-a com o
rosto para o chão.
Faça com que ela abra
a boca, puxe a língua para adiante e
retire, caso haja, dentadura artificial
ou qualquer coisa que ela tenha na
boca. Faça com que sua cabeça
descanse sobre um braço dobrado, e
que o outro fique ao lado da cabeça,
estendido. Ajoelhe-se com as pernas
abertas, à altura das coxas do
afogado. Coloque as mãos na parte
inferior do tórax tão longe quanto
possível sem que resvalem para fora.
Faça com que seus dedos mínimos
toquem exatamente as costelas mais
inferiores dele. Incline-se para diante,
lentamente, a fim de que o peso do
seu corpo descanse gradativamente
sobre a parte apoiada do indivíduo. (fig
44)
Esta operação deverá
durar cerca de dois segundos, o
tempo suficiente que você leva para
deter 2.001, 2.002.
Retire as mãos do tórax do afogado e levante o corpo para dizer 2.003, 2.004.
Repita a operação de doze a quinze vezes por minuto. Faça a respiração
artificial por um tempo que pode atingir duas horas ou mais, sem parar, a menos que a
vítima comece a respirar normalmente. Para que você não se canse, reveze com outra
pessoa. Quando a vítima recobrar a consciência, dê-lhe bebida quente, café ou chá, e a
cubra.
2) Método boca-a-boca

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Coloque a
vítima deitada de costas.
Levante seu pescoço
com uma das mãos e
incline-lhe a cabeça para
trás, mantendo-a nessa
posição. Use a mão que
levantou o pescoço para
puxar o queixo da vítima
para cima, de forma que
sua língua não impeça a
passagem do ar. Coloque
sua boca com firmeza
sobre a boca da vítima.
Feche bem
as narinas da vítima
usando o polegar e o
indicador.
Sopre para
dentro da boca da vítima
até notar que seu peito
está se levantando.
Deixe a
vítima expirar o ar
livremente.
Repita o
movimento 15 vezes por
minuto (fig 45).
3) Método boca
ao nariz Aplicado quando
o acidentado tiver
espasmos no maxilar ou
com ferimentos na boca e
maxilares (fig 46).
4) Método
Sylvester
Visa
substituir o método boca-
a-boca e boca ao nariz
quando houver ferimentos
nestas partes.
- Coloque a
vítima com o rosto voltado
para cima.
- Coloque
algo por baixo dos ombros
da vítima para que ela
fique com a cabeça
inclinada para trás.
- Ajoelhe-se
de frente para a vítima e

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ponha a cabeça dela entre seus joelhos.
- Segure-lhe os braços pelos
pulsos cruzando-os e comprimindo-os
contra a parte inferior do peito.
- A seguir, puxe os braços da
vítima para cima, para fora e para trás, o
mais que puder.
- Repita o movimento 15 vezes
por minuto.
- Se você conseguir um auxiliar,
peça-lhe que segure a cabeça da vítima,
inclinando-a para trás e projetando-lhe o
queixo para frente (fig 47).

11. CHOQUE ELÉTRICO


Acontece com frequência.
Resulta do contato da vítima com um fio
energizado. Aja do seguinte modo:
- Não toque na vítima até
que ela esteja separada da corrente, ou
interrompida;
- Se uma pessoa tocar num
fio condutor de eletricidade e se a
corrente não puder ser interrompida, procure retirar a vítima de cima do fio elétrico;
- Para esta operação, use um pedaço de madeira seca, roupa seca, ou
qualquer material que não conduza
eletricidade. Tome cuidado para não
tocar na vítima com as mãos nuas.
Você levará um choque (fig 48).
- Inicie a respiração
artificial logo que a vítima esteja livre
do contato com a corrente (fig 49).
- Providenciar o transporte
da vítima:
- Mantenha a respiração;
- Controle a hemorragia;
- Imobilize todos os pontos
suspeitos de fratura e
- Evite ou controle o
choque.
Como transportar uma Vítima.
Ao remover um ferido para um local onde possa ser usada a padiola, adote o
método de uma, duas, ou três pessoas para o transporte da vítima, dependendo do tipo
e da gravidade da lesão, da ajuda disponível e do local.
Os métodos que empregam um ou dois socorristas são ideais para transportar
uma pessoa que esteja inconsciente devido a afogamento ou asfixia.
Todavia, não serve para carregar um ferido com suspeita de fraturas ou outras
lesões. Em tais casos, use sempre o método de três socorristas.
1) Padiolas Improvisadas(fig 50).

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a) Padiola feita de vara e cobertor:


Um cobertor, um meio pano de barraca, lona ou qualquer outro material
semelhante, podem ser usados para leito de padiola. As varas podem ser feitas de
galhos fortes, paus de barracas, etc.
(1) Abra o cobertor, ponha uma vara ao comprido, fazendo-a passar pelo
centro, dobre o cobertor sobre ela.
(2) Ponha uma segunda vara que
passe pelo centro da nova dobra.
(3) Dobre as extremidades livres do
cobertor sobre a segunda vara.

b) Padiolas feitas de varas e gandolas


Dobre duas ou três gandolas,
camisas ou túnicas, de modo que o avesso
esteja para fora. Abotoe-as com as mangas
para dentro. Passe uma vara através de cada
manga (fig 51).
c) Padiolas feitas de porta ou prancha
Use qualquer objeto de superfície e
tamanho adequado tais como cama de
campanha, portas, escadas ou varas amarradas
entre si. Se possível, acolchoe (fig 52).
d) Padiolas feitas de varas e sacos
Descosture para abrir os fundos ou
corte os ângulos do saco. Passe duas varas
através dele (fig 53).
e) Padiolas feitas de cobertor
Caso não tenha uma vara, enrole em direção

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ao centro os dois lados do cobertor, ou meio
pano de barraca, ou uma lona. Use a parte
enrolada como punhos, ao transportar o
paciente (fig 54).
2) Transporte a braço
Existem diversos modos pelos
quais um ferido pode ser transportado sem
padiola.
Empregue o meio de transporte
que seja mais fácil para você, levando em
consideração a gravidade do
ferimento, o número de socorristas
disponíveis e a situação.

a) Transporte comum
Segue-o modo mais fácil e
mais usado, pelo qual um homem pode
carregar outro, mesmo que se trate de homem
inconsciente (fig 55).
- Após levantar o homem do
solo, usando os três primeiros tempos do
transporte comum, você pode usar qualquer
dos seguintes meios:

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b) Transporte nos braços (fig 56)
Bom para curtas distâncias.
Carregue a vítima a boa altura, para reduzir a
fadiga. Se o homem tiver a espinha ou uma
perna quebrada, não use este método.
c) Transporte amparado (fig 57)
Segure o punho esquerdo (ou
direito) com a mão esquerda (ou direita) e ponha
o braço dele em volta do seu pescoço.
Método útil para homem ferido
levemente, como no caso de pé e tornozelo.
d) Transporte do fardo (fig 58)
Após levantar um homem,
segure-lhe um braço e coloque-se à frente dele.
Levante-o sobre as costas. Faça abraçar seu
pescoço. A seguir, passe os braços por baixo
das coxas dele e aperte as mãos.

e) Transporte nas costas (fig 59)


Levante o homem, passe
para a frente dele. Segure sobre seus
punhos e suspenda-o de modo que as
axilas dele estejam sobre seus ombros.
Método para carregar homem
inconsciente, porém sem fraturas.

3) Arrasto de pescoço (fig 60)


Amarre as mãos da vítima em volta de seu
pescoço. Deste modo,poderá engatinhar,
arrastando o homem inconsciente. Nunca

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tente arrastar assim um homem que tenha o pescoço ou a coluna vertebral fraturados.
Esse processo permite, que tanto você como a vítima, permaneçam abaixados no chão e,
conseqüentemente, protegidos.

4) Transporte Rastejante c/ cinturão (fig 61)


Junte dois cintos
de guarnição e forme uma tipóia
contínua. Coloque a vítima
deitada de costas, passe uma
alça de tipóia pela cabeça dela e
enrole-a no peito e por baixo das
axilas dela. Cruze as tiras da
tipóia por baixo da cabeça do
homem. Enfie a segunda alça
da tipóia pelo seu braço e
ombro. Em seguida, avance
rastejando. Este método só deve
ser usado para distâncias muito
curtas.

5) Outros métodos com mais de um


socorrista
a) Transporte duplo cinto (fig 62)
Requer dois socorristas. Quatro cintos
de guarnição ou algo semelhante, são necessários.
Faça duas tipóias contínuas com dois cintos cada uma
Passe uma alça em torno de cada uma das pernas
da vítima. Um socorrista passa uma alça sobre o ombro
direito e o outro sobre o ombro esquerdo.

6) Transporte com mais de dois socorristas


(fig 63)
Se houver mais de dois socorristas,
então a tarefa se torna muito mais fácil. Os socorristas
se ajoelham com um joelho só, enfileirados ao lado da
vítima e, com seus braços a levantam até os joelhos.
Erguem-se todos ao mesmo tempo e levam a vítima
para o local desejado.
Havendo mais socorristas, podem cuidar
apenas da cabeça da vítima.

7) Outros processos (fig 64 e

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65)

13. INTOXICAÇÃO POR GASES


- Procedimentos Normais
- Carregue ou arraste a vítima imediatamente para um local arejado e não
contaminado;
- Não deixe a vítima caminhar;
- Proceda imediatamente a respiração artificial, caso a respiração tenha sido
interrompida ou esteja irregular;
- Mantenha a vítima agasalhada e encaminhe-a imediatamente ao Posto de
Socorro da OM.

14. VERTIGEM, DESMAIO E COMA


A vertigem é uma sensação em que a vítima parece girar em torno dos
objetos ou os objetos que a cercam é que parecem girar em torno dela, sempre em plano
horizontal.
O paciente apresenta uma sensação enorme de fraqueza, perde a
consciência caindo ao solo.
A vertigem ocorre, na maioria das vezes, por falta de irrigação cerebral (falta
de sangue no cérebro). Nunca devemos colocar um paciente que tenha sofrido vertigem
na posição sentada.
No nosso meio é comum observar essas crises durante as formaturas
quando permanecemos muito tempo imóveis numa posição; é portanto, importante saber
o que se deve fazer neste atendimento de primeiro socorro.

a. Coloque-o imediatamente deitado em decúbito dorsal (de barriga para


cima) com as pernas elevadas. A cabeça deve ficar em nível inferior ao tronco, sem
travesseiros. Esta posição facilitará o fluxo sanguíneo para o cérebro (fig 66).

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b. Não deixe que a vítima faça qualquer movimento brusco, notadamente


com a cabeça.

c. Afrouxe toda a roupa da vítima, para que a circulação sanguínea se


restabeleça sem dificuldade.

d. Anime-o com palavras confortadoras.


O desmaio, comumente ocorre com escolares nas salas de aula ou nas
igrejas. O que geralmente acontece é o jejum prolongado, levando à baixa de açúcar no
sangue (hipoglicemia), associada às condições de confinamento.
A vítima pode receber os mesmos socorros já prescritos para as vertigens,
acrescentando algo estimulante para beber, como chá, café ou mate.
O outro ma súbito que pode suceder e que o socorrista deve ficar alerta é o
coma. No coma a pessoa perde a consciência e toda vida de relação com o ambiente.
Apenas respira e o coração pulsa, existindo relaxamento muscular completo. Várias são
as causas do coma que não convém aqui assinalar.
O atendimento se prende apenas a manter a vítima ventilada através da
respiração artificial.

15. MORDIDAS DE ANIMAIS RAIVOSOS


Qualquer animal pode contrair a raiva e se tornar um transmissor da mesma.
Quem for mordido por um animal deve suspeitar de raiva e mantê-lo em observação até
prova em contrário (10 dias).
Mesmo vacinado, o animal pode, às vezes, apresentar a doença. Todas as
mordidas por animais devem ser vistas por um médico.
- Procedimento Normal
Lave a ferida com água e sabão. Pincele com mercúrio cromo, mertiolate ou
outro desinfetante. Encaminhe ao médico.

16. PICADAS E FERROADAS DE INSETOS


Há pessoas alérgicas que sofrem reações graves e/ou generalizadas, devido à
picadas de insetos. Tais pessoas devem receber um tratamento imediato. Picada de
inseto pode ser um risco de vida para uma pessoa sensível.
- Procedimento Normal
Retire os ferrões do inseto. Em seguida pressione o local para fazer
sair o “veneno”. Aplique gelo ou faça escorrer água fria no local da picada.
Aplique compressas com amônia.
Procure socorro médico tão logo seja possível.
17. ENVENENAMENTO

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17. ENVENENAMENTO
a. Suspeita de Envenenamento
Casos em que se deve suspeitar de envenenamento:
- Cheiro de veneno no hálito;
- Mudança de cor dos lábios e da boca;
- Dor ou sensação de queimadura na boca e garganta;
- Vidros ou embrulhos de drogas ou de produtos químicos abertos em
poder da vítima;
- Evidência, na boca, de haver a vítima comido folhas ou frutos venenosos;
- Estado de inconsciência, de confusão ou mal súbito, quando for
possível o acesso ou contato da vítima com venenos.
- Procedimento Normal
Ministre o antídoto recomendado no recipiente de que proveio o veneno;
A rapidez é essencial. Transporte a vítima ao Posto de Socorro da Unidade.
Aja antes que o organismo tenha tempo de absorver o veneno.
Se houver mais de um socorrista, enquanto um procura o médico ou
meio de transporte, o outro toma as seguintes providências;

b. Venenos Ingeridos
1) Provoque o vômito
a) fazendo a vítima beber:
- água morna ou água com sal ou água com sabão;
b) passe o dedo indicador ou um cabo de colher levemente na garganta
da vítima;
c) repita a operação várias vezes até que o líquido vomitado esteja limpo;
2) A seguir faça ingerir:
- Leite ou claras de ovos batidas ou suspensão de farinha de trigo ou
batatas amassadas em água.
3) Dê o antídoto universal:
- 2 partes de torradas queimadas, 1 parte de leite de magnésia e 1 parte
de chá forte.
4) Mantenha a vítima agasalhada.
5) O que não deve fazer:
- Não provoque o vômito caso a vítima esteja inconsciente ou se tiver
ingerido:
a) Soda cáustica;
b) Produtos de petróleo (querosene, gasolina, líquidos de isqueiro,
removedores);
c) Ácidos;
d) Água de cal;
e) Amônia;
f) Alvejantes de uso doméstico;
g) Tira-ferrugem;
h) Desodorante de banheiro.
- Não dê álcool
- Não deixe o envenenado andar
- Não dê azeite ou óleo
- Guarde, para entregar ao médico o recipiente com o rótulo e os restos
do veneno.

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c. Venenos Aspirados
Carregue ou arraste a vítima imediatamente para um local arejado e não
contaminado. Não deixe a vítima caminhar.
Aplique a respiração de socorro, caso a respiração tenha sido
interrompida ou esteja irregular. Mantenha a vítima agasalhada e quieta.
Jamais dê bebidas alcoólicas sob qualquer forma.
Tome medidas de precaução para não se tornar outra vítima.

d. Envenenamentos Através da Pele


Lave a pele com água abundantemente: banho de chuveiro, de mangueira,
de torneira.
Aplique jato de água sobre a pele enquanto retira as roupas.
A rapidez em lavar a pele é da máxima importância - reduz a extensão da
lesão ou da absorção do veneno.

18. CONVULSÕES
Contratura involuntária da musculatura, provocando movimentos
desordenados e em geral acompanhada de perda da consciência.
- Procedimento Normal
- Coloque a vítima em lugar confortável, retirando de perto objetos em que se
possa machucar.
- Introduza um pedaço de pano ou um lenço entre os dentes para evitar
mordidas na língua.
- Afrouxe as roupas.
- Veja se existe pulseira, medalha ou outra identificação médica de
emergência que possa sugerir a causa da convulsão.
- Terminada a convulsão, mantenha a vítima deitada. Deixe-a dormir, caso
queira.
- Procure um médico ou transporte a vítima até ele.
- Não segure a vítima (deixe-a debater-se) não dê tapas, não jogue água sobre
ela. Mantenha-se vigilante e afaste ou curiosos.

19. PARADA DO CORAÇÃO - MASSAGEM CARDÍACA EXTERNA


Os casos de paradas do coração exigem ação imediata. Não espere a chegada
do médico.
Se não perceber batimentos do coração, se não conseguir palpar o pulso
e se a vítima apresentar acentuada palidez, faça massagem cardíaca externa do
seguinte modo:
- Coloque a vítima deitada de costas sobre superfície dura;
- Coloque suas mãos sobrepostas na metade inferior do externo;
(Os dedos devem ficar abertos e não tocam a parede do tórax)
- Faça a seguir uma pressão com bastante vigor, para que se abaixe o externo,
comprimindo o coração de encontro à coluna vertebral. Descomprima em seguida.
- Repita a manobra tantas vezes quantas forem necessárias (cerca de 60 por
minuto)

C U I D A D O S:
Nos jovens, fazer pressão apenas com uma mão e nas crianças e bebês com
os dedos, a fim de que não ocorra fraturas ósseas-esterno ou costelas.
- Caso se verifique ao mesmo tempo parada respiratória, deverá ser feita, além da
massagem cardíaca, a respiração de socorro.

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- Aplique a respiração de socorro usando o
método boca-a-boca ou Sylvester e a massagem
cardíaca externa.
- Executar quinze manobras de massagem
cardíaca e em seguida fazer dois movimentos do
método Sylvester ou sopre 2 vezes a boca da vítima se
estiver usando o método boca-a-boca.
- Aplique este processo tantas vezes
quantas forem necessárias até o restabelecimento dos
movimentos respiratórios, e batimentos do coração
sempre no mesmo ritmo: 15 massagens para 2 sopros
(boca-a-boca) (ou 2 movimentos Sylvester).
- Procure o médico.
- Caso tenha que transportar a vítima,
continue aplicando os socorros (fig 67).

20. PARTO SÚBITO


Parto é um ato natural. Chame um médico. Providencie transporte para um
hospital.
Existem, todavia, alguns pontos que devem ser lembrados, caso uma
pessoa se encontre diante da emergência de um parto e tenha de prestar auxílios à
parturiente, por falta de recursos médicos próximos ou de condições de transportá-la a um
hospital.
- Procedimento Normal
1) Deixe a natureza agir. Seja paciente. Espere até que a criança nasça.
2) Lave as mãos. Conserve limpo tudo o que cerca a parturiente
3) Durante o parto, apenas ampare o corpinho da criança que nasce.
4) Após nascida, proteja a criança, evitando contato com locais sujos ou
chão frio e úmido. Mantenha-a com a cabeça ligeiramente abaixada.
5) Cubra o recém-nascido a fim de mantê-lo aquecido.
6) Caso o bebê não esteja respirando, limpe-lhe rapidamente a boca e o
nariz. Coloque-o de cabeça para baixo o que facilitará a saída de secreções. Se não
respirar, aplique a respiração boca-a-boca. Aja com delicadeza.
7) Ferva uma tesoura ou limpe-a com álcool. Faça o mesmo com um
barbante ou linha grossa.
8) Amarre o barbante ou linha grossa em volta do cordão umbilical, a cerca
de 5cm do bebê (quatro dedos)
para interromper a circulação
sanguínea no cordão. A
seguir, amarre um outro
barbante em volta do cordão
umbilical, a cerca de 10cm do
bebê. Entre os dois nós, deve
haver uma distância de 5
centímetros (fig 68).
9) Corte o cordão
umbilical entre os dois
barbantes, usando a tesoura
limpa.
10) Mantenha mãe e filho agasalhados.
11) Segure a criança com cuidado e apenas o necessário (fig 69).

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12) Afaste as pessoas do local.
13) Não interfira no processo do parto.
14) Não lave a película de cor esbranquiçada que cobre o corpo do
recém-nascido. Ela protege a pele.
15) Nenhuma medida deverá ser tomada com relação aos olhos, ouvidos,
nariz e boca do bebê.
Deixe isso por conta do médico, da parteira ou da enfermeira.

21. ACIDENTES PELO FRIO


a. Manifestações Locais
A vítima geralmente não tem consciência da gravidade da lesão.
1) A pele inicialmente avermelhada.
2) À medida que a geladura se desenvolve, a pele fica pálida ou cinza
amarelada.
3) Dor que desaparece progressivamente devido à ação anestésica do
próprio frio.
4) Dormência na parte atingida. Tome as seguintes providências:
- Cubra a parte atingida com a mão ou com um agasalho de lã.
- Se a lesão for nos dedos ou nas
mãos, faça a vítima colocá-los sob as axilas, próximo
ao corpo.
- Coloque a parte atingida em água
morna (cerca de 42º C).
Não tendo água aquecida ou caso
seja impraticável seu uso, enrole com cuidado a parte
afetada em um cobertor (fig 70).
- Deixe a circulação se restabelecer
normalmente.
- Logo que haja aquecimento na área lesionada, encoraje a vítima a
exercitar os dedos das mãos e dos pés.
- Dê uma bebida quente: chá, café, leite.

b. Manifestações Gerais em Exposições Prolongadas em Baixas Temperaturas


- Torpor e tonturas.
- Vacilação e dificuldade de enxergar.
- Inconsciência.
Tome as seguintes providências :
- Dê um banho morno;
- Envolva a vítima num cobertor;
- Ponha a vítima em quarto aquecido;
- Dê-lhe bebidas quentes se estiver consciente;
- Procure o médico;
- No caso de parada respiratória, aplique a respiração de socorro.

22. APLICAÇÃO DE INJEÇÕES


a. Generalidades
Aplicar uma injeção é fazer a introdução de um medicamento no organismo, por
meio de uma punção, que pode ser:
- Na artéria - injeção intra-arterial
- Na veia -injeção intra-venosa
- No músculo - injeção intra-muscular

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- No tecido subcutâneo -injeção subcutânea
- Na derma - injeção intra-dérmica

b. Cuidados na Aplicação
1) Lavar bem as mãos.
2) Preparar o material.
3) Escolher o local apropriado para a
aplicação.
4) Limpar o local escolhido com álcool,
iôdo ou merthiolate.
5) Apanhar a seringa e introduzir a
agulha no local escolhido para a aplicação,
formando um ângulo de 90º entre a agulha e o local
escolhido (fig 71).
6) Puxar o êmbolo da seringa para
verificar se não atingiu algum vaso sanguíneo, caso isto ocorra, retire a agulha e aplique em
outro local.
7) Caso não tenha atingido nenhum vaso, aplique a injeção, fazendo
uma pressão lenta e contínua sobre o êmbolo.
8) Ao término da aplicação da injeção, retire a agulha comprimindo a
pele com algodão, gaze ou pano limpo.

c. Perigos da Aplicação Mal Feita


1) Formação de abcesso no local da
aplicação.
2) Quebra da agulha no local da
aplicação.
3) Atingir o nervo ciático (nas nádegas).

d. Técnicas de Aplicação da Injeção Intra-


Muscular
1) Músculos mais aconselháveis para
injeção intra- muscular:
- Deltóide (braço) - de 1 até 3ml
- Glúteo (nádegas) - acima de 3ml
2) No deltóide (braço) - (fig 72)
No terço médio do músculo deltóide, mais ou menos a 4 dedos abaixo do
ombro, altura da axila.
3) No glúteo (nádega) (fig 73)
Ao fazer qualquer aplicação no glúteo, é necessário observar bem o
local da introdução da agulha , por haver o perigo de se atingir o Nervo Ciático.
Para evitar isto, basta dividir a nádega em quatro partes, da seguinte
forma:
a) Toma-se uma linha horizontal (imaginária) que vai desde a
comissura das nádegas até a parte externa do corpo;
b) Toma-se uma linha vertical (imaginária) sobre a parte mais volumosa
da nádega.
c) Após isto, faz-se sempre a injeção no quadrante superior externo.

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e. Técnica de Aplicação da Injeção Intra-Venosa
1) Lavar bem as mãos;
2) Preparar o material;
3) Escolher o local apropriado para a aplicação (veia de maior calibre na
dobra do cotovelo);
4) Fazer a limpeza da pele onde será realizada a injeção, através de
algodão, gaze ou pano limpo embebido em álcool, merthiolate ou iodo;
5) Fazer o garroteamento mais ou menos 3 a 4 dedos acima da dobra do
cotovelo. Para o garroteamento pode ser utilizado garrote de látex, borracha ou plástico;
6) Mandar o paciente fechar com força a mão e mantê- la fechada (mão
referente ao braço garroteado);
7) Introduzir na veia a ponta da agulha com o bisel (furo da agulha) voltado
para cima, formando um ângulo de 10º entre a agulha e a pele ( fig 74).
8) Quando atingir a veia, o sangue deverá aparecer imediatamente no
cilindro da seringa,
misturando-se ao líquido
da injeção;
9) Caso a
veia tenha sido atingida
e não vier sangue no
cilindro, certifique-se do
atingimento da veia.
puxando (aspirando) um
pouco o êmbolo para trás. Nesse caso, ao aparecer sangue no cilindro da seringa
misturando-se ao líquido da injeção, tenha certeza de que a veia foi atingida;
10) Aplicar a injeção de forma bastante lenta, ou seja, fazendo uma
pressão lenta sobre o êmbolo, de forma que esse tipo de injeção deve ser sempre
realizada de modo o mais demorado possível. Durante a aplicação, querendo certificar-se
de que a agulha está na veia, proceda como no nº 9) acima; e
11) Retire a agulha, comprimindo a pele com algodão, gaze ou pano limpo.

f. Técnica de Preparo do material


1) Retirar a seringa do invólucro estéril;
2) Introduzir a agulha no cilindro da seringa, fixado-a firmemente;
3) Quebrar a ampola;
4) Retirar o protetor da cânula (agulha);
5) Introduzir a agulha no interior da ampola e puxar de forma lenta e
contínua o êmbolo até aspirar o líquido da ampola;
6) Retirar as bolhas de ar que comumente se formam durante a aspiração
do líquido da ampola, da seguinte forma;
- Com a seringa na posição vertical (agulha para cima) bata com o
dedo no cilindro da seringa, até que todas as bolhas de ar direcionem para cima;
- Pressione o êmbolo lentamente para a expulsão de todo ar contido no
interior da seringa.

g. Principais Substâncias de Uso Exclusivo Intra-Muscular


- Benzetacil, Despacilina, Penicilina;
- Voltarem;
- Complexo B;
- Vitaminas C;
- Vitaminas K;

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- Dubratil (vitamina).
OBS.:Existem outras substâncias que podem ser aplicadas tanto intra-
muscular como intra-venosa, observando que as substâncias acima citadas não
abrangem todo o universo.

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CAPÍTULO II
OFÍDIOS E ARACNÍDEOS

1. OFÍDIOS
a. Generalidades
Os ofídios formam uma subordem da ordem Squamata, classe Reptilia,
que se caracteriza particularmente pela ausência de membros locomotores, presença de
dentes agudos sulcados ou caniculados e curvados para trás; ausência do orifício
auditivo, pela grande extensibilidade da cavidade bucal, devida à mobilidade dos seus
maxilares o que lhes permitem engolir presas inteiras.
Ocorrem em quase todas as regiões do globo, em terra, mares e rios. São
mais numerosos nos climas quentes, mas também são encontrados nas zonas de clima
temperado ou mesmo frio. No Brasil, as serpentes peçonhentas são observadas em todas
as regiões. Ainda não foram constatadas espécies venenosas na Islândia, nas Ilhas Hawai
e na Nova Zelândia.

b. Conceito e Caracterização da Cobra


A cobra é um animal vertebrado. No mundo dos animais ela tem
parentesco com lagartos, jacarés, tartarugas e jabotis.
As cobras apresentam como características:
1) Corpo alongado coberto por escamas;
2) O esqueleto se compõe de cabeça, vértebras e costelas;
3) Ausência de membros locomotores (patas) o que faz com que se
arrastem pelo chão. Daí serem chamadas de répteis;
4) Ausência de ouvido. As cobras não escutam. Elas sentem as vibrações do
solo através do próprio esqueleto;
5) Língua bífida, ou seja, dividida em duas partes na ponta. Essa língua serve
para explorar o ambiente e pegar pequenas substâncias que se encontram suspensas no
ar, encaminhando-as a um órgão localizado dentro da boca (Órgão de Jacobson) e que
desempenha função equivalente ao olfato;
6) Visão fraca, sobretudo durante o dia nos peçonhentos; é precisa dentro
de um raio equivalente
ao seu comprimento. Olhos sem pálpebras, sempre abertos; no local da
pálpebra possuem uma córnea semelhante a um vidro de relógio que protege o olho,
dando a impressão de olhar fixo e efeitos hipnóticos, como diz o povo;
7) Sangue “frio” (pecilotérmico), isto é, sua temperatura varia de acordo com
a do ambiente;
8) Órgãos internos como os demais vertebrados, tais como: pulmão, fígado, corações,

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rins, testículos, ovários, etc. Estes órgãos são alongados, acompanhando o formato do
corpo. A cobra não possui bexiga. Do mesmo modo que as aves, as cobras eliminam a
urina junto com as fezes;
9) As cobras são animais adaptados à vida em diversos ambientes: na
superfície ou embaixo da terra, na água e nas árvores;
10) A cabeça é constituída de duas partes principais: uma superior, fixa,
chamada crânio, outra inferior, móvel, chamada mandíbula ou maxila.
a) O crânio e a mandíbula são ligados por intermédio de um osso
denominado quadrado, que descrevendo um arco, permite grande recuo da mandíbula
para baixo, o que explica a possibilidade das serpentes abrirem a boca até um ângulo de
quase 180 graus.
b) É importante observar que na cabeça dos ofídios peçonhentos, entre
os olhos e a narina, há, de cada lado, um orifício chamado fosseta loreal (lacrimal). Este
detalhe é fundamental para a diferenciação com as espécies não venenosas, pois tal
orifício existe em todos os ofídios peçonhentos do Brasil, com exceção da Coral
verdadeira.
c) Duas glândulas de veneno estão localizadas debaixo dos olhos e
acima do maxilar superior, provocando duas saliências laterais que dão uma forma
triangular à cabeça das serpentes venenosas com exceção da coral verdadeira, que tem
a cabeça mais ovalada acompanhando o corpo.
d) O olfato é amortecido pelas escamas ao longo do corpo, localizando
especialmente na língua bífida que sai da boca sem necessidade de abrí-la, por um
orifício da placa rostal.
e) Os detetores térmicos são as fossetas encontradas nos ofídios
peçonhentos (fossetas loreais ou lacrimais) e nos boídeos (fossetas labiais).
11) Vértebras - A coluna vertebral das serpentes é simples e uniforme,
sustentando as costelas, que exercem importante função no desenvolvimento da
locomoção. O número de vértebras é variável, podendo alcançar mais de 200 nas
grandes espécies, como a Sucuri.
12) Costelas - São representadas por hastes ósseas, com participação no
ato respiratório, na proteção dos órgãos internos e na locomoção (movimentos). O número
de costelas é sempre grande, podendo chegar a mais de duas centenas. Distribuem-se
sempre aos pares e se articulam nas vértebras, sendo as extremidades bastante
separadas.
13) Pele - É muito elástica e dilatável, facilitando o ato respiratório e,
principalmente, a deglutição. Por isso, inclusive, as serpentes podem ingerir presas até
quatro vezes maiores do que seu ventre em estado de vacuidade (absolutamente vazio).
O dorso das serpentes é revestido de escamas pequenas, enquanto
certas partes do corpo, como o ventre e a cabeça, são revestidos de placas lisas ou
rugosas, maiores do que as escamas.
Há quem procure identificar as cobras venenosas pelas características
das placas da cabeça. Essa tentativa, entretanto, não tem fundamento, pois tais placas
apresentam aspectos variáveis nas diferentes espécies.
A camada superficial da pele, quando enrugada, destaca-se em sua
totalidade. Essa renovação da pele das serpentes chama-se “muda” e se faz devido ao
crescimento do ofídio. Tal processo inicia-se pela cabeça e as partes desprendidas vão
se enrolando progressivamente até alcançarem a extremidade da cauda, quando então
ocorre seu despojamento total, em um só bloco.
A primeira renovação ocorre nos primeiros dias após o nascimento. Em
animais jovens, tais mudas se processam várias vezes por ano, segundo a alimentação,
temperatura e outros fatores ambientais. As cascavéis ao desprenderem a pele, deixam

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na cauda uma parte dela, formando um anel. Por isso, o cálculo popular da idade da
cascavel pelo número de gomos de seu chocalho não tem fundamento.
Durante essa fase o animal não se alimenta e procura acelerar o
processo da muda atirando-se ou movimentando-se sobre superfícies salientes. Curioso é
que a proteção ocular também acompanha o processo de troca.
14) Sistema digestivo - Os ofídios não mastigam seus alimentos, usando os
dentes apenas para prender ou reter a caça até sua deglutição (ato de engolir). Nesta
fase, o veneno também exerce ação digestiva, auxiliando na transformação do alimento
em matéria absorvível e assimilável.
15) Sistema circulatório - A exemplo de outros animais, as serpentes têm
coração, veias e vasos linfáticos, que fazem circular o sangue, levando alimentos e
oxigênio para os tecidos.
16) Sistema respiratório - A traquéia dos ofídios abre logo na porção
anterior do assoalho da boca, permitindo que as serpentes respirem mesmo quando
estão ingerindo grandes presas. Desse modo, o ar inspirado passa diretamente pela
traquéia até chegar ao único pulmão (algumas espécies têm dois pulmões). No interior do
pulmão ocorrem as trocas gasosas (hematose) e o ar é então expirado, saindo
totalmente pela boca.
17) Órgãos sensoriais - Do ponto de vista sensorial, o órgão mais
importante das serpentes peçonhentas, com exceção da Coral verdadeira, é a fosseta
loreal ou lacrimal, que representa um sistema termo-receptor muito bem desenvolvido. É
através dessa fosseta que os ofídios peçonhentos percebem a aproximação dos animais,
especialmente os de sangue quente. Desse modo, é praticamente a fosseta loreal que
orienta as atitudes de defesa ou ataque das serpentes, quando estão em busca de
alimento ou diante de um inimigo como o homem.
A forma da pupila ganha particular importância porque alguns
procuram identificar as espécies peçonhentas através dessa característica. Contudo, é
preciso considerar que a pupila “em forma de fenda vertical” ocorre em todas as serpentes
peçonhentas do Brasil, menos na Coral verdadeira, mas essa forma vertical pode tornar-se
arredondada, na aparência, em ambientes escuros. Como órgão sensor temos também a
língua ligada ao olfato já mencionada.
18) Sistema urogenital - As serpentes possuem dois rins, situados de um e
de outro lado da raque. Cada um tem seu ureter que conduz a urina diretamente para a
cloaca, pois os ofídios não têm bexiga.
A urina das serpentes assemelha-se a uma papa espessa, branca-
amarelada que se acumula na cloaca, para depois eliminar-se pela fenda anal.
Os machos apresentam um espessamento (engrossamento) ao nível da fenda anal,
onde de cada lado se aloja um hemipênis - órgão copulador. Nos peçonhentos esse
espessamento é mais pronunciado, daí dizer-se que o rabo afina-se abruptamente. Na
parte ventral de cada hemipênis há um sulco, denominado espermático, por onde passa
o líquido fertilizante (esperma) no ato da cópula. Nas paredes dos hemipênis distribuem-
se ainda espinhos recurvos que servem para fixar e manter um contato mais íntimo e
demorado entre o hemipênis e a cloaca da fêmea durante o ato sexual.

c. Reprodução
A união sexual das serpentes geralmente se verifica em fins do inverno ou
no início da primavera, em lugares mais isolados, longe de seus perseguidores.
Nesse ato, o macho sobe ao dorso da fêmea, exercendo movimentos entrecortados
(intermitentes) ao mesmo tempo em que, voltando a face ventral de sua cauda para cima,
coloca face a face com a fêmea, de modo a introduzir-lhe na cloaca um de seus
hemipênis. Depois da introdução e fixação do hemipênis por seus espinhos, os orifícios

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terminais do sulco espermático aproximam-se da entrada dos ovidutos da fêmea e ai
vertem seu líquido fertilizante. Esse líquido então absorvido e, posteriormente,
vai ter aos ovidutos ou mesmo aos ovários onde se processa a fecundação dos óvulos, que
então se transformam em ovos.
Após essa fase, que em geral dura meio dia, os dois animais se separam
e a fêmea passa a evitar novos contatos.
A partir da fecundação, as serpentes apresentam prenhezes que evoluem de
formas diferentes. Algumas se reproduzem através da postura de ovos - são chamadas
“ovíparas”, enquanto outras protegem seus ovos dentro do próprio ventre , são as
chamadas “ovovíparas”.
1) Ovíparas - Depois de três a quatro meses da fecundação, os ovos são
depositados inteiramente frescos, soltos ou envolvidos por um líquido viscoso que os
mantém unidos. Essa desova ou postura dos ovos é feita em local relativamente úmido e
quente, fora do alcance dos raios solares. Após a postura, as serpentes, em geral,
abandonam sua ninhada, com exceção de algumas espécies, como o Surucucu, cuja
fêmea enrodilha-se sobre seus ovos para preservá-los da evaporação da umidade (e não
chocá-los).
Dentro de condições ideais de calor e umidade, a incubação dos ovos se
processa num período de aproximadamente três meses ou mais. Desse modo, ocorre
apenas uma postura por ano. O número de ovos por ninhada é variável, mas geralmente
não ultrapassa 35.
O ovo dos ofídios é alongado e um pouco chato, assemelhando-se à forma
do casulo do bicho-da-seda. É envolvido por uma membrana sólida, flexível, onde são
encontradas granulações calcáreas.
As serpentes dos grupos elapídico (Corais) e laquético (Surucucu) são
consideradas ovíparas.
2) Ovovíparas - São as que dão origem a filhotes que se desenvolvem quase
que inteiramente dentro dos ovidutos, ainda no próprio ventre materno. Ou seja, os ovos
são incubados no interior do ventre da serpente. Esse tipo de prenhez demora três meses
ou mais até o nascimento dos filhotes.
Os filhotes dos ofídios já nascem com todas as suas faculdades e
instintos, tanto que logo após seu nascimento passam a levar vida independente,
procurando seu próprio alimento sem ajuda dos pais. São, inclusive, capazes de inocular
pequenas quantidades de veneno, fazendo suas primeiras vítimas. É muito comum
acidentes com filhotes devido a sua aparência inocente.

d. Alimentação
As serpentes não se alimentam com muita frequência, embora sejam
essencialmente carnívoras.
Suas fontes de alimentos variam com as condições locais, mas as
venenosas geralmente perseguem pequenos roedores como ratos e preás. Tanto que
as regiões habitadas por grandes quantidades desses animais, especialmente ratos, têm
sempre uma população numerosa de ofídios peçonhentos.
A Jararaca-ilhoa, que vive na ilha de Queimada Grande, no litoral paulista,
habita sobre as árvores e se alimenta de pássaros, pois ali não há roedores.
As Corais são lacertívoras (comem pequenos répteis, como a lagartixa e
ofiófagas (comem outros ofídios).
As Sucuris e Jibóias preferem roedores de porte pequeno ou médio, como
pacas e capivaras.
Há, ainda, serpentes que se alimentam de insetos e de peixes.
O sapo, que muitos consideram alimento habitual das serpentes, é ingerido quase que

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exclusivamente pela Boipeva, pois ele segrega uma substância muito tóxica para os
ofídios, capaz até mesmo de levá-los à morte.
Essas diferentes presas que servem como alimento das serpentes são
abatidas através da ação do veneno, por constrição ou por simples abocanhamento.
São, em geral, deglutidas por inteiro uma vez que os ofídios não utilizam dentes para
mastigar ou triturar suas caças.
Convém lembrar, finalmente, que os ofídios também bebem água. Aliás, todas elas,
inclusive as peçonhentas, sabem nadar.

e. Habitat
As serpentes podem ser aquáticas ou terrestres, existindo ainda espécies
anfíbias (vivem tanto na terra como na água). Entre as terrestres, há aquelas que vivem
sobre árvores, as que habitam sobre a superfície do solo e finalmente as de vida
subterrânea.
Um exemplo típico de ofídio que vive sobre árvores é a já citada Jararaca-
ilhoa. Das que vivem sobre o solo, ganham destaque as dos grupos crotálico, botrópico e
laquético. Devendo-se assinalar também que as do grupo botrópico podem ser
eventualmente encontradas em árvores. As do grupo elapídico (Corais) são, por sua vez,
animais que preferem a vida subterrânea.
Os ofídios peçonhentos são mais encontrados nos campos ou em áreas
cultivadas do que no interior de florestas. A explicação para tal incidência decorre da
escassez de pequenos roedores, especialmente ratos, dentro das matas e a sua
abundância nas zonas de pastagens e terras de cultura. Seria, portanto, uma procura
natural por regiões onde o alimento é mais fácil e abundante.
De um modo geral, pode-se dizer que as serpentes do grupo crotálico
(Cascavel) preferem locais mais secos e pedregosos, enquanto que as do grupo botrópico
(Jararaca, Urutu) ocorrem com maior frequência em áreas úmidas como banhados, beira
de rios e lagos.
As Sucuris e Jibóias vivem em matas que margeiam rios e lagos ou zonas de
alagados.
Do ponto de vista de hábitos, as espécies peçonhentas são aparentemente
mais tranqüilas e vagarosas, preferindo buscar seus alimentos durante a noite. As não
venenosas são, ao contrário, mais ativas e rápidas, exercendo suas atividades quase
sempre durante o dia.

f. Inimigos naturais
O principal inimigo das serpentes é o próprio homem, que as caça e mata
sistematicamente sem se preocupar se são ou não perigosas. Depois, citam-se vários
animais: cão, gato, raposa, cangambá, gavião, ganso, jaburu, ema, seriema, lagarto e até
mesmo a galinha, que engole pequenas serpentes. Além disso, os ofídios também
sofrem infecções microbianas e infecções parasitárias, capazes muitas vezes de levá-los
à morte.
Deve-se ressaltar finalmente o grupo das serpentes ofiófagas (que comem
outras serpentes), representado entre outras pela Parelheira, Coral verdadeira e,
principalmente pela Muçurana que engole, em particular, as espécies peçonhentas.
A Muçurana é uma serpente que se alimenta de ofídios peçonhentos, dando
preferência aos do grupo botrópico, como a Jararaca. É portanto, um animal que deve ser
protegido ou pelo menos poupado pelo homem. Características: É de cor cinza-escuro ou
cor de “chumbo”, com ventre branco leitoso. Pode alcançar 3 metros de comprimento, mas
atinge em média 2 metros. É um animal dócil, que prefere locais protegidos do sol e com
boa umidade. Ocorre em todo o país.

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g. Utilidade dos Ofídios


Os ofídios, como acontece com os escorpiões e aranhas, participam do
chamado equilíbrio biológico. Se as serpentes fossem eliminadas, por exemplo, o número
de roedores, como os ratos, aumentaria consideravelmente, o que provocaria um
desequilíbrio na natureza. O mesmo aconteceria em relação aos insetos, se as aranhas
fossem exterminadas.
A par dessa função biológica, algumas serpentes, como as do grupo
botrópico são úteis à Medicina, pois seu veneno é aproveitado na produção de
medicamentos hemostáticos, usados no tratamento das hemorragias.
A pele dos ofídios representa outra utilidade, uma vez que é muito
empregada na confecção de artigos de vestuário, principalmente feminino, como bolsas,
sapatos e até mesmo casacos.

h. Classificação dos Ofídios Brasileiros


Existem várias maneiras de classificar os ofídios. Para o nosso estudo três
classificações são importantes:
- De acordo com a disposição dentária;
- De acordo com a sistemática animal;
- De acordo com o interesse sanitário.
1) Classificação quanto à dentição
Para um conhecimento mais exato da função venenosa dos ofídios, é
imprescindível ter noções sobre a sua dentição em relação à capacidade inoculadora de
veneno. Sob tal aspecto, as serpentes podem ser divididas em quatro grupos de
características diferentes: áglifa, opistóglifa, proteróglifa e solenóglifa.
a) Áglifa
Os ofídios des-se grupo
apresentam dentes maciços, sem canal central e sem
sulco externo. Não dispõem, portanto, de presas
para inoculação do veneno. Entre essas, estão as da
família Boidae (Sucuri, Jibóia) e algumas da
Colubridae (Jararacuçu do brejo). (fig 01)
b) Opistóglifa
São as que apresentam um ou
mais pares dos dentes posteriores do maxilar
superior diferenciados com sulco externo por onde
ocorre o veneno. Entretanto, como essas presas
inoculadoras são posteriores, excepcionalmente
causam acidentes. Entre elas estão algumas da
família Colubridae (Falsa Coral, Muçurana). (fig 02)
c) Proteróglifa
São as que dispõem de presas
anteriores funcional- mente canaliculares, capazes de
inocular o veneno com maior facilidade. Estão
representadas pelas famílias Elapidae (Corais
Verdadeiras) e Hydrophidae (serpentes marinhas) fig
03.
d) Solenóglifa
As serpentes desse grupo têm
grandes presas anteriores dotadas de canal central
por onde passa o veneno. Inclui os gêneros Crotalus

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(cascavel), Botrópico(Jararaca, Urutu) e Lachesis (Surucucu) fig 04.
2) Classificação quanto à sistemática animal

Os animais são classificados pelos biólogos em classes, ordens


subordens, famílias, subfamílias, gêneros, etc. A nós só vão interessar a família e o
gênero dos ofídios. Iremos nos deter no exame dos ofídios peçonhentos, apenas
citando ligeiramente as famílias e alguns exemplos de ofídios considerados não
peçonhentos por não serem perigosos para o homem.
Interessa-nos sobretudo o gênero, pois os soros fabricados são
aplicados segundo o gênero do ofídio causador do acidente.
No gênero CROTÁLICO encontramos apenas a Cascavel, com duas
subespécies.
No gênero BOTRÓPICO encontramos grande número de espécies, das
quais são freqüentes: urutu, jararaca, cotiara, cotiarinha, caiçaca, jararacuçu jararaca
pintada, jararaca do rabo branco, surucucu de patioba, jararaca ilhoa, etc.
No gênero LAQUÉTICO encontramos apenas a surucucu que possui o
mais aperfeiçoado órgão inoculador entre todos os ofídios além de seu veneno
apresentar características tanto do gênero crotálico quando do gênero botrópico. Atinge
até 2,5 metros e é o ofídio capaz de inocular a maior quantidade de veneno, já se tendo
extraído 6 ml de um exemplar.
No gênero MICRURUS encontramos apenas as corais no Brasil.
3) Classificação quanto ao interesse sanitário
Para este efeito, os ofídios são classificados em peçonhentos. Apenas os ofídios de
dentição solenóglifa são considerados peçonhentos, por oferecerem perigos para o
homem. Os de dentição áglifa não produzem peçonha, não são venenosos, enquanto os
de dentição Opitóglifas, embora em geral o produzam, dificilmente a conseguem inocular

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no homem, sendo considerados não peçonhentos.

i. Peçonha Ofídica
A peçonha das serpentes é secretada por um par de glândulas supralabiais
volumosas, situadas simetricamente nos lados da cabeça, logo abaixo e para traz dos
olhos, posição que determina maior alargamento e a conseqüente forma triangular da
cabeça das espécies peçonhentas.
Há uma perfeita adaptação do canal glândular ao canal dentário das presas
inoculadoras das serpentes solenóglifas, de modo que a peçonha é inoculada sob
pressão, graças a uma expansão da mucosa e à potente musculatura da região.
A peçonha possui dupla função: paralisante e digestiva. As serpentes
necessitam de um meio para poderem paralisar suas vítimas de modo a poder ingeri-las
e sua digestão se faz por putrefação acelerada pela peçonha inoculada.
A peçonha é um líquido pouco viscoso, transparente, levemente leitoso ou
amarelado. É constituído de complexos elementos (enzimas, proteolíticas, neurotoxinas,
fosfatidases, etc) que variam nas diferentes espécies. Desse modo, suas ações no
homem também são variáveis, mas basicamente são as seguintes:
1) Ação proteolítica
Ou seja, decompõe as proteínas, causando destruição de tecidos
(necrose).
2) Ação coagulante
Quando o veneno penetra lentamente e em pequenas doses na
circulação sanguínea, provoca destruição direta ou coagulação do fibrinogênio.
Entretanto, quando essa penetração é rápida e em dose ainda pequena, tal
desfribrinação é procedida de aumento da coagulabilidade do sangue. Nos casos de
penetração rápida de grandes doses de veneno, pode ocorrer coagulação maciça dentro
dos vasos, seguida de morte.
3) Ação neurotóxica
Significa ação tóxica para o sistema nervoso. O veneno de algumas
serpentes peçonhentas (Cascavel e Coral Verdadeira) contém neurotoxinas que atacam
o sistema nervoso. Para alguns autores essa ação ocorreria ao nível do sistema central,
enquanto para outros, tal aconteceria no sistema nervoso periférico. De qualquer
maneira, as alterações que provocam mais comumente são as seguintes:
- Queda da pálpebras superiores (ptose palpebral);
- Perturbações da visão;
- Obnubilação, topor, sensação de adormecimento ou formigamento na
região atingida.
4) Ação hemolítica
Literalmente, significa destruição de glóbulos vermelhos do sangue. O
veneno que tem essa ação, como os da Cascavel, provoca alterações importantes dos
rins, podendo causar a morte por insuficiência renal aguda. Na prática, essa ação é
evidenciada pela eliminação de meta-hemoglobina (elemento do sangue) através da urina
que se apresenta com cor de coca-cola ou de vinho tinto.
5) Outras Ações
Além das já citadas, o veneno das serpentes peçonhentas tem outras
ações que, embora de importância secundária, devem ser conhecidas. Entre elas citam-se
as seguintes:
a) Ação difusora - propriedade de aumentar a permeabilidade dos
tecidos, o que favorece a difusão do veneno na área da picada.
b) Ação hipotensora - propriedade de causar queda da pressão
sanguínea , pela ação da histamina e de outros elementos liberados pelos tecidos

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lesados.

j. Cobras Venenosas e não Venenosas


1) Diferenciação
São inúmeras as diferenciações, porém, há exceções. As corais fogem em
quase tudo e estes caracteres diferenciadores. Há ofídios peçonhentos rápidos, como os
arborícolas, enquanto há não peçonhentos (boídeos) com fossetas labiais confundidas por
leigos com fossetas loreais. Há vários ofídios não peçonhentos agressivos, que não
fogem se perseguidos. O meio mais eficaz de diferenciar os ofídios peçonhentos dos não
peçonhentos é examinando sua dentição. Cuidado, porém, com essa manipulação do
ofídio, mesmo se já estiver morto.
Fosseta loreal presente sempre indica a serpente peçonhenta. O elemento
fundamental é a presença ou não da fosseta loreal ou lacrimal. Essa fosseta é
representada por um orifício de cada lado da cabeça, situado entre os olhos e a narina
de todas as serpentes peçonhentas do Brasil, com exceção da Coral Verdadeira.
2) Quadro comparativo.

l. Agressividade, Bote e Picada


As serpentes peçonhentas, em geral, não são agressivas, picando apenas
quando molestadas, uma atitude mais de defesa do que de ataque. Algumas, no entanto,
mostram-se mais violentas, como a Surucucu. A Cascavel é por sua vez, um animal
pouco agressivo, que, inclusive, anuncia a sua presença com o ruído típico de seu
chocalho. A Coral Verdadeira também é relativamente dócil, procurando fugir quando
perseguida ou molestada.
Antes de abordarmos o mecanismo do “bote” é interessante notar que as
serpentes se movimentam graças à contração dos músculos que se inserem nas
vértebras e nas costelas e da estrutura muscular vertebral. Esses músculos são
vigorosos e bem desenvolvidos, de modo que a serpente pode rapidamente enrodilhar-
se ou contrair-se sob a forma de um “S”. A distensão a partir de uma dessas posições
constitui o “bote” contra a vítima.
A direção do bote, à noite, é praticamente orientada apenas pela captação da
temperatura do animal estranho através do sistema termo-receptor da fosseta loreal. Isso

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significa que a serpente sente a aproximação do outro animal, como do próprio homem,
principalmente pelas captações térmicas da fosseta loreal e, assim dirigida, desfere seus
botes.
Em termos de alcance, considera-se que o bote é proporcional ao
comprimento da serpente. Alcança, em média, um terço desse comprimento, mas pode
chegar a 4/5 como ocorre com a Surucu. Por isso, a altura máxima das picadas
geralmente não ultrapassam os 30 cm, pois a maioria das serpentes apresenta até 1
metro de comprimento, embora possam alcançar maiores dimensões. Em vista desse
detalhe, torna-se fácil compreender que o simples uso de botas até os joelhos é
suficiente para prevenir a maior parte dos acidentes ofídicos. Aliás, não se deve
esquecer ainda que as serpentes podem picar sem dar bote, como acontece quando
estão nadando.
A picada é também outro detalhe importante a ser considerado.
Teoricamente, deveria ser representada por dois orifícios paralelos no local atingido. A
prática mostra, porém, que esse ferimento pode se apresentar com outros aspectos, como
um simples arranhão ou como um ponto hemorrágico isolado. Por isso, deve-se tomar
muito cuidado ao examinar um indivíduo com suspeita de picada de cobra . Convém
assinalar, inclusive que as serpentes do grupo das solenóglifas (Cascavel, Jararaca, Urutu,
Surucucu, etc) não mordem, mas apenas batem com a boca aberta, introduzindo suas
presas como se fossem duas agulhas de injeção. Isso é possível porque suas presas estão
implantadas no maxilar superior; as do grupo das proteróglifas (Coral Verdadeira) tem o
maxilar superior com um sistema articular diferente, sendo obrigadas a morder para
inocular seu veneno.

m. Manuseio de Ofídios
Os ofídios podem ser
capturados através de gancho, laço,
forquilha e a mão, sendo que este
último caso, necessita-se de duas
pessoas. Enquanto uma irá ficar a
frente do ofício para chamar a
atenção, a outra irá capturá-lo por trás,
segurando a cabeça do ofídio bem
próximo à boca, com os dedos
indicador e polegar, conforme a (figura
05).

n. Ofídios Não
Peçonhentos
São áglifas ou
opistóglifas que não possuem fosseta
loreal, têm movimentos rápidos,
geralmente fogem quando perseguidas e são ovíparos. Normalmente são de hábitos
diurnos. Os brasileiros são da família Boidae e Colubridae.
1) Família Boidae
a) Compreende vários gêneros com inúmeras variedades, onde as
dimensões variam de 50cm até 5 metros. Não são peçonhentos mas seu bote é rápido e já
preparado para enrodilhar e constringir a vítima.
b) Espécie Eunectes murinus - As serpentes desta espécie (Sucuri)
apresentam as seguintes características:
- Manchas arredondadas, nítidas, em duas fileiras sobre a coluna

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vertebral;
- Vida semi-aquática;
- Procuram suas vítimas às margens dos cursos d’água;
- Bote rapidíssimo;
- Musculatura poderosa;
- Atingem, comumente, 6 metros de comprimento.
c) Espécie Eunectes notaeus - Sucuri do Pantanal (MT). Apresenta
manchas maiores e em maior numero.
d) Espécie Boa constrictor - A Jibóia pode atingir mais de 4 metros de
comprimento. Quando irritada, emite prolongado silvo. Possui musculatura poderosa.
Seu habitat pode ser arborícola, terrestre
ou aquático.
2) Família Colubridae
a) Espécie Philodrias patagonensis - A esta espécie pertence a cobra-cipó.
É ofiófaga, devorando, principalmente as corais. Arborícola, fina e esverdeada, não atinge
mais de 1,5 m.
b) Espécie Coralus canina - Cobra-papagaio que tem vivenda arborícola,
muito encontrada na Amazônia onde é tida como peçonhenta pelos nativos, apesar de
não ser. A Jararaca Verde, peçonhenta, é também, chamada de Cobra-Papagaio.
c) Espécie Spilotes pullatus - Caninana. É também arborícola e, quando
irritada, ataca, embora sem riscos para quem a provoca. É escura por cima, com
manchas amareladas e ventre também amarelo com faixas pretas transversais.
d)Dentre as opistóglifas convém destacar também o gênero Cloelia. Como
exemplo temos a Muçurana, cujo alimento habitual consta de outras serpentes (ofiófaga),
mesmo de espécies venenosas o que lhe dá uma certa importância na profilaxia contra o
ofidismo, devendo ser de conhecimento de todos, a fim de que, poupando-a, ajudemos a
natureza no combate aos tanatofídios. Ela é sensível somente ao gênero Micrurus
(Coral). Suportam um jejum muito prolongado, até de vários meses. São ovíparas,
tendo cor uniformemente escura ou plúmbea em cima
e branca ou preto e branco em baixo, embora,
quando nova tenha uma cor avermelhada nos lados. o.
Identificação das Cobras Venenosas e sua Distribuição
no Território Brasileiro No mundo existem,
aproximadamente 2.500 espécies de cobras
(serpentes). Destas, 250 são conhecidas no Brasil, das
quais 70 são consideradas peçonhentas e
pertencentes a dois grupos e quatro gêneros.
O primeiro grupo constituído pelos
Crotalíneos apresenta as seguintes características:
1) Fosseta Loreal, ou seja, um buraco
entre os olhos e a narina em cada lado da cabeça, que
serve para a cobra perceber modificações de
temperatura a sua frente. Por isso elas podem se
movimentar e caçar a noite, mesmo sem a visão
normal. É chamada, também de cobra-de-quatro-ventas
(figura 06).
2) Cabeça triangular recoberta com
escamas pequenas (figura 07)
3) Dentes inoculadores de veneno, grandes,
ponteagudos, móveis e ocos, lembrando agulhas de
injeção, situados na frente da boca (figura 08). Quando
a cobra está em repouso, estes dentes permanecem

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deitados recobertos por membranas, dando aparência
de estar sem dentes. (figura 08)
4) Parte superior do corpo recoberta
por escamas sem brilho, em forma de quilha (figura
09), isto é, como bico de barco ou casca de arroz.
5) Caudas diferenciadas para cada
gênero que constitui este grupo, ou seja, cauda lisa
(figura 10), cauda com guizo ou chocalho (figura 11) e
cauda com escamas arrepiadas no final (figura 12).
6) Os crotalíneos se
subdividem em 3 gêneros: Botrópico,
Crotálico e Laquético.
a) Gênero Botrópico
(Bothrops):
As jararacas são
também denominadas Caiçaca, Jararacuçu,
Cotiara, Cruzeira, Urutu, Jararaca-do-rabo-
branco, surucucurana.
Essas cobras possuem a
cauda lisa. O gênero Botrópico é composto
por mais de 30 variedades de cobras que
apresentam cores e desenhos diferentes pelo corpo, indo do verde ao negro. São
variados, também, os hábitos, podendo ser encontradas em árvores (cobra-papagaio),
enterradas, entocadas, à beira dos rios ou dentro d’água. Apresentam tamanhos que
variam, na vida adulta, de 40 centímetros a 2 metros de comprimento. Essas cobras
estão distribuídas em todo o território nacional e são responsáveis
por 88% dos acidentes ofídicos (figuras de 13 a 20)

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b) Gênero Crotálico (Crolalus)


As Cascavéis, também
conhecidas como boicininga, maracabóia e
combóia, possuem guizo ou chocalho na ponta da
cauda. Essas cobras vivem em campos abertos,
regiões secas e pedregosas. Cerrados e pastos são
lugares de sua preferência. Com exceção da
Floresta Amazônica, Mata Atlântica e regiões
litorâneas, as cascavéis são encontradas no
restante do país. Entretanto, é preciso ter cuidado,
pois já foram encontradas cascavéis nos campos
da Amazônia. O seu tamanho pode chegar a 1,6
metros de comprimento. Essas cobras são
responsáveis pela segunda maior porcentagem
(8%) de acidentes ofídicos no país. (figura 21)

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c) Gênero Laquético (Lachesis)
As Surucucus, também
conhecidas por pico-de- jaca, surucutinga, surucucu-
pico-de-jaca, surucucu-de-fogo, são as maiores
serpentes peçonhentas da América do Sul. Na vida
adulta seu comprimento pode chegar a 4,5 metros.
Ao contrário da maioria dos Botrópicos e Crotálicos,
seu bote chega a mais de um terço do comprimento
de seu corpo. As Surucucus podem ser encontradas na Floresta Amazônica e Mata
Atlântica. O número de acidentes provocados por elas chega a quase 3%. O
conhecimento a respeito dessas cobras e de sua distribuição geográfica são limitados
(figura 22).

d) O segundo grupo constituído


pelos Elapíneos - corais verdadeiras - é identificado
pelas seguintes características:
- Não apresenta fosseta
loreal;
- Cabeça arredondada
recoberta com escamas grandes, placas. (figura 23)
- Dentes inoculadores de veneno pequenos e fixos situados no
maxilar superior, na frente da boca (figura 24).
- Quando em perigo,
algumas achatam a parte posterior do corpo,
levantam e enrolam a cauda, como rabo de porco,
dando impressão que se trata da cabeça;
- Corpo recoberto na parte
superior por escamas lisas e brilhantes, com anéis pretos, vermelhos e brancos (figuras
25 a 29).
No entanto, existem na Amazônia algumas corais verdadeiras
que não possuem anéis e têm a cor marrom escura ou preta, às vezes com manchas
avermelhadas na barriga.
Este gênero é constituído apenas pelo gênero Micrurus, que é
formado pela Corais Verdadeiras, também denominadas coral e boicorá.
As corais vivem, geralmente, em buracos e sombras de árvores.
Preferem caçar à noite, descansam e escondem-se durante o dia. São encontradas em
todo o território brasileiro. Entretanto, é bom lembrar que todas as cobras gostam de
lugares quentes, úmidos e escuros. Os acidentes com as corais são inferiores a 1%.

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p. Como Reconhecer as Cobras Venenosas
O reconhecimento das cobras venenosa segundo o gênero a que
pertencem, pode tornar-se mais simples para a população utilizando-se o esquema
abaixo.
Pergunta 1 - A cobra tem anéis coloridos - vermelhos, preto (cinza) e
branco (amarelo) - em qualquer combinação de cores?
Obs: Na Amazônia, algumas corais venenosas não têm anéis e são
marros ou pretas.
Respostas:
a) Sim - Conclusão: pode ser uma coral verdadeira e deve ser
considerada como venenosa. Não precisa perguntar mais.
b) Não - Conclusão: Pode ser outra cobra venenosa. Prosseguir
indagando.

Pergunta 2 - Tem fosseta loreal?


Respostas:
a)Não - Conclusão: Não é venenosa. Não precisa perguntar mais.
b)Sim - Conclusão: É venenosa. Falta averiguar a que gênero ela
pertence. Fazer pergunta 3.

Pergunta 3: Tem chocalho na ponta da cauda, além de ter fosseta?


Respostas:
a)Sim - Conclusão: É cascavel. Não precisa perguntar mais.
b)Não - Conclusão: É outro gênero de cobra venenosa.

Pergunta 4: Tem rabo com escamas arrepiadas e ponta de osso, além da


fosseta?
Respostas:
a) Sim - Conclusão - É surucucu-pico-de-jaca. Não precisa perguntar
mais.
b)Não - Conclusão - só pode ser Jararaca, pois ela é a única cobra
venenosa que tem fosseta loreal e rabo sem detalhes importantes, ou seja, ela não tem
chocalho nem escamas arrepiadas no final do rabo.

q. Como Prevenir Acidentes com Cobras


A grande maioria das cobras vive no chão. A sua temperatura varia de
acordo com ambiente em que ela está. Assim, todas as cobras protegem-se da perda de
calor e umidade em buracos de tatu, cupinzeiros, camadas de folhas secas, vãos de
pedras, ocos de tronco, sombreado das árvores.
A maior parte das cobras alimentam-se de roedores como ratos,
camundongos, mocós, preás, etc.
O uso do solo e dos espaços pelo homem com plantações, criações, e
moradias, contribui para aumentar a alimentação e reprodução dos roedores, atraindo as
cobras para esses locais.
Não se deve matar indiscriminadamente as cobras simplesmente por
estarem vivas. Elas são animais que mantêm o equilíbrio natural no meio ambiente,
alimentando-se de roedores, que são atraídos pelas culturas e pelo lixo que o homem
introduz nas regiões rurais e urbanas.
Além disso, os animais silvestres estão protegidos por leis específicas do
IBDF (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal).
Muitos acidentes podem ser evitados quando se conhece os hábitos das cobras e se

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adota cuidados básicos, tais como:
1) O uso de botas de cano alto ou de perneiras de couro com botinas,
pode evitar até 80% dos acidentes, porque as cobras, em sua maioria, dão botes de
até 1/3 do tamanho de seu corpo. A única exceção é a surucucu, cujo bote ultrapassa
essa medida.
2) O uso de botinas pode evitar 60% dos acidentes.
3) O uso de sapatos comuns pode evitar até 50% dos acidentes.
4) O uso de um graveto ou pedaço de pau para remexer em buracos,
folhas secas, vãos de pedras, ocos de troncos e nas caminhadas pelos campos ajuda a
evitar acidentes. Nunca se deve usar as mãos para apanhar objetos ou pequenos
animais nesses locais.
5) O uso de luvas longas, de roupas de couro, de calças compridas e camisa
de mangas longas protege contra picadas de cobra;
Medidas Preventivas
Para evitar os acidentes ofídicos são recomendadas as seguintes
precauções:
- Não andar descalço. O uso do coturno pode evitar grande número
de acidentes (72% dos acidentes são no pé, parte inferior da perna, segundo
estatísticas do Hospital Vital Brasil, do Instituto Butatã).
- Em campanha, verificar o interior do coturno e uniforme antes de vesti-
los.
- Evitar o manuseio de ofídios vivos ou mortos. Os peçonhentos,
mesmo quando mortos, podem causar acidentes se, por descuido, alguém se ferir com
suas presas, que poderão ter veneno.
- Quando na atuação em campo ou selva, ter sempre em lugar de
fácil acesso, agulha, seringas e soro
em quantidade suficiente (no mínimo
10 ampolas de soro antiofídico
polivalente).
- Navegar em
áreas de selva ou campo sempre em
equipe de no mínimo três homens.
- Proteger a
abertura do cano do coturno com a
meia (figura 30)
- Nas colheitas de
arroz, café, milho, feijão, frutas e
nas hortas é preciso verificar onde se vai colocar as mãos.
- Antes de penetrar nas matas, é necessário parar um pouco, deixar a
visão acostumar à penumbra do local, possibilitando, assim, enxergar melhor as cobras
que podem estar ali.
- A limpeza das áreas ao redor da casa, paiol ou plantações eliminando
montes de entulho, acúmulo de lixo, folhagens altas e fechadas, alimentos espalhados no
ambiente evita a aproximação de ratos. Rato atrai cobras.
- Os buracos de portas, janelas e muros devem ser tapados. Nas
soleiras das portas é necessário colocar uma tábua para vedá-las.
- Capturar cobras exige treinamento e autorização legal.
Além deste cuidados, outros ainda precisam ser tomandos em situações
de acampamentos piqueniques, pescarias e caçadas:
- As portas dos carros devem ser mantidas fechadas;
- Antes de se instalar, inspecionar bem o local, evitando acampar junto a plantações,

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pastos ou matos sujos. Não encostar em barranco antes de examiná-lo com cuidado. É
importante, ainda, estar atento às mudanças de hábitos dos animais, em épocas de
chuvas com inundações ou por ocasião de desmatamentos e queimadas. Nesses
períodos, tanto as cobras, como outros animais, fogem para lugares mais seguros e,
podem buscar proteção em casas, paióis, celeiros.
Nessas ocasiões as pessoas devem redobrar os cuidados, pois está
ocorrendo um desequilíbrio biológico
na região.
É preciso saber também, que os acidentes com cobras podem acontecer
dentro d’agua. A água não elimina a potência do veneno, não sendo verdadeiro, portanto,
o fato de se dizer que a cobra deixa o seu veneno em uma folha fora d’agua. Por isso,
antes de entrar ou tomar banho em rios ou lagoas, é preciso observar primeiro o local e o
lugar em que pisa.
Quando os acidentes com cobras forem muito freqüentes de uma hora
para outra, deve estar ocorrendo um desequilíbrio ecológico. Portanto, deve-se discutir o
assunto com a comunidade e buscar ajuda do coordenador de ofidismo do Estado ou
Território.

r. Medidas a Serem Tomadas em Caso de Acidentes


Muitas vezes, mesmo adotando os cuidados de prevenção, podem ocorrer
acidentes com cobras. Como medida de primeiros socorros, até que se chegue ao
serviço de saúde para tratamento, recomenda-se:
1) Não se deve amarrar ou fazer torniquete. O garrote impede a circulação do
sangue, podendo produzir necrose ou gangrena. O sangue deve circular normalmente.
Também não se deve colocar na picada, folhas, pó de café, terra, fezes pois podem
provocar infecção.
2) Não se deve cortar o local da picada. Alguns venenos podem provocar
hemorragias. Os cortes feitos no local da picada com canivetes ou outros objetos não
desinfetados, favorecem as hemorragias e infecções.
3) Deve-se evitar dar ao acidentado para beber querosene, álcool, urina e
fumo, pois além de não ajudar, pode causar intoxicação.
4) Manter o acidentado deitado em repouso, evitando que ele ande, corra ou
se locomova pelos seus próprios meios. A locomoção facilita a absorção do veneno e, em
caso de acidente com as jararacas, caiçacas, jararacuçu, etc, os ferimentos se agravam.
No caso da picada ser em pernas ou braços, é importante mantê-los em posição mais
elevada.
5) Levar o acidentado imediatamente para centros de tratamento ou serviço
de saúde mais próximo para tomar o soro próprio.
6) Somente o soro cura picada de cobra quando aplicado convenientemente,
de acordo com os seguintes itens:
- soro específico;
- dentro do menor tempo possível; e
- em quantidade suficiente.
7) Toda pessoa que corre risco de acidentes com cobra venenosa tem o
direito de conhecer a localização de órgãos públicos que dispõem de soro antiofídico.
OBSERVAÇÃO

TRATAMENTO DE URGÊNCIA
Há casos em que a remoção de vítimas de animais peçonhentos não pode ser feita em
tempo hábil para que se proceda ao tratamento padrão com soro, citado anteriormente e

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indicado pelos órgãos de saúde responsáveis.
O soro antiofídico que exige cuidados especiais de transporte (Gelo) que se
não forem obedecidos podem torná-lo imprestável, além do mesmo não ser encontrado
com tanta facilidade em algumas regiões, pois sua produção e distribuição são limitadas.
Tal fato pode exigir um tratamento de urgência.
Há ainda casos em que a remoção da vítima pode levar desde algumas
horas até dias ou semanas, principalmente na região amazônica ou em ambiente de
montanha.
O tratamento abaixo apresentado, e que foi adotado por muitos anos, pode
e deve ser praticado quando se configurar um dos quadros acima mencionados, apesar
do Instituto Butantã não mais considerá-lo:
1. Trazer, se possível, o animal causador do acidente para a sua
identificação, de modo a facilitar o tratamento específico. Pelo exame do animal, pode-
se reconhecer pelo menos a que gênero pertence e, assim, administrar o soro
especificamente indicado para o caso.
2. Quando o atendimento for feito nos primeiros 30 minutos do acidente,
deve-se extrair o máximo do veneno inoculado, fazendo sangrar o local de picada. Para
isso, são indicadas as manobras seguintes:
a. Com qualquer objeto que perfure (alfinetes, agulhas ou mesmo um
espinho), fazer perfurações de pequena profundidade em volta do local da picada.
b. Provocar o sangramento tanto dos orifícios da picada como das
perfurações feitas ao seu redor, fazendo pressão ou espremendo a área interessada.
c. Para auxiliar na eliminação do veneno, pode-se também fazer
sucção com a boca, repetidas vezes. Tal atitude não apresenta maiores riscos, pois a
mucosa da boca íntegra não absorve o veneno. Entretanto, essa espécie de proteção
desaparece quando o indivíduo que vai fazer a sucção tem alguma lesão bucal, como
úlcera ou afta, por exemplo.
*Nota -Para facilitar e tornar essas manobras mais eficientes, pode-se
colocar um “garrote” pouco acima da picada, quando localizarem em algum membro. Ele
não deve ser muito apertado, retendo apenas a circulação venenosa de retorno. Quando
aparecer inchação ou vermelhidão nessa área, deve-se afrouxar ou retirar o garrote, pois
significa que a circulação arterial também estava sendo retirada. IMPORTANTE: - feito o
sangramento, o garrote deve ser retirado imediatamente. O garrote deve ser afrouxado
a cada 15 minutos.
3. Depois dessas medidas, o acidentado deve ser removido
URGENTEMENTE para o local mais próximo que disponha de recursos para fazer o
tratamento pelo soro (hospital, Casa de Saúde, etc ).
4. Durante todas essas fases, o acidentado deve ser tranqüilizado e
mantido em repouso. Além disso, não deve locomover-se pelos próprios meios,
especialmente quando picado no membro inferior (perna, por exemplo).

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s.Características de Envenenamento Ofídico - Sintomatologia


O veneno injetado nas pessoas pelas cobras peçonhentas, ao ser absorvido
pelo organismo provoca reações. Essas reações são diferenciadas de acordo com o tipo
da cobra que picar.
A ação dos diversos venenos e suas manifestações em acidentes com os
quatro gêneros de cobras têm características tão especiais que, ao serem observadas,
ajudam a saber qual o tipo de cobra que provocou o acidente e qual o tratamento
adequado, ou seja, facilita o diagnóstico e a aplicação do soro adequado, salvando
vidas.
Desta maneira, é de fundamental importância que toda equipe de saúde
saiba reconhecer os sinais que são descritos a seguir:
1) Envenenamento Botrópico - Jararacas
As Jararacas - caiçaca, jararacuçu, urutu, jararaca-do-rabo-branco,
cruzeira, cotiara, surucucurana - cujo veneno provoca hemorragia, são responsáveis por
quase noventa por cento dos acidentes, podendo levar à morte.
A ação do seu veneno no organismo apresenta as seguintes manifestações
locais:
a) Precoce, ou seja, até 3 horas após o acidente:
- dor imediata;
- inchaço (edema);
- calor e rubor no local picado; e
- hemorragia no local da picada ou distante dele. b) As complicações
que podem surgir:
- bolhas;
- gangrena;
- abcesso; e
- insuficiência renal aguda.
2) Envenenamento Laquético - Surucucus
Os acidentes com as surucucus, também chamadas pico-de-jaca,
surucutinga, são muito raros no Brasil.
O seu veneno no organismo do acidentado provoca reações
semelhantes ao veneno das jararacas:
- inchaço;
- diarréia; e
- hemorragia.
3) Envenenamento Crotálico - Cascavéis
A cascavel é responsável por oito por cento dos acidentes ofídicos. Seu veneno não

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provoca reação importante no local da picada. Quando esta aparece, limita-se a um
pequeno e discreto inchaço ao redor do ferimento, que pode passar despercebido. Mas,
o veneno das cascavéis é de muita potência, sendo os acidentes por essas cobras muito
graves, levando à morte caso não sejam tomadas providências.
São estes alguns sinais e sintomas de envenenamento:
a) Precoce, até 3 horas após o acidente:
- dificuldade de abrir os olhos
- visão “dupla”;
- ”cara de bêbado”;
- visão turva;
- dor muscular; e
- urina avermelhada. b) Após 6 a 12 horas:
- escurecimento da urina;
c) Complicações:
- insuficiência renal aguda
4) Envenenamento Elapídico - Corais
Os acidentes com corais são pouco freqüentes; menos de um por cento
do total de acidentes no Brasil. Mas a ação do veneno das corais no organismo é muito
rápida, de grande potência e mortal se não for cuidado a tempo. Por isso, os sintomas e
sinais aparecem em questão de minutos.
São estes os principais sinais e sintomas:
- dificuldade em abrir os olhos;
- ”cara de bêbado”;
- falta de ar;
- dificuldade de engolir; e
- insuficiência respiratória aguda.

t O que é o Soro e Onde Encontrá-lo


Os soros são substâncias contra veneno, eficazes como tratamento em
casos de picada de cobras. Existem soros específicos para cada gênero de cobras. Estes
são:
1) Antibotrópico - usado em casos de envenenamento por Jararacas (Gênero
Bothrops);
2) Anticrotálico - usado em casos de envenenamento por cascavéis (Gênero
Crotalus);
3) Antilaquético - usado em casos de envenenamento por surucucu (Gênero
Lachesis);
4) Antielapídicos - usado em casos de envenenamento por corais (Gênero
Micrurus) do grupo
Elapíneos;
5) Antibotrópico/Crotálico - (antigo antiofídico), forma associada - para os
casos de picadas por jararacas ou cascavéis;
6) Antibotrópico/Laquético - forma associada - para as picadas de jararacas e
surucucus.
Os soros são produzidos a partir da imunização do cavalo, injetando-se nele o
veneno específico da cobra, em períodos de dias alternados para que ele crie anticorpos. Ao
final de mais ou menos 2 meses, faz-se a sangria do animal para verificar se ele criou
anticorpos, ou seja, substâncias que neutralizam o veneno.
Este processo é repetido novamente até que os níveis de anticorpos sejam
suficientes. Ao final do processo, após a preparação, o soro passa por testes químicos
e biológicos até ser considerado apto para o uso humano.

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Este processo dura em torno de seis meses.
Três laboratórios produzem o soro para uso humano, são eles:
- Instituto Butantã, ligado à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo;
- Fundação Ezequiel Dias, ligada à Secretaria de Saúde do Estado de Minas
Gerais; e o
- Instituto Vital Brasil, ligado à Secretaria de Saúde do Estado do Rio de
Janeiro.
A produção de soro desses laboratórios é comprada pelo Ministério da Saúde
é enviada às Secretarias de Saúde para aplicação gratuita.
Além das Secretárias de Saúde, somente os Serviços de Saúde das
Forças Armadas recebem o soro.
O soro é encontrado nos Postos de Saúde e em hospitais que foram
aprovados pelo Ministério da Saúde.
Garantir à população a aplicação do soro no território brasileiro é
responsabilidade das secretarias de Saúde de Estados e Territórios e dos Serviços de
Saúde das Forças Armadas.
É um direito do cidadão ser atendido com a aplicação do soro quando for
necessário. Até dezembro de 1987 foram entregues ampolas de soro em 1462 unidades de
saúde, principalmente de Secretarias de Saúde, para atendimento de pessoas picadas por
cobras venenosas.
Além disso, nas capitais de Estados e Territórios existe sempre um órgão
responsável pelas atividades ligadas a ofidismo. Eles são responsáveis pela distribuição do
soro às unidades de saúde, coordenam todas as ações de assistência médica às
pessoas picadas e fazem os estudos sobre os locais onde existem cobras e sobre o total
de acidentes que ocorrem.
Da mesma forma que existe o soro para uso em seres humanos, existe o soro
para uso em animais, casos eles sejam picados por cobras venenosas.
O soro para uso humano não deve ser aplicado em animais. Esse soro
ainda é escasso e só deve ser usado para salvar vidas humanas.
Existem no Brasil alguns laboratórios particulares que produzem soro para
uso em animais. Essa produção é controlada pelo Ministério da Agricultura. Informações
sobre o assunto podem ser conseguidas no endereço abaixo:
Divisão de Produtos Veterinários
Secretaria Nacional de Defesa Sanitária Animal
Ministério da Agricultura
Esplanada dos Ministérios, Bloco D
CEP 70.043 - BRASILIA -DF - Fone (061) 223-7073
A seguir segue-se a relação de órgãos responsáveis e respectivos
endereços em cada estado:

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u. Informações Complementares
Distribuição dos Acidentes Ofídicos No Brasil:
O Ministério da Saúde, apartir de junho de 1986, organizou Grupos de
Trabalho para definir e traçar as diretrizes para o controle das ações em ofidismo.
A implementação dessas ações juntos aos Estados possibilitou o
recolhimento de dados reais sobre os acidentes ofídicos.
Assim de junho de 1986 até dezembro de 1987, foram notificados os
seguintes acidentes, por tipo de cobra, adequadamente identificados:
1) Jararaca (Bothrops)..................16.041 .........88,1%
2) Cascavel (Crotalus)..................1.505 ............8,2%
3) Surucucu(Lachesis)....................531 ...............2,9%
4) Coral (Micrurus)..........................130 ...............0,7%
Dos 27.138 acidentes ofídicos
notificados, é importante destacar que 8.579 não
foram classificados quanto ao tipo de cobra por falta
de informações; 352 foram provocado por serpentes
não peçonhentas.
O aprofundamento dos estudos permitirá
o real conhecimento dos acidentes de acordo com
os gêneros de cobras envolvidas (figura 31)
A acumulação de dados acerca de
ofidismo, a melhoria da informação (notificação) dos
acidentes com cobras, contribuem para o
conhecimento mais detalhado sobre a prevenção do acidente e primeiros socorros
prestados ao acidentado. É importante afirmar que o número de mortes em 1987, por
picada de cobra, ainda foi de 181.

2. ARACNÍDEOS
a. Generalidades
São animais que se caracterizam por terem o corpo dividido em duas partes, o
cefalotórax e o abdômem, e por terem quatro pares de patas. Interessa-nos de perto
apenas algumas espécies de escorpiões e aranhas mais perigosas.

b. Escorpiões
Os escorpiões têm o abdômem segmentado e dispõem, no último desses
segmentos, de um ferrão que inocula o veneno na presa. Carnívoros, alimentam-se de
aranhas, baratas e de outros insetos, podendo passar até um ano sem comerem.
No Brasil, apenas o gênero TITYUS oferece perigo, com duas espécies:
TITYUS SERRULATUS, amarelo e com um par de serrilhas na cauda (causa do nome), o
maior responsável pelos casos letais, em geral crianças, velhos debilitados ou pessoas
doentes ou alérgicas; e o TITYUS BAHIENSIS, escuro ou mesmo preto, de veneno
menos ativo mas também, causando óbitos eventuais.
Ambos têm cerca de 7 cm, não são agressivos, vivendo sob troncos, pedras
e fendas, saindo à noite para caçar. O veneno do escorpião tem ação neurotóxica (age
sobre o sistema nervoso).
O acidente é considerado de média gravidade quando apresenta dor intensa
que se irradia para outras regiões do corpo, acompanhada de sudorese. É considerado
grave quando houver queda de temperatura, náuseas, vômito e aumento moderado da
pressão sanguínea. Antes de sobrevir a morte, a vítima entra em coma.
Os acidentes com escorpiões são freqüentes, embora eles sejam pouco
agressivos e de hábitos noturnos e adaptam-se bem em ambiente doméstico.

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Sua ferroada ocasiona sintomas de dor local imediata em 100% dos casos
e, como sintomas gerais,
sudorese, Vômitos,
agitação e manifestação
cardio-respiratórias. O
tratamento específico,
feito com soro
antiescorpiônico ou
antiaracnídeo
polivalente, somente é
utilizado quando o
acidentado apresentar
qualquer dos sintomas
gerais (figura 32).

c. Aranhas
Há cerca de 20.000 espécies de aranhas descritas, quase todas dispondo
de órgãos inoculadores de peçonha. Algumas, como as caranguejeiras vivem até 20 anos
em laboratórios, mas a maioria vive alguns meses. Carnívoras, devoram sobretudo
insetos.
A maioria das aranhas constroem teias de substâncias orgânicas
extremamente finas e resistentes. Algumas teias são até 80 vezes mais resistentes que
um fio de aço de mesma espessura. As aranhas não peçonhentas sempre constroem
teias regulares. As peçonhentas porém, constroem ou não teias irregulares.
São quatro as espécies mais perigosas encontradas no Brasil: As
ARMADEIRAS (phoneutria), as MARRONS (loxosceles), as TARÂNTULAS (lycosa) e as
CARANGUEJEIRAS.
1) Aranha Armadeira (figura 33)
Os acidentes são bastante freqüentes, pois esta aranha, muito agressiva,
possui hábitos vespertinos e noturnos. É encontrada em bananeiras e outras folhagens e
no interior de residências.
Medem cerca de 8 cm no total, sendo os machos maiores. O macho
tem ventre alaranjado e a fêmea negro. Têm 8 olhos. Se molestadas, erguem as patas
dianteiras e saltam até 30 cm sobre a vítima. Não constroem teias.
Sintomas: dor intensa no local da picada.
Tratamento específico: soro antiaracnídeo polivalente.
2) Aranha Marrom (figura 34)
Os acidentes com a aranha marrom não são freqüentes. Ela é pouco
agressiva e tem hábitos noturnos. Encontra-se em pilhas de tijolos, telhas, beira de
barrancos e também nas residências.
Constroem teias irregulares. De corpo marrom- esverdeado, têm longas
pernas e pequeno corpo (cerca de 1 cm).

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Sintomas: na hora da picada, dor pequena e despercebida; após 12 a 24
horas, dor local com inchaço, mal-estar geral, náuseas e, ás vezes, febre. Pode causar
necrose local. Caso grave: urina de cor escura.
Tratamento específico: soro antiaracnídeo polivalenteou antiloxoscélico.
3) Aranha Tarântula (aranha de grama) (figura 35)
Medindo
cerca de 5 cm (com as
pernas), têm sobre o
abdômem um desenho
em forma de ponta de
lança preta, mesma cor do
ventre. Se molestadas,
tentam fugir. Causa
acidentes freqüentes e
têm hábitos diurnos. É
encontrada em beira de
barrancos, gramados e
residências.
Sintomas:
Geralmente, sem
sintomas; pode haver dor
local, com possibilidade
de evoluir para
necrose.Tratamento
específico: nenhum.
4) Aranha
Caranguejeira (figura 36)
Embora pelo aspecto
infundam medo ou nojo,
são mansas, podendo-se
colocá-las na mão sem que piquem. Têm muito pouca peçonha apenas o suficiente para
matar quatro camundongos. As maiores chegam até 28 cm. Consideradas sem perigo
para o homem. Os pelos na parte posterior provocam urticárias. Algumas podem ser muito
agressivas, possuindo ferrões acentuados, responsáveis por ferroadas dolorosas.
Tratamento específico: nenhum.

d. Cuidados Gerais
- Examinar roupas e sapatos antes de usá-los, quando no campo; e
- Cuidado ao transportar pedras e troncos, sobretudo ao virá-los.

e. Soros
- Soro antiescorpiônico - para escorpiões;
- Soro antiloxoscélico - neutraliza o veneno da aranha MARROM;
- Soro antiaracnídio polivalente - neutraliza os venenos de escorpiões e das
aranhas marrom, armadeira e tarântulas.

3. RESUMO PRIMEIROS SOCORROS (OFÍDIOS E ARACNÍDEOS)


a. Primeiros socorros
1) Lembrar que na maioria dos acidentes com serpentes o paciente deve
ser medicado nas primeiras 3 horas após o acidente. O soro específico é o único
tratamento eficaz.

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2) Os soros antivenenos têm indicações precisas e seu emprego deve ser
feito, preferencialmente, por pessoa que tenha alguma informação sobre o seu uso. A
leitura da bula que acompanha o produto é indispensável.
3)O uso de torniquetes, garrotes e os cortes e perfurações no local da
picada NÃO SÃO ACONSELHÁVEIS: na maioria dos casos SÃO PREJUDICIAIS aos
acidentados.

b. Cuidados com o Soro Específico (variedade)


Os soros específicos devem ser mantidos à temperatura de 2 a 8 graus
centígrados e têm prazo de 2 a 3 anos de validade, conforme indicação na própria
embalagem, Obs: EVITAR O CONGELAMENTO. Se o soro estiver vencido, poderá ser
usado, desde que não apresente precipitado (turvação), injetando-se o dobro da dose
indicada na bula.

4. PRINCÍPIOS DA SOROTERAPIA
Para que o tratamento pelo soro ofereça melhores resultados, devem-se
observar os seguintes princípios:
a. Especificidade
Usar, sempre que possível, soro específico, para que haja neutralização
mais eficaz do veneno.

b. Presteza no Tratamento
Administrar o soro específico o mais rápido possível, de modo a impedir
quanto antes a ação do veneno. Nos casos mais graves, recomenda-se até mesmo a via
endovenenosa.

c. Suficiência da Dose
Aplicar quantidade suficiente de soro. Para tal, deve-se considerar que a
dose de soro precisar ser equivalente à quantidade de veneno inculado, sendo, portanto,
igual para adultos e crianças. Além disso, deve-se considerar apenas a capacidade
neutralizante do soro (expressa no rótulo das ampolas em miligramas - mg)e não o número
de ampolas. Assim, se é necessária uma dose capaz de neutralizar 150mg de veneno e
cada ampola contém substância que neutraliza somente 10 mg, serão exigidas 15
ampolas de soro. Esse cálculo é válido para soros específicos (Antibotrópico, Anticrotálico,
etc.) e também para o soro Antiofídico (Polivalente), pois variam apenas as concentrações
da substância neutralizante. Cada unidade é suficiente para neutralizar 1 mg de veneno.
Os soros utilizados nos acidentes de picadas por escorpiões e aranhas são indicados por
número de ampolas, segundo a gravidade do caso.

d. Dose Inicial Única


Deve-se administrar toda a dose de uma só vez, pois o veneno é
inoculado pela picada do animal peçonhento também de uma só vez. Nesse aspecto é
importante lembrar que os soros agem neutralizando quantitativamente as ações tóxicas
do veneno. Por isso, eles não curam, mas previnem as lesões que poderiam ser
causadas pela toxina do veneno. Significa, portanto que quanto mais demorar o
tratamento pelo soro, mais graves serão as consequências para o acidentado.

e. Reações Eventuais
A administração de qualquer um dos soros antivenenos é feita sem maiores
dificuldades. Em alguns casos, no entanto, podem ocorrer reações de hipersensibilidade
(alérgicas). Para evitar esse tipo de problema, recomenda-se fazer o “teste de

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sensibilidade” antes da aplicação do soro.
O teste é realizado através da intradermorreação (injeção intradérmica de
0,1 ml do soro, geralmente no antebraço) ou pela instilação de uma gota de soro na
conjuntiva ocular (branco dos olhos) do acidentado.
Se aparecer uma área de hiperemia intensa (vermelhidão) no local da
injeção intradérmica ou a conjuntiva ocular mostrar-se muito hipermiada (vermelha,
irritada), deve-se fazer a dessensibilização do acidentado. Para isso, injeta-se por via
subcutânea, 0,5 ml de soro de 15 em 15 minutos e, após uma hora, injeta-se a dose
total. De qualquer maneira é sempre útil administrar um anti-histamínico (antialérgico),
por via intramuscular, antes da aplicação do soro (uma ampola de Fenergan).
Com os constantes progressos das técnicas de purificação dos soros, esse
problemas de sensibilidade são cada vez mais raros. Desse modo, nunca se deve atrasar
ou deixar de fazer o tratamento com o soro pelo receio de uma reação de
hipersensibilidade ou pela falta de um anti- histamínico.
Em alguns casos, depois de 4 a 10 dias de soroterapia, pode ocorrer a
chamada “doença do soro” que se manifesta por febre, urticária e de dores nas
articulações. É controlada facilmente com a administração de anti-histamínico.

f. Dose dos Soros


As diferentes doses dos soros são indicadas de acordo com a gravidade de
cada caso.
1) Acidentes ofídicos
Quando o atendimento é feito logo após o acidente e se dispõe do soro
adequado, mesmo antes do aparecimento dos sintomas, deve-se administrar uma dose
eficiente para neutralizar 100 mg de veneno, por via subcutânea. (10 ampolas).
Se o atendimento é feito depois do aparecimento dos primeiros sintomas,
as doses de soro variam segundo a gravidade do caso. São as seguintes:
a) Casos Benignos - Nos acidentes botrópicos (Jararaca, Urutu, etc) os
casos benignos se limitam a discretas reações locais, com dor e pequena inchação.
Nesses casos, deve-se injetar dose de soro suficiente para neutralizar 50 mg de veneno,
por via subcutânea. (05 ampolas).
b) Casos Graves - Os acidentes botrópicos graves provocam reações
locais mais intensas, inclusive, com aparecimento de bolhas, o sangue torna-se
incoagulável. Todos os acidentes por Cascavel e Coral Verdadeira devem ser
considerados graves, pois o veneno dessas serpentes é sempre uma ameaça para a vida
do acidentado. Nesses casos, deve-se injetar dose de soro suficiente para neutralizar 100
mg de veneno, sendo 50 mg por via subcutânea de 50 mg por via endovenosa.
c) Quando os sintomas indicam maior gravidade, essas doses podem ser
aumentadas, alcançando até 200 unidades por via endovenenosa. Aliás, nessas
situações de verdadeira emergência, deve-se dar preferência à via endovenenosa. Em
qualquer das situações evitamos de retirar a agulha durante a aplicação do soro, trocamos
somente a seringa.
2) Acidentes por Escorpiões
Os casos de picada por escorpião são tratados pela administração de
soro Antiaracnídeo Polivalente ou Antiescorpiônico (suas doses se equivalem). Nos
casos benignos, com dor intensa, m a s confortável, pode-se dispensar a aplicação do
soro, bastando usar analgésicos ou outros recursos capazes de combater as
manifestações dolorosas. A imersão em água quente pode ser útil em tais situações.
Os casos mais graves, com dor muito intensa e repercussões gerais significativas, deve-
se injetar no mínimo 4 ampolas de soro, por via subcutânea. Em situações mais severas,
especialmente em crianças de baixa idade, pode ser necessária uma dose maior,

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inclusive por via endovenosa.
3) Acidentes por Aranhas
Nos casos benignos, em que ocorre apenas reação local, com dor
controlável, não há necessidade de soro, bastando usar sintomáticos (analgésicos, etc.)
Os acidentes mais graves exigem a aplicação do soro, de acordo com o gênero e que
pertence a aranha causadora do acidente.
a) Gênero Phoneuria (Aranha Armadeira) - Quando há muito sofrimento,
com dor intensa e reações gerais evidentes, deve-se injetar de 2 a 4 ampolas de soro
Antiaracnídeo Polivalente, por via subcutânea. Nas situações críticas, particularmente em
criança, essa dose pode ser aumentada e deve ser administrada por via endovenosa.
b) Gênero Loxosceles (Aranha Marrom) - Nos casos graves deve-se injetar
de 5 a 10 ampolas de soro Antiloxoscélico ou Antiaracnídeo Polivalente, por via subcutânea.
c) Gênero Lycosa (Aranha de Grama, Tarântula) - Não existe soroterapia
específica , devendo-se usar apenas sintomáticos, quando necessário.
d) Gênero Latrodectus (Viúva Negra) - No Brasil, não se fabrica soro
específico contra o veneno dessa espécie de aranha. Em casos de acidente, deve-se seguir
a mesma orientação indicada por aranhas do gênero Phoneutria. Observações:
- As doses para crianças são iguais às indicadas para adultos, uma vez
que a quantidade de veneno inoculado pelo animal peçonhento é teoricamente
constante, independendo do peso ou da idade da vítima.
- As injeções por via subcutânea podem ser feitas sob a pele da face
anterior ou lateral das coxas ou, eventualmente, na parede anterior do abdômem.

g. Tratamento Complementar
Em todos os casos de acidente com serpente, escorpião ou aranha, é
sempre útil a administração de anti-histamínico (antialérgico) que além de combater
possível reação ao soro, auxilia na sedação do paciente. Inicialmente deve ser
administrado por via intramuscular e depois por via oral.
Alimentação líquida e açucarada, bem como bebidas estimulantes (chá e
café) são igualmente úteis e devem ser dadas com frequência.

h. Acidente por Animal Desconhecido


Quando não foi possível identificar de imediato o animal causador do
acidente, deve-se manter o acidentado em repouso e sob observação por uma hora
aproximadamente. Se o animal era peçonhento, os sintomas irão aparecer no decorrer
desse período, permitindo a identificação clínica do tipo de envenenamento. Se não
aparecerem sintomas, significa que o animal não era peçonhento ou era mas não
inoculou quantidade suficiente de veneno para produzir sintomatologia, sendo portanto,
caso benigno.
A soro terapia somente deve ser indicada depois da identificação do
animal causador do acidente ou pelo menos do gênero a que pertence.

i. Evolução / Prognóstico
A evolução dos acidentados com animais peçonhentos é influenciada por
muitos fatores.
Nos casos de serpentes, por exemplo, deve-se considerar em primeiro lugar
o gênero do animal. Se for do grupo botrópico (Urutu, Jararaca, etc), a possibilidade de
morte é muito pequena, não alcançado os 10% dos acidentados, mesmo sem
tratamento. Entretanto, as picadas por Cascavel ou Coral Verdadeira são sempre graves,
provocando a morte da maioria dos casos não tratados.
O tempo decorrido entre o acidente e o início do tratamento pelo soro é

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fundamental. Quanto menor for esse espaço de tempo também menores serão as
possibilidades de complicações e vice-versa. Por isso, logo depois de executadas as
medidas de emergência, deve-se transportar imediatamente o acidentado para local onde
possa receber a soroterapia específica. Realizado dentro das duas primeiras horas do
acidente, o tratamento pelo soro é capaz de resolver praticamente todos os problemas do
envenenamento.
A quantidade de peçonha é outro detalhe importante. Acredita-se, em geral
que as serpentes maiores ou mais velhas são as que têm capacidade para introduzir
grandes quantidades de veneno. Contudo, nem sempre isso acontece, pois há ofídios de
porte médio capazes de inocular maiores volumes de peçonha, causando acidentes
gravíssimos. É preciso considerar também se a picada foi bem dada, com inoculação
pelas duas presas, ou se ocorreu a interferência de outros elementos, como a roupa da
própria vítima. Além disso, pode acontecer da serpente ter picado outra vítima pouco
antes e assim suas bolsas conteriam menores quantidades de veneno.
No grupo botrópico, a Jararacuçu é a serpente que apresenta maior potência
de inoculação de veneno, causando acidentes quase sempre mais graves. A Surucucu,
embora também possa introduzir grandes volumes de veneno, aparentemente determina
acidentes menos graves.
As condições gerais da vítima são igualmente básicas, sendo os acidentes em
crianças considerados mais graves. Quando o acidentado é desnutrido ou já sofria de
algumas enfermidades debilitantes, o prognóstico também é pior.
Passada a fase aguda, em que os sintomas são mais evidentes, há
regressão de todas as manifestações, inclusive da chamada facies neurotóxica
(pálpebras caídas, etc) do envenenamento por Cascavel ou Coral Verdadeira. Nos
acidentes graves por serpentes do grupo botrópico (Jararaca, etc), podem resultar
destruições de tecido (necroses, feridas) na área da picada, que às vezes exigem
correção por cirurgia plástica reparadora.

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CAPÍTULO III
HIGIENE MILITAR

1. GENERALIDADES
A Higiene Militar tem em mira a aplicação de medidas sanitárias de natureza
prática, com o objetivo de preservar a saúde, prevenir e dominar as doenças no meio
militar.
A finalidade principal é manter o pessoal militar em condições de perfeita
aptidão física e mental, para combater.
O Serviço de Saúde é o organismo encarregado de investigar as condições
sanitárias dentro do Exército, de apresentar sugestões quanto à localização de quartéis,
purificação e abastecimento de água, processos para a eliminação de detritos,
prevenção de doenças e de todas as medidas que confiram a imunidade no pessoal
militar.
Além do Serviço de Saúde são responsáveis pela higiene:

a. Comandante da OM.

b. Engenharia.

c. Intendência.

2. DIVISÃO DA HIGIENE

3. PRINCÍPIO BÁSICOS
a. Os princípios em que se baseia a Higiene Militar são os mesmos da
Medicina Preventiva, embora na coletividade militar sejam as medidas higiênicas algo

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diferente das exigidas na vida civil.

b. O meio militar imprime transformações profundas na saúde dos soldados.


Os esforços físicos, as mudanças de ambiente, as variações climáticas, os hábitos de vida,
tudo influi desfavoravelmente no novo modo de vida.
c. A convivência de inúmeros jovens vindos de vários recantos do país, do
meio rural ou urbano, com renúncia de suas vontades, longe do convívio de seus
familiares, obrigações, subordinações, obediência absoluta, normas rígidas onde o
principal é o rendimento e o comportamento coletivo, condiciona, não raro, naqueles,
onde não existe a imunidade natural, a quebra de imunidade de grupo, fazendo surgir
epidemias. Aí é que intervém a Higiene Militar. A inexperiência do recruta e a
valorização do soldado treinado, sob o ponto de vista da resistência física, fixam a
Higiene Militar.
d. As investigações clínicas, os efeitos dos exercícios físicos, com ou sem
equipamentos, o clima, a alimentação, o vestuário, as peculiaridades de cada Arma ou
Serviço nos mostrarão o caminho a seguir para obter o melhor rendimento da tropa.

4. MEDIDAS NORMAIS DE HIGIENE


a. Higiene Individual
A higiene individual é a prática de normas sanitárias e de higiene pelo
próprio indivíduo, a fim de proteger sua saúde e a de seus semelhantes.
A higiene, atualmente, é considerada uma disciplina em formação e
evolução, de acordo com a doutrina reinante e a cultura de cada povo. É uma ciência
biológica, uma arte de biotécnica. É a ciência da humanidade e uma necessidade da
civilização e não da natureza. Como ciência biológica, congrega todas as ciências
médicas, econômicas, sociais e morais. É através dela, que se conserva a saúde,
preserva-se a vida e retarda-se a morte.

b. Asseio Corporal
1) Importância
Mesmo antes de saber como as doenças infecciosas se disseminavam, o
homem civilizado dava atenção ao asseio corporal, não só para satisfazer a seus próprios
desejos, como também para tornar mais agradável o convívio com seus semelhantes.
Agora, sabe-se que há razões sólidas de ordem médica, para manutenção do asseio
corporal. A sujeira, a imundície e os germes são inseparáveis. Manter o asseio corporal
e as roupas limpas são medidas simples e eficazes para se reduzir o número de germes
nocivos capazes de afetar o organismo.
2) Pele
O corpo deve ser lavado diariamente, da cabeça aos pés, com água e
sabão, dando-se especial atenção às dobras naturais do corpo (axilas e virilhas), face,
ouvido, mãos e pés. Quando houver algum ferimento ou infecção, este deverá ser
prontamente tratado.
3) Cabelo e Pêlos
Devem ser conservados limpos, penteados e aparados. Cada três ou
quatro dias, os cabelos deverão ser lavados com água e sabão. A barba deverá ser
raspada diariamente. O pente e os aparelhos de barbear serão de uso próprio, não
devendo ser emprestados à outras pessoas.
Os cabelos e os pêlos, podem ter elementos nocivos ao homem como por exemplo os
piolhos e os carrapatos, capazes de transmitirem doenças como tifo exantemático, a
febre das trincheiras e a febre recorrente, doenças graves para o Exército, pois poderão
ser disseminadas rapidamente quando os homens estiverem aglomerados e com poucas

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possibilidades de banho. Três espécies de piolhos podem infestar o homem, quais
sejam piolho comum ou muquirana de corpo (pediculus corporio), piolho de cabeça
(pediculus capitis), piolho caranguejeiro ou chato (phitirius pubis).
4) Mãos
As unhas devem estar bem aparadas e limpas. As mãos devem ser
lavadas com água e sabão após qualquer trabalho manual, necessidades fisiológicas e
antes de ser tocar os alimentos e talheres. Os hábitos de limpar o nariz com o dedo e
roer unhas contaminam as mãos e os objetos mais tarde tocados por estas. Estes hábitos
desagradáveis e anti-higiênicos devem ser combatidos. Tosse e espirros não devem ter o
anteparo das mãos e sim de um lenço, ou serem dirigidos para fora do alcance de
outras pessoas. Dedos e objetos contaminados não devem ser levados à boca.
5) Higiene oral
É de capital importância escovar os dentes no mínimo três vezes ao dia
(café, almoço e jantar), sendo o ideal fazê-lo após qualquer tipo de alimentação e ao
deitar-se. Os dentes devem ser escovados nas faces externas e internas, no sentido
vertical, isto é, das gengivas para as superfícies mastigatórias. Tem igual importância a
remoção de partículas alimentares que se tenham acumulado entre os dentes, com fio
dental ou palitos. Nas falta destes, usar fios de linha ou qualquer tecido para remover o
material existente entre os dentes. Cuidado para não ferir as gengivas. Em substituição à
pasta dentifrícia, poderá ser usado o sal de cozinha, o bicarbonato ou então realizar a
escovação apenas com água. Cuidado com dentaduras e próteses mal fixadas. A higiene
regular previne a cárie e gengivites. Quando for notada uma cárie, procure imediatamente
assistência odontológica.
6) Vestuário em geral
Torna-se facilmente contaminado com germes que podem estar presentes
nos excrementos, na urina e nas secreções do nariz e garganta. As roupas internas devem
ser trocadas diariamente e as externas lavadas quando sujas. Em campanha, quando não
se dispuser de água para lavar a roupa, a sacudidura do fardamento, seguida de
exposição ao sol e ao ar por um período de duas horas, reduzirá, consideravelmente, o
número de germes que se tenha fixado nele. Pelo menos uma vez por semana, os
lençóis devem ser mudados, as mantas, travesseiros e colchões expostos ao sol e ao ar.
7) Pés
O tratamento a ser dado aos pés consta da parte de Primeiros Socorros
deste CIGRA.
8) Uniformes
Os uniformes precisam ser folgados e adequados ao clima, a fim de
facilitarem os movimentos e não dificultarem a circulação. É conveniente a utilização de
camiseta e cueca com a finalidade de absorver o suor do corpo.
9) Detritos
Os detritos e restos de alimentos deverão ser enterrados. No caso da
unidade permanecer por períodos prolongados em determinadas regiões, deverão ser
abertas fossas onde serão lançados os detritos. Esta providência evitará a proliferação
de moscas, mosquitos, ratos e baratas, além de ser uma medida de contra-informação.
De todos os tipos de detritos, o excremento humano é o maior transmissor de doenças
intestinais. Portanto, é essencial enterrar sempre as fezes. Nos estacionamentos serão
preparadas latrinas de campanha, de acordo com o Manual C 21-10-Higiene Militar e
Saneamento em Campanha. Nas marchas devem ser usados os buracos de gato,
abertos pelos próprios usuários com 30 cm de profundidade (1 baioneta)
aproximadamente e que devem ser fechados imediatamente após o uso.

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c. Alimentação e Obtenção de Água


1) Higiene dos alimentos
Os alimentos, fonte de energia para o homem, podem causar doenças, se
estiverem contaminados. Essa contaminação pode resultar da inobservância de práticas
higiênicas no manuseio e armazenamento ou pelo contato dos alimentos com insetos e
outros animais nocivos. É necessário, portanto, que o pessoal que lida com alimentos
mantenha um alto padrão de higiene individual e de normas sanitárias. Por outro lado, o
combatente deverá comer e beber somente o que for distribuído por sua unidade ou o
que for autorizado pelo médico.
2) Disciplina no consumo da água
a) Economizar a água potável - A água é essencial para manter a
eficiência de uma unidade. Por isso é imprescindível que se aprenda a usar somente a
quantidade estritamente necessária para beber e cozinhar.
b) Consumir apenas água potável.
c) Proteger as fontes de água.
d) A água tratada é obtido através dos postos de suprimentos de água
potável, instalados pela engenharia, utilizando viaturas e reboques-cisternas ou
camburões. Deve-se tomar cuidado para que a água potável não venha a ser
contaminada durante o transporte e as operações de transferência dessa água de um
recipiente para outro. As unidades que estiverem isoladas deverão empregar seus
próprios meios para a obtenção e tratamento da água. O Manual C 21-10 Higiene Militar e
Saneamento em Campanha descreve os processos de obtenção e purificação de água.
e) Tratamento da água pelo combatente - A água contaminada é uma das
maiores ameaças para a saúde do homem em campanha. Dever-se-á considerá-la
contaminada, até que seu consumo seja autorizado. A água não aprovada deve ser
purificada antes de ser bebida, usando-se pastilhas individuais de purificação de água no
cantil, seguindo corretamente as instruções da embalagem. Se não se dispuser de
compostos desinfetantes, deve-se ferver a água durante pelo menos 15 segundos. Quando
houver indícios de que a água está contaminada por agentes biológicos, esta deverá ser
fervida por 15 minutos, antes de ser utilizada.

5. CUIDADOS A TER COM A SAÚDE


Todo homem possui uma certa resistência natural à infecção; esta
resistência poderá ser aumentada por qualquer medida que se destine à proteger a
saúde, por exemplo:
a. Manter o rosto, o corpo, mãos e pés limpos;
b. Proteger-se contra o frio e os resfriados pelo uso de roupas adequadas,
cobertas e boa alimentação;
c. Uso de alimentos suficientes, com qualidade e variedade adequadas;
d. Educação física;
e. Pelos menos de 7 a 8 horas de sono diárias, de preferência contínuos;
f. Evitar a fadiga desnecessária (isto é particularmente importante nos
centros de instrução em que ocorrem epidemias de doenças respiratórias); e
g. Recreações saudáveis (o estado normal de uma unidade está inteiramente
ligado às condições físicas dos soldados).

6. A VIDA EM COLETIVIDADE
Uma Unidade Militar eficiente constitui-se de uma equipe organizada e instruída
para o combate. Quando um elemento fica doente, prejudica todo o trabalho da equipe. O
indivíduo que não observa nem pratica as normas de higiene, compromete a eficiência da

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Unidade como um todo, uma vez que o trabalho se desenvolve a nível de equipe. A higiene
individual contribui para a saúde das diversas maneiras:
- Protege o indivíduo dos agentes de doenças infecciosas;
- Protege a Unidade, reduzindo a disseminação das doenças transmissíveis;
- Promove a saúde;
- Eleva o moral

a. Necessidade de Procurar o Médico


É preciso não cometer o erro de subestimar a importância de uma assistência
médica oportuna. Todo indivíduo, ao se julgar doente, deverá procurar, o mais breve
possível, a assistência médica adequada. Não se deve tomar medicamento por conta
própria ou seguir tratamento que não seja orientado por um médico.

b. Revista Sanitária
Pelo menos uma vez por mês é necessária uma revista sanitária.

c. Alojamentos
Evitar a superlotação. Normalmente o homem deve dispor de 5,40 m2 de
área para alojamentos, com espaço de 1,50m entre as camas, se possível, transformando o
local de cada cama em cubículo. Deve-se evitar a superlotação dos locais de reunião.
Deverão ser proporcionados ventilação e aquecimento adequados (de dia 21º e à noite
entre 15 e 17º C).

7. HIGIENE SEXUAL
a. Generalidades
Encontra-se ainda dificuldades de vulto no controle das doenças
sexualmente transmissíveis (DST), embora as conquistadas ultimamente, na profilaxia e
na terapêutica dessas doenças, representam um dos mais importantes capítulos da
medicina moderna. Com a aplicação dos métodos de investigação do contágio e com o
emprego dos antibióticos, a incidência das DST baixou acentuadamente.
As DST crescem em incidência, com o tempo de permanência do homem
nas Forças Armadas. Isto se verifica porque grande parte dos jovens, que se
apresentam para o serviço militar, desconhecem ainda as relações sexuais e, quando as
inicia, não toma, em geral, qualquer precaução, contaminado-se logo às primeiras
cópulas. Convém lembrar ainda, que praticamente, nenhum soldado está isento de adquirir
DST, porque pela inconsequência própria da idade, raramente se dispõe a observar as
precauções que lhe são aconselhadas.
É fundamental que tenhamos conhecimentos de como fazer a nossa
higiene sexual para que não venhamos a contrair uma DST que poderá trazer
consequências desastrosas para nós e nossas famílias. Sob o ponto de vista histórico,
estas doenças constituem um problema para ambas as comunidades, civis e militares.
Referem-se aos militares porque o homem, egresso do ambiente de seu lar, pode
percorrer áreas onde a promiscuidade seja habitual e as DST, prevalentes. Embora, com
tratamento moderno essas doenças não sejam mais causas de perda de tempo, podem,
no entanto, em certos casos, afetar consideravelmente a saúde individual. Um elemento
pode contrair mais de um tipo de doença numa única exposição. As DST são quase
sempre contraídas mediante o contato sexual. As lesões afetam os órgãos genitais. O
contato direto com a lesão ou com o material dela proveniente é o modo mais habitual de
disseminação da doença.
b. Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)
1) Blenorragia (gonorréia)

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- Agente causador: Neisseria Gonorrhoeae
- Sinais e sintomas:
- No homem: Corrimento uretral purulento, acompanhado de ardência na
uretra.
- Na mulher: As mulheres na sua maioria são assintomáticas
- Consequências: Estenose uretral, prostatite, esterilidade.
2) Cancro mole
- Agente causador: Hemophilus Ducrey
- Sinais e sintomas:
- Lesão ulcerada úmida (fundo sujo)
- Bordos irregulares
- Extremamente dolorosa
- Superfície ulcerada a nível da pele, sendo mais freqüente as múltiplas
lesões.
- Consequências: Fistulização dos gânglios inguinais.
3) Cancro duro (sífilis primária)
- Agente causador: Treponema Palidum
- Sinais e sintomas:
- Lesão ulcerada dura (fundo limpo)
- Bordos regulares
- Indolor
- Superfície ulcerada abaixo do nível da pele
- Lesão freqüentemente única no homem, localizando-se no prepúcio; na
mulher, no colo uterino.
- Apresenta também, cura expontânea.
- Consequências: Lesões do sistema nervoso e circulatório.
4) Sífilis
- Agente causador: Treponema palidum
- Sinais e sintomas:
A lesão inicial é o cancro duro (cancro sifilítico), que aparece na pele
ou na mucosa por onde entrou o treponema, 20 a 40 dias após o contato infectante.
- Consequências:
Por volta de 6 semanas após o início do cancro, instala-se a Sífilis
Secundária, se não tiver sido feito tratamento adequado, caracterizando-se por manchas
típicas deste período, que aparecem e desaparecem por 4 anos. Essas manifestações,
em alguns casos podem ser benignas e podem passar despercebidas aos doentes. Numa
terceira fase, a partir do 3º ou 4º ano, após a lesão inicial, aparecem outras lesões de
sífilis tardia, lesões inflamatórias do coração, dos vasos sanguíneos, dos sistema nervoso
central, sífilis nervosa, etc. prosseguindo até a morte.
5) Condiloma acuminado (crista de galo)
- Agente causador: Papovavírus
- Sinais e sintomas:
Apresenta lesões com aspecto de couve-flor ou verrugas, sendo de alta
transmissibilidade.
No homem, localiza-se geralmente no sulco balamoprepucial e freio,
dobras gênito-crurais e ânus.
Na mulher, localiza-se na vulva, dobras gênito-crurais e ânus.
- Consequências:
Quando não houver tratamento, as lesões aumentam de tamanho,
sendo necessária intervenção cirúrgica para retirada das mesmas.

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6) Herpes genital
- Agente causador: Herpes vírus hominis 2
- Sinais e sintomas:
- Agrupamento de vesícula na glande. O doente reclama de ardência e
dor.
- Consequências:
As lesões podem aparecer novamente, mesmo após tratamento
adequado.
7) Granuloma inguinal
- Agente causador: Donavania granulomatis
- Sinais e sintomas:
- Pequeno nódulo ou vesícula que evolui para intensas lesões ulcerosas,
geralmente indolor.
- Conseqüências:
- Não sendo tratada, a doença pode causar séria destruição dos órgãos e
estender-se a outras partes do corpo.
8) Linfogranuloma venéreo (Doenças de Nicolas Favre)
- Agente causador: Vírus filtrável
- Sinais e sintomas:
Pequena erosão indolor localizada no pênis, vulva, vagina, períneo ou
ânus, que passa muitas vezes despercebida pelo doente, com invasão da cadeia
ganglionar.
-Consequências:
Não tratada adequadamente, a doença pode causar danos irreparáveis aos
órgãos sexuais e à cadeia ganglionar.

c. Profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis de um Modo Geral


1) As moléstias venéreas são aquelas que comumente se adquirem em
congresso sexual com pessoas contaminadas. As principais são: Cancro venéreo, a
blenorragia, a sífilis e o linfogranuloma venéreo.
2) Nas coletividades militares, as DST são as causas principais de perda
de tempo de serviço útil, podendo chegar a afetar seriamente a eficiência das Unidades.
A mortalidade, como consequência das afecções venéreas é praticamente
nula, mas os seus efeitos na eficiência de uma Unidade são às vezes desastrosas.
3) A fonte principal da doença é a mulher infectada, na maioria das vezes,
prostitutas, pois de acordo com as estatísticas, estas são infectadas em 80% dos casos,
embora nem estejam em fase contagiante; temos pois, com primeiro problema, o controle
da prostituição.
4) Nas coletividades militares a profilaxia anti-venérea pode ser
sistematizada dentro dos seguintes temas:
- Educativo
- Recreativo
- Profilático
a) Educativo - Nas organizações militares, pode-se e deve-se proceder
a educação sexual do indivíduo, proporcionando noções simples e claras em relação às
DST, seus perigos e consequências para o indivíduo e à raça, orientando sobre os
métodos profiláticos. Deverão ser mostradas as consequências remotas e imediatas
ocasionadas pelas as DST e esclarecer sobre a profilaxia que deverão escolher.
b) Recreativo - A instalação e permanente renovação das bibliotecas,
discotecas com boas músicas, consertos e outros tantos divertimentos sadios constituem

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elementos de grande valor que retém o homem na comunidade militar, tornando a
permanência nela agradável e são recursos valiosos que concorrem para reduzir com
eficiência as oportunidades do indivíduo se preocupar com os prazeres sexuais e como
conseqüência se contagiar.
c) Profilático - Devemos considerar as medidas abaixo de caráter geral e
individual na profilaxia das DST:
- Evitar contato sexual com mulheres suspeitas;
- Usar preservativos (camisinha) durante o ato sexual;
- Lavar com água e sabão a genitália, após o coito;
- Urinar em jatos;
- Não praticar atos de perversão sexual;
- Não usar roupas íntimas dos colegas.
d. SIDA/AIDS
No passado, a sífilis era doença incurável que todos temiam e
evitavam falar. Com a descoberta dos antibióticos a sífilis foi praticamente erradicada.
Hoje a AIDS ocupa este espaço nos temores da população. Na França, Cuba e em
outros países latinos o mal é designado por uma sigla mais apropriada, SIDA, que traduz
corretamente o nome Síndrome da Imunodeficiência Adquirida.
O vírus da SIDA/AIDS, conhecido internacionalmente como HIV, pode
ser transmitido de uma pessoa contaminada para outra, através de várias formas:
- Relações sexuais sem uso de camisinha;
- Uso compartilhado de seringas e agulhas contaminadas;
- De mães para filhos, na gravidez, no parto ou no aleitamento;
- Transfusões de sangue e seus derivados, quando não previamente
testados.
A pessoa contaminada pelo vírus da SIDA/AIDS pode viver durante
vários anos (e até para sempre), sem apresentar sinais ou sintomas do mal. Mas, mesmo
assim, pode estar transmitindo o vírus HIV. Com o tempo, o vírus vai destruindo as
defesas do organismo e o paciente começa a manifestar uma série de doenças como
pneumonia, diarréia grave, tuberculose, tumores, doenças do Sistema Nervoso e diversos
tipos de infecções. A SIDA/AIDS não mata por si só. Ela elimina a resistência imunológica,
facilitando o surgimento daqueles outros males, que se tornam incuráveis, devido à
deficiência imunológica.
e. Conclusão
A maioria das DST podem ser curadas, desde que o tratamento seja
eficaz e instituído precocemente. Qualquer lesão dos órgãos genitais, qualquer corrimento
do pênis, pode ser de origem venérea. Conseqüentemente, quaisquer destes sintomas
devem ser levados ao conhecimento do médico imediatamente. Não se deve ater a
outros expedientes, como consultar charlatões ou tentar a cura com drogas populares.
Esquivar-se ao conselho médico em tais situações, é o mais seguro caminho para
complicações e pertubações resistentes.

8. TABAGISMO
a. Introdução
É um fato bem estabelecido que os fumantes aumentam significativamente
suas probabilidades de contrairem muitos tipos de doenças fatais. Em média, os
fumantes morrem 68% mais rápido que os não fumantes.
A maior ameaça dos fumantes é o câncer, seja de pulmão, de intestino,
de estômago, garganta e outras localizações.
Quando o fumante traga sua fumaça, ele leva nicotina e alcatrão às mais
remotas partes de seu pulmão, provocando, com o passar dos anos, alterações celulares

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até culminar com o câncer de pulmão que é fatal em 95% dos casos.

b. Doenças Causadas Pelo Fumo


1) Câncer - é o mais freqüente e mais grave das lesões, sendo, muitas
vezes, fatal, principalmente quando atinge os pulmões. Estatisticamente temos:
- Câncer do estômago - 2 vezes mais freqüentes nos fumantes;
- Câncer de intestino - mais freqüentes nos fumantes;
- Câncer de garganta - mais freqüente nos fumantes.
2) Enfisema pulmonar - A possibilidade do fumante ter enfisema pulmonar é
10 vezes maior que o não fumante. As pessoas com enfisema pulmonar padecem de
dificuldade respiratória, falta de energia e diminuição da eficiência.
3) Doença Cardíaca - O fumante tem muito mais probabilidade de morrer
de doença cardíaca em relação ao não fumante. A arteriosclerose (endurecimento das
artérias) afeta freqüentemente os fumantes.
4) O Cérebro - O ato de fumar contribui para o aumento do colesterol que
se deposita nas paredes das artérias, endurecendo-as. Os fumantes, normalmente, são
alvos fáceis para a senilidade e para os derrames.
c. Como Deixar de Fumar
A melhor maneira de deixar de fumar é fazê-lo de uma fez e não aos poucos.
É necessário transformar a força de vontade em uma ação eficaz. Abaixo apresentamos
algumas régras básicas para combater o vício do fumo:
1) Cuide com o que você bebe! Não beba álcool, café ou bebidas
estimulantes ou calmantes para fortalecer suas reservas nervosas o mais rápido possível.
2) Faça uma boa refeição à base de frutas, cereais, verduras, leite, iogurte.
Evite doces, balas, goma de mascar.
3) Use adicionais de vitaminas prescritas pelo seu médico.
4) Faça boa higiene corporal, com banhos freqüentes para relaxar.
5) Regularize seu horário de alimentação.
6) Pratique esportes rotineiramente.
7) Evite a fadiga, dormindo de 7 a 8 horas por dia.
8) Tenha hábito de boa leitura, música, cinema, etc.
9) Lembre-se de que a ajuda DIVINA é importante.

9. ALCOOLISMO
a. Introdução
Provavelmente, muitos dos “farrapos humanos” que encontramos
perambulando pela vida afora, tenham sido, no passado, excelentes pais de família,
trabalhadores exemplares, honestos cidadãos. Mas algum dia entraram para a trilha do
vício, tornando-se alcoólatras, descendo cada vez mais na escala social e moral. Começa a
decadência no trabalho, se torna improdutivo e incompetente, falta por qualquer motivo,
seguindo-se uma seqüência infeliz, vitimando amigos e familiares. Ele se isola e se fecha
em seu vício, tornando-se o rejeitado, um escravo de seu vício, até que a morte o leve
devido a uma complicação cardíaca, hepática ou pulmonar.

b. Generalidades
Segundo a Organização Mundial de Saúde o alcoolismo é a 3ª maior
causa de mortes em todo o mundo, perdendo apenas para as doenças do coração e
câncer.
Para que se tenha uma noção de como é alarmante o índice de alcoólismo,
citaremos alguns dados estatísticos:
- 20% dos acidentes de trânsito são provocados por alcoolismo.

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- 40% dos leitos hospitalares de psiquiatria são ocupados por alcoólatras.
- 30% dos acidentes de trabalho são devidos ao alcoolismo.
- 50% dos operários brasileiros consomem bebidas alcoólicas o que
implica numa redução média de 30% na capacidade de trabalho.
O alcoolismo ocupa o 8º lugar entre todas as causas médicas de auxílio-
doença da Previdência Social em nosso país.
O alcoolismo leva a pessoa à demência, à velhice precoce e à loucura total.

c. Porque as Pessoas Bebem


1) Fatores Físicos - Para funcionar perfeitamente, nosso corpo necessita de
boa nutrição, de repouso, da prática de exercícios físicos. É logico que a falta ou
diminuição de um destes fatores não levará fatalmente ao alcoolismo, mas são fatores,
que no quadro geral das razões, levam as pessoas ao vício da bebida.
2) Fatores Mentais - Possivelmente os fatores psicológicos sejam as
razões determinantes para o vício de beber. As frustrações, insucessos,enfado, os
temores e a falta de amor, fazem com que as pessoas tentem escapar de seus
ressentimentos dolorosos através da bebida.
Normalmente os alcoólatras tendem a ser emocionalmente imaturos,
isolados, dependentes, incapazes de suportar tensão ou frustração. São atacados de
profundos sentimentos de culpa. O álcool libera as inibições normais e faz com que a
pessoa exteriorize suas necessidades e desejos insatisfeitos.
3) Fatores Sociais - Em nossos dias existem tremendas pressões sociais
para o desenvolvimento do hábito de beber. Sabe-se muito bem que as propagandas de
bebidas consomem muito mais dinheiro do que todas as campanhas de temperança.
4) Fatores Espirituais - O declínio dos valores espirituais e morais da
sociedade de nossos dias pertuba o mundo de hoje. O alcoolismo reflete esta
espiritualidade decadente.

d. Doenças Causadas Pelo Alcoolismo


Além da degradação moral e social a que o indivíduo é levado, o
alcoolismo pode acometer os diversos aparelhos e sistemas de nosso organismo, a
saber:
1) Aparelho Circulatório - Pode-se instalar uma insuficiência cardíaca pela
carência de Vitamina B1.
2) Aparelho Digestivo - Úlceras gástricas, doenças intestinais com retocolite
ulcerativa. Cirrose hepática.
3) Sistema nervoso - Quadros de demência e até de loucura são freqüentes.
A falta de bebida poderá levar à síndrome de abstinência ou Delirium Tremens, na qual
a pessoa passa a ter alucinações visuais e auditivas e tremores generalizados nas
extremidades, etc. A morte pode sobrevir por qualquer destas doenças.

e. Como Evitar o Alcoolismo


A mais importante das medidas é não ingerir bebida alcoólica; são medidas
que ajudarão a combater o vício:
1) Boa alimentação, adequada em qualidade e quantidade, rica em
proteínas, hidratos de carbono;
2) Prática de esportes, rotineiramente;
3) Boa leitura, cinema, boa música, etc;
4) Repouso regular, com sono de 7 a 8 horas por dia;
5) Firme vontade de não beber;
6) Prática da religião; e

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7) Vida familiar adequada, bem como, satisfação no trabalho ou na profissão
que abraçar.

10. TOXICOMANIA
a. Introdução
A palavra tão comum adquiriu novo significado através de filmes e
músicas: “VIAGEM”. À partir de então já não era o ato de tomar uma condução para ir de
um lugar a outro mais distante. Qualquer um podia viajar sem sair do lugar. Bastava
uma pílula, uma injeção, tirar uma tragada e se poderia ir para onde se escolhesse na
asa da alucinação. Estava oficializada a grande “fuga”, a negação do mundo real com
suas prisões e frustrações, a mais perigosa de todas as sensações da droga.
A toxicomamia pode ser definida como um gosto mórbido da intoxicação
por drogas para insensibilizar ou conseguir certas sensações agradáveis. Ela tem sido
considerada atualmente como um “flagelo social”, tendo adquirido no mundo de hoje, a
característica de uma doença social epidêmica.

b. Drogas Comumente Usadas


1) Narcóticos - São drogas que atuam induzindo o sono (hipnose) e
combatendo a dor (analgesia). Este grupo está representando pelos opiáceos, isto é, ópio
e seus alcalóides e os derivados semi-sintéticos e sintéticos. O principal alcalóide do ópio
é a Morfina. Na pasta obtida da cápsula da papoula (Papayer Soninferum) ou
dormideira, encontramos vários alcalóides: a morfina, a papaverina, codeína, tebaína,
etc. A heroína é um derivado semi-sintético da morfina (Dimetilmorfina). São drogas
empregadas para sedar a dor, pois sua ação analgésica é potente, entretanto, seu uso
abusivo provoca males que vão da degeneração física à loucura e até à morte.
2) Cocaína - É um alcalóide extraído de uma planta muito comum na
Bolívia, Colômbia e Peru, “a folha de coca”. A folha é mastigada junto com oxalato de
cálcio para liberar mais fácil seu princípio
ativo, ou então é processada em laboratórios clandestinos para se obter a
forma de pó.
Produz elevação do humor, euforia, alucinações, idéias de perseguição, o
que torna os viciados nesta droga, em elementos muito perigosos.
3) Psicotrópicos - São drogas que apresentam certas peculiaridades em
sua ação sobre o sistema nervoso central.
a) Psicolépticos: São farmáceos que atuam baixando ou reduzindo a atividade
cerebral. Exemplos: Barbitúricos (Nenbutal, Seconal, Gardenal), tranquilizantes (Mogadon,
Valium, Diempax), Neurolépticos (Amplictil, Tofranil, Haldol).
b) Psicoanalépticos: São farmáceos que aumentam a atividade cerebral. Como
por exemplo, as anfetaminas e antidepressivos.
As anfetaminas são conhecidas por sua capacidade de combater a fadiga e
a sonolência e diminuir o apetite. A palavra , na gíria usada em nosso meio, para
designar esta droga é “BOLINHA”.
As mais usadas são: Benzedrina, Dexedrina, Perventin, Anorexil, etc.
c) Psicodislépticos: São substâncias que provocam distorções, desvios ou
anomalias da atividade cerebral. Dentre as demais usadas, temos os alucinógenos e a
maconha.
(1) Os alucinógenos produzem alterações mentais e emocionais
caracterizadas principalmente por alucinações auditivas e visuais, com modificações dos
sons e cores. São três os mais conhecidos: mescalina, LSD-25 e a Psilocibina.
(a) Mescalina - é um alcalóide obtido de um cactus mexicano, o “peiote”
ou “mescal”, usado ainda pelos mexicanos mastigando os botões da planta.

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(b) LSD-25 ou dietilamida do ácido lisérgico - é obtido dos alcalóides
presentes em um fungo, o esporão de centeio que parasita o trigo e o centeio espigado.
Pode ser usado em forma de pó ou líquido.
(c) A Psilocibina - é extraída de um cogumelo comum na America
Central, o Psicolocibe
Outras drogas como DMT (dimetil-triptalina) encontrada em sementes como a
do angicotão comum no Nordeste e a SMP, droga semi-sintética só encontrada em
laboratório vieram fazer parte do arsenal do toxicômano.
(2) Maconha ou marijuana - é encontrada nos botões florais e nas folhas de
uma planta indiana o “cânhamo” (Canabis Sativa). As folhas e flores são secas e
trituradas e usadas em forma de cigarro, na gíria “baseado” ou “dólar”. Tem aroma
adocicado, facilitando sua identificação pela polícia e por cães treinados para tal.
4) Crack - Derivado barato e perigosíssimo da cocaína, mais usado entre
viciados de baixa renda. Efeitos semelhantes e algumas vezes mais perigosos do que a
cocaína.

c. Como Conhecer um Viciado


1) Viciado em sedativos e barbitúricos:
- Sinais de intoxicação alcoólica sem contudo apresentar cheiro de álcool
no hálito;
- A pessoa fica apática, com a inteligência embaralhada;
- Cambaleia e tropeça sem razões aparentes;
- Fica sonolenta e prostrada.
2) Viciados em bolinhas
- Perda acentuada de peso;
- Perda do apetite;
- Secura na boca com sede intensa;
- Náuseas e vômitos, às vezes diarréia;
- Aumento dos batimentos cardíacos;
- Tremores musculares, cãibras, palidez;
- A pessoa se torna extremamente ativa e o sono desaparece;
- Fica inquieta, irritável, impulsiva e agressiva;
- As pupilas ficam dilatadas, fumam muito, necessidade de coçar o nariz.
3) Viciado em maconha:
- O intoxicado tem a sensação que seu rosto está mudando, se
dilatando; tem necessidade de se olhar no espelho;
- Rubor nas faces e nas orelhas;
- Boca seca, com ausência quase total de saliva, garganta irritada;
- As pupilas ficam dilatadas, não reagem à luz, necessidade de óculos
escuros;
- Alterações do ritmo e batimentos cardíacos com aumento dos
batimentos, sensação que o coração disparou;
- Alegria estúpida e pueril, com risos incontidos;
- Desorientação no tempo e no espaço;
- Apetite insaciável, grande consumo de refrigerantes açucarados;
- Atenção comprometida, o maconhado se torna falador, loquaz.
4) Viciados em narcóticos:
- Exageram nos xaropes para tosse que contêm codeína;
- A heroína em pó provoca irritação no nariz, chegando até a perfurar o
septo nasal;
- Há sinais de injeções freqüentes nos braços, abdômen, o que os

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obriga a andarem sempre de camisas de mangas compridas;
- Estão sempre portando seringas;
- Na escola se mostra apático, desinteressado;
- As pupilas estão contraídas e não reagem à luz.

d. Efeitos das Drogas


1) Dependência
O viciado se torna um escravo da droga. A dependência pode ser física
ou psíquica. Na dependência física as drogas alterando a química do corpo, exigem que a
pessoa continue a tomar a droga, caso contrário, morrerá. Levam o viciado ao mundo do
crime; Exemplos: morfina, cocaína, heroína. Na dependência psíquica, quando sem a
droga, o viciado cai em profundo abatimento, fica em lastimável estado psicológico.
Exemplo: Maconha.
2) Infecção
Pelo uso de seringas não devidamente esterilizadas, uso de diluentes
impróprios.
3) Distúrbios psíquicos
Irritabilidade, impulsividade, agressividade, agitação psicomotora, ausência
de sono e fadiga.
4)Efeitos cardíacos e respiratórios
Normalmente há aumento dos batimentos cardíacos, havendo
descompassos de respiração. Estes fatos podem levar à morte.
5) Reações anti-sociais
Mania de mentir, roubos, impulsos de suicídio, etc.
6) Efeitos sensoriais e perceptivos
A sensibilidade fica alterada com relação a estímulos visuais e auditivos.
O mundo interior pode se tornar flutuante, vibrante, multicolor. Há alterações nas
sensações de posição do próprio corpo com relação ao meio ambiente.
7) Síndrome de abstinência
Manifesta-se após a retirada da droga, aparecendo a angústia, tremores
musculares, tremores das mãos, vômitos, insônia, delírios, alucinações, etc.

e. Como Combater o Vício


Segundo a Organização Mundial de Saúde, o combate às drogas só será
eficaz se atuarmos em conjunto no triângulo: droga-homem- ambiente social.
Citaremos algumas medidas:
- Controle rigoroso das drogas, que só podem ser vendidas com receita
médica, em receituário controlado e distribuído pelas autoridades sanitárias;
- Tratar o “doente”, pois o toxicômano deve ser considerado como tal. Já
há legislação brasileira tornando compulsório o internamento e a notificação às
autoridades sanitárias dos casos diagnosticados;
- As campanhas contra o abuso de drogas: a campanha deve ser educativa
e em bases bem fundamentadas do ponto de vista científico. Podemos fazê-la por meio
de palestras, conferências para os pais e educadores e para jovens que são o alvo
principal dos traficantes;
- O uso de filmes educativos, áudio-visual, também é útil.

f. Conclusão
Pelo acima exposto nos foi possível sentir como a toxicomania é maléfica
para o indivíduo e para a sociedade.
Há necessidade de que toda coletividade se conscientize deste perigo,

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desta doença social epidêmica que ameaça a humanidade e se prepare para vencê-la.
Uma vida saudável em família, o encontro com Cristo, a prática saudável
de esportes, os hábitos de boa leitura, bom cinema, boa música, boas companhias, são
fatores que não podem ser esquecidos para se evitar o vício das drogas, pois quem os
praticar com amor e fé dificilmente se enveredará por esta “VIAGEM SEM BILHETE DE
VOLTA”.

11. SAÚDE MENTAL


a. O modo de pensar afeta o modo de atuar. O soldado que conhece sua
função, atua rápida e eficazmente; porém, se tem dúvidas, vacila e pode tomar decisões
erradas. Os reflexos são uma necessidade, por isso o soldado deve entrar em combate
com absoluta confiança em sua própria habilidade, no treinamento que recebeu e nos
oficiais e graduados que o comandam. O soldado sentir-se-á melhor e sua vida no
Exército terá uma finalidade verdadeira, se tiver presente que sua unidade existe pela
melhor razão do mundo: a defesa de sua Pátria, de sua família e de si próprio. Além disso,
o soldado é parte valiosa e necessária de um grupo, e por isso deverá, sempre perguntar
a si mesmo: como poderei ajudar meu grupo para que a missão seja cumprida?

b. O Medo é uma Emoção Humana Básica


1) É tanto um estado físico como moral. O soldado precisa saber que o
medo não é vergonhoso, se for controlado. O medo faz com que as pupilas dos olhos
se dilatem e aumentem o campo de visão, o que permite descobrir com mais facilidade
o movimento. Estas reações preparam o corpo para maiores esforços e proporcionam
mais forças quando se estiver cansado. Quando sentir-se medo, é preciso controlá-lo para
que ele ajude no desempenho da missão.
2) O combatente deve ter sempre em mente que não está só, para não se
deixar dominar pela imaginação. Deve ter em mente que faz parte de um grupo e há outros
combatentes em torno de si, embora nem sempre possa vê-los. Os homens que se
encontram à sua direita e à sua esquerda conhecem a missão e tanto o ajudarão, como
esperam a sua ajuda.
3) Preocupação - A preocupação enfraquece o corpo, embota a mente
retarda o pensamento e a aprendizagem, e aumenta a confusão e as inquietações. Os
oficiais e graduados devem ajudar os soldados na resolução de seus problemas.
4) O soldado pode receber ordens para combater em qualquer tipo de
terreno, dentro e fora do país. Sua mente deve estar preparada para aceitar as
situações, tais como elas se apresentem, o que permitirá uma atuação pronta e eficaz
mesmo que as condições lhe sejam adversas.

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CAPÍTULO IV
MÁSCARA CONTRA GASES MILITAR ULTRA TWIN

1. Cuidados a Serem Observados a. Antes do uso:


- Verifique o equipamento cuidadosamente no recebimento e se qualquer avaria
for encontrada, comunique ao seu comandante imediato.
- Este equipamento deverá somente ser utilizado por pessoal previamente
treinado e com pleno conhecimento de todas limitações.
- Acompanha a máscara militar Ultra-Twin 02 suportes para cartuchos GMB
código 10-297347 e GMC código 10-2973348 e 02 filtros combinados B-900 ST.

a. Instruções para uso. A máscara militar Ultra-Twin pode ser utilizada de


duas maneiras conforme a figura 07.
- Opção 1 - com cartuchos GMB-H/GMC-H. Retire os tampões laterais. Coloque
os suportes e
rosqueie os
cartuchos.
- Opção
2 - com filtro B-
9000 ST padrão
“NATO”. Retire o
tampão frontal da
peça e rosqueie
o filtro com rosca
padrão “NATO”.

Fig 07 - Máscara Militar Ultra-Twin

b. Cuidados
1) O equipamento fornece perfeita selagem, porém para usuários que
apresentem certas características físicas, tais como barba e costeletas grandes, que
venham a comprometer a perfeita selagem, o usuário assume todos os riscos que possam
ocorrer.
2) Nunca utilize lubrificante sobre qualquer peça do equipamento e mantenha
todas as peças inteiramente livres de óleo e graxa.
3) Somente retire o lacre do filtro no momento de uso e guarde-o. Se o
período de uso for pequeno, recoloque o lacre.

c. Modo de vestir o equipamento


1) Solte as tiras de borracha da peça facial, de tal forma que o acesso de
seu rosto fique o mais livre possível.

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2) Posicione primeiramente o queixo e em seguida ajuste a peça facial ao


rosto puxando as tiras de borracha firmemente. Se necessário, posicione a lente para
melhor ângulo de visão (figura 08)
3) Teste de vedação é muito importante. Use o método de pressão positiva.
Retire a tampa da válvula de exalação e segure a válvula contra o assento. Crie uma
pequena pressão positiva dentro da peça facial exalando. Se ocorrer vazamento de ar
entre a peça facial e o rosto, reajuste-a usando as tiras de borracha e torne a testar.
Terminado o teste, recoloque a tampa da válvula (figura 09).

Fig 08 Fig 09

d. Limitações de cartuchos e filtros


1) Cartuchos GMB-H - Para proteção respiratória em atmosferas com
concentrações até 10 ppm de cloro (30mg/m³), 50 ppm de ácido clorídrico (70 mg/m³), 30
ppm de formaldeídos (12 mg/m³), 50 ppm de dióxido de enxofre (130 mg/m³), partículas
sólidas que tenham um limite de tolerância menor que 0,05 mg/m³, radionuclides e
asbestos.
2) Cartucho GMC/H - para proteção respiratória em atmosferas com
concentrações até 1000 ppm de vapores orgânicos, 10 ppm de cloro (30 mg/m³), 50
ppm de ácido clorídrico (70 mg/m³), 30 ppm de formaldeídos (12 mg/m³), 50 ppm de
dióxido de enxofre (130 mg/m³), partículas sólidas que tenham um limite de tolerância
menor que 0,05 mg/m³, radionuclides e asbestos.
Observação: Desaconselhável o uso em atmosferas imediatamente
perigosas à saúde ou vida, ou ainda com menos de 18% de oxigênio.
3) Filtro B-900 ST - Use em áreas ventiladas contendo no mínimo 18% de
oxigênio.
- Protege contra ácidos, halogênios, nitrosos, poeiras tóxicas;
- Não use quando as concentrações de contaminantes forem
desconhecidas;
- Utilize apenas em concentrações inferiores a 5000 ppm de gases e
vapores ou contra partículas cuja concentração não exceda a 200 vezes o limite de
tolerância;
- Abandone a área imediatamente ao sentir o cheiro de contaminante ou
se notar dificuldade de respiração;
- Este filtro não protege contra CO (Monóxido de Carbono).
Observações:
1) A vida do filtro depende de fatores como:
- umidade relativa do ar;
- altas concentrações de contaminantes;
- tipo de trabalho: leve, moderado ou pesado;

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- condições emocionais tais como medo ou excitamento, que podem
aumentar a freqüência respiratória do usuário;
- grau de treinamento ou experiência que o usuário tem com tais
equipamentos.
2) Cartuchos e Filtros protegem contra gases lacrimogênios do tipo:
- CN (cloroacetofenona) e
- CS (ortoclorobenzolmalonitrilo).

2. PROCEDIMENTO DE MONTAGEM PARA A MÁSCARA MILITAR ULTRA-


TWIN
No caso de manutenção ou reparo de equipamento é necessário que o usuário
obedeça uma seqüência de operações quanto a montagem da Máscara Militar. Esta
seqüência determina um bom funcionamento do equipamento. Siga corretamente as
instruções abaixo e logo após teste a máscara quanto a vazamentos.
a. Pegue a peça facial (18) e coloque as fivelas (14) e (17).

b. Monte a válvula de exalação (4) no assento (5) e em seguida coloque na


peça facial (18). Encaixe a tampa (3).
c. Coloque a lente (19) no friso da peça facial (18). Encaixe o meio-anel (22) e
fixe-o usando o parafuso (23) e porca (21).
d. Encaixe o anel de borracha (27) no rebaixo interno do conjunto alojamento
(28). Coloque o diafragma de voz (26) sobre o anel (27) e rosqueie firmemente o anel de
retenção (25). Monte todo este conjunto na peça facial (18) e fixe-a com a braçadeira
(24).

e. Monte a
válvula de inalação (10) no
assento (9) e coloque no
orifício lateral da peça facial
(18). A
seguir rosqueie o
tampão Ultra-Twin (6)
firmemente.

f. Pegue o
conjunto Nosecup (13) e
encaixe no rebaixo do anel
de retenção (25) que está
no interior da peça facial
(18).

g. Encaixe a
válvula de inalação (2) no
pino interno frontal do
conjunto alojamento (28)
deixando-o encaixado no interior do conjunto. Coloque a junta (29) e rosqueie o tampão
filtro queixo (1).

h. Monte a aranha (16) nas fivelas (14) e (17) e i. Prenda a cinta de


sustentação (15) nas fivelas (17).

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3. TRANSPORTE
Para transportar o equipamento, veja a figura 11:

Fig 11 - Transporte da Máscara

4. MANUTENÇÃO
a. Esta máscara deverá estar acondicionada dentro da bolsa de transporte
em boas condições de uso. Quando algum componente apresentar evidências de mal
funcionamento, deverá ser substituído imediatamente. Quando não estiver em uso,
guarde-a em lugar seguro e seco.

b. Limpe e higienize sua máscara após cada dia de uso, com uma solução leve
de sabão em pó neutro.
- Prepare a solução com 28 gramas de sabão em pó neutro em 04 litros de
água morna (máximo de
50° C).
- Limpe a máscara com cuidado, assegurando-se de que as válvulas de
exalação e inalação fiquem livres de quaisquer substâncias estranhas.
- Enxágüe em água limpa e depois seque-a.

c. No caso de pouca utilização da máscara Militar Ultra-Twin, programe uma


manutenção preventiva trimestral para assegurar-se de um bom funcionamento do
equipamento.

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5. REPARO
Manutenção ou reparo deverá ser efetuado somente por pessoal
experiente.Utilize somente peças fornecidas pelo fabricante da mesma.

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CAPÍTULO V
COMBATE A BAIONETA

1. GENERALIDADES
a. Espírito do Combate a Baioneta.
O espírito do combate a baioneta se resume em enfrentar e destruir o
inimigo num combate corpo a corpo. Esse espírito nasce da confiança, coragem e
determinação inflexível do combatente, e é desenvolvido graças a um treinamento
intensivo. O instinto de luta do homem, por meio desse treinamento, pode ser
desenvolvido ao mais elevado grau. A vontade de utilizar a baioneta, geralmente,
aparece quando o instruendo começa a manejá-la com facilidade, e vai aumentando à
medida que cresce sua confiança nesse meio de ação. O desenvolvimento completo de
suas possibilidades físicas e a confiança em sua arma oferece como resultado a
expressão final da ação a baioneta: a feroz e impiedosa destruição do inimigo num
combate singular, de homem para homem. Para o adversário, o medo desmoralizante da
baioneta é ampliado pelo poder destrutivo das bombas, granadas ou projéteis que apóiam e
precedem o assalto a arma branca.

b. Utilização da Baioneta.
1) Muitas vezes, o fogo, isoladamente, não é suficiente para desalojar de
suas posições um inimigo resoluto e disciplinado. Fazendo um aproveitamento adequado
das cobertas e abrigos, o adversário permanecerá muitas vezes em suas posições, até
que delas seja expulso por uma ação corpo a corpo, rápida e brutal, mas decisiva. A
ação a baioneta ou simplesmente a sua ameaça é, no entanto, o argumento fundamental
de todo assalto.
2) A noite, em missões de infiltração, e sempre que o sigilo deva ser
preservado, a baioneta é a arma, por excelência, do silêncio e da segurança de que o
infante se utiliza.
3) No combate aproximado, quando amigos e inimigos estão
demasiadamente próximos e entrevados, impedindo o emprego das armas de fogo ou
granadas, a baioneta é a arma principal de que se vale o soldado de infantaria para levar
a cabo sua missão.

c. Princípios de Combate a Baioneta


1) A baioneta é uma arma ofensiva. A hesitação, a demora na ação e a
preocupação defensiva são sempre fatais. Um retardo de uma fração de segundo pode
significar a morte.
2) No assalto, à baioneta, o combate ataca rápida e impiedosamente, até
que o inimigo seja destruído. Aproveita imediatamente qualquer brecha na guarda
adversária; se o inimigo não abre sua guarda, o atacante força uma brecha; parando a
arma do adversário e aplicando lhe golpes de baioneta ou violentas pancadas com a
coronha.
3) Sendo a região da garganta especialmente vulnerável, o adversário,
instintivamente, protegerá essa região contra uma pontada. Ameaçando a garganta do
adversário com a ponta da baioneta, o atacante muitas vezes obriga-o a descobrir outras
partes vulneráveis do corpo, tais sejam: o rosto, o peito, o abdomem e as virilhas.

d. Aperfeiçoamento do homem no emprego da baioneta.


Desde o início, os exercícios com a baioneta devem ser conduzidos com contínuo
destaque, aperfeiçoando-se a forma correta, a rapidez no manejo do fuzil baioneta, a
ação das pernas e dos pés, e a precisão dos golpes. Um reforço persistente em

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benefícios desses quatro pontos essenciais desenvolverá a coordenação, o equilíbrio, a
velocidade, a força e a paciência que caracterizam o bom combatente de baioneta. Às
diferenças individuais de conformação física podem acarretar pequenas modificações no
manejo. As diferenças que não determinarem diminuição na eficiência do combatente
não serão levadas em linha de conta.
2. POSIÇÕES E MOVIMENTOS
a. Generalidades
1) Tomando qualquer posição ou executando qualquer movimento, o
combatente à baioneta relaxará os músculos que não serão utilizados diretamente no
esforço. Mantém o fuzil firmemente, mas sem rigidez. Músculos tensos causam fadigas e
retardam a velocidade dos movimentos.
2) Dando-se a devida importância ao treinamento, todos os movimentos se
tornarão instintivos. O combatente à baioneta aproveitará automaticamente qualquer
brecha da guarda adversária e forçará o ataque sem hesitação. Evitará repetir seqüências
de movimentos. Manterá o equilíbrio em todos os seus movimentos e uma constante
presteza para ferir instantaneamente em qualquer direção, e continuar ferindo até que o
inimigo seja destruído. Observará continuamente a baioneta e o corpo do adversário. As
posições e os movimentos descritos neste artigo têm por finalidade atingir estes fins.
3) As posições adotadas no combate e a baioneta são: a GUARDA, a
GUARDA CURTA e o PASSO DE CARGA. E os movimentos prescritos são: a
MUDANÇA DE FRENTE , a PONTADA A FUNDO, a PONTADA, O ARRANCAMENTO, a
PARADA A DIREITA (ESQUERDA). A PANCADA HORIZONTAL (VERTICAL) COM A
CORONHA, A PANCADA COM O COICE e o GOLPE CORTANTE. O principiante
deverá aprender estes movimentos como ações independentes; pelo treinamento,
entretanto, aprenderá a executá-los não só variando as combinações como a rapidez,
de maneira a imprimir aos mesmos a aparência de ações contínuas.

b. Guarda
1) Entrada em guarda.
a) Frente para o adversário.
b) Avançar o pé esquerdo um pouco a frente e à esquerda, com a
ponta deste voltada para o adversário. Flexionar ligeiramente os joelhos, inclinar o corpo
ligeiramente para frente, a arma na altura dos quadris.
c) Ao mesmo tempo, lançar o fuzil à frente com a ponta da baioneta voltada
na direção do adversário, empunhando o fuzil com ambas as mãos. Este movimento
deverá ser rápido e decisivo.
d) Abarcar o fuzil com a mão
esquerda, mantendo a palma da mesma, do
mesmo lado do fuzil, no ponto mais cômodo,
imediatamente à frente da braçadeira inferior;
braço esquerdo ligeiramente flexionado. Com a
palma da mão direita voltada para esquerda,
empunhar o delgado da coronha. Para evitar
que o dedo indicador seja contundido, empunhar o
delgado de maneira que este dedo fique logo
atrás do guarda mato. Manter o pulso apoiado de
encontro ao delgado, e a parte extrema da
coronha apoiada de encontro ao quadril direto.
Empunha firmemente o fuzil com ambas as mãos,
sem entretanto empunhá-lo com rigidez, ou
incliná-lo demasiadamente. Apontar a baioneta Fig 1 - Posição em Guarda

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para a base da garganta do adversário.
e) Distribuir o peso do corpo sobre ambas as pernas, pronto para deslocar-
se instantaneamente em qualquer direção.
f) Olhar vigilante, mantendo-o sobre a baioneta e o corpo do adversário.

2) Guarda curta.
Para entrar em guarda curta, partindo da posição de guarda, o
executante deve trazer o fuzil a retaguarda, de modo que a mão direita fique junto ao
quadril direito. Esta posição de transporte é aconselhada para deslocamentos através de
bosques densos e terrenos matosos, sobre trincheiras, em torno de edifícios, ou quando o
inimigo possa ser encontrado repentinamente, em espaços muito reduzidos.

3) Erros mais comuns.


a) Separação dos pés, não assegurando um equilíbrio estável;
b) Linha dos quadris não perpendicular à direção do inimigo;
c) O corpo muito erguido;
d) Falta de firmeza no ante-braço direito, por não manter a coronha de
encontro ao corpo;
e) Braço direito estendido ou demasiadamente flexionado;
f) Fuzil empunhado com rigidez, prejudicando a liberdade de movimento;
e
g) A ponta da baioneta muito alta.

c. Guarda Alta
1) Para entrar em guarda alta, partindo da posição de guarda, sem mudar a
posição dos pés e a empunhadura do fuzil, trazer a arma diagonalmente à frente do
corpo, para à esquerda e bandoleira para
frente, até que o pulso esquerdo fique na
altura e na frente do ombro esquerdo.
2) Emprego na transposição
de trincheiras e outros obstáculos.
a) Para saltar mantendo a
arma em guarda alta, o homem deve levar
a arma francamente para cima e para frente
no início do salto, e trazê-la à posição
normal, no fim do mesmo. Este salto será
também executado utilizando-se somente a
mão esquerda para empunhar a arma,
ficando, então, a direita livre para auxiliar a
limpeza do obstáculo.

Fig 2.A guarda alta


b) Para saltar, mantendo a arma na posição de guarda, o homem
levantará a arma, rapidamente, no início do salto, sem modificar a empunhadura, e
começará a descê-la, ao atingir o ponto mais alto do salto. A arma será trazida à posição
de guarda à medida que o homem finaliza o salto.

d. Mudança de Frente
Para executar a mudança de frente partindo da posição de guarda alta, girar para

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esquerda, fazendo pião no calcanhar do pé esquerdo (dianteiro), e retomar a posição de
guarda.

e. Pontada a Fundo
1) Execução
a) Para executar uma pontada a fundo, partindo da posição de guarda,
avançar o pé traseiro e dar uma estocada à frente, distendendo completamente o corpo.
b) Completar a distensão do corpo no momento em que o pé traseiro
atingir o solo. Durante esse movimento, o fuzil empunhado firmemente por ambas as
mãos, será orientado decididamente pela mão esquerda numa linha reta, em direção a
garganta ou contra outra parte vulnerável do adversário, em cuja guarda tenha provocado
uma brecha. Rapidamente distender totalmente o braço esquerdo, de modo que
a baioneta seja arremessada na direção do alvo. No momento da distensão total, manter
a coronha junto e de encontro ao antebraço direito, flexionar a perna dianteira, inclinar o
corpo bem à frente e
distender a perna de
trás.
c)
Manter os olhos no
ponto do ataque, durante
todo o movimento.
d) Se a
pontada for evitada,
aplicar rapidamente
outra pontada ou uma
pancada com a coronha.
O recuo e a recaída em
guarda, após o apontar,
deverão ser
instantâneos. Não
deverá nunca haver
demora na posição
distendida.
Fig 3 (1) Fig 3 (2)
Fig 3. Pontada a fundo, partindo da posição em guarda

e) A força da pontada a fundo provém dos braços ombros, costas,


pernas, e do peso do corpo. A distância de onde será lançada a pontada a fundo
depende do alcance e da velocidade do avanço do atacante. A distância máxima para
cada indivíduo é determinada nos ensaios em manequins de exercícios. É indispensável
que cada homem conheça seu alcance e seja capaz de julgar precisamente sua
distância de ataque, de modo que a pontada venha atingir o alvo, o mesmo será exercitado
em executar a pontada com qualquer dos pés a frente.

2) Erros mais comuns.


a) Deixar transparecer ao inimigo o momento da pontada ao recuar o
fuzil, antes de executá-la;
b) Executar a pontada somente com os braços, sem utilizar a força das
pernas e do corpo;
c) Executar a pontada com um ligeiro desvio, prejudicando uma penetração
direta a frente;

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d) Apontar com a direção da baioneta muito alta, ou formando um
angulo lateral com a direção do objetivo;
e) Apontar a coronha não apoiada de encontro ao ante-braço direito;
f) Não inclinar o corpo bastante a frente;
g) Perder o equilíbrio, em virtude de um passo demasiadamente grande;
h) Flexionar pouco o joelho da frente; e
i) Desviar os olhos do ponto a ser atacado.

f. Arrancamento depois de Apontar a Fundo


1) Execução - Para arrancar quando a pontada a fundo tiver sido
executada com o pé direito à frente, deve avançar-se a perna esquerda e retirar a arma na
mesma direção em que penetrou, para isso todas as forças, e inclinando o corpo para
trás pela distensão da perna dianteira. (Fig 04). Se necessário, manter-se-á o equilíbrio,
recuando mais o pé direito. Se a pontada a fundo tiver sido executada com o pé esquerdo
à frente, avançar o pé direito o suficiente, para manter o equilíbrio e arrancar de acordo
com o acima descrito. Se o adversário cair, colocar um pé
sobre seu corpo e arrancar o ferro. Em qualquer situação,
arrancar imediatamente , pronto para executar uma
pontada curta ou uma pancada com a coronha, retomar a
posição de guarda curta. Não demorar na posição final da
ponta a fundo.
2) Erros mais comuns.
a) Não fazer o arrancamento com
energia, em virtude de ter empregado somente os braços
no mesmo; e
b) Não arrancar a baioneta na
direção em que penetrou, em virtude de ter baixado a
coronha.

Fig 4. Arrancamento, depois de um pontada a fundo.

g. Pontada curta e arrancamento.


1) Execução - Estando na posição de guarda, guarda curta ou tendo
arrancado de uma pontada a fundo, a execução da pontada curta é idêntica a da pontada à
fundo, com a diferença de que, na pontada curta avança-se mais à frente, no momento
do golpe. (Fig 5). A pontada curta será empregada quando o inimigo for encontrado
repentinamente, ou quando estiver muito próximo para uma pontada a fundo. O
exercício abrangerá a prática da pontada curta com o pé direito e pé esquerdo à frente.
2) Arrancamento - O arrancamento de uma pontada curta é
semelhante ao de uma pontada a fundo. Terminado o arrancamento, retomar a posição
de guarda, ou executar uma outra pontada ou uma pancada com a coronha.

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Fig 5. Pontada curta, partindo da posição de em guarda

h. Batidas
1) Finalidade - A batida é uma ação destinada a criar uma brecha na
guarda adversária; consegue-se essa brecha, desviando-se a arma adversária da
direção do seu próprio corpo. O ímpeto da batida é, continuado por uma pontada ou
uma pancada com a coronha. A posição da arma adversária determinará a direção da
batida. A batida, invariavelmente, será feita numa direção que provoque a brecha mais
favorável à execução de uma pontada ou uma pancada com a coronha.
2) Execução
a) Batida à direita
(1) Para parar a direita, partindo
da posição de guarda, investir à frente como para uma
pontada a fundo. (Fig 6).
(2) Ao mesmo tempo, lançar a
arma diagonalmente à frente, e à direita, distendendo o
braço esquerdo na direção da batida, e deslocando a
coronha para a direita, a fim de manter a arma paralela a
posição que tinha, quando usada na posição de guarda.
A coronha deverá ser mantida firmemente de encontro
ao pulso e parte inferior do antebraço. Limitar o
movimento diagonalmente à frente, o necessário para
desviar a baioneta inimiga da frente do corpo.
(3) Aproveitando o passo dado
para a batida, continuar o ímpeto da investida com uma
pontada a fundo. A medida que a baioneta atinge a
lâmina adversária, desviando-a da direção do corpo e
produzindo uma brecha na guarda do adversário,
investir sobre ele num movimento contínuo.
Fig 6. Batida à Direita
(4) Para bater à direita, antes da pontada curta, executar o
movimento acima descrito, fazendo a batida, imediatamente antes do avanço à frente,
com a perna dianteira.

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b) Batida à esquerda - Para
bater à esquerda, investir à frente, como numa batida à
direita, lançar o fuzil à frente e à esquerda, de maneira
que a coronha fique aproximadamente a frente da virilha
esquerda, desviando a baioneta adversária da frente do
corpo. A batida à esquerda é seguida por uma pontada,
ou por uma pancada com a coronha, caso a ponta da
baioneta não esteja na direção do adversário.
3) Erros mais comuns
a) Não empregar a força e a
velocidade necessárias, em virtude de Ter utilizado
somente os braços, sem aproveitar o peso e o impulso
do corpo.
b) Fazer um largo movimento
lateral, sem avançar a arma.
c) Não fixar os olhos na arma
inimiga. Fig 7. Batida à esquerda

i. Pancada com a Coronha e Golpes Cortantes


1) Generalidades
O homem não deve utilizar no combate a baioneta as pancadas com
a coronha e os golpes cortantes quando for possível a pontada. Mas, poderá usá-los
vantajosamente em muitas situações, principalmente, quando uma pequena distância não
der o espaço necessário ao desencadeamento de uma pontada, ou imediatamente após
uma pontada que tenha sido evitada. Quando utilizar a pancada com a coronha, o
combatente poderá, muitas vezes, atingir o adversário na virilha, derrubá-lo, ou atingi-lo
nas pernas. Os golpes com a coronha e os golpes cortantes prestam-se aos combatentes
em trincheiras, bosques, terrenos matosos ou aos momentos em que um entrevero
generalizado restringir os movimentos.

2) Execução
a) Pancada vertical com a coronha -
Para executar a pancada vertical com a coronha, avançar com a
perna traseira e ao mesmo tempo
levar a coronha para à frente e para
cima, descrevendo um arco no plano
vertical em direção à virilha, plexo
solar, ou queixo do adversário, e
concentrar no golpe o peso de todo
o corpo. (Fig 8). Essas pancadas
poderão ser aplicadas, partindo-se de
uma posição agachada, quando os
objetivos forem pontos baixos do
corpo do adversário, ao mesmo
tempo que a este se oferecerá um
alvo pequeno e difícil.
Fig 8. Pancada vertical com a coronha

b) Pancada com o coice - Se o adversário recuar e evitar a coronha


vertical, avançar rapidamente com a perna esquerda (Fig 9) e dirigir energicamente a
chapa da soleira contra a cabeça do inimigo, distendendo completamente os braços à

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Fig 9. Pancada com coice

frente, e avançando o pé direito para manter o equilíbrio.


c) Golpe cortante - Se o inimigo recuar fugindo novamente ao
alcance da pancada com a coronha, ou cair, continuar o avanço, cortando diagonalmente,
para baixo com a baioneta. Orientar o golpe cortante em direção à junção do pescoço
com o ombro, atingindo esse ponto ou qualquer ponto da cabeça, garganta ou braços. Se
o golpe cortante falhar, o atacante deverá agir de modo que, falhando no golpe, fique
aproximadamente na posição de guarda, para continuar energicamente o ataque Serie de
pancadas horizontais com a coronha. Numa série de golpes desta espécie, o fuzil será
mantido no plano horizontal, em lugar do plano vertical onde normalmente é mantido.
d) Pancada horizontal com a coronha - Para executar a pancada
horizontal com a coronha partindo da posição de guarda (Fig 11), avançar violentamente,
levando à frente o pé traseiro, girando a coronha em arco, diagonalmente, para cima, em
direção a cabeça ou corpo do adversário.

Fig 10 - Golpe Cortante Fig 11. Pancada horizontal com a coronha

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e) Pancada com o coice - Se o adversário recuar e evitar a pancada
horizontal, aplicar uma pancada com o coice, mantendo a coronha na horizontal. Se a
pancada com o coice não atingir o adversário, continuar o ataque com um golpe cortante,
executando o movimento de maneira idêntica à prescrita para o golpe cortante vertical.

3) Erros mais comuns.


a) Não atingir o adversário;
b) Não empregar a força do braço e do corpo no movimento, o que
ocorre, quando o plano do braço direito flexionado não está no plano do fuzil-baioneta; e
c) Velocidade insuficiente.

3. TÁTICA PARA O COMBATE EM GRUPOS


a. Generalidades
1) Embora o combate a baioneta seja individual, cada homem deve
compreender, desde o início, que combate para a unidade que é parte, e não para si
mesmo, isoladamente. Quando um grupo de combatentes assalta uma posição adversária,
nenhum de seus componentes pode saber com que inimigo se defrontará, até que os
assaltantes entrem no raio de ação do combate a baioneta. Ninguém sabe se
encontrará e será atacado repentinamente por diversos inimigos ao mesmo tempo, ou se um
ou mais amigos enfrentarão um mesmo adversário. Os combatentes que estiverem
exercitados para a luta em conjunto e possuírem presença de espírito para tirar
rapidamente vantagens dessas diferentes situações ganharão supremacia numérica
momentânea.
2) Se dois homens, enfrentado repentinamente um adversário, forem
capazes de abatê-lo em poucos segundos, poderão rapidamente atacar um outro
adversário. Tal sistema de assalto, nos instantes iniciais críticos de um encontro corpo a
corpo, poderá reduzir o efetivo inicial do inimigo de muitos homens. Em mais alguns
instantes, o emprego dessa tática poderá acarretar o aniquilamento total da guarnição
assaltada. No entanto, se faltar aos homens das vagas de assalto uma técnica já
exercitada, de combate em grupos, um único adversário poderá, por alguns segundos,
manter à distância dois atacantes, e durante este tempo, um de seus camaradas poderá
correr em seu auxílio e anular a vantagem inicial de dois para um. Para ser eficiente, a
tática de combate em grupos precisa ser simples e flexível, até o momento em que se
defrontam os combatentes a poucos passos, uma vez que é impossível predizer qual
será a verdadeira situação do encontro. Os movimentos deverão ser rápidos e
automáticos, porque a rapidez e a confusão do combate corpo a corpo raramente
permitirão a coordenação do ataque à voz.

b. Tática do Combate em Grupos


1) Dois contra um
a) Aproximação - Dois combatentes,
fazendo parte do escalão de ataque, aproximam-se de um
inimigo. Uma vez que, nessa ocasião, ainda não sabem o
que fará o inimigo, não poderão planejar uma ação
coordenada. Por isso, os homens avançarão diretamente à
frente em marche-marche, sem qualquer convergência sobre
o adversário.

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b) Contato – A medida que atinge a distância do combate corpo a
corpo, um deles será
enfrentado pelo adversário. O
homem enfrentado avançará
sobre o inimigo, em um ataque
frontal. O outro avançará
rapidamente para o flanco
oposto. do adversário e, em
seguida, voltar-se-á vivamente
para atingir as costas do inimigo
ou seu flanco oposto. (Ver
também as figuras Fig 11 a 12 e 13).
Fig 11b Fig 11c.

c) Ataque alternado -
Se o adversário voltar- se repentinamente
para o atacante do flanco, a fim de defender-
se, ficará exposto, conseqüentemente à
arma do homem que fez o ataque frontal.
Este deverá atingi-lo imediatamente. Em
qualquer desses ataques, normalmente, o
homem que mata é o que não está engajado
de perto com inimigo. (Fig 14). Toda a
operação é levada a cabo em poucos
segundos. A aproximação, o contato e o
assalto serão executados como atos contínuos. Fig 12. Tática de combate em grupos,
dois contra um. Aproximação.

Fig 13. Fig 14.

2) Três contra dois.


a) Três atacantes aproximam-se de dois adversários. Nesta fase
nenhum dos três
sabe quem será
inicialmente atacado
pelo inimigo; não
obstante, todos os
três devem avançar
diretamente à frente
em marche-marche.

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b) Contato - Quando atingirem a distância do combate corpo a
corpo, dois dos homens serão normalmente atacados pelos dois adversário. Um
atacante ficará, assim, momentaneamente livre; continuará, então, seu avanço para a
frente, até se colocar no flanco oposto do inimigo mais próximo, ou mais acessível, de onde
deverá voltar-se rapidamente para este adversário e atingi-lo no flanco oposto, como no
caso do combate de dois. Os outros dois atacantes manterão seus ataques frontais, com
um dos adversários fora de combate, o outro será ferido no flanco pelo primeiro dos
combatentes livres, que puder atingi-lo. Se qualquer dos adversários, que for atacado de
flanco, voltar-se para se defender, ficará exposto à arma do atacante que executa o
ataque frontal.

3) Dois contra três - Numa situação em que dois combatentes tiverem


que fazer frente a três adversários, deverão deslocar-se para os flancos, deixando o
adversário do centro para ser atacado em último lugar. Quando um dos atacantes tiver
posto fora de combate seu oponente, atacará imediatamente o adversário que
permaneceu no centro.

4) Um contra dois - Quando um homem enfrentar dois adversários,


deverá avançar com rapidez, e imediatamente dirigir-se para o flanco exterior de um dos
adversários. Em nenhuma circunstância deixar-se-á apanhar entre eles. Deslocando-se
rapidamente de um lado para outro, para o que melhor lhe convier, manterá o inimigo mais
próximo entre ele e o mais afastado e procurará por fora de combate um adversário de
cada vez.

4. DESARMAR ADVERSÁRIOS MUNIDOS DE BAIONETA OU FACA


a. GENERALIDADES
1) O homem que no combate ficar desarmado em virtude da perda ou
inutilização de sua arma, não está ainda perdido. Terá duas coisas a fazer: apanhar
imediatamente outra arma, qualquer que seja, e continuar a luta; se isto não for possível,
tratará de desarmar seu adversário e matá-lo com sua própria arma.
2) O homem, temporariamente desarmado, reagirá agressivamente, como se
estivesse armado. Com seus olhos, cérebro e músculos se preparará para um oportuno
combate corpo a corpo. O justo momento, dar-se-á no instante em que o adversário assaltar
ou executar uma pontada, quando ficará momentaneamente incapaz de recobrar-se ou
opor-se a uma repentina manobra do adversário desarmado.
3) Os princípios básicos para desarmar são:
a) Não desperdiçar, ou denunciar ao atacante o movimento que pretende
executar, antes que este se lance à carga; e
b) Qualquer que seja o movimento a empregar, utilizá-lo até o último
momento possível, empregando o máximo de rapidez.
4) Os movimentos para desarmar, aqui descritos, são manobras simples.
Pelo exercício continuado, esses movimentos se tornarão instintivos. Se o homem não

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for, de início, bem sucedido em arrebatar a arma do adversário, diversos movimentos
suplementares de ataque poderão ser empregados eficazmente. Tais movimentos são:
a) Aplicar uma joelhada na virilha do adversário, atingir-lhe com o pé o
joelho, canela ou peito do pé;
b) Golpear o adversário com o cotovelo, com o punho cerrado, ou
aplicar-lhe cutiladas, com o fio da mão, na cara, na garganta, no pescoço ou no plexo
solar;
c) Cravar os dedos retesados nos olhos ou na garganta; e
d) Atirar, repentinamente, alguma coisa nos olhos do atacante armado,
quando este se aproximar, de maneira a distraí-lo momentaneamente, obtendo uma
oportunidade para arrebatar-lhe a arma.

b. Desarmar um homem munido de baioneta


1) Primeiro processo - Com a
mão direita parar a baioneta do adversário
para a esquerda e, ao mesmo tempo, dar
um passo lateral à direita, com a mão
esquerda, palma para cima, agarrar o fuzil
entre as braçadeiras. Então, com a face
externa da mão direita, golpear a parte
interna da articulação do cotovelo esquerdo
do adversário e agarrar seu antebraço.
Segurando firmemente o fuzil avançar
rapidamente pelo lado esquerdo do
atacante num movimento enérgico,
empurrar a arma para cima e para trás em
arco, sobre o ombro do adversário. Se este
ainda continuar segurando o fuzil, golpeá-
lo ou atingir-lhe com o pé arrancando a
arma já frouxa; voltar-se a atacar o
inimigo, empregando a baioneta
arrebatada.
Fig 15. Primeiro processo para desarmar um adversário

2) Segundo processo - Com a mão esquerda parar a baioneta do adversário


para a direita e ao mesmo tempo, dar um passo lateral à esquerda. Com a palma da mão
direita voltada para cima, segurar o fuzil entre as braçadeiras. Então, com a palma da
mão esquerda voltada para baixo, agarrar a arma na altura do depósito e girá-la
vivamente para cima e para trás, em arco, por cima do ombro do atacante. Segurando
o fuzil firmemente, com ambas as mãos, ultrapassar rapidamente o atacante pelo lado,
arrebatando-lhe a arma; aplicar-lhe, então, pancadas com a coronha ou voltar-se para
atacá-lo com a própria baioneta.

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Fig 16. Segundo processo para desarmar o adversário.

c. Desarmar um homem munido de faca


1) Generalidades - As ações básicas para desarmar um adversário armado
de faca são: desviar a facada e imediatamente, aplicar no atacante um golpe que o force
a largar a arma. Os movimentos aqui descritos para um homem, são os que deverão ser
empregados por um combatente que tenha de enfrentar um atacante, armado de faca na
mão direita. Se o atacante for canhoto, os movimentos sofrerão uma adaptação: o
preconizado para a mão direita será feito pela esquerda e vice-versa.
2)Golpe de cima para baixo - Parar o braço do adversário antes que o mesmo
se distenda, com o ante-braço direito; e flexionar o pulso para evitar que o braço do
adversário escorregue para os lados. Avançar a perna direita, aplicando contra o inimigo
uma joelhada na virilha, ou se isso não for possível, ultrapassá-lo para proteger o corpo.
Passar o antebraço direito por baixo e por trás do braço do adversário e segurar o próprio
pulso esquerdo, com a mão direita. Fazer uma pressão para trás, a fim de forçar o
adversário a largar a faca, e possivelmente, deslocar-lhe o cotovelo.
3) Golpe de baixo para cima - Dar rapidamente um passo lateral à
esquerda, fugindo ao golpe, empurrando ao mesmo tempo com o braço esquerdo, o
braço do adversário para o lado oposto. Com a mão direita, agarrar o pulso direito do
adversário, fazendo simultaneamente uma pressão sobre seu cotovelo direito, com o
antebraço ou mão direita. À medida que vai sendo torcido o pulso do adversário, a mão
direita continua a pressão sobre seu cotovelo, exercendo-a de cima para baixo.
Colocando uma perna na frente da perna do adversário, que estiver mais próxima, poderá
calçá-lo, e derrubá-lo no solo.

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Fjg 17. Processo de parar um golpe de faca, desfechado de cima para baixo.

4) Outros tipos de ataque - Um adversário, que vibra sua arma em rápidos


arcos em todas direções, e não emprega o golpe de cima para baixo e nem o de baixo
para cima, será dificilmente desarmado. O melhor será, então, manter-se fora do raio de
ação de sua arma, e atirar-lhe qualquer coisa na cara ou golpear-lhe os joelhos,
enquanto mantém-se alerta para o corpo a corpo, aproveitando qualquer brecha.

Fig 18. Processo de parar um golpe de faca, desfechado de baixo para cima.

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5. CONSELHOS AOS INSTRUTORES
a. O Instrutor
1) O instrutor deve ter bom físico e ser capaz de demonstrar pessoalmente
todos os movimentos e posições; além disso, deve possuir um grande entusiasmo, vigor
e as qualidades de chefe, capazes de despertar nos instruendos a serem exercitados a
melhor boa vontade. Essas qualidades ou sua falta se refletirão no aproveitamento dos
homens.
2) O instrutor deve incutir nos homens que o combate a baioneta poderá ser
a coroação de extenuante progressão ou de uma defesa determinada, ocasião em que
estarão fisicamente quase exaustos. Por isto, durante o exercício, o instrutor salientará a
importância do espírito ofensivo do combate a baioneta, baseado no poder da vontade,
mesmo quando o aniquilamento das forças físicas for iminente
3) O instrutor deverá evitar ações violentas, disparatadas ou desordenadas.
Deverá fazer uma exposição clara, precisa e encorajadora para conseguir atenção e
aproveitamento por parte dos instruendos.
4) O instrutor não empregará nem animará o emprego de palavras ofensivas
para incutir no instruendo o espírito combativo. Deverá encorajar as exclamações
espontâneas, mas não exigirá exclamações forçadas. Gritos não substituem o
entusiasmo e a habilidade.
5) Antes de começar o exercício, os homens deverão estar em boas
condições físicas. A adaptação física posterior é progressiva. Para obter os melhores
resultados, o instrutor não deve exigir que os instruendos fiquem com os músculos
excessivamente doloridos.
6) As explicações e demonstrações serão simultâneas, breves e claras. Os
instrutores, primeiro, deverão fazer as demonstrações na cadência do combate real;
depois numa cadência bem lenta e com interrupções para explicações, de maneira que
os pormenores do movimento se tornem claros aos instruendos.
7) O instrutor salientará a importância da rapidez, do equilíbrio, da
oportunidade e da avaliação das distâncias. Uma vez que a tensão dos músculos
contraria todas essas qualidades, uma atenção especial deverá ser dada ao relaxamento
dos mesmos.
8) Cada homem deve pensar e agir por si mesmo. Por isso, o instrutor
deverá evitar a tendência nociva, de transformar o exercício em “ordem unida”. O
exercício a comando só deverá ser utilizado no início do treinamento. Tão cedo quanto
possível, o exercício pelo processo instrutor-instruendo, a fim de assegurar a
coordenação de vista e dos músculos, sem voz de comando.
9) Durante a instrução sobre a tática de combate em grupos e nas pistas
de assalto, será ensinado aos homens como agir em conjunto.

b. Organização das Turmas


1) Formação em massa - Uma formação em massa, que não ultrapasse de
200 homens, poderá ser empregada durante os exercícios das fases da instrução técnica
do emprego da baioneta, posições e movimentos. Essa formação é semelhante à
utilizada para os exercícios calistênicos, com a diferença de que deverão ser
aumentados os intervalos e as distâncias entre os homens. Esta formação será
vantajosa quando se quiser aproveitar as virtudes de um instrutor de excepcionais
qualidades de chefe, que possa incutir entusiasmo e eficiência à massa de instruendos.
Auxiliares treinados (monitores) ajudarão o controle do exercício, fazendo as correções
necessárias. Os retardatários deverão ser retirados da formação para instruções
complementares.

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2) Formação das escolas.
a) Para o exercício de combate a baioneta em pelotões ou escola,
menores os homens formarão em linha, em duas fileiras, com os intervalos normais. O
instrutor designará como base, um homem da fileira de trás, o qual tomará
imediatamente a posição de guarda alta. O instrutor, em seguida, comandará PARA O
EXERCÍCIO DE BAIONETA BASE TAL HOMEM, PERFILAR a voz de perfilar o homem
base tomará a posição de guarda. Os demais instruendos da fileira de trás deslocar-se-
ão rapidamente para a direita e para a esquerda, respectivamente afim de ficarem três
passos de intervalos uns dos outros, e mantendo-se voltados para a frente, tomarão a
posição de guarda. Os homens da fileira da frente deslocar-se-ão rapidamente para uma
posição a dez passos de distância, e imediatamente a frente da fileira base, farão então
meia volta e tomarão a posição de guarda. Os homens se deslocam para as posições
mantendo os fuzis em guarda.
b) Para colocar a escola em forma, o instrutor comandará: LINHA EM
DUAS FILEIRAS, PERFILAR! À voz de perfilar, o homem-base já designado, toma a
posição de «sentido». Todos os outros entram em forma, alinhando-se pelo homem-base
e tomam, também a posição de «sentido». Para adotar uma formação para instrução
mais pormenorizada, partindo da formação em duas fileiras descritas acima, o instrutor
colocar-se-á numa das extremidades da escola, e determinará que as extremidades
opostas fechem sobre o centro, de maneira que a escola tome a formação em «U».
Essa formação é favorável a uma exposição ou demonstração que possa ser vista e ouvida
por toda a escola. Tendo finalizado a demonstração, o instrutor comandará: AOS SEUS
LUGARES!
3) Emprego do bastão de treinamento. Quando os instruendos tiverem
aprendido as posições e os movimentos, seja na formação em massa, seja nas
formações de pelotão ou escolas menores, os homens continuarão a praticar,
trabalhando em pares, pelo processo instrutor-instruendo e usando o bastão de
treinamento. Manejando o bastão de treinamento, o instrutor será rápido e agressivo.
Deslocar-se-á rapidamente, oferecendo alvos lógicos à distâncias apropriadas, e evitando
restringir a liberdade e o vigor de movimentos do instruendo. Ficará atento para descobrir e
corrigir os erros cometidos pelo instruendo. O processo instrutor-instruendo permite uma
instrução individual, e proporciona variedade pelo freqüente rodízio de funções, e é um
excelente meio de desenvolver a coordenação, tanto do instrutor quanto do instruendo.
4) Exercícios preparatórios - Cinco ou dez minutos dedicados aos exercícios
preparatórios, no início das sessões de treinamento, ajudarão a descontrair os homens,
e a coordenação dos músculos a serem usados no combate a baioneta. Os exercícios
poderão compreender ações de boxe, luta livre, disputas pessoais, e jogos coletivos que
interessem o trabalho de equipe. Os exercícios calistênicos não são recomendados com
este fim.

c. Sequência dos Exercícios


A seguinte sequência é sugerida no início do treinamento para o combate
a baioneta. As sessões não deverão exceder de 50 minutos.
1)Primeira sessão.
a) Palestra: O espírito do combate a baioneta.
b) Posições e movimentos,
(1) Guarda e guarda curta;
(2) Guarda alta;
(3) Voltas;
(4) Pontada a fundo e arrancamento; e
(5) Pontada curta e arrancamento.

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c) Exercícios práticos, na formação em massa, sob controle centralizado;
nas escolas do pelotão ou efetivos menores, sob o controle dos monitores.

2) Segunda sessão
a) Recordação da sessão anterior b) Novos movimentos
(1) Pancada vertical com a coronha e volta à guarda;
(2) Pancada horizontal com a coronha e volta à guarda;
(3) Batida à direita, pontada, arrancamento; executado por duplas,
trocando-se as funções, repetir na cadência do marche-marche; e
(4) Batida à esquerda, pancada vertical com a coronha; executada
por duplas, trocando-se as funções.

3) Terceira sessão
a) Recordação das sessões anteriores b) Novos movimentos
(1) Série de pancadas verticais com a coronha;
(2) Série de pancadas horizontais com a coronha; e
(3) Batidas e pontadas contra manequins executadas quando parado
ou em movimento.

4) Quarta sessão
a) Revisão das sessões anteriores
b) Instruções preliminares sobre o bastão de treinamento
c) Batidas e pontadas com o bastão de treinamento, processo do instrutor-
instruendo, sabre- baioneta sem a respectiva bainha
d) Batidas e pontadas contra manequins executadas na cadência do
marche-marche.

5) Quinta sessão
a) Revisão (prática de pontadas e batidas com o bastão de treinamento)
b) Pancadas com a almofada do bastão de treinamento
c) Tática do assalto em grupos: dois contra um, sabre-baioneta com
bainha; e
d) Batidas e pontadas contra manequins executadas na cadência de
marche-marche

6) Sexta sessão
a) Revisão de todos os movimentos com o bastão de treinamento b)
Tática do combate em grupos
(1) Dois contra um
(2) Três contra dois
(3) Dois contra três
(4) Um contra dois
c) Pista de assalto, ao passo.

7) Sétima sessão
a) Revisão
b) Pista de assalto, em marche-marche.

8) Oitava sessão
a) Desarmar um adversário munido de fuzil-baioneta ou faca b) Pista de
assalto, em marche-marche.

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9) Décima sessão
a) Revisão de: desarmar um adversário munido de fuzil-baioneta ou faca.
b) Pista de assalto em marche-marche, equipamento completo A
repetição constante das sessões de treinamento é necessária para treinar e manter o
homem em boas condições. Essas sessões deverão ser orientadas nos moldes do
treinamento básico aqui esboçado. Uma prática de vinte minutos, três dias por semana,
é indispensável para manter a forma e a perfeição física. Durante essas sessões a
importância dos exercícios na pista de assalto, e de outros exercícios de natureza
enérgica deverão ser levados em consideração.

d. Como conduzir o treinamento


1) Os cobre-miras serão colocados sempre nos fuzis para esses exercícios.
2) O instruendo, inicialmente, treinará os movimentos em cadência lenta,
em vez de treiná-los por tempo, para adquirir perfeição e precisão na execução. Em
seguida, aumentar-se-á essa cadência, a fim de desenvolver progressivamente maior
rapidez e agressividade.
3) Os exercícios iniciais das batidas compreenderão batidas reais da arma
adversária, a fim de que o instruendo adquira o sentido da distância, da força e da
oportunidade. Os instruendos deverão estar formados em duas fileiras, e exercitar-se
pelo processo do monitor-instruendo. Ambas as fileiras usarão a bainha nos sabres-
baionetas. Os instrutores orientarão os monitores para que estes executem as pontadas
com a rapidez duas vezes menor que a normal. Os instruendos deverão, também,
executar as batidas à direita e pontadas, batidas à esquerda e pontadas, ou pancadas
com a coronha em meia cadência. Depois de praticar por um minuto à vontade, o
instrutor determinará que o monitor passe a instruendo e vice-versa. E supervisionará e
controlará o exercício para corrigir os erros, evitar a displicência no trabalho e distribuir o
exercício equilibradamente, entre as duas fileiras. Limitará os exercícios a períodos breves.
4) Tão logo os homens alcancem o grau de eficiência na execução das
posições e movimentos, começarão a utilizar o bastão de treinamento. Sua finalidade é
dar ao instruendo um pequeno alvo que ele possa atacar com rapidez, força, precisão e
agressividade, sem constituir perigo para o monitor. O instruendo utilizará a baioneta
sem a bainha para que, tanto ele quanto o monitor, se acostumem a vê-la.
5) O treinamento contra manequins suspensos ajudará a aferição das
distâncias, do equilíbrio e da força. O instrutor insistirá na máxima distensão do corpo e
da arma para obter alcances máximos.
6) Os exercícios da tática de assaltos em grupos e de pistas de assalto
desenvolverão as qualidades essenciais do combate em equipes.
7) Durante o treinamento, o instrutor exercitará os homens a descobrir e
aproveitar instantaneamente qualquer brecha na guarda adversária, desenvolvendo a
coordenação entre os olhos e os músculos e uma rapidez mental e física. Combaterá
todas as tendências para manejos rígidos, maquinais ou constantes, e reações lentas
face a situações inopinadas.
8) O instrutor aperfeiçoará as técnicas de treinamento que venham auxiliar
o desenvolvimento das qualidades essenciais do combatente a baioneta e as acrescentará
às técnicas de treinamento aqui prescritas.

e. Meios Auxiliares de Instrução


1) Manequins - Como meios auxiliares de instrução deverão ser construídos
manequins de diferentes tipos.
a) Os manequins para pontadas podem ser construídos comprimindo-se
certa quantidade de vegetação apropriada, tais sejam: cana, vime, bambu, capim, alfafa,

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prensada em feixes de forma retangular, com a dimensão de 90, por 30, por 22
centímetros, aproximadamente. Este material é amarrado com arame ou corda, tendo
um papelão num dos lados, o feixo assim formado é envolvido num tecido de juta ou de
outro material adequado.
b) Os tipos de manequins assim construídos e os dados a respeito dos
mesmos estão especificados nas figuras 19, 20 e 21.

Fig 19. Manequins para golpes. (1) Manequim sobre armação fixa

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Fíg 19. (2) Manequim oscilante. (Pode obter-se a livre oscilação no treinamento
avançado, soltando-o da ancoragem).

Fig 20 Manequim para paradas e golpes

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Fig 21. Manequim móvel para golpes (com armação fixa no solo)

Onde se precisar de grande quantidade de manequins, os processos


mecânicos de sua construção deverão ser aperfeiçoados. Para pormenores sobre a
construção da prensa manual, ver a figura 22.

Fig 22. Prensa para construção de manequins para golpes.

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As minúcias sobre a construção de manequim para pancada vertical com
a coronha estão especificadas na figura 23.

Fig 23. Manequim para pancadas verticais com coronha.

O manequim para pancada horizontal com a coronha é feito, enchendo-se


sacos de juta ou outro tecido forte com material leve, como por exemplo: palha ou trapos
velhos Para pormenores da construção desses manequins ver a figura 24.

Fig 24. Manequim móvel para pancadas horizontais com a coronha (armação fixa ao solo)

Os manequins suplementares para serem utilizados na pista de assalto, e


os obstáculos sugeridos constam das figuras de 25 a 35, inclusive.

Fig 25. Manequim colocado no fundo duma cratera

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Fig 26. Abrigo individual (posição deitada), tendo no fundo um manequim.

Fig 27. Toca apresentando uma cabeça exposta, para ser atacada por estocadas.

Fig28. Obstáculos a serem transpostos como se fosse uma escada horizontal. Altura
variável; intervalos também variáveis; nunca, porém maiores de 65 cms.

Fig 29. Viga em equilíbrio e escada horizontal.

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Fig 30. Cerca para saltar.

Fig 31. Barreira a ser escalada.

Fig 32. Fosso para saltar.

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Fig 33. Túnel para rastejar.

Fig 34. Cerca com duplo bordo.

2) Manequins suspensos - Quando os instruendos tiverem aprendido a


técnica da pontada a fundo e da pontada curta, deverão ser treinados nas pontadas
contra discos de papel, ou círculos pintados nos manequins suspensos. Os grupos não
devem exceder de seis a oito homens por manequim. Os homens munidos de baionetas
sem as respectivas bainhas agirão da seguinte maneira:
a) O instrutor riscará uma linha-base no solo para as primeiras
pontadas, fará em seguida uma distensão total de corpo e de fuzil em uma pontada a
fundo, a fim de determinar a localização exata dessa marca. Essa marca será riscada na
posição que ocupar o pé dianteiro. Uma vez que a contínua preocupação com a linha-base
desvia para a posição do pé a atenção da pontada a ser executada; o instruendo deverá
abandonar a utilização da linha-base, tão logo se familiarize com o alcance de sua pontada.

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Fig. 35 Manequim para ações de surpresa, dependurado em galhos de árvore ao longo da


pista de assalto. O manequim deve ser atacado pelo homem, no momento em que for
descido em seu caminho. Pode usar-se mais de um desses manequins numa mesma
pista.

b) De início, o instruendo executará a pontada parado, em seguida,


começará a apontar após ter dado alguns passos. Gradualmente aumentará a distância e
a velocidade do avanço. E, finalmente, fará o avanço em marche-marche, de um ponto
situado a 20 passos do manequim. Quando estiver a 5 passos do manequim, o
instruendo tomará a posição de guarda antes de executar a pontada. Avançará
naturalmente, sem se preocupar com o pé que terá à frente, quando executar a pontada.
c) Após ter realizado o acima prescrito, o homem executará uma pontada
a fundo em um círculo, e uma ou várias pontadas curtas em outros círculos, em rápida
sequência.

3) Tábuas para o exercício de arrancamento


a) O instrutor empregará «tábuas de arrancamento» para ensinar como
utilizar o peso de todo o corpo, ao fazer um arrancamento, quando a baioneta ficar muito
presa, após uma pontada contra o adversário.
b) As «tábuas de arrancamento» podem ser quaisquer pedaços de
madeira, com 1,5 a 2,5 cm de espessura, 10 cm de largura e 45 a 60cm de comprimento,
pregados numa estacada de manequim suspenso, com a seção de 10 por 10 cm, por
meio de pregos ou parafusos, de maneira que somente a extremidade inferior da tábua
fique presa. A distância da tábua ao solo deverá ser de 1,05 metros.
c) O instruendo enfia a lâmina da baioneta entre a tábua e a estaca. O
monitor fará, então, pressão na parte superior da tábua, servindo-se dela como alavanca,
de modo que a baioneta fique presa A dificuldade do arrancamento comprovará ao
instruendo a necessidade de empregar uma técnica apropriada para retirar a baioneta.

4) Bastão de treinamento
a) O bastão de treinamento é feito de uma madeira com 1,80 metros de
comprimento e 2,5 cm
de diâmetro. Tem uma de suas extremidades enrolada com trapo ou pano em forma de

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almofada; e, na outra extremidade uma argola de 12 cms, feita com corda forte ou fio
grosso de arame encapado.
(1) Quando o monitor colocar no solo qualquer das extremidades do
bastão, o instruendo tomará imediatamente a posição de guarda, (Fig 36 (1)), e
ameaçara o monitor com sua arma, tão logo esteja na distância de ataque. O monitor
oferecerá então qualquer das pontas do bastão, variando as posições.
(2) Se for apresentada à argola, o instruendo aplicará uma pontada a
fundo ou curta, função da distância que se encontrar do bastão. (Fig 36 (2)). Se acertar a
argola executará o arrancamento e retomará a posição de guarda, continuará o ataque se
for oferecido outro alvo.
(3) Se a extremidade da almofada for apontada na direção do
instruendo (Fig 37 (1)), este fará uma batida à direita ou à esquerda. Fig 37 (2)). Deve
tomar-se cuidado a fim de que o monitor não atinja o instruendo com o bastão. Se forem
aplicados golpes transversais com o bastão, o instruendo executará provavelmente uma
batida transversal.

Fig 36. Pontada contra a argola do bastão de treinamento.

Fig 37. Pontada contra a extremidade almofadada do bastão de treinamento.

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(4) Se o monitor apresentar a almofada do bastão, o instruendo


aplicará contra ela uma pancada com a coronha. Se falhar neste golpe, aplicará, então,
um coité ou uma pancada com o coice, até que consiga atingir a almofada. Quando tiver
atingido o alvo, retomará a posição de guarda, e continuará a atacar, se o monitor
continuar a oferecer-lhe o alvo. Para desenvolver a precisão do instruendo, inicialmente o
monitor deixará que ele atinja o alvo. No entanto, à medida que o mesmo for adquirindo
precisão e rapidez, o monitor desviará o alvo para fazer com que o instruendo erre. O
monitor preparará, então, o bastão para o ataque seguinte. Sempre que o instruendo
acertar a argula com uma pontada, ou atingir a almofada com uma pancada com a
coronha, automaticamente retomará a posição de guarda, pronto para continuar o ataque.
b) Para as batidas, o monitor empunhará o bastão de treinamento, como se
fosse um taco de sinuca, com a extremidade da almofada voltada na direção do
instruendo. O monitor ficará a 3,60 metros a frente do instruendo. Orientando inicialmente
o bastão com a mão esquerda. o monitor dirigirá a ponta almofadada do bastão
diretamente contra a cabeça ou tronco do instruendo, distendendo o corpo à frente. O
instruendo executará a batida na direção mais conveniente. O monitor apresentará, logo
em seguida, um alvo apropriado ao ataque, que devera seguir à parada.

f. Exercícios Táticos de Combate em Grupos


1) Generalidades
Os exercícios táticos do combate em grupos não serão iniciados,
enquanto o homem não estiver bem exercitado na técnica da baioneta. Os homens
receberão os exercícios táticos do combate em grupos, reunidos em equipes de três a cinco
instruendos com as baionetas armadas, sem bainhas. Os movimentos serão executados
como no combate real, com a diferença de que o inimigo simulado será atingido de
leve, por um «golpe mortal» simulado. Os adversários (defensores) nos exercícios de
combate em grupos não tomarão a ofensiva, ficando na defensiva a fim de poder mostrar-se
completamente ao atacante, os princípios e a tática desse processo de combate.
Quando qualquer dos componentes do exercício tiver sido atingido no corpo por uma
baioneta adversária, se ajoelhará (comum dos joelhos), e permanecerá assim, até que
termine o turno do exercício. Depois de aprenderem as regras, os instruendos farão o
rodízio, de modo que todos possam exercitar-se em cada posição, várias vezes.
Inicialmente, o exercício será executado a meia velocidade, realçando-se as posições e
a coordenação dos movimentos. Quando os homens tiverem adquirido estes
conhecimentos essenciais, aumentar-se-á a cadência, até se atingir a velocidade máxima
2) Sequência dos exercícios - A tática do combate em grupos será praticada
na seguinte sequência:
a) Dois contra um adversário.
b) contra dois adversários
c) contra três adversários
d) Um contra dois adversários.

g. Pista de Assalto
1) Finalidade - O treinamento na pista de assalto prescrito na sexta sessão
e nas sessões seguintes tem as seguintes finalidades:
a) Proporcionar um treinamento sob condições semelhantes às do
combate real.
b) Ajudar o combatente a desenvolver agilidade, força e rigidez.
c) Oferecer um desafio à decisão e à força de vontade do instruendo, qualidades essas

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essenciais no combate a baioneta.
d) Proporcionar meios para incutir nos instruendos reflexos da tática do
combate em grupos e ação de conjunto.
e) Possibilitar a aferição da capacidade do combatente.
f) Proporcionar o recurso de manter em forma o combatente por meio
de exercícios periódicos, contínuos, incluindo-se práticas de acordo com o tempo
disponível.

2) Descrição
a) As pistas de assalto deverão ser construídas em terreno acidentado
e, de preferência matoso. O comprimento da pista poderá variar de 180 a 270 metros. O
número e o tipo dos obstáculos dependerão das condições locais e da engenhosidade
do construtor. O construtor deverá aproveitar os obstáculos naturais, tais sejam: riachos,
ravinas, dobras do terreno, e árvores grossas. Completará o ambiente com obstáculos
artificiais, tais sejam: trincheiras, fossos, crateras, redes de arame, cercas, caminhos com
leito de troncos, (estivas), escadas horizontais, etc.
b) Os alvos deverão consistir de manequins dispostos em pontos
escolhidos, sendo de preferência móveis, a fim de que a pista possa ser alterada com
frequência. O construtor deverá colocar alvos suspensos em vários pontos e manequins
dependurados em árvores, de maneira que surjam à frente do atacante, quando este se
aproximar. Poderá organizar manequins em armações com dobradiças, de modo que
surjam detrás de árvores ou moitas, quando o atacante se aproximar. Manequins para
pontadas e pancadas com a coronha poderão ser montados em estacas de 10 por 10
cm, dispostos nos quadros da armação de estacas, de acordo com a figura 20. O
construtor poderá localizar diversas armações de estacas na pista, para que possam ser
modificadas as posições dos manequins no curso da mesma, transferindo-se os
manequins de uma para outra armação. Poderá, também, construir diversos alvos
especiais para o exercício da tática de assalto em grupos.
c) A pista deverá ter seis subpistas, (com uma série completa de
obstáculos para cada subpista), de modo que possa ser percorrida por um grupo
chefiado por um sargento comandante, por um cabo auxiliar ou por outro chefe
designado.

3) Como orientar o exercício na pista


a) Em virtude das variações do terreno e diferenças nas disposições dos
obstáculos e manequins, não deverá haver um tempo, limite fixo, para que a pista seja
percorrida. Inicialmente, o homem deverá percorrê-la a passo moderado e a medida que
sua técnica e condições físicas forem desenvolvendo-se, far-se-á aumentar a cadência,
até atingir a natural do combate real.
b) O instrutor manterá a disciplina e o controle organizado. Designará um
homem em cada grupo para chefe, e o grupo atuará com um conjunto organizado
coordenado.
c) O instrutor e seus auxiliares colocar-se-ão ao longo da pista, para
observar a ação dos instruendos c corrigi-los quando necessário.

h. Desarmar um homem munido de baioneta ou faca


1) O treinamento de desarmar não será iniciado, antes que o instruendo
tenha terminado os exercícios de combate a baioneta, uma vez que as reações
instintivas e os princípios básicos do combate a baioneta formam a base da técnica de
desarmar. Esse exercício pode ser iniciado logo após o treinamento inicial da tática do
combate em grupos.

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2) O instrutor fará executar os primeiros exercícios com a bainha na
baioneta; ou no caso de facas, com bainhas vazias ou pedaços de pau substituindo as
facas. A medida que os homens se tornem eficientes e adquirirem confiança, passarão a
fazer os exercícios com as lâminas nuas.
3) A experiência e a agilidade necessárias à tática de desarmar serão
adquiridas através de frequentes exercícios de curta duração. No entanto, uma vez que
o desarmar é mais um expediente que processo básico de combate, o tempo
empregado neste treinamento nunca deverá ser com prejuízo do exercício de combate a
baioneta.

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REFERÊNCIAS

- C 21 -11 - Primeiros Socorros;


- Cartilha de Ofidismo - Ministério da Saúde ;
- C 21 -10 - Higiene Militar e Saneamento em Campanha ;
- Manual Técnico Máscara Contra Gase s Militar Ultra Twin ; e
- C 23 -25 - Básico -Armamento Baioneta.

Conteúdo Extraído dos Seguintes Manuais:

CAPÍTULO I –PRIMEIROS SOCORROS


- C 21 -11 - Primeiros Socorros

CAPÍTULO II - OFÍDIOS E ARACNÍDEOS


- Cartilha de Ofidismo - Ministério da Saúde

CAPÍTULO III - HIGIENE MILITAR


- C 21 -10 - Higiene Militar e Saneamento em Campanha

CAPÍTULO IV - MÁSCARA CONTRA GASES MILITAR ULTRA TWIN


- Manual Técnico Máscara Contra Gase s Militar Ultra Twin

CAPÍTULO V - COMBATE A BAIONETA


- C 23 -25 - Básico -Armamento Baioneta

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