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Políticas públicas da educação

profissional e tecnológica no Brasil:


rediscutindo a institucionalidade
do ensino técnico
Marta Leandro da Silva
Doutoranda pela UFSCAR e Professora da Faculdade de Educação, Universidade Federal de Uberlândia/MG.;
Orientador: Marques,Waldemar.Programa de Pós Graduação do PPGE UFSCAR
marleandro@netsite.com.br

Waldemar Marques
Professor Adjunto da Faculdade de Educação e Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de São Carlos

Nesse artigo, apresentam-se os resultados da pesquisa de mestrado realizada de 1999 a 2001, cujo
objetivo era pontuar os impactos e impasses da reforma da legislação federal da educação profissional,
sob a ótica dos educadores de uma Escola Técnica Pública do Estado de São Paulo. Foram reveladas
as contradições e ingerências da reforma indicando a necessidade de reformulação dessa política edu-
cacional caracterizada, principalmente, pelo Decreto Federal 2.208/97 que determinou a dissociação
do ensino técnico do médio, retomando a histórica dicotomia educação profissional versus educa-
ção geral. Visando corrigir as distorções e ingerências mais severas da reforma, publica-se o Decreto
Federal 5.154/04, revogando o anterior. Vivenciamos, hoje, a reforma da reforma em busca da cons-
trução de um corpo legislativo sólido, coerente e capaz de contemplar a complexa especificidade da
educação profissional e tecnológica.
Palavras-chave: Educação profissional. Ensino técnico. Políticas públicas. Reforma.

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1 Introdução e Procedimentos Atualmente vivenciamos um período de
Metodológicos transição caracterizado pelo debate sobre as
atuais políticas da educação profissional e tec-
Este artigo é versão adaptada da pesquisa nológica que põe em pauta o reexame e refor-
de mestrado realizada entre 1999 a 2001, que mulação da legislação federal de educação pro-
teve o objetivo de pontuar os impactos e im- fissional e tecnológica que com a publicação do
passes da reforma da educação profissional de Decreto Federal 5.154, de 23 de julho de 2004,
nível técnico sobre a estrutura e funcionamento objetiva corrigir as distorções presentes na legis-
das Escolas Técnicas Estaduais, para a área de lação complementar. Concomitantemente ini-
agropecuária no Estado de São Paulo. cia-se a discussão da Proposta do Anteprojeto
Nessa referida pesquisa analisou-se a le- de Lei Orgânica da Educação Profissional e
gislação federal da educação profissional de Tecnológica, em busca da construção de um
nível técnico, tendo como categorias de análise corpo legislativo sólido e capaz de contemplar a
os princípios/fins, autonomia escolar e orga- complexa especificidade da educação profissio-
nização curricular da educação profissional de nal e tecnológica.
nível técnico. Sob a ótica dos sujeitos sociais
que atuam na escola, foram identificados os as-
pectos que indicaram os impactos e impasses da 2 Os princípios/fins e a
reforma da educação profissional de nível técni- organização curricular do
co no locus da operacionalização das políticas ensino técnico sob a égide o
educacionais, ou seja, os seus desdobramentos e Decreto Federal nº 2208/97 e
tessituras no interior da escola. A visão dos su- da Resolução CNE/CEB nº 4/99
jeitos sociais sobre a reforma do ensino técnico
sinalizou posições que se identificam com a de Os princípios específicos da educação pro-
autores críticos da reforma, principalmente no fissional de nível técnico são os fundamentos
que diz respeito à ruptura do princípio de equi- norteadores que devem balizar as escolas técni-
valência entre ensino médio e o técnico. cas e demais instituições escolares responsáveis
No Brasil, a reforma da educação pro- pelo oferecimento da educação profissional no
fissional desenvolveu-se sob a égide da Lei de processo de organização curricular, na prática
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), pedagógica e na gestão.
nº 9.394, em 20 de dezembro de 1996, seguida Esses princípios são explicitados pela
de legislação complementar: Decreto Federal Resolução CNE/CEB nº 4/99 que especifica
2.208/97(que regulamentou o Parágrafo 2º do em seu Art. 1º, parágrafo único: “a educação
Art. 36, e 39 a 42 da LDB), Parecer nº 16/99 profissional, integrada às diferentes formas de
e a Resolução nº4/99 que define as Diretrizes educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia,
Gerais da Educação Profissional de Nível objetiva garantir ao cidadão o direito ao perma-
Técnico, ambos do Conselho Nacional de nente desenvolvimento de aptidões para a vida
Educação e Câmara de Educação Básica, porém produtiva e social” (BRASIL. 1999a). O Artigo
essa legislação permaneceu nos termos origi- 3º define os princípios norteadores da educação
nais por apenas sete anos (até 2004). profissional de nível técnico: “ I - independência

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e articulação com o ensino médio;II -respeito des nucleadoras, projetos, metodologias e ges-
aos valores estéticos, políticos e éticos;III- de- tão dos currículos.” (BRASIL. 1999b, p. 34).
senvolvimento de competências para a labora- Todavia, no âmbito da escola, o que se verificou
bilidade; IV-flexibilidade, interdisciplinaridade foi, paradoxalmente, efeitos de inflexibilização
e contextualização;V-identidade dos perfis pro- e desordem estrutural.
fissionais de conclusão de curso;VI - atualiza- A reforma pauta-se pelo emergente para-
ção permanente dos cursos e currículos;VII- digma da competência, no entanto considera-se
autonomia da escola em seu projeto pedagógico. polêmico o princípio da competência para a la-
(BRASIL. 1999a). borabilidade. Entende-se por competência, tal
O princípio da articulação do ensino téc- como explicita o Parecer CNE/CEB 16/99, a
nico e médio, tal como determinava o Decreto capacidade de “[...]articular, mobilizar e colocar
Federal 2208/97, é um dos aspectos mais ques- em ação valores, conhecimentos e habilidades
tionados na reforma. Conforme explicita o necessários para o desempenho eficiente e efi-
Parecer CNE/CEB nº 16/99, o termo articu- caz de atividades requeridas pela natureza do
lação, utilizado no Art. 40 da LDB “[...]implica trabalho”(BRASIL. 1999b,p.33). Sendo “[...]
intercomplementaridade, mantendo-se a identi- a vinculação entre educação e trabalho, na
dade de ambos; propõe uma região comum, uma perspectiva da laborabilidade, é uma referên-
comunhão de finalidades, uma ação planejada e cia fundamental para se entender o conceito
combinada entre ensino médio e o ensino técni- de competência”. O desenvolvimento das com-
co” (BRASIL.1999b, p.23). A articulação entre petências, nesses termos, visa propiciar “[...]
educação básica e técnica “[...]deve sinalizar às condições de empregabilidade/laborabilidade
escolas médias quais as competências gerais que de forma que o trabalhador possa manter-se
as escolas técnicas esperam que os alunos levem em atividade produtiva e geradora de renda em
do ensino médio[...]”(BRASIL.1999b,p.22). contextos sócio-econômicos cambiantes e ins-
Desta forma, a iniciativa da articulação é res- táveis.” (BRASIL.1999b, p.33). Nesse sentido,
ponsabilidade das próprias escolas, que por sua o conceito de competência integra, os saberes
vez, devem contemplá-la em seu projeto peda- em tríplice dimensão: o saber, propriamente
gógico objetivando “[...]uma passagem fluente dito, enquanto conhecimentos e informações
e ajustada da educação básica para a educa- articuladas operatoriamente; o saber fazer, que
ção profissional. Nas redes públicas cabe aos se traduz nas habilidades psicomotoras elabo-
seus gestores estimular e criar condições para radas cognitiva e socioafetivamente; o saber ser,
que a articulação curricular se efetive entre as que se constitui nas atitudes, os valores, isto é,
escolas”(BRASIL.1999b,p. 22). as predisposições para decisões e ações funda-
A flexibilidade foi outro princípio alvo de mentadas nos referenciais estéticos, políticos e
críticas. De acordo como Parecer CNE/CEB éticos. A Resolução CNE/CEB 4/99 classifica
16/99, trata-se do princípio estruturante do as competências em três categorias: básicas, ge-
ensino técnico que se “[...]reflete na construção rais e específicas, de acordo com a natureza do
dos currículos em diferentes perspectivas: na trabalho e atendendo à especificidade de cada
oferta dos cursos, na organização de conteúdos nível e modalidade de educação pretendida.
por disciplinas, etapas ou módulos, ativida- Deve-se ter assegurado no ensino fundamental

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e médio o desenvolvimento de competências no Parágrafo 3º de seu Artigo 8º:“[...]as esco-
básicas, enquanto as competências específicas las formularão, participativamente, nos termos
devem ser desenvolvidas na educação profis- dos Artigos 12 e 13 da LDB, seus projetos pe-
sional. O desenvolvimento de competências dagógicos e planos de curso, de acordo com es-
pressupõe “[...]nessa perspectiva a necessida- tas diretrizes” (BRASIL. 1999a). A autonomia
de de disponibilidade de ambientes e recursos escolar constitui o princípio fundamental no
adequados e atualizados para o desenvolvimen- planejamento educacional e nas práticas coti-
to de projetos típicos da área profissional alvo dianas. Isto confirma sua centralidade no cerne
do programa de formação” (REFERENCIAIS de projeto pedagógico escolar, enquanto con-
CURRICULARES, 2000. p33). cepção e prática pedagógico-organizacional da
A atualização permanente dos cursos e escola. Aos princípios e fins da educação profis-
currículos é o princípio que mantém interface sional segue-se a organização curricular que os
com diferentes demandas: aluno/cidadão, mer- operacionaliza.
cado de trabalho, tecnologia/ciência, sociedade O Decreto Federal nº 2.208/97 foi o ins-
e, com as da própria unidade escolar e a sua vo- trumento que mais marcou a reforma da educa-
cação institucional. Conforme o Parecer CNE/ ção profissional, ao regulamentar o Parágrafo
CEB 4/99 “[...] é fundamental desconsiderar os 2º, do artigo 36 da LDB e os artigos 39 a 42.
modismos ou denominações de cursos com fina- Faz-se pertinente descrever a estrutura
lidades exclusivamente mercadológicas. [...]A es- curricular do ensino médio, identificando seus
cola deve permanecer atenta às novas demandas elos de conexão e clarificando a interface entre
e situações, dando a elas respostas adequadas, o ensino médio e técnico, ou seja, a sua articu-
evitando-se concessões a apelos circunstâncias e lação ou complementariedade.
imediatistas. (BRASIL.1999b, p.37-38). O ensino médio, nos termos do Artigo 36
Destaca-se por fim o princípio da autono- da LDB, tem caráter formativo e destaca a “[...]
mia escolar. A LDB no artigo 15º da atual LDB educação tecnológica básica, a compreensão dos
determina que: “[...]os sistemas de ensino asse- significados da ciência, das letras e das artes; o
gurarão às unidades escolares públicas de edu- processo histórico de transformação da socie-
cação básica que os integram progressivos graus dade e da cultura; a língua portuguesa como
de autonomia pedagógica e administrativa e de instrumento de comunicação, acesso ao conhe-
gestão financeira, observadas as normas gerais cimento e exercício da cidadania.” Neste con-
do direito financeiro público.”(BRASIL.1996). texto deve oferecer o alicerce para um posterior
O Parecer CNE/CEB nº 16/99 explicita que aprofundamento nas diversas áreas do conhe-
“[...]o exercício da autonomia escolar inclui cimento humano, além de garantir a formação
obrigatoriamente mecanismos e instâncias de geral e preparação básica para o trabalho, para
prestação de contas dos resultados [...] a criação isso pode, facultativamente, preparar para o
de sistemas de avaliação que permitam a coleta, exercício de profissões técnicas, desde que este-
comparação e difusão dos resultados em âm- ja assegurado o seu caráter de formação de cul-
bito nacional.”(BRASIL.1999b,p.40). Por sua tura geral, conforme especificam os parágrafos
vez, a Resolução CNE/CEN nº4/99 explicita 2º e 4º do Art. 36 da LDB: “[...]§2º- O ensino
os limites do princípio da autonomia escolar, médio, atendida a formação geral do educando,

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poderá prepará-lo para o exercício de profissões prosseguimento dos estudos no curso superior,
técnicas;§4º-A preparação geral para o trabalho sendo ainda, a expedição do diploma de técnico
e, facultativamente, a habilitação profissional, vinculada a comprovação de conclusão do en-
poderão ser desenvolvidas nos próprios estabe- sino médio, além das exigências específicas do
lecimentos de ensino médio ou em cooperação curso técnico. Para Lima Filho (1999, p. 128)
com instituições especializadas em educação “[...] a separação formal das duas redes educativas,
profissional.” empreendida pela reforma em curso, também
É importante destacar que embora a LDB pode ser entendida, nos marcos da moderniza-
abra a possibilidade de manutenção de cursos ção conservadora, como um retrocesso na his-
de habilitação profissional que integram edu- tória educacional do país”.
cação geral e formação profissional, o Decreto Nesse sentido, pode-se dizer que a disjun-
Federal nº 2208/97 impede ao determinar ma- ção do ensino médio e técnico, preconizada pelo
trículas distintas, como pode ser observado no Decreto 2.208/97 e a articulação entre ambos,
seu Artigo 5º: “[...]a educação profissional de ní- tal como explicitada pelo Parecer CNE/CEB
vel técnico terá organização curricular própria 16/99, revelou uma “[...]perspectiva potencial-
e independente do ensino médio, podendo ser mente redutora do nível técnico. Redutora, porque
oferecida de forma concomitante ou seqüencial sua articulação com o ensino médio depende
a este.” A separação da organização curricular de um voluntarismo pedagógico questionável”
do ensino médio e do técnico, tal como norma- (BUENO, 2000, p. 161).
tizada por esse Decreto, evidencia a quebra do Quanto à forma de organização dos cur-
princípio de equivalência, consubstanciado na rículos plenos do ensino técnico, o Art. 8º do
LDB nº 4024/61, repondo, segundo os críticos, Decreto 2.208/97 dizia que seriam estruturados
a histórica dualidade estrutural: educação ge- em disciplinas, que poderiam ser agrupados sob
ral versus profissional, reavivando o espírito da a forma de módulos. Quando organizados em
Reforma Capanema, que admitia a continuida- módulos poderiam ter caráter de terminalidade
de de estudos apenas para a modalidade secun- para efeito de qualificação profissional, dando
dária ou mediante exames de admissão. direito, neste caso, a certificado de qualificação
No dizer de Kuenzer (1999, p. 103) “[...] profissional (BRASIL. 1997a). O Decreto não
essa concepção nega avanços ocorridos nas le- expressava a proibição do agrupamento das dis-
gislações de 1961 e 1971, que reconheciam o ciplinas sob a forma seriada, mas sugere prefe-
saber sobre o trabalho como socialmente váli- rencialmente a modularização curricular.
do, buscando a construção de modelos pedagó- Assim o conjunto dos certificados de com-
gicos que superassem a antinomia entre tecno- petência/qualificação profissional referentes aos
logia e humanidades.” Efetivamente o decreto módulos cursados constitui uma habilitação
determinou uma relação de dependência, de profissional que confere direito ao diploma de
articulação e complementaridade, do ensino técnico de nível médio, desde que o egresso com-
técnico ao médio, uma vez que o ensino técnico prove a conclusão do ensino médio (e o estágio
poderia ser oferecido sob duas formas: em regi- supervisionado para os cursos que o exigirem).
me de concomitância, ou em seqüência para os O Parecer CNE/CEB 16/99 destaca ain-
concluintes do ensino médio, não permitindo o da que a “[...]modularização dos cursos deverá

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proporcionar maior flexibilidade às instituições ticulação entre educação e democracia, promo-
de educação profissional e contribuir para a am- ver o reforço da dualidade escolar, contribuiu
pliação e agilização do atendimento das neces- para a estamentização das situações de classe
sidades dos trabalhadores, das empresas e as da (CUNHA,1977).
sociedade”. (BRASIL. 1999b, p. 18). O objetivo Moraes fixa sua crítica ao conteúdo da
da modularização, no espírito do Parecer, era reforma sinalizando as contradições entre os
oferecer mais flexibilidade às instituições, no objetivos proclamados pela lei e os efetivos im-
entanto esse aspecto tornou-se objeto de críti- pactos estruturais que a legislação acarretou
ca tanto dos pesquisadores quanto dos sujeitos à educação profissional. Entre esses impactos
sociais da escola. têm-se a antimonia entre formação geral e téc-
nica, obstaculizando o oferecimento de for-
mação politécnica. Assim, segundo a autora,
3 A reforma da educação têm-se não apenas
profissional segundo seus
críticos e protagonistas [...]a continuidade de uma educa-
ção profissional dirigida aos que
(Resultados)
têm baixa renda escolaridade e in-
Evidentemente que no espaço desse artigo,
serção social desfavorável, e a tere-
pouco se pode dizer de um assunto tão comple-
mos como paliativo ao desemprego
xo. De qualquer forma, torna-se necessário tra-
gerado pelas mesmas circunstân-
zer alguns destaques de intelectuais e daqueles
cias históricas que levam o MEC
que atuam no locus essencial de implementação
a pautar a educação pelo “modelo
da reforma, ou seja, na escola.
de competência”. (MORAES, p.
A crítica da reforma da educação profissio-
16-17, 1999).
nal (de 1996 a 2003) foi realizada com veemên-
cia por muitos pesquisadores, sob dois aspectos
interligados: quanto à forma pela qual se deu sua No que se refere à educação profissional
definição e ao seu conteúdo. (MORAES, 1999) no Estado de São Paulo pode-se dizer que a
Cunha, citado por Moraes, reporta-se reforma da legislação federal no nível técnico
particularmente à forma autoritária pela qual revelou-se um processo multifacetado e politi-
implementou-se a reforma da educação profis- camente complexo, com profundas alterações
sional atropelando o processo democrático: o na estrutura e no funcionamento do ensino
ensino técnico foi objeto do prejudicial “[...]mo- técnico, em especial para as Escolas Técnicas
vimento do tipo zig-zag representando uma vol- Estaduais do Centro Estadual de Educação
ta atrás no processo de unificação da estrutura Tecnológica “ Paula Souza” do Estado de São
educacional que, anunciado pelo Manifesto dos Paulo, mais nitidamente na agropecuária.
Pioneiros da Educação Nova, de 1932, vinha A pesquisa de campo realizada numa
se desenvolvendo desde a promulgação das ‘leis escola técnica de agropecuária constatou, na
de equivalência’ dos anos 50. (CUNHA, 1977, percepção dos entrevistados, efeitos contradi-
apud MORAES, 1999, p. 61). Ao invés da ar- tórios e graves impasses na organização cur-

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ricular e práticas da educação profissional de sua vocação institucional (área profissional que
nível técnico. irá atuar). Essa indefinição quanto à identidade –
Constataram-se impasses na efetivação ou vocação institucional, na percepção de seus
do princípio da autonomia e na participação sujeitos sociais – traz implicações para o desen-
dos sujeitos sociais no processo de elabora- volvimento efetivo do projeto pedagógico a ser
ção e implementação da política educacional. desenvolvida pela instituição escolar ao longo da
A autonomia associa-se à identidade, pois a sua evolução histórica.
identidade só se constrói por meio do exercí- O princípio da articulação conjugado ao de
cio da autonomia. Neste sentido, a construção flexibilidade, tal como preconizados pela legisla-
da identidade pressupõe o exercício da auto- ção, remete contraditoriamente para a inflexibi-
nomia escolar/institucional, sem a qual não se lização, desarticulação e fragmentação do currí-
consolida uma identidade legítima. Segundo os culo. Para Kuenzer (1997b, p.85) “[...]é incrível
educadores entrevistados e corroborando crí- como, em busca de flexibilidade, obtém-se exa-
ticas dos estudiosos, a forma verticalizada de tamente o oposto quando a tendência dos países
implementação da política bloqueou a possibi- que avançam na educação dos trabalhadores têm
lidade, de fato, dessa autonomia. caminhado no sentido de facilitar a articulação
Quanto ao princípio de articulação entre dos diferentes ramos e modalidades”.
ensino médio e técnico constatou-se um efeito A análise das entrevistas realizadas com
contraditório, pois a articulação entre ambos educadores sugeriu ainda que, pelas implica-
não ocorre de maneira espontânea ou imediata, ções da reforma, tal como preconizou o Decreto
não havendo trânsito livre nem para as escolas Federal 2208/97, estamos muito mais próximos
e tampouco para os alunos. Segundo Bueno de ofertar uma formação tecnicista distante da
(2000, p.161), a articulação encontra-se a mercê educação tecnológica.
de um “[...] voluntarismo pedagógico questioná- No espírito da legislação federal, a refor-
vel”. Há ainda obstáculos em relação ao desen- ma pauta-se especialmente pelo paradigma
volvimento da inter e transdisciplinaridade no de competência do qual deriva o princípio de
âmbito do processo de ensino- aprendizagem competência considerado polêmico: a laborabi-
e do projeto pedagógico da escola. No que se lidade/empregabilidade. Mesquita (2001, p. 5)
refere à pretendida independência, constata-se lembra que a empregabilidade, conceito mui-
efetivamente a dependência do ensino técnico to presente nos documentos elaborados pelos
ao ensino médio, uma vez que a diplomação do gestores do ensino público, pode ser entendido
técnico vincula-se à comprovação de conclusão como “[...]a capacidade flexível de adaptação
do ensino médio. individual às demandas do mercado de traba-
Quanto aos princípios da flexibilização e da lho”. Já Moraes (1999) considera que a noção de
atualização permanente de cursos e currículos, empregabilidade está associada a uma política
os resultados indicaram uma situação paradoxal, de recursos humanos empresarial, que induz a
pois a mudança constante e a descontinuidade transferência para o trabalhador da responsa-
no oferecimento de cursos em áreas já definidas, bilidade pela sua não-contratação, demissão e
trazem à tona novamente a questão da identida- desemprego. Por sua vez, Hirata apud Moraes
de da escola, ou seja, da definição clara quanto à (1999, p. 13), salienta que o conceito de empre-

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gabilidade acabou tornando natural “[...]a asso- caz, em especial, no âmbito da racionalidade fi-
ciação entre posse de uma ocupação e disposi- nanceira quanto à redução do custo/aluno.
tivos de formação. Em sentido inverso, a noção A nova organização curricular do ensino
de ‘inempregabilidade’ terminou por transferir técnico, tal como preconizada pelo Decreto nº
a responsabilidade da situação de desemprego 2.208/97, remete à tendência de disciplinarida-
ao trabalhador, como não preparado para asse- de, isto é, à fragmentação, departamentalização
gurar a si próprio um emprego”. do conhecimento, em contraposição à integra-
Destaca-se que o paradigma competência ção, à formação holística.
requer o uso de uma metodologia diferenciada Ressalta-se ainda, sob a ótica dos profissio-
no processo de ensino-aprendizagem e de avalia- nais da escola, o caráter elitista e excludente da
ção, assim como pressupõe a existência de am- reforma, ao quebrar o princípio de equivalência
bientes didático-pedagógicos adequados para não permitindo aos concluintes do ensino téc-
este fim, frágeis ainda, para a maioria das escolas. nico o prosseguimento de estudos em nível su-
Pela análise da legislação pode-se dizer que perior, uma vez que o percentual de concluintes
do ensino fundamental é destacadamente mais
há uma mistura conceitual que mescla poliva-
elevado do que do ensino médio.
lência e o paradigma da competência. A reforma
Outro aspecto abordado quanto aos impac-
pauta-se no emergente paradigma da competên-
tos e impasses da reforma sobre a área de agro-
cia, mas, ao mesmo tempo, retoma e reitera o ca-
pecuária refere-se à crise de identidade vocacio-
ráter polivalente da educação profissional de ní-
nal, ou vocação institucional. Cabe ressaltar que
vel técnico, conferindo-lhe uma nova roupagem.
a construção da identidade institucional escolar
Na percepção dos entrevistados (sujeitos so-
faz-se, ao longo do processo histórico, pela ação
ciais da escola) e dos críticos, o cenário do ensino
e interação de múltiplos fatores intervenientes.
técnico, tal como delineado pela reforma, iden-
No torvelinho das diretrizes, criou-se uma pre-
tifica-se, paradoxalmente, ao modelo taylorista,
mência de mudanças, sem rumos claramente de-
pois retoma não apenas a concepção de poliva-
finidos, como no ensino agrícola, que revelaram
lência, mas retrocede ainda mais reportando-se impasses na definição da vocação institucional
diretamente às concepções de formação profis- (haja vista a ampliação do campo de atuação das
sional instrumentalistas, pragmatistas e redu- escolas, em diferentes áreas profissionais).
cionistas. Cabe ressaltar que, segundo Machado
(1992), a formação polivalente, que ainda repre-
senta um avanço relativo às formas tayloristas e 4 A nova institucionalidade do
fordistas, apresenta-se como o novo. Ensino Técnico em debate:
Na visão de Kuenzer a reforma “[...]é tão as reformulações do Decreto
anacrônica e confusa, que não serve sequer ao Federal nº 5.154/04 e da
capital, que tem mais clareza [...] sobre as de- Resolução CNE/CEB nº 01/2005
mandas de formação de um trabalhador de novo
tipo, numa perspectiva menos retrógrada de su- A publicação de novo Decreto Federal
peração do taylorismo”. (1997b, p. 91). Nesses nº 5.154, de 23 de julho de 2004 (que ora re-
termos, verifica-se que a reforma tornou-se efi- gulamenta o Parágrafo 2º do Artigo 36 e os

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Artigos 39 a 41 da LDB 9394/96) seguida de o direito ao prosseguimento de estudos em nível
nova Resolução do CNE/CEB ( nº 1, de 3 de superior para os concluintes do ensino técnico e
fevereiro de 2005), configuram uma nova insti- permitir o oferecimento do currículo integrado
tucionalidade para o Ensino Técnico reformu- com matrícula única, revogando o impositivo de
lando a então recente organização curricular do dissociação entre ensino técnico e médio.
ensino técnico. A articulação em regime de concomitância
De acordo com o atual Decreto, o ensino oferecida aos concluintes do ensino fundamen-
técnico passa a denominar educação profissional tal ou aos alunos matriculados no ensino médio
técnica de nível médio, em substituição a expres- pode ocorrer das seguintes formas: na mesma
são educação profissional de nível técnico, an- instituição de ensino ou em instituições distintas
teriormente utilizada. O Artigo 2º do Decreto aproveitando-se as oportunidades educacionais
define que a educação profissional tem como disponíveis ou ainda, em instituições diversas
premissa a organização por áreas profissionais, mediante convênios de intercomplementarida-
em decorrência da estrutura sócio-ocupacional de que tenham como finalidade o planejamen-
e tecnológica e da articulação de esforços conju- to e o desenvolvimento de projetos pedagógicos
gando as áreas de educação, trabalho e emprego unificados. A articulação poderá ocorrer ainda,
e ciência e tecnologia. de forma subseqüente, oferecida, neste caso, so-
O Decreto 5.154/04 redefine substancial- mente aos concluintes do ensino médio.
mente as disposições anteriores ao especificar no Conforme Artigo 6º “[...]Os cursos e pro-
Parágrafo 1º do seu Artigo 4º que a articulação gramas de educação profissional técnica de ní-
entre educação profissional técnica de nível médio vel médio e os cursos de educação profissional
e o ensino médio dar-se-á de três formas: integra- tecnológica de graduação, quando estruturados
da, concomitante ou subseqüente. Amplia-se nes- e organizados em etapas com terminalidade, in-
te caso o leque de possibilidades de articulação en- cluirão saídas intermediárias, que possibilitarão
tre ambas as modalidades de ensino, conferindo a obtenção de certificados de qualificação para o
também maior flexibilidade para o ensino técnico, trabalho após sua conclusão com aproveitamen-
e intervindo na ruptura do princípio de equivalên- to”. Por terminalidade considera-se a conclusão
cia entre educação geral e profissional. intermediária dos referidos cursos que caracteri-
Neste contexto, a articulação de forma in- ze uma qualificação para o trabalho, com clareza
tegrada será oferecida somente a quem já tenha definida e identidade própria. Contudo, segundo
concluído o ensino fundamental, sendo o curso o Parágrafo 2º, as etapas com caráter de termi-
planejado para conduzir o aluno à habilitação nalidade deverão estar articuladas entre si, com-
profissional técnica de nível médio, na mesma pondo os itinerários formativos e os respectivos
instituição de ensino, contando com matrícula perfis profissionais de conclusão.
única para cada aluno. Para tanto deve ampliar Por sua vez, a Resolução CNE/CEB nº
a carga horário total do curso, objetivando asse- 01/05 atualiza as diretrizes curriculares nacio-
gurar simultaneamente, o cumprimento das fi- nais para o ensino médio e educação profissio-
nalidades estabelecidas para a formação geral e nal técnica de nível médio e promove alterações
de preparação para o exercício de profissões téc- na Resolução nº 3/98 (que define as diretrizes
nicas. Objetiva-se, portanto, resgatar novamente curriculares do ensino médio) e na Resolução

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nº 4/99 (que define as diretrizes curricula- temente o processo de discussão da proposta
res da educação profissional de nível técnico), do Anteprojeto de Lei Orgânica da Educação
especificando, de forma mais detalhada, a ar- Profissional e Tecnológica que objetiva não
ticulação entre o Ensino Técnico e Médio em apenas interpretar a LDB, mas sistematizar
observância às disposições do Decreto Federal as diferentes redes de educação profissional/
nº 5.154/05. Determina, nos termos do Artigo tecnológica mediante a organização de um
5º, a ampliação das cargas horárias totais, para Subsistema Nacional de Educação Profissional e
os cursos técnicos oferecidos de forma inte- Tecnológica que concebe a educação profissional
grada para um mínimo de 3.000 horas para as como política pública. Tal Proposta estrutura-
habilitações profissionais que ora exigem míni- se mediante as seguintes categorias: 1º) concei-
mo de 800 horas; de 3.100 horas para aquelas tuação da Educação Profissional e Tecnológica;
que exigem 1.000 horas; e de 3.200 horas para 2º) definição de seus princípios e objetivos, 3º)
aquelas que exigem 1.200 horas. Os cursos téc- características da educação profissional e tecno-
nicos realizados nas formas concomitante ou lógica, 4º) políticas públicas, 5º) articulação com
subseqüente ao Ensino Médio devem conside- esferas governamentais, 6º) educação de jovens
rar a carga horária total do Ensino Médio, nas e adultos, 7º) organização estrutural da educa-
modalidades regular ou educação de Jovens e ção profissional e tecnológica (mediante a orga-
Adultos e praticar a carga horária mínima exi- nização do Subsistema Nacional de Educação
gida pela respectiva habilitação profissional, da Profissional e Tecnológica composto pelas redes
ordem de 800, 1.000 ou 1.200 horas, segundo federal, estadual, municipal, privada de educação
a correspondente área profissional. Os cursos profissional, pelo Fórum Nacional de Educação
de educação profissional técnica de nível médio Profissional e Tecnológica); 8º) organização cur-
(cursos técnicos) a serem oferecidos de forma ricular composta pelas modalidades da educa-
integrada na mesma instituição de ensino ou ção profissional e tecnológica e currículos dos
na forma concomitante com o Ensino Médio, respectivos cursos e programas. 9º) certificação
em instituições distintas, mas com projetos profissional; 10º) formação e capacitação de ges-
pedagógicos unificados, mediante convênio de tores e técnicos administrativos, 11º) avaliação,
intercomplementaridade, devem submeter seus 12º) gestão, 13º) financiamento, 14º) expansão,
planos de curso e projetos pedagógicos à devi- 15º ) disposições transitórias. O intuito é a cons-
da aprovação dos órgãos próprios do respectivo trução de corpo legislativo sólido e coerente que
sistema de ensino. Conforme dispõe artigo 7º, atenda a especificidade da educação profissional/
a conclusão dos cursos de educação profissio- tecnológica e que permita formular e implemen-
nal técnica de nível médio realizada de forma tar políticas com mais clareza.
integrada terá validade para fins tanto de ha-
bilitação profissional, quanto de certificação do
Ensino Médio para a continuidade de estudos 5 Considerações finais
na educação superior.
Neste contexto a publicação do Decreto Em suma, ao buscarmos uma característi-
Federal 5.154/04 configura-se numa medida ca fundamental das políticas educacionais dire-
de transição, visto que instaura concomitan- cionadas à educação profissional e tecnológica,

Cadernos de Pós-Graduação.
pode-se afirmar que a descontinuidade é a ca- mediante a construção do sólido corpo legis-
racterística principal. A educação profissional lativo que lhe configure organicidade, sistema-
é marcada por bruscas rupturas e transições na tização e valorize as peculiaridades dessa mo-
sua sistemática de funcionamento, e nas formas dalidade da educação, segundo a concepção do
de gestão e organização escolar. Essa desconti- Estado Democrático de Direito e da sociedade
nuidade provoca uma insegurança geral; deman- do conhecimento/da informação.
da contínua reformulações de projetos político- Na perspectiva de concebê-la como polí-
pedagógicos e institucionais em curso, além de tica pública capaz de viabilizar maiores possi-
comprometer, no caso do ensino técnico da área bilidades de inserção no mundo do trabalho e
de agropecuária, identidades já conquistadas. como instrumento de inclusão social e cidada-
A frágil articulação e o debate aberto com nia ativa, ante ao desemprego estrutural num
as instituições escolares e o auscultar o que cenário produtivo marcadamente tecnológico e
pensa a comunidade acadêmica ajudam a com- mutável há de se considerar prioritariamente a
preender porque num breve espaço de tempo, relevância da educação profissional e das insti-
decretos e resoluções são publicados e revoga- tuições que a oferecem no contexto do desenvol-
dos. Verifica-se que tais decretos e resoluções vimento sócio-político, econômico-produtivo e
são implementados mais pela coloração dos técnico-científico. Não é pertinente desenvolver
partidos políticos no poder, do que pelo espí- a educação profissional e tecnológica de forma
rito de políticas públicas no âmbito do Estado, isolada do sistema nacional de educação, e de-
uma vez que o processo de reforma de tais po- mais categorias trabalho/emprego, ciência/tec-
líticas carece de tempo para amadurecimento, nologia, pois ela se encontra na confluência de
acompanhamento dos processos avaliativos. áreas prioritárias e estratégicas para o desenvol-
Neste sentido, pode-se configurar a existência vimento sustentável e inclusivo que buscar con-
de situações paradoxais em que a implemen- jugar, na medida do possível, o desenvolvimen-
tação de uma política educacional contradiz a to econômico com o campo social reduzindo o
própria LDB, que enfatiza a gestão democráti- descompasso entre ambos e a exclusão social
ca. Observa-se ainda uma politização excessiva tão visíveis nos países periféricos com o Brasil.
no sentido partidário/ideológico e o enfraque-
cimento do Estado, enquanto instituição social.
Assim tem-se um Estado fraco, e ‘partidos po- Public policies of professional and
líticos fortes’ que implementam políticas gover- technological education in Brazil:
namentais partidárias. discussing the institutional aspects
Conceber a educação profissional e tecno- of technical education
lógica na perspectiva de política pública signi-
In this article, we present the results of
fica reconhecê-la como um direito subjetivo de the research of post graduation achieved
todo e qualquer cidadão. Entretanto, ir além from 1999 to 2001, which objective was to
implica no reconhecimento do sentido de trans- analyze the impacts and difficulties of re-
cendência da educação profissional, situando-a form of federal legislation of the professio-
acima dos interesses políticos partidários, e nal education, in accordance with the Public
concebê-la como política pública permanente Technical School of the State of São Paulo

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need of redeveloping this educational policy Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial
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sus general education. To correct the most Regulamenta o § 2º do art. 36 e os arts. 39 a 42 da Lei
serious contradictions and interventions, it nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as
is published the Federal Decree 5.154/04, Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial
[da República Federativa do Brasil], Brasília, DF, abr.
annulling the anterior decree. Nowadays we
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and able to analyze the complexity of profes- BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
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Cadernos de Pós-Graduação.

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