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Autor: Jonilson Carvalho de Oliveira Júnior e Ana Carolina Giácomo Azevedo

Diagramador: Pedro Henrique Medeiros de Azevedo

1° edição

2022 Instituto Compass - Resgate das Dunas.

Proibida a reprodução desse material sem a autorização formal do Instituto


Compass - Resgate das Dunas

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Sumário
Sumário .............................................................................................................. 3

1. Abordagem Primária – Definição ................................................................. 4

2. Exame e controle da cena ........................................................................... 4

3. Abordagem Primária – Letra X .................................................................... 6

4. Abordagem Primária – Letra A .................................................................... 7

5. Abordagem Primária – Letra B .................................................................... 8

6. Abordagem Primária - Letra C ..................................................................... 9

7. Abordagem Primária - Letra D ................................................................... 10

8. Abordagem Primária - Letra E ................................................................... 12

9. RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR (RCP) ...................................... 14

10. Dispositivos de ventilação ...................................................................... 14

10.1 Manobra Chin Lift ................................................................................ 15

10.2 Manobra Jaw Thrust ..................................................................... 15

10.3 Cânula Orofaríngea (Cânula de Guedel) ...................................... 15

10.4 INSUFLAÇÃO (Bolsa-valva-máscara) / Ambú .............................. 16

10.5 INSUFLAÇÃO (boca-máscara) – Pocket Mask ............................ 16

11. Desfibrilador externo Automático............................................................ 17

12. Diretrizes ................................................................................................ 18

13. SÍNCOPE / DESMAIO ............................................................................ 19

13.1 Etiologia e Fisiopatologia .............................................................. 19

13.2 Sinais e Sintomas ......................................................................... 19

13.3 Conduta ........................................................................................ 20

14. CONVULSÕES....................................................................................... 20

14.1 Etiologia ........................................................................................ 20

15. Diagnóstico no APH ............................................................................... 21

16. Referências ............................................................................................ 22

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1. Abordagem Primária – Definição

A Abordagem Primária é um protocolo de atendimento à vítima, com base nos riscos que
podem tirar a vida da vítima, assim, por ser um protocolo, ele não permite margem para
mudança de conduta. Para cada situação com a vítima, haverá uma forma de resolver e
uma sequência a seguir.
Protocolos asseguram o socorrista e garantem que as melhores condutas foram tomadas.
Assim, o objetivo da abordagem primária é avaliar a vítima, identificar e corrigir situações
que possam tirar a vida daquela vítima.
Para a abordagem precisa-se de técnica, precisão, rapidez, organização e muitas vezes
improviso. Nem sempre o socorrista terá à disposição todos os equipamentos necessários
para o atendimento. Nesse momento improvisar com critérios técnico e embasamento
científico será o caminho.
A abordagem primária é um protocolo em sequência. O que vem primeiro tem mais
importância perante o risco iminente de morte daquele paciente e se divide em letras (X,
A, B, C, D, E). Por se tratar de um protocolo, não é recomendável abordar a vítima em
outra sequência, diferente da abordagem primária, inclusive para que o socorrista possa
se respaldar legalmente.

2. Exame e controle da cena

O exame da cena é imprescindível para a segurança do socorrista, ao chegar ao local,


onde aconteceu um sinistro. Recomenda-se que ao chegar ao local da ocorrência o
socorrista e sua equipe observe o ambiente imaginado o mecanismo de injúria e os
possíveis riscos ambientais. Lembre-se que o mecanismo de injuria é a identificação do
que aconteceu para que aquela pessoa se tornasse uma vítima, além de proporcionar a
previsibilidade das lesões. Perguntar aos transeuntes no local as informações sobre o
ocorrido, pode ser uma boa conduta.
Nesse momento o socorrista conseguira supor se a vítima em questão é clinica ou
traumática. Vítimas clínicas apresentam problemas clínicos, de origem interna, como:

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infarto, asma, engasgo, entre outros. Porém no momento da crise, não caíram ou
bateram com a cabeça, assim, são consideradas vítimas clínicas, ou seja, não apresentam
grandes riscos para a coluna cervical ou qualquer outro traumatismo.
Já vítimas de trauma, são vítimas que estavam bem, sem queixas até o momento do
sinistro e sofreram influência externa, como: um acidente de carro, uma facada,
ferimento por arma de fogo, uma queda. A partir desse momento, passaram a ser vítimas
e o socorrista precisará ter muito cuidado com a coluna cervical, além das lesões
aparentes. Em vítimas de trauma precisamos sempre manter o controle cervical,
evitando que a vítima movimente o pescoço e agrave possíveis lesões.
Após a análise da cena e de determinar o mecanismo de injúria é o momento de controlar
a cena e cuidar da sua segurança em primeiro lugar. O socorrista só deverá se aproximar
se o local estiver seguro (risco de desabamento, explosões etc., além de atentados contra
a vida de alguém ou a sua própria vida), o que inclui situações de violência interpessoal,
nas quais a polícia deverá ser acionada.
O socorrista deverá cuidar da segurança da equipe, dos transeuntes e por último da
vítima. Esta será a última prioridade, pois já é classificada como vítima (Figura 9). O local
deve ser sinalizado, para que não aconteçam novos acidentes, e solicitar assistência
especializada é essencial, de acordo com a necessidade no local: SAMU (192), Polícia
(190) e Bombeiros (191). A biossegurança também deve ser adotada neste momento,
com todos os equipamentos de proteção individual (EPIs) disponíveis – luvas, máscara,
óculos. Feito tudo isso, o socorrista poderá se aproximar da vítima.

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Figura 1: Exame da cena e sinalização
Fonte: Acervo Resgate das Dunas

3. Abordagem Primária – Letra X

Corresponde a hemorragia externa grave. Nesse caso, não será preciso procurar a
hemorragia, ela estará visível e provavelmente será umas das primeiras características
observadas ao chegar na cena, são hemorragias importantes e de difícil controle.
Ao se aproximar da vítima inspecione e defina a hemorragia conforme suas
características topográficas e a estimativa de quantidade de sangue perdida (Figura 2).
Preferencialmente a posição da abordagem é de joelhos, ao lado da vítima, e se for
possível deverá ser adotado o controle cervical.
O controle cervical tem a finalidade de estabilizar a coluna cervical do paciente, em
vítimas de trauma, que podem ter sofrido lesões e com o mínimo movimento o quadro
pode se agravar. Ao fazer o controle cervical, o socorrista deverá segurar a cabeça da
vítima, paralela ao anteparo, onde a cabeça da vítima está apoiada.
Feito o controle cervical, se identifique para a vítima e inicie imediatamente a contenção
da hemorragia. Nesse momento vale usar o que estiver disponível para isto: bandagens,
torniquete etc.
Vale lembrar que para dar continuidade a sequência da Abordagem primária e passar
para outro tópico/letra do protocolo, o socorrista deverá ter finalizado a etapa anterior.

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Figura 2: Torniquete em grande hemorragia
Fonte: Google imagens

4. Abordagem Primária – Letra A

Caso a vítima não tenha hemorragias exsanguinantes, o socorrista inicia a abordagem


neste momento a partir da Letra A. Ajoelhado ao lado da vítima, com o joelho mais
próximo da cabeça na altura do ombro da vítima, o controle cervical (Figura 3) deverá ser
realizado simultaneamente a identificação.
Nesse momento o socorrista fará a abertura das vias aéreas (boca) e analisará possíveis
obstruções (sólidos ou líquidos). Em caso de confirmação visual de corpos estranhos,
deve ser feita a desobstrução das vias aéreas, com as técnicas específicas para esse fim
(Figura 4).
Após ser feita a análise e a resolução da possível obstrução, deve-se seguir com a
abordagem.

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Figura 3: Controle cervical e identificação Figura 4: Abertura das vias aéreas
Fonte: Acervo Resgate das Dunas Fonte: Acervo Resgate das Dunas

5. Abordagem Primária – Letra B

A letra B, corresponde a respiração. Nesse momento a avaliação é objetiva. O socorrista


não precisa quantificar essa respiração, apenas saber, se a vítima respira ou não (Figura
5).
Observe se a vítima apresenta expansão tórax, porém, caso tenha dificuldade em
perceber, devido a iluminação do local ou algum outro fator, o socorrista poderá colocar
a mão sobre o tórax e assim facilitar a inspeção.
Após avaliar se a vítima respira ou não, o socorrista seguirá para a letra C, independente
da resposta. Se ela respira, significa que não existem alterações nesta fase, deve-se seguir
a abordagem. Caso não haja respiração percebida, o socorrista definirá se a vítima está
apenas em parada respiratória ou se é uma parada cardiorrespiratória.

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Figura 5: Observação da respiração
Fonte: Acervo Resgate das Dunas

6. Abordagem Primária - Letra C

Ao chegar na letra C, o socorrista avaliará se a vítima tem ou não pulso carotídeo, na


região lateral do pescoço, do mesmo lado em que o socorrista está posicionado (Figura
6). Esse cuidado evita o risco de evolução para um deslocamento na traqueia, que pode
ocorrer quando aferido contra lateralmente.

Figura 6: Palpação do pulso carotídeo


Fonte: Acervo Resgate das Dunas

Observa-se também a velocidade e volume dessa pulsação. Caso neste momento o


socorrista perceber que a vítima não respira, nem é possível palpar o pulso carotídeo, a
vítima estará em parada cardiorrespiratória, a partir daí deve-se iniciar o protocolo de

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ressuscitação cardiopulmonar - RCP. Em outra análise, se a vítima não apresentar
respiração, porém, apenas a pulsação está presente, está apenas em parada respiratória.
A terceira e última observação é se a vítima apresentar respiração e pulsação, o socorrista
prosseguirá a abordagem, avaliando os sinais de sangramento e contusões. Em caso
positivo para esses sinais de pequenos sangramentos, providenciará a contensão das
hemorragias.
Quando uma vítima apresenta uma hemorragia externa, ou seja, quando o sangue
extravasa para fora do corpo, é fácil entender onde é a lesão. Porém, ela também poderá
apresentar sinais e sintomas de hemorragia sem apresentar sangramento aparente,
nesse caso, ela pode estar sangrando em alguma cavidade corporal, mais comumente o
abdômen, tórax ou crânio. Nesses casos a vítima apresentará uma hemorragia interna.
Destacam-se como sinais e sintomas de uma possível hemorragia interna:
• Palidez e cansaço;
• Pulso rápido e fraco;
• Respiração acelerada;
• Muita sede;
• Queda da pressão arterial;
• Náuseas ou vômitos com sangue;
• Confusão mental ou desmaios;
• Muita dor do abdômen;
• Abdômen em tábua (rígido e com sons timpânicos).

Após avaliar e resolver os problemas relacionados a letra C, da abordagem primária,


pode-se avançar para a letra D.

7. Abordagem Primária - Letra D

Neste momento será avaliado o estado neurológico da vítima. Várias escalas e diretrizes
podrão ser utilizadas, contudo as mais usuais são a Escala de Coma de Glasgow – ECG e
Alerta-voz-dor-inconsciência – AVDI.
Escala de Coma de Glasgow (ECG)

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Para fixar!

Pupilas iguais: isocóricas


Pupilas desiguais: anisocoricas
Pupilas dilatadas: midríase
Pupilas contraídas: miose

VARIÁVEIS SCORE
Espontânea 4
Abertura Ocular À voz 3
À dor 2
Ausente 1
Orientada 5
Confusa 4
Resposta verbal Palavras desconexas 3
Sons incompreensíveis 2
Ausente 1
Obedece aos comandos 6
Localiza a dor 5
Resposta motora Flexão normal 4
Flexão anormal (decorticação) 3
Extensão anormal (descerebração) 2
Ausente 1

Tabela 1: Escala de Coma de Glasgow

• Outra escala que poderá ser utilizada para avaliar o estado neurológico
da vítima é a escala AVDI, onde será avaliado: alerta, voz, dor e
inconsciência:
o Alerta: Quando socorrista nota que, ao tocar a vítima, ela reage
de uma forma instantânea e espontânea ao sinal do socorrista e
numa situação de trauma ou emergência clínica, ela se encontra
na fase de alerta, ou fase a., significa que a vítima ainda tem suas
funções corporais e atividade neurológica ativas. Assim, o cérebro
ainda está sendo suprido de oxigênio e funcionando.
o Voz: Quando a vítima passa a não responder aos estímulos
sonoros, como por exemplo ser chamada pelo nome, esta
encontra-se na fase v, ou seja, está num processo de perda de
consciência, uma vez que a audição é um dos últimos sentidos a
se perder antes do cérebro ficar inconsciente.

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o Dor: Não havendo resposta aos estímulos sonoros, a vítima tem
de ser submetida ao teste da etapa denominada de fase d. Para
perceber se a pessoa ainda sente dores, o que indicaria um leve
estado de consciência. O socorrista realiza um pinçamento na
região do trapézio da vítima. Caso a vítima tente inibir o
movimento do socorrista ou mesmo gesticule ou demonstre
através de expressões faciais que o estímulo a incomoda, indica
que ainda sente dores. Caso não haja nenhum tipo de reação da
vítima ao estímulo, deve-se passar a etapa seguinte.
o Inconsciência: Nessa fase, a pessoa vitimada encontra-se
totalmente inconsciente, ou seja, não está havendo atividade
cerebral em seu organismo. Percebe-se a inconsciência quando
ela não reagiu a nenhum dos três estímulos anteriores (alerta, voz
e dor), o que é muito preocupante por se suspeitar de dano
cerebral instalado.

8. Abordagem Primária - Letra E

A letra E da abordagem primária corresponde a Exposição da vítima. Nessa etapa o


socorrista irá expor áreas lesionadas, ou onde se suspeita de lesões, respeitando o pudor
da vítima e não à expondo desnecessariamente e imobilizar fraturas fechadas (as fraturas
expostas, serão imobilizadas na letra C, pois haverá sangramentos associados).
Após imobilizar as fraturas, a vítima deverá ser imobilizada definitivamente, com colar
cervical, e se disponível, pranchas longas ou macas, considerando os critérios de restrição
de movimento de coluna, preparando-a assim para o transporte (Figura 7).

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Figura 7: Vítima em transporte
Fonte: Acervo Resgate das Dunas

O colar cervical serve para proteger a coluna cervical, podendo ser colocado por 1, 2 ou
3 socorristas. Antes de colocá-lo deve ser feita a medição e alinhar a cervical da vítima
com cuidado e perícia. Em caso de crepitações, estalos ou dor, pare o alinhamento e
estabilize nessa posição (Figura 8). Caso não tenha um colar cervical, o socorrista poderá
improvisar.

Figura 8: Colocação do colar cervical


Fonte: Acervo Resgate das Dunas

Ao finalizar a abordagem primária, o socorrista deverá verificar os sinais vitais, e ficar


reavaliando a evolução da sua vítima.

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9. RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR (RCP)
A PCR pode resultar em danos neurológicos irreversíveis ou morte da vítima, caso medidas
adequadas não sejam adotadas em tempo hábil. Na tentativa de restaurar a circulação
espontânea do paciente, as manobras de ressuscitação cardiopulmonar (RCP) devem ser
realizadas segundo as diretrizes de suporte básico de vida (SBV) e de suporte avançado de vida
(SAV) no atendimento às vítimas de PCR.

A American Heart Association (AHA) é a instituição responsável por sistematizar essas diretrizes
que, a cada cinco anos, passam por atualizações após uma larga revisão de literatura,
discussões, debates com especialistas e avaliações criteriosas de evidências do protocolo
vigente.

O SBV é o atendimento inicial prestado à vítima em PCR, que pode ser feito no ambiente intra e
extra-hospitalar, em que para se realizar este tipo de assistência, é preciso socorristas treinado,
que tenham agilidade, rapidez e segurança, pois cada segundo é crucial para garantir a
sobrevida da vítima. Vale destacar que para cada minuto sem atendimento, as chances de
sobrevivência da vítima em PCR diminuem de 7% a 10% e, com a realização do SBV, o risco de
morte reduz de 3% a 4% por minuto.

Existem etapas bem definidas para otimizar o atendimento à PCR, são elas: o reconhecimento
imediato da PCR seguido pelo acionamento dos serviços de emergência (Serviço de
Atendimento Móvel de Urgência - SAMU ou Corpo de Bombeiros), o início precoce das manobras
de RCP com ênfase nas compressões torácicas, a abertura e ventilação das vias aéreas e a
utilização do desfibrilador externo automático (DEA) na rápida desfibrilação na presença da
fibrilação ventricular que é um ritmos cardíaco chocável.

Figura 9: Cadeia de sobrevivência


Fonte: AHA

10. Dispositivos de ventilação

Manejar as vias aéreas do paciente é uma habilidade fundamental para salvar vidas, socorristas
devem ser capazes de realizar bem e não tardar aplicação das técnicas de permeabilização das
vias aéreas. O manejo da via aérea é uma das principais intervenções do suporte básico de vida
em uma situação de PCR. É fundamental antes, durante e depois da RCP que seja bem conduzida
utilizando as manobras manuais e/ou com uso dos equipamentos adequados. O socorrista pode

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fazer uso de técnicas manuais, como: Jaw thrust e Chin lift. além da cânula orofarígea e
nasofarímgea.

10.1Manobra Chin Lift

A manobra de inclinação da cabeça-elevação do queixo é a técnica preferida para abrir as vias


aéreas de pacientes inconscientes sem suspeita de lesão da coluna cervical.

Figura 10: Manobra Chin Lift


Fonte: AHA

10.2 Manobra Jaw Thrust

A manobra de elevação e tração da mandíbula sem a inclinação da cabeça (também chamada de


elevação e tração modificada da mandíbula) é a técnica recomendada para abrir as vias aéreas
quando existe a suspeita de lesão na coluna cervical.

Figura 11: Manobra Jaw Thrust


Fonte: AHA

10.3 Cânula Orofaríngea (Cânula de Guedel)

É um dispositivo de plástico no formato de um J usado para criar uma passagem entre a boca do
paciente e a parede posterior da faringe, quando posicionado corretamente. A ponta distal fica
entre a base da língua e a porção posterior da orofaringe, prevenindo, assim, que a língua bloqueie
as vias aéreas. O ar passa em torno e através do dispositivo. Sua incerção é indicada para pacientes
inconscientes e que não possuem o reflexo faríngeo (vômito).

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Figura 12: Cânula de Guedel
Fonte: AHA

10.4 INSUFLAÇÃO (Bolsa-valva-máscara) / Ambú

O dispositivo bolsa-válvula-máscara consiste em uma bolsa autoinflável, uma válvula


unidirecional, um adaptador que pode ser conectado a uma máscara, tubo traqueal ou outro
dispositivo invasivo e uma válvula de entrada de oxigênio. É utilizado para realizar as ventilações
durante a RCP ou em situações de parada respiratória (PR).

Figura 13: Cânula de Guedel

Fonte: AHA

10.5 INSUFLAÇÃO (boca-máscara) – Pocket Mask

Ventilações também podem ser realizadas através de dispositivo de ventilação chamados de


máscara de bolso (pocket mask), máscara facial para ventilação ou máscara para ressuscitação.
Este, previne contato com secreções da boca da vítima, minimizando o risco de contaminação
proporcionando uma ventilação segura para ambos.

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Figura 14: Pocket Mask
Fonte: Acervo Resgate das Dunas

11. Desfibrilador externo Automático

A desfibrilação precoce resulta em um excelente prognóstico do paciente. Na FV, a contração


coordenada do miocárdio ventricular é substituída por estímulos desorganizados de alta
frequência, resultando em contração desorganizada das fibras do músculo cardíaco e,
consequentemente, na falha do coração em bombear o sangue.

O DEA é o aparelho utilizado no SBV tanto por profissionais quanto por socorristas leigos.
Equipamento autoexplicativo e que direciona o socorrista no atendimento. É certo que
socorristas treinados, proporcionam um atendimento eficiente, reduzindo as pausas das
compressões cardíacas melhorando a fração de compressões torácicas (FCT), aumentando as
chances de retorno da circulação espontânea.

A desfibrilação elétrica precoce tem um objetivo simples: interromper a fibrilação


e restaurar o ritmo sincronizado em todo o coração a partir do foco sinusal.

Figura 15: DEA

Fonte: AHA

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12. Diretrizes

A RCP de alta qualidade mantem o fluxo sanguíneo para os órgãos vitais, especialmente o
coração e cérebro. Os componentes para o RCP de alta qualidade incluem:

Profundidade adequada das compressões deve aprofundar o tórax em pelo menos 5cm,
permitindo o retorno torácico total entre as compressões. A frequência, obedece a uma
velocidade de 100 a 120 compressões por minuto. Deve-se minimizar as interrupções das
compressões durante a RCP.

A AHA recomenda o uso de diapositivo de feedback durante a RCP. Este aparelho verifica em
tempo real a profundidade, retorno e velocidade das compressões. Auxiliando a manutenção da
qualidade contínua da RCP.

No paciente adulto as compressões torácicas devem ser realizadas com as duas mãos no centro
do tórax na altura mamilar, numa proporção de 30 compressões para 2 ventilações, sendo
reavaliado (ver se respira e tem pulso) a cada 2 minutos. Já em crianças de 01 ano até
puberdade, a manobra de ressuscitação deve ser realizada apenas com uma das mãos do
socorrista, e em crianças abaixo de um ano apenas com os polegares no centro do osso esterno,
na altura dos mamilos.

Figura 16: Posicionamentos de RCP

Fonte: AHA

É importante frisar, que havendo dois socorristas treinados no atendimento ao paciente


pediátrico, a proporção de compressões versos ventilações pode ser modificada para 15
compressões para 2 ventilações. Essa mudança se dá pelo fato em que a maior causa do PCR em
crianças é a asfixia que leva a hipóxia e consequentemente a PCR.

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13. SÍNCOPE / DESMAIO
Trata-se da perda momentânea e repentina da consciência e do tono postural
decorrente da queda do fluxo sanguíneo cerebral (6-8 segundos,) seguida de
recuperação rápida e espontânea, geralmente sem sequelas neurológicas.
Pode ocorrer em todas as idades, porém com prevalência em pacientes acima
de 65 anos e se confundir com epilepsia, hipóxia, hipoglicemia, intoxicações,
ataques isquêmicos transitórios etc.

13.1 Etiologia e Fisiopatologia

- Síncope de etiologia cardíaca é a causa mais comum dentre outras. É


acarretada pela diminuição do fluxo sanguíneo cerebral secundária à redução do
débito cardíaco principalmente por arritmias: bradicardias (<30 a 35/min) devido
à idade avançada, isquemias, betabloqueadores ou taquicardias (>150 a
180/min) ocasionadas por isquemias, insuficiência cardíaca, drogas
- Síncope vasovagal geralmente é precipitada por estímulos físicos ou
emocionais (como dor, pânico, visão de sangue) e frequentemente é precedida
de sinais sugestivos de reação vagal – náuseas, fraqueza, e sudorese fria.
- Síncope ortostática, observada após repouso prolongado em decúbito
horizontal em pacientes idosos ou por utilização de drogas.
- Síncope de esforço, decorrente da diminuição do retorno venoso devido ao
aumento da pressão intratorácica – Manobra de Valsalva. (Tosse, defecação,
dor visceral)

13.2 Sinais e Sintomas

O paciente torna-se refratário a respostas sensitivo-motoras e perde o tono


postural. Obnubilação, tonturas, náuseas, tontura, sudorese fria, hipotensão
artéria, palpitações, bradicardia, visão turva.

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13.3 Conduta

A colocação do paciente em decúbito horizontal, na maioria das vezes, é o


suficiente, ou, em apresentando episódios recorrentes, deve-se investigar as
causas básicas.

Figura 19: Conduta em síncope/ desmaio


Fonte: www.depositphotos.com

14. CONVULSÕES

Crises convulsivas resultam de um distúrbio agudo focal ou generalizado na


função cerebral, principalmente da sua camada externa, durante um breve
período.
É a contração involuntária da musculatura que provoca movimentos
desordenados. Geralmente é acompanhada pela perda da consciência.

14.1 Etiologia

Distúrbios metabólicos (hipoglicemia, hipoparatiroidismo), infecções do sistema


nervoso central podendo evoluir com hiperpirexia (meningite, encefalite, raiva,
tétano, toxoplasmose), agentes tóxicos (estricnina, chumbo, álcool), lesões
expansivas cerebrais (tumores, hematomas, edemas, eclâmpsia), traumas
(fratura de crânio, lesão de parto), anafilaxia (soros, drogas), abstinência após o
uso crônico de álcool, tranquilizantes. Pacientes histéricos ocasionalmente
simulam uma crise convulsiva.

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Outra forma de epilepsia é a “crise de ausência” ou “pequeno mal”, quando a
pessoa para subitamente o que está fazendo, permanece com o olhar fixo alguns
instantes e sem responder ou se lembrar daquele desligamento.

No “estado de mal epilético”, crises motoras, sensitivas ou psíquicas seguem-se


umas às outras, sem períodos intercalados de consciência. Pode persistir por
horas ou dias e pode ser fatal.

Etiologia

Geralmente é idiopática, ou seja, mal definida (defeitos de desenvolvimento,


lesões de parto, doença metabólica)

15. Diagnóstico no APH

É baseado na avaliação clínica dos sinais e sintomas

Conduta no APH

- Suporte básico

Manter-se calmo e procurar acalmar os demais na cena; proteger a cabeça da


vítima colocando algo macio sob a mesma; remover objetos que possam vir a
ferir a vítima; afrouxar a gravata, roupas, deixando o pescoço livre; lateralizar, se
possível, a cabeça, para que a saliva não dificulte a respiração; não introduzir
nada na boca durante a convulsão; não tentar conter a vítima; ficar ao seu lado
até que a respiração volte ao normal e ela se levante; caso o ataque demore
indefinidamente, ou seja, seguido por outros, ou não recuperar a consciência,
reportar ao médico e aguardar instruções.

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16. Referências
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