Você está na página 1de 8

Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná

Setor de ciências exatas e tecnologia – SEET/G


Departamento de Química – DEQ

Maiara Moreira
Rafael Carvalho

Experimento nº 4 – Cinética da decomposição


do peróxido de hidrogênio

Guarapuava
2019
1. OBJETIVO:

Analisar a cinética da reação de decomposição do peróxido de hidrogênio


com a presença de um catalisador, o cloreto de ferro III, em concentração
conhecida.
Assim determinar a ordem da reação, constante de velocidade e o tempo de
meia-vida da decomposição do peróxido de hidrogênio.

2. INTRODUÇÃO

Pode-se definir velocidade de uma reação a quantidade de reagente ou


produto que é consumido ou formado, respectivamente, em determinado
intervalo de tempo. De modo que para uma reação de forma A + 2B → 3C + D a
velocidade da reação para cada componente, levando em consideração seus
respectivos coeficientes estequiométricos, se dá por:
1 𝑑[𝐶] 𝑑[𝐷] 𝑑[𝐴] 1 𝑑[𝐵]
V= = =− =−
3 𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡 2 𝑑𝑡
Onde o sinal negativo nos reagentes expressa que estão sendo consumidos.
A lei de velocidade é uma equação determinada experimentalmente, onde
verifica-se que a velocidade de uma reação é proporcional a certas potências.
Por exemplo, a velocidade da reação pode ser proporcional a concentração
molar do reagente A multiplicada pela concentração molar do reagente B, de
modo que se escreve cada concentração elevada à primeira potência:
v = k.[A].[B] (1.1)
O coeficiente k é constante de velocidade da reação. Mais formalmente, a
lei de velocidade é uma equação que dá a velocidade da reação em função das
concentrações de todas as espécies presentes na equação química global para
a reação num certo instante. A aplicação prática dessa lei é que, uma vez
conhecida a lei de velocidade e a constante de velocidade, podemos prever a
velocidade da reação a partir da composição da mistura e prever a composição
da mistura reacional em qualquer instante do tempo.
A potência a que está elevada a concentração de uma espécie na expressão
da lei de velocidade é a ordem da reação em relação a espécie química. Uma
reação, por exemplo, que tenha uma lei de velocidade dada pela equação 1.1 é
de primeira ordem em A e primeira ordem B. Ao somar-se ordens individuais da
lei de velocidade se obtém a ordem global da reação, no caso da equação 1.1 é
de segunda ordem global. Algumas reações apresentam ordem zero e por isso
a velocidade é independente da concentração dos reagentes.
Como as leis de velocidades são equações diferenciais, elas têm que ser
integradas para se obter as concentrações em função do tempo. Ao integrar uma
equação de primeira ordem temos:
𝑑[𝐴]
= −𝑘[𝐴] (1.2)
𝑑𝑡
[𝐴] 𝑡
𝑑[𝐴]
∫ = −𝑘 ∫ 𝑑𝑡
[𝐴]0 [𝐴] 0

ln[𝐴] − ln[𝐴]0 = −𝑘𝑡 (1.3)

Onde [𝐴]0 é a concentração de A em t=0.


Uma indicação útil da velocidade de uma reação química de primeira ordem
é a meia-vida, 𝑡1/2 , de uma substância, isto é, o intervalo de tempo necessário
para a concentração de um reagente cair à metade do seu valor inicial. Esse
1
intervalo de tempo para a concentração de [A] diminuir de [𝐴]0 até 2 [𝐴]0 ,
manipulando a equação 1.3 se obtém:
ln 2
𝑡1/2 = (1.4)
𝑘

Já para uma lei de velocidade de segunda ordem integrada temos:


𝑑[𝐴]
= −𝑘[𝐴]2 (1.5)
𝑑𝑡

[𝐴] 𝑡
𝑑[𝐴]
∫ 2
= −𝑘 ∫ 𝑑𝑡
[𝐴]0 [𝐴] 0

1 1
− [𝐴]0
= −𝑘𝑡 (1.6)
[𝐴]

Outra lei de velocidade integrada facilmente obtida é de reações de ordem


zero:

𝑑[𝐴]
= −𝑘 (1.7)
𝑑𝑡

[𝐴] 𝑡
∫ [𝐴] = −𝑘 ∫ 𝑑𝑡
[𝐴]0 0
[𝐴] − [𝐴]0 = −𝑘𝑡 (1.8)

3. PARTE EXPERIMENTAL

3.1. Materiais e reagentes

• béqueres de 250 mL para a coleta das soluções


• 1 bureta
• 3 pipetas volumétricas de 5 mL
• 1 pipeta volumétrica de 10 mL
• 1 proveta de 100 mL
• 1 erlenmeyer de 250 mL
• 7 erlenmeyers de 125 mL
• Solução de peróxido de hidrogênio 0,16 mol/L
• Solução de ácido sulfúrico 1:5;
• Solução aquosa de cloreto férrico (cloreto de ferro III) FeCl3 6% m/m;
• Solução de permanganato de potássio 8x10-3 mol/L;

3.2. Procedimento

Em um Erlenmeyer de 250 mL, adicionou-se 100 mL da solução de peróxido


de hidrogênio 0,16 mol/L, seguidamente, com uma pipeta graduada foi
adicionado 10 mL da solução de cloreto férrico, acionado o cronômetro e agitado
a mistura durante 6 minutos.
Enumerou-se sete Erlenmeyer e em cada um deles foi adicionado 5 mL da
solução de ácido sulfúrico diluído a 1:5. Após 6 minutos de agitação da solução
de peróxido de hidrogênio e cloreto férrico, adicionou-se 5 mL da mistura reativa
no Erlenmeyer de número 1 e foi titulado com permanganato de potássio 8x10 -3
mol/L.
Assim seguiu sucessivamente nos outros 6 Erlenmeyer restantes
adicionando a mistura reativa com intervalos aproximados de 2 minutos até
completar as sete titulações.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A reação de decomposição do peróxido de hidrogênio é dada como:


1
H2O2(l) → H2O(l) + 2 O2(g)

Onde na presença do catalisador, o cloreto de ferro III, ocorre mais


rapidamente de tal forma:
2Fe3+(aq) + H2O2(aq) → O2(g) + 2Fe2+(aq) + 2H+(aq)

H2O2(aq) + 2Fe2+(aq) + 2H+(aq) → 2H2O(l) + 2Fe3+(aq)


Sendo assim pode-se determinar a concentração de peróxido de hidrogênio
por titulação com KMnO4 em meio ácido, conforme a reação seguinte:
2KMnO4(aq) + 5 H2O2(aq) + 6H+(aq) → 2K+(aq) + 2Mn2+(aq) + 8H2O(l) + 5O2(g)
Observando a estequiometria da reação, sabe-se que 2 mols de MnO4-
reagem com 5 mols de peróxido de hidrogênio, podendo definir a concentração
de H2O2 a partir da relação do número de mols dos componentes:
5𝑛MnO4− = 2𝑛H2O2
5
𝑛H2O2 = 𝑛 −
2 MnO4
5
[H2O2].𝑉H2O2 = 2 [MnO4-].𝑉MnO4−

5 [MnO4−].𝑉MnO4−
[H2O2] =
2.𝑉H2O2

Onde o 𝑉H2O2 é a alíquota retirada de 5mL, [MnO4-] é 8x10-3 mol/L e 𝑉MnO4− é o


volume titulado, apresentado na tabela 1.1 abaixo:
Tabela 1: Dados experimentais

Frasco Tempo (s) Volume de [H2O2] ln [H2O2] 1/[H2O2]


KMnO4 (mL) (mol/L)
1 360 17,3 0,0692 2,67 14,5
2 480 14,5 0,0580 2,85 17,2
3 600 13,9 0,0556 2,89 18,0
4 720 11,7 0,0468 3,06 21,4
5 840 9,9 0,0396 3,23 25,3
6 960 8,8 0,0352 3,35 28,4
7 1080 7,9 0,0316 3,45 31,6

Aplicando em gráficos os valores da [H2O2], ln [H2O2] e 1/[H2O2] pelo tempo


conseguimos avaliar a reta para saber qual será a ordem da reação:

Gráfico 1

Gráfico para lei de velocidade de ordem zero


0,08

0,07

0,06

0,05
[H2O2]

0,04

0,03

0,02

0,01 y = -5E-05x + 0,0854


R² = 0,9769
0
0 200 400 600 800 1000 1200
Tempo (s)
Gráfico 2

Gráfico para lei de velocidade de primeira ordem


4

3,5

2,5
ln [H2O2]

1,5
y = 0,0011x + 2,2829
1
R² = 0,9885
0,5

0
0 200 400 600 800 1000 1200
Tempo (s)

Gráfico 3

Gráfico para lei de velocidade de segunda ordem


35

30

25
1/ [H2O2]

20

15

10 y = 0,0241x + 4,9857
R² = 0,9811
5

0
0 200 400 600 800 1000 1200
Tempo (s)

Ao realizar regressão linear utilizando a calculadora encontrou-se os valores


para [H2O2], a constante de velocidade e ordem da reação:
Tabela 2: Dados obtidos pela regressão linear

Ordem da A B
reação ([H2O2]0) (constante de R
velocidade k)
Ordem zero 0,08 -5,19x10-5 -0,988
Primeira ordem 2,28 1,09x10-3 0,994
Segunda ordem 4,98 0,024 0,990

Observando o valor de R, o que mais se aproxima de 1 é valor obtido a partir


do ln [H2O2], portanto conclui-se que a reação será de primeira ordem.
Sabendo que a reação é de primeira ordem e a constante de velocidade é
k = 1,09x10-3, calculou-se, utilizando a equação 1.4 referente ao tempo de meia
vida, t1/2, da decomposição do peróxido de hidrogênio, onde foi encontrado:

t1/2 H2O2
10,59min

5. CONCLUSÃO

Com esse experimento aplicamos várias temáticas acerca da cinética


química, como a utilização de catalisador e determinação prática da lei de
velocidade, como também o tempo de meia-vida para uma reação. Os dados
obtidos do tempo da reação entre o peróxido de hidrogênio e o permanganato
de potássio foram coerentes com o que se era esperado, sendo possível
desenvolver as questões sem nenhuma complicação.

6. REFERÊNCIAS

➢ ATKINS, Peter; JONES, Loretta; LAVERMAN, Leroy. Princípios de Química-:


Questionando a Vida Moderna e o Meio Ambiente. Bookman Editora, 2018. Pag. 561.

➢ ATKINS, Peter; de Paula, Júlio; Físico-Química. Vol. 2. LTC 8ªedição, 2008. Pag. 216

Você também pode gostar