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Resumo
Este trabalho apresenta a tecnologia de produção de aços com ultra baixos teores
de hidrogênio (2 ppm máx) que foi desenvolvida na ArcelorMittal Tubarão. Esta
tecnologia foi implementada em duas etapas: a primeira etapa consistiu no controle
das principais fontes de incorporação de hidrogênio no aço líquido e a segunda
etapa contemplou a adoção de práticas especiais de aciaria, visando-se obter o mais
baixo teor de hidrogênio possível no aço líquido, no fim do tratamento no RH. As
principais fontes de incorporação de hidrogênio foram identificadas e quantificadas.
Foram desenvolvidos modelos matemáticos para prever os teores de hidrogênio no
início e no fim do tratamento no RH. As práticas especiais de aciaria e o restrito
controle de qualidade em cada fase do processo proporcionaram um teor médio de
hidrogênio de apenas 1,09 ppm no fim do tratamento no RH. A incorporação de
hidrogênio, durante o processo de lingotamento, foi minimizada.
Palavras-chave: Hidrogênio; Pick-up de hidrogênio; Hidrogênio no aço; HIC.
Abstract
This paper presents the production technology of ultra-low (2 ppm max) hydrogen
steel grades that has been developed at ArcelorMittal Tubarão. This technology was
implemented in two steps: first step has considered the control of the main hydrogen
pickup sources into liquid steel and the second step was the adoption of key
steelmaking practices, in order to reach the lowest possible hydrogen content in the
steel, at end of RH treatment. The main hydrogen pickup sources were identified and
quantified. It were developed mathematical models to predict the hydrogen contents
at beginning and end of RH treatment. The special steelmaking practices and the
stringent quality control at each stage of the process have guaranteed an average
hydrogen content of only 1,09 ppm at end of RH treatment. The hydrogen pickup,
during casting, was minimized.
Keywords: Hydrogen; Hydrogen pickup; Hydrogen in the steel, HIC.
1
Engenheiro Metalurgista, Gerência Geral de Produção de Aço, ArcelorMittal Tubarão, Serra, ES,
Brasil.
1 INTRODUÇÃO
1.1 Apresentação
1.2 Objetivos
1
H2 H
2 (g) (1)
A concentração de hidrogênio presente no banho metálico é relacionada com a
pressão parcial de gás, através da seguinte relação (Equação 2):
KH
[%H] = PH 2 (2)
fH
Onde:
[%H]: Concentração de hidrogênio (em % peso);
K H : Constante de equilíbrio a uma dada temperatura;
f H : Coeficiente de atividade henriana do hidrogênio;
PH 2 : Pressão parcial de hidrogênio no aço (em atm).
Segundo Fuwa [3], que realizou uma grande compilação de dados de literatura, o
valor da constante de equilíbrio (KH) é obtido pela seguinte expressão (Equação 3):
1900
log K H = - - 1,577 (3)
T
Onde T é a temperatura em graus Kelvin.
O coeficiente de atividade do hidrogênio dissolvido em ligas de ferro líquido é dado
pela seguinte somatória (Equação 4):
log f H = eHj [% j ] (4)
40
Hidrogênio (ppm)
30
20
10
0
500 1000 1500 2000
Temperatura (ºC)
2 MATERIAIS E MÉTODOS
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Onde:
Vaz.: Condição de vazamento do aço líquido;
EF: Vazamento efervescente (sem adição de alumínio);
AC: Vazamento acalmado (com adição de alumínio);
Ao se analisar os resultados dos experimentos, verifica-se que as variáveis
mencionadas anteriormente foram capazes de elevar o teor médio de
hidrogênio de 1,7 para 5,4ppm, mostrando o quão influentes são as mesmas
no processo de incorporação de hidrogênio no aço líquido.
Na verdade, como os experimentos foram planejados com base em dados de
literatura, já se esperava essa gradação de valores que foi observada. Verifica-se
que os maiores valores de hidrogênio foram obtidos nos experimentos que utilizaram
grandes adições de materiais, seja de cal, ferro-ligas ou materiais recarburantes.
A Figura 2 mostra uma disposição gráfica do tipo “Box-Plot”, para a mediana, onde
se pode avaliar a simetria e a dispersão dos resultados do teor médio de hidrogênio
presente no aço líquido, para cada grupo de experimentos.
8
Mediana
7 25%- 75%
Teor de Hidrogênio (ppm)
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º
Grupos de Experimentos
7
Média
Média + / - SE
6
Média + / - 0,95 CI
1
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º
Grupos de Experimentos
Figura 3. Box-Plot (da média) mostrando a distribuição dos resultados de hidrogênio.
Nesse momento da análise dos resultados, foi possível concluir que praticamente
todas as variáveis incluídas no plano de experimentos tinham influência na
incorporação de hidrogênio no aço líquido. A análise da importância relativa de cada
variável em relação às demais e o efeito de cada uma delas no teor final de
hidrogênio só se tornou possível através da análise de regressão linear múltipla.
As variáveis preditoras (em kg) que foram incluídas no modelo são as seguintes:
adição de FeSiMn na panela (SiMn); adição de cal na panela (Calp); adição de coque
na panela (Coque); adição de cal no convertedor (Calld); adição de grafite na panela
(Grafite) e somatório da adição de todas as ligas à base de ferro-manganês (Mntot).
A avaliação do modelo de regressão apresentou os seguintes resultados: um valor
de R de 0,9423; um valor de R2 de 0,8879 e um valor de R2ajustado de 0,8777. O valor
elevado para o R2ajustado indica que o modelo de regressão obtido conseguiu explicar
a maior parte da variabilidade dos dados. A diferença entre o R2 e R2 ajustado é
pequena, mostrando que todas as variáveis incluídas no modelo são significativas.
1,7
1,6
1,5
1,4
1,3
H/Hf
y = -0,0013x + 1,3166
1,2
1,1
0,9
0,8
0 50 100 150 200 250 300
Escoamento da panela (ton)
1,70
1,60
1,50
1,40
H/Hf (ppm/ppm)
Partida a frio
1,30
Partida a quente
1,00
0,90
y = -0,0013x + 1,3089
0,80
0 50 100 150 200 250 300
Escoamento da panela
1,7
1,6
1,5
1,4
H/Hf (ppm/ppm)
1,3 Palha
Pó de cobertura
Linear (Palha)
1,2 Linear (Pó de cobertura)
y = -0,0011x + 1,2735
1,1
0,9
y = -0,0014x + 1,3426
0,8
0 50 100 150 200 250 300
Escoamento da panela
2 1,4 1,2
3 2,1 1,8
4 2,8 2,3
5 3,5 2,9
MÁQUINA
MEDIDA E Temperatura
MÃO-DE-OBRA Rompimento Vazamento no incorreta
dos flexíveis sistema do vapor
Imersão
Falta de
incorreta Deficiência
habilidade na
dos snorkels no sistema de
medição de H
Deficiência Temperatura vácuo do RH
no sistema elevada Deficiência
Deficiência de
de gás inerte Pressão do vapor no sistema
treinamento
do RH incorreta de resfriamento
de Ar/N2 Excesso de
Falta de
Falha do pré-evacuação
atenção
operador Vaso com
durante o Temperatura
tratamento
vida elevada elevada TEOR DE H
Deficiência de Excesso de da água ACIMA DO
treinamento bicos entupidos
PERMITIDO
Temperatura inicial
Adição excessiva NO FIM DO
insuficiente Política de
de ligas e cal no LD TRATAMENTO
Panela fria temperatura
no LD NO RH
RH frio Teor inicial de
Teor elevado de
Vazamento H muito elevado
umidade atmosférica
Aquecimento antecipado Panela
excessivo Teor elevado de
fria
umidade atmosférica
Teor elevado de Tratamento com Tempo de tratamento
umidade nos nível de vácuo Inadequado no RH
Ferro-ligas inadequado no RH
Aquecimento Sincronismo
Falha do
excessivo inadequado
operador
Falha na Momento incorreto de Adição excessiva
estocagem adição de ligas no RH de ligas no RH
Aquecimento Temperatura
Falha do Inicial
excessivo operador Política de
adição no LD insuficiente
Falha de
MATÉRIA PRIMA E adição no LD
MEIO AMBIENTE MÉTODO
Figura 7. Diagrama de causa e efeito para teor de H acima do permitido no fim do tratamento no RH.
1,75
1,75
1,68
1,7
1,65
1,59
1,6
1,55
ATE 23 23,1 A 27 27,1 A 31 > 31
T EMPO DE VÁCUO (min)
Por sua vez, as Figuras 9 e 10, também com dados da ArcelorMittal Tubarão,
mostram o relacionamento entre volume de oxigênio soprado no RH e teor final de
hidrogênio.
2
1,96
1,9
TEOR DE H (ppm)
1,8 1,77
1,77
1,7
1,63 1,69
1,6
1,5
0 1 A 100 101 A 200 201 A 300 >300
VOLUME DE O2 (Nm3)
Figura 9. Influência do volume de oxigênio soprado no teor final de hidrogênio no RH.
39
37,8
35
33
31 29,5 30,2
29
27,5
27
27,3
25
0 1 A 100 101 A 200 201 A 300 >300
VOLUME DE O2 (Nm3)
Figura 10. Influência do volume de oxigênio soprado no tempo de vácuo no RH.
ppm
1,4 0,3
0,26 desvio
1,3
0,2
1,2
1,09 0,1
1,1
1 0
Normal Teste
4 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS