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(Ale Silva)
Personagens:
Denguise
Dengoso
Maneco
Pedrinho (também pode ser um boneco)
CENA I
(O cenário é um quintal, com caixa d’água em um canto, latão de lixo destampado,
garrafas, algumas plantas em vasos, pneus e vários entulhos. Uma cerca ao fundo, que
servirá como “panada” para boneco. Nas laterais, muro e parede de uma casa. Entram
um casal de mosquitos da Dengue bem espalhafatosos, com trouxinhas de roupa)
Eu sou Denguise
Gosto muito de picar
Chupar seu sangue
E depois descansar
Eu sou Dengoso
E queria apresentar
Somos mosquitos
E acabamos de chegar
Somos mosquitos
Da dengue e queremos
O sangue de vocês
Somos mosquitos
Da dengue e não...
Vivemos sem vocês
Somos mosquitos
Da dengue e queremos
O sangue de vocês
Somos mosquitos
Da dengue e aqui...
Estamos outra vez!
DENGUISE – Ah, estou tão animada! Vamos pegar o resto das nossas coisas e
organizar tudo por aqui.
DENGOSO – Vamos! Depois podemos dar um passeio pra conhecer a vizinhança.
Ouvi dizer que tem um terreno baldio, cheio de lixo e entulho a poucas casas daqui.
Dizem que é a Disney dos insetos.
DENGUISE – Ai, que tudo! Eu quero ir. (saem animadíssimos)
CENA II
(Entra o menino MANECO brincando de corrida, dirigindo um carro imaginário)
MANECO – E ele faz uma ultrapassagem espetacular, faz uma curva a 300 por hora,
encontra alguns carros pela frente, faz mais uma ultrapassagem (desvia de lixo), uma
curva para a esquerda, outra ultrapassagem (desvia do pratinho do cachorro) acelera
ainda mais, uma curva para a direita, mais uma pra direita, outra pra esquerda, dá um
giro 360º, entra na reta final, agora ninguém segura mais, já vê a bandeira quadriculada
lá na frente, agitando, a torcida vai à loucura... Continua acelerando, 480... 495... 520
por hora! Vem mais rápido que um foguete! Vem pra conquistar mais uma vitória
incrível... É ele, Manecooooo! O piloto mais rápido do mundo... e do Brasil também!
(pára um pouco, senta) Ufa. Até cansei. (mudando de tom) Poxa, o Pedrinho está
demorando demais. Ele disse que depois do almoço passava aqui pra gente brincar e
até agora nada. Será que a mãe dele não deixou? Também, a mãe dele é mó chata,
toda certinha, toda cheia de coisinha. Deve ta fazendo lição. Ou ajudando ela varrer a
calçada, não sei porque as mães ficam fazendo a gente ajudar nas coisas. Criança não
tem que ajudar fazer nada não, criança tem só que brincar.
PEDRINHO – (um boneco, entra e fica na cerca) E aí, Maneco?
MANECO – Ah, finalmente apareceu a margarida né? Ficou de castigo?
PEDRINHO – Eu não, por quê?
MANECO – Demorou hem, achei que nem ia vir mais. To aqui já tem uma hora,
esperando você.
PEDRINHO – Ow exagero hem!
MANECO – Que exagero que nada! Já está quase de noite!
PEDRINHO – Só se for na sua terra! A gente acabou de almoçar, Maneco. É que eu
estava...
MANECO – Já sei! Estava ajudando sua mãe fazer não sei o que lá...
PEDRINHO – É, combinamos que hoje a gente ia fazer uma limpeza no quintal.
MANECO – Ihh, que coisa chata! Que tanto fica limpando, limpando. Pelo menos ela
deixou você brincar um pouco.
PEDRINHO – Deixou sim. Mas não posso demorar muito porque quando meu pai
chegar do trabalho, vou ajudar a limpar a calha do telhado.
MANECO – Olha aí! Não to falando? Tudo é limpar, tudo é arrumar. Não bastava a sua
mãe, agora tem que ajudar o seu pai também?
PEDRINHO – E o que que tem? Eu gosto!
MANECO – Por isso você é todo certinho também. Todo arrumadinho, todo
engomadinho... Na escola, o material é todo certinho, caderno encapado, sem orelha
nas folhas... Não tem livro rabiscado, não tem borracha mordida, não tem tampinha de
caneta mastigada... Tira até nota boa! Parece uma menininha!
PEDRINHO – Como assim? Isso não tem nada a ver! Ser organizado e ajudar as
pessoas não é coisa de menina. Responsabilidade é pra todo mundo.
MANECO – Ah, pronto! Parece minha mãe falando. Melhor parar com esse papinho e
começar a brincar logo senão a gente vai ficar aqui até amanhã falando das suas
qualidades de bom moço. Vai, pula pra cá e vamos brincar de super-herói.
PEDRINHO – (olhando, hesitando) É sério? Pra brincar nessa bagunça que está o seu
quintal tem que ser herói mesmo! Tem nem espaço.
MANECO – Ihh, lá vem. Como não tem espaço, Pedrinho? Por acaso você é elefante?
Olha quanto espaço aqui.
PEDRINHO – Só to vendo um monte de lixo e coisas jogadas. Podia pelo menos dar
uma limpada nisso.
MANECO – Ah, mas você não tem jeito mesmo, né Pedrinho? De novo esse papo!
Sabe o que eu acho? Eu to começando a desconfiar que você não é o Pedrinho! Isso
mesmo! Você é a sua mãe!
PEDRINHO – Ficou maluco de vez, coitado...
MANECO – Maluco nada! Eu acho que os alienígenas raptaram vocês dois e fizeram
uma experiência na nave deles e trocou vocês dois de corpo! É isso! Sua mãe está no
seu corpo. E você, quer dizer, o Pedrinho de verdade ta lá na sua casa, de avental
lavando a louça e passando roupa!
PEDRINHO – Deixa disso, Maneco! Acho que a experiência dos alienígenas foi com
você. Trocaram seu cérebro com o cérebro de uma minhoca. Eu estou falando sério! É
um perigo tanto lixo assim dando sopa no quintal. Isso pode juntar água e virar
criadouro pro mosquito da dengue.
MANECO – Agora falou o doutor Dráuzio Varela. Perdi até a vontade de brincar...
PEDRINHO – É verdade, tem que dar um jeito nisso. Por que não ajuda sua mãe a
limpar o quintal? Ou limpa com o seu pai.
MANECO – Ih, qual é! Não vou ficar fazendo faxina na hora de brincar não. Eu quero é
curtir, me divertir. Eu vi uma vez na TV que a infância passa ó... (faz gesto) num piscar
de olhos! (dramático) Quando vê, você já não é mais criança, já é pré adolescente – e
eu nem sei o que é pré adolescente – e quando menos espera, acorda e já é
adolescente fazendo dancinha no tik tok. É o fim!
PEDRINHO – Maneco, você ta fazendo teatro?
MANECO – Eu não, por quê?
PEDRINHO – Nada não, só pra saber...
MANECO – Além do que, meu pai sai pra trabalhar cedinho e chega já quase de noite,
aí ta cansado e só quer saber de ver TV. Minha mãe também passa o dia na correria,
limpando a casa, fazendo almoço, lavando a louça, lavando roupa, passando a roupa,
fazendo a janta, lavando a louça, essas coisas de mãe.
PEDRINHO – Por isso mesmo, você podia ajudar um pouco! Limpar o quintal é super
simples. Além de ficar bem mais agradável.
MANECO – Você não desiste mesmo, né? Não vou limpar nada não, tá bom do jeito
que tá.
PEDRINHO – Tá bom coisa nenhuma! Eu que não vou ficar aí no meio dessa bagunça.
MANECO – Ah, qual é Pedrinho! Sabe aquela frase que a mãe da gente fala quando
chega visita? “Entra, mas não repare a bagunça?” Então, é só entrar e não reparar a
bagunça. Afinal, você é visita!
PEDRINHO – Você é mesmo uma figura, hem Maneco! Não é só pela bagunça, eu to
falando que é perigoso juntar mosquito da dengue aí nessa sujeira. Olha só: vasinho de
planta com pratinho cheio de água, caixa d’água destampada... Olha o tanto de
garrafas com boca pra cima!
MANECO – E o que é que tem?
PEDRINHO – Tem muita coisa! Você não vê os noticiários? O mosquito da dengue só
precisa de um cantinho assim pra procriar. Não soube do senhorzinho da rua de baixo
que pegou dengue e quase morreu? Tudo por causa de uma tampinha!
MANECO – Como assim, de uma tampinha?
PEDRINHO – O quintal dele tava limpinho, mas alguém jogou uma tampinha... Aí
choveu e a tampinha ficou cheia d’água, então a fêmea do mosquito Aedes Egypti foi lá
e colocou ovinhos na água, e logo viraram larvas e depois mosquitos, que picaram ele
e quase bateu as botas!
MENECO – Vai ver ele já tava doente de outra coisa! É só um mosquitinho!
PEDRINHO – É um mosquitinho mas é muito perigoso. É o transmissor da dengue,
zika vírus e da chikungunya Pode até matar.
MANECO – Eu nem sei quem é esse Chico Cunha!
PEDRINHO – Não é Chico Cunha, Maneco! É chikungunya!
MANECO – Não sei por que tanto medo. Parece um fracote! Ou melhor, parece um
frangote, com medo de um mosquitinho que a gente nem consegue enxergar direito!
(imitando frango) Pó, pó, pó, pó... Frangote... Frangote...
PEDRINHO – E você parece um Zé Mané! Não leva nada a sério!
MANECO – Eu não sou Zé Mané!
PEDRINHO – Pois está parecendo! Ta agindo igualzinho um Zé Mané!
MANECO – Zé Mané coisa nenhuma! Eu sou o Maneco. Ma-ne-co!
PEDRINHO – Então, Ma-ne-co, da um jeito de limpar seu quintal que isso aqui é um
perigo pra toda a vizinhança, ta legal? E quer saber? Eu só volto aqui quando estiver
tudo limpinho! Não sou super-herói pra me arriscar nesse criadouro de mosquito!
MANECO – Qualquer dia minha mãe limpa! Ah, qual é, Pedrinho, eu só estava
brincando! Volta aqui, para de ser chato! Volta! (saem)
CENA III
DENGUISE – Ai, ai, ai, isso é muito preocupante, meu dengo. Muito preocupante!
DENGOSO – Sim, minha dengucha! Esse menino quase pisou na gente!
DENGUISE – Não é disso que estou falando! Esse tal Ma-ne-co não me preocupa, ele
é mesmo um Zé Mané. O outro sim. O amiguinho dele. Aquele lá temos que ficar de
olho!
DENGOSO – Por que, minha mosquitinha?
DENGUISE – Porque ele é esperto! E eu não gosto de criança esperta. Não viu como
ele ficou falando mal da gente pro amigo dele?
DENGOSO – São calúnias! Deixa ele pra lá! Ele nem fica aqui.
DENGUISE – Mas ele já percebeu como tá bagunçado o quintal do amiguinho e ficou
dando conselhos, parecendo um Agente de Endemias da Prefeitura Municipal. Falando
que não pode deixar acumular água, tirar lixo essas coisas.
DENGOSO – Vamos deixar esse moleque enxerido pra lá. Você não viu que ele até foi
embora porque não queria brincar no quintal sujo?
DENGUISE – Mas é exatamente esse o problema! Ele ta começando botar
caraminholas na cabeça desse amiguinho dele. Querendo fazer o Maneco limpar o
quintal. Já imaginou a tragédia, se isso acontecer? Vai acabar com nossa felicidade!
DENGOSO – Não sei não. O Maneco é muito bobalhão, além de preguiçoso. Não vai
querer limpar nada. Mais fácil ele arranjar outro amigo pra brincar, do que ter que botar
a mão na massa e limpar tudo por aqui.
DENGUISE – Não sei, não sei... Ainda tenho minhas dúvidas. Só sei que aquele
menino não é boa influência, não é boa companhia. Vai atrapalhar todos nossos
planos. Temos que pensar em algo urgente.
DENGOSO – Mas em quê? Podemos descobrir onde ele mora e ir lá dar uma picada
nele e neutralizar o inimigo de uma vez!
DENGUISE – É muito arriscado! Deve ser do tipo que a família toda é bem informada,
que cuidam da casa, tudo limpo, sem dar chance pra gente.
DENGOSO – Bom, então é só torcer pra ele não vir brincar mais com o Maneco. Ele
fica na dele e a gente fica em paz por aqui.
DENGUISE – Ele não parece do tipo que desiste fácil. Se bobear, ele aparece aqui
com o fumacê e tudo! Aí já era!
DENGOSO - Não! O fumacê não! Tudo menos isso! (tem um ataque de pânico, falta de
ar)
DENGUISE – Desculpe, meu dengo! Eu não quis dizer isso! Vai ficar tudo bem, se
acalme! Isso, respira... respira...
DENGOSO – Nem gosto de lembrar dessa máquina de extermínio em massa! Até
parece que foi ontem! Eu tinha acabado de me transformar de larva em um pequenino
mosquitinho. Estava toda a família reunida no fim da tarde: papai, mamãe, eu e meus
186 irmãozinhos, quando ouvimos um barulho, cada vez mais alto, se aproximando
cada vez mais, até que o barulho ficou ensurdecedor e uma nuvem de fumaça tomou
conta de todo o pneu velho no quintal onde morávamos. Foi terrível. Só eu sobrevivi
pra contar a história. Não desejo isso a ninguém. E só em ouvir falar nesse fumacê que
passam nas casas, já me ataca os nervos, me da um piripaque, um faniquito, um
chilique, um tremelique, um siricotico, uma síncope... um...
DENGUISE – Calma, Dengoso, já passou, fique calminho. Pronto, passou!
Ô fumacê, fumacê
Quero acabar com você
A sua fumaça, vai me enlouquecer
Ô fumacê, fumacê
Ô fumacê, fumacê
Quero acabar com você
A sua fumaça, vai me enlouquecer
Ô fumacê, fumacê
Ô fumacê, fumacê
Quero acabar com você
A sua fumaça, vai me enlouquecer
Ô fumacê, fumacê
Ô fumacê, fumacê
Quero acabar com você
A sua fumaça, vai me enlouquecer
Ô fumacê, fumacê
(Barulho de sirene)
DENGOSO – Já estou melhor, estou até mais animado. Não precisava chamar a
ambulância minha mosquitinha dengosa.
DENGUISE – (intrigada) Mas não chamei ambulância nenhuma! (solta o Dengoso, que
estava apoiado a ela e cai espalhafatoso) Fica aí que já volto, vou ver o que está
acontecendo. Adoro uma fofoca de vizinhança! (sai)
DENGOSO – Não me deixa sozinho aqui! Mosquitinha... (tendo outro ataque) Acho que
vai me dar outro piti, outro chilique, já estou sentindo uma zonzeira, faltando o ar, uma
vertigem, uma palpitação diferente, um esmorecimento, um tangolomango... (quase
desmaiando) visão turva, um treco...
DENGUISE – Dengoso do céu!
DENGOSO – (tomando um susto) Ai, quer me matar do coração, criatura?
DENGUISE – Desculpe, desculpe... Você não vai acreditar!
DENGOSO – Que aconteceu? O fumacê está voltando? Eu sabia! Está tudo acabado,
Ai, é o fim... o fim da picada chega pra todos!
DENGUISE – Que fim da picada, que nada! Para de dizer bobagens, mosquito doido! A
mãe do Maneco foi levada pro hospital. Disseram que estava com dor de cabeça, dor
no fundo dos olhos, dor no corpo, falta de apetite, febre altíssima e...
DENGOSO – Deixe eu adivinhar: manchinhas vermelhas pelo corpo...
DENGUISE – Exatamente! E sabe o que isso quer dizer? Sabe o que quer dizer?
DENGOSO E DENGUISE – Dengue!
DENGUISE – Pois é! Algum mosquitinho espertinho passou por aqui antes da gente.
DENGUISE – Nossa, que fuzuê que virou essa rua! Parece que a cidade toda está em
polvorosa!
DENGOSO – Fazia tempo que não via tanta movimentação, tanta correria assim!
DENGUISE – A verdade é que isso tá ficando cada vez mais divertido! Um corre pra lá,
outro corre pra cá.
DENGOSO – Outros perdidos no meio da muvuca parecendo barata tonta.
DENGUISE – Todo mundo mais perdido que mosquito no meio do fumacê! (percebe
Dengoso atônito) Desculpe, meu dengo. Foi só uma piadinha!
DENGOSO – Piada de mau gosto, minha dengosinha! Piada de muito mau gosto! Sabe
que chega dar uma palpitação!
DENGUISE – Com esse calor, não vai ter pra ninguém! Com os mosquitos da
dengue...
DENGUISE E DENGOSO – O verão é nota cem!
DENGUISE – Falando em povo perdido, onde se meteram os dois pivetes? Eu jurava
que estavam por aqui.
DENGOSO – Nem sei. Acho que o amiguinho chatonildo está consolando o Maneco,
aquele Zé Mané!
DENGUISE – Ele saiu da casa todo tristinho por causa da mãe dele. Coitado, fiquei até
com dó!
DENGOSO – Ow, que coraçãozinho bom que tem essa minha mosquitinha! Tem até
dozinha do serumaninho!
DENGUISE - Dó? Ah, tenha dó! É bom pra ele aprender uma lição. Deixar de ser bocó.
DENGOSO – Não é bocó, é Zé Mané!
DENGUISE – Ah é, assim ele aprende de uma vez, que nós somos o terror dos
quintais. Desde muito tempo atrás, fazendo o que já faziam nossos ancestrais...
DENGUISE E DENGOSO – Os egípcios!
(Vão saindo ao final da música. Ouve-se um barulho de motor “fumacê e uma fumaça
surgindo. Ouve-se gritos dos dois fora de cena)
MANECO – É isso aí! Agora eu quero ver! Tava na hora de botar esses mosquitos pra
correr!
PEDRINHO – Não tem como escaparem!
MANECO – Que ótima ideia a sua, Pedrinho!
PEDRINHO – Lembrei que minha mãe tem o telefone da Vigilância Epidemiológica,
que é o setor da prefeitura responsável por fiscalizar, orientar e combater o mosquito
da dengue! Aí foi só ela ligar e mandaram o fumacê pra acabar com os focos da
dengue.
MANECO – Boa jogada!
PEDRINHO – Mas lembra que também temos que fazer nossa parte, como cidadãos.
MANECO – Com certeza! E agora aprendi a lição. Não podemos deixar nada no quintal
que acumule água, pra não virar criadouro do mosquito.
PEDRINHO – É isso aí, meu chapa! Aprendeu direitinho. Coloque as luvas e vamos dar
um jeito nesse quintal! Mosquito da dengue vai passar longe daqui!
(Maneco coloca luvas de borracha, enquanto cantam, vai tirando água dos pratinhos
das plantas, do pratinho do cachorro, vira as garrafas, tampa a caixa d’água, vira o
pneu, joga o lixo e tampa o latão, etc)
(Enquanto cantam a música, Denguise vai tentando de esconder. A cada vez que
Maneco vai na direção dela para “limpar” algo onde ela está, ela foge assustada e
procura outro canto. No último refrão, ela sai “derrotada”, com sua trouxinha e vai
embora, Maneco faz gestos de espantar e conduzindo até sair de cena)
(Música triste, entra Denguise com sua trouxinha, cabisbaixa, suspira, para no centro
do palco)
DENGUISE – Que triste fim para uma mosquitinha dengosa. O que será de mim? Sem
o meu Dengoso, sem ter onde viver, todos amigos exterminados pelo terrível fumacê...
E agora, o que fazer? (vai saindo, para novamente e fala ao público) Ei, será que
algum serumaninho aí tem um quintal bem sujinho pra eu viver?