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Departamento de Engenharia Química e de Materiais

PRODUÇÃO DE SULFATO FÉRRICO A PARTIR DA OXIDAÇÃO DE


SULFATO FERROSO COM PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO

Aluna: Raíssa Catalani Alberto


Orientador: Luiz Alberto Cesar Teixeira

Introdução
A geração de resíduos industriais aumenta com o crescimento populacional devido ao
aumento do consumo e da demanda de produtos. No caso da indústria siderúrgica, diversos
resíduos são gerados como, por exemplo, o resíduo líquido. Este efluente é proveniente da
decapagem ácida, que é utilizada para remoção da ferrugem de laminados ou trefilados de
aço. A decapagem química é realizada em superfícies metálicas, com a imersão do material
em banho ácido a fim de remover os óxidos da superfície do mesmo [1].
O uso do ácido sulfúrico na decapagem da ferrugem dos laminados, gera sulfato
ferroso o qual pode se tornar coagulante para tratamento de água, após a oxidação. É um
coagulante inorgânico e trivalente que é utilizado em tratamento de água potável, efluentes
líquidos industriais, condicionamento de lodos em estações de tratamento e em esgotos
domésticos. Os coagulantes cloreto férrico e sulfato férrico se equivalem quanto sua eficácia
como coagulantes, mas o sulfato férrico apresenta as seguintes vantagens: menor custo, menor
índice de corrosão e menor acidez [2]. No presente trabalho considerou-se que o ácido
sulfúrico foi utilizado na decapagem ácida.
Este trabalho utilizou o processo de oxidação, com peróxido de hidrogênio, para que o
sulfato ferroso presente nesse efluente seja convertido à sulfato férrico. No tratamento de
água, os sais de ferros são utilizados como coagulantes [3]. E entre os coagulantes mais
utilizados está o sulfato férrico [4]. Assim, o sulfato férrico poderá ser utilizado como
coagulante em Estações de Tratamento de Água (ETAs).
Para obter coagulantes deve-se considerar os processos de oxidação que ocorrem em
meio aquoso. O ferro pode apresentar dois estados de oxidação, sendo esses a sua forma
bivalente ou ferrosa e na forma trivalente ou férrica [5].
No processo de oxidação estudado no presente trabalho a reação de oxidação do
sulfato ferroso (Fe+2) com o peróxido de hidrogênio (H2O2), em presença de ácido sulfúrico
(H2SO4) advindo do resíduo líquido resultante da decapagem ácida, para gerar sulfato férrico
(Fe+3) é representada pela Equação (1):

2 FeSO4 (aq) + H2O2 + H2SO4 → Fe2(SO4)3 (aq) + 2 H2O (1)

Materiais e Metodologia de análises


Utilizou-se equipamentos e materiais como: termômetro de álcool, pHmetro, fitas
reativas colorimétricas, balança, agitador magnético e produtos químicos como peróxido de
hidrogênio, sulfato ferroso e ácido sulfúrico.
O sulfato férrico para uso como coagulante segundo especificação, possui
concentração Fe2(SO4)3 ≥ 42,85% e densidade a 25°C ≥ 1,400 g/cm3 [6]. A partir desses dados
pode-se calcular a concentração inicial necessária de sulfato ferroso para obtenção dessa
porcentagem em massa de sulfato férrico.
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A metodologia aplicada neste estudo foi baseada na revisão bibliográfica sobre


técnicas de oxidação em águas e efluentes através da aplicação do peróxido de hidrogênio. Os
experimentos foram realizados no Laboratório de Tratamento de Águas e Efluentes Industriais
da PUC-Rio.
Primeiramente, realizou-se a preparação da solução de partida (200 mL), com a
pesagem do sulfato ferroso heptahidratado (Fe2SO4.7H2O), em seguida, adicionou-se o ácido
sulfúrico, em quantidade pré-determinada, sobre o sulfato ferroso e acrescentou-se a
quantidade pré-determinada de água. Assim, simulou-se as condições de composição de um
resíduo líquido de decapagem. Para preparar as soluções de cada ensaio deve-se utilizar 20
mL em um béquer.
A próxima etapa é a adição do peróxido de hidrogênio para iniciar a reação de
oxidação. Após o término da dosagem de peróxido de hidrogênio, em quantidade pré-
determinada, acionou-se o cronômetro e as medições (em 0, 5, 15 e 30 minutos) das
concentrações de peróxido de hidrogênio foram realizadas, juntamente com a medição da
temperatura. Antes da adição do peróxido de hidrogênio, a solução preparada apresentou cor
verde claro e, após sua adição, a cor da solução passou a ser castanho como apresentado na
Figura 1.
Para a determinação de Fe+2, Fe+3 e Fetotal as amostras foram analisadas pelo
Laboratório de Análises Químicas Hidroquímica Oceanus (RJ), utilizando como referência
metodológica o Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (SMEWW,
3500Fe - B).

Figura 1 - (a) Preparação da solução de partida e (b) solução de partida (20 mL) após
dosagem do H2O2.

Para o cálculo da velocidade inicial de consumo do H2O2 utilizou-se a seguinte


fórmula:
v0= - ([H2O2]f - [H2O2]i)/ (tf - ti) (2)

[H2O2]f = concentração do peróxido de hidrogênio em t= 5min


[H2O2]i = concentração do peróxido de hidrogênio em t= 0
tf = tempo final (5 min)
ti = tempo inicial (0)

A Tabela 1 apresenta os resultados das velocidades iniciais (v0) de consumo do H2O2.


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Tabela 1 - Velocidade inicial de consumo de H2O2.

Experimento v0 (mg/L.min)
0% 8,12
25% 11,2
50% 13,2
100% 18,2
150% 22,2
200% 26,4

A partir dos dados da Tabela 1, observa-se que a velocidade inicial de consumo do


peróxido de hidrogênio (H2O2) aumenta com o aumento da concentração inicial de peróxido
de hidrogênio adicionada à cada experimento.
A velocidade inicial de consumo de H2O2 é um importante parâmetro, pois representa
a cinética da reação. Considerando de maneira simplificada a Equação (3):

H2O2 + Fe2+ → Fe3+ (3)

Tem-se a equação de velocidade, representada na Equação (4):

- d[H2O2]/dt = k[H2O2][ Fe2+] (4)

Então, é possível observar a partir da Equação (4) que a velocidade de consumo do


H2O2 tem como variável significativa a dosagem inicial de H2O2, isto é, o aumento de sua
dosagem inicial aumenta proporcionalmente a velocidade inicial da reação.

Resultados e Discussão
Os resultados das medições de peróxido de hidrogênio (H2O2) nas soluções de estudo,
suas respectivas temperaturas nos tempos reacionais de 0, 5, 15 e 30 minutos e as
concentrações de Fe+2, Fe+3 e Fetotal obtidas ao término do tempo reacional de cada
experimento de oxidação do sulfato ferroso são apresentadas nas tabelas e gráficos a seguir. A
medição do pH resultou em pH=1, ao final de cada experimento.
No experimento 1, foi utilizado uma quantidade estequiométrica de peróxido de
hidrogênio. Observa-se na Figura 2, que a concentração do peróxido de hidrogênio apresenta
uma maior redução em até 5 minutos de reação, em seguida a concentração de H2O2 é
reduzida em menor velocidade até alcançar [H2O2] = 0 mg/L em 30 minutos. Pode-se se
concluir que no experimento 1 praticamente todo o peróxido de hidrogênio foi consumido.
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Figura 2 – Decaimento da [H2O2] (mg/L) a partir de dosagem estequiométrica.

A Figura 3 apresenta os resultados para o acompanhamento da temperatura após a


dosagem estequiométrica do H2O2. Ao adicionar o H2O2, houve um acréscimo a partir da
temperatura inicial (25 ± 1 ºC). Este processo é característico de uma reação exotérmica. Em
5 minutos de reação, atingiu-se o valor máximo (42 ºC), posteriormente, ocorreu um
progressivo decaimento, até atingir 30 ºC aos 30 minutos. A velocidade de reação foi
calculada nos primeiros 5 minutos, apresentando v0= 8,12 mg/L.min.

Figura 3 – Acompanhamento da temperatura (ºC) a partir da aplicação da dosagem


estequiométrica do H2O2.

No experimento 2, utilizou-se 25% de excesso de peróxido de hidrogênio, em relação


a quantidade estequiométrica. A Figura 4 representa o decaimento do H2O2 no tempo
reacional de 30 minutos. Verificou-se que a concentração do peróxido de hidrogênio
apresenta um maior decaimento em até 5 minutos de reação, assim como apresentado no
experimento 1. Após este tempo, houve uma redução lenta, não alcançando [H2O2] = 0 mg/L
em 30 minutos de reação.
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Figura 4 – Decaimento da [H2O2] (mg/L) a partir da aplicação de 25% de excesso da


quantidade estequiométrica de H2O2.

Os valores da temperatura no decorrer dos 30 minutos de reação (Figura 5), observa-se


que ocorre a mesma elevação observada no Experimento 1. A velocidade inicial da reação foi
calculada nos primeiros 5 minutos, obtendo-se v0= 11,2 mg/L.min, apresentando uma
velocidade inicial maior se comparado ao Experimento 1. Logo, o aumento da concentração
de peróxido de hidrogênio provocou um aumento da velocidade inicial de consumo do mesmo
uma vez que apresenta maior decaimento em 5 minutos de reação.

Figura 5 – Acompanhamento da temperatura (ºC) a partir da aplicação de 25% de excesso da


quantidade estequiométrica de H2O2.

No experimento 3, utilizou-se 50% de excesso de peróxido de hidrogênio, em relação


a quantidade estequiométrica. A Figura 6 representa o decaimento do H2O2 no tempo
reacional de 30 minutos. Verificou-se que a concentração do peróxido de hidrogênio
apresenta um maior decaimento em até 5 minutos de reação, assim como apresentado no
experimento 1. Após este tempo, houve uma redução lenta, não alcançando [H2O2] = 0 mg/L
em 30 minutos de reação.
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Figura 6 – Decaimento da [H2O2] (mg/L) a partir da aplicação de 50% de excesso da


quantidade estequiométrica de H2O2.

Os valores da temperatura no decorrer dos 30 minutos de reação (Figura 7), observa-se


que ocorre a mesma elevação observada nos Experimentos 1 e 2. A velocidade inicial da
reação foi calculada nos primeiros 5 minutos, obtendo-se v0= 13,2 mg/L.min, apresentando
uma velocidade inicial maior se comparado aos Experimentos 1 e 2. Logo, o aumento da
concentração de peróxido de hidrogênio provocou um aumento da velocidade inicial de
consumo do mesmo uma vez que apresenta maior decaimento em 5 minutos de reação.

Figura 7 – Acompanhamento da temperatura (ºC) a partir da aplicação de 50% de excesso da


quantidade estequiométrica de H2O2.

No experimento 4, utilizou-se 100% de excesso de peróxido de hidrogênio, em relação


a quantidade estequiométrica. A Figura 8 representa o decaimento do H2O2 no tempo
reacional de 30 minutos. Verificou-se que a concentração do peróxido de hidrogênio
apresenta um maior decaimento em até 5 minutos de reação, assim como apresentado nos
experimentos anteriores. Após este tempo, houve uma redução lenta, não alcançando [H2O2]
= 0 mg/L em 30 minutos de reação.
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Figura 8 – Decaimento da [H2O2] (mg/L) a partir da aplicação de 100% de excesso da


quantidade estequiométrica de H2O2.

Os valores da temperatura no decorrer dos 30 minutos de reação (Figura 9), observa-se


que ocorre a mesma elevação observada nos Experimentos 1, 2 e 3. A velocidade inicial da
reação foi calculada nos primeiros 5 minutos, obtendo-se v0= 18,2 mg/L.min, apresentando
uma velocidade inicial maior se comparado aos Experimentos 1, 2 e 3. Logo, o aumento da
concentração de peróxido de hidrogênio provocou um aumento da velocidade inicial de
consumo do mesmo uma vez que apresenta maior decaimento em 5 minutos de reação.

Figura 9 – Acompanhamento da temperatura (ºC) a partir da aplicação de 100% de excesso


da quantidade estequiométrica de H2O2.

No experimento 5, utilizou-se 150% de excesso de peróxido de hidrogênio, em relação


a quantidade estequiométrica. A Figura 10 representa o decaimento do H2O2 no tempo
reacional de 30 minutos. Verificou-se que a concentração do peróxido de hidrogênio
apresenta um maior decaimento em até 5 minutos de reação, assim como apresentado nos
experimentos anteriores. Após este tempo, houve uma redução lenta, não alcançando [H2O2]
= 0 mg/L em 30 minutos de reação.
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Figura 10 – Decaimento da [H2O2] (mg/L) a partir da aplicação de 150% de excesso da


quantidade estequiométrica de H2O2.

Os valores da temperatura no decorrer dos 30 minutos de reação (Figura 11), observa-


se que ocorre a mesma elevação observada nos Experimentos 1, 2, 3 e 4. A velocidade inicial
da reação foi calculada nos primeiros 5 minutos, obtendo-se v0= 22,2 mg/L.min, apresentando
uma velocidade inicial maior se comparado aos Experimentos 1, 2, 3 e 4. Logo, o aumento da
concentração de peróxido de hidrogênio provocou um aumento da velocidade inicial de
consumo do mesmo uma vez que apresenta maior decaimento em 5 minutos de reação.

Figura 11 – Acompanhamento da temperatura (ºC) a partir da aplicação de 150% de excesso


da quantidade estequiométrica de H2O2.

No experimento 6, utilizou-se 200% de excesso de peróxido de hidrogênio, em relação


a quantidade estequiométrica. A Figura 12 representa o decaimento do H2O2 no tempo
reacional de 30 minutos. Verificou-se que a concentração do peróxido de hidrogênio
apresenta um maior decaimento em até 5 minutos de reação, assim como apresentado nos
experimentos anteriores. Após este tempo, houve uma redução lenta, não alcançando [H2O2]
= 0 mg/L em 30 minutos de reação.
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Figura 12 – Decaimento da [H2O2] (mg/L) a partir da aplicação de 200% de excesso da


quantidade estequiométrica de H2O2.

No monitoramento da temperatura reacional observa-se que com a adição do peróxido


de hidrogênio, sendo uma reação exotérmica, a temperatura aumenta atingindo seu valor
máximo em 5 minutos e depois volta a diminuir (Figura 13), como observado nos
experimentos 1, 2, 3, 4, e 5. A velocidade inicial da reação foi calculada nos primeiros 5
minutos, e para o experimento 6 obteve-se v0= 26,4 mg/L.min, apresentando uma velocidade
inicial maior se comparado aos experimentos anteriores (menores dosagens de H2O2). Então,
o aumento da concentração de peróxido de hidrogênio provocou um aumento na velocidade
inicial de consumo do mesmo.

Figura 13 – Acompanhamento da temperatura (ºC) a partir da aplicação de 200% de excesso


da quantidade estequiométrica de H2O2.

Os resultados da análise quantitativa do íon ferroso são apresentados na Tabela 2 e na


Figura 14. O cálculo da concentração de Ferro total foi realizado a partir da Equação (5):

Fe+2 + Fe+3 = Fetotal (5)

A partir dos resultados das concentrações de Ferro (II/III e total), verificou-se que os
parâmetros utilizados foram favoráveis à produção do íon Fe+3. As diferentes dosagens
iniciais de peróxido de hidrogênio (H2O2) obteve diferentes resultados, o melhor foi o
experimento com 50% de excesso que apresentou uma maior produção de Fe+3. Os
experimentos com 100%, 150% e 200% de excesso apresentaram quantidades próximas de
Fe+3.
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Tabela 2 - Resultados da Análise Quantitativa de Ferro

Ferro Ferro Conversão


Ferro II III total (%) Fe+2 →
Experimentos (g/L) (g/L) (g/L) Fe+3
Controle - Solução Sulfato Ferroso +
H2SO4 58,3 2,6 60,9 4,3
Estequiométrico (0%) - Solução
Sulfato Ferroso + H2SO4 + H2O2 18,6 41,1 59,7 68,8
25% Excesso - Solução Sulfato
Ferroso + H2SO4 + H2O2 14,0 46,6 60,6 76,9
50% Excesso - Solução Sulfato
Ferroso + H2SO4 + H2O2 6,6 53,3 59,9 89,0
100% Excesso - Solução Sulfato
Ferroso + H2SO4 + H2O2 6,4 51,3 57,7 88,9
150% Excesso - Solução Sulfato
Ferroso + H2SO4 + H2O2 3,8 51,9 55,7 93,2
200% Excesso - Solução Sulfato
Ferroso + H2SO4 + H2O2 4,8 52,2 57,0 91,6

Figura 14 – Gráfico das Concentrações de Fe+2/Fe+3 em cada experimento

Inicialmente, no experimento "C" (controle), o qual não foi adicionado o peróxido de


hidrogênio. Esta foi uma amostra da solução de partida utilizada para realizar os outros
ensaios. Servindo de controle para posteriores comparações de valores.
No experimento com dosagem estequiométrica, é possível observar que houve uma
significativa produção de Fe+3, ou seja, sulfato férrico. Nos experimentos seguintes com 25%
e 50% de excesso obteve-se um aumento dessa produção juntamente com o aumento da
concentração inicial do peróxido de hidrogênio adicionada.
Os resultados de Ferrototal mostraram que a partir de 100% de excesso parece ocorrer
uma pequena perda de ferro possivelmente devido a formação de algum precipitado. O
decaimento das concentrações de Fe+2 foi proporcional a mudança da concentração inicial de
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peróxido de hidrogênio, ou seja, quanto mais foi adicionado (H2O2) a concentração de Fe+3
aumentou, atingindo seu valor máximo em 50% de excesso. A conversão Fe+2 → Fe+3 (%)
será analisada de acordo com o gráfico da Figura 15.

Figura 15 – Conversão Fe+2 → Fe+3 versus excesso estequiométrico de H2O2 (%)

A partir da Figura 15 pode-se observar que a conversão aumentou significativamente


entre 0% e 50% de excesso estequiométrico de H2O2. A partir de 50% de excesso, estabilizou-
se a conversão obtendo valores próximos de 89% para pouco mais. Porém, a maior conversão
Fe+2 → Fe+3 (%) obtida, como apresentado na Tabela 2, foi no experimento de 150% de
excesso estequiométrico, com uma conversão de 93,2%. Apesar da maior concentração de
Fe+3, com 53,3 g/L, ter sido obtida em 50% de excesso.
Com a análise quantitativa de Ferro, é possível calcular que a produção de Fe+3, isto é,
geração de sulfato férrico (Fe2(SO4)3) atingiu 53,3 g/L em Fe+3, o que corresponde a 190 g/L
em Fe2(SO4)3. Este valor apesar de não tão concentrado quanto o produto disponível no
mercado, o qual tem concentração a 42,85% (429 g/L de Fe2(SO4)3), apresenta viabilidade de
utilização industrial.
Comparando os valores do decaimento da concentração de peróxido de hidrogênio
(H2O2) para cada experimento obtêm-se o seguinte gráfico:

Figura 16 – Concentração inicial de H2O2 dosada e seu respectivo decaimento no tempo


reacional de 30 minutos após aplicação da quantidade estequiométrica (0%) e de 25 – 200%
de excesso.
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A partir do gráfico da Figura 16, observa-se que o decaimento do peróxido de


hidrogênio ao longo dos 30 minutos de reação em cada experimento realizado, com diferentes
excessos utilizados (destacados na legenda da Figura 16), foi mais significativo nos primeiros
5 minutos de reação, de modo geral, entre 5 e 15 minutos também houve um decaimento que
foi mais expressivo em quantidades iniciais maiores de peróxido de hidrogênio, e após 15
minutos a concentração manteve-se praticamente constante nos 6 experimentos apresentados.
Analisando os valores da temperatura medida nos tempos reacionais de 0, 5, 15 e 30 minutos
e comparando-os para cada experimento, observa-se o gráfico da Figura 17.

Figura 17 – Temperatura versus Tempo

De acordo com a Figura 17, as temperaturas alcançadas foram praticamente iguais ao


longo da reação variando muito pouco. Os experimentos apresentaram em 5 minutos de
reação um valor máximo de temperatura, e em seguida a mesma começa a diminuir. Este
aumento instantâneo da temperatura, devido a adição do peróxido de hidrogênio, ocorre por
ser a autodecomposição paralela uma reação exotérmica, liberando calor e consequentemente
aumentando a temperatura logo no início da reação, depois vai se estabilizando e começa a
diminuir o seu valor.

Conclusões
A partir da análise dos resultados obtidos foi possível concluir que a obtenção de
sulfato férrico por oxidação com peróxido de hidrogênio a partir de solução de sulfato ferroso
é favorável e leva a 93,2% de conversão. As concentrações iniciais dos reagentes tinham
como objetivo gerar concentrações comerciais do produto final.
Em cada experiência observou-se uma rápida queda inicial, em 5 minutos de reação,
da concentração de peróxido de hidrogênio a qual depois passou a ocorrer de forma mais
lenta. Além disso, o comportamento da temperatura também foi similar nos experimentos,
apresentando um valor máximo em 5 minutos e depois uma diminuição até o fim da reação,
em 30 minutos.
O cálculo da velocidade inicial, em 5 minutos, do consumo do peróxido de hidrogênio
revelou que o mesmo foi consumido mais rapidamente quando maior a concentração inicial
de peróxido de hidrogênio, isto é, quanto maior o excesso utilizado, no caso o 200% de
excesso, revelou a maior velocidade inicial. Isto pode ser justificado pela equação da
velocidade, como exposto na Equação 4.
Em relação a análise quantitativa de Fe+2, Fe+3 e Fetotal, foi possível observar que os
parâmetros utilizados no processo foram positivos em relação a geração de sulfato férrico.
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A condição com 150% de excesso estequiométrico de peróxido de hidrogênio


apresentou a maior conversão Fe+2 → Fe+3 (%), 93,2%. E a condição que apresentou a maior
concentração de íon férrico (Fe+3), foi a com 50% de excesso, o qual com 89% de conversão,
chegou a concentração de Fe+3 de 53,3 g/L, o que corresponde a 190 g/L em Fe2(SO4)3.

Referências

1 - DOMINGUES, D. F. Otimização do processo de decapagem química numa empresa


de produção de perfis de aço. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Ciências e Tecnologia
da Universidade de Coimbra, 2015.

2 - MENEZES, J. C. S. S.; Produção de coagulantes férricos na mineração de carvão.


Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e
Materiais (PPGEM), UFRGS, Porto Alegre, 2009.

3 - PAVANELLI, G. Eficiência de Diferentes Tipos de Coagulantes na Coagulação,


Floculação e Sedimentação de Água com Cor ou Turbidez Elevada. Dissertação de
Mestrado. Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2001,
216p.

4 - TEIXEIRA, S. R.; DE SOUZA, S. A.; DE SOUZA, N. R.; ALÉSSIO, P.; SANTOS, G. T.


A. Efeito da adição de lodo de estação de tratamento de água (ETA) nas propriedades de
material cerâmico estrutural. p. 215-220, UNESP, 2006.

5 - SILVA, R. G. Produção do coagulante cloreto férrico a partir de carepa da indústria


siderúrgica. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Minas,
Metalúrgica e Materiais (PPGE3M), UFRGS, Porto Alegre, 2013.

6 - CSM Produtos Químicos - especificação sulfato férrico, 2011. Disponível em:


<http://www.csmpq.com.br/pdfprodutos/Ficha_Tecnica_Sulfato_Ferrico_42.pdf>. Acesso
em: 13 de outubro de 2017.

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