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Possibilidades introdutórias
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Professora Doutora (UEMS). citraadma@hotmail.com.
III SEMINÁRIO SUL-MATO-GROSSENSE EM EDUCAÇÃO, GÊNERO, RAÇA E ETNIA 2019
CEPEGRE/UEMS – NEAB/UFGD
De 19/11/2019 a 21/11/2019 em Dourados-MS.
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Na existência metodológica e humana deste caminhar da vida, nos
apropriamos da intuição de caráter etnográfica da dimensão educacional, tentando
entender os sentidos vividos por pessoas que lutam contra a subalternidade, no
ressignificar o respeito à diversidade, do reconhecimento da memória ancestral
indígena, suas vivências e de seu tekohá.
Nesse sentido, podemos dialogar com o entendimento destas manifestações
registradas nas lentes cinematográficas, que apresentam situações contraditórias
para serem compreendidas na dimensão de documentário: “o bem e o mal se
misturam e se confundem universalmente, assim como a felicidade e a miséria, a
sabedoria e a loucura a virtude e o vício o sorriso e a melancolia” (HUME, 2005). Em
relação ao sujeito contemporâneo, podemos considerar que a identidade está em
constante construção, não há definição fixa desta pessoa abya ayala ou indígena no
cinema moderno. As transformações e acontecimentos que cercam os valores de
homens, mulheres, os fazem procurar sentidos no olhar da ancestralidade, pois esta
identidade não é permissiva, ela é permeável, própria do fazer ocidental moderno.
Nesta descoberta metodológica existem cinco dimensões de reconhecimento:
estranhamento, esquematização, desconstrução, comparação e a busca por
modelos alternativos. Estas dimensões estão no enredo do documentário, Martírio
(2017), pois a obra contemporânea, apresenta temáticas históricas, sociais, culturais
e étnicas. Necessita da escuta sensitiva, em que a sensibilidade e sutilidade
sub/inter (subjetividade) presenciam uma cultura assassinada, pois tempo/espaço
ocupam as mesmas vivências, em épocas diferentes. De acordo com diálogo de
Maurice Merleau-Ponty, e Luiz Augusto Passos, eles afirmam:
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Grande reunião.
III SEMINÁRIO SUL-MATO-GROSSENSE EM EDUCAÇÃO, GÊNERO, RAÇA E ETNIA 2019
CEPEGRE/UEMS – NEAB/UFGD
De 19/11/2019 a 21/11/2019 em Dourados-MS.
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O documentário narra sobre estas nações/etnias que são compostas por
pessoas sensitivas/perceptivas/intuitivas, emancipadas no pensar da liberdade. O
cinema colabora na recriação de formas para manter as historiografias pessoais,
pertencentes a própria história, sendo um dos desafios da nova ordem social, os
desdobramentos sincréticos de sobrevivência. As etnias resistem mantendo a
identidade linguística pelo exercício do esconder, para não cair no esquecimento,
influenciando a formação da nação brasileira em todos sentidos (ADORNO, 2000).
É importante ressaltar que estes povos resistem pela retomada do Tekohá,
pois o deslocamento e encurralamento arbitrário do processo civilizatório, provocou
a eles a condição sub-humana de sobrevivência, explorou os recursos hídricos e
ecológicos. O custo humano de servir aos interesses da ideologia mercadológica do
não indígena, não poupou a liberdade de cultos ancestrais aos nativos da terra, os
mesmos foram induzidos e obrigados a condição e conduta de escravizados aos
modos de produção colonialista.
O objetivo de Carelli com o projeto é orientar o registro, dar voz a quem não
tem voz, pois os Guarani e Kaiowá são vozes esquecidas/apagadas pela sociedade
moderna. A intensão é colaborar com a formação de indígenas no registro de suas
próprias histórias, formando indígenas roteiristas e cineastas. Cabe-nos ajudá-los,
propondo a interculturalidade entre o conhecimento tradicional e a episteme de raiz
nativa dos Guarani e Kaiowá, auxiliando-os no contar de suas próprias histórias, em
documentários cinematográficos. Carelli, como pensador contemporâneo, pretende
continuar o registro de filmar uma trilogia iniciada com a película Corumbiara,
Martírio, pertence a essa trilogia, sendo a segunda película, e a proposta para
finalização será com o filme Adeus, Capitão.
O contexto do filme Martírio documenta a paisagem geográfica das terras sul-
mato-grossenses, dos fenômenos encontrados por força histórica do documentário.
O tempo da produção entre as primeiras filmagens e a edição/divulgação da película
foi de vinte e nove anos, caracterizando-a como uma ontologia vivenciada por
sentidos temporais, na lógica da invisibilidade humana. Michel de Certau (2010)
induz a uma ontologia, que se relaciona com as ideias de Boaventura de Sousa
Santos (2010), nas relações sociais, pois a história está suleada por uma ecologia
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Um papiro que ficou conhecido por Código de Isaías, neste documento existe a descoberta
mais antiga da humanidade, estamos nos reportando à oração. A tecnologia da oração permite a mediação entre
Possíveis Considerações
os mundos, espaço/tempo, cada cultura tem a sua, objeto deslocante, ponte de ligação, permitindo mediação,
transe de entrada e saída da força vital da oração. Esta vibração é presente, cíclica, responsável por antecipar
princípios da física na ciência moderna.
Referências
HUME. Hume, Vida e Obra. Série Os Pensadores. São Paulo: Editora Nova
Cultural, 1999.
Artigo de periódico
Trabalho em CD
PASSOS, L. A. TEIXEIRA, I. A. C. PONCE, B. J. Saga das Temporalidades: a
educação da escola e a educação do cotidiano. In: ENDIPE, 2000, Rio de Janeiro.
Ensinar e aprender: sujeitos e saberes, espaços e tempos. Rio de Janeiro: CD-
ROM -MICROSERVICE/UERJ, 2000.
Texto da internet
CARELLI, V. CARVALHO, Ernesto de, AOKI, C. AOKI, M. M. BENITES, T.
Documentário:Martírio.Dourados-MS,
https://www.cartacapital.com.br/cultura/martirio-um-filme-para-indignar-brasilia, 2016.